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SOLDADO DO FUTURO NO COMBATE URBANO:

CONSCIÊNCIA SITUACIONAL NO ESCALÃO SUBUNIDADE

Henrique de Oliveira Mendonça*


Pablo Gustavo Cogo Pochmann ** **

RESUMO
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Palavras-chave: Consciência situacional. Combate urbano. Tecnologia. Projetos de modernização.


Georreferenciamento.

ABSTRACT
In laoreet, magna id viverra tincidunt, sem odio bibendum justo, vel imperdiet sapien wisi sed libero.
Suspendisse sagittis ultrices augue. Mauris metus. Nunc dapibus tortor vel mi dapibus sollicitudin.
Etiam posuere lacus quis dolor. Praesent id justo in neque elementum ultrices. Class aptent taciti
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Keywords: Situational awareness. Urban combat. Technology. Modernization Projects.


Georeferencing.

*
Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 2005. Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
(AMAN) em 2013.
****
Capitão da Arma de Artilharia. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 2005. Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
(AMAN) em 2010.
1
1

1 INTRODUÇÃO

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A introdução da cavalaria acelerou a queda do Império Romano. A besta e o


arco e flecha permitiram que combatentes apeados disputassem a primazia
dos cavaleiros. O telégrafo e os caminhos-de-ferro (sic) permitiram que as
tropas da União desfrutassem de vantagens de comunicação e logísticas
durante a Guerra Civil Americana. O surgimento do avião transpôs a Guerra
para a 3ª dimensão, enquanto que a arma nuclear garantiu o fim da 2ª
Guerra Mundial. O mesmo se tem verificado nas Guerras de última geração,
em resultado de um novo estágio da Revolução nos Assuntos Militares, com
o domínio espacial dos EUA e a extensão do conflito ao ciber-espaço
(VICENTE, 2009, p. 54).
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sagittis ultrices augue. Mauris metus (BRASIL, 2013).
A Lei Complementar 97, de 9 de junho de 1999, em seu capítulo IV, dispõe
sobre sociis natoque penatibus et magnis dis parturient montes, nascetur ridiculus
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FIGURA 1 - Organograma de uma Subunidade de Infantaria


Fonte: BRASIL, 1973, p. 1-3
2

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fermentum quis, suscipit id, erat. Fusce aliquam vestibulum ipsum. “Nulla pulvinar
eleifend sem, cum sociis natoque penatibus et magnis dis parturient montes,
nascetur ridiculus mus” (BRASIL, 2010, p. 38-39).

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2013).

1.1 PROBLEMA

Atualmente, observa-se, por parte dos militares combatentes, a falta de


conhecimento a respeito das possibilidades tecnológicas disponíveis no mercado e
que fazem parte da dotação de diversos exércitos e até de forças irregulares. Essa
alienação cultural impede uma pesquisa direcionada exclusivamente para militares
combatentes.
Isso contribui, também, para que as conclusões pessoais dos exercícios
militares sejam pouco úteis para o Sistema C&T, principalmente sobre consciência
situacional, pois não se consegue prever as necessidades em uma ação tática sem
sequer conhecer as possibilidades disponíveis e as do inimigo. Dessa forma, os
engenheiros são induzidos a copiar tecnologias já divulgadas por outros países ou
empresas, independente de adaptação à realidade do EB.
No sentido de orientar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico com as
demandas de emprego do EB, foi formulado o seguinte problema:
Em que medida e quais soluções tecnológicas podem favorecer a consciência
situacional dos combatentes, no escalão subunidade de infantaria, em operações no
ambiente urbano, em um limite temporal de 10 anos?

1.2 OBJETIVOS

A fim de determinar as necessidades operacionais inerentes à consciência


situacional no escalão SU, o presente estudo pretende analisar as soluções
tecnológicas disponíveis ou em fase de pesquisa, que podem favorecer a
consciência situacional dos combatentes, no escalão SU de infantaria, em
operações em ambiente urbano.

Para viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram formulados os


3

objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitiram o encadeamento lógico


do raciocínio descritivo apresentado neste estudo:

a) Identificar as projeções, feitas por especialistas, do cenário dos conflitos


urbanos mundiais, nos níveis político, estratégico, operacional e, principalmente,
tático;

b) Reconhecer, a partir da opinião dos combatentes, as principais previsões de


emprego do EB para os próximos 10 anos, verificando se há coerência com as
hipóteses relacionadas por especialistas e pela força terrestre;

c) Identificar as possíveis soluções para atender as necessidades do


combatente no nível tático, quanto à sua consciência situacional, a partir da previsão
das hipóteses de emprego mais prováveis;

d) Prognosticar as pretensões dos combatentes, quanto à sua consciência


situacional, no ambiente urbano para os próximos 10 anos;

e) Formular uma proposta para a distribuição e emprego adequados das


soluções tecnológicas, nos escalões componentes da SU, coerentes com o nível de
comando exigido e capacidade de processamento das informações.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

A rotina de coleta de lições aprendidas e seu eventual aproveitamento pela


Doutrina Militar Terrestre ainda carecem de meios e processos que os tornem
eficientes; uma organização profissional tem que poder aprender com seus erros e
sucessos e permanecer aberta à crítica e à sua melhoria (JANSEN, 2013).

Vicente (2008, p. 51) afirma que “a capacidade de combater com uma


consciência situacional eficiente causa impactos na estrutura da força”. No entanto,
como todas as promessas, são acompanhadas por desafios e vulnerabilidades.

Os últimos empregos do EB retratam a tendência da urbanização dos


combates. “A não linearidade e a multidimensionalidade, acrescidos de direito
humanitário, presença da mídia e batalha de informações indicam a necessidade de
velocidade de decisão, adaptabilidade, suporte eficiente de comando e controle,
além de tropas bem equipadas” (BRASIL, 2009, p. 2).

Dentro desse contexto, surge a necessidade de melhorar as capacidades do


combatente brasileiro, entre elas a consciência situacional, permitindo que ele possa
4

interagir com o ambiente, através de digitalização de imagens captadas de satélite,


aeronaves remotamente pilotadas (ARP), câmeras que acompanham o combatente,
entre outros (CASTRO, 2004).

A modernização de equipamentos favorece a obtenção de uma capacidade


de decisão, melhor e mais rápida que a reação do adversário. Esse ciclo de decisão,
que em outros tempos demorava dias, pode hoje ser encurtado para minutos. “Essa
superioridade está dependente, em todos os estágios das operações, da obtenção
do domínio de informação e da partilha de consciência situacional” (VICENTE, 2006,
p. 19).

Analisando o adversário futuro como uma entidade em rede e um “sistema de


sistemas”, entende-se a importância crucial da informação enquanto fonte e
consequência dos componentes de comando, controle e comunicações. Da mesma
forma que a internet mudou a forma de se comunicar e de se trabalhar, espera-se
que a ligação em rede e as capacidades de partilha de informação implicarão uma
mudança na forma de pensar, colaborar e conduzir operações. Portanto, é
imprescindível compreender os aspectos cognitivos e sociais decorrentes das
operações centradas em rede, procurando na tecnologia um meio para libertar a
capacidade humana para criar e analisar (VICENTE, 2008).

Devido à complexidade envolvida no controle das fontes produtoras de dados


e/ou informação, países como Canadá, Chile, Colômbia, EUA, Espanha, França,
Inglaterra e Israel, além da Aliança do Atlântico Norte (OTAN) optaram por
desenvolver a doutrina de Operações de Informação nos níveis estratégico e
operacional (BRASIL, 2012), persistindo uma lacuna de conhecimentos no nível
tático, em que se encontra o escalão SU.

Nesse sentido, o presente estudo se justifica por promover uma pesquisa a


respeito de um tema atual e de suma importância para a evolução do poderio bélico
das pequenas frações do EB até o escalão SU, do qual se espera um importante
papel no cenário dos conflitos urbanos.

O trabalho pretende, ainda, abastecer os gestores dos projetos de


modernização, independente da nomenclatura atribuída, de conhecimento acerca
das necessidades dos combatentes para operar no cenário urbano, servindo de
pressuposto teórico para outros estudos que sigam nesta mesma linha de pesquisa.
5

2 METODOLOGIA

Para colher subsídios que permitissem formular uma possível solução para o
problema, o delineamento desta pesquisa contemplou leitura analítica e fichamento
das fontes, entrevistas com especialistas, questionários, argumentação e discussão
de resultados.

Quanto à forma de abordagem do problema, utilizaram-se, principalmente, os


conceitos de pesquisa quantitativa, pois as referências numéricas obtidas por meio
dos questionários foram fundamentais para a compreensão das necessidades dos
militares.

Quanto ao objetivo geral, foi empregada a modalidade exploratória, tendo


em vista o pouco conhecimento disponível, notadamente escrito, acerca do tema, o
que exigiu uma familiarização inicial, materializada pelas entrevistas exploratórias e
seguida de questionário para uma amostra com vivência profissional relevante sobre
o assunto.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

Iniciamos o delineamento da pesquisa com a definição de termos e conceitos,


a fim de viabilizar a solução do problema de pesquisa, sendo baseada em uma
revisão de literatura no período de jan/1994 a abr/2013. Essa delimitação baseou-se
na necessidade de atualização do tema, visto que as tecnologias se encontram em
constante evolução e a grande preocupação com o tema iniciou-se na década
passada.
O limite anterior foi determinado almejando incluir as análises sobre o conflito
da Chechênia (Grozny), referência em combate urbano, pela exploração de lições
aprendidas. Entretanto, os manuais de campanha do EB que abordam a companhia
de fuzileiros (C7-10) e o combate em zonas edificadas e fortificadas (C31-50)
exigiram a criação de exceções no período estipulado, devido à sua data de
elaboração anterior ao ano de 1994.
Foram utilizadas as palavras-chave soldado, futuro, combate, urbano,
consciência situacional e tecnologia, juntamente com seus correlatos em inglês e
espanhol, na base de dados RedeBIE, Pergamum, Lilacs, Scielo, em sítios
eletrônicos de procura na internet, biblioteca de monografias da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), do CCOPAB e da Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército (ECEME), sendo selecionados apenas os artigos em
6

português, inglês e espanhol. O sistema de busca foi complementado pela coleta


manual de relatórios de exercícios militares, panfletos comerciais de empresas do
ramo de defesa, bem como de manuais de campanha referentes ao tema, do EB e
dos EUA, em período de publicação diverso do utilizado nos artigos.
Quanto ao tipo de operação militar, a revisão de literatura limitou-se a
operações de não-guerra, com enfoque majoritário nas participações das Forças
Armadas nos Complexos do Alemão, Penha e Maré.
a. Critério de inclusão:
- Estudos publicados em português, espanhol ou inglês, relacionados à
consciência situacional, projeção de conflitos e programas de modernização militar;
- Estudos, matérias jornalísticas e portifólio de empresas que retratam
inovações tecnológicas com reflexos na consciência situacional das pequenas
frações; e
- Estudos qualitativos sobre as características do ambiente urbano.
b. Critério de exclusão:
- Estudos que abordam o emprego de tropas de natureza blindada e de
operações especiais em ambiente urbano; e
- Estudos cujo foco central seja relacionado estritamente à descrição
tecnológica e/ou aos equipamentos militares com finalidade distinta da consciência
situacional.

2.2 COLETA DE DADOS

Na sequência do aprofundamento teórico a respeito do assunto, o


delineamento da pesquisa contemplou a coleta de dados pelos seguintes meios:
entrevista exploratória, questionário e grupo focal.

2.2.1 Entrevistas

Com a finalidade de ampliar o conhecimento teórico e identificar experiências


relevantes, foram realizadas entrevistas exploratórias com os seguintes
especialistas, em ordem cronológica de execução:
Nome Justificativa
HENRIQUE DE OLIVEIRA MENDONÇA – Experiência como Cmt SU na Operação São
Cap EB Francisco VII
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX – Engenheiro responsável pelo desenvolvimento de
Cap EB optrônicos do Projeto COBRA
QUADRO 1 – Quadro de Especialistas entrevistados
Fonte: O autor
7

Experiência como Oficial de Operações na


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX – Maj EB
Operação Arcanjo II
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX – Experiência como Adjunto de Pelotão na
2º Sgt EB Operação MINUSTAH
QUADRO 1 – Quadro de Especialistas entrevistados (continuação)
Fonte: O autor

2.2.2 Questionário

A amplitude do universo foi estimada a partir do efetivo de oficiais que


exerceram a função de comandante de pelotão na MINUSTAH. O estudo foi limitado
particularmente aos oficiais da arma de infantaria, oriundos da Academia Militar das
Agulhas Negras, devido à sua formação mais completa e especialização para o
comando das pequenas frações.

A amostra selecionada para responder aos questionários também foi restrita


a militares que comandaram Pel Fuz durante as operações no Haiti, pelo
adestramento eficaz realizado no CCOPAB, além do maior acesso a equipamentos
modernos e contato com militares de outros países. O escalão Pel Fuz foi escolhido
pelo fato de seus comandantes possuírem uma formação mais aprofundada e
técnica que a dos Sgt e Cb, respectivamente comandantes de GC e Esq; e
possuírem uma interação maior com o front, quando comparados ao Cmt SU.

Dessa forma, utilizando-se dados obtidos nos relatórios das operações e em


consultas ao CCOPAB, a população a ser estudada foi estimada em ?? militares. A
fim de atingir uma maior confiabilidade das induções realizadas, buscou-se atingir
uma amostra significativa, utilizando como parâmetros o nível de confiança igual a
90% e erro amostral de 10%. Nesse sentido, a amostra dimensionada como ideal
(nideal) foi de 161.

Apesar de o comando de Pel Fuz ser comumente exercido por oficiais


subalternos (tenente), a amostra contemplou oficiais intermediários (capitães), já que
alguns já foram promovidos desde sua participação nas missões supracitadas.
Dessa feita, foram distribuídos questionários para 242 oficiais do EB com
experiência de comando de Pel Fuz na MINUSTAH.

O efetivo acima foi obtido considerando 150% da amostra ideal prevista


(nideal=161), utilizando-se como N o valor de 275 militares, sendo 132 até o 11º
contingente e 144 do 12º até o 17º contingente, reduzido de 1 militar que comandou
Pel Fuz em duas ocasiões.
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A amostra foi selecionada em diferentes Organizações Militares, de maneira a


não haver interferência de respostas em massa ou influenciadas por episódios
específicos. A sistemática de distribuição dos questionários ocorreu de forma direta
(pessoalmente) ou indireta (correspondência ou e-mail) para 242 militares que
atendiam os requisitos. Entretanto, devido a diversos fatores, somente 113
respostas foram obtidas (70,19% de n ideal e 46,69% dos questionários enviados), não
havendo necessidade de invalidar nenhuma por preenchimento incorreto ou
incompleto.

A partir do nideal (161), depreende-se que o tamanho amostral obtido (n=113)


foi inferior ao desejado para o tamanho populacional dos potenciais integrantes da
amostra, no entanto não inviabiliza, tampouco reduz a relevância desta pesquisa,
haja vista a especialização da amostra.

Foi realizado um pré–teste com 16 capitães-alunos da Escola de


Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), que atendiam aos pré-requisitos para integrar a
amostra proposta no estudo, com a finalidade de identificar possíveis falhas no
instrumento de coleta de dados. Ao final do pré-teste, não foram observados erros
que justificassem alterações no questionário e, portanto, seguiram-se os demais de
forma idêntica.

2.2.3 Grupo Focal

Devido à natureza exploratória da investigação e finalizando a coleta de


dados, foi conduzido um grupo focal, visando a debater os resultados colhidos nos
questionários, com os seguintes especialistas:
Nome Justificativa
HENRIQUE DE OLIVEIRA MENDONÇA – Experiência como Cmt SU na Operação
Cap EB São Francisco VII
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX – Engenheiro responsável pelo
Maj EB desenvolvimento de optrônicos do Projeto
COBRA
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX – Engenheiro responsável pelo
Cap EB desenvolvimento de optrônicos do Projeto
COBRA
QUADRO 2 – Quadro de Especialistas participantes do Grupo Focal
Fonte: O autor
Durante a orientação do referido grupo focal, foram levantadas, como pautas,
divergências entre o encontrado na literatura analisada e a percepção da amostra,
obtida por intermédio dos questionários, notadamente nos seguintes aspectos:
9

a) Menor escalão a executar uma patrulha ostensiva em uma operação de


pacificação;
b) Melhor posicionamento do comandante de SU durante as operações;
c) Dotação de optrônicos pelos Cmt Pel Fuz.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As pesquisas sobre as possíveis evoluções dos combates indicam uma


participação, cada vez maior, de atores não-estatais, misturados junto ao povo e
aproveitando-se das limitações éticas e legais das tropas oficiais. Essas
peculiaridades impõem o emprego maciço de suportes tecnológicos para uma
guerra “cirúrgica”, e a consciência situacional é essencial para a correta
compreensão da situação e agilidade na resposta.

Alguns aspectos doutrinários têm influência direta sobre a consciência


situacional, por exemplo, o menor escalão a conduzir isoladamente operações de
patrulhamento ostensivo num ambiente urbano. Ao se definir o menor escalão,
automaticamente se determina o primeiro comandante que terá autonomia de
decisões, bem como a menor célula que deverá ter uma integração de
equipamentos independente.

Esse item sofreu alguns questionamentos pelos respondentes durante a fase


de pré-teste, principalmente no que tange ao nível de periculosidade do ambiente.
Para alguns, o menor escalão depende da atuação da força oponente/inimigo,
porém o estudo optou por manter o enunciado da pergunta, já que considera que o
termo “patrulhamento ostensivo” já subentende a existência de medidas de
segurança. A tabela e o gráfico a seguir apresentam o resultado obtido:

TABELA 4 - Opinião absoluta e percentual do total da amostra acerca do menor escalão a ser
empregado no patrulhamento ostensivo em combate urbano

Grupo Amostra
Valor
Escalão absoluto
Percentual

Esquadra (Esq) 37 32,7%


Grupo de Combate (GC) 73 64,6%
Pelotão (Pel) 3 2,7%
Subunidade (SU) 0 0%
TOTAL 113 100,0%
Fonte: O autor
A percepção da amostra, de maneira geral, é que o GC se constitui como o
10

menor escalão apto a atuar de forma isolada (64,6%). A Esq recebeu uma
quantidade significativa de seleções (32,7%), enquanto o Pel e a SU obtiveram
resultados estatisticamente desprezíveis.
80 73
70
60
50
40 37
30
20
10 3
0
0
Esqd GC Pel SU
GRÁFICO 2 – Opinião da amostra, em valores absolutos, sobre o menor escalão a atuar de forma
isolada em missões de patrulhamento ostensivo
Fonte: O autor

A partir deste resultado, observa-se uma coerência com o emprego das


tropas americanas no Iraque que, de acordo com o oficial americano, instrutor da
SECOD/EsAO no ano de 2013, não era comum observar missões destinadas a
efetivos menores que o GC.

Outro item procurou investigar uma das prováveis causas dessa relutância: a
aptidão do cabo para o comando. Foram levantadas 4 opções para avaliar a
eficiência do cabo no comando de frações isoladas. A maioria acredita que,
atualmente, eles não estão aptos, porém, se for melhorada a formação, podem vir a
exercer o comando com autonomia (79,65%). Poucos são os que acreditam que os
cabos já estão aptos ao comando (9,73%), enquanto os demais atribuíram
imaturidade (10,62%) ou falta de capacidade intelectual (3,54%), para não
considerar o emprego de cabos no comando de frações isoladas, com a atual
formação.

TABELA 5: Avaliação da amostra, em valores absolutos, sobre a capacidade de comando dos cabos,
com a atual formação

Grupo Amostra
Valor
Avaliação absoluto
Percentual

já estão aptos a comandar frações isoladamente. 11 9,7%


não devem comandar frações isoladamente, pois não têm
maturidade para reagir em situações de crise
12 10,6%
não devem comandar frações isoladamente, pois não têm
capacidade intelectual para lidar com novos equipamentos que 4 3,5%
estão surgindo, com a mídia e/ou com a população local
11

estarão aptos a comandar frações isoladamente se for


melhorada sua formação
90 79,6%
Outros 6 5,3%
TOTAL 113 100,0%
Fonte: O autor
100 90
80
60
40
20 11 12 4 6
0

GRÁFICO 3 – Avaliação da amostra, em quantidade de respostas, sobre o comando dos cabos, com
a atual formação
Fonte: O autor

Neste item, foi aberto um espaço para “outras opções”, no qual se


destacaram os seguintes comentários:

a) “A formação é adequada, o que deve-se (sic) trabalhar é a cultura existente


nos quartéis do EB. O cabo, muitas das vezes é subempregado como soldado, não
recebendo responsabilidade adequada à sua graduação. Desta forma, acredito que
os oficiais devem imputar maiores responsabilidades aos cabos, no dia-a-dia dos
quarteis”; e

b) “No dia-a-dia deve ser dada maior responsabilidade aos Cb, para que
sejam líderes. Nas Unidades, os Cb são tratados iguais aos Soldados”.

Esta última resposta apresentada reflete a atual seleção e formação dos


cabos, já que ascendem a essa graduação após poucos meses de curso, e recebem
a incumbência de comandar antigos companheiros, muitas vezes mais velhos e
experientes. Assim, tem sua iniciativa inibida e acabam por não desenvolver a
liderança em sua plenitude.

O resultado desse item contraria a percepção de Pochmann (2015, p. 23),


que entende não haver necessidade de qualquer adaptação na formação dos cabos.
Essa divergência, segundo o Maj XXXXXX, durante debate no grupo focal, pode ser
advinda do grau de maturidade da amostra utilizada por Pochmann,
majoritariamente composta por oficiais superiores.
12

Durante o debate no grupo focal, foram sugeridas que algumas causas para
evitar a restrição da autonomia aos cabos merecem ser investigadas, como o
aumento da participação da mídia e o consequente preparo para atuar sob a “mira”
de uma câmera; bem como a influência dos direitos humanos e do Direito
Internacional dos Conflitos Armados. Com a atual formação e seleção, os oficiais
parecem não sentir segurança na atuação isolada dos Cb nesse novo ambiente, sob
forte influência da opinião pública e de aspectos jurídicos.

Acerca da capacidade de processamento de informações, observa-se que a


maioria dos oficiais é contrária ao afastamento do Cmt Cia Fuz da linha de frente,
indicando que a liderança exercida e a motivação aos subordinados ainda são
fundamentais neste escalão, mesmo que possa haver algum prejuízo na gestão dos
dados e imagens disponíveis pelas inovações tecnológicas.

TABELA 6: Avaliação da amostra, sobre o melhor posicionamento do comandante de companhia de


fuzileiros

Grupo Amostra
Valor
Avaliação absoluto
Percentual

acompanhar o Pel que estiver executando a missão principal,


processando informações em pequena escala
12 10,6%
progredir à “esteira” da SU, coordenando as missões e
recebendo as informações por meio de um computador portátil 86 76,1%
(em média escala)
manter-se abrigado em uma central de comando e controle
(viatura ou sala de operações), dentro ou próximo à
localidade, sendo abastecido de informações através de
15 13,3%
monitores (em grande escala)
TOTAL 113 100,0%
Fonte: O autor.

Notadamente, a maioria dos capitães/tenentes (76,1%) acredita que, em um


combate urbano, os comandantes de SU devem seguir “à esteira” da sua tropa,
coordenando as missões de dentro da localidade e recebendo informações através
de um computador portátil, em média escala, enquanto progridem. Isso ressalta a
influência da liderança pela presença in loco.

Tal assertiva parece estar fundamentada na cultura militar que preconiza a


presença do líder junto a seus subordinados, porém deve ser melhor refletida,
através de grupos de estudo, haja vista que a avaliação de maior quantidade de
dados e em melhores condições, ou seja, afastado da tensão inerente ao front,
tende a apresentar decisões mais acertadas.
13

Foi questionado também sobre quais informações devem estar disponíveis


nos computadores portáteis dos diversos níveis das pequenas frações. O enunciado
da pergunta alertava para o desvio de atenção que pode ocorrer com o uso desse
material e permitia a opção por não disponibilizar este recurso para algum nível de
comando. O resultado está apresentado na tabela a seguir (foram considerados
resultados significativos, os que obtiveram mais de dois terços da amostra):

TABELA 19 - Entendimento dos combatentes sobre quais informações/imagens devem estar


disponíveis nos computadores portáteis dos comandantes nos diversos níveis das
pequenas frações

Imagens/Informações Cmt Cmt Cmt Cmt


Esq GC Pel SU
Frequência (ƒi) / %de n
206,
Foto de satélite com possibilidade de zoom 1957
666
,777 78% 81%
31 666 56 88 91
7777 * *
666
7778
667
226,
Mapa com Relevo, Vegetação e Hidrografia 666
72% 78%
34 666 65 58% 81 88
* *
666
667
Imagens aéreas, em tempo real, a partir de
69% 86%
helicópteros ou aeronaves remotamente 21 140 37 1320 78
*
97
*
pilotadas

Posição de forças adversas e locais de origem


75% 82% 72%
de tiros atualizados por uma central de 51 45% 85
*
93
*
81
*
comando
461,
Imagens de câmeras conduzidas por 4666 70% 77%
subordinados 25 22% 44 79 87
6666 * *
6667
Localização, em tempo real, dos subordinados
81% 86%
e elementos das frações vizinhas, por meio de 30 200 54 48% 92
*
97
*
pontos coloridos no mapa digital.

Possibilidade de atualizar o mapa e transmitir


informações sobre posição de inimigo, 74% 73%
42 37% 69 61% 84 83
obstáculos, feridos entre outras, através de * *
toques na tela
166,
Esquema de manobra, com alertas quando da 666
transposição de limites de frações vizinhas 73% 83%
25 666 44 39% 83 94
* *
666
667
Banco de dados com informações para
72% 71%
reconhecimento de elementos por biometria 57 380 81
*
80
*
61 54%
(digital, íris, características do rosto)
246,
Acompanhamento dos sinais vitais dos 2271
666
militares, com alarmes em situações de ,111 71%
37 666 57 73 65% 80
emergência 1111 *
666
1111
667
Fonte: O autor
14

* Acima de 66,67% (dois terços) da amostra


O resultado acima exposto apresenta claramente a preocupação da amostra
com o excesso de informações para os menores escalões que, por estarem no front,
podem ser prejudicados pelo desvio da atenção. Outra causa pode ser a falta de
capacidade intelectual para interpretar os dados com a velocidade necessária.

A Tabela 19 pode servir como base para o desenvolvimento de softwares e


até de definição do dimensionamento dos computadores/telas para os comandantes
dos diversos escalões.

Relativo à observação, apesar de considerado em processo de substituição, o


sistema de intensificação de luz residual (ILR) ainda possui uma boa aceitação por
parte dos combatentes, que o sugerem para emprego pelos Cmt Esq, tendo em vista
sua menor complexidade quando comparado com os equipamentos termais. Cabe
ressaltar que, de acordo com os engenheiros especialistas em optrônica, a
inviabilidade financeira para manter projetos com tecnologia ILR, aliada ao avanço
do sistema termal de tecnologia de infravermelha próximo, induzem a não raciocinar
com doutrinas baseadas em equipamentos de ILR.

Ainda sobre os optrônicos, os combatentes entendem que no ambiente


urbano deve-se privilegiar ao máximo o campo de visão, em detrimento ao alcance
e, preferencialmente, ser acoplada ao armamento, no caso dos Cmt Esq, e no
capacete, para os Cmt de GC, Pel e SU.

De acordo com Caon (2013), na experiência brasileira no Haiti, o Pel Fuz


tende a ser mais eficiente com uma estrutura quaternária, assim, entende-se que a
tela do Cmt Pel poderia permitir a visualização de 4 (quatro) imagens
simultaneamente, enquanto a do Cmt SU, 20 quadros (16 Cmt GC, 1 Caçador, 1
Observador de fogos de artilharia, 1 Observador de fogos de morteiro, 1 câmera de
ARP).

Foi investigada a percepção da amostra quanto à capacidade, em relação ao


aspecto material, do EB atuar em forças de coalizão com exércitos de potências ou
organismos internacionais, para imposição da paz. Foram disponibilizadas 2
respostas simples (Sim/Não) e um espaço para justificativas. A maioria (69%)
assinalou que o EB não se encontra em condições (Gráfico 11) e os argumentos
estão descritos no Quadro 10:
15

31%

SIM
NÃO

69%

GRÁFICO 11 – Opinião da amostra sobre a capacidade do EB em atuar em operações de imposição


da paz em coalizão com organismos ou potências internacionais
Fonte: O autor
Notadamente, os argumentos principais para a incapacidade, no que tange ao
material, do EB atuar em operações de maior periculosidade baseiam-se na
insuficiência ou defasagem atual de meios. Porém, destaca-se também a falta de
mentalidade em assumir a importância das evoluções tecnológicas.

Justificativas
AMOSTRA Repetições
Opinião
1) Apresenta material suficiente. 5
2) O EB receberá missões de acordo com suas
possibilidades e limitações (pequeno escalão), como já 4
vem ocorrendo.
SIM 3) Há muito para melhorar, porém acredito que o fator
7
humano é muito importante.
(O EB
4) O treinamento da tropa é satisfatório e faz com que
ENCONTRA-SE supere as deficiências materiais 4
EM CONDIÇÕES) 5) Experiências colhidas no Haiti e projetos desenvolvidos
3
pelo EB
6) O EB vem evoluindo no aspecto material nos últimos
anos e mobiliaria bem a tropa para atuar neste tipo de 3
missão.
1) Material insuficiente ou defasado. 37
2) Material e adestramento deficientes. 10
3) Depende da magnitude da intensidade do conflito. 2
4) Falta de mentalidade em assumir as evoluções
NÃO 16
tecnológicas.
(O EB NÃO SE 5) Falta de compatibilidade e interoperabilidade das
1
ENCONTRA EM tecnologias.
CONDIÇÕES) 6) Pouca acessibilidade em exercícios. 2
7) Contudo acredito que é possível equipar a fração a ser
2
empregada rapidamente.
8) O EB já viu a necessidade de reaparelhamento, no
1
entanto, estamos no início deste longo processo.
QUADRO 10 - Justificativas da amostra acerca da capacidade do EB de atuar em forças de coalizão
com exércitos de potências ou organismos internacionais, para a imposição da paz
Fonte: O autor
Por fim, almejando verificar, criticamente, a opinião dos combatentes a
respeito do tema, foi disponibilizado um espaço para considerações sobre o estudo,
no qual surgiram vários comentários, dos quais ressaltam-se:
16

a) “Toda tecnologia é válida na busca de uma maior eficiência no combate.


Ainda enfrentamos outro problema, que é a falta de material didático atualizado...”; e

b) “Existem materiais que poderiam ser deixados com soldados especialistas


daquele material. Principalmente pelo fato de que o excesso de material com os
comandantes pode atrapalhar o deslocamento e os movimentos do comandante”.

Este último comentário destaca a possibilidade de distribuir os equipamentos


disponíveis ao Cmt fração entre os seus subordinados. Essa possibilidade merece
ser avaliada com maior detalhamento durante a fase de adestramento e, este estudo
não entende que essa redistribuição venha a alterar o desenvolvimento das
tecnologias. A seguir, encontram-se outros comentários relevantes realizados pela
amostra:

TABELA 21: Considerações dos combatentes sobre o presente estudo (resposta opcional)
Sugestões
Considerações sobre o estudo
Grupos
1) As tecnologias relacionadas à consciência situacional devem ser adaptadas
à realidade de emprego das tropas, por serem sensíveis e de alto custo.
2) Gostaria de salientar a importância do assunto, o qual é extremamente
necessário para os combates urbanos atuais.
3) Não adianta ter uma tecnologia avançada se não trabalhamos mais a
questão da liderança, principalmente com nossas praças.
4) Temos que dar atenção à questão da comunicação, passagem de
AMOSTRA informações, envio de imagens, mensagens... de forma rápida, precisa e
segura, em monitoramentos de RIPI.
5) Creio que o que é atribuído e exigido dos cabos no corpo de tropa é
insuficiente, tendo consequência nos momentos que estão exercendo função de
comandante de esquadra, assim não conseguem decidir com eficiência e
exercer liderança no seu nível de comando. Acredito que tais deficiências são
originadas desde o programa de instrução aos quais são submetidos na
formação básica, passando pela qualificação e até o adestramento.
Fonte: O autor

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto às questões de estudo e objetivos propostos no início deste trabalho,


conclui-se que a presente investigação atendeu ao pretendido, ampliando a
compreensão sobre a opinião dos combatentes da linha de frente acerca das
soluções tecnológicas, cada vez mais influentes no campo de batalha.

A revisão de literatura possibilitou concluir que a identificação de elementos


da força oponente e a compreensão da situação, durante ações mais intensas,
caracterizam as principais necessidades dos militares da linha de frente nos últimos
conflitos, notadamente ocorridos na Chechênia, Iraque, Afeganistão e, atualmente,
17

na Síria.

Dessa forma, entende-se que com a evolução tecnológica e doutrinária


inevitável, os Cmt SU poderiam, futuramente, deslocar-se em uma central de
comando. Esta central pode ser traduzida, inicialmente, em um computador portátil,
até que haja uma melhor aceitação do afastamento da linha de frente. Entretanto,
acredita-se que a eficiência será aumentada quando o Cmt SU puder conduzir as
operações de dentro de uma viatura blindada, juntamente com assessores, que
podem ser da própria Seção de Comando, que o auxiliem a avaliar imagens e
dados.

A compilação de dados permitiu identificar que, dentre as dimensões da


consciência situacional, o georreferenciamento constitui a maior necessidade na
percepção dos combatentes, sendo indicada a disponibilidade de um computador
portátil para os comandantes dos escalões Pel e SU.

O acompanhamento da situação pelos Cmt de Pel e de SU, deve-lhes permitir


o acesso a informações, tais como: a localização de seus subordinados e frações
vizinhas, foto de satélite, o esquema de manobra e imagens aéreas de helicópteros
ou ARP, sendo esta última mais recomendada ao escalão SU.

No que refere aos menores escalões (GC e Esq), o computador portátil é


indicado em poucos casos, como por exemplo, para facilitar a identificação de
elementos por biometria (digital, íris, traços faciais, “jeito” de andar...), através de um
banco de dados eletrônico. Dessa forma, recomenda-se o desenvolvimento de
algum equipamento mais simples que atenda a essa demanda.

Alinhado a todas essas possibilidades tecnológicas, surge a necessidade de


desenvolver simuladores de combate, especificamente para Cmt Pel e Cmt SU, a fim
de aprimorar a velocidade de processar as informações do computador portátil. O
Cmt GC, apesar de ser um importante processador de informações, deve ser
adestrado durante exercícios no terreno, já que no seu escalão é mais importante
integrar a percepção espacial com equipamentos de informação direta.

Recomenda-se, assim, que simulem os computadores portáteis, ou seja,


disponibilizem 2 telas distintas: uma que apresente os quadros com a transmissão
em tempo real das câmeras conduzidas pelos subordinados (com possibilidade de
ampliar algum quadro quando necessário) e outra com um mapa que contenha,
além das linhas impostas pelo escalão superior, a posição dos subordinados (pontos
18

coloridos) e que permita a atualização de dados, para o escalão superior, como:


posição de oponentes, obstáculos e metralhadora, armas anti-carro, caçadores e
carros de combate inimigos.

Conclui-se, portanto, que é inegável o distanciamento entre as necessidades


das pequenas frações e as soluções tecnológicas disponíveis ou em
desenvolvimento, exigindo uma maior interação entre as partes, para evitar
desperdícios de tempo e financeiros em projetos de pouca aplicabilidade.
19

REFERÊNCIAS
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456 p.

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batalha. Doutrina Militar Terrestre., Brasília, DF, ed. 1. p. 16-27, jan-mar 2013.

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______. ______. C 7-20: Batalhões de Infantaria. 3. ed. Brasília, DF, 2003a.

______. ______. C 20-1: Glossário de Termos e Expressões para uso no


Exército. 3. ed. Brasília, DF, 2003b.

CAMPOS, Marcio Bessa. O Emprego operacional atualizado da observação


aérea em operações militares, com ênfase nas operações de garantia de lei e
da ordem (GLO). 2004. 212 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comando e
Estado Maior do Exército, ECEME, Rio de Janeiro, 2004.

CAON, Gustavo M. O pelotão de fuzileiros de força de paz em operações


urbanas na missão de paz no Haiti – uma proposta de emprego quaternário.
2013. 97 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, EsAO,
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FRIEDMAN, Thomas - The World is Flat. New York: Farrar Straus Giroux, 2005.
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GEIBEL, A. Lessons in urban combat. Infantry, Georgia, EUA, p. 21-25. nov.-dez.


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WOLFE, Andrea. Military influence tactics: lessons learned in Iraq an Afghanistan.


2011. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Master of Science em Psicologia) –
Department of Psychology and the Graduate School, University of Oregon, Oregon,
2011.

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