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RICKLEES, R. E. A economia da Natureza. Sed. Rio de Ja Introducao Os sistemas ecolégicos podem ser tio jpequenos quanto os organismos Individuais ou tio grandes quanto a biosfera inteira 0s ecélogos estudam 2 Natureza de varias perspectivas diferentes [As plantas, os animais € 05 rmieroorganismos representam diferentes papéis nos sistemas ecoldgicos © habitat define o lugar de um organismo na Natureza; o nicho define o seu papel funcional Todos os sistemas € processos ceoldgicos tém escalas caracteristicas ide tempo € espaco 0s sistemas ecoldgicos sio governados por principios geras fisicos € biologicos 5 ecélogos estudam o mundo natural através de uma combinagio de observagio € de experimentagao (Os humanos sdo uma parte importante da biosfera (0s impactos humanos no mundo natural tém se tornado crescentemente tum foco da Ecologia siro, Guanabara oogan. CAPITULO No seu livro Uncommon Ground, William Cronon desafia duas percepcdes comuns sobre a Natureza* e as relagoes da espécie humana com ela. A primeira é a idéia de que a Natureza tende em diregao a um equilibrio auto-restaurador quando deixada por si 86, uma nocao denominada de “o equilibrio da Natureza”. A segunda é a idéia de que, na auséncia de interferéncia humana, a Natureza | existe num estado pristino, Os estudos | ecotigicos apresentam evidéncias cientifieas tanto a favor quanto contraa | idéia de equilibrio na Natureza e mostram como 08 ‘humanos tém | nfluenciado os sistemas ecoldgicos. Contudo, Cronon vai além destas |__questdes para abordar as bases cultuais do mado como vanes nossa Felagio com a Natureza. Ele avanca na idéia de que o movimento oncervacionista ¢, até certo ponto, o campo cientifico da Ecologia, «considera a Natureza pristina como um absoluto inatacavel. A intocada | Hlovesta Amazénica, por exemplo, é comparada por muitos ao Jardim do | Eden antes de Adao e Eva, que incorpora o inteiramente bom e também as | tentagdes do inteiramente mau. Cronon sugere que, na mente de algumas | pessoas, a extingao de espécies traz a tona o nosso proprio medo profundo | de perder o paraiso ou ter que encarar a realidade do ‘mundo imperfeito. | Os estudos ecolégicos pintam um quadro diferente Eles mostram 9 | _variagao histérica na Natureza e demonstram que a penetrante influéncia tdas atividades humanas se estende até as mais remotas regides da Terra. Tatas descobertas desafiam a nogio de um ambiente pristino, equilibrado. © paraiso nunca exist, pelo menos nao na experiéncia humana. Onde née humanos nos ajustamos a um mundo menos do que perfeito € um julgamento que cada um de vocés deve fazer, guiado pelo seu préprio | senso de valores e crengas morais. A despeito da nossa propria posicao, | sera mais dtil para vocé e para a ‘espécie humana em geral se 0 seu |_julgamento esiver nutrdo por um ‘conhecimento cientifico de como 05 | sistemas natuais funciona © pelos modos nos quais 0s humanos séo uma parte do mundo natural. © propésito de A Economia da Natureza € ajudar vocé a atingir essa compreensio. “pars A paler "Nature liza na teach deste vo vi sempre com nal macula Past i sei do bigeado desta palavra na expressio "a natureza das ola 2 INTRODUCA A palavra ecologia vem do grego cikos, significando casa’ assim se refere a nossa circunvizinhanga imediata, ou ambi- tente. Em 1870, o zodlogo alemao Ernst Haeckel dew & palavra tum significado mais abrangente: Por ecologia, queremas dizer o corpo de comhecimento referee i conomtia da natureza ~ a investigacto das relades totais dos ‘antmuais tanto com seu ambiente orgdnico quanto com se arbiente inorgitco;incluinuo, acima de tuo, sas relagdes amigiveis eno atigdveis com aqueles animuaise plantas cont os quais vem direta co ieirelamente a entrar em contato ~ numa pala, eologia é@ estudo de todas as inter eelag@es complexas denominadas por Darwin como as condigGes dalla pela existncia Assim, a Ecologia € a ciéncia pela qual estudamos como 05 organismos (animais, plantas e micrObios) interagem entre si e com 0 mundo natural ‘A palavra eologia passou a ter uso geral somente no fim dos anos 1800, quando os cientistas americanos ¢ europeus come- ‘garam a se autodenominar ecélogos. As primeiras sociedades € periddicos dedicados & Ecologia apareceram nas primeiras décadas do século vinte. Desde entio, a Ecologia tem passado por um enorme crescimento ¢ diversificagao, ¢ 05 ecélogos profissionais agora séo em ruimero de dezenas de milhares. A Gigncia da Ecologia produziu um imenso corpo de conheci- mento acerca do mundo que nos rodeia. Ao mesmo tempo, 0 rapido crescimento da populagdo humana e sua crescente tec- nologia e materialismo aceleraram grandemente a deteriora~ io do ambiente terrestre. Como conseqtiéncia, a compreen~ sio ecoldgica € agora necesséria mais do que nunca para apren dermos as melhores politicas de manejar as bacias hidrografi- «as, as terras cultivadas, os alagados e outras éreas ~ geralmente chamadas de sistemas de suporte ambiental ~ dos quais a humanidade depende para alimentagio, suprimento de gua, protecdo contra catastrofes naturais e satide puiblica. Os ecOlogos proporcionam essa compreensio através de estudos de controle populacional por predadores, da influéncia da fer~ tilidade do solo no crescimento das plantas, das respostas evo- lutivas de mierdbios aos contaminantes ambientais, da disper- sio de organismos sobre a superficie da Terra e de uma mul- tiplicidade de questdes semelhantes-O manejo de recursos bidticos numa forma que sustente uma razoavel qualidade de vida humana depende do uso inteligente dos principios eco- logicos para resolver ou prevenir problemas ambientais, e para suprir 0 nosso pensamento e praticas econdmicas, politcas € sociais. Este capitulo iniciaré vocé no caminho para o pensamento ecol6gico. Primeiro discutiremos varios pontos de vantagem a partir dos quais 0 conhecimento e a visdo ecologica podem ‘ser abordadios - por exemplo, com os diferentes niveis de com- plexidade, variedades de organismos, tipos de habitat e esca~ las de tempo e espaco. Veremos como podemos considerar muitas entidades diferentes como sistemas ecolgicos, as quais queremos nos referir como qualquer organismo, conjuntos de organismos ou complexo de organismos em suas circunvizi~ nhangas, unidos por alguma forma de interacio ou dependén- Ga regular de partes do sistema umas com as outras. Embora a extensdo e complexidade dos sistemas ecol6gicos variem de ‘um tinico microbio & cobertura da biosfera da superficie te restre, todos os sistemas ecol6gicos obedecem a um principi semelhante. Alguns dos mais importantes destes principios focalizam os atributos fisicos quimicos dos sistemas ecol6gi- os, a regulacao da sua estrutura ¢ fungao e as mudangas evo~ lutivas. Aplicar estes principios as questoes ambientais pode nos ajutdar a vencer o desafio de manter um ambiente de su- porte para os sistemas naturais ~e para nés mesmos ~ em fa los crescentes estresses ecolégicos. Os sistemas ecolégicos podem ser tao @ pequenos quanto os organismos \ individuais ou tao grandes quanto a + | biosfera inteira Um sistema ecolégico pode ser um organismo, uma popula~ io, um conjunto de populagdes vivendo juntos (freqiiente- mente chamado de comunidade), um ecossistema ou a biosfera inteira da Terra. Cada sistema ecolégico menor € um subconjunto de um préximo maior, e assim os diferentes ti- pos de sistemas ecologicos formam uma hierarquia de tama~ ho. Este arranjo é mostrado diagramaticamente nat Fig. 1.1, que representa a idéia de que uma populagio € formada de muitos organismos individais, uma comunidade compreen~ de muitas populagdes que interagem, um ecossistema repre- senta a conexto de muitas comunidades através de seu uso de recursos de energia e nutrientes ¢ a biosfera compreende todos os ecossistemas da Terra. O organismo é a unidade mais fundamental da Ecologia, o sistema ecoldgico elementar. Nenhuma unidade menor na biologia, como 6 érgdo, célula out molécula tem uma vida se- parada no ambiente (embora, no caso dos protistas e bactéri- as unicelulares, célula € organismo sejam sinénimos). Cada organismo € limitado por uma membrana ou outra cobertura através da qual ele troca energia ¢ matéria com seus arredo- res, Esta fronteira separa 0 processos ¢ estruturas “internos" do sistema ecoldgico ~ neste caso um organismo ~ dos recur sos e condicbes“externos da circunvicinhance, ‘Ao longo de suas vidas, os organismos transformam ener- sia e processam materiais, Para executar isto, 05 organismos devem adquirir energia e nutrientes dos seus arredores ¢ se Jivrarem-de produtos de-rejeite-indesejado-Ao fazer isso-cles — modificam as condicdes do ambiente e os recursos disponi- veis para outros organismos, ¢ contribuem para os fluxos de energia € para o ciclo de elementos no mundo natural. Os conjuntos de organismos com seus ambientes fisicos € qui micos formam um ecossistema. Os ecossistemas sao siste- mas ecoldgicos complexos ¢ grandes, as vezes incluindo muitos milhares de diferentes tipos de organismos vivendo rhuma grande variedade de meios individuais, Um passarl ‘nho saltando entre as folhas de uma arvore em busca de la- gartase ura bactéria decompondo o solo orginico s8o am- bos partes do mesmo ecossistema de floresta. Podemos falar de um ecossistema de floresta, um ecossistema de savana e um ecossistema de estuirio como unidades distintas por causa de sua relativamente pouca energia e poucas substancias que so trocadas entre estas unidades em compara¢do com as *Aavenca-cabelo-de-vénus Ginkgo blab € 0 tnia sobrevivente de um género «que mudow muito pouco nos ditimos 150 milhdes de anos, Descoberta nos ja dins de um templo na China a avenca-cabelo-de-vénus agora cresce em mu tos pases. Ecossistema: Fluxo de energa e cielo de nutrentes | Fig, 1.1 Cada sistema ecoldgico redne diferentes tipos de processos. A bierarquia natural dos sistemas ecoldgicos & mostada a partir do ‘organismo de menor dimensio até 0 maior, a biosera. intimeras transformagdes que acontecem dentro de cada uma delas. Assim, a analogia com 0 organismo de ter processos “internos" € trocas com os arredores “externos” se mantém, ros permitindo tratar organismo ¢ ecossistema como siste~ mas ecol6gicos. Em tiltima instancia, todos 05 ecossistemas estdo interliga~ dos juntos numa tinica biosfera que inclui todos os ambi tes € organismos da Terra. As partes distantes da biosfera so interligadas através da energia e dos nutrientes transportados elas correntes de vento e de égua e pelos movimentos dos organismos. A Agua que flui de uma nascente até um estuério conecta os ecossistemas terrestres ¢ aquaticos da bacia hidrografica com os do reino marinho ( Fig. 1.2), As migra~ ‘Ges da baleia-cinzenta conectam os ecossistemas do Mar de INTRODUGAO | 3 Comunidade: Interagbes | entre as opulagdes Populacto: Dinimica de populagbes 9 unidade da evolugio | Reprodugio e sobrevivénci 4 unidade da selegio natural Bering e do Golfo da California, porque as condigées de ali- ‘mento do Mar de Bering influenciam o ntimero de baleias que migram e seu sucesso reprodutivo no Golfo da California. Isso, or sua vez, determina 0 efeito da populagdo de baleias no ecossistema da érea de reproducio. A importancia da troca de matéria entre os ecossistemas dentro da biosfera € acentuada pelas conseqiiéncias globais das atividades humanas, Por exemplo, os rejcitos agricolas ¢ industriais se espalham para bbem longe dos seus pontos de origem, afetando todas as regi- Ges da Terra, Abiosfera € 0 sistema ecolégico final. Tudo que é externo & biosfera é a luz do Sol que atinge a superficie da Terra e a es~ curiddo fria do espaco. Exceto pela energia que chega do Sol e pelo calor perdido para as profundezas do espaco, todas as 4 INTRODUGAO Baleias e peixes migrtérios Transporte residios industrials Movimento de gua da terra para o ocean a Mieco deaves Movimento de solo e plantas por animals 1 Fig. 1.2 Diferentes partes da biosfera estio unidas pelo movimento do ar, da §gua ede organismos transformacées da biosfera 80 internas, Temos todos os ma~ teriais que teremos para sempre; nossos rejeitos nao tém ne- sthum lugar para ir € devem ser reciclados dentro da biosfera Os conceitos de ecossistema e biosfera enfatizam a trans- formacio da energia ea sintese e decomposicio dos materiais = 0 sistemas ecol6gicos como méquinas fisicas ¢ laborat6rios ‘quimicos. Uma outra perspectiva enfatiza a peculiaridade das propriedades bioldgicas dos sistemas ecolégicos que sio abrangidas nas dindmicas das populacdes. Uma populacio consiste em muitos organismos do mesmo tipo vivendo jun- tos. As populacées diferem dos organismos no sentido de que elas so potencialmente imortais, seus tamanhos sendo man- tidos através do tempo pelo nascimento de novos individuos que substituem aqueles que morrem. As populagdes tém tam~ bém propriedades, como fronteiras geograficas, densidades (oximero de individuos por unidade de érea) ¢ variagdes no tamanho ou composicao (por exemplo, respostas evolutivas as mudangas ambientais € ciclos periddicos no tamanho) que ndo existem para organismos individuais. ‘Muitas populagées de diferentes tipos que vivem no mes- mo lugar formam uma comunidade ecolégica. As popula~ {Ses dentro de uma comunidade interagem de varias formas. Por exemplo, muitas espécies séo predadoras que comem ou- tras espécies de organismos; quase todas sao elas proprias presas. Algumas, como as abelhas e as plantas cujas flores elas polinizam, e muitos microbios que vivem junto com plantas € animais, entram em arranjos cooperativos nos quais ambas as partes se beneficiam da interacao. Todas estas interacdes in fluenciam o niéimero de individuos nas populacdes. Diferente dos organismos mas semelhantes aos ecossistemas, as comu~ nidades nao tém fronteiras rigidamente definidas; nenhum invélucro perceptivel separa uma comunidade daquilo que a rodeia, A interconectividade dos sistemas ecolgicos significa que as interagdes entre as populagdes se espalham através do globo como os individuos e os materiais se movem entre os habitats as regides. Assim, a comunidade € uma abstracai representando um nivel de organizagao mais do que uma unidade discreta de estrutura na Ecologia, Os ecélogos estudanva Natureza de | varias perspectivas diferentes Cada nivel diferente de hierarquia dos sistemas ecol6gicos tem estruturas € processos tinicos. Portanto, cada nivel deu origem a uma abordagem diferente ao estudo da Ecologia, Natural- mente, todas as abordagens tm interconexdes. Dentro destas reas de sobreposicio os ecblogos podem apresentar diversas perspectivas ao estudo de problemas ecoldgicos particulares, como 0 mostrado pelo diagrama simples na I Fig. 15. ‘A abordagem de organismo na Ecologia enfatiza 0 modo pelo qual a forma, a fisiologia ¢ 0 comportamento de um individuo 0 ajudam a sobreviver no seu ambiente. Esta abordagem tam- bém busca compreender por que a distribuiggo de cada tipo de organismo é limitada a alguns ambientes ¢ ndo a outros, € por que organismos aparentados que vivem em diferentes ambi- centes tém aparéncias de caracteristicas diferentes. Por exemplo, como veremos mais tarde neste livro, as plantas dominantes de ambientes quentes ¢ timidos sio &rvores, enquanto as regides ‘com invernos frios e timidos e verdes quentes-e secos tipica- mente sustentam arbustos com folhas pequenas ¢ duras, Abordagem de 7 ecossistema VA { \ Abordagem de organism Abordagem de ___ Isto representa uma rea comum a todas as cinco abordagens. Seal ‘Abordagem de populacio | Fig. 1.3 Estas sio as cinco abordagens para o estudo da ecologia. Embora cada abordagem se relacione a um nivel diferente na dos sistemas ecolégicos, eles sio retratados num Gnico plano de indagagdo cientfica, com cada abordagem interagindo com as outras fem graus vatiados. rarquia Os ecélogos que usam a abordagem de organismo estio freqiientemente interessados em estudar as adaptagdes dos otganismos aos seus ambientes. As adaptagies so modifica~ es de estrutura ¢ fungdo que melhor ajustam o organismo para viver em seu ambiente: por exemplo, fungdo renal inten~ sificada para conservar égua no deserto; coloragio criptica para evitar deteccio por predadores; folhas moldadas para serem utilizadas por certos tipos de polinizadores. As adaptagoes si0 6 resultado da mudanca evolutiva pela selecio natural. Devi- do & evolucio ocorrer através da substituigao de um tipo de organismo por outro dentro de uma populacao, 0 estudo das adaptagées representa um ponto de sobreposigao entre as abordagens de organismo e de populacio na Ecologia. ‘A abordagem de populagio se preocupa com os ntimeros de individuos e suas variagdes através do tempo, incluindo mu- dangas evolutivas dentro das populacées. Variagbes em mime- ros refletem nascimentos-e mortes numa populagao- Estas po dem ser influenciadas por condigoes fsicas do ambiente ~ tem= peratura e disponibilidade de 4gua, por exemplo, No proceso da evolugéo, as mutagdes genéticas podem alterar as taxas de nascimento € morte, novas linhagens de individuos podem se tomar comuns numa populagio e sua composigao genitica glo- bal pode mudar. Outros tipos de organismos, como itens de alimentacio, patégenos e predadores, também influenciam os nascimentos as mortes de individuos numa populagio. Em alguns casos, taisinteragbes podem produziroscilagdes dramé~ ticas de tamanho da populacio ou variagdes menos previsiveis desta. As interagbes entre diferentes tipos de organismos 550 0 ponto comum das abordagens de populagio e comunidade. ‘A abordagem de comunidade na Ecologia focaliza a com- preensio a diversidade e abundancias relativas de diferentes tipos de organismos vivendo juntos no mesmo lugar. A abor- dagem da comunidade se concentra nas interagGes entre as populagées, que tanto promovem quanto limitam a coexistén- cia de espécies. Estas interagGes incluem relagdes de alimenta~ ‘0, que sdo responsaveis pelo movimento de enérgia € ma~ Crea | teria dentro do ecossistema, proporcionando uma conexio en tre as aborda, ede pord “tema na Ecolog) ‘ossistema, descreve os orga~ -m termos de "moedas” comuns, prin cipalmente quantidades de energia e varios elementos quimi cos essenciais a vida, como 0 oxigénio, 0 carbono, o nitrogé- nio, o fésforo e 0 enxofre. O estudo de ecossistemas lida com nismos e suas atividades into de energia € matéria no ambiente e como estes movimentos sio influenciados pelo cima ¢ outros fatores fi- sicos do ambiente. O funcionamento do ecossistema resulta das atividades de organismos assim como de transformagdes fisicas € quimicas no solo, na atmosfera e na égua. Assim, as atividades de organismos tao diferentes quanto bactérias ¢ passaros podem ser comparadas pela descricio das transfor mages de energia de uma populagao em unidades como watts por metro quadrado de habitat. Contudo, a despeito de suas semelhangas; as abordagens de ecossistemas-e comunidades na Ecologia proporcionam diferentes modos de olhar o mun~ do natural. Podemos falar de um ecossistema de floresta, ou podemos falar de comunidades de animais e plantas que vi- vem na floresta, usando jargoes diferentes que se referem-3s diferentes facetas do mesmo sistema ecolégico. Focalizado num extremo do espectro de sistemas ecoldgi cos, a abordagem da biosfera na Ecologia trata dos moviren- tos de ar e de agua, e da energia ¢ 0s elementos quimicos que les contém, na superficie da Terra it Fig. 1.4). As correntes dos ‘oceanos € 0s ventos carregam o calor € a umidade que defi- rem os climas em cada ponto da Terra, que governam as dis- 1 Fig 1.4 Correntes ocednicase ventos transportando umidade e calor sobre a Terra. Esta imagem de satdlite do oceano Atintico Norte na primeira semana de junho, 1984, mostra a Corrente do Golfo movendo- se 20 longo da costa da Flérida e se separando em grandes vétices & medida que comeca a atravessar 0 Allantico em diregio a0 norte da Europa. A dgua quente est indicada em vermelho ea fria em verde ov azul, © em seguida em vermelho no alto da figura, Cotesia de Otis Brown, Rober Evans e Mask Care, Universi of Miami Rosenstiel School of Marine and Amoapherie Slence & | iNTRODUCAO tribuiges de organismos, as dindmicas das populagées, a com= posigio de comunidades e a produtividade dos ecossistemas. Compreender as variagdes naturais no clima, como 0 El Nifio, € as variacdes provocadas pelos humanos, como a formagio do buraco de ozénio sobre a Antartica e a conversio de terras de pasto em deserto em grande parte da Africa, é também uma meta importante da abordagem de biosfera na Ecologia As plantas, os animais e os microorganismos representam diferentes papéis nos sistemas ecolégicos ‘As caracteristicas que distinguem as plantas, 05 animais, os fungos, os protistas e as bactérias (procariotas] tém importan~ tes implicagdes no mado pelo qual estudamos e chegamos a compreender a Natureza. Os diferentes tipos de organismos tém diferentes fungdes nos sistemas naturais (I Fig. 1.3). As maiores € mais notéveis formas de vida, plantas e animais, claboram uma grande parcela das transformagoes de energia dentro da biosfera, mas ndo mais do que as infinitas ¢ invist veis bactérias nos solos, gua e sedimentos, Mais ainda, as plantas ¢ 05 animais so desenvolvimentos relativamente recentes na longa histéria da evolugio da Ter- +a. Os primeitos ecossistemas eram dominados por bactérias de varias formas, que nao somente modifcaram a biosfera, tor nando possivel que formas de vida mais complexas pudessem {As relagSes ene Archacbacteria, Eubactera eas outras formas de vida io esto ainda solucionadas. S|) 0s cucariotasevolutam provavelmente| ‘quando um procarotaenvolveu outro "seqiestrou” seu process bioguimico fem seu proprio benef, oe iS Sh) gE | Fig. 1.5 Organismos diferentes tém diferentes pelo padido de ramificacies 4 exquerda «existir, mas foram também os ancestrais de todas as formas de vida. As bactérias fotossintetizadoras em alguns dos ecossistemas primordiais produziram oxigénio como subproduto quando assimilaram diéxido de earbono. O resul~ tante aumento na concentragio de oxigénio na atmosfera e nos ‘oceanos (t Fig, 1.6) acabou por permitir a evolucio de formas de vida méveis e complexas com altas demandas metabslicas, que tém dominado a Terra nos tltimos 500 milhées de anos. A medida que essas novas formas de vida evoluiram, contu- do, 0s tipos mais primitivos sobreviveram por causa de suas capacidades bioquimicas tinicas que permitiram a eles usar recursos e tolerar condigGes ecolégicas nao acessiveis aos seus descendentes mais complexos. De fato, as caracteristicas dos ecossistemas-modemos-dependem das-atividades-de-muitas formas variadas de vida, com cada grupo maior preenchendo tum Unico e necessério papel na biosfera. As plantas usam a energia da luz do Sol para produzir matéria organica Todos os sistemas ecol6gicos dependem da transformagio de energia. Para a maioria dos sistemas, a fonte de energia em iltima instaneia é a luz do Sol. Na terra, as plantas usam a energia solar para sintetizar moléculas organicas a partir do didxido de carbono ¢ da agua. A maioria das plantas tem es- truturas com grandes superficies de exposiggo ~ suas folhas ~ para capturar a energia solar. Suas folhas séo finas porque a rea da superficie para a captura da luz é mais importante do Archacbacteria Organisms procariotas simples com auséncia de ur nico organizado c também e outras organelas celulares. Adaptados para viverem em condighes extremas de lta concenizagdo de sal alta temperatura pl (ambos Sido e alcaino) Eubacteria Como Archeebacteria, organismos procariotas simples tendo uma amplavatiedade de reaies quimicas de importinciaecoldgica nos ccls dos elementos alraves do ecosisema, Muitas formas si simbidtcas ou paraslas Varios protistas {Um grupo extremamente diverso de onganismos eucarsticos unicelulares com —-merabranas nucleares-eoutras organelas deseo. mofo-de-lodo-«-protozosrio até alas fotosintetizadoras vermelhas, marrons verdes Algas verdes Uma das linhagens de protists fotosinttzadares responsiveis pela maior parte a producdo bioldgica nos sistemas aqusticos, e que se pensaterem sido ax ancestas das plantas verdes, Plantas verdes Organismos complexos(fotouutotréfcos) fotossintetizadore,primariamente teres, esponsivels pel fxaci da mao parte do carbo orgies ne biosfera, ™ Fungos Prineipalmente organismos heterotricos terestres, de grande importincia na recilagem de detritos de plantas nos econistemas. Mulls formas so patogenicas outras importantes simbiose liquens,micorrzos. Animais ‘Organismos heterotricos terest ¢aqutica, que se alimentam de outras formas de vida ou de seus restos A complexidade e a mobilidade leveram a una otivel dvesificagéo da vida animal, anges nos sistemas naturais. As dvises maiores da vida e suas relagbes evolutivas so mostradas INTROQUGAD € *s de anos 6 Exoesqueletos<_. que nivels de Inicio da vide Primeira bacteria Primero Organismos aersbiea 2.000 hes de anos atrés 4.000 3.000 1000 0 que 0 corpo. Caules rigidos sustentam suas partes acima do solo. Para obter carbono, as plantas assimilam diéxido de car- bono gasoso da atmosfera. Ao mesmo tempo, elas perdem quantidades prodigiosas de égua por evaporacio do tecido de suas folhas para a atmosfera. Assim, as plantas precisam de um suprimento constante de égua para substituir a perda durante a fotossintese. Nao € de surpreender que a maioria das plan- tas esteja firmemente entaizada no solo, num contato cons tante com a égua contida nele. Aquelas que nao estdo, tis como as orquideas e outras “plantas aéreas" tropicais (epifitas), po- dem ser fotossinteticamente ativas somente em ambientes timidos imersos em nuvens de vapor (t Fig. 1.7) | Fig. 1.7 As epifitas a6reas formam ecossistemas inteiros. Estas plantas crescem bem acima do solo sobre os galhos das drvares em florestas pluviais tropicais, Foto de RE. Rickles | ee oxigenio mosteico pudessern | organismos I Fig. 1.6 A concentracio de oxig io na atmosfera tem 0 desde o surgimento da vida na Tera, Os animais se alimentam de outros organismos ou de seus restos 0 carbono organico produzido pela fotossintese proporciona alimento, direta ou indiretamente, para o resto da comunida~ de ecoldgica. Alguns animais consomem plantas; alguns con- somem animais que comem plantas; outros consomem os res tos mortais de plantas ou animais. Os animais e as plantas diferem em muitos aspectos impor- tantes além de suas fontes de energia t Fig. 1.8) Os animais, tal | Fig. 1.8 As plantas obtém sua energia do Sol eos animais obtém sua energia das plantas. Um mamifero pastador na vegetaco em uma savana no leste da Arica enfatza a diferenca fundamental entre a plantas, que assimilam a energia solar e converter 0 diéxido de carbono atmosférico lem compostos orginicos de carbon, e os animals, que obtém sua energia em ditima instincia da produgio das plantas. Foto deR. Rieke. como as plantas, precisam de grandes superficies pata trocar subs icias com seus ambientes. Contudo, por ndo precisarem cap: srar luz como fonte de energia, suas superficies dk aca podem s dentro do corpo. Um modesto par de pulmies humanos tem uma rea superficial de cerca de 100 metros qua- drados, o que é metade de uma quadra de ténis. 0 intestino tam= bbém apresenta uma grande superficie através da qual os nutri~ tentes sio assimilados para dentro do corpo. Por exemplo, 0 in testino de uma ave do tamanho de um tordo tem cerca de 30 centimetros ¢ uma drea superficial de absorgSo de mais de 200 centimetros quadrados, ou cerca de metade do tamanho desta pagina, Ao internalizar suas superficies de troca, os animais po- dem atingir formas corporais volumosas senvolv odindmicas, e de~ € dsseos que tomam passive! a obilidade Nos ambientes terrestres as superficis internlizadas os animais também perdem menos gua por evaporacio do que as folhas expostas das plantas, ¢ assim os animais terres ties no precisam ser continuamente supridos de dgua Os fungos sao decompositores altamente eficientes (Os fungos assumem papéis tinicos no ecossistema devido & sua forma distinta de crescimento. A maioria dos fungos, como as plantas eos animais, sio organismos multicelulares(exceto para levedos e seus parentes), Mas, diferentemente das plantas e dos animais, o fungo eresce a partir de um esporo microseépico sem passar pelo estégio embriondrio. A maioria dos organis- mos fiingicos € feita de estruturas filamentosas chamadas de hifas, que s6 tém uma célula de didmetro. Estas hifas podem formar uma rede solta, que pode invadir os tecidos vegetais ou animais ou folhas e madeira morta na superficie do solo, ou crescer para dentro das estruturas reprodutivas que reco- hecemos como cogumelos (I Fig. 1.9). Como os fungos po- dem penetrar profundamente, eles rapidamente decompoem material vegetal morto, finalmente tornando muitos dos nu- trientes contidos nele disponiveis para outros organismos. Os ' Fig. 1.9 Os fungos sio decompositores efetivos de madeira e outras ‘matérias orginicas mortas. Os cogumelos sio corpos de frutficaczo Produzidos por uma grande massa de hifasfiliformes, mostradas aqui em tum fungo live que se desenvolveu em folhas cafdas de serapilhera. Os '| um comunicado a imprensa do World Wildlife Fund REDE | sobre aquecimento global e seu impacto na saiide + humana, Em seguida leia os artigos seguintes de trés novas fontes sobre o mesmo assunto. Como os novos artigos dife- rom na cobertura e nos detalhes? Os jornalistas analisam o que os resultados do estudo significam em termos de politica geral, econdmica e social? HIF hac. Sule Barel, C D. N, et al. 1985, Destruction of fisheries in Africa's lakes. Nature 315:19-20.lintroduction ofthe Nile perch into Lake Vie tora) Bartholomew, G. A. 1986. The role of natural history in contempo rary biology. BioScience 36:324-329. (An influential biologis’s personal approach to scientific investigation) Booth, W. 1988. Reintroducing a political animal. Science 241 156-158, (The ecological roe of sea otters in kelp communities. Cohn, J.P 1998. Understanding sea otters. BioScience 4813) 151-155, - Cronon, W. fed). 1996. Uncommon Ground: Rethinking the Human ‘Pace in Nature, W. W. Norton. 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