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A técnica da casa-arvore pessoa (HTP) de John Buck Maria Cecilia de Vilhena Moraes Silva O HTP propée o desenho de temas simples, conhecidos da grande maioria das pessoas, por meio dos quais podem ser explorados diferentes niveis de projeco da personalidade, abor- dando aspectos mais arcaicos por meio do desenho da drvore e aspectos menos arcaicos por meio do desenho da pessoa; o desenho da casa fica em algum ponto entre esses dois extremos. Desenhos especificos ¢ familiares & maioria das pessoas oferecem, para o clinico, uma refe- réncia para a comparacao da producao de um individu em particular com a das pessoas de mesma idade e status socioecondmico equivalente, constituindo, assim, uma ancora para a interpretagao. Na forma original, proposta por Buck (2003), 0 HTP envolve trés desenhos produzidos com lapis n° 2 e material verbal obtido no inquérito. Com 0 acréscimo sugerido por Hammer (1991) - 0 HTP cromatico — 0 clinico dispde de um conjunto de pelo menos seis desenhos, além do material verbal associado, contando, portanto, com uma amostra maior de compor- tamentos observados em circunstancias distintas. Para 0 autor, a fase cromatica nao constitui apenas uma complementagao da fase acromatica. Ela representa um conjunto de condigdes em que o sujeito perde parte do controle defensivo: 0 inquérito que a antecede, além de escla- recer aspectos do desenho, forca a identificacao do sujeito com o que produziu e mobiliza mais claramente os conflitos subjacentes; o uso da cor acentua a participacdo dos aspectos emocio- nais; o material - giz de cera - impede o controle mais refinado de que 0 sujeito dispde quando desenha com o lipis n° 2; a impossibilidade de apagar 0 que considera erros no desenho, tendo apenas a oportunidade de escondé-os, coloca 0 sujeito em uma situagao mais vulnerdvel. Essa configuracdo induz, no examinando, um nivel de frustragao diferente daquele proposto pela fase acromatica e expde um nivel mais profundo de sua personalidade, revelando de forma mais evidente os conflitos, as defesas e os recursos psicologicos do individuo. Este capitulo aborda as origens do HTP e os acréscimos feitos ao instrumento com o passar do tempo. Com o objetivo de apresentar diferentes abordagens a andlise do material produ- zido, sd apresentados: o simbolismo dos temas Casa, Arvore ¢ Pessoa, que fundamentam a tradicional interpretagao do contetido; o simbolismo do espaso, que fundamenta a interpre- tacdo da folha em que se desenha como representacao do espaco vivencial do individuo; por 248 ATUALIZACOES EM METODOS PROJETIVOS PARA AVALIAGKO PICOLOGICA fim, € descrita sucintamente a identificagao dos tipos de defesa e de organizagao da perso- nalidade, desenvolvida por Elsa Grassano (1994, 1996), como exemplo de andlise integrada de varios aspectos associadas a um referencial teérico especifico, no caso, 0s conceitos de Melanie Klein. Em seguida sdo apresentados alguns estudos que usam o HTP, o desenho da figura humana ou o desenho livre para a identificacao de variéveis complexas, estudos de caso da vida real ¢ avaliagao de intervenes. O capitulo 6 encerrado com algumas consideracées sobre pontos levantados durante o capitulo sobre o uso e a interpretagao de desenhos. ORIGENS E FUNDAMENTOS TEORICOS A técnica projetiva da Casa-Arvore-Pessoa (HTP), de John Buck (2003), consiste na siste- matizagao de varios procedimentos envolvendo a expressio grafica que, a partir das décadas de 1920 e 1930, foram impulsionados pela substitui¢ao da expresso verbal pelo desenho livre como instrumental para associagdes livres no tratamento de criangas (Anzieu, 1986). Ja no final de 1926, Florence Goodenough desenvolvia, nos Estados Unidos, o teste da figura humana (DFH) para avaliagao do desenvolvimento intelectual de criangas. Karen Machover, identificando o potencial para o estudo da personalidade da técnica de Goodenough, tia o Desenho de uma pessoa (DAP, Draw a Person), uma técnica puramente projetiva, Em 1928, partindo de uma base exclusivamente intuitiva, 0 suigo Emil Jucker utilizava © desenho da arvore para identificar possiveis dificuldades dos clientes que o procuravam €m busca de orienta¢ao educacional e vocacional. A escolha da arvore como tema, segundo Jucker, baseou-se no estudo da historia da cultura e dos mitos, nos quais a drvore tem sim- bolismo privilegiado (Van Kolck, 1984; Hammer, 1991). Em 1934, Schliebe, na Alemanha, com o objetivo de investigar 0s afetos, solicitava varios desenhos de Arvores, nesta sequéncia: uma arvore qualquer, depois gelada, alegre, pedindo ajuda, sofrendo e, por fim, morta. Dis. cipulo de Jucker, Karl Koch criou o Teste da Arvore a partir de estudos experimentais com desenhos desse tema em situagoes de hipnose, reflexes fenomenologicas sobre os possiveis significados de cada traco da producao grafica e aplicagao de tratamento estatistico ao mate. rial coletado (Van Kolck, 1984; Hammer, 1991). Posteriormente, Renée Stora, na Franca, adaptou e modificou a técnica, tornando-a mais dirigida (Anzieu, 1986), mas seu trabalho teve pouca repercussdo no Brasil. John Buck (1948) sistematizou os dados das técnicas desenvolvidas por Koch e Machover €acrescentou o desenho da casa. Posteriormente, Emmanuel Hammer introduziu o HTP cro- matico no procedimento, visando investigar a personalidade em um nivel mais profundo do que 0 possibilitado pela produgdo acromatica (Hammer, 1991), A tarefa de desenhar os trés temas pode ser considerada como um tipo de teste situacional ‘no qual o sujeito enfrenta nao s6 0 problema de desenhar o tema indicado, como também com o de orientar-se, adaptar-se e comportar-se numa situagdo especifica. Para isso, ele mos- traré um comportamento verbal, expressivo e motor. Esses comportamentos, assim como 0 Préprio desenho, fornecem os dados para a anilise psicolégica (Levy, 1991). A Tecnica DA casa-Anvone pessoa (HTP) Of JOHN BUCK 249 PRINCIPIOS DE INTERPRETACAO A produco pode ser analisada sob trés perspectivas: adaptativa, expressiva e projetiva (Van Kolck, 1984). A diferenciacao em trés perspectivas ¢ puramente didatica, uma vez que (0s trés aspectos so inseparaveis. Da mesma forma, os varios desenhos devem ser analisados em conjunto, procurando-se padrées caracteristicos da producao do sujeito. ‘A perspectiva adaptativa avalia a adequacdo do sujeito a tarefa, considerando a qualidade da produgao tanto em termos formais de correspondéncia ao grupo etério e sociocultural a0 qual o individuo pertence, quanto & compatibilidade entre o que foi solicitado e 0 que fot produzido, De modo geral, os problemas de adaptacio se devem a recursos intelectuais insu- ficientes, problemas organicos, patologias mais graves ou problemas emocionais intensos. A perspectiva expressiva analisa 0 estilo proprio do sujeito. Como destaca Hammer (1991), nossos masculos néo mentem; a anélise volta-se para a expresso psicomotora do individuo, levando em conta também os comportamentos nao verbais apresentados durante a realizacao da tarefa. Considerando que a folha em branco representa o ambiente delimitado imposto ao sujeito (Van Kolck, 1984), o modo como o individuo o utiliza revelara sua orientacdo geral em relagio ao mundo e a si proprio. Os aspectos expressivos revelam caracteristicas estaveis do individuo, como as atitudes basicas em relagao a si e ao ambiente, 6 grau de energia de que disp6e e como a investe, 0 controle na expresso dos impulsos ¢ 108 recursos cognitivos potenciais ¢ efetivamente usados para dar conta das tarefas propostas (Hammer, 1991). A perspectiva projetiva concentra-se no modo como o tema é tratado e avalia a atribui¢ao de qualidades as situagées e objetos representados, o que permite identificar éreas de conflito mais significativas (Van Kolck, 1984). Aqui a atencao se volta para as diferentes partes repre- sentadas e a andlise se fundamenta no aspecto simb6lico dos elementos analisados. ASPECTOS SIMBOLICOS DA TRIADE CASA-ARVORE-PESSOA ‘A experiéncia tem demonstrado que os temas arvore, casa e pessoa sao os preferidos pelas criangas quando sao solicitados desenhos livres. Em pesquisa realizada na Inglaterra, Griffiths, citado por Hammer (1991), constatou que a figura humana € objeto mais desenhado espon- taneamente pelas criangas pequenas, seguida da casa e depois da arvore. O HTP parte do pressuposto de que existe, no homem, uma tendéncia a ver o mundo de modo antropomérfico. Assim, ele tende a atribuir a sua visao a outros habitantes do mundo, © que permite identificar-se com eles e nao apenas com seus pares humanos. Nesse sentido, a casa, a drvore e a pessoa desenhadas no HTP nao deixam de ser representacoes da imagem que o individuo tem de si. ‘A Casa suscita associagées a vida familiar e doméstica, tanto para criangas quanto para adultos. O clima geral (ou atmosfera) do desenho é bastante indicativo de como 0 individuo sente 0 seu ambiente. Segundo Hammer (1991), a casa representa mais frequentemente 0 autorretrato com elementos de fantasia, ego, contato com a realidade, acessibilidade e também a percepcao da situacao doméstica. Para a avaliagao da integridade do ego, especial atencao deve ser dada a solidez das paredes; o grau de uso da fantasia e da ideagao pode ser indicado pela proporedo entre a area do corpo da casa e a do telhado. As aberturas para o mundo, representadas pelas portas e janelas, so boas indicagbes da disponibilidade do individuo para 230 ATUALIZAGOES EM METODOS PROIETIVOS PARA AVALIACKO FSICOLOGICA a interagao social. Os elementos acess6rios, como chaminés, jardineiras, grades de protecdo, também devem ser considerados em seus aspectos simbélicos, procurando-se compreender a que servem e identificar os conflitos ou necessidades que podem ter motivado sua inclusao. Por ser o primeiro da série, muitas vezes o desenho da casa apresenta poucos detalhes ou tamanho pequeno, ou é desenhado no canto superior esquerdo da folha. Essas producdes podem indicar uma atitude de cautela decorrente da falta de referéncias quanto ao que vir em seguida. Caso essas caracteristicas aparegam somente nesse primeiro desenho da casa, a importancia da produgao no quadro geral sera menor, devendo-se enfatizar a pr6pria atitude do individuo frente a uma situagdo sobre a qual nao tem controle. ‘A Arvore, por sua condicao mais basica, natural e vegetativa, favorece a projecio de sentimentos mais profundos da personalidade e do self em um nivel mais primitivo. Como a relacdo entre o individuo e a arvore nao é tao evidente, esse desenho favorece também 1 atribuigao de sentimentos mais profundos, negativos ou perturbadores com menos exi- géncia de manobras defensivas do ego (Hammer, 1991). A Arvore tem alto valor simbélico ‘0 emprego universal de seu simbolismo foi constatado por autores de diferentes areas como Carl Gustav Jung (1991), Joseph Campbell (1990), Sir James G. Frazer (1986), apenas para citar alguns. Nossa identificagao com a arvore pode ser observada pelo uso metaférico de seu ciclo anual como representacao das fases da vida - observamos na arvore nosso proprio pro- cesso de crescimento, reprodugao e morte, e também a possibilidade de recuperacao. Jung considera a arvore como um motivo presente em sonhos, mitos e lendas de varias culturas, podendo assumir diferentes significados: evolugao, crescimento fisico ou amadurecimento psicolégico. Além disso, esse tema est4 intimamente relacionado com o simbolismo da cruz, uma forma esquematizada de rvore. Desenhar uma cruz é representar a si mesmo; a arvore € simbolismo do homem enquanto ser vertical e representa 0 crescimento e a evolucio, gracas & proeminéncia do eixo vertical em sua estrutura, em oposicao ao simbolismo dos animais, ‘mais associado a vida instintiva. Expressdes como “me senti podado” ou “ele resgatou suas raizes" ou a primeira frase da obra Ricardo II de William Shakespeare, “o inverno da nossa desesperanga” (também titulo de uma obra de John Steinbeck) remetem a nossa identificacao com a Arvore ¢ 0 ciclo das estacdes. Para a avaliacao da integridade do ego, especial atencao deve ser dada a solidez do tronco; o grau de uso da fantasia e da ideacao pode ser indicado pela proporcio entre tronco e copa. As diferentes possibilidades de interagir com o mundo sdo indicadas pelas ramificacdes dos galhos. Elementos acess6rios, como flores, frutos, nés na superficie do tronco, também devem ser considerados em seus aspectos simb6licos, pro- curando-se compreender a que servem e identificar os conflitos ou necessidades que podem ter motivado sua incluso. (0 desenho da Pessoa nitidamente tem caracterfsticas de “humanidade” com as quais 0 individuo prontamente se identifica. Geralmente o desenho da pessoa gera protestos e recla- magies por parte de sujeitos adultos. Nao se pode negar que se trata de um desenho mais dificil de fazer do que o de uma casa ou de uma arvore. Ha mais detalhes, as dificuldades com as proporcoes ficam mais evidentes. Porém, é preciso considerar que, como o desenho da ‘pessoa mobiliza conflitos mais préximos da consciéncia, é natural que a ansiedade aumente, assim como as manobras defensivas para contorné-la. Por esses motivos, o desenho da pessoa tende a ter uma qualidade inferior a dos dois desenhos anteriores. O desenho da pessoa é determinado por fatores psicodinamicos nucleares resultantes do conceito de imagem corporal — a imagem fisica em sua estrutura, e em grande parte incons- ciente, do tipo de pessoa que se é que cada um de nés leva em seu aparelho psiquico. Essa imagem se baseia em parte nas convengSes, em parte nas sensacdes e estrutura somatica, eem A rThewica oA casa-Anvone Pessoa (HTP) DE JOHN Buck 251 parte na transposicao simb6lica das atitudes em caracteristicas somaticas. £.construida a partir de todas as imagens, sensades e emogdes pelos quais 0 corpo passa ao longo da vida, consti- tuindo o estrato inconsciente das representacdes corporais (Schilder, 1981). Por esse motivo, esse desenho manifesta mais prontamente a visdo de si mesmo mais proxima da consciéncia ea relacdo com 0 ambiente. Para a avaliacao da integridade do ego, especial atencao deve ser dada a integridade do corpo, a delimitagao clara dos seus limites em relagao ao ambiente {que o circunda; o grau de valorizacao dos processos ideacionals em oposi¢ao aos emocionais pode ser identificado pela proporcio entre cabeca ¢ tronco. As diferentes possibilidades de interagir com 0 mundo sao indicadas pelas maos e bracos; a disponibilidade para entrar em contato com contetidos internos ou externos ¢ expressa pelo tamanho e qualidade dos olhos, entre outros. Elementos acessérios, como bolsas, cintos ou anéis, também devem ser consi- derados em seus aspectos simbélicos, procurando-se compreender a que servem e identificar ‘0s conflitos ou necessidades que podem ter motivado sua inclusdo. Aspectos simbélicos do uso do espaco Considerando que a folha em branco representa o ambiente delimitado imposto ao sujeito, a andlise do modo como o individuo o utiliza revela sua orientacao geral em relagdo ao mundo e a si proprio, ou seja, 0 seu espaco existencial. O simbolismo do espago apresen- tado por Max Pulver fundamenta varias interpretacoes do uso do papel, como € 0 caso do HTP, ou de outras superficies, como a tampa da caixa do teste da Aldeia, de Arthus (Anzieu, 1986; Augras 1980). Segundo Pulver, em seus estudos para fundamentar a anzlise psicologica da escrita, o sim- bolismo espacial precede o simbolismo verbal, € a expressdo grafica, como a artistica, revela sistemas animicos de organizacaio do mundo. Nas palavras de Augras (1980): “o espago aparece como um sistema de linhas convergentes cujo ponto de encontro é 0 homem” (p. 244). Para Pulver, esse espao, que esta dentro de cada pessoa, “fornece uma ordem primordial que é simbélica, isto é, intuitiva e ainda nao intelectual” (Pulver, 1953, citado por Augras, 1980). © autor usa um esquema em cruz para representar 0 espaco, no qual integra a dimensao_ temporal (diregdo) & dimensao espacial. No eixo horizontal da cruz, 0 lado esquerdo esta associado & origem, ao comeco de tudo e, por extensio, ao passado, a introversao € a Mae; 0 lado direito, por sua vez, associa-se a evolugao, a extroversao e, por extensio, a realizacao no ambiente, ao futuro, ao Pai. No eixo vertical, hé uma linha intermediéria (que corres- ponde a pauta, na escrita) que representa a realidade externa perceptivel, onde tudo pode acontecer; esse plano equivale a esfera empirica do ego ~ 0 que em termos concretos equiva- leria ao espaco que percebemos da superficie de apoio dos nossos pés a até um pouco acima do plano visual horizontal. Acima, a area consciente, envolve as “fungdes superiores”, asso- ciadas aos processos de pensamento, imaginagio ou, segundo a denominacao do autor, da Intelectualidade - basta observar como tendemos a olhar para cima quando nos esfor¢amos ‘em concentrar a ateng4o nos nossos pensamentos. Abaixo encontra-se a rea do nao visivel, da materialidade, do inconsciente. simbolismo do espaco permeia varias formas em que configuramos objetos e experién- cias da nossa vida didria. Por exemplo, ao dizermos “José esté no mundo da lua” ou “Vocé precisa dar asas 4 imaginagao”, referimo-nos aos processos ideacionais, entendidos como “acima”, assim como a concepgao habitual de céu; por outro lado, dizemos que “E preciso mergulhar nos contetidos do inconsciente”, aquilo que esta abaixo, oculto sob a terra firme em 252 ATUALIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS FARA AVALIAGAO PSICOLOGICA que pisamos, assim como a concepsao habitual de inferno, Entendemos também que nossos sentimentos véem “de baixo”, e precisam ser controlados pela cabeca: “me subiu uma raiva e perdi a cabeca”. Também as metas a alcangar sio representadas como escaladas no eixo ver- tical: “ele quer subir na vida", “ela tem metas muito altas”, “ele é uma alpinista social”. (© eixo horizontal indica progressao e a dimensao temporal, o que pode ser constatado em expressdes como “ele parece que nao avanga, nao sai do lugar” (permanecer no ponto de origem, a esquerda) ou em “nao coloque os bois a frente do carro” (a aco precipitada, para a direita) ou ainda em “é preciso enxergar mais longe” (ter uma visdo do futuro). Esse simbolismo, apresentado aqui de modo extremamente conciso, aplica-se também aos trés temas do HTP, o que permite comparé-los: uma érea inferior, de base, que constitul 0 apoio do objeto na realidade pratica, representada mais claramente pelos pés da figura humana e pelas raizes da arvore ou Area de apoio da drvore e da casa sobre o solo; uma drea intermediatia, de estrutura solida, que assegura a sustentacao do objeto e que representa carac- teristicas mais estaveis do objeto (paredes da casa, corpo da pessoa, tronco da arvore); uma rea superior, menos estavel, mais mével ou fluida (telhado da casa, copa da arvore, cabeca € feigdes da figura humana). Considerando 0 simbolismo do espago proposto por Pulver, essas trés 4reas corresponderiam, respectivamente, a (1) rea corporal, do inconsciente, da matéria; (2) a area do ego, que assegura a integridade do individuo, e de suas relagdes tanto com as pulsdes como com as demandas do ambiente, do qual se diferencia; (3) a area dos processos de ideacao, do pensamento, da imaginacdo. Nos desenhos, a harmonia dessas trés areas, sua articulagao e proporcées adequadas indicam uma personalidade integrada que faz pleno uso de seus recursos intemnos. Mais preocupantes sao as produgdes em que justamente a parte “estrutural” dos desenhos se mostra comprometida (paredes em ruinas ou a ponto de desabar, delimitagao incerta ou irregular do corpo da pessoa ou do tronco da arvore). Os aspectos de integridade e harmonia so particularmente importantes na andlise das defesas desenvolvida por Grassano (1994, 1996), abordada a seguir. Uso das defesas nas técnicas graficas Elsa Grassano (1996), apoiada na teoria kleiniana, propée indicadores para 0 diagnéstico das defesas com base no desenvolvimento evolutivo dos processos defensivos identificados na producao grafica: dos mecanismos esquizoides para os mecanismos manfacos e obsessivos da etapa depressiva para a emergéncia de mecanismos neur6ticos e mais avangados. O fracasso na primeira ou na segunda etapas permitira o diagnéstico do tipo de organizagao neurdtica, psicotica ou psicopatica da personalidade. A autora destaca que nao basta somente rotular as defesas; é necessério compreender 0 processo dinamico de que fazem parte, o que envolve identificar a modalidade defensiva, por que o ego optou por ela, com que finalidade optou por ela, a que nivel evolutivo corresponde a modalidade defensiva e que caracteristicas tem essa configuragao defensiva (plasticidade, rigidez etc.). A partir dos indicadores levantados, Grassano caracteriza as producdes neuréticas, psicéticas e psicopaticas. ‘Aandlise concentra-se na integracao do aparato psiquico e no desenvolvimento de fungoes de discriminagao, por um lado, eno desenvolvimento de fungdes simbolizantes (pensamento logico-abstrato, reparacao e sublimagao), por outro. Para avaliar o grau de integracao do aparato psiquico e desenvolvimento de funcoes de discriminagao, volta a atengdo para a percepcao da realidade, indicada pelo tratamento que recebe a folha como representante simbélico do espago externo, ou seja, como o sujeito A TECNICA OA CASA-ARVORE Pessoa (HTP) DE JOHN Buck 253 “povoa” esse espaco, e para as caracteristicas da estruturacao intrapsiquica, reveladas pelas caracteristicas estruturais de cada objeto obtido (qualidades harménicas ou desarticuladas; objetos completos, incompletos, parciais/reais, imaginarios, bizarros). S40 observadas a pre- servacao da gestalt, a qualidade das figuras, 0 grau de diferenciagio das figuras, 0 tipo de movimento (expansivo ou impedido ou coartado); nogdes de perspectiva, insercao adequada das partes; também a localizagao e 0 tamanho sao considerados representacdes da locali- zacao do proprio ego com relagao ao mundo externo em termos de seguranca, inseguran¢a, megalomania. Para a avaliacao do desenvolvimento de fungoes simbolizantes, Grassano considera que a produgao grafica revelard as ansiedades ou preocupacdes mobilizadas no individuo frente a rTeparacio e 0 estado de seus objetos internos e seu ego (inteiros, quebrados, parcializados etc.). Como sublimagao e reparacdo estao indissoluvelmente unidas, o grau de desenvolvimento da capacidade sublimat6ria se expressaria graficamente na disposigdo, atitude e modalidade com que o individuo enfrenta a tarefa projetiva e no aspecto inteiro, sélido, harmonioso (repa- rado) ou, ao contrario, destruido do objeto grafico. ‘As produces neuréticas caracterizam-se pela preservagaio da Gestalt, da delimitagao e das qualidades centrais que caracterizam os objetos na realidade. Os elementos patologicos se manifestam em pequenas areas e se expressam por énfase exagerada, omissio ou zonas con- fusas que nao comprometem a organizacao da totalidade. ‘As producées psicéticas caracterizam-se pela fragmentacao e a dispersdo de elementos. ‘A produgéo tem uma aparéncia geral confusa. A desorganizacao € observada também nos objetos graficos individuais, cujas caracteristicas se afastam das observadas na realidade; os desenhos tém uma aparéncia estranha e parcial. Os mecanismos de splitting e identificacao projetiva excessivos provocam a desorganizacao do ego e do objeto e vivéncias de esvazia- mento e despersonalizagao. ‘Nas produgdes psicopaticas, a identificagdo projetiva indutora excessiva leva a paralisagao. eA anulacao da capacidade de discriminagdo do objeto externo. O “mau” é depositado no objeto externo, mas ao contrario do que ocorre com da identificagao projetiva psicotica, o ego mantém 0 controle do projetado para evitar a reintrojegio e para levar o objeto a assumir ati- vamente as caracteristicas projetadas. Geralmente hé produgao de objetos grandes, expresso de necessidade de difundir a imagem corporal, 0 corpo, no continente objeto externo. A énfase é colocada na musculatura de bracos, pernas e t6rax — exacerbacao de mecanismos de acéo e necessidade de instrumentar o aparato motor como expulsivo-expansivo de controle do objeto. PESQUISAS COM O HTP O HTP, ¢ particularmente o desenho da figura humana, tem sido bastante utilizado em pesquisas que procuram avaliar autoestima, imagem corporal e diferentes aspectos psicol6: gicos de grupos clinicos diversos. A aplicacdo das técnicas graficas softe pequenas alteracoes, dependendo do tempo disponivel, do contexto em que se dé a avaliagao e das especificidades do grupo estudado, Nesta secdo, serdo abordados alguns estudos que envolvem as técnicas gréficas em diferentes contextos e para finalidades diversas. 254 ATUALIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS FARA AVALIAGLO PSICOLOGICA Estudos associados a obesidade Santos, Peres e Benez (2002) utilizaram o desenho da figura humana para delinear o perfil psicolégico de 10 adultos obesos mérbidos submetidos a um programa multidisciplinar de reeducacao alimentar. Para o estudo foram selecionados pacientes com idade acima de 21 anos, indice de Massa Corporal compativel com obesidade mérbida e que nao apresentavam problemas psiquiatricos ou de satide que impedissem o retorno ambulatorial. A aplicacéo, individual, seguiu 0 procedimento sugerido por Machover: dois desenhos de figura humana, um de cada sexo, com lépis preto n® 2 e folhas de papel tamanho Oficio. Para a andlise do material coletado foi elaborado um protocolo de avaliag4o, composto por 41 indicadores envolvendo aspectos gerais, formais e de contetido. Entretanto, para a inter- pretacio priorizou-se a andlise qualitativa, considerada mais profunda e reveladora do que a avaliacdo quantitativa. As observacdes coletadas durante o contato de aproximadamente 90 dias com os participantes, por ocasido da intervengo multidisciplinar, também foram arti- culadas com a elaboracao das hipoteses interpretativas. Em linhas gerais, os desenhos indicaram, no grupo estudado, caracteristicas psicolé- gicas coerentes com as encontradas na literatura sobre obesos: dificuldades de contengao de impulsos; tendéncia a imaturidade, passividade, dependéncia e inseguranca; busca de satis- fagio no plano da fantasia; imagem corporal permeada por sentimentos de inadequacio, inferioridade, descontentamento, baixa autoestima e inibicdo. Segundo os autores, os dados obtidos por meio dos desenhos serviram de subsidio para o direcionamento do atendimento psicolégico, visando a maior conscientizacao dos problemas emocionais vivenciados, 0 que pode ter contribuido para a adesio dos sujeitos ao tratamento. Almeida, Loureiro e Santos (2002) usaram o desenho da figura humana e uma entrevista complementar para avaliar a autoimagem de 30 mulheres com obesidade mérbida e com- paré-las com a autoimagem de 30 mulheres nao obesas. Como no estudo acima, a aplicacao seguiu 0 procedimento sugerido por Machover. A avaliagdo dos resultados foi feita quantita- tivamente, a partir de itens cujos significados, segundo a literatura, esto mais associados a imagem corporal, sendo 10 de aspectos gerais e 15 de tamanho e proporcionalidade da confi- guracao global e de partes especificas (como cabega, olhos, ombros e outras) de cada desenho. A codificacao foi feita por quatro psicélogos, divididos em duas duplas. Cada protocolo foi avaliado de modo independente por dois psicslogos. Em caso de discordancia, um terceiro psic6logo, da outra dupla, avaliou o item em questdo. O nivel de concordancia entre avalia- dores atingiu a média de 0,83 no grupo de obesas e variou de 0,70 a 0,92 no grupo de nao obesas. A descrigao do perfil geral de cada grupo baseou-se na frequéncia e na porcentagem dos indices predominantes. A comparagao entre os dois grupos utilizou o Teste +* ou o Teste de intervalo de confianga entre proporgdes, dependendo do mimero de indices envolvido em cada item. Os resultados mostraram que a produgao da maioria dos itens nao apresentou diferengas significativas entre os dois grupos. Entretanto, os itens que apresentaram diferencas signifi- cativas, segundo os autores, so os que se supde sejam os mais relevantes quanto a questéo da imagem corporal: desenho realizado no 4° quadrante; cabeca grande ou muito grande; olhos pequenos; tronco representado de forma distorcida; maos grandes, muito grandes ou omitidas; pernas longas e finas. Quanto as caracteristicas gerais da producao, foi observada maior frequéncia no grupo de obesas: linhas finas; tragado de avancos e recuos; desenhos localizados na parte superior da folha; linhas grossas; tracos trémulos; desenhos localizados A TECNICA DA CASA-ARVORE PESSOA (HTP) DE JOHN Buck 255 no 4° quadrante; auséncia de tematica especifica, A forma como essas mulheres representam bracos, olhos e pernas sugerem falta de confianga na propria produtividade e na manipulacao do ambiente, e inadequagao no contato com as pessoas. No grupo de mulheres nao obesas destacaram-se sinais de agressividade, dependéncia e de falta de controle em relacao ao ambiente (tamanhos globais, olhos e nariz grandes), ten- déncia a se guiar mais pelos impulsos do que pela reflexdo (pescoco grosso, de tamanho médio ‘ou curto) e confianga nas fungdes intelectuais e sociais (cabega de tamanho médio). De modo geral, tronco, térax, peito e pernas foram representados de forma adequada, indicando satis- facdo com a forma corporal e estabilidade com relagao ao corpo. Segundo 0s autores, as fontes dos sentimentos de inadequacao evidenciados no desenho da figura humana quanto a imagem corporal das mulheres obesas podem ser de diversas natu- rezas, que a anélise adotada no estudo nao permitiu identificar. Estudo de validade com avaliagao da autoestima Silva e Villemor-Amaral (2006) realizaram um estudo com o objetivo de evidenciar a vali- dade concorrente entre as categorias de indicadores de autoestima do CAT-A e do HTP. Para tanto, foi calculada a correlacao entre os indicadores de autoestima dos dois instrumentos e também com os resultados no EMAE - Forma A, um instrumento de autorrelato (Gobitta & Guzzo, 2004, citados por Silva & Villemor-Amaral, 2006). Do estudo participaram 32 crianas, ‘com idades entre 7 ¢ 10 anos, de ambos os sexos, frequentando da 2*. & 4°. séries do ensino fundamental de uma escola da rede publica do interior do Estado de Sao Paulo. Apenas a fase acromatica do HTP foi aplicada. Os dados mostraram correlacao positiva e moderada quanto a autoestima entre o HTP e 0 CAT-A (0,575). Em relagdo ao EMAE, a correlagio com 0 CAT-A foi positiva e baixa (0,381), a0 passo que com o HTP nao foi encontrada correlagao significativa. Embora as criangas da amostra em sua maioria tenham apresentado autoestima ele- vada nos trés instrumentos, os resultados no EMAE mostram uma concentragao de 93,8% da amostra com autoestima elevada, em oposigao a 78,1% no CAT-A e 87,5% no HTP. Segundo as autoras, os dados demonstraram que 0s indices de correlagao entre os instrumentos per- mitiram encontrar evidéncia de validade para 0 CAT-A e 0 HTP. As autoras concluem ainda que as diferencas observadas entre os diferentes instrumentos podem decorrer do fato de 0 HTP avaliar a autoestima implicita eo EMAE, por apoiar-se mais nas fungOes cognitivas, ava- liar a autoestima explicita. O CAT-A avaliaria os dois tipos de autoestima, por ser projetivo mas também apoiar-se nas fungOes cognitivas, devido ao seu cardter verbal. Estudos de identificagao de abuso sexual Segundo Deffenbaugh (2003), 4 medida que os testes projetivos se popularizaram, aumentou 0 mimero de estudos visando a identificagdo de elementos que permitissem a deteccao de problemas emocionais especificos. Essa tendéncia pode ser particularmente observada na busca de indicadores de abuso sexual por meio do HTP e do desenho da figura humana. ‘A autora aponta alguns esforcos nesse sentido. Jé na década de 1940, Laura Bender, que trabalhava com criangas vitimas de abuso sexual, identificou casas pintadas ou contornadas 256 ATUALIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS PARA AVALIAGKO PSICOLOCICA em vermelho e chaminés e arvores félicas como elementos bastante frequentes na producao dessas criangas. Esses dados foram confirmados posteriormente por Cohen ¢ Phelps, qua- renta anos depois. Deffenbaugh (2003) levanta varias criticas a0 uso dos desenhos, como as jé conhecidas alegagoes de subjetividade da interpretacdo e falta de fidedignidade e validade do instrumento. Levanta também a hipétese de que a maior exposigao das criangas a sexualidade, nos dias de hoje, coloque em diivida a adequacao de manuais escritos no passado. Reconhece, porém que o HTP apresenta “beneficios logisticos”. Primeiro, éum instrumento que demanda pouco tempo de aplicagao e é de baixo custo; pode ser reaplicado durante o periodo de terapia, para avaliacio do tratamento e, nesse sentido, consiste em “anotagGes visuais” da evolugto da rianca, A autora concorda com Allan e Clark (1984), para quem o HTP nao deve ser usado apenas no infcio da relacao paciente-terapeuta; como os desenhos favorecem a expressao dos pensamentos e sentimentos da crianca, 0 terapeuta poderd usd-los para convidé-la a explorar partes de um desenho particular; no mesmo sentido, as verbalizagdes da crianga associadas 4 produgao constittiem uma valiosa fonte de informagoes para o terapeuta. Para a autora, a principal vantagem do HTP ¢ favorecer uma relagao de confianga com o terapeuta que Ihe permitiré falar a respeito de seus problemas de modo mais aberto. Boa parte das restrigdes de Deffenbaugh ao instrumento baseia-se na pesquisa feita por Palmer ¢ colaboradores (2000). Palmer et al. (2000) avaliou os desenhos do HTP de 47 criangas com histérico confir- mado de abuso sexual, arquivados no Newark Beth Israel Medical Center, em New Jersey, nos Estados Unidos, com a producao de um grupo composto por criangas de duas igrejas locais, além dos irmaos, sem hist6rico de abuso, das criangas do primeiro grupo. A avaliacao foi feita por meio de quatro escalas desenvolvidas por Van Hutton (1994, citado por Palmer et al. 2000): SRC (preocupacao com conceitos relevantes em termos sexuais); AH (agressividade e hostilidade); WGA (retraimento e acessibilidade resguardada) e ADST (vigilancia quanto a0 perigo, atitude de suspeita e falta de confianca). As escalas de Van Hutton consistem em um conjunto de itens agrupados segundo o aspecto comum que avaliam. Por exemplo, a escala SRC inclui itens como: énfase no dormitério, cabelo enfatizado ou elaborado, indefinicao do sexo da figura, figura do sexo oposto ao da crianga, pescogo comprido. A escala AH contém itens como presenca de dentes, énfase no queixo, dedos sem maos, maior pressao na linha da boca. Embora reconhecam as limitagdes da pesquisa, os autores, com base nos resultados ‘obtidos, concluem que o HTP nao contribui para 0 processo de avaliagao de abuso sexual € recomendam que nao seja usado para identificar ou confirmar a ocorréncia dessa possibilidade, 0s problemas metodolégicos do estudo reconhecidos pelos autores so: falta de informacoes sobre varidveis culturais e raciais, nivel de escolaridade dos pais e treinamento artistico ante- rior; registros dos abusos sexuais de qualidade irregular e sujeitos a vies; composicao do grupo de controle sem avaliagdo adequada da possibilidade de os irmaos inclufdos terem, também eles, terem sido vitimas de abuso sexual; a média das idades do grupo de comparagio era 1 ano e meio inferior 4 média do grupo clinico; a amplitude de idades no grupo vitimizado era de 4 anos e 6 meses a 17 anos e 5 meses, enquanto no grupo de comparacao a amplitude era de 5 anos e 2 meses a 13 anos e 9 meses; além das questdes da idade, nao houve controle ade- quado das varidveis género e nivel social. Em nenhum momento os autores levam em conta 6 fato de o HTP ter sido aplicado de forma coletiva nas criangas, nas proprias igrejas. Em uma sala de aula, foram fornecidas quatro folhas de papel as criancas, ap6s uma breve apresen- tacdo informando que a pesquisa visava a compreender melhor os desenhos de casa, arvore € pessoa das criangas. Nao ha dados sobre como os desenhos foram solicitados. Nao ha como assegurar que a motivacao dessas criangas para desenhar e o envolvimento emocional com a A Tecnica oa casa-Anvone pessoa (HTP) DE Joun Buck 257 tarefa tenham sido os mesmos do grupo clinico, submetido a aplicagdes individuals &m 0 contexto de investigacdo mais amplo. Nao nos deteremos mais nessa pesquisa, mas ela é um bom exemplo de como muitas vezes as con gicas passam a ser citadas como evidencias .clusdes de estudos com graves falhas metodolo- favoraveis ou desfavordveis a um instrumento, Sem levar em conta as limitagdes ou inadequagdes desses estudos. Briggs e Lehman (1989) demonstram como os desenhos sto importantes part © diag- néstico de ocorréncia de abuso sexual. Em seu artigo as autoras apresentam dois casos: um fm que havia a certeza de abuso sexual (uma menina de cerca de 4 aos relatou a mae que co omen a havia tocado nos genitais) no outro caso, a suspeita foi levantada pela profes- ava de uma menina de § anos, assustada com a quantidade de simbolos félicos que a garot apresentava em seus desenhos, e com a impressio que eles the transmitiam de que “algo aPresstava bem”, A analise isolada de partes dos desenlhos pouco esclarece, mas a producao vtae duas meninas mostra claramente um alto grau de ansiedade e sentiment de desampar® frente a um ambiente ameacador. Destaca-se a pobreza de detalhes das representagdes de si quando comparadas as de outras figuras desenhadas por essas criansas, ‘Apés 0 incidente, a primeira menina passou a se desenhar sem bragos e com a linha do solo. Seis meses apés 0 ocorrido, ¢ antes de ser levada a uma psicdloga, ela desenhou “o hhomem que eu nao gosto” com bragos largos e grandes e tragos como dedos, além de fazer uum pequeno traco na regido genital. As cores predominantes sao roxo, vermelho € preto. Segundo as autoras, seus desenhhos mostram que ela passava por grande sofrimento emocional. |Apés a primeira sessio de terapia, a garota desenhou a si ¢ & terapeuta Embora a terapeuta seja desenhada com mais detalhes, as duas figuras tém dois bracos e nao ha linha do solo. Abaixo, um desenho em que a crianga se apresenta na banheira, cercada por “uma aranha, dima cobra, uma minhoca ¢ uma abelha”, realizado antes da intervencio terapeutica (Briggs & Lehman, 1989, p. 138). [A segunda crianca de fato estava sofrendo abuso sextal por parte de seu iro ft sivelmente da mae ~ que tinha historico de abuso sexual em relagao ao flho mais velho. Como apontam as autoras, os desenhos dessa menina, além dos formatos falicos, SPR cam antorretratos sem feighes e sem bragos: a0 desenhar a familia na casa, o imo foi 238, AruacizacOes EM METODOS PROIETIVOS PARA AVALIAGRO PSICOLOCICA representado com um “terceiro membro”, proximo a viriha, que mais se assemelha a um pénis ereto. Abaixo, o desenho da casa. O contorno foi feito pela professora. As duas figuras Superiores so respectivamente o irmaio e a mie; a crianga se representa 20 lado da porta, apoiada na linha do solo (Briggs & Lehman, 1989, p. 146). ‘A.comparagao de elementos isolados dos desenhos provavelmente ndo seria conclusiva. Mas o tom emocional geral dessas produgdes permite identificar claramente o ambiente pir: wide como altamente ameacador. Associados aos relatos verbais que provocaram ¢ a0s dados de observacdo do comportamento dessas criangas em diferentes ambientes, 0s desenhos con- fribuiram decisivamente para a identificago da natureza da agressao sofrida por elas. ‘Apenas como ilustracdo da forga dramatica da expressao grafica, ¢ mostrado a seguir 0 desenho de uma menina de 13 anos estuprada repetidamente; 0 desenho encontra-se dispo- nivel em http://www.amnestyusa.org/child_soldiers/pages. A récwica oA cAsackavore pessoa (HTP) of Jonn Buck 259 Avaliacao de intervengao Gomes (s.d.) apresenta parte dos resultados de um estudo sobre a formacao do sintoma na ctianga, que envolve o atendimento dos pais. Como parte do procedimento, € feito 0 psi- codiagnéstico da crianga, com base nos modelos de Ocampo e Trinca, usando o HTP e, no caso de criancas menores, também a hora lidica. Ap6s 0 psicodiagnéstico, € proposto 0 aten- imento dos casais em 8 sessdes de psicoterapia breve com enfoque psicanalitico. Apos © encerramento da intervencao terapéutica, as criangas sao reavaliadas. CO estudo mostra 6 casos e demonstra a utilidade do HTP nesse contexto. Segundo a autora, o instrumento permitiu identificar 0s recursos egoicos presentes e tracos da personalidade das tiancas. As rvores mostraram-se adequadas as faixas etdrias dos sujeitos; as casas revelaram mais claramente as dificuldades da dinamica conjugal ou familiar, 0 que fundamentou o des- Jocamento do foco do atendimento, das criangas para os pais; as figuras humanas permitiram observar a construcao da identidade, o contato interpessoal e dados referentes a autonomia & 4 independéncia. Os desenhos no reteste evidenciaram a evolucdo das criancas: mostraram-se mais elaborados e com uso de cores mais adequado; revelaram que as criangas estavam mais seguras e aliviadas do peso das questdes familiares, mais abertas a interesses compativels com a idade, mais independentes e desenvolvidas socialmente, com remisséo das queixas de con- dduta iniciais. Para a autora, “o uso de algumas técnicas projetivas permite ao clinico maior clareza na atribuigéo das hip6teses diagnésticas e, consequentemente, na escolha do melhor tipo de intervengao terapéutica para 0 caso” (p. 10). Um estudo emblematico Meyer, Brown e Levine (1955) realizaram um estudo com pacientes internados no Mount Sinai Hospital, na cidade de Nova York, para a realizagio de cirurgias invasivas € mutiladoras. Retomarel aqui este estudo, apesar de ter sido realizado ha mais de 30 anos, por conside- ré-Jo um exemplo de pesquisa adequada as técnicas projetivas gréficas sob varios aspectos: = Acoleta de dados se deu em um contexto real de pratica clinica. = O teste foi aplicado em sessdes individuais. ~ Hé dados objetivos sobre a situagio de vida atual dos participantes. | Ha dados de anamnese e de entrevista psiquiatrica realizadas com os participantes. = Os desenhos foram feitos em duas situagdes distintas, antes e apés os procedimentos cirdrgicos. As interpretagoes procuram apreender o sentido global de cada producao, sem deixar de mencionar detalhes relevantes em termos de significado. As interpretagoes so articuladas com os dados do histérico de cada paciente € com ‘uma teoria, no caso, a psicanalise. Além disso, 0 proprio estudo teve origem em uma situagdo pritica na qual os dados obtidos por meio da anamnese e da entrevista psiquidtrica mostraram-se insuficientes para compreensao mais profunda das vivencias em situacao de crise dos pacientes e dos recursos que eles mobilizam para suporté-las Essa insuficiéncia foi observada a partir de um caso con= creto de mastectomia. 260 ATUALIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS FARA AVALIACAO PSICOLOGICA Appaciente, de 54 anos, informou ter tido uma vida normal e feliz, exceto pela perda de um filho de dez anos de idade, hé nove anos. Relatou ter sofrido muito na ocasido da perda, ‘mas afirmou ter conseguido superar a tragédia. A conclusao a partir desses e de outros dados foi ade que a paciente poderia sofrer um periodo de depressao leve apés a cirurgia, sem outras cconsequéncias psicol6gicas preocupantes, 0 que de fato aconteceu. Porém, no terceiro dia apés a operacao, a paciente relatou um sonho em que via 0 filho morto correndo. Ela pro- ‘curava alcangé-lo, com os bracos abertos, mas ele sempre escapava. O médico perguntou-lhe em que direcdo o menino corria, ao que a paciente respondeu, sem hesitar: “Para a esquerda, doutor, sempre para a esquerda”. A mama esquerda fora removida. ‘A equipe de atendimento considerou que o sonho indicava a associagao da perda da mama com a perda do filho, uma atitude inconsciente em relacdo a cirurgia que nao fora identifi- cada nas entrevistas, Ponderou-se que 0 uso de uma técnica projetiva contribuiria com dados sobre as atitudes inconscientes em relagdo a mudangas corporais provocadas por intervencOes, inirgicas. Um projeto conjunto usando o HTP e a avaliagao psiquidtrica fol entdo desenvol- vido, tema do artigo aqui referido. Dos 22 pacientes que seriam submetidos a procedimentos invasivos e ou mutiladores, 9 realizaram apenas a primeira série de desenhos, por diferentes motivos, ¢ S se recusaram. ‘a fazer o teste. A forma aplicada foi simplificada: os pacientes recebiam lapis grafite n° 2 € lépis de cor comuns; era-Ihes solicitado que desenhassem uma casa, uma arvore e uma figura humana de cada sexo, usando os lapis que quisessem. ‘A interpretagdo dos desenhos baseou-se na apreensio global dos desenhos € os deta- hes relevantes, de modo geral atipicos, foram examinados no contexto da apreensao global. Inicialmente foi feita uma anlise cega por psicdlogos que desconheciam o histérico clt- nico dos casos. Essas andlises mostraram-se bastante precisas, nao s6 tem termos de aspectos psicol6gicos como também quanto a natureza da doenca fisica e do tratamento cirtirgico. AS Conclusdes finais levaram em conta a interpretagdo do desenho articulada com os dados do historico de cada paciente. ‘Um dado que chamou a atengao foi a grande diferenga na qualidade das produgoes pré- operatérias ¢ p6s-operatérias, a ponto de se cogitar se teriam sido feitas pelo mesmo individuo, ‘uma diferenca, segundo 0s autores, compardvel & que se observa na produgio de individuos submetidos a anos de terapia psicanalitica. AA presenga de regressao pré-operatoria foi marcante, com vérlas produgOes com carac- teristicas de deterioracao esquizofrénica. Nesse sentido, destacam-se uma casa com bracos € pernas, uma figura humana semelhante a um sapo e outra com dois narizes, além de uma representacao de perfil com as feiges vistas de frente, entre outras. Houve casos em que a cor foi usada de modo irrealista, como uma Arvore com folhas cor-de-rosa. Quanto ao con- tetido, ocorreram desenhos de criangas como figuras humanas, brotos em lugar de arvores formadas e casas semelhantes a caixas. Outros exemplos de regressdo foram identificados em desenhos que procuravam ocupar 0 minimo espago possivel e uma instancia de labios pro- trafdos com énfase na oralidade. Esses pacientes ndo apresentaram nenhum indicio de desorganizacao na entrevista psi- quistrica, A qualidade da producdo no pés-operatério dependeu do resultado da cirurgia. Os pacientes submetidos a mutilagdes visiveis apresentaram os mesmos elementos defen- sivos observados na producio anterior a intervengao. No caso de pacientes cuja cirurgia nao resultou em mutilacoes visiveis ou apenas minimas, a producao pés-cirdrgica foi sensivel- mente melhor. As cores se mostraram compativeis com a realidade, desenhos monocrométicos foram substituidos por desenhos coloridos, as figuras infantis foram trocadas por figuras A TEENICA 04 CASA-AnVORE PE5SOA (HTP) DF Jon Buck 261 adultas, inclusive os brotos por érvores maduras, e as casas se mostraram mais receptivas € abertas para 0 entorno; a representag’o da casa com bracos e pernas foi substituida por um desenho compativel com a realidade e a boca com énfase na oralidade foi modificada. O tom emocional dos desenhos também apresentou sensivel melhora. Para os autores, a regressdo € comum em pessoas doentes. Esses aspectos encontrados em varios pacientes e que desapareceram apés a cirurgia, seriam manifestagoes da intensa ansiedade dessas pessoas diante nao s6 do procedimento cirtirgico em si, como também da mutilacdo decorrente e da possibilidade da morte. Comparando 0s dados observados nessa amostra de pacientes que passavam pot momentos agudos da doenca com as observagdes de Levine e Brown, mencionados pelos autores, em relaco a aspectos regressivos em doentes crénicos, os autores observaram que o grau de ansiedade e o sentimento de catastrofe imi- nente stio bem mais acentuados no grupo agudo. Os autores destacam ainda que 0 grau de regressdo observado nos desenhos superou em muito o observado nas entrevistas clinicas. Duas excecdes a melhoria nos desenhos pés-cirtirgicos foram observadas. Uma foi uma paciente de 45 anos com longo hist6rico de cirurgias retais e anais, desde aproximadamente 15 anos de idade. Muitas vezes a paciente introduzia o dedo indicador no Anus para facilitar a passagem das fezes. Era gaga desde os 7 anos de idade e apresentou enurese noturna até os 17 anos. Os autores identificaram uma grande semelhanga entre seus desenhos da figura humana € figura de Joao Felpudo (Struwwelpeter), o personagem de um conto infantil alemao, con- forme mostra a ilustragdo abaixo, extraida de Meyer, Brown e Levine (1955, p. 444) Ln 262 ATUALIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS FARA AVALIACAO PSICOLOGICR Otha pra ele! Olha sé! Cabelo e maos de dar d6. As unhas nunca cortou, cor de carvao, um horror! Agua? Nunca! 6 fedor! E cada dia € pior! Qualquer coisa é melhor que esse Jodo Catimbé. (tradugao de Angela-Lago)' Outra produgao que nao apresentou diferencas significativas foi a de uma paciente com recursos intelectuais limitrofes que finalmente se dispusera a remover um cisto do escalpo. O cisto tinha 0 tamanho de uma bola de beisebol e estava presente ha 25 anos. Na fase pré- cirdirgica todos os desenhos - casa, arvore pessoa — tinham uma “bola” que se projetava das extremidades superiores. Apés a remocdo do cisto, as protuberancias ainda apareceram nos desenhos, como se ele tivesse sido “integrado” a imagem corporal da paciente. Um desenho da paciente anterior a cirurgia € mostrado abaixo, extrafdo de Meyer, Brown ¢ Levine (1955, p. 441). Este viltimo também foi o tinico caso em que a doenca somitica fol expressa diretamente no desenho. Nos outros pacientes, as alusGes apresentaram cardter simbélico e tenderam a esaparecer ou se modificar apés a cirurgia: um homem portador de cancer retal pintou de vermelho 0s degraus que conduzem a casa; uma mulher com suspeita de cancer de mama desenhou a casa perieitamente simétrica, exceto por uma janela representada apenas pelo contorno, dando a impressio de vazio, desenhada no mesmo lado da mama afetada. Ja um paciente que seria submetido a hemipelvectomia, decorrente de sarcoma na virilha, omitiu a parte inferior da figura humana, o que foi identificado pelos autores como um proceso de negagio; no desenho da arvore, uma linha inclinada bizarra corta 0 tronco; no pés-opera- t6rio, o corpo da figura humana ¢ omitido abaixo da linha do pescoco; apés 3 meses, as duas pemas aparecem no desenho, embora a perna esquerda (correspondente ao membro ampu- tado), tenha o pé mutilado. Outra paciente, com suspeita de cancer de mama, desenhou uma * stragko de Jado Felpudo e radusdo dos versos disponives em http//wwwangelalago.com.br/1Heffmann.htm! A 1eenica oA casa-Aavont Pessoa (HTP) DF JOHN Buck 263 casa perfeitamente simétrica, exceto pela auséncia da parede esquerda; a figura humans foi Gesemhada como uma menina de sete anos, com 0 pé esquerdo deformado, Na cirurgia fol constatado que se tratava de um tumor benigno e a mama foi preservada, A casa desenhada apés a cirurgia ¢ perfeitamente simétrica e integra, ea figura humana € uma adolescente com 108 seios bem representados. Ox tés ultimos casos citados, assim como 0 sonho da paciente que deu origem a0 Pro jeto, apresentam correspondéncia entre lateralidade anatémica e lateralidade da representagio vimbélica da parte do corpo afetada. Esse dado reforca 0 cardter de autorretrato dos desenhos. "ainda segundo os autores, no grupo de pacientes estudados, as mudangas mais dra- inaticas foram observadas nos desenhos da casa. [sso pode ser explicado por dois motivos: primeizo, a correspondéncia entre casa e si mesmo é menos dbvia, uma vez que, dos trés eanas solicitados, apenas a casa nao é um organismo vivo, 0 que mobilizaria menos defesas; segundo, a casa pode ser também a representagao de um lugar seguro, associado as nocoes de lar ow figura materna, o que Ihe contfere alto valor emocional em uma situagio de cardter tuo ameacador como aquela em que os pacientes se encontravam. Por outro lado, fol possivel dliferenciar aspectos mais estaveis da personalidade e contetidos mais diretamente associados ao momento de crise. CONSIDERACOES FINAIS Na pratica clinica, os desenhos, como jé mencionado varias vezes nos capitulos sobre técnicas projetivas grdficas, nao devem ser vistos como mera somatoria de sinais ow cAnic: teristicas de producao que se prestam, ou ndo, a exercicios matematicos. Se, por um lado, 2 jdentificagio de caracteristicas proprias de grupos clinicos especificos contribul com dados importantes para a compreensao da dindmica ou da patologia subjacente, por ou nada dizem sobre as especificidades dos casos, como fica claro nos estudos baseadlos em itens so- Iados, Eventos como abuso sexual, possibilidade de mutilagio ou presenca de doenga nos genitais nao “cria” caracteristicas especificas; eles terdo impacto na personalidade tnica sebre a qual se abatem, que mobilizar4, & sua maneira, 08 recursos possiveis para enfren‘ar © trauma ou a ameaca. Essa configuracio singular de forcas escapa completamente aos indices rruméricos, aos itens isolados ou as categorias amplas e abstratas, Quem espera a elaboragao “fe escalae de itens isolados que resultem em um valor numérico ¢ assegurem 0 diagnéstice certamente se frustrard, Apenas a consideracao da producdo gréfica como um todo ¢ na sua singularidade poderd revelar de modo dramatico as consequéncias desses eventos sobre a per- sonalidade global. (Os desenhos podem expressar o sofrimento com uma intensidade que excede 0 qué 38 palavras, e muito menos os ntimeros, podem dar conta. Para 0 cliente, a expressdo gréfica favorece a elaboragio dos conflitos ou, pelo menos, a maior ‘conscientizagao dos contetidos dolerosos € estimula verbalizacdes associadas. Para 0 clinico, eles permitem aproximarse do mundo interno dessas pessoas, de suas ansiedades e principals temores, asim como dos recursos de que dispOem para suporté-los, a fim de fornecer-Ihes 0 apoio eo acolhimento de ue necessitam - 0 que nem sempre € explicitado nas entrevistas, Porm, esses dados nao se se « conhecer em termos absolutos. Cabe ao profssional usar a experiéncia¢ 0 lastro pessoal para relacioné-los em articulagdes mais complexas, de acordo com o metodo dlinico. A utili- ade das téenicas projetivas gréficas, quando subordinadas ao método clinico, € inestimavel para o profissional que trabalha com as quest6es da vida real daqueles @ quem atende. 268 ATUALIZAGOES EM METODOS PROIETIVOS PARA AVALIAGAO PSICOLOCICA REFERENCIAS Almeida, G. A. N., Loureiro, S. R., & Santos, |. E. (2002). A imagem corporal de mulheres morbidamente obesas avaliada através do desenho da figura humana. Psicologia: Reflexdo e Critica, 15 (2), 283-292. Anzieu, D. (11986). 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