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r Praxis Educativa ISSN 1809-4031 eISSN 1809-4309 © ttps://doi.org/10.5212/PraxEduc.v15.14343.018 Arranjos de Desenvolvimento da Educagio (ADEs) como estratégia de atuagao do setor privado na educagio publica Arrangements of Education Development (ADEs) as a private sector strategy for public education Ajustes de Desarrollo de la Educacién (ADEs) como estrategia de actuacién del sector privado en la educacién publica Elma Julia Goncalves de Carvalho” hitps:/ /oxcid.org/0000-0003-4770-4649 ‘Vera Matia Vidal Peroni” © inttps./ /occid.org/0000-0001-6543-8431 Resumo: Neste astigo, apresentam-se xeflexées sole 0s Atsanjas de Desenvolvimento da Edueacio (ADEs), elaborados em meio 4 busca por novas formas de coordenacio © de cooperacio entie os entes federados pasa a consteucio de um Sistema Nacional de Educacio e paz a melhoria aa qualidade da educacio, A anilise aponta que os ADEs v wando como uma est intergovemamentais, a qual envolve rede entie municipios com proximidade ge ealizacio de 6 tzabalho em fica e cazactexisticas sociais ¢ econdmicas semelhantes ¢ a cordos de cooperacio € pascerias com dagios piiblicos ¢ instimicdes privadas e alo. governamentais. Os resultados indicam que a construcio desse nove modelo de cooperacio como espaco de atuagio do setor privado na estrutua estatal, com ou sem fins lucrativos, tem implicagées para a democtatizacio da eduicacio. Palavras-chave: Atsanjos de Desenvolvimento da Educacio. Regime de Colaboracio. Patcetia ptiblico- privada, Abstract: In this article, we present reflections on the Arrangements of Education Development (ADEs, the acronym in Portuguese) elaborated in the search for new forms of coordination and cooperation among, the federal entities for the construction of a National Education System and for the improvement in the quality of education, The analysis points out that the ADEs ace becoming an strategy in intergovernmental * Professous ds Univessidade Estadual de Masings (UEM). Dostosa em Educagio pela Univessidade Metodits de Piraccaba (UNIMEP). E-mail: * Professora da Universidade Fedesal do Rio Grande do Su! (UFRGS). Dourora em Edvcagio pela Pontificia Universidade Catéliea de Sio Paulo (PUCSio Paulo). Bois de Produtividade em Pesquisa CNPq. E-mail Présis Educativa, Ponta Grossa, v, 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, sclations, which involves testitorial associativism, horizontal collaboration, networking among municipalities with similar geogeaphic, social and economic chasactetistics, and the establishment of cooperation agreements and partnerships with publi, private and non-governmental institutions. The resuits indicate tat the construction of this new model of cooperation as a space for the private sector in the State structure, whether for profit or not, has implications for the democratization of education, Keywords: Awangements for the Development of Education. Collabosative arrangements. Public-private partnership, Resumen: En este articulo, se presentan seflesiones sobre los Ajustes de Desatrollo de la Educaciéa (ADEs), elaborados en medio a la busqueda por nuevas formas de coordinacién y de cooperacién entre los entes federados para la constmecién de un Sistema Nacional de Edincacién y para la mejoria en Ia calidad de Ia educacién. El andlisis apnnta que los ADEs vienen contigurindose como una estvategia en las relaciones intergubernamentales, el cual envuelve al asociativismo territorial, a Ia colaboracién hosizontal, el twabajo en sed entte municipios con proximidad geogrifica y camactetisticas sociales y econdmicas semejantes, y In cealizaciSn de acuerdos de cooperacisn y alianzas con érganos puiblicos e instituciones privadas y no gubernamentales. Los resultados indican que la constmecién de ese nuevo modelo de cooperacién como espacio de actuacién del sector privado en la estructura estatal, con o sin fines de Ineo, tiene implicaciones para la democratizacién de la ediucacién. Palabras clave: Ajustes de Desarrollo de la Educacibn. Régimen de colabosaci6 Alianza piiblico-privada. Introdugio Os Aszanjos de Desenvolvimento da Edneacio (ADEs) vém se confignrando como wma nova estratégia de implementacio do regime de colaboracio nas relacdes intexgovernamentais. A proposta, formulada e apoiada pelo movimento empsesarial Todos pela Educacéo (TPE), foi aptovada e notmatizada pelo Conselho Nacional de Educacio (CNE) por meio da Resolugio n® 1, de 30 de maio de 2012 (BRASIL, 2012c) Considerando-se que a constri¢io de um Sistema Nacional de Educacto (SNE) passa por colocar em puitica 0 Regime de Colaboracio’, conforme previsto no Ast. 211 da Constitnicio Federal, os ADEs envolvem novos modelos organizacionais e administiativos e tém como sefecéncia 0 associativismo tettitorial, a coopesacio horizontal e © tcabalho em cede entre municipios com proximidade geogritica ¢ caracteristicas sociais e econémicas semelhantes (BRASIL, 20112) © novo modelo de colaboragio foi elaborado conforme a perspectiva gerencial da administracio publica, Pantada na “[..] dispetsiio de poder para uma pluralidade de organizacdes de instituigées e empresas” (NEWMAN; CLARKE, 2012, p. 371) e na adocio de “[..] novos apatelhos de responsabilizacio ¢ avaliacio” (NEWMAN; CLARKE, 2012, p. 353), a fouma gerencial tem como foco a eficécia econémica dos gastos pitblicos ¢ o desempenho (cumprimento de metas como indicador de qualidade) Aptesentado como instrumento de gestio priblica para a melhoria da qualidade social da educacao, o modelo configura-se como uma nova forma de coordenacio e de cooperacio entre os entes federados e, também, como uma modalidade de parceria priblico-privada, on seja, de acordos foumalmente firmados pelas esferas govemamentais, particularmente os municipios, com institutos * Conforme Asaijo (2013, p. 788), 0 “[.] segime de calaboracio € um iastiuta jusidico e politica que segulamenta pestio associada dos servicos pitblicas, sendo sfeto as comperéacias materisis commas previstas no art. 23 da Constinsieso Fedesal de 1958. As competéacias materials conn podem ser defies como aqueles secvigos publica que devem ser prestados por todos os entes fedesndos, sem prepondesineia « de forma cumulative, para garantir a equalizacio das condicSes de vida em todo o tersitétio de um Estado arganizado em bases federstivas, Neste sentido, fo sezime de colaborscio é ua dos mecaaismor da matiz coopesstivs ot intexeetatal do fedesaliema”. Praxis Educativa, Ponta Grossa, ¥, 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni © fundacdes ligados a empresas privadas e a organizacdes diversas, De nossa perspectiva, tal patceria, mais do que um instrumento para solugdes colaborativas na administragio publica, configura-se como uma nova estratégia para que o setor privado influencie diretamente a gestio da Edincacio Bisica piblica e, ao mesmo tempo, expanda e controle o mercado educacional. Para procedermos 4 anilise, focalizaremos as bases legais ¢ institucionais dos ADEs como novo instrumento de gestio piblica e também as implicagdes de sua implementagio para a educacio piibliea Arranjos de Desenvolvimento da Educagio (ADEs): Regime de Colaboragio mediante parcerias ptiblico-privadas Em face do desatio de melhorar a qualidade social da educagio em determinado textitétio, em termos de acesso, permanéncia, aptendizagem e conclusio escolar, os ADEs" so entendidos como uma ferramenta para o fortalecimento € 0 estimulo 4 cooperacio e ao associativismo entre os entes federados, particularmente entre os municipios no que tange 4 o1ganizacio de seus sistemas de ensino® (BRASIL, 20114). A proposta, elaborada pelo movimento empresarial TPE (ARAUJO, 2012) no proceso de constmeio do SNE, é um instrumento de gestio pitblica e tem como objetivo a implementacio do Regime de Colaboragio (BRASIL, 20112). Seu susgimento reporta-nos ao Plano de Desenvolvimento da Educacio (PDE). Langado em 2007, sna elaboracko contou com forte influéncia e participacio do movimento empresatial TPE. Conforme exposto no documento — 0 “Plano de Desenvolvimento da Educacio: 1226es, principios e programas” ~, a finalidade de “[.] seduzir designaldades sociais e regionais na Educacio exige pensi-la no plano de pais” e o “PDE pretende responder a esse desafio através de um acoplamento entre as dimensdes educacional ¢ territorial operacio pelo conceito de arranjo educativo” (BRASIL, 20072, p. 6). A constiucio de acées colaborativas, especialmente nos ADEs, comecon a ganhar forma 10 final de 2008, quando o Instituto Votorantim entrou em contato com o movimento TPE para encontrar maneizas de atuar coletivamente em 12 municipios do Recéneavo Baiano, diagnosticados com baixos indices educacionais. No mesmo petiodo, o TPE vinha promovendo com 0 Ministésio da Educagio (MEQ) e a iniciativa privada encontros para debater estratégias que evitassem a sobreposicdo de esforcos e de recursos entre os niveis de governo (CARVALHO, 2018). ‘A pattir de 2009, contando com o apoio do TPE ¢ em parcetia com diferentes instituicées piiblicas e privadas, foram realizadas as primeisas experiéncias de ADEs. Incentivada pelo Instituto Votorantim, a primeita delas, ocottida nos 12 municipios do Recéncavo Baiano, servin de modelo ¢ inspicacio paca ontsas regides: no Agreste Meridional de Pernambuco, incentivado pelo Sesvico Social da Industria — Pemambuco (SESI-PE) com apoio da Confederacio Nacional da Indiistria (CNI), a experiéneia envolven 23 municipios; no Corredor Carajis do Maranhio, incentivada pela Fundacio Vale e estruturada pela Comunidade Educativa (CEDAO), envolveu 16 2A expeessio “accanjos educacionsis” é utilizada so plural por ado existic um tinico modelo (BRASIL, 201 1a) ° Considerando-se que a “Educugio Bisiea ¢ constituida, em grande medida, por uma duplicidade de xedes convivendo em um mesmo tersitéxio: escolas municipais e estaduais”, entende-se que "[] preciso coordenar a avuagio dos niveis, de governo a fim de evitar sobtepasicdes e garantic padetes de qualidade similas, Infelizmente, hi pouquissimo didloga ¢ colaboragio entie as redes de ensino” (ABRUCIO, 2012, p. 20. Praxis Educativa, Ponta Grossa, ¥, 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, municipios; no Noroeste de Sio Paulo, liderada pelo municipio de Votuporanga, envolven 18 municipios* (BRASIL, 20114). Com base nessas expetiéncias, consideradas exitosas, foi fommulada a proposta de ADEs, cuja finalidade seria a implementacio do regime de colaboracio entre os entes federados, com énfase na colaboracio horizontal entre os municipios e na construcdo do Sistema Nacional de Educacio. A proposta adquicin f5lego diante da auséncia de legislacio complementar para a regnlamentagio do regime de colaboragio entre Unio, estados, Distrito Federal e municipios, confome preconizado no Art. 23, Parigrafo Unico, da Constituiclo Federal de 1988 (BRASIL, 2018, p. 36). Consta em seu Aut. 211, parigrafo 4°: “Na organizacio de seus sistemas de ensino, a Uniiio, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios definitio formas de colaboracio, de modo a asseguiar a universalizacio do ensino obtigatéxio (NR)” (BRASIL, 2018, p. 162). Cary (2012, p. 32) lembra-nos de que a Constitnicio de 1988, diferentemente das anteriores, 0 optar por um “regime normativo e politico, plural e descentualizado”, montou um sistema de repatticio de competéncias e de atribuicdes legislativas entre os integrantes do sistema federativo, reconhecendo a antonomia destes, inchuindo os municipios, e obedecendo ao principio da colaboracio reciproca. Por isso, para autor, “[..] a cooperacio exige entendimento muituo entre os enttes federativos, e a participacio supde a abertura de novas arenas politicas de deliberacio e de tomada de decisio”, ampliando “[.] 0 mimero de sujeitos politicos capazes de tomar decisdes” (CURY, 2012, p. 32). Consicera-se, portanto, que a regulamentacio desse aspecto é “[..] matéria da mais alta importincia ¢ significado para o conjunto das acdes pitblicas e, em especial, para a manntencio e desenvolvimento do ensino [..]” (CURY, 2012, p. 34) Em acordo com a nova caractetistica da federacio brasileira, a Emenda Constitucional n® 53, de 19 de dezembro de 2006, de nova redagio aos artigos 7°, 23, 30, 206, 208, 211 ¢ 212 da Constituiciio Federal de 1988 ¢ ao artigo 60 do Ato das Disposigdes Constitucionais Transitorias, Na nova redacio, consta no Art. 23: “Parigrafo tinico. Leis complementares fixario nomas para a cooperacio entre a Unio e os Estados, 0 Distuito Federal e os Municipios, tendo em vista 0 equilibrio do desenvolvimento ¢ do bem-estar em Ambito nacional (NR)” (BRASIL, 2006, n.p}) A Emenda Constitucional n° 59%, de 11 de novembro de 2009, em seu Art. 4°, altera 0 caput do Act. 214 da Constituicio Federal, em cuja sedacio é acrescido 0 inciso VI Att 214 A lei estabeleceri o plano nacional de edueagii, de duragio decenal, com 0 ‘objetivo de asticularo sistema nacional de educasio em regime de colaboragio ¢ definis dlictizes, objetivos, metas ¢ estiatégins de implementagio pasa assegurar a manutencio «e desenvolvimento do ensino em seus divessos niveis, etapas e modalidades por meio de agdes integradas dos podexes piiblicos das difesentes esferas federativas que eonduzam VI estabelecimenta de meta de aplicacio de seeusss pilblicas em educacio como proposcio do produto inteeno beuto (NR) (BRASIL, 2009, p. 2) + Amalmente, nlo se sabe 20 cesto, mas, em 2012, “[.] cexea de 200 municipios bsasleisos estavam se oxganizando em eapécies de sedes edneativns [ADE¢], que contavam com a colaboracia de empeesae"™ MANDELLI, 2012, p. b) 5 Na refetida Lei, foi acrescentado 0 parigrato 3° a0 Axt. 76 do Ato das Disposigdes Constinucionais Transitéxias, no qual consta a decisio de reduzir, anualmente, a partir do exercicio de 2009, o pereentual da Desvinculacio das Receitas da Unio incidente sobre o recussos destinados & mauutengio © ao deseavalvimeato do ensino, tema do Ast, 212 da Constinuicdo Federal. Além disso, foi dada nova redagio aos incisos I e VII do Art. 208, de forma a prever a obrigntosiedade do ensino de quatso a dezessere anos e a ampliagio da abrangéneia dos programas suplementaxes para todas as etapas da Educacio Basica, 0 parigeafo 4° do Act. 211, 20 parigrafo 3° do Ast 212 ¢ 20 aguurdo Ast 214, n0 «qual foi insexido 0 inciso VI Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni Nesses termos, observa-se que a Emenda Constitucional n° 59, [uJ paseon a exigic a constnicio de camiahos instimicionaie conccetos paca a segulamentagio do Regime de Colaboracio ¢ a efetivagi do Sistema Nacional de Educacio (SNE), a ser esteamsado por meio da constaucio ¢ consolidacio de novos [patannaces © foams de coopesacio entie a entes fedecidos, ea bate se arienle s sm piojeto de Estado pana a educagio nacional (BRASIL, 2012s, p. 3) Ressaltamos que esse foi um tema central da Conferéncia Nacional de Educagio (CONAE) ocossida em 2010, o qual aponton, inclusive, “[...] para a necessidade desta organicidade dando sentido e conexetude ao proximo Plano Nacional de Educacio, cuja institicio, agora, congniston status constitucional” (BRASIL, 2012a, p. 3). Considerando a inexisténcia de um Sistema Nacional de Educagao, a CONAE situon o Plano Nacional de Educacio (PNE) como uma das formas de materializacio da colaboracio ou corresponsabilidade entre os sistemas de ensino, ou seja, de envolvimento de todas as esferas de govero (federal, estadnal/distrital ¢ municipal) no contexto da cooperacio federativa. Portanto, conforme argumenta Ramos (2012, p. 68), “[..] @ construcio de tm SNE passa, necessariamente, por colocar em pritica o Regime de Colaboracio, incorporando mecanismos capazes de fortalecé-lo nio 36 entre as trés esferas de governo (Unitio, estados e municipios), mas também entre municipios, tomando como referéncia a organizacio textitorial do Estado”. Segundo Abmcio (2012, p. 27), “[..] a drea da Educacio terd de criar um sistema nacional de politica ptiblica, o que envolvers a criacao de instrumentos de coordenacio federativa, entre os quais um mecanismo de coopesacio intergovernamental. Foi essa a origem da proposta de Arranjo de Desenvolvimento da Educacio (ADE)”. Na Resolugio n? 4 CNE/CEB, de 13 de julho de 2010, estiio definidas as disetsizes cunsiculares nacionais gerais para a Edncacio Basica. Consta, em seti Att. 7° A concepcio de educacio deve osientas a instinicionalizacio da segime de calabaracio eatre Unio, Estados, Distrito Federal e Municipios, ao coatexto da estrutaea fedesstiva [beasleies, em que convivem sistemas edueacionais atbnomos, para asseguear efetvidade 420 projeto da educagio nacional, vencer a fingmentacio das polticas publicas e superar 4 desatticulacio institucional. (BRASIL, 2010, p. 824) Enfim, a inexisténcia de normatizacio do Sistema Nacional de Educacio do Regime de Colaboracio den margem para que o empresatiado regulamentasse os ADEs e obtivesse sen seconhecimento pelo MEC, tomando-os instrumento de gestio piiblica para a melhoria da qualidade social da educacio. © primeito passo foi o encaminhamento da proposta ao CNE em 2010. Por meio da “Portatia CNE/CEB n” 7/2010” (BRASIL, 201 1a, p. 19), foi composta uma comissio® com a finalidade de analisi-la, Segundo Argollo (2015), nesse documento, apontava-se [.J « importinein de se aprofimdar esnudos sobre a possibilidade de constimigio de concivae ible coo forma de consliago dar ADE; demaron a pacibilidade de nn doe euriat, de FUNDEB para projetes¢ pregramas inplementacos dt mod cnsoriado ou em forma de ADE: ¢ caponca a passe de mansfrinia de asincia téeica +] ou © A comissto foi composta pelos conselheizos Césax Callegati (presidente) e Moanrt Neves Ramos (aelatex), ambos integrantes do Todos Pela Educacio. Dela pasticiparam também Adeum Hilario Saver (ex-ptesidente da UNDIME), Jose Fernandes de Lima (Disetor de Programas da CAPES ¢ Seczetinio de Educagio de Sergipe no periodo de 2007- 1010) ¢ Rita Gomes do Nascimento (Membso do Colegiado de Culrucas Indigenas do Conselho Nacional de Politicas Culmsais (CNPC) do Ministério da Cultuca (MinC) Membro da Comissia Nacional de Educacio Escolas Tndigena (CNEED (BRASIL, 20112) Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, cencoriadss, por parte do FNDE ou do MEC, como mecanismo de calahorscio ¢ compastilhamento de competéacias. (ARGOLO, 2015, p. 70, gifos da autora) A ptoposta foi aprovada pelo CNE com base no Parecer n° 9 (BRASIL, 2011a), que foi homologado pelo MEC ¢ publicado no Ditio Oficial da Unitio em 22 de novembuo de 2011. Resolucio n° 1 (BRASIL, 2012a) confoume definido na Lei n® 11.107 ncontra-se a regulamentacio da proposta e, em sen Art. 7 de 6 de abuil de 2005, consta: (© ADE pode assumir © modelo de conséxcio, constinaide exelusivamente por entes federndos como uma associacio piiblica on como entidade juridiea de diseito psivado sem fins Inecativos, podendo sealizar acordos de coopesacio e pacesia cam G:gaos piiblicas inner ria ¢ ado guvnsanuntas. (BRASIL, 2012s, p. 3, gifo 10330). Consideramos impoxtante sessaltar que os consércios ptiblicos sio voltados a0 atendimento de interesses reciprocos ou de cooperacio federativa por meio da gestao associacla de servicos puiblicas. Assim, esse tipo de consércio, conforme consta no Decreto n° 6.017, de 17 de janeiro de 2007, Art. 2°, I*, é “[..] pessoa jutidica formada exclusivamente por entes da federacio [-]” e constituida “[.] como associacio piiblica, com personalidade juridica de dieito pablico e natureza antérquica, o1 como pessoa jucidica de direito privado sem fins econémicos* (BRASIL, 2007b, p. 2). Os consércios podem envolver a cooperacio apenas de entes de uma esfera ou de mais esferas de governo (Municipios, Estados e Distrito Federal, e Unio)". Nio por acaso, a proposic¢lo de constituicto de conséxcios piiblicos como forma de consolidagao dos ADEs tem sido questionavel (ABICALIL, 2013). Isso ocoue também com 0 regime de colaboracio mediante ADEs, considerado de um “novo” tipo (ARGOLLO; MOTTA, 2015), especialmente porque abre a possibilidade de os municipios atuarem coletivamente, em parceria e colabora¢io com estados, Ministétio da Educacio e institutos ¢ fundagdes ligados a empeesas privadas Ao analisar 0 processo de normatizagio do ADEs, Aratijo (2012) chama-nos atenglo para © fato de que a proposta do empresatiado ligado a0 movimento Todos Pela Educacio ganhou forca no debate parlamentar. Desconsiderando a notmativa jusidico-politica, bem como os educadores que, na CONAE", discutiam a elaboracio do novo PNE, tal movimento tomou 0 que ela denomina de “atalho silencioso do empresatiado”. A autora argnmenta que “[.] 0 regime de colaboracio para a ecucacio s6 pode ser regulamentado por Lei complementar, o que kequer aprovacio no Congreso Nacional por quémum qualificado” (ARAUJO, 2012, p. 522-523). 7A Leia? 11,107, de 6 de aba de 2008, com « finaliade de disponibilzar ue instrumentointe:goveruamentl de cooperagi entre os entesfederatives ispoe sobre norms gesnis de continagio de consorcios pablcos e dl outas providéncias (BRASIL, 2005). 5 0 cefeido Decreto estabelece notmas pam a exeensio da Leia? 11.107, de 6 ce abl de 2006. da Lei 11.107: “O conséscio piblica, com pessonalidade juidica de dizcito piiblico ou privado, observati 2s norma de dzevo pico no que conceine & realizagio de licagHo, 3 celebracio de Contrtos, 4 prestagio de contas © 4 admimio de pestoah que sex tepido pela Conolidagio das Leis do Trabalho (CLD, eprovada pelo Decreto-Lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943, Redagio dada pela Lei n? 13802, de 3 maio de 2019)" (BRASIL, 2005, ap) °© © fimbito de atagio do comséicio pibice couesponde soma dos texstotios dos municipios ou estadoe consarciadon, eeltads 4 partcipacio da Unita como serorinda, Coatomne Act IP 2, "[.) a Unido someate Duticpani de consérco pablico de qoe também faga pute o Estado ou todos o: Estados em cvjos texitorosextejam Sitmdor os Muicipioe comvouciador” BRASIL, 2005, 25) 2 Confettucia Nacional de Educagio (CONAE) tomon como cio de eftuéncia 0 tema “Constmtindo um Sistema Nacional Ariculado de Educicio: O Plano Nacional de Edacagio,drenizes,estategns de acto". ° Confoume cousta no At. 6, Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni Em 28 de setembro de 2011, no intuito de promover a institucionalizacio de arranjos educativos e estimular sua implantacio, foi apresentado, no Ambito do legislativo, 0 Projeto de Lei n? 2417, de 2011" (BRASIL, 2011b), de antoria do Deputado Alex Canziani (PTB-PR), que reiterou a necessidade de colaboracio envolvendo a atuacio de instituigdes privadas: Ait. 3° Um Auanjo de Desenvolvimento da Educagio (ADE) promoveni a agio ‘coordenada das instinsigbes piiblicas responsiveis pela Educagio nos Musicipios articulados e de todas as outsas instituigdes, publicas e particulares, nels sediadas com interesse manifesto em promover a melhoria da educagio no tenttétio abrangide, Parigiafo tinico. Um ADE devesi tex uma equipe gestora, coosdenada por um agente local, ozivado dos quadkos das instinugdes publicas ou prizadar envolvidas, responsivel ppela mobilizseio dos eates pasticipaates (BRASTL, 201s, ap, grit aos0) Na interpretagio de Argollo (2015, p. 71), © refetido projeto revela “[.J intengdes subjacentes em tomo da institucionalizaclo ADEs, em ‘teconfigurar’ a concepcio do sistema educacional piiblico [..] em decouéncia das parcetias piblico-privadas”, particularmente nas redes mmunicipais de educacio. Ressaltamos que, durante 0 processo de reestmituracio do MEC, foi instituida a Secretaria de Articulacio com os Sistemas de Ensino (SASE)" pelo Decreto n° 7.480", de 16 de maio de 2011 (BRASIL, 2011c). Dentre suas attibuigdes especiticas, consta: “[.] estimular a ampliagio do regime de cooperagio entre os entes federados, apoiando 0 desenvolvimento de ages para a ctiacio de um sistema nacional de educacio” (BRASIL, 201 1c, p. 20). As acées dessa secretaria estavam articuladas @ agenda educacional “pactuada” com o movimento TPE (ARGOLLO, 2015), confoume fica esplicito no Decreto n° 6,094, de 24 de abuil de 2007 (BRASIL, 2007¢), que dispée sobre a implementacio do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educacio pela Unio Federal, em regime de colaboracio com municipios, Distrito Federal ¢ estados e de atticipacio das familias © da comunidade, mediante programas ¢ agdes de assisténcia técnica € financeita, visando a mobilizacio social pela methoria da qualidade da Educagio Basica Considerando 0 desafio de estimular e ampliar a cooperacio entre os entes federados & coordenar a agenda instituinte do SNE, essa Secretaia desempenhou um papel relevante na #2 A proposicio encontra-se atualmente sujeta & apreciagio do Plenisio em regime de priosidade. Seu conteido esti concelacionado a mais dois projetos de Lei - PL n° 7.420, de 2006 e PL n* 5.519, de 2013, Em 7 de ounubro de 2011, © Projeto de Lei n® 2.417, foi Apensado, para tramitagio conjunta, ao Projeto de Lei n° 7420, de 2006, de autoria da deporda Raquel Teixeisa (PSDB-GO), um texto que “Dispde sobse a qualidad= da educacio bisica ¢ a responsabilidade dos gestores piblicos na sua promogio”, Em 11 de junho de 2013, foi Apensado a0 PL n° 5.519, de 2013, de autotia da Deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), com a seguinite ements: Instina o Sistema Nacional de Edhicagso, Foi sequesida a desapensacio em 27 de pualo de 2013, 0 que fo indeferido em 6 de agosto de 2013. Em 3 de marco de 2016, foi requesida a desapensacio do Projeto de Lei n® 2417, de 2011, do Psojeto de Lei n° 7.420, de 2006, ¢, por consequéncia, do conjunto de projetos sob a responsabilidede de anilise dessa Comissio Especial. Em 13, Ge marco de 2016, o sequerimento fet indefecido por se trata de matéria carrelats. Em 3 de ouniheo de 2019, foi sequetida 4 Mesa Dixetoza da Cimara dos Deputados a apensagio do PL-2417 de 2011 a0 PL-5.182/2019, que dispée sobie Auanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADE). Em 22 de outubro de 2019, foi apresentado 0 Requerimento 3/2019, pela Depatada Luise Canziani (PTB/PR), que "Requer a desapensacio dos projetos de lei n? 2.417, de ‘n° 5.182, de 2019, do projcto de lei n” 7-420, de 2006” (BRASIL, 2019), p. 1) © Em [° de dezembso de 2015, foi aumacinds a extineio da Secsetacin de Artie (SASE), cesponsivel, entae outeae estes, par apolar a implementacio do PNE nos estacos ¢ amanieipice. 1% Esse Decxeto foi revogndo pelo Deezeto no 7.690, de 2 matco de 2012, que aprovou a Estrunuca Regimental ¢ © Quatito Demonstrative dos Caigos em Comissio e das Fungdes Guatificadas do Ministerio da Educacie. Atualmente, encontia-se em vigéncia 0 Decreto 1 9.005, de L4 de marco de 2017, que aprovou a Estcutuca Regimental e 0 Quadko ‘Demonstsative dos Cargos em Comissio e das Funcdes de Confianga do Ministéxio da Edueagio, remancjou ea1gos em comissio e substinu cargos em comissio do Gaupo-Disecio ¢ Assessoramento Supetiores (DAS) por Fungdes Comissionadas do Poder Executivo ~ FCPE (BRASIL, 2017). 10 cam of Sistemas de Ensino Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, institucionalizacio dos arranjos educacionais. No Relatério de Gestio do Exercicio 2012 no Planejamento Estatégico da SASE 2012-2014 (BRASIL, 2012e, p. 19), estio previstas, dente algumas acées, as de “[..] apolar e fomentar aces de articulacio entre os sistemas de ensino por meio de planos regionais de educacio desenvolvendo e disseminando metodologia(s) de constmcio de arranjos tesritoriais de desenvolvimento da edncacio (ADE)”. No Relatério de Gestio do Exercicio de 2013, consta: “Compete 4 SASE propor o aperféigoamento dos instrumentos juridicos de cooperagao federativa, 0 que pode ser feito pela via do estimulo as ages, de cooperacio ¢ colaboracio em tentitérios formados por grupos de municipios” (BRASIL, 20142, p. 22). Nos relatérios subsequentes (anos de 2015 ¢ 2016), consta que foi dado prosseguimento 20 aperfeigoamento dos “[..] mecanismos ¢ instrumentos de cooperacio federativa, estimulando as formas de colaboracio, desempenhando um papel mediador, indutor e facilitador da pactuagio” (BRASIL, 2016b, p. 54). © MEC, “[.] tendo em vista 0 debate sobre 0 aperfeicoamento e/ou a inducio de instramentos jutidicos de cooperacio federativa e sobre possiveis estimmlos 4 colaboracio entre os sistemas de ensino” (BRASIL, 2015a, p. 7) e em continnidade a0 Parecer CNE /CEB n° 9 (BRASIL, 2011a), ctiow, por meio da Portaria n° 1.238", de 11 de outubro de 2012 (BRASIL, 2012d), um giupo de trabalho com o fim de elabouar estudos sobre a implementacio do regime de colaboracio na forma de ADEs. Dentre ontras attibuicdes, esse grupo deveria “[..] discutir conceitos, elencar expetiéncias relevantes de organizacio tentitosial ¢ formas de colaboracio jé implantadas ou em implantagio, caracterizando-as, identificando éxitos e dificuldades” (BRASIL, 20124, Art. 3°, Inciso TIT, p. 1). Deveria também “[.] aprofundar estudos sobre a constitnicio de conséscios pttblicos como forma de consolidacio dos arranjos, sobre vulnerabilidades educacionais com foco micronregional, sobre possibilidades de aporte de recursos ¢ sobre o ditecionamento de acées & programas de apoio” (BRASIL, 20124, Art. 3°, Inciso V, p. 1). Os trabalhos foram concluidos em julho de 2015, quando o “Relatétio Final do GT-ADE” foi divulgado pelo MEC. Nesse relatério, com a finalidade de buscar “instrumentos fortes e sustentiveis” de articulacio federativa, deslocou-se “([..] a ideia de atranjo horizontal entre os municipios para ideia de texritério” (BRASIL, 2015a, p. 6), asticulada 20 conceito de “cooperagio feclerativa”. Nesse caso, englobam-se as nmiltiplas formas de colaboracio além dos ADEs, dentre as quais 08 conséxcios piiblicos. Embora se reconhesa a qualidade dos ADEs como uma espécie de “embritio de uma cultura de colaboragio” (BRASIL, 2015a, p. 54), 0 documento destaca sua fiagilidade e insuficiéncia como politica piiblica. Em seus termos, os “[..] denominados ‘dmayias de Desenvohinento da Edueagae’ sto fxigeis do ponto de vista institucional, pois nao si constitnidos enquanto figuias jusidicas e em geral nfo aleancam niveis elevados de pasticipacio e acompanhamento social” (BRASIL, 2015a, p. 58). Além disso, de “[..] forma complementar, ha ponca clareza ou simplesmente inexistem mecanismos de financiamento declarados e as relagdes com a sociedacle também sio aspectos que carecem de atencio: as iniciativas, em gexal, nfo contam com mecanismos institucionalizados de transparéncia e de controle social” (BRASIL, 2015a, p. 54). Ao mesmo tempo, porém, o gmpo de trabalho indica que: “O ADE pode e deve sex considerado € aproveitado no escopo de sua catactexistica principal: como uma articulagio informal que pode % 4 Portara n” 1, de 19 de fevereiro de 2013, publicada no Diiio Oficial da Unio, de 20 de fevereizo de 2013, designa sepresentanres dos ugios e entidades que comporiam © Grupo de Tiabalho para elaborar esmdos sobre a Jmplementagio do regime de colabosagio mediante Atranjos de Desenvolvimento da Educacio, nos termes do Artigo 2, da Postasia n° 1.238, de 11 de outubso de 2012. A xefesida Portain fo: setificada no Diixio Oficial da Unio, Seclo 2, p. 39, de 20 de maio de 2013. A Portaria n® 7, de 8 de janeixo de 2015, altera 0 Art 3° da Portaria n° 1.298, de 1 de cutuba de 2012, ¢ define que o “GT-ADE apsesentari o celaténia final até 30 de abuil de 2015” (BRASIL, 20158). Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni ‘evoliir’ para um mecanismo de cooperacao juridicamente forte e legitimado” (BRASIL, 2015a, p. 58, grifo do autor) Outio aspecto a ser considerado € que o relatétio corobora © regime de colaboracio horizontal caracteristico dos ADEs, sem que, contudo, sejam questionadas as parcerias piiblico- privadas com um de seus pilares (MOTTA; ARGOLLO, 2016). Mais do que isso, 0 documento contribui para que 0 fortalecimento da organizacio entre sistemas de ensino nao se restrinja a instiigdes ptiblicas, pois apresenta um “[.J leque de experiéncias muito expressivas, incluidas aquelas sob a denominagio de auranjos de desenvolvimento da educagio [...] que poderiam apontar contuibuicées pasa a area educacional” (BRASIL, 2015a, p. 7). Na perspectiva da Brasil (2015a) em “Institnir um Sistema Nacional de Educacio: agenda obrigatéria para o pais”, o Regime de Colaboracio é [..J um pxincipio, que devers osientas as leis que instinaem os sistemas de ensino nacional, estaduais (obrigatérios) e municipais (facutativos - LDB astigo 10), Pasa que o sistema ive, 2 lele que o instinsicia devecio deveaminas que os eates fedesativos, ao organizarem seus prdprios sistemas de ensino, o facam por intermédio de leis vvineuladas is leis do SNE, sempre prevendo as foamias de colaboragio necessisias para que 08 paetae fedesntivos se concsetizem aa pritien. Sesi par inteemeédio de faomas caractersticas de colabosacio, em cada Unidade Fedesativa (estados e DF), inchuindo o papel da Unido, que se gnuantisa divezsidade na tnidade do sistema nacional. nacional «ee Por essa snzio entenclemas que © regime de colaborscio, em si, aio precisa ser segulamentado, Ele ¢ 0 peincipio que deve cetar presente aa ocpanizacio dos sistemas de ‘casino, ou seja, as suas leis instituidarss, Sesa necessixio um grande ‘cxganizacio sistémica, que certamente exigiré apoio téenico do Ministerio da Educzei BRASIL, 20152, p. 12). ge nacional de Trata-se de dar concretnde a0 regime de colaboracio™, conforme previsto no Antigo 211 da Constitnicio Federal. Nas “[..] leis que instituem os sistemas, os entes federativos [federal, estadnais e nmnicipais] deverio deixar claro como se relacionario com os demais entes federativos [.J’, de modo a garantir “[.] 0 cumprimento das responsabilidades definidas nas normas de cooperagio e nas novas regras de financiamento, todas ditecionadas pelos referenciais nacionais de qualidade expressos na LDB” (BRASIL, 2015a, p. 11). Ao MEC cabe desempenhar o papel de indutor da cooperacao federativa, estimnlando o debate nacional ¢ apoiando o desenvolvimento de acées alinhadas 4s metas previstas no PNE. A incorporacao de ADEs pelo PNE (2014-2024) foi mais um passo decisivo pata relaciond- los ao regime de colaboracio. Conforme previsto no Art. 7° da Lei n® 13.005, de 25 de junho de 2014 (BRASIL, 20145), que aprova o PNE, a “[..] Unio, os estados, 0 Distrito Federal ¢ os municipios atuario em regime de colaboracio, visando ao aleance das metas 4 implementagio das estratégias objeto deste Plano” (BRASIL, 2014b, p. 1). Nos parigrafos que integram esse artigo, 1 Seguado © documents, o conceito da cooperacio se diferencia constimucionalmente da canceito de colaborscio: Do ponto de vista semintico, poderse-ia ponders: que 0: teimos ‘colaboragio’ © ‘cooperssio” possuem sigorosamente a mesma significacio. Porém, do ponto de vista constitucional, hi que distinguir o sentido. Tal distincio se di, esencislmente, pelo ign constitcional que ooupam, No astigo 23, seferem-se exchisivamente & selsgio intesfederativa, entre os entes federados, alcangando todas as estrutusas do Poder Publico em sentido sestsito, sequerendo a regulago das normas de cooperacio. Nas disposigdes em que a colaboragio se apresenta, expressamence, 1 relaglo se di entie sistemas de educacio, cujas instituigdes piblicas sto partes, os entes federados possuem competéncias priositisias especificas, organizam suas redes propria, ¢ 20s quais todas as instituigSes educacionais privadas (em sta multiplicidade de formas jutidieas admitidas em lei) esto vinculadas, Essa complesa relagio entre sistemas de educacio, por outto lado, geta formas distintas de relacio institucional, ora por convénios, ora por adesio 2 programas, ora por pactos ou acosdos, ora por determinacio legal. As vaiadas formas sio atinentes 4 diversidade de situagbes a serem sesolvidas em iegime de colaboragio” (BRASIL, 2015¢, p. 10-11) Prisis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1. Disponivel em: Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, sfo encontradas medidas que deveriam ser tomadas pelos entes federados para efetivar o regime de colaboracio, No parigrafo 7°, consta: “O fortalecimento do regime de colaboracio entie os ‘Mnunicipios dar-se-4, inclusive, mediante a adocio de arranjos de desenvolvimento da educacio” (BRASIL, 2014b, p. 2). Maia (2017), em um estudo técnico sobre o regime de colaboracio no PNE, observa que a premissa do Regime de Colaboracio se faz presente no PNE quando [uo] define panzo de tum ano para que estador e amaicipios elaborem ou readéquem seus conespondentes plaios de edueagio em consonincia com as ditetrizes, «stintegias previstas wo Plano Nacional (ut. &). O mesmo vale para os planos phusianuais, as dsetsizes oxcamentisias e 08 oxgamentos anuais (art. 10), de modo a “viabilzar sua plena execucio”, Finalmente, o art. 13 define prazo de dois anos da publicacio da lei pasa {que se institua em lei especifica o Sistema Nacional de Edueagio, “responsivel pela asticulagio entee os sistemas de ensino, em xegime de colaboracio, para efetivacio das dizetrizes, metas e estratégins do Plano Nacional de Educagio”. (MAIA, 2017, p, 309) © antor mostra a relevincia dada ao regime de colaboracio nos artigos da lei e nas estratégias estabelecidas para a consecucio de cada uma das metas. Segundo ele, o principio da colaboracio perpassa todo 0 documento, sendo explicitado em “{..] 27 estratégias presentes em 11 das vinte metas [1, 2, 3, 6, 7, 15, 16, 17, 18, 19 e 20] do plano” (MATA, 2017, p. 310). Perpassa, assim, “[..] a oferta de todos os niveis e modalidade da educacio basica, © tempo integral, a formacio inicial e continuada e a valoriza¢io profissional dos protessoxes, a gesto democxitica e © compromisso de gasto piiblico como percentual do PIB” (MALIA, 2017, p. 310) Apés a aprovacio do PNE, inicion-se 0 proceso de estabelecimento de notmas de coopetagio federativa entre a Uniio ¢ os estados, 0 Distrito Federal e os municipios ¢ entre os estados e os municipios para garantir 0 acesso A Educacio Basica e Educacio Superior piiblicas, confosme a Lei de Diretrizes ¢ Bases da Educacéo Nacional (BRASIL, 2019a). Em 22 de julho de 2014, foi apresentado pelo deputado Séguas de Moraes (PT-MT) 0 Projeto de Lei Complementar (PLP) n° 413, de 2014 (BRASIL, 2014c), cujo objetivo seria “[..] responder especificamente as disposigées do artigo 23 da Constituicio Federal, acelerada, agora, pela recente sancio da Lei n® 13.005 que estabelece o Plano Nacional de Edueacio e dé outras providéncias” (BRASIL, 2014c, p. 1), No Art. 5°, § VIL, do seferido Projeto de Lei, consta que: “O Sistema Nacional de Educagio objetiva garantir a universalizacdo da educagao e seu padrio de qualidade no tenitéuio nacional”, observando, dentre outros aspectos, a “[..] colaboracio com as institnicdes eciucacionais ¢ ontras, agéncias piiblicas ¢ privadas” (BRASIL, 2014c, p. 2) Cabe observar que a regtilamentacio da colaboracio tem sido campo de disputa entre diferentes concepgdes, bem como entre os que consideram e os que niio consideram a necessidade da regulamentacio da colaboracio entre os entes federados por lei complementar. Motta e Argollo (2016), ao analisarem as proposigdes de institucionalizacio do SNE brasileiro, apontam para a consonincia entre os elementos centrais do substitutivo ao PL n° 413, de 2014 (BRASIL, 20140) ¢ o Relatétio final do Grupo de Trabalho - GT/ ADE (2015), Segundo as autoras, a “[..] perspectiva ‘tettitosial [ou houizontal] do regime de colaboracio, coma indicacio de aberturas para a regulamentacio das parcerias com o empresariado” (MOTTA; ARGOLLO, 2016, p. 289), fortalece sen protagonismo na definicéo ¢ na implementacio das politicas priblicas para a educacio brasileira Em 23 de novembro de 2017, 0 deputado Giuseppe Vecci (PSD) apresentou o Projeto de ‘Lei Complementar (PLP) n° 448, de 2017 (BRASIL, 2017b), com a segninte ementa: “Regulamenta a coopetacio federativa na Area da educaclo”. Em 22 de dezembio de 2017, o relator, deputado Glanber Braga (PSOL-R)), da Comissio de Educacio da Camara dos Deputados, emitin parecer favorivel 4 aprovacio do PLP n° 413 e do PLP n° 448 (BRASIL, 2017c). Em 2018, o PLP n° 413 Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: 10. Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni foi xetiraco de panta em diversas segées da referida comissio. Em 19 de dezembro de 2018, 0 deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) apresentou o requerimento de apensacio do Projeto de Lei Complementar n® 413 a0 Projeto de Lei Complementar n° 15, de 2011 (BRASIL, 201 1d), destinado ao estabelecimento de normas para a cooperacio entze a Uniio e os estaclos, 0 Distrito Federal e os antnicipios em termos de sesponsabilidade na gestio piiblica da edncacio escolar beasileisa Ambos os projetos tramitavam em regime de prioridade, mas, em 31 de janeixo de 2019, foram arquivados pela Mesa Diretora da Cimara dos Deputados nos termos do Artigo 105 do Regimento Intemo da referida camara, Destacamos, assim, que o regime de colaboracio se tomou central nos encaminhamentos da politica edcacional da atualidade e que os ADEs se configuraram como uma estratégia de coopetacio seja para a extensio da cobertura e para a melhoria da qualidade da educacio ou para © avanco do processo de privatizacio do pitblico. A regulamentacio do tema tem constitaido um campo de disputas, com consequéncias profundas para a educacio ptiblica brasileira, conforme abordaremos a segnir. Implicagdes do novo modelo de colaboragio para a educagio piiblica Nestas seflesdies, analisamos a hipétese de que os ADEs, se inseridos no contexto da reforma do Estado brasileiro e de redefinicio das relagdes entre piblico e privado, a partir dos anos de 1990 até os dias atuais, mais do que im instmmento de solugées colaborativas, configuram ‘uma nova estratégia para a incorporacio de agentes privados como “parceiros” na formulagio e na execucio das politicas para a Educacio Basica ptiblica e, 20 mesmo tempo, para a expansio ¢ 0 contiole do mercado edueacional (CARVALHO, 2018, 2019). A presenca cada vez mais visfvel do setor privado (empresatial-financeizo), com ou sem fins de Incro, nas instincias de formulacio politica, bem como suas diferentes formas de atuacio, a exemplo da Gmpo COC /Pearson, Editora Moderna /Santillana, Abril Educacio/Tarpon, Grupo Objetivo, Gmipo Positive, Instituto Ayrton Senna, Fundacio Leman, dentre outros, envolvendo a venda de formacio continuada, consultoria, treinamento, servicos técnicos, produtos, solugdes pata a “melhoria” da qualidade e dos sexvicos de gesto das escolas e das redes de ensino pilicas, bem como a adocio de sistemas privados de ensino por parte das xedes piblicas de ensino, tm sido destacadas em diveisos estudos (PERONT, 2015, 20182, 2018b; ADRTAO; PERONT, 2011; ADRIAO; PERONI, 2013; ADRIAO et al, 2016, ADRLAO, 2017, 2018a, 2018b, ADRIAO; DOMICIANO, 2018) Ao abordar a tendéncia de mercantilizacio e de privatizagao da Educacio Basica ptiblica, as pesquisas evidenciam que sio diferentes as estratégias para transformi-la em um campo para os negécios privados. Mecanismos diretos e indixetos tém sido empregados para submeter a educacio piiblica ao processo de acumulagio ampliada e de reprodugio do capital (RIKOWSKI, 2017). Assim, os ADEs fazem parte desse processo de constmcio de noumativas para a consolidacio de novas formas de cooperacio entre os entes federados envolvendo instituicées privadas e nao govemnamentais. A csescente atnacio dos empresirios na formulacio e na execucio das politicas priblicas esta associada as disputas pela apropriagio do fundo pttblico por parte das empresas, que tentam “converter a receita do Estado em lucro privado” (RIKOWSKI, 2018, p. 280), € 4 evidente amplitade do gasto da Unio com instimigdes privadas com ou aparentemente sem fins de Incro. ‘Nessas circunstincias, oconte “[..] @ operacionalizacio e nao a posse de instalagdes educacionais, na transformacio da funcio e da qualidade do dinheiro” (RIKOWSKI, 2018, p. 281): a propriedade permanece ptiblica, mas sfo as instituicées privadas com ou sem fins de lucro que assumem a Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: 1 Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, ditecio dos processos pedagégicos, da formacio de professores e de gestores, da avaliacio, do monitoramento ¢ da gestio dos sistemas de ensino piiblico (PERONI, 2018a). Portanto, os interesses privados tém influenciado on definido o contetico da politica ¢ a gestio da educacio segundo sens propésitos, sendo profundas as consequéncias para a consolidacio dos direitos sociais ¢ da esfera piiblica no Brasil Nesse sentido, um movimento complexo de mescantilizagio ¢ de privatizacio tem contribuido “[..J para mudar as redefinicdes histéricas de educacio ptiblica e de escola estatal, bem como papel do Estado, o que tem conduzido, por vezes, ao esvaziamento das escolas enquanto espacos piblicos de decisio” (LIMA, 2018, p. 130). Uma forma especifica de privatizacio, denominada por Lima (2018, p. 139) de “privatizacio lato senso”, transcende a “inducio da ptivatizacio” e a importacio de processos de oxganizacio e gestio do setor privado para o setor piblico, envolvendo processos multiformes de “[._]‘privatizacio oculta’, encoberta ou dissimulada 1a educacio [..]”, revela-se como “[..] um instrumento privilegiado de politica pitblica [.]” (LIMA, 2018, p. 130) Vivenciamos a instituigio de um regime fiscal de contencio de gastos com despesas primitias e de cortes no custeio de despesas com manutencio e desenvolvimento da educacio publica. Dente as politicas mais recentes, podemos citar a aprovacio da Emenda Constitucional n° 95, de 15 de dezembro de 2016 (BRASIL, 20162), que, a0 estabelecer 0 congelamento dos gastos piiblicos durante vinte anos, nas chamadas despesas primérias do governo, permitindo apenas a reposicio das perdas inflacioniias, por um lado, resttinge investimentos na garantia dos direitos sociais, comprometendo 0 cumptimento das metas do PNE; por outro, parece indicar um cenixio ainda mais favorivel ao aprofindamento das parcerias ptiblico-privadas e dos processos de mercantilizagio e de privatizagtio da Educacio Basica piblica brasileira. Dados relativos & matricula total na Educagio Basica regular, disponiveis nas Sinopses Estatisticas do Censo Escolar" (NEP, 2018), demonstram que, em 2017, 47,5% das matriculas da Educacio Bisica estio sob a responsabilidade dos municipios, ente da federacio que demonstra maior fiagilidade financeita ¢ administuativa, e que, desde 2001, como os demais entes federados, ‘tem sua atuacio restringida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar n° 101, de 4 de maio de 2000 (BRASIL, 2000), a qual fixa os gastos governamentais com pessoal em no maximo 60%, Na intexpretacio de Adriio e Domiciano (2018, p. 5), “[.] esses condicionantes explicam, em parte, a generaliza¢io de programas e politicas que se apoiam no setor privado, lucrativo ou fio Inerativo, como ‘solugio” para a oferta e gestio educacional em mbito subnacional” Lembremos que as mudangas em curso desde os anos de 1990 inserem-se no movimento mais amplo de mundializagio do capital e de redefinicio do papel do Estado e de suas formas de atuacio. Adotam-se, nesse processo, os principios do modelo denominado gerencial, que envolve novas relacdes entre o piiblico ¢ o privado na oferta dos servicos sociais, pasticularmente os da educacao ptiblica, A medida que o Estado se despe de atividades que tradicionalmente estiveram associadas a0 setor piblico e 0 interesse ptiblico, tomma-se ascendente a presenca de agentes privados na esfera estatal (CARVALHO, 2017). Essa tendéncia marca a tansferéncia da autoridade ou da tomada de decisées do piblico para o dominio privado e “[...] deixa as responsabilidades ficarem cada vez mais diluidas quanto aos direitos matesializados em politicas sociais” (PERONI, 2018b, © O Censo Escolar da Educacio Bética ¢ uma pesquisa sealizada amalmente pelo Iastinata Nacional de Esnadas ¢ Pesquisas Educacionais Anisio Teixeita (Inep) em articulagio com as Secretarias Estadvais e Municipais de Educacio, sendo obsigatéria aos estabelecimentos piblicos e privados de educacio bisiea, conforme INEP, 2018, p. 2). letermina 0 art. 4° do Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: 12 Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni p. 102), além de criar mecanismos ¢ instrumentos para estimular a atuacio do setor privado na gestio da educacio piiblica. As mudancas t8m contado com o forte apoio de organizacées intemacionais. Relaté1io recente do Banco Mundial, intitulado Um Ajnste Juss Andlise da eficiénca e equidade do gasto paiblico no Brasil Brasil Resisio das despesas Piiblicar (BANCO MUNDIAL, 2017), contém recomendacdes aos estados € municipios brasileiros sobre o que as reformas do setor de educacio devem levar em conta para aumentar a eficiéncia e a equidade e reduzir 0 custo fiscal, Na perspectiva do Banco, a “[.] contratagio de empresas privadas para o fomecimento de servicos de educacio também poderia melhorar 0 desempenho ¢ a eficiéncia dos gastos piblicos com educacio [..J”, sendo “[..] possivel economizar quase 1% do PIB” (BANCO MUNDIAL, 2017, p. 136-137) No caso especifico, é evidente a interferéncia dos ADEs nas relacées entre os entes federativos. O novo modelo de cooperacio, a0 abrir canais para a atuaco transversal de institutos ¢ fiandacdes privadas e nfo governamentais junto aos entes federados, afitma a corresponsabilidacle dos empresitios locais no desenvolvimento da educacao piiblica, aspecto que coloca em suspeicio © papel do Estado para assegnrar sua manutencio e expansio, bem como a sta capacidade de gestivo. Embora o setor privado tenha sido utilizado “[..] pata planejar, gerenciar e ow fomnecer pastes da educacio piblica” (PERONI, 20182, p. 216), as novas relacdes entre 0 pitblico © 0 privado tém sido aceitas e naturalizadas socialmente porque a propriedade permanece ptiblica e 0 Estado continma sendo responsivel pelo acesso, o que implica que os servicos contintam sendo “piiblicos”. A atuacio do setor privado parece menos suijeita a oposicdes quando a parceria envolve institutos e findacdes, os quais, em geral, apresentam-se como bracos de investimento social de corporacdes (ADRIAO, 2017). As instinuiges que, aparentemente, nio tém fins de Incro ou ni sto dependentes de recursos pliblicos, evidentemente atuam em uma perspectiva de alinhamento entte filantropia & negécios orientada para novos empreendimentos, denominado “flantropia de tisco” ou “filantropia 3.0” (BALL, 2014) ou, ainda, “‘filantrocapitalismo” (BISHOP; GREEN, 2008). Adriao ¢ Domiciano (2018, p. 6) afirmam que se trata de “[..] fundacdes on organizacées similares a estas, vinculadas a0 setor empresacial, que oferecem seus préstimos a governos, como paste de suas esteatégias para ampliagio e desenvolvimento de novos produtos e servigos os quais, por sua vez, alavancario empresas emergentes”. Sio, desse modo, “[..] ages que impactam a prépria oxganizacio e o setor no qual investem, com vistas remuneracio do grupo privado” (ADRIAO; 2018b, p. 79). Concordamos com Argollo (2015) quando afitma que © conceito de ADEs, como instrumento de colaboracio entre os municipios, ao combinar educacio, teuitorialidade © filantropia, cumpre a fancio de “[.] conformar a edncacio ptiblica aos interesses politico- econémicos do capital nos tertitérios diretamente relacionados a um grupo empresarial local” (ARGOLLO, 2015, p. 72). Suas possiveis implicagées seriam o desmonte da estrutura vigente, a implementacio de “novas instincias de poder” e o “[.] retrocesso luta pela educacio priblica como diteito social e formacio humana [..]”, além do “[..] aprofndamento das desigualdades dos sistemas de ensino” (MOTTA; ARGOLLO, 2016, p. 295) Os ADEs, ao envolverem a conformagio de um novo modelo de gestio publica e uma nova telaglo colaborativa entre os entes federados e ao terem como referéncia a organizacio territorial, a atnacao em rede e a participacao de instituicdes privadas e nao-governamentais, abrem, novas oportunidadles para os negacios privacos, mesmo que indiseta ou nfo abertamente nomeadas (CARVALHO, 2019). Nesses termos, cabe lembrarmos Rikowski (2017, 2018) quando analisa a Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: 13 Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, expansio do capital para campos relativamente novos, como é 0 caso da eciucacio estatal. Segundo ele, esse processo envolve um “devi”, ou seja, o que Marx denominou de “tomnar-se capital”, Entretanto, “este ‘movimento real’ é uma possibilidade” que, segundo Marx, “[.] ainda-nao esta em ser, mas tornar-se” (RIKOWSKI, 2018, p. 279), 0 que pressupée resisténcias e alternativas envolvendo a Inta pelos interesses priblicos e coletivos. De nossa perspectiva, ¢ preciso considerarmos a relacio contraditéria entre o piiblico € 0 privado nas relacdes sociais capitalistas, bem como a natureza institucional do Estado modemo. Com base nas andlises de Sguissardi (2015) e Peroni (2015, 2018a), entendemos que o estatal no € um polo oposto ao privado, mas um campo de disputas ou de conelagio de forcas entre classes sociais © projetos societatios distintos. No contexto atual, esse campo tem sido homogeneizado por interesses privado-mercantis. Assim, o Estado, por meio de novas regulamentacdes jusidico- institucionais, tem atuado na ctiacao de condicdes favoriveis 4 abertura de novos espacos de acumulacio do capital que, até entio, eram considerados fora do alcance da Incratividade, tomando mais evidente a relagio entre capital e Estado, tanto institucional quanto pessoal (CARVALHO, 2018) Nosso argumento que vivenciamos o contexto da restmitura¢io produtiva com base em um modelo flesivel e da “mundializactio do capital”, com predominancia de instituigdes financeiras, bem como dos “mercados financeiros” (CHESNAIS, 1996). Nesse contexto, o estilo de acumulacio decome da extrema centralizacio e da concentracao de capital, da fusio entre corporacées produtivas ¢ financeiras sob novas formas, da hipertrofia da esfera financeira frente 10s capitais produtivos e do aprofundamento do “[..] dominio das financas sobre todas as outras reas da economia, assim como sobre o aparato do Estado” (HARVEY, 2011, p. 41) Em cotrespondéncia, o Estado assumin um novo papel e uma nova forma de atuacio, € essa reconfignragio recolocou em discussio a telagio entre o piblico e o privado. A redefinicio das fronteiras e a maior integracio entre ambos leva ao crescente protagonismo de empresitios ¢ de grandes corporacdes empresatiais na formulacio e na execucio da politica para a Educacio Basica pitblica A auséncia de legislacdo complementar para o regime de colaboracio entre Unio e estados ¢ Distrito Federal e municipios, conforme preconizava a Constitnicio de 1988, abrin espaco para que 0 empresariado propusesse 0 modelo de ADEs. Estes sio entendidos como um novo instmmento indutor da cooperacio horizontal entse entes federados e da colaboracio das instinigdes e das organizacdes educacionais que atuam em area territorial comum, jé que o Sistema Nacional de Educacio é conformado, em sta esséncia, pela perspectiva empresarial da gestio dos sistemas de ensino. Segundo Lima (2018, p. 132), 0 resultado sto “[..] miscigenacdes complexas e hibridismos juridicos ¢ organizacionais que ainda ha pouco tempo setiam considerados inéditos” A matetializacio desse modelo implica nova oportunidade de negécios para as oxganizacdes do setor empzesarial (CARVALHO, 2019). Ao redesenhar os mecanismos de gestio das redes municipais prblicas de ensino e implementar novas instincias de decisio e de gestio, extrapola-se a dimensio piiblica do Estado e incorpora-se 2 gestio empresatial nas redes piiblicas de ensino. Na concepcio do CNE, [LJ aces colaborativas, no formato de artanjos de desenvolvimento da educacio, devam sec netinadae ¢ deva tes incentivada 2 sa implemeatagie coma vin dos instanmentos da gestio piblica da educscio, que fortalece © regime de colaboragio eatre os entes Fedeadas ¢ entte estes ¢ 4 sociedade civil, com potencial de contubuir eflewzmente pasa assegurar o dieito a educaeio de qualidade social em determinado tensitério. (BRASIL, 2011a, p. 17) Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: 4 Elma Jilia Goncalves de Carvalho e Vera Maria Vidal Peroni Enfim, problematizando o proceso de regulamentacao do regime de colaboracio em um contesto de expansio ampliada do capital, em que ocomte 0 novo formato de colaboracio entre entes federados, assentado na instituicio de parcetias priblico-privadas, mediante ADEs, “[.] objetiva reconfigurar 0 sentido social do espaco pitblico do Estado e, com isso, também dos péincipios e finalidades da edncacio pitblica” (ARGOLLO, 2015, p. 155). Nesse proceso, marcado por disputas e correlacio de forcas, cabe reafismar a “[..] coletivizacio das decisdes na definicio de politicas [.]” ¢ a“[..] responsabilidade do Estado no processo de execucio como o responsivel pelas politicas universais” (PERONI, 20182, p. 254), 0 que fortalecetia a dimensio piblica do Estado e da edueacio, Consideragées finais © objetivo, neste artigo, foi analisar 0s novos contommos que as ages @ as proposicdes voltadas ao regime de colaboracio vém assumindo, dentre as quais os ADEs, Os novos formatos na 1elacio entre © publico e o privado dio abertura para a gestio publica compautilhada entue os entes federativos e instituicées privadas e nio-governamentais, visando a garantia do dizeito educagao e a melhor prestacio desse servico. Alguas esmdos (ABICALIL, 2013; ARAUJO, 2013; OLIVEIRA; GANZELI, 2013; ARGOLLO; MOTTA, 2015) t8m dado destaque para as novas relagdes intergovernamentais voltadas 20 desenvolvimento da educacio, mostrando a participagio das nidades subnacionais e do govemo central, a ctiacio de novas estratégias nas disputas do fundo piiblico, as novas formas de regramento do regime de colaboracio, da constituicéo de fandos ¢ do estabelecimento de parcetias, convénios, contuatos, conséxcios ¢ attanjos diversos. Almejando 2 melhoria da qualidade social da educagio, 0 Patecer n° 9 do CNE/CEB (BRASIL, 201 1a) ressalta que as aces colaborativas, mediante ADEs, devem ocomter “..J sem que hhaja para isso transferéncia de recursos piblicos para tais instituicées [nio-governamentais) oxganismos privados” (BRASIL, 201 1a, p. 18). No entanto, concordamos com Aratijo (2012, p. 519) quando aponta a necessidade de se “[..] indagar quais seriam os interesses e as contrapartidas das mesmas para se engajarem nos arvanjos, contuibuindo para o avanco da teotizagio sobre as selagdes entre 0 ptiblico e © privado ou sobre a teorizacio relacionada ao quase-mercado nas politicas educacionais” Observamos o recomhecimento de que é necessiria a repactuacio do federalismo brasileiro ede que € importante a existéncia de um Regime de Colaboracio a fim de delimitar com “[.] ptoptiedade e clareza os limites e responsabilidades de cada ente federado” (BRASIL, 201 a, p. 2) ¢, assim, evitar descontinuidades das politicas educacionais. Todavia, ¢ preciso considerar que 0 modelo de ADEs, ao propor um novo formato colaborativo entre os entes federados, envolvendo especialmente o associativismo territorial, a colaboracio horizontal e a possibilidade de patticipacio de instituigdes privadas e mio governamentais na gestio das redes municipais de ensino agnupados em determinado te1titério, on seja, envolvendo mais de uma rede piiblica, abre espaco para a atuacdo desses novos snjeitos nas relacdes dos municipios ente si e dos municipios com os estados © Unigo. Ao mesmo tempo, desloca ¢ implementa novos espacos de decisio politica: os novos sujeitos passam a atuar diretamente, mediante convénios e termos de cooperacio, na definicio, no planejamento € na coordenacio das ages no ambito dos tertitérios associados, fiagilizando a configuracio de formas de colaboragio que envolvam o compartilhamento das competéncias comuns entre diversos entes federativos (Unilo, estados e municipios) e fortalecendo © papel estratégico das instituigdes privadas com ou sem fins de lncro e da sua légica de gestio (indicadores, metas, resultados e responsabilizacio) no Ambito da gestio da Edncacio Basica publica. Prisis Edtucativa, Ponta Grossa, v. 15, €2014343, p. 1-23, 2020 Disponivel em: Antanjos de Desenvolvimento da Educacio (ADEs) como estratégia de atuacio do setor privado, Cabe ressaltarmos que a proposicio do regime de colaboracio mediante ADEs tem como justificativa a promocio da qualidade social da educacio em determinado tentitério e a construcio do Sistema Nacional de Educacao. Por esse caminho, podem se institucionalizar como uma politica de Estado e se constitnir como um novo instrumento de gestio piblica (BRASIL, 201 1a, 2012a), de forma que o setor privado com on sem fins de lncro poder promover, estimular ¢ liderar as relagdes de cooperacio intermmnicipal © novo modelo cooperativo, portanto, ao enfatizar a colaboracio horizontal basicamente entre os municipios ¢ a promogio da “[..] cultura do planejamento integrado e colaboxativo na visio teitorial e geopolitica” (BRASIL, 201 a, p. 2), sugere novas 1elagdes intergovernamentais, entre as unidades subnacionais na gestio associada da educacio, reforcando 0 “protagonismo local” e 0 “associativismo voluntitio intermunicipal” (ARAUJO, 2013, p. 789). Converge também para o envolvimento crescente do empresariado na reorganizacio dos processos de gestio, na tedefinicdo dos fins e do conteiido da politica edncacional e na disputa do fundo pitblico, o que ‘tem implicagées para as relagdes federativas na consecucio do direito a educacio. Considerando 0 cenitio de indefinicdes e disputas em tomo da normatizagio do regime de colaboracio, reiteramos a importincia da “[..] recomposicio do pacto federativo de modo que a educaglo efetivamente seja uma responsabilidad compartilluada de todos os entes federados” (ARATJO, 2012, p. 526). Reiteramos, sobretudo, que as formas de colaboracio e de gestio das redes de ensino devem ocorrer no ambito da esfera pitblica Referéncias ABICALIL, C. A. Sistema nacional de educacio: 0s arranjos na cooperacao, parceria e cobica sobre © fundo piblico ma educacio bisica. Edueagio & Sociedade, Campinas, v. 34, n. 124, p. 803- 828, jul./set. 2013. DOT: http./ /dx doi.org/10.1590/S0101-73302015000300009 ABRUCIO, F. 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