You are on page 1of 8
LIVRARIA ATHENEU Rio de Janeiro Rua Bambina — 74 Botafogo Rua Senador Dantas — 56 Centro Tel.: 221-0491 S. Paulo Rua Jesuino Pascoal — 30 St.# Cecilia Tel.: 220-9186 PLANEJAMENTO GRAFICO — Equipe Atheneu MH 0000.23044 JASPERS K. a Psychopathologie — 9.* ed. Publicado onginalmene par SPRINGER VERLAG SPRINGER VERLAG — Berlin, Heidelberg. Direitos de traducio para a lingua portuguesa, reservados 4 LIVRARIA ATHENEU LTDA. Rio de Janeiro, S. Paulo — Brasil ‘Tercera PaRte AS CONEXOES CAUSAIS DA VIDA PSIQUICA (PSICOLOGIA EXPLICATIVA) Compreendemos as conexdes psiqui ‘ado; explicamo-las de fora como si ‘gulares ou até necessérias. a) A simples relagio causal e sua dificuldade. — No pensamento causal, sempre ligamos dois elementos, um dos quais ‘se considera causa 0 outro, mos firmar indaga- ‘ses causais nitidas, éstes elemer ites de mais nada, cclarificar-se, no confundir-se. O él de dentro como signifi yneidade e sucesso re~ © a redugdo do rendimento, de par com fenémei pontiineos; as doencas da lidade, a ansiedade, a inquietagio; a hemorragia ctrebs 5 da fala etc. sio, se chama causa € serve para formu- relagio unilinear entre causa e efeito é no entanto, abso- ‘entre uma ¢ outra, havendo clos que 0 evento lar. Nio é sempre que 0 efeito se segue, mas apenas com freqi ‘mais ou menos regular (0 minimo para que se afirme uma relagio causal); do que, nao tardamos @ notar as ‘conseqiiéncias para nossa apreensio causal: 1. O mesmo fenémeno tem muitas causas, quer sit ‘quer alternativamente. Mas sempre que se enumeram mi ‘sas possiveis para um processo mérbido, sem sequer conhecer, real- mente, os efeitos de uma s6 dentre elas, quase sempre se tem af 552 KARL JASPERS sinal de que se ignoram as causas verdadeiras; por exemplo, quan- do se enumeram quase tdas as doengas somaticas — constipagai ‘envencnamento, esgotamento ete. — como causas de améncia, Nao se constata, simplesmente, que 0 quadro da améncia também ocorre sem qualquer destas causas, mas também que conhecimento algum seguro se tem dos efeitos psiquicos habituais destas causas somé- ticas. Quanto mais causas se afirmam, tanto menor nos é 0 conhe- cimento causal. 2._Investigamos as causas intermedidrias, a fim de chegar da iro notada, externa, remota, a causa pri ssim é que se vé 0 efeito absolutamente diverso do deméneia ale ‘ordens (por exemplo, um produto metabélico t6xico), , conforme sua natureza particular, deva acarretar um dos quadros mérbidos determinados, (como causa rem E natural que as causas diretas su: muito mais uniformes ¢ regulares do que as mais remotas, Em ‘odavia, conhecemos qualquer causa direta real. de “causa” é multitivoco. Abrange a mera con- tensio vital que produz esgo' tor desencadean jento permanente, um abalo afetivo intenso; a forca deci , para que psicoses déste tipo se apresentem. ficado de causa sempre varia, evidentemente. O fato de nio iminarmos e, além disto, contentarmo-nos com meras possi- Hildades € a razio’ pela qual, muita vlze, so substtul = discus em t6rno de causa ao conhecimento causal a Acresce a. circunstincia de que ndo se logra conhecimento algum mediante @ conclusio niio comprovada que leva do post hoc ao propter hoc. causa nio s6 quando certo jevitavelmente, mas também quando (0 dela pode decorrer; falamos em condigio no s6 quan- ‘io sine qua non, mas também quando se trata de possivelmente apenas contribuem. E o que mais , considerar causa o que j ‘ ma da existéncia respectiva (érro jd notade por Kant PSICOPATOLOGIA GERAL 553 Para o fim de superar tais dificuldades, € necessério, de um pensamento discriminativo, preciso, que esclareca 0 combi mento de causas reais, mas no evidentes em absoluto. Nao se as discutem como possi ea ee ee ras de freqiiéncias; com o que, tanto fa superagao das causal adquirido impde, no entanto, uma estrutura tamente diversa para as relacdes causais; ou seja, estrutura ‘em vez de apenas mecdnica. e organismo, — A que decorre em jologica, genéticamente, sio A vida serve-se — € claro — désses mecanismos (e nosso conheciment daquilo que vive ee ae ‘modificdveis. Em contrapo- apresenta-se como produzida, de tal ‘© centro derradeiro Por isto ¢ que as externas que se exercem sdbre 0 organismo incidem, Aveis; no todo, entretanto, Gompreendorse que a5 1 tt sos em individuos diferentes. ‘A mesma “causa” de percorrer duas diversas, se ai aprofundar-nos nas conexdes cau: ages causais sumérias serio decompostas, apreendi 7; 0 mais fino seré elaborado a partir do groseiro; causas segundo lugar, porém, tudo isso SA KARL JASPERS ildade, na moldura das relagées cau- ito e no contradit6rio, vem a ser, jol6gico, manifestagio’ natural das Aquilo que significa di ‘sais, pelo deslisamento no na moldura do. pensamento verdadeiras relagdes causais, 1. © fenémeno concreto que se passa, em dado momento, num todo vivo jamais permite que se isole um fato simples, uma ‘causa simples, como se se tratasse de bolas de bilhar que chocam ¢ sio chocadas; como evento complicado, apenas é que se hé de, realmente, conceber realizando-se numa quantidade de condigdes. de relay A imagem mecini ri investigar na quarte parte). No conhecimento causal que omite elagdes simples, unilineares, de causa-efeito, ei valendo como causa, se ativa uma quantidade istentes, capazes de existir sem que nada acon- tega, Essa causa $6 pode, contudo, atuar porque existe aquela ‘quantidade de requisitos reais. Por exemplo, a bactéria especifi a doenga, mas s6 quando t6das as’ condicées rem ao encontri sim dizer. Caso clas faltem, tar, as condigdes desfavoraveis jamais da causa derradeira, no se produz ‘© evento total, que, no € produzido por aquela. Na ‘dade, ou seja, na infinita mult ‘as relagdes causais € que reside a ret todo e se volta para que vale € 0 derra- 108 reciprocos, se expandem em circulos, uns sobre os quais a vida se edifica ¢ outros que, circulos viciosos, suscitam um pro- ‘cesso destrutivo, no obstante 0 que, oe causalidade mecénica em emaranhamentos opostos tais que, se se PSICOPATOLOGIA GERAT. 555, ‘quiser apreendé-los, se tera de conceber a multiplicidade na dis- perso e na combinagio, vale dizer, numa construcao configurativa. € que se explica por que a mesma causa sxatamente opostos, conforme sua intensidade idade com que 0 todo se constitui; por que pode excitar e paralisar, dar lugar a doenga ou cui tristeza ou alegria, etc. ©) Causas endégenas e exégenas, O fendmeno bisico da vida consiste no fato de realizar-se num. peri forma a partir da interioridade propria da ¢3 a0 qual esta se refere e do qual sofre retroefeitos. Na fem que se divide o todo existencial em perimundo ¢ mundo interno © se decompdem ambos em fatOres, atribuem-se os fendmenos vitais aos fatOres causais do mundo externo, chamando-os ex6genos; ja natureza especial sempre se hi de apresentar como © essencial. Temos razio, contudo, para di uusalmente numa estigamos 0 efeito dessas causas ex6genas, quais sejam, 0s t6xicos, as estacdes do ano ou as horas do dia, as infecgSes, as doensas somaticas. 36 KARL JASPERS : Anlage (ou constituigio). Disposi- mneeito conjunto que condigées endégenas da vida psiquica; daf resulta tal amplitude que, sempre que se usa a palavra, se tem de saber a que disposigio se aude. Temse de dis ‘adquirida, visto que entre disposigio congénita © disposi¢ao idades momentneas do organismo doengas, vis pela biografia que a disposicao individual esta’ modificando tantemente ou transformando em éatdstrofes ou processos mér Distingue-se, a seguir, entre disposigio visivel ¢ disposigao visivel: aquela € a constituigdo morfologica e fisioldgicamente vel; esta € a predisposigio que s6 se mostra quando ocorrem certos estimulos e perigos. Tem-se de distinguir, enfim, entre disposigio somdtica © psi- ‘quica, entre disposigéo permanente ¢ disposiglo que s6 se apresenta fem certas épocas da vida etc. Dado que separamos as condigdes externas em muitas classes, somos obrigados também a encontrat, na disposigdo, elementos a formar unidades menores dentro da disposicio: im, aqui como em qualquer oportunidade na qual cia. "Mas como que chegamos a elementos constitu- jculares, que nio se constroem arbitrariamente, mas 0 real? Apenas acompanhando a disposigao em fe- dual e a heranga, Investigando os rumos qi © a heranga constant ‘cangar unidades reais posigdes, de modo g¢ 3. Interagio de disposigao e perim da paralisia geral, mas s6 uns 10% dos as variagdes seguem ganhamos perspectivas que permitem al- 3S quais nos € possivel falar tanto em dis- quanto em certas disposi ‘opata que no sabe orientar sua propria vida pode, nessa catistrofe, mostrar presenga de espirito que supere a perplexidado de outros, os quais, quanto 20 so sadios. O tabagismo crOnico parece produzir distirbios circulat6rios e nervosos num e niio noutro; etc. A doenca é reagdo da disposicio as influéncias ‘Sobre © conccito de disposigio: Kehrer, Ferd: E, Kretschmer: Die Verantagung tu seelischen Sidrungen, Berlim, 1924 PSICOPATOLOGIA GERAL 3sT ambientais. E s6 em casos fronteirigos se vé recuar do que € exégeno e do que € endogeno. Por exemplo, a coréia odem ocorrer Conquanto a disposigao deva acrescentar alguma quando ha pura destruigo, como no caso de morte por esmaga- mento do cranio, é que apenas o exégeno desempenha papel. Quase ‘sempre sempre a relagio end6geno-exdgeno é extraoi ‘complexa ¢ de valorar-se sOmente conforme sua impo se dé na esquizofrenia ¢ na psicose manfaco-depress ‘endégeno ocupa primeiro plano, © nas psicoses por "infecgao, ‘onde a primazia 6 do ex6geno. Evento psiquico algum ¢ condicionado s6 pela disposigio, re- ssultando sempre, da interagio de uma disposigao especial ‘com condigées ¢ destinos externos especiais. Podemos apreender ‘a alternincia de condigdes externas diretamente. A disposigio é sempre alguma coisa aberta, a descobrir, a construit. O conceito serve, apenas, na maioria das vézes, quando usado com sentido absolutamente geral, para mascarar nossa ignordncia. Tanto espe- cificamos, ao falar nas condigdes externas, aludindo ao meio, quanto devemos esforgar-nos, quando usamos 0 conceito disposigio, para lades © mais estritas possivel de disposigio, processo mérbido nilo-org se resulta do meio ou da dis indo 0 todo, separar fatOres consti mediante a decomposicao em elementos © fatbres ambie particulares. Como niio € possivel considerar sempre igual 0 organismo hu- ‘mano, nem sua vida psiquica (pelo contréio, individuo: reagem, por exemplo, a0 mesmo téxico de forma inteiramente tee eee cue ada a lee ‘mesmo individuo; e mesmo na cexceges, hf diversidade qualitativa dos efeitos; e efeitos so em Porque, vi condigdes ambientais para manifestar-se, na doenca endégena, estas condigdes ‘ambientais; por exemplo, quando se determina que, dentre gémeos s, um sendo ‘acometido de esquizofrenia, também o outro ha de adoecer quase sempre, € certo, mas nem sempre. 8 KARL JASPERS 4. Relacto de endégeno-exogeneidade com pares afins de conceitos, Os conceitos endogeno e exégeno tém sentido. diverso, con- forme se usem para aludir a meras doengas somaticas ou a enfermi- dades psfquicas. Todos os fatOres exégenos de doencas sométicas (t6xicos, bactérias, clima) sto, certamente, também ex6genos de enfermidades psiquicas. Mas chamamos também exdgenas as doen- ‘gas somiticas (mesmo aquelas endégeno-somaticas do cérebro) em psiquica. Neste sentido, tudo que € somatogénico é tudo que € psicogénico é também endégeno. no evento psfquico, tal qual distinguimos re ygeno © endogeno, o vo do autéctone (HELLPACH: anormalidade reativa e produ. As reagées que resultam de vivéncias desencadeadas por golpes da sorte © acontecimentos externos tém analogia como ‘exOgeno; aquelas fases © processos que se apresentam sem acontec- mentos externos, em certas épocas, por férga de causas internas, sao andlogas ao endégeno. a) Evento causal como evento extraconsciente. O que hé de comum @ t8das as conexdes causais € 0 fato coisa incompreensivel se fazer, claramente, necesséri esta que se pode determinar’ apenas empiricamente, so. podendo apreender-se de forma teérica pela elaboragio de um extraconsciente fundamental; em si,_por E da esséncia de t6da investigacio causal q ppenetre em fundamentos extraconscientes do. psi ue @ psicologia compreensiva.permanece, em cigneia, termina no limite da conseiéneia, Semp westiga- os causalidades, temos de pensar nalguma coisa extraconsciente subjacente as unidades fenomenolégicas, ou as conexdes compreen- sivels, ou ao que quer que seja que usemos como elemento. E assim que usamos conceitos de. disposigdes Imecanismos extraconseientes; conceitos a nunca podemos. desenvolver, versalmente valida; podemos, sim, ‘apenas, para os fins m que’ se mostrem © que nos guia, a esta altura, 6 a idéia bdsica de que tOdas fs conexdes causais, de que o alicerce extraconsciente do psiquismo '8¢ baseiam em processos somiticos. O extraconsciente s6 pode ser. PSICOPATOLOGIA GERAL 358 encontrado no mundo como alguma coisa somética, Bsses_pro- esos, n6s 0 presumimos no cérebro (principalmente, no cortex € no tronco cerebral); pensamo-los como processos biol complicados ao méximo. Da respectiva exploragio est nitamente distantes. No conhecemos, proceso somiico singular jal de determinados processos algum que seja 0 fundai psiguicos, Todas as des ruigdes de condiges mais distantes do. psiquismo; oC caee aes: bate io do aparecimento de atos voluntirios; © érgfios dos intatos, condigao do aparecimento de percepgdes. Tudo conhecemos no cérebro & de relacionar-se fisiolégico-soma- em parte alguma, conhecemos achados que se possam ar por forma diretamente psicoldgica. Pelo contrério, nas alteragdes psiquicas mais grosseiras, encontram-se cérebros absoluta- mente intatos; ou achados tio minimos ¢ espalhados por tantos individuos que as graves alteragdes psiquicas se afiguram inconce- biveis; ou, inversamente, encontram-se — com relativa raridade — ‘mental em que se conhecem achados nntretanto, relacionar 0 achado cere~ bral com as alteragdes psiquicas particulares. A paralisia geral 6, sobretudo, um processo que acomete o sistema nervoso inteiro, tal qual a esclerose miltipla, ou a arteriosclerose. Quase todos 0s processos cerebras costumam ter efeitos psiquicos, Sejam_quais forem, mas a paralisia os tem excessivos ¢ constantes. Nela, como fem muitos processos cerebrais, também se apresenta, ocasional- mente, a maior parte dos processos psiquicos anormais de_nés conhecidos; s6 que a destruiggo da psique nfo tarda a colocar-se iro plano, im, pois, embora com o pressuposto de todos os processos psiquicos, normais e anormais, terem seus fundamentos sométicos, Estes nos escapam onde quer que os busquemos. Devemos pre~ caver-nos, sobretudo, de ver nos processos cerebrais conhecidos smente ligeiras em dementes. Nio existe paralelo entre a ‘ravidade dos defeitor psiguicos ¢ a gravidade das alteragbes anatOmices. 0 KARL JASPERS ésses fundamentos diretos de certos processos psiquicos, No estado atual de nossos conhecimentos, se passarmos por alto os funda- mentos sométicos diretos que ignoramos, ¢ licito falar num efeito dos processos cerebrais que conhecemos sobre a vida psiquic {qual falamos no efeito dos distirbios Dai reforgar-se o sentido da concepcio freqiientemente expressa e que a disposigéo psiquica individual condiciona a forma _par- ticular por que a psique reage ao processo mérbido cerebral. Tem- se até presumido que a mesma doenga somética ou o mesmo pro- ceesso cerebral produza ora uma psicose , Ora um processo demencial. Esta concepgao depende ainda de comprovagio, mas sabe-se, por exemplo, que ao mesmo processo cerebral um doente eage, em primeiro lugar, com sintomas histéricos; outro, com ano- la, com deméncia as dentemente, estas diversidades ‘t&m validez no psicopatias em que, geralmente, se vé no cérebro, nem os fundamentos diretos,..nem aquéles mais remotos. Nao se pode duvidar, entre- lamentos. sométicos, nas per- jez em muita psicoses que ainda se-consideram deméncia precoce (processos psiquicos), io se devem pensar seno do mesmo modo por que se pensa, por exemplo, 0 fundamento somético cerebral da diversidade dos ca- Tacteres ' talentos; isto €, estamos infinitamente longe de consi- derd-los sequer objeto possivel de investigacao. ‘A estas concepedes outra se opée, que dominou decénios an- teriores, mas que, de tempos, para cé, tem perdido importinc'a, Yestida na seguinte férmula: “‘As doengas mentais sio doencas do cérebro”. (Guiesioer, Mrvwext, Wersicx). A frase é dogma, como dogma seria a respectiva negativa, Vamos, mais uma vvez, esclarecer a situagdo: Nalguns casos, enconiramos entre alteragoes somiticas psiquicas conexdes de tal mancira apre- sentando-se que as psiquicas se podem considerar seguramen- te consegiientes. Sabemos também que, em geral, no proceso psiquico sem a condigdo de fundamentes som: sejam quais forem; nao ha “espectros”. Mas também no ccemos, em parte alguma, processo somdtico cerebral que, por a aA dizer, 5 ‘outra face”, a contrapartida idéntica do process ido, O que sempre conhecemos sfo, apenas, condigbes umais conhecemos a causa de um processo psiquico, mas, em todos 0s casos, apenas uma causa, Aquela frase célebre, Portanto, se a confrontarmos com a investigagdo realmente pos- PSICOPATOLOGIA GERAL 561 Alguns conceitos de uso de pensar como extraconsci ‘© evento causal: 1. “Sintoma”. Reconhecemos no sintoma o extraconsciente que no percebemos diretamente. Todos os fendmenos da vida psiquica e somatica tornam-se sintomas, quando consideramos cau- sal 0 evento basico proprio, Se o extraconsciente for um process somitico conhecido, os fendmenos psiquicos serio sintomas déste processo. s sintomas so fendmenos que se reconhecem como i resposta em t6da a teoria das causas. A. ide1 toma se produz, por exemplo, mediante a mesma causa exdgena, quais sejam, ventenos, variedades nos 5; ou mediante ‘a mesma localizagdo de diversos pi esse local do cérebro, lesando-o, paralisando-o; ou ainda, mediante a Se se considerarem os 562 KARL JASPERS ‘momento atual, em qualquer loca- Nao € como processos _paralelos fetas, e sim como causas mais remotas -, no entanto, Se encontram numerosos (processos cerebrais, envenena- rages somaticas de outros érgios, que levam a admitir ss também sObre 0 cérebro). Aquelas alteragdes psiquicas podem atribuir a essas causas somaticamente rangiveis cha- isto & nas doencas ps com os recursos r trarse em futuro previs As alleragdes psiquicas para as quais nao se podem PSICOPATOLOGIA GERAL 563, causa nica no processo cerebral (doengas orginicas); por que forma essas doengas orginicas se diagnosticam; de que maneira, ‘a seu turno, sto causadas — tudo isto interessa ao maximo, certa- mente, 0 psiquiatra. E é particularmente importante para o mé- dico conhecer tais condigdes somaticas. © que mais profundamente nos satisfaz a necessidade causal sio as regularidades mais simples e mais necess las quais se ha de esperar 0 poder maximo da intervengao terapéutica: fda psiquica. fe do conhecimento causal taivez sejam de idades. rerapéuticas. © conhecimento causal que apreende 0 incompreensi luenciar, deci que se deve ajudar no precisa participar. Nao se pode prever 4 pesquisa serolégica, endo- maica ¢ hormoni srvengaio pessoal do médico e do ‘as injegées promoveriam a terapia eficaz; repetica-iam or: ntica de caso para caso ¢ produziriam efeitos macigos. De modo absoluto se Thes opde a terapia que, na intervencio pessoal do médico, através da atividade pessoal do doente, esta exercendo-se pela conformago do perimundo e da vida, deixa 0 ‘campo livre as variagGes internas, das quais se origina a cura. ‘A polaridade radical compreende muitos graus ; de outro lado, o estimulo, 0 alenta- de outro, a educagio; de u ico de condigées; de outro, o configuramento radical. jdade destas polaridades tem lugar proprio o conhecimento ‘causal e compreens Reconhecer, realmente, a causalidade é . |, 0 conhecimento geral, a aplicagio é relativamente facil, trans- formando-se em fendmeno macigo. em geral, € {4 apreender. constitui a presenga mais intensiva da iné que se transforma no em derivagao a partir da general 04 KARL JASPERS 9, incompreensivel no outro, ao m como proximo, e estiver claro tudo quanto aqui se tratou de modo puramente uitico, as conclusdes seguintes se tiram: Tédas as categorias odos tém seu sentido especifico; absurdo sera contrastar uns (8 outros. Cada qual pode realizar-se frutuosamente, de modo 0 €, 0 mesmo tempo, necessariamente limitado. ado, cada qual vira a dar em imposigies vazias, discusses longe, no entant © evento em si na yerdade, 0 conhecimento operar de ‘a depender, jue podemos. imos a matéi véemse 0s fatdres causais par- que constituiram, até @ momento, objeto principal de nosso conhecimento (vemos o individuo como corpo portador e No segundo, mostra-se em sua 0 um fator causal No terceiro, dis- todo nosso pensa- teorias que imaginamos de processos mos um evento em que se baseiam os Teremos, roferéneins. PRIMEIRO CAPITULO Efeitos do Perimundo e do Corpo sébre a Vida Psiquica Ima so de investigar-se, em sua unidade, sua separa- lagio, sob varios aspectos, que divergem uns dos No prese © que fatores perimundiais de comprovar. Nao adian- ‘a falar no corpo em geral € 1a em_geral, porque tanto lum quanto outra sio por demais indeterminados para poder: dar sentido claro ao que sobre © que importa é dessa conporeidade. "io causal “de fora”, todo ter a psique pelo cérebro: No pressuposto. — ‘confirma, até 0 mo- nto — de niio haver efeito causal imediato do. soma sobre jue, mas, apenas, por intermédio do cérebro. A corporeidade total pode ser psiquicamente relevante, mas, nesse caso, s6 & causal somiticas que levam ao cérebro, onde encon- seu efeito. De que modo, entretanto, se ha de conceber 0 apoio para 0 efeito exercido sobre a psique & absolutamente obscuro. Nosso relato vai dos fat6res causais do perimundo ao efeito que 0 cérebro exerce sobre a psique. Havemos de ver que, certamente, existe uma quantidade de fatos interes- , mas que no aleangan.9s a propria psique, porque € impos- sivel transpor o reino “das causas interme: > soma ¢ a psique. Quem aponta para as relagdes empiricamente “aveis entre somatico € psiquico encontra sempre um abismo Se se disser, em sucesso: A psique es a fim de ver, em segui No que ito corpéreo ou som: estar-se-d sempre exprimindo uma exper r frases esté correta. Mas, considerando a matéria do ponto de

You might also like