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564 KARL JASPERS €m origem histérica “sempre nova da compreensio concreta, na figura pessoul de tal médico e de tal doente, A causalidade refere-se a0 que & estranho, incompreensivel vel; a compreensio refere-se a mim mesmo no outro, a0 como proximo. Se estiver claro tudo quanto aqui se tratou de modo puramente esquemiitico, as conclusdes seguintes se tiram: Todas as categorias absurdo seré contrastar uns ‘os outros. Cada qual pode realizar-se frutuosamente, de modo Fo, objetivo ¢, ao mesmo tempo, necessiriamente limitado. Wo, cada qual viré a dar em imposigdes vazias, discusses lamentos que destruirao a visio franca dos fatos. No que © progresso no sentido da ii impulso fundamental Por mais longe, no entanto, jamais atingira 0 evento em si nna verdade, 0 conhecimento tem lguma coisa com que operar; e operar de tal do homem ainda venha, afinal, a depender, © © que podemos PRIMEIRO CAPITULO Efeitos do Perimundo ¢ do Corpo sébre a Vida Psiquica Corpo ¢ alma sio de investigar-se, em sua unidade, sua separa- sta correlagio, sob varios aspectos, que divergem uns dos ‘0s radicalmente (cf. pag. 274). No presente capitulo, relata- 105 que achados somaticos tangiveis e que fatOres perimun fisicos tém sdbre a psique efeito possivel de comprovar. Nao adiar falar no corpo em geral e na alma em geral, porque tanto mM quanto outra sio por demais indeterminados’ para poder.se ir sentido claro ao que sobre éles se disser. O que importa é lapreender a corporeidade determinada e determinados fendmenos Psiquicos, tanto quai mento causal, Di No primeiro, véem-se os fai 1 © momento, obj to principal de corpo portador , Mostra-se em sua ico um fator causal lo, porque determina todos os outros 0 individuo no contexto das geragées como da disposigio herdada). No terceiro, dis- todo nosso pensa- do cérebro. A corporeidade ‘mas, nesse caso, so ¢ causal fam ao cérebro, onde encon- De que modo, entretanto, que 0 eérebro exerce sobre a psique. Havemos ver que, certamente, existe uma quantidade de fatos les, mas que ndo al 6 Quem aponta para as icdveis entre somatico © psiquico encont 566 KARL JASPERS vista causal, a via ascende ao cérebro, a localizago cerebral, onde 8e perde, sempre que se queiram fazer afirmativas positivas gerais com referéncia a relagio entre cérebro e psique. § 1. Efeitos do Perimundo © perimundo influi cons bém sobre a psique: do. p ‘omear os fendmenos especi da mudanca do , da estactio do ano, do tempo, do lima, Sem especiticidade em relagio a certas variedades de peri- mundo, dio-se as exigéncias existenciais méximas, que levam a0 €sgotamento ou a uma revolugio da const a) Hora do dia, estagio, tempe, clima, Pouco sabemos ‘ago entre ‘fendmenos psiquicos e condicdes meterco- spesar do que, essa relacio se manifesta de modo mais -nle nos processos psiquicos patol6gicos. Diseriminaremos, é it , 08 quais se exercem sObre a © dos quais ora nos ocupamos, € o' , ante a impressio compreensivel que a paisagem, 6 ima, produzem sobre a psique; extenso campo de repre- sentagdes de afetds conteidos compreensiveis, que @ poesia ¢ a arte, mais do que a ciéncia, tém tornado conscientes, itemente sobre t0da a vida e tam- sta psicopatolégico, devem-se im observado por forca 1. Hora do dia. Em relagdo & hora do dia, so de observagio Freqitente as pioras dos estados depressivos pela manha; dos estados amenciais € delirantes & noite. Os depressivos podem sentirse, @ noite, bem. Tipicos sio também o inquietagdo, a ansiedade © o deambular noturnos dos seni los durante 0 dia. Ha epilépticos que sé tém ata- ques de 2. Estagdes. No tocante a questo da importéincia das esta- ‘ges, possuimos cifras que nos demonstram, para uma série de Fendmenos, de seu aparecimento numa curval anual. PSICOPATOLOGIA GERAL set hhotam a coincidéncia da curva anual relativamente & cifra de inter- ‘a _niio serem as condigdes’ sociais, mas as que condicionam a curva anual. 3. Tempo. A relacdo de varias queixas nervosas ¢ reumé- ticas com 0 tempo (aumento quando hau € de compreender-se, em parte, como efei corpo, Fatéres psi Gifusa dos nervosos a qualquer all sos psiguicos anormais — por exemplo, quando trovejt, a eva — sfio manifestamente causais, mas néio compreensivelmente condicionados. 4, Clima, Quando se observam os efeitos patogénicos de cer- tos climas, deve-se abstrair 0 efeito dos agentes morbi se que efeitos o clima tem por si. Pode-se discutir se 0 dos trépicos”, por exemplo, no seré produzido, sobretudo, pela a do meio colonial. b) Fadiga e esgotamento. Chamam-se fadiga e esgotamen- to a diminuigio ¢ lesio das fungdes somiticas e psiquicas resul- tantes do respectivo exercicio. A fisiologia pensa que a fadiga se dé pelo actimulo de produtos metabélicos inibidores, que a cor- rente sangiinea nao tarda a cartiar, novamente; ao passo que 1, Kollibay-Uter, Hanna: 2. Newr.. Z. Neur., vol. 76, pég. 479. (de. Burgh 568 KARL JASPERS PSICOPATOLOGIA GERAL 509 Tem-se fixado experimentalmente alguns efeitos da fadiga: jira Guerra Mundial, néo se observaram psicoses conseqiientes. stados de esgotamento dos mais graves; mas o esgotamento pode parar 0 terren reagdes patol6gicas que ocorrem ante aba- 0S em certos individuos que, por jureza, jé apresentam fatigabilidade anormalmente elevada ¢ que expiem a grandes esforgos prolongados, a prolongadas s, as misérias da vida, a alimentagio ruim, Nesses nao hé, afinal, momento algum em que ndo estejam fatigados; sofrerem de fendmenos psicopaticos numerosos, que corres pondem a respectiva constituigdo. Basta adoecerem de uma psicose end6gena curavel desencadeada pelo estado de esgotamento para ‘que aquela tome, as vézes, colorido “asténico” especial i i também. costumeii ppsicoses que ocorrem quanto hé doencas soméi de desfaleciménto, abatimento e também expressividade pobre). is 0 volume do brago, durante inuir; o volume da cabeca, 0 vas + & earétida. estreitou-se ‘exgotamento variados. (net hi een medicamentos ¢ venenos sdbre a vida psiqui uniformidade da causa eventual, que mesmo no homem se pode introduzir experimentalmente. A investigagio segue trés rumos: a) Em primeiro lugar, procura-se criar uma idéia clara dos fenémenos subjetivamente vivenciados, conforme se mat importincia ao esgotamento tualmente, porém, pelo de psicoses por esgota- mento © que hs, apenas, é, de ‘um 68a introduga : Sees , apenas, é de pbs a introdugio de. determinados venenos. Constatam-se da fatigabildade, que pode chegat a grau muito el rengas no efeito do mesmo veneno sobre individuos diferentes e, , conforme a ocasiac *, percebem-se ‘no mesmo indivi Uiferengas no efei tuagdo, de venenos diversos, primeira si- Quanto iplos nas méltiplas variedades da embriague7. alcodlica, da embriaguez pelo haxixe; quanto segunda situacio, nas diferengas do efeito do alcool, do haxixe, da morfina. Em doses maiores, todos 0s venenos levam a alteragdes da consciéncia (em- briaguez, imobilidade, coma), ou ao sono. luo acometido pela 0s de base consti- preparado (idéia sobrevalorada), A ltritabilidade © & exasperacdo, aos estados apaticos, aos se mentos de ansiedade, as bsessivas; enfim, a todo o cont gente dos fendmenos psicopaticos. ialmente, tda sorte de psicoses endégenas pode ser “desen- cadeada” também pelo esgotamento, como por outros fatores. Na 1. Nex Pischolvschen Arteien de Kraeptin. (Ascaffenbarg, Weygand 2, Hayman: 2: Neu. vol. 7, pag. 34. Bunker Bis ook Bates nerinr Erschipfane lg Z. Pockets vol ee ah ia sdbre © esgotamento e suas consegdéncias na guerra: ver jandbuch de Bumke, tomo 1, pags. 312 © sees 570 facidentes, a vivéne de leoo!' suportabs do curso do evento psiquico, de modo que evi incia ao, dleool, que pode ser tanto congénita quanto ad. AS vivéncias da embriaguez tdxica séo altamente fendmenos assombrosos, curiosidade por experiéncias semelhantes € Perigo avultado de lesGes ruinosas para a vida sentando, por assim dizer, se" pode experimentar aquilo que se aprox ‘especialmente das esquizofrénicas, com muito mai io $6 con: com base nas auto-narra M guez — apesar das varia conforme os venenos — Gh, sobretudo, de nossa consc de conscigncia — ‘que se separam por septos est vida sem Ihes pressentie a existéncia: hnecessario para que se mostrem, claros”. A fenomenologia tem relatado intimeras manifestacdes ®s das varias espécies de embriaguez. * exatamente, o isolamento do particular na descrigéo feno- ica que leva a indagar da conexio das manifestagdes nalgum Principio. As extensas analogias das formas indimeras de emt 8s considerdveis conforme a pessoa € cam que hi alguma coisa comum. KARL JASPERS thes logo ‘um mals wulomnarragdes: Moreau de T 1845. "de Quincey, Th. Baudelaire, — Outras pessoas nom as minimas quantidudes cujo encanto desperta cujo 2620 acarreta 9 mas também repre- ‘psicose-modélo” (BERINGER), na qual Assim que JAMES escreve: icia vigil — que s6 € uma certa espécie xistem outras formas potenciais de consciéncia, Podemos pasar pela mas basta _usar 0 estimulo a0 menor contato, plenamente itos, apenas. PSICOPATOLOGIA GERAL sm b) Em segundo lugar, investigam-se, objetivamente, os rendi- ‘mentos_mensuraveis: apreensio, tipos de associagao, continuidade trabalho etc., conforme se modifiquem sob a influéncia do veneno particular. Esta “farmacopsicologia”! desenvolvida por KRArPELIN tem encontrado diversidades caracteristicas nas alte~ rages dos rendimentos, apds a introdug&o de venenos diversos, se, por exemplo, A ingestéo de dlcool, que se aceleram, 5 rendimentos motores; os rendimentos. correspondentes 4 apreenstio descem, imediatamente; ao passo que, com o cha, os imentos da apreensdo aumentam, 1a maior parte iados quase no dos métodos de tengo de resultados ‘que sejam interessantes, do ponto de vista psicopatologico, ©) © terceiro rumo seguido pela investigagio refere-se no 05 efeitos téxicos momentineos, mas aos pés-efeitos permanentes dos venenos por férga da introdugio reiterada, quer esta ocorra despercebidamente (chumbo), quer se dé com fins hedonisticos (aleoo " € 0 setor propriamente da obser- vacao & alteragdo da per- sonalidade apés abuso prolongado do alcool, da morfina, da co- caina etc.; € as psicoses agudas passageiras, que surgem em conse~ ia de introdueao mais prolongada de venenos. E de impor- duos experimen que quase se simples quadro psiquico. irio dos beberrdes), uma das psicoses m ‘a medicina conhece. As relagdes causal seguranga, jnas, alteragao, facrescem-se ainda outros ss causais (Feri No caso particular, a subordinacao causal so € indiscutivel quando infacher psychischer Vorginge durch ras Pesquisas nos Psychopathologischer oa KARL JASPERS san ya sa snc om qc Non forsaken como ot hs an lias de pe produzem meros estados de fraqueza drome de Korsakov, mas sem aquelas com 0s vicios, § 3. Doencas Organicas 0, {ato de observarem-se no mesmo indi ‘ganica © uma anormalidade psi 10, que ambos os fenémenos se relacio mérbido cerebral e uma psicose nem viduo, conexio um com o outro, Possibilidades: Uma noxa conhecida soma 0 10 uma_doenga nao quer dizer, em abso- mem, tal qual um processo iém, no mesmo indi- es nte, apesar nalgumas catatonias; ou a doenga fir Werneck. 1906 — Frankel, F, ¢ 24. — Mi Wor Der Kokainismus, ich, Berlin, 1939, calnismus. Beri, Leipeigue, 1926. —"Stringars, M, PSICOPATOLOGIA GERAL 3 é de considerar-se consegiiente & psiqui S queixas gastricas resultantes de abalos de depressdes ciclotimicas; ou a doenga somética e a psicose lependem uma da outra: por exem is correlacao_ tuberculose © deméncia precoce. a doenca somdtica ser jusas que condicionam 0 jrrelagdo que ora daremos atengéo, a) Doengas internas. Quase tédas as doencas sométicas fluem, de um modo ou de outro, sobre a vida psiquica. Inversa- ida psi bre os estados somaticos ‘As vézes, forma-se, icioso: © médo da doenga gera de evoluir somaticamente, au- menta, por sua vez, com a ansiedade, ou o médo. Uma “super- Posicdo nervosa” pode aparecer em seguida sintomas somaticos, produzindo doenga. O aumento da sensi le, a concentragao «Ja atenedo na enfermidade ¢ nos sintomas possiveis; principalmente, @ sugestao involuntéri psique. Mas, conquanto possivel dade de doengas a prin quais indagamos por que modo atuam sobre a vida Temos, aqui, de distingui das conexdes compreer no cérebro — quase sempre por forma desconhecida $e cregdo i ou atuam compreensivelmente por intermédio do modo de vida a que a enfermidade obt por jo das sensagdes, das vivencias, de estar doente the impdem. Em todos’ os jo prolongada e de doentes eronicos, é freqiiente notar éstes efeitos; por exemplo, na mesquinhez, na li horizonte, na sentimentalidade, na chamada deméncia sanatorial, a maneira de ser egocéntrica € egoistca rem alteragdes ceber uma doenga infecciosa em incepcio; e, criangas. Em personalidades absolutamente das, psiquica- mente robustas, estas manifestagdes no so comuns; mas noutras oma KARL JASPERS = que, por isto, se chamam nervosas — instala-se um desenvolvi- mento mais variado.* Nalguns grupos nosol6gicos, tem-se dado atengio expressa hs res- peetivas. conaequer Observam-se, ‘nos cardiop: de ansiedade’ grave resultantes dos ‘snéxia tissu ‘vivo “nas neuroses etjo centro € 0. cor Pulmonar’, a doenga mesma nao parece. ter fem dem hizagio da vida na” insttuigaey as estado de nimo pat jclars m {im mando prop Felacionamentoe tratamento, #0 inden’ soca Bier ‘oltar a0 mundo para exporae a ase néles a tendéncia a fiaarae’ na doenga, mesmo que ests 1 cure, somaticamente, oa 3 b) As doengas endéeri nas, as endécrinas tém assur midades psiquicas, E necessério fazer altura, se tem em consideracio, sob 0 aspecto biolégic 1. O quadro total do evento fisiolégico. A vida do organis- mo € uma grande unidade, conduzida por sistemas corpéreos conexos: 0 sistema nervoso cérebro-espinhal, o sistema nervoso. Em Handbuch der ineren Medizin, de. Bergmann, Berlim. 1941. ee PSICOPATOLOGIA GERAL 315 vegetativo, os horménios das glandulas de secregao interna. O sis- ma nervoso cérebro-espinhal dirige as relagdes do corpo com mundo exterior, alcangando 0 étimo vital daquele em seu peri- indo, O sistema nervoso vegetativo (simpitico e parassimpé- -0) prové o étimo vital no meio interno das funcoes somaticas. As glandulas endécrinas, ou glindulas de secreedo interna, que se multilateral umas com as outras, preenchem regulando os dois sistemas nervosos mediante 05 horménios, e, de seu lado, sendo reguladas ‘ras: O todo vital é regulado pelos sistemas enca das mensagens € o funcional, que constitui cooperagio Nao se pode dizer onde é que, nos derra conduc. Sf 2 mum ;. Téda absolutizagdo de um quadro ui presumida- mente derradeiro rompe-se diante de outras formagdes unitirias, sem levar nosso conhecimento fisiolégico a conclusio alguma, les hormoniais € nervosos constitui um todo (0, que $6 se pode penetrar numas poucas complicado a0 i relagdes. © sistema endécrino (também chamado tema hormonial) funciona pel fise, glandulas ses renais, pancreas cic, * Os horménios que clas fabricam incluem-se entre as substin- ncias que ndo atuam nutrindo, mas istema de secregio coniueado das pparatiredides, supra no préprio organismo chamam-se horm6 Substancias ativantes). Enquanto os fermentos sio substan: ena € necesséria a determinadas transformacdes quimicas jase’ sempre processos de desintegracio), os horménios atuam, apenas, sObre a substincia viva. E comum a t6das estas substin- cias 0 fato de poderem desenvolver sua fungio em quantidades extraordinariamente reduzidas. Conhecem-se quimicamente algumas 518 KARL JASPERS PSICOPATOLOGIA GERAL 379 ia, ou as duas juntas; ou ainda, se pode aparecer em ambas sm. coisa alguma, empiri- . cuais na loucura ma- ce) Supie-se que as doencas metabélicas que também modi- im a aparéncia geral do corpo tenham cont ma endécrino, 0 que se prova quanto a0 por vézes, aumento ; em casos particula- embrando alteragGes que conhecidos. decepgdes. Com base na presun- ionadas por deficiéncia hormonial, Os brilhantes 108 nas psicoses. O crescente conhecimen= s de distirbios endécrinos tem também acumulados macigamente, po- iples_amostras, es » Para Os grupos nosoldgi- qualquer prova de causali- POUCOS, raros casos fas grandes esperancas depositadas na aj ‘odo criado por Abdethalden para determinar a dé mesma espécie, Em tpi OPH eth segundo a dis Ao que parece, encont as doengas, embora % endécrinos nas psicoses. O que precipitada pa i Ci poreremnle, Mayer, W:: Ober Puchosen bel Siiruns der ineren ‘Ades desconhecidas mediante mera an: Sokreiion Z. quanto essa participagdo de tipo secundario talvez sempre desem- pene papel. 580) KARL JASPERS As endocrinopatias modificam a forma e 0 hibito do cor ‘concebem, sem base empirica determinada, As doencas endécrinas modificam a vida psiqui produzem, em_€as0s raros, psicoses sintométicas. alteragées endécrinas um papel, ainda é presungao sem fundamento, cmpirico qualquer causalidade essencialmente endécrina das psicoses pode mediante a investigacao somatica. "Nas doengas somaticas, ¢ s6 em nimero relativamente pequeno de casos que aparecem psicoses sintomé semelhante efeito deve basear-se mu eausa, conforme se provou na enc ponderantemente, em pessoas simética, dentro de “estirpes ‘Além dos casos a clas doengas somaticas, aparece, ‘agudas em meio aos fendmenos conhecidas de de psicoses as psicoses que resultam da ago ca ica sObre as bases corporeas da vida psiq {quer causa externa (alucinoses, estados crepusculares, améncia et 1, Bonhoetfer: Zur Frage der exogenen Psychosen. Neur. Zbl ig. 499. E também: Specht: Z, New, vol. 19, pag. 104 (1091 se KARL JASPERS PSICOPATOLOGIA GERAL 38 © morrer.— Nio se pode vivenciar a morte, Quem td vivo. “Eu sou; por conseguin i ise Epicuro. Mas aquilo que se vivencia, ordem que tam- ; por exemplo, do peito. Esse ‘gem-se aquelas esquizofrenias agudas com febret, recentement tudadas em sua manifestacio fisiolégica (metabolismo, destru € neo-formagio de glébulos sanguineos) e classificadas como grupo somatico. Nesse caso, a doenga somética, que leva, freqilentemente, spresenta-se com sintomas claros, sem que se haja Teco: nhecido_“sintoma_axial”,nem_diagnosticado-enfermidade inte B estranho que as doengas sométicas no tenham, apenas, seqiléncias danosas para a vida psiquica, mas que produza ‘guns psicdticos, efeito benético o dos animais; aquilo em que, no entanto, se bas embora fregiientemente, leva & morte. A_ mort siquicament para, curado 0 Fegressarem ao estado anterior. Em vérias psicoses mal conhe (rovavelmente, do. grupo dos processos esquizofrénicos) também se tém observado curas permanentes apés doengas somati (erisipela, tifo).. Se se englobarem todos os fatos, nem sempre é iago das psicoses sintomdticas auténticas’. Sio psicoses sintomé ticas aquelas, apenas, que se prendem, causalmente, a uma doen somatica conhecida; donde manterem telagio temporal estreita c © curso dessa doenga, quase sempre curando-se antes da enfermi- dade somatica. Nio se pode estabelecer diagnéstico seguro $6 pelos sintomas psiquicos. Uma vez ou outra, eniretanto, também ocor= ‘em ssintomas esquizofrénicos em psicoses sintométicas e também € raro observarem-se 08 “tipos de jue lentamente esmorece, puramente somal is i io é sabito, Do ponto de vista somético, a morte néo é processo stbito, ws lento, Podem constituir saltos ou brechas repentinos a perda ‘ih consciéncia, a parada da respiragdo. ou do coragao. A morte «iq quando ‘ésses estados se tornam irreversiveis, embora ainda yf mantida viva, em part Mo inde bate alguns momenton eos lo que pode ocorrer somaticamente — convulsdes ete. BS quando" to penton a concienca, nto se viene iis: Daf por que todos os relatos de moribundos se referem ao comporta- Mento diante da morte © no a propria morte. As manifestacSes lamente, a pi a0 passo que as doencas concomitantes, por lular e methorar 0 estado psiquico. A, Scheid, K. Fz Febrille Episoden bet schizophrenen Psychosen. Leipeigue, 1937, ander: Machr. Psychic Ober: den Einfluss bestehende gelstige Erkrangung. 3. Scheid, KF: Zur. Differen fm Tode, > tomos (alec). Esutgart: Axel Tunker fe TOL) Mallon, Ladwig Robert Ober die Secenver 584 KARL JASPERS PSICOPATOLOGIA GERAL 35 § 4. Processos Cerebrais a) As doencas cerebrais orginicas. — Os processos cere~ is que conseguimos ver, as chamadas doencas cerebrais of sempre — havendo, porém, excegdes — al doengas cerebrais orginicas, que ¢ freqiiente « repetisio srupos sincométicos: b) Sintomas gerais ¢ especificos. — Entre os sintomas neu- rologicos, existem, além daqueles que so mais ou menos especifi- fertas enfermidades (sacudidelas corgicas, nistagmo, tremor intencional, fala escandida, rigidez pupilat aos’ reflexos sintomas geralmente difusos, que nio sfio especificos de ataques_convul jomas especificos de determina~ ‘outra questo € saber se no conforme 0 local do cérebro. 1. De referéncia a quanto & complicada a tentam esclarecer casualmente as posta que se the a2 determinaréy por forma decisiva, & con 4 2 que temos da vida psiquica e do homem. Dai porque {ante para problemas exposicio © von: Die Encephalitis leshargica, ‘Berlim, 1927, Horn: Zerebrale Kommotionsneurosen. Z. Neur, vol. 4, pag. 206 (1916). = eee PSICOPATOLOGIA GERAT. ser de quatidades caracteriais, que discriminou, em determinados Spefce cerebral, eo desenvlvinento mals ou menos rmas palpiveis do crénio ({reno- sear capone psicolbgico localizativo, que verifi- tanto brilho, no setor neurolégico, lta de base de quase t6das suas idéias, foi fécil com- Flourens (1822) tomou a posigo diametralmente oposta. de ablagio do cérebro de animais viriam mostrar que dio da substincia cerebral prejudica tOdas as fungGes psf que um resto de cérebro realiza, novamente, cessado 0 imo, todas as fungdes. O cérebro seria unitariamente edifi- haveria localizagiio. A Academia de Paris investigou ¢ de Gall, através de uma comissio de que faziam le pesquisadores da importincia de Cuvier e Pinel. Fstes decla- ser 0 cérebro um érgio glandular, homogéneamente consti- logos © psicopatologistas, des- em abe o problema da localizacio, — Nao 6, érebro a sede da alma, Bichat (bondade). Jé Alemeén (500'A.C., mais ou menos) tanto, que o cérebro era 0 Grgdo da percepgiio ¢ do pensamento. De que modo, porém, 0 cérebro e a alma se comporlam um em. relago ao outro © 0 que 6 que se quer dizer, se diz que a alma tem sede no cérebro Tesultam, a consideragao mais préxima, ant ‘tos tempos, admitia-se, ingénuamente, um pneuma, mi assim dizer, extremamente delicada, que seria, ao mesmo tempo, & alma; Pneuma que se disseminaria, onipresente, tal qual fog0 as, enfim, se confinaria ava ‘a alma, que julgava pineal; e Sémmering iransfe- dos ventriculos cerebrais; Kant, porém, idagacées, dizia nfo s6 ser impossivel ima. ‘erialmente, de qualquer forma que fésse, mesmo as também no poder a alma, que s6 & determi. navel segundo 0 tempo, ter sede no espago, Poderia haver, sim, Oraios da alma, mas sede da alma, nio; © ésse reo — assim dizia, respondendo a Sémmering — 'tinha de ser organizado, no pod je, © que disse Kant, const do, porém, conhecimento ¢ritico, néo positive. ‘Nao foram especulagdes, pret de um golpe, que fizeram progredis rigncias coneretas ¢ precisas, que, todavi fo, 08 magnificos sucessos ulteriores da_pe absolutamente ria a alma para o respondendo a emamente diferenciados a excitagio el acto é um fato. A questio € apenas, saber 0 que We se localiza. Resultados seguros, na maior parte dos. casos, simento; e sim expe- até 0 presente, se tém associado, rapidamente, na maior parte das vézes, a afirmacdes gerais © absolutizantes, rapido das descobertas neurol6gi- oncernentes & localizagiio suscitou, participando das mesmas que, me ¢ obstinadamente, inquiriu do da sede da alma, mas da localizagio de certas propricdades i lidades do cardter) ¢ fungdes também psiquicas no mente diferenciado ou estruturado. # notivel © os objetos da apreensio ivéncias, qualidades ca- devem ser concebidos se- lizado no lado oposto: desco- iu © dom da fala ¢ 0 dom para a matemé- cuja exatidio s6 tem o defeito de ser um tanto imprecisa, Localizou ésses dons, [eee intamente com uma quan- = KARL JASPERS suposto nunca se provou; € no € de provai sentido. O que € heterogéneo nao pode quando muito, servir uma coisa para exprimir, uutra, O pressuposto mencionado surgiu da neces lade apreensivel no espaco, necessidade que nfo pode ser satis= feita no pensamento ¢ na pesquisa psicol6gicos propriamente ditosy orém, 0 mesmo pressuposto surgiu das tendéncias pec tempos modernos, que se orientam pelo posit pelas ciéncias naturais, © esquema de Meynert foi prodi cérebro. Sua concepeio da estrutura tral, dos campos de a do mesmo modo que ias ricamente desen' Porque explicou doengas do: ira, encher-se de conteiido concreto. ica afigurou-se plenamente sucedida, ‘Wernicke, mentalidade superior que se deixou. da afasia, Wernicke descobs bo. tempor I, no qual uma tal “Der aphasische Symptomenkomplex”). O que de~ como sendo “arco psiquico reflexo” ou “doenga psiquica Parecetl comprovar-se no campo da afasia, porque sua con= cepeio, res deu origem, no caos dos fenémenos, a um orde= namento que 108 0 paradigma de todos os pro- ta frase transformou o esquema em fundamento sdbre o qual se baseou ria no pensamento lo. io cerebral. Embora, no entanto, errada, a concepeao bi iva (como € freqtiente acontecer com certos eros fun- quando so grandes os homens que 0s adotam). Alunos. de Wernicke, como Liepmann e Bonhoeffer, fizeram descoberta so= ‘bre descoberta, sacrificando, todavia, os principios bisicos e man- tendo atitude que em aderir a0 que era et ia medida em que, tanto quanto pos vel sor PSICOPATOLOGIA GERAL 0 Ita das Inesmas na presteza com que se construiram ipotéticas, como foi o caso de Kleist, sempre associa- ‘\ energia descobridora, interésse 0 fato de que, a principio, as personalidades destacaram na_pesquisa; que conheciam o material voria da localizagio em seus tragos fundaments criaram, éles proprios — hajam sido adverséri da localizagao das funcées pstquicas no cérebro; por exem- Séquard, Goltz, Gudden; também é interessante haja -seclhes ‘von Monakov *, de fatos essenciais concernentes ao proble- eres ee enc rae cérebro, achados andtomo-patolégicos — sao 10. entant s epara os {18s campos € Ihes dificulta 0 relacionamento reci- |, lima localizago em largos tragos se afigura muito mais i jonante dos fe- |. Fatos clinicos. Temos a quantidade impressionant seguem a lesGes cerebra todos os pro- organicos que se observam, clinicamente, no ho- wrado, as vézes, com os achados topogré- investigando ire-se 0 lugar no cérebro que cocorrem. Nos di ch uf Grund der Kriegserfah~ ° [rem vast obra, plenae ampla- ‘apreciagdo da bibliogra 500 KARL JASPERS imentos, com ielal de Wernleke, ‘nto o dos fendmenos vivenciados. Se, no le existencial da vida psiqui ‘nos ensinou, ¢ i foe : sine! fence eft i 96 quanto alae de erases ineesantess ‘Tense vin apare : cm Teaco com doegas dos pion sour sabe; pelo contrério, as poucas observacbes sigerem a ida do gue & al parents nfs pein etc © 0 ge pene das alates om iadas dreas do sistema nervoso, dc Gere mas que se podem rela- inadas areas cerebrais serem 2 be a de certos territérios cerebrais ‘ocorrem quando os mesmos PSICOPATOLOGIA GERAL sa Observam-se, entio, alteragdes psiquicas de téda sorte, rages de carter; de maneira tio variada, porém, que far fatos realmente precisos. Vamos destacar alguns. ido 0 c6rtex cerebral, se chamarem campos corticais ‘0s campos de projecio, que comandam, segundo locali- ‘comprovada, os impulsos motores para as diversas dreas so- as © que so os fos a receber as impressoes sensoriais, |, como campos secundarios, todos os demais; os quais, com- os cérebros de animais, mesmo com 0 do macaco, ‘ocupada, na qual, bem como ro, se considera localizada a vida psiquica ym’ tronco cerebral, éste cérebro repre~ reponderante; nela € no tronco cerebral 4, De tédas as partes do cérebro, considera-se inteiramente livre de campos de projesio, jgado @ psique, concepcdo esta que talvez haja femente, do fato de ser o lobo situado mais KARL JASPERS Nao padece d> aborrecimento, nio sofre com eu fésse mero espectador do que ‘se. pa mostra-se contente, esté pacsando quico. futuro desempenham ‘Sto, com um eu apenas formal, capaz, certamente, de percaber ap ender, recordar, fixar, mas sem’espontaneidade, sem partionego, i ‘colorida, indiferentemente satisfei Descrevem-se ainda muitos out ses do lobo frontal. A frac Bes da convexidade do k resultari chistosidade (que, entretanto, contados os casos indi ‘observam em minoria muito pequena). As destruigdes do cerebelo nao produzem. ‘mesmo, entretant vantes para a compreensio. da dependente do cérebro. Decerto, t6da a riqueza da Poderosa massa que 0 cérebro constitui. Mas 9 tronco,

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