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O novo método de projecdo estabelecido no inicio culo XV se aplica teoricamente a todo género de 3s, desde os artefatos menores & cidade e ao terri- Mas na pratica 0 novo método nao consegue luzir grandes transformacdes nos organismos ur se territoriais. A expansao demogréfica e a colo- cao do continente europeu estiio exauridas depois jetade do século XIV; nao ha necessidade de fun- novas cidades ou de wr em larga escala as itentes (excetuando poucos casos exepcionais). fovernos renascentistas — as senhorias, que to lugar dos governos comuns, ¢ as monarquias jonais — nao tém a estabilidade politica eos meios ceiros suficientes para realizar programas lon- © comprometidos. Os artistas trabalham indivi- wente e perdiem contato com as organizacdes cole- ‘que garantiam a continuidade das empresas de rrugaio ¢ urbanisticas medievais, Deste modo, a arquitetura da Renascenga realiza ideal de proporcdo e de regularidade em alguns ios isolados, endo est em condicdo de fundar ou formar uma cidade inteira. Os literatose os pinto- jescrevem ou pintam a nova cidade que ndo se construir, e que permanece, justamente, um obje- ‘eérico, a cidade ideal (Fig. 882). Na pritica, os principes da Renascenca ¢ seus tos intervém no organismo de uma cidade me- 4 formada, e a modificam parcialmente, com- AS CIDADES ITALIANAS NA RENASCENCA is 3) ke \ Bay 2) f., ‘Fig. 882. Planta da eldade ideal de Sforzinda, do Tratado de! ‘rete (cerea de 1465), pletando 08 programas que fiearam inacabaclos no século XIV, ou introduzindo novos programas mais ou menos ambiciosos, que quase sempre se mostram des proporcionados e irealizaveis Ja descrevemos 0 caso de Florenga, onde as obras do séeulo XV se inserem coerentemente no orga nismo projetado no final do século XIII. Vamos consi derar agora outras cidades italianas, nas quais as intervengies renascentistas so mais importantes e mais unitarias. PIENZA Em 1459, 0 Papa Pio II visita o burgo nativo de Corsignano, no territério de Siena, e resolve recons- truilo como residéncia temporaria para sie para sua corte. No séquito do Papa esta presonte também Alber ti, e sem divida Pio II ouve seu conselho ao definir 0 programa de construcdo e escolher os projetistas. O. pequeno burgo medieval (de mais ou menos 6 hecta- res) encontra'se no cume de uma colina, e a rua princi pal segue o divisor de Sguas, que forma um pequeno Angulo quase na metade. Aqui Pio II resolve construir ‘um grupo de edificios monumentais: o Palacio Piccolo- mini (no lugar de sua casa natal), a catedral, o pal iblico eo palacio do Cardeal Borgia (que mais tarde se torna o palacio episcopal). A catedral fica na bisse- triz do angulo, enquanto os outros edificios esto ali- nhados com os dois ramos da rua: assim, 0 largo dian- te da catedral se torna um trapézio, que enquadra a fachada da igreja entre os blocos divergentas dos dois palacios, e revela, aos dois ladosda igreja, o panorama do vale (Figs. 886-887). A catedral tem trés naves da mesma altura (de fato, segue 0 modelo das igrejas géticas alemas visita- das por Pio II em suas viagens) e, em seu interior, nao, tem qualquer decoracao, exceto as pinturas encomen- dadas aos mais famosos pintores de Siena: Sano di Pietro, o Sassetta, Giovanni di Paolo e Matteo di Gio- vanni. O Palacio Piccolomini é um bloco quadrado com um patio no centro, mas toda a fachada meridional & cocupada por um portico, que da para o jardim e permi- te gozar 0 panorama do vale, tendo o Monte Amiata a fundo. Ao redor deste centro monumental inserem-se outros edificios secundarios: os cardeais erigem seus palacetes ao longo dos dois ramos da rua; o papa manda construir, na extremidade norteleste do con- Junto habitacional, um bloco de casas enfileiradas pa- ra os habitantes mais pobres (doze acomodacoes de dois andares, todos iguais); atrés do palacio piblico abrese uma praca menor para o mercado, de modo, que a praca principal ndo seja estorvada pelos bancos € pelas tendas dos vendedores. Assim, toda a pequena cidade € organizada, de modo hierarquico,em tomo da 426 igreja e do palacio papal. Os edificios principais <= distinguem pela maior regularidade arquitetoni nfo pelo maior tamanho (a autoridade nao se exprim com a superioridade dos meios materiais, mas com: prestigio da cultura); esta regularidade diminui edificios secundérios e perdese naqueles para as m soas comuns, que se inserem sem dificuldade no compacto do burgo medieval. Desta maneira, a cor nacdo entre o antigo eo novo reeulta feliemente uni ria: a nova cultura respeita o ambiente tradicional, corrige — mas s6 qualitativamente — com seus arte tos, disciplinados por uma regra intelectual supes 0 projetista destes novos edificios nao 6 ci nos documentos; mas se trata quase com eerteza Bernardo Rossellino, um dos mais eélebres arquitet florentinos da época (em 1461 ¢ nomeado mestrs obras de S. Maria del Fiore). Pio TI segue de per trabalhos, e toma as decisdes mais importantes, ca ele mesmo explica nos Comentérios, De fato, sina mentos principais sao construidos num tempo ceurto, de 1459 a 1462; em margo de 1462, acidadeta © nome de Pienza, e hospeda por breves period corte papal, até a morte repentina de Pio Il, em 1 A seguir, no so feitas outras mudangas, cidade de Pio IT volta a ser um bungo afastado interior. O equilibrio, aleangado por um instante primeiro arranjo urbano da Renascenca, nao é pe ‘bado por adicoes posteriores, e ainda pode ser apres do nos espacos das ruas e dos edificios, mesmo qi vida para a qual estava destinado tenha desapane ha muitos séculos, 491. Frente e verso da pintura de Piero delta Francesca, rato do Duque Federico de Montefeltr ea cena alegérea (erunfo (Florence, galeire dos Uffizi) Pio II reina de 1458 a 1464, ¢ s6 tem cinco anos ‘construir e habitar Pienza. Ao contrario, Fedex Miontefeltro — o afortunado condottiero da Liga ‘instituida em 1454 — permanece senhor de dispie de tempo e dos meios necesséirios para verdadeiramente sua cidade, com uma isene de intorvencdes sucessivas. é uma cidadezinha de 40 hectares, cons ‘duas colinas, Na depressiio central esta 0 CLARVS. INSIGNI. VEHITVR TRIVMPHO VE PARED SVMMNIS OVGIBVS PERHENNIS: AMA VIRTVT'VA\ CELEBRAT DECENTER: SCEPTRA. TENENTEM = % centro, com a Igreja de Sao Francisco; daqui, a principal desce em diregdo & Porta Lavagine, de a parte o caminho para Rimini ea Planicie da Roma No cume da colina meridional fica 0 eastelo dos Ma faltro; ao lado deste, Federico comeca a construir corpo de construed retilinea, utilizando um grup artistas locais e toscanos de seszundo plano. Por volta de 1465, este edificio ¢ incorporado: novo organismo, que se desenvolve ao redor de patio porticado mas se articula livremente em dir da cidade e do campo, trasformando assim tod ambiente cireunstante, Fig, 804. Vista afreo de Urbino, plo ado aul em primeira plan, 2 ‘Praga do Mereatlee 0 conjnto do Palio Ducal Na direc da montanha, isto é em diregtio do centro tradicional da cidade, a fachada do novo palé- cio € dobrada em Z, e deixa espaco para uma praca, ‘onde mais tarde sera construida a nova catedral. Na izecdo do vale, ao contrario, o organismo se rompe numa série de ambientes abertos para a paisagem, que formam uma segunda fachada extraordinéia, em ontato com o espaco infinito dos campos adomados: pelas colinas que descem em diresao do Vale do Metau- 10. No centro, esto colocados os apartamentos par- ficulares do principe ¢ de seus familiares, com uma série de alpendres sobrepostos, flanqueados por duas torres em degraus (os chamados torrieini,,torvinhas); A direita €criado um jardim suspenso, fechado por um ‘muro com janelas que enquadram a'vista da colina & frente; & esquerda, abrem-se dois outros terragos ¢, n6 mais amplo (0 chamado Patio do Pasquino) devia erguer-se um templo redondo com as tumbas dos Mon: fefeltro. Das torrinhas que flanqueiam 0 corpo central podese descer até a base do palécio; dai, por uma rampa circular que se pode percorrer a cavalo, se des cor ainda até as estrebarias — construidas na meia fencosta —e até a uma grande praca artificial, criada com 0 aterramento do fundo do vale (0 Mercatale). 432 Esta praca — onde seinicia aestrada paral — forma a nova entrada principal da cidade; abre uma porta monumental e comeca uma reiilinea que sobe até o vale entre as duas colim daqui entrada superior do palacio. Deste orientagio da cidade resulta invertida: a colo principal nao é mais no sentido da Porta Law {isto & em directo do Rimini e do Vale do P6) sentido de Valbona, isto é, em diregao de Roma, onde convergem 0s novos interesses de Federsa palacio olha do alto este percurso (Fig. 905), ¢ él seja ao centro da cidade, seja ao territério ex Estas intervengdes, mais complicadase penhadas que as de Pienza, produzem um arg um tanto quanto enerente. O palécio ea cidade es dos com um s4bio equilibrio: o palacio forma, ao mo tempo, o centro e a fachada monumental da d de, mas nao tem uma medida demasiado diferentes outros edificios, de fato, apresenta-se dividido em ‘os corpos de construcio, e a regularidade geométric gida pela nova cultura visual se aplica a cada destes corpos, endo ao conjunto: assim, anova arg tura enobrece os pontos salientes do novo orgam urbano sem destruir sua continuidade (Figs. 892. Fig. 908, 0 teto decorado em estuque de ura das selas do Palécio Ducal de Urbino. Nido se conhecem ainda com certeza os autores deste arranjo; como arquitetos so lembrados Luciano ‘Taurana e Francesco di Giorgio; juntamente com eles trabalham, como escultores, pintores e decoradores, 0s artistas italianos mais importantes da época: Baccio Pontel, Giuliano da Maiano, Melozzo da Forlt, Pao- Jo Uceello, Sandro Botticelli, Giovanni Santi —o pai de Rafael — e, talver, o joven Bramante, junto com 0 flamengo Justo de Gand e com 0 espanhol Pedro Bern guete, Piero della Francesca esté presente durante um Tongo tempo (desde quando pinta, talvez por volta de 11450, a pequena lamina da Flagelagdo que lembraoas- saseinio do predescessor de Federico); ele poderia ser 0 inspirador das invencies arquitetonicas e decorativas rmais excepcionais. Federico segue de perto o trabalho dos arquitetos e dos artistas, e influi em suas escolhas. ‘Em muitos casos, 0 entrelacamento das competén- cias 6 estreito como na Idade Média. Para uma mesma ‘obra o comitente pede a colaboracdo de muitos artistas, fe 08 assume oa os despede com uma liberdade quase caprichosa; por exemplo, manda pintar novamente por 438 Berruguete alguns detalhes do retélbulo Montefeltro ceatado por Piero, O apresto de um pequeno ambient ‘como 0 estiidio de Federico (Figs. 901-905) se tora plicado como a construcao de todo o palcio ducal ‘A corte dos Montefeltro é também importante ‘tro de cultura literdiria e cientifica; o livreiro florent Vespasiano da Bisticci organiza a oélebre bibliot onde so conservados cédigos originais gregos e I nos, e transcrigies (feitas propositadamente) de ol antigas emodernas. Piero della Francesca ¢ Franc di Giorgio dedicam a Federico seus tratados; os mat méticos Luca Paciolie Paul van Middelburg sao adh dos na qualidade de preceptores de Guidobaldo, 0 de Federico; dai partem, no final doséeulo XV, Bram: te e Rafael, e no palcio ducal, no inicio de 1500, Bald: sarre Castiglione escreve Il Cortegiano (O Cortesio). ‘Assim, no laboratério de Urbino se forma um po de especialistas, (nico na Italia inteira; depois morte de Federico eles sero chamados &s grandes i des — Veneza, Mildo, Roma —e irdo contribuir para formacdo da nova cultura internacional, no século uinte. Ferrara € a capital da signoria d‘Pste, situada a ‘ante do Rio Pé, no ponto de passagem entre a ia e 0 territ6rio de Veneza, Na Italia pacificada paz de Lodi (1454), Ferrara se transforma numa cidades mais ricas ¢ avaneadas; a corte hospeda iteratos e especialmente os poetas mais impor da Renascenca italiana: Boiardo (que compée, fins do século XV, 0 Orlando Innamorato — 6 ido Apaixonado), Ariosto (que publica em 15160 indo Furioso), e mais tarde Tasso (que escreve pa. iculos teatrais, e prepara, em 1531, 0 primeiro tea tvel da Europa; hospada por volta de meados do XV alguns célebres pintores — Pisanello, Man. Piero della Francesa, Roger van der Weyden — contribuem para a formacao da escola ferrarense imo Tura, Francesco del Cossa, Ercole Roberti) Neste periodo toma-se necessério acrescentat & medieval dois novos bairros, planificados confor- regras da nova arquitetura: = & adigdio de Borso, realizada pelo Duque Borso 451; Fig 908. Planta da cidade de Ferrara em fins do século XVI Em ‘negro, as ruae acrescentadas por Borso lembaixo d dawioj nn pereecentadas por Hercules (no altos 0 pantilhedo representa ve ‘paraues das “deliias” ducas: Belfiowe dentro dos muros avetiaje Belvedere (na itha, embaixo & esquerda, — a adigtio de Hércules, projetada pelo Duque Hercules I em 1492 e construida gradualmente por seus sucessores no decorrer do século XVI (Fig. 909), A primeira adi¢o cobre uma ilha longa e estreita, saneada na margem de um braco do Pé, compreende. uma rua retilinea e inimeras travessas, que se juntam as vias existentes nos bairros vizinhos, A segunda adie&o é um verdadeiro plano de am- pliagao da cidade, que duplica sua superficie (de 200 ara 430 hectares). © conjunto habitacional da Idade ‘Média era limitado, ao norte, por um muro e um canal retilineo, interrompido ao centro pelo castelo dos d'Este, Para além deste limite se traca uma nova volta de muros “modernos”, capazes de resistir & artilharia; a ampla area intermediaria 6 repartida por uma série de ‘Mas retilineas, que néo formam uma grade regular, mas so tracadas de maneira a se ligar as ruas da cidade medieval. As duas ruas principais —a alameda JA existente que vai do castelo dos d'Este ao castelo de Belfiore (Avenida Ercole I) e a nova rua queliga a Porta Po e a Porta Mare (Avenida Porta Po e Avenida Porta ?) — se encontram mais ou menos em angulo reto, como 0 cardo eo decumanus das cidades antigas descri- tas por Vitrivio. Ao longo desta segunda rua abrose uma nova praca bastante espacosa (Praca Ariostea: um 439 zetangulo de 120x200 metros), que deveria ter sido 0 Em Ferrara, a transformacdo do organismo us ‘eentro do novo bairro (Fig. 913). O arquiteto da corte bano se desenvolve em duas fases: delineiam-se dEste, Biagio Rossetti, dirige os trabalhos dos murose muros e as ruas, mas ndo se realizam em tempo a eonstréi alguns edificios monumentais ao longo das cdificios. Deste modo, a intervencaio de Hercules In novas ruas; entre estes, os palicios no cruzamento das produz uma nova cidade completa, mas um desert duas ruas principais: o Palacio dos Diamantes, 0 Palé- em duas dimensdes, que pode ser completado dent io Prosperi Sacrati eo Palacio Turchi-di-Bagno. de algum tempo, de muitas maneiras diversas. Hi Pienza e em Urbino, a nova cultura artistica intervé Esses trabalhos do a Ferrara um aspecto mo- numa pequena cidade e acredita poder transforms dernd sem comparacao na Europa. Masa populagioea numa cidade moderna com uma série de intervengs riqueza da cidade nao crescem mais como antes; a arquiteténicas de alto nivel. Agora, a0 contravio, atividade da construcdo diminui endo conseguepreen- cultura — que se tornou mais ambiciosa e mais exis cher 0 enorme espaco acrescentado por Hércules. Note — tenta pela primeira ver regular o desenvolvis final do século XVI, Ferrara & anexada ao Estado da to deuma grande cidade, emede plenamente oconi Tgreja e se torna uma cidade secundaria; dentro dos te entre os dois tipos de ambiente urbano; de muros de Hércules I ainda restam amplas zonas de propdese construir uma cidade nova ao lado da campos. Somente em nosso século recomeca 0 desen- _ga, mas néo conseue conservar a coeréncia ents volvimento, e as ruas tragadas na Renascenga so “plano urbanistico e a realizagao arquiteténica, A utilizadas como frentes edificaveis; deste modo a cida- _experimenta pela primeira vez um novo método— de nova imaginada no século XV se transforma aos ~distingue o plano urbanistico dos projetos de cons poucos numa periferia ordinaria e tranqilila (Figs. _ cao — sem ainda conhecer suas oportunidades € 914915). perigos. Fig. 910. Ferrara. O “arzo do cavalo” com a estétua eqtest ‘Moolaw I d'Bste Fig. 911. O triunfo de Venus; afreaco de Francesco del Co ppaldcio de Schifanoia em Ferrara. Em meados do século XV, enquanto Florenca, a e Napoles sao grandes cidades totalmente for. s, Roma ainda é um pequeno centro, abandona- empobrecido pela longa auséncia do poder papal A paisagem citadina é dominada pelas ruinas étropole antiga e pelas igrejas do primeiro cris 10; mas os habitantes — menos de 40.000 — esto itoados nas duas planicies ao lado do rio, Campo arte e Trastevere, ¢ ocupam apenas uma pequena do territério compreendido pelos muros Aure- s (além de 1.300 hectares). Os papas voltam para Roma em 1420, ¢ adq © pleno controle da cidade somenteem 1453 (quan- Facassa a conspiracao de Stefano Porcari). Nicolau 47-1455) estabelece o programa do governo pa- econstruir a cidade imperial e transforméla nu- grande cidade moderna sob a autoridade do ponti portanto, restaurar as benfeitorias antigas utilizéveis (os muros, asruas, as pontes, os aque- ), recuperar os monumentos antigos destinando- ungdes novas (0 Mausoléu de Adriano se torna stelo, o Pantedo se transforma numa igreja, 0 dlio ¢ a sede da administracdo municipal), restau- basilicas eristas e construir nas proximidades ® Pedro, sobre a colina do Vaticano, a cidadela da papal. Esta nova Roma, duplamenteexcepcional estigio do pasado e pela presenca da Sé silica, € destinada a tornarse ainda principal do mundo modemo, Mas o poder politico e econdmico dos papas é largamente desproporcionado para este objetivo. Du- rante todo o século XV, Roma permanece um centro: secundério, dependente das outras cidades maiores e mais aparelhadas (Florenca e as cortes da Itélia Seten- trional). Sisto IV (1471-1484) manda reconstruir S. Pie tro in Montorio, S. Pietro in Vincoli, os Santi Apostoli; pée novamente em funcionamento a Ponte Sisto; restau- Tao Capitélio emanda colocar em sua fachada a. lobade bronze, & qual um escultor da época acrescentaa os dois «gtmeos; orgue as novas igrejas de S, Maria del Popolo, S. Agostinho,S, Maria della Pace eo Palacio da Chance. Jaria; comeca cautelosamente a intervir no labirinto do conjunto habitacional medieval, retificando as trés ruas que levam 4 Ponte 8. Angelo. Para os trabalhos arquitotOnicos utiliza artistas de segundo plano como Baccio Pontelli; ao contrério, para cobrir de afrescos & Capela Sistina no Vaticano manda vir de Florenga os mais famosos pintores do momento (Botticelli, Perugi. no, Ghirlandaio, Pinturicchio, Signorelli ¢ outros) mas no consegue que eles se estabelecam em Roma. No fim do século, a atividade da construgao aumenta, para a preparagio do Ano Santo de 1500. Nes- te periodo chega a Roma, pela primeira vez, um arquite- to célebre, Donato Bramante (1444-1514), que abando- na Mildo depois da queda da Signoria dos Sforza em 1499; ele nao recebe encomendas importantes, embora em seus primeiros trabalhos limitados — 0 patio de S. Maria della Pace, o pequeno templo votivo de S, Pietro in Montorio — manifeste o programa de um novo clas- sicismo rigoroso, que busca abertamente o padrdo nos ‘modelos antigos (Figs. 920-922), 443, Em 15013 Jilio IL, sobrinho de Sisto IV, é eleito papa. O novo pontifice — animado por grandes ambi- tees politieas, e ligado aos banqueiros italianos e ale: ges que financiam as empresas da Santa Sé — est pronto a realizar com decisto o programa de Nicolau Ve tem condigdes de chamar a Roma os artistas mais importantes do momento. De fato, manda vir de Flo- renca Giuliano da Sangallo, e depois Michelangelo ¢ Rafael, os dois mestres mais famosos da nova gera- eo Michelangelo 6 encarregado, num primeira mo- mento, de esculpir a tumba de Jilio II, a ser erigida em 5. Pedro, Mas logo depois o papa resolve recons- truir a igreja toda, e escolhe o projeto de Bramante, concentrando para esse fim todos os meios dispont- Veis. Michelangelo e Rafael sio incumbidos de pintar ois ciclos do pinturas na abobada da Capela Sistina ¢ nas Stanze Vaticanas, para ilustrar o patriménio cul- tural — humanistico ¢ religioso — que se deseja reco” Ther numa sintese definitiva (Figs. 927-029) ‘Bramante e seus colaboradores — Peruzzi, Anto- nio da Sangallo, Rafael — projetam os novos monu mentos da Roma cristé segundo a mesma medida gigantesca dos monumentos antigos: 0 novo Sito Pe- Gro, que é um enorme templo de planta central, coroa- do por uma cépula grandiosa como o Pantedo (Figs. 924 $926); o novo Palacio Vaticano, que deveria ter apre- sentado na diregio da cidade uma fachada colossal em alpendres, como o Septizénio (um fragmento desta fachada 6 0 portico do Pétio de S, Damaso); 0 patioem patamares para ligar o Palacio Vaticano coma Vilado Belvedere, de mais de 300 metros de comprimento © organizado como um tinico ambiente em perspective. (0 tecido humilde eemaranhado da cidade medie- val € cortado sem hesitagdes para dar lugar a novas ruas retilineas e a novos edificios regulares (também ‘aqui, como em Ferrara, avalia-se 0 contraste entre a ‘idade medieval e a cidade moderna; mas destréi-se 0, tecido medieval, sobrepondo os novos tracados regula res aos antigos irregulares). Nas proximidades das margens do Tibre abrem-se duas ruas retas: Rua da ‘Lungara e a Via Giulia (onde Bramante comeca a ‘construir o imenso Palacio dos Tribunais); nos limites do conjunto habitacional é restabelecida a estrada ret {nea romana do Corso, ¢ se projeta um novo sistem de trés ruas retilineas (0 Corso, Rua Ripetta ea Rua do Babuino), que convergem para a Porta del Popolo (Porta do Povo) de onde se entra na cidade pelo norte. ‘ig 928, Vie Giulia em Roma, vista da entrada de S. i Florontini Figs. 924928, O novo 8, Pedro projetado por Brarma Tratado de Serio) e duas vistas externas da éo0ca. — politicos, dosprimeiros decéniosda séeu. igrafia para a chan. malho coletivo — con los mais importantes Tas © escritores da época — parece estar apto a lizar, finalmente, um estilo moderno cocrente a ismissivel. Mas em 1520 Rafael morre aos trintae jtivel ocismma protestante;em 1521 morre Leto X, us sucessores devem agora defender a independén de Roma da or um exéreito pro- is ordens de Carlos V, que saqueia a 10s tempos dos barbaros, Depois do “Saque de Roma’, nada resta sendo la melhor maneira possi- imeiros decénios do séc nearregado por Paulo III definitiva da cidade pa. prpleta 0 arranjo arquiteténico do Capitolio (Figs, 933), coordena as portas da cidade, simplifice 5 nismo de S. Pedyo: gem urbana (Figs, 238) enquanto isso, conclui a decoracao em afice. Capela Sistina, pintando, na dltima parede 0 Universal (Fig. 939). Enquanto nas pinturas ¢ feculturas representa a ruptura ea destruigao do Bbrio classico, nas arquiteturas obedoce a exigen, ajustar os contrastes, de fechar decorosamente iciativas intorrompidas, A dispute do Santissimo Sacramento: afesco de Rafac! della Seynatura, no Vaticano, formas exemplares idealizadas no inicio uulo XVI 4 formam agora um patriménio estabilss lo. Nao serviram para transformar completame cidade, e nao podem resolver, num mundo dife novos conflitos civis e morais; continuam um re torio de modelos‘para a arte e 0 costume, que ‘mantidos em evidéneia no mundo inteiro por um la periodo. Roma: se toma a cidademuseu da de todos se dirigem a fim de do classicismo antigo edo suintes estabiliza-se tambe ma da cidade. No final do século XVI, Sisto V @ (0) tenta ampliar 0 moderno conjunto habitacsa ‘aos muros aurelianos, tragando nas colinas) margem esquerda outras ruas retilineas (Figs. oma — que chega a 100.000 habit ndio cresce o suficiente para preend encarregadd dar acabamento a este organismo heterogén convivem as ruinas antigas, os bairros medievais: monumentos modern: Fig, $40. Um afreso na Biblioteca do Vatieano que representa projetadas por Sisto V sobre as colinas da margem esquerds,

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