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Nn TR ones b > > b > t 4 "A viqueza das nacdes, Investigasio sobre sua natureza @ suas causa publicada pela primeira vez em 9 de margo de 1776 6 a obra ave inkciou a era cient{fica da economia, ‘Esta proposicgio, embore possa ser um pouco Anjusta pelo menos’ em relacio aos fisiocratas, principalnente Quesnay, vistos na se- go anterior, @ com alguns nercantilistas, como Sir Willian Petty, é aceita pela mioria dos economistas modernos de diversas extragées ideolégicas. / De Smith descerdem as principais correntes do pensamente econémico moderno: dae conomia neo-cléssica ao marxismo, como de Adio descenderam Caim e Abel. A principal caracteristica de "A Riqueza das Nagdes" foi ser ela uno bra de seu tempo. 0 fato de este tempo ter sido o perfodo iluminista tornou- 2 um classico, 0 perfodo iluminista’ distingue-se das denis épocas por uma sensagdo de Quniniss euforia intelectval proveniente da libertagfio da rigida doutrim teolégica que vigorara durante toda a idade média, Esta sensago de otimismo derivave-se ba sicanente de trés fontes, Em-primeiro lugar acreditave-se ter sido descoberto © método cientifico apropriade para desvendaren-se todos os esquenasgerais da oir et) eee ratureza © das sociedades humanas: GmiStado dedutivg, °-En segundo, passou a See ser uma firme crenga de todas os homens cultos do perfode 0 fate de que o ser humane &-réGiona’ hfs ~ ralmente, imginou-se que a ratureza havia sido orga- nizada por um Deus sébio e benévolo, que @ havia disposto de um modo generoso @0 ser humano, 0 homem racional, de posse do mitodo cient{fico correto, pode- ria assim desverdar os segredos da ratureza, de modo @ conduzir a vida humare @ uma sociedade totalmente feliz, a um parafso terrestre, zg CGAK * TSturo original: An Inquiry the Nature and Causes of the Wealth of tation traduzido na colegio Os Economistas. Abril Cultural, S.P,, 1983. Para estabelecer a mtureza especifica do método dedutivo, verificar Taylor. 0, Histéria del Pensamiento Economico, op. cit. TT Nas palavras de um autor moderno: "Nas prineiras sociedades primitives pobres, ignorantes e miserdveis, 9 Pessimismo naturalnente dominante dispunha as pessoas a imginar e@. crer em ure infinidade de deuses ou dendnios caprichosos @ doninadores. Quando cram ir ritados por acontecimentes, incluindo agdes humans, que os desagradavam, es- Ses deuses ou deminios reagiam provcando fates terriveis, como eclipses, raios etc, Funcionando as: ‘Sim como mecanismos explicativos entre os acontecimentos ini ©4848 que os provocaram @ esses acontecimentos subsequentes, Em sociedades mais adiantadas e prisperas, entretanto, prevaleceu um ponto de vista mis recional, Gee, vou ced nowere|# farmer, 8) concen 40 ts\ todala (stumcen’ tone unie iota G- Rico © em sun maior parte benéfico, que deve ter sido concebido e realizado ori giralnente por um Deus Unico, sébio e tenévolo, que depois de haver criado a méauina do mundo e havé—la posto em movimento no mis rela interviu, 0 desen- velvinento da ciéncia foi um aunento progressivo do conhecimento @ da compreen S80 de un nimoro cada vez maior de mecanismos explicativos internes entre as partes mais evidentes da natureza como um Sistema, maquina ou mecanismo" 2 E na esteira dessas concepcies que a Riqueza das Niches foiescrita, Em Primeiro luger, procura analisar os fendmenos econdmicos como parte de um ors dem ratural, harmoniosa e inteleg{vel, io que para muitos autores resultou Si 56 ra elevagiio da Economia Politica ao “stati em termos metodolégicos, por de cigncia, identificandoa, as ciéneias raturais entéo em franco progress. Um se Guro aspecto importante a ser assimalado é a concepslo de que, dada a raciona lidade do homem, essa ordem natural requer para realizar-se plenamonte @ maior Lberdade individual possivel no énbito das relates econdnicas, Oa mesma forma que a obra de J, Lock conduziv @ teoria dademocracie Uiberal, na qual o Estado deve existir apenas para proteger.a propriedade dos > 3 Taylor, 0, Histéria del Pensamiento Economica p, 64 Veja-se, por exemplo, 2° Tratado do Governo. Os Pensadores Abril Cultu- rel, S.p, individuos, sendo seu poder conferide @ fiscalizado através do poder legis lati um, @ Riqueza das Nagdes conduziu A teoria da economia liberal) € clareque um vez que a riqueze estava concentrada ras mos do poucas pessoas - a ybursuesia industrial emeryente - tanto na esfera das relagies econdmicas como na esfera das relacées polfticas, esta classe de pessoas deteria um posiclio hayeminica na sociedade, Esta conseqiiincia dbvia da acumulagio primitiva do capital ante- rior, entretanto, nunca foi destacada 0 suficiente polos principais autores do periodo. No @mbito das relagées internaciomis, o “laissez faire” semnifestave ra doutrina do livre conéreio, com @ abolicdo total das tarreirasalfendegérias & cutras medidas. protecionistas adotades durante muitos anos sob inspirago de doutrina mercantilista, Em 1776, era um fato incontestével que 0 mundo ha- via mdado, A Inglaterra, jf havia ultrapassado o principal perfeda das conauis tas territoriais e, por essa época, jé estava constitufde 0 "império one osol nunca se poe". 0 perfodo epopfico, e algo obscure, das conquistas havia exigi- do ro aperas medidas protecionistas, mas tanixim o emprego em grande escala de forge militar, A armada inglesa foi una garentia para o estabelecinento dos primeiros conerciantes nas terres estranhas do Oriente @ em outras regides, a 1ém de exercer um papel fundamental no processo de extingdo do predoninio eco Portugal e Esparha e no combate as tenta- pémico das antigas poténcies naveis: tives de expansio da Franga e Holanda, Una vez garentida @ hegeninica econémi- ca mundial, podia-se falar em vantagens conerciais, livre conéreio etc] era re cossério, em sum, estabelecer a “Pax Britdnica", As teories da economia @ de denocracia liberais refletem, a0 nivel ideolégico, este novo muro oryanizado sob @ égide da coroa inglesa, (Adam Smith e 0 livre comércio pubstituem os mercanti listas e oprotecig nismolassim como J. Locke e @ teoria da denocracia Liberal substituem — Thoms Hobbes @ 0 Leviathan, Isto, entretanto, nio quer dizer dua sempre e onde tenne sido necessério, mesmo resse perfodo, @ espada briténica rio tenke sido usade para garantir a manutengdo dos pnctos estabolecides entra os interesses em Jo- go. eee neney = jens do bur A articulego clara das idéias com 55 necassidades econ quesia industrial, que S© expressam de moeira evidente na expansso comercial ultra marina @ na pauperizagio das grandes mS apoms porque 6 merondorse or de troca relativanente baixo, 6 sm ds Afiquem a Riqueza das Nay para Marx, segundo eS forga de trabalho possuiria um vel razdo para que muitos autores ident: seas burgueses. vida @ tres obras como mera apologia dos intere: te ponto de vista: »S6 reinam af" (Na esfera de circulagio de mercadories) “ Miberdade, i- guaidade, propriedade”e Bentham. Liberusda, pois © conpredor e 9 verdedar de le trabalho, por exemplo, 30 deterninados apemis p2- uma nercadoria, @ forge di pessoas ures, Juridicanente iguais, 0 Ja sua vontade livre, Contratam con contrato é o resultado final, @ expresséo jur{dica comum de suas vontades. I- gmideds, pois estabelecen relerbes mituas pars cone possvidoree de merce equivalonte, Propriedade, pois cada um sd is dorias e trocam equivazente po: os dois sé cuida de si mesmo! A Gni- poe do que é seu, Bentham, pois cada um di ca forga que os junta eos relaciora & 2 do prowite proprio, da ventagem in- € justanente por cada um cuidar de si mesma, dividual dos interesses privados, em virtude de uma harmonia realizam todos, dando ninguém dos outros, 6 de ume providéncia oniscien- nao cui ‘ou sob os auspicio: pré-estabelecida das coisas, de utilidade comm, de intercsse te, apenas as obras de proveito reciproco, gerel". ho deixar @ esfera de circulagéo sinples © da economia 1ibera1)", & qual u da troca de mproadorias " {que é a esfere por exceléncia livre-cambista vulgar toma de empréstino sua concengie, @ no trabalho assalariado, 6 do nosso drana, 0 antigo dono proprietério da for- idéias e critérios pare julgar 6 So- parece-nos que algo 5 ciedade baseada no capital jo i- transform na Fisionomia dos personagent rente como capitalista; segue-o 0 r, 0 primeiro com um ar impor’ nheiro marcha agora a f: ante, sorriso ga de trabalho como seu trabalhado) 0 segundo timido, que velneco ¢ dvido de regécios: entrafeito, como algvém verde sua prépria pele @ eponas espera scr e5folndo.” Sx tare, D capital Civilizagdo Brasileira, A. J++ 1900, p. 196/197. l 0 fato de que, apesar de tudo, 0 préprio Marx considerava a Riqueza das Nagées como uma obra importante e esclarecedora, atribuinde suas limitazdes a0 fato de ter sido escrita ros primeiros tempos da revolugéo industrig], sugere que esta obra cunpriu uma funglo importante, senjo fundamental, na histéria do pensamento econdmico, inf luenciando, como j4 dissemos antes, autores de todas as correntes ideolégicas posteriores, RIQUEZA OAS NACTES ( Costuna-se rotular a Riqueza das Nacfes como uma teoria do crescinento econGmico. Mas ela ro é apenas isso. € clare que, ao se propor a estuar as ceusas da Riqueza das thcdes, Smith teria de analisar os mecanismos que , Produ 7iriom esta sitvagio, ms no era esse 0 objetivo principal da sua obra, A Ai Queza das Nacdes pretende compreender © modo como se processam as relagdes eco némicas em um sistema capitalista! A intuigdo genial de Smith permitiu que ele Feet toee een Ot Tee col podria cer |cica saree cai itn cres Cimento econémico, que é a dinimica prépria do capitalisno. Nio se pode falar om capitalismo 8 rliorser en um contexto de acumulagio de capital acelerada, as Sim Bo se pode estudé-1o @ no ser em seu estado mais natural que 6 0 de cres Gimento, Oeste modo, as relagfes ou as questées econdnicas furdanentais, cono Produce distribuiglo, desigualdades ragionais, conéreio internacional ete se- 1 rio Sempre analisadas nur perspectiva de crescinento econémico. > 40 aperfeigoamento do processo de divisio do trabalhd, e portanto G das forgas produtivas do trabalho, gere a riqueza para todas as camadas da sociedade, inclusive 4s mis baixas. Isto ocorre porque, se cada homem tem para vender uma grande quantidade do seu trabalho, além da que ypeces— sita para seu préprio consumo, estando todos os dennis trabalhadores na mesma situagio, pode ele trocar parte de seus priprios bens por uma gran de quantidade de bens desses outros, A abundancia geral de bens, decorren te da diviséio do trabalho, difunde-se desta form, enbora nfo igualmente, por todas as camdas da saciedade, A seguinte passagem ilustra bem esses fatos: Qoserve-se a moredia do arteséo ou diarista mais comum em um pais civilizedo e Florescente, e se notaré que é impossivel calculer 0 rimero de pessoas que contribui com uma parcela - ainda que reduzida - de seu weect ‘trabalho, pare suprir as necessidades deste operirio, 0 casaco de 14, por-, exemplo, que o treba lhador usa pare agasalhar-se por mis nude que se ja, é 0 produto do trabalho conjugado de uma grande multiddo de trabalhadpres, 0 pastor, 0 selecionador de 18, 0 cariador, 0 tiniurrire, 0 Fisndeiro, o teceldo, 0 pisceiro, 0 confeccionador de roupas, além Je muitos outros, todos eles precisam contribuir com suas profissins espec{ficas para fabri cae esse produto to comum de uso diério, Calcule-se agora quantos comer Ciantes e carregadores, além dos trabalhadores jf citados, devem ter con tribufdo para transportar essa mtéria prima do local onde trebalham al- Guns para os locais onde trabalham outros, quando muitas vezes as distin cias entre uns e outros séo tdo grandes! Calcule-se quanto confrcio equan ta navegagio ~ incluindo af os construtores de mavios, os mrinheires, pro dutores de veles © de cordas ~ devem ter sido necessdrias para juntar os diferentes tipos de drogas ou produtos utilizados para tingir o- tecido, drogas essas que Freqlentenente provin des recantos mais longinquos da ter ra! Qudo grande é também a variedade de trabalho recessdria pare prodwir as Ferramentas do menos categorizado desses opertrios! Sem fazer mengio de mi Guinas t&o complexas como o navio ou barco do marujo, o moinho do pisoeiro, ou 0 priprio tear de tecelio, consideremos apenas ae variedades de traba- lho so recessérias pare fabricar esse dispositivo tio simples que é a te- soura, com a qual o pastor tosa @ 18 das ovelhas, 0 mineiro, 0 construtor do forno destinado a fundir 0 mingrio, 0 cortador de madeira, 0 queinador de carvéo a ser utilizedo na cémra de fuséio, 0 oleire aus Fabrica ti jolos, © pedreiro, 0s operdrios que operam o forna, 0 encarregado da manutergéo das miquinas, 0 forjador, o ferreiro ~ todos precisam associar suas habi li dades profissionais para produzir uma tesoura, Se Fizessemos 0 msmo exame das diferentes pacas de roupa e do mob{lia usadas polo opertirio, da tosca @ cobre @ pele, dos sapatos qua lhe protegem os pis, camisa de linho que Jo cam em que se deita e de todas as diversas pocas qo compiem 8 sua mo 9 bf lia e seus pertences, do fogio em que prepara os alimentos, do carvioaue utiliza pare isso, escavado das entrantas da terra e trazido até ele talvez atrevis de um longo percurse maritmo e terrestre, de todos os outros ‘ten sflios de sua cozinha, de todos os pertences da sua mesa - faca e garfos, travessas de barre ou de peltre em que serve as comidas ~ das diferentes mios que colaboram no preparo de seu pio e sua cerveja, da vidraca que no deixa entrar o calor e @ luz e efasta o vento e @ chwva ~ com todo © conhe cimento e arte exigidos para chegar @ essa bela e feliz invenciio, sem @ qual as nossas regides do norte dificilnente teriam podido criar moradias t&o confortdveis - juntamente com as ferramentas de todos os diversos ope- rérios enpregados na produso dessas diferentes utilidades, Se exeminarmos todas essas coisas @ considerarms a grande variedade de trebalhos empresa dos em cada una dessas atividades, perceberemos que sem a ajuda ea coope- ragdo de muitos milmares nfo seria poss{vel prover as necessidades, nem mos mo de una pessoa de classe mis baixa de um pafs civilizado, por mais que imaginemos - erroreanente - ser muito pouco e mito simples aquilo de que tais pessoas necessitam, Em comparagio com o luxo estravagante dos grandes, as necessidades e pertences de um operério certanente parecem ser extrena- mente simples e féceis e, ro entanto, talvez seja verdade que @ diferenca de necessidades de um principe europeu e de um camponés trabalhador e fru gal nem sempre é mito mior do que a diferena que existe entre as neces- sidades deste Ultimo e as de muitos reis da Africa, que so senhores abso— lutos das vidas e das liberdades de 10 mil selvagens nus, _ eth ot Coovcns pessoas poderion acreditar que este mundo de solidariededs e cooperacio descrito por Smith pudesse funcionar, se isto de fato nio ti vesse ocorrido,! Pode-se imginar 0 impacto que essas idéias causaram na 5 da Riqueza das Nigbes, quando poca da publicagfo das prinpiras edicé nfo era de modo algum evidente que 03 homens pusessem trebalhar yvolunta— Fianente para os denis, de mneira a prover a sociedade de todos os bens necessérios, Em todas as épocas anteriores, o homm havia trabalhado para 0s outros, construfde obras monumentais, como as pirimides eg{pcias, pro- duzido excedentes para manter as vidas faustoses e despreocugadas dos no- bres, cono os miseriveis crmponeses franceses entes da RevolusfoFrancesa, ms certamente nunca de mneira voluntéria e aparentemente descordemda como no mindo proposto por Smith, ‘duns questées fundanentais teriam mcessarianente de ser esclarect das ra convencer as pessoas de posse, que tinham muito a perder,da via bilidade deste mundo, Em primeiro lugar, rantia que a divisgo do trabalho se_processaria em qualquer sociedade, gerando a dependéncia _en- {res howns? Em segundo lugar, qual o moanismo que transformria essa dependénciu em vouerayao e solidariedade? “i “| “A primeira questdo Smith respondeu dizendo que a divisdo do traba- tho tinha origem &m uma propensdo natural do homem: @ propenséo @ inter canbiar, permutar ou trocar um coisa pela outra. A segunda, “a resposta foi menos ébvia: a perseguigéio do interesse individual, em um mercado com petitivo, asseguraria o bem estar coletive sen a necessidade de um coor denagio central, vale dizer em condigées de “laissez - faire", (0 principio que dé origem & divisio do trabalho nfo é dificil de compreender, Innginemos una sociedade em que cada homm vive autonomamen te produzindo todos os bens de que necessita! Podemos supor que rio aja diferenges signitieativas entre as ropes, © po, as cases, enfimtodos os bens produzides pelas diversas pessoas desta sociadade, © mesmo assim 8- creditar que em algum perfodo as trocas comacaréo a ser realizadas entre esses homens, Pare usar um ditado popular, 05 homens de todas as épocas e lugares sempre acharam “a galinha do vizinho “ mis gorda”, enbore mui tas vezes niio houvesse razdo real para esta concluséo, Ambicionande cada um os un produtos de seus vizinhos, e saberdo que pare obté-los teriam necessariamente de ceder seus préprios produtos aos outros, 6 natural que as trocas concen a se dar, Una vez que um rudinentar sistem de trocas tenha sido implantado, as pessoas comecartio a se especializar em deternimdas atividades, preferindo ad quirir de seus vizinhos cada vez uma maior parte dos bens necess4rios para sua sobrevivéncia, Com a especializaciio advém o aumento da produtividade e a me- lhoria dos bens, decorrentes do aumento de habilidade e de destreza em produ- zi-los. Agora sob este fundamento real, o da melhor qualidade dos bens produ- zidos pelos especialistes, @ divistio do trabalho se intensifica, colocando a sociedade em uma rota de crescinento econémico e enriquecimento, Pois bem, mas cono assequrar que cada intividue conseguir encontrar sempre 0s produtos de que necessita, trocardo-os com os seus priprios? Istoé, qual a garantie real de que 4 dependéncia criada pela especializegiio seré sem pre satisfeita, de moda a que todos os homens possam sobreviver, produzindo @ penas uma parte daquilo que necessitam pare seu consumo individual? € facil concluir que 0 processo de divisiie do trabalho se interromperia muito cedo se isto no Fosse possivel, Se todos resolvessem produzir roupas, por - exenplo, faltariam alimentos, Assim os homens teriam de deixar de se especializar na produc&io de roupas, voltando @ ocupar uma boa parte de seu tempo na produgio de alimentos, 0 que recolocaria a sociedade maquela situacéo primitive e peng sa de produtores auténonos. Feliznente, hé um soludo autonitica para a ques, ‘Bo fundamental da alocagio eficiente dos recurses econdmices, 8 no. savisf\, yel que compatibiliza os interesses individuais © o interesse coletivo: o mr cado, s Capitulo 2 wre 2 Examinenos em prineiro lugar com se dio as trocas em una sociedade pris mitivea, nas na qual jf haja divisdo de trabalho em um certo grou. Apés @ pro- cugdo diéria, cada trabalador dirige-se @ um local ample © préprio pare @ con tos de um modo bastante atrativo, talvez com uma ex versa e oferece seus produ! prover que lhe custaram muito trabalho. diganos roupas, ofere- pressdo cansada pare As diversas pes- soas que se interessam pelos objetos que ele produziuy cem em troca ura afinidade de outros objetos, que nesta sociedade pouco sofis ticada so todos de utilidade pare 0 nosso alfaiate, Oepois de estabe locer suas pricridades, ele entéo se dispae a trocar sua produgdo por paes, objetos dondsticos, vinho ou alguna outra bebida alcéolics, sapatos e assim por dian te. A questéo agore 6: quantos piles, por exemplo, vale a sua bonita targa fei ta com pole de castor? € natural que o madeiro eo alfaiate nio concordem ind diatanente quanto @ esta resposta, 0 padeire acha que a tanga rio & tio boaes j-la para a con- sim e que, além disso, cagar castores, tirer sua pele, apron fecgSo, costurer cuidadosanente moldando-a ra form apropriada e, Finalmente, tové-ta a0 rercado no é muito mais dificil do que cultivar cuidadosarente o trigo, colhé-1o, preparé-1o, anassé-lo, lever @ mssa ao forno @ trazer 0 pao até ali, Oalfaiate ergunenta de forma imersa, E mito dificil, ov seja leve muito tempo, chegar con @ roupa pronta até ali, Whiitas horas de trabalho fo- ram recessérias desde que ele saiu para a Floresta com suas armas rudinentares até 0 morento. Sem divida, muito nais tempo foi gasto a confeccio da roupa do que na dos pies, portanto é justo que @ tanga que ele produziu valha = mui- tos pies, Ospois de mita discusio 6 provivel que eles fagama troca, racio- cirando da seguinte forra: se o alfaiate precisou de 10 hores de trabalho pa, ye produzir a tange @ 0 padeiro 2 horas para produzir um pio de tananho midio, a tanga seri trocada por 5 pies, 0 valor dos bens, @ relecio em que esses bens serdo trocades, deperde entio do nimere de horas de trabalho gosto em sua con Fecséo, € possivel, entretanto, que 0 alfaiate @ o padeiro nio cheguem aum pre, 50 Considerado satisfatério pare ambos. O que econteceria reste caso? Suponha mos que o alfaiate nio aceite un preso inferior a doze pies pelo seu produto, 3 por mais que o padeire argumente em termos valor-trabalho, Mesmo em una socie Gem existir cinco, dez ou mis alfaiates, que como o primeiro comparecom & rei ra pare trocar seu produto, Sendo assim, se o primoiro alfaiate se recusar a vender a tanga que ela realnente vale, os outros se aproveitarso vendendo as Que produziram hoje e, talvez, pronetendo mais algums pare o dia seguinte em troca de 10 pies, 0 alfaiate garancioso teria de voltar para casa sem 0 seu Jantar, se se mantivesse naquela posigéo intransigente de vender seu produto por um prego maior do que o correto ~ 0 preso natural segundo Smith, A con corréncia, assegurada por un nimro relativanente grande de produtores que rio podem fixar individualnente um prego para seu produto, forya os alfaiates, no caso, @ venderem as tangas exatanente pelo valor correto, @ menos que corram © risco de arcarem com estoques inutilizéveis de seus produtos, Essa nogiio - soberania do mercado - vai domirar a cera da teoria econémica durante prati- camente toda a sua histéria, permanecendo mesmo hoe como una hipstese impor tante de muitos autores considerades conservadores, Examinemos 0 caso agora em que, por um motive qualquer, 03 indivédues se afasten daquela situagio inicial em que una dada quantidade de tangas @ ples era produzida, Suponhamas que essa situacio inicial correspondia acs de- sejos dos consumidores, isto 6, que eles dese javam consunir, num detorminado perfodo de tempo, por exemple, o produto do trabalho de cinco alfaiates - 10 tangas - e de dez padeires - com piles, Na nove situagéio, alguns padeires, di- gamos cinco, imaginande que podem-ganhar mais produzindo roupas, madam de ati vidade, A oferta total de produtos passaria a ser entéo de, digemos, 50 pies © 20 tangas, consideranta que os padeires inediatamente alcangam o mesno grau de produtividade dos alfaiates que j4 estavam nessa atividade, As barracas ex pondo roupas para trocar Se multiplicariam, Os alfaiates verificariam aproen sivos que os possuidores de piles estéio muito mis arrogantes do que anterior mente, nem a0 menos sentarrio-se para discutir os termos da troca. Oferecem una quantidade ridfcula de pies por suas roupas de tio boa qualidade @ & meror ps aa chincha, retiram-se despreocupadarente, Verificam, tanbém, invejosanente que os padeiros conseguem impor suas condigées a0s produtores de todas as outras mercadorias, Um pio agorg é troca, do por quantidades muito raiores de bebidas, objetos domisticos etc, Pode ser que alguns alfaiates se recusema trocar suas roupas por pies to caros, -Iis © fato 6 que, rio obstante os preos, eles recessitam de pio, No final da tar de, alguns, contrafeitos, 4 aceitan os novos termes de troca e, assimum e- pds 0 outro, capitulam frente as condigées abusivas dos padeires, 0 resultado Final € que © preso do pio no Final do dia estan’ mito mis elevado do que o seu prego naturel - as horas de trabalho de que recessita para ser produzido ~ © © prego das outras mercadorias, bem abaixo dos seus pregos naturais, Além disso, @ sociedade como um todo tem menos pio disponivel para consumir do que dese jaria e mis roupas, € evidente que esta situagdo rio in’ perminecer, No periodo seguinte, muitas pessoas se sentiréo atrafdas para a produgiio de pio, J8 que @ sum posse possibi lita o acesso, en conicies extrenanente vanta josas, &s demais mercadorias, Rapidamente, os pies comegarfa @ reaparecer nomercado, @ a antiga arrogéncia dos padeiros conga a coder lugar A humildade, ao veri- ficarem que j4 nlio podem mais impor suas condigies. 0 prego do plo caird ver tiginosanente, uma vez que é possivel que 4 produsfio de pies agora seja micr do que a que a sociedade dese ja, Neste processo de tentative e erro apis al- gum tempo, @ quantidade de piles e seu prego se ajustaréo a seus valores atingindo as magnitudes iniciais, onde @ produgéo atendia aos desejos dos consunidores, Neste monento, dinse-4 que @ economia atingiu uma situacio oe equilfbrio, onde todos os individuos trabalham uns pare os outros, exatemente da maneira descrita por A, Smith, citada por nés mis atrés, ; tas 9 que assequra que @ economia s se ajystaré evtomticanente 7 Exatamente 0 interesse privado, 0 dese,jo de ganhar mis, Quando 0s padairos desequi libreram a economia, buscavam atender seus préprios interesses, quando retorraram & sua atividade original, também o fizeram, we et as No mercado concorrencial, a preocupasio egofsta con cous préprios interesses, acaba pronovendo, Como se v8, interesse da coletividade, nifo exiginda a interferéncia de quem quer que se ja. A esse respeito, diz Smith; "0B-me aquilo ave ev quero, © vocé tend isto aqui, ave voc8 quer... 6 | Cesta Forma cue obtemos uns dos outros a grande mioria dos services que ne- cessitamos, No é da benevoléncia do agougueiro, do cereJeiro ou do padeino ave esperamos rosso Jantar, ms da considérasdo que eles tom polo seu préprio ‘ 9 interesse, E claro ave Smith rio ractocirava apenas en termos de una sociedade pri mitiva como @ que descrevenos, Em uma Sociedade mis edientada onde os instru mentos do trabalho e @ terra se tormaram propriedade privada, considerande que esses séo agentes produtivos, o proprietério dos instrumentos - 0 capitelista ~ © © proprietério da terra fario jus a una parcela do produto. "Em um estdgio primitive todo o produto do trabalho pertence ao treba- dnador; e @ quantidade de treba ho normalmente empregada em adquirir ou produ 2ir uma mercadoria € @ Gnica circunsténcia capaz de regular ou determiner a Gvantidade de trabalho que ela normalmente deve comprar, comander ou pela quel (Em um estégio mais avanzado), 0 produto total do traba- tho nem sempre pertence eo trabalhador. Na mioria dos casos, deve ser trocada, este deve repar *{-10 com 0 dono do capital que the dé emprego, Tanbém jf no se pode dizer a qventidade de trabelho romairente empregada pare adquirir ov produziruna mer cadoria seja a Gnica circunsténcia a determinar a quantidade que ela normal mente pode comprer, comrdar, ou pela qual pode ser trocada. £ evide. inte qua uma quantidade adicional é devida aos lucros do capital, pois este adianzou 0s saldrios e forneceu os materiais pare o trabalho dos operérios (e uma vez ave toda a terra se tornou propriedade privada, a renda da terra passa a ser um terceiro componente do prego das mercadorias, ». © 7679 x a 16 soja da A ambiguidade entre a idéia de que o valor das mercadorias seja da, do basicanente pelo trabalho e © Fato de que nem todo o produto deva pr tencer ao trubalhador, persiste em toda a obra, A questéo ser’ rotomma oe is tate por Ricardo e Itirx e estard no centro da ruptura do ponsanento & conémico promovida pelo marxismo, Para Smith, @ existéncia de lucro e renda da terra no altera es— Sencialmente o processo de equilibracéio automitica exposto. Aconcorréncia Se incunbiré, também nesses casos, de situar essas comporentes emtorno de Seus valores ratursis, corrigindo os eventuais desvios, atraindo os pos~ suidores de capital para Squelas atividades onde os lucros estejam acima Gos seus valores raturais, reduzimto-os af e aunentardo-os onde este jam @ baixo dos valores raturais, pela retirada de concorrentes, 0 mesmo ocorre com a renda da terra, his como se divide a produgiio total entre es diver. £88 Classes da sociedade? 8 distribvigéo do produto entre saldrios e lucros & discutida por Smith em um contexto dindinico, ou sea, de crescinento econfmico, como in Gicames no conaco desta segio, A idéia é que esta distribuigio se altera conforms © ritmo de desenvolvimento de um sociedade, { No.munda harmoniase de Smith, 0 Unica motivo de preccupagio era a estagnagio econdiica. Cono vinos, entretanto, esta possibilidade ere mi- to remota, dada a pripria dinimica do sistem, cujo motor era a busca do interesse individial, Guando fala em estagnagéio, Smith refere-se a um tom Be onafreuo no Futuro, da mesen Forma quo um Joven 8s vozes pone na pos sibilideds de morrer um dia, isto é,sen doixer que esta hipstese © preocu pe realmente, interferindo em sims decisées rotinsiras, Assim a hipSbose Ge que um dia a estagnacie econdnica com os lucros @ saldrios baixos so breviré, rio . choga @ empanar a natureze otiniste da Riquoza das Nagios, (C0 estado de progresso econinica é 0 melhor para os trabalhadores, Tete porava un rife acelerada da oferts da expregoe, coriscuéncia da cres Cimento, possibilita a eles conseguirem melhores salérios. /Quando a eco romia se retrai, un grande nvmcro de trabalhadoros pave : seuenpreyo, ten v7 do ainda de concorrer con 03 novos que entram no mercado pela princira vez. Apés @lgum tempo de privazbes, conegam a aceitar traba lr por qualquer 5a 1d- rios de todos. Quando a econonfa cresce ros sa rio, 0 que acabs por reduz Firmerente nunca hi horens suficientes para preencher todas as vagas @ @ con dores pelos trabalradores disponfveis forya ura subi- potigio entre os enpr da da taxa de salérios, Quanto 0s lucros @ situagSo é mito diferente. Embora os salérios pos sam pressions-los um pouco nas fases de crescimento ecelerado, @ concorréncia dos trebalhadores pelo produto existente rio é considerada to perigosa pelos capitalistas, € a concorréncia no seio de sua prépria classe que constitui um perigo nortal. Nas épocas en que as oportunidades de aplicagéo de capital so relativanente poucas, isto 6, nos tempos de estagnagio econémica ou de cresci ta fraticida em busca do mento vegaroso, os capitalistas envolven-se em ums lu! jucro Esta lute faz con que a taxa de lucro se reduza em todos os ramos da ¢ cononia, Guardo 0 crescinento volta & cena, as oportunidades de emprego lucrs tive do capital se multiplican, atenuande @ concorréncia feroz entre seus pos suidores e permitindo ganvos rezosveis para todos. Pare o proprietério da terre, também 0 crescirento econdmico é uma si- tusclo altenente dese jével. Isto pormue, com 0 aurento da riqveza,o> produtos nanvfatureades tendem a se tormarem mais baratos do que 0s produtos agricolas, ure vez que no sofren as restrigdes da natureza em sua produrdo. 0 proprietd rio de terra, que aufere @ renda correspondente, se beneficia assim do cres- cinento, eumentando progressivenente sua participagdo no produto social, po- derdo comprar uma quantidave cada vez mior de produtes mnufaturados, Assim, no apanes para 08 mis favorecidos ms tanbém para as _carndas mais pobres, 0 estado de cresciento econdmico € a situagdo mis dese jivel. “A cordigdo dos trabalradores pobres parece ser @ mais feliz ra maior rique- ea mis trenqui le no estado de progresso, em que a socicdads avan;a pa} 2a, e rio ro estado em ave Jb conseguiu sua plema riqueza. A contigo dos trabsthadores é dura m situaio estaciondria © miseréve! avardo nS Sotad ease &, 72 realadace, 2 88tady 2 prs taago gechina econémco socials io Sue e gesejivel ¢ fevonivel pant todas 2s classes S9C!81%+ 30 pa a cia, @ 0 estaco de seclimo ¢ a nelancolie estacioniria # a int ado natura} co capitis, AB ec907" rente, € 0 es 0 progresso, feliz dm um inpulse natural para 0 cre: mais wade, ain scimento - 0 aprofundzmen- mies atrasadas cont to ao processo ve civisio da tiubaino & 80 no conivcro in ternacion®l, que as obriga @ parsczuirem a rdxims ersciéncia na provu;30 ¢e veza as equipou de raneire mas favorivel. a alguns bens, pare os quais a nitun vend certanente esta classe de bens, dz tal modo que mm a maas adiantada eco noma do eunde pode conpetin om condicas vantajosss na sua produto - 0 alug So anaricano ou urienta!, agiear erasileiro ete. O aprowatanento dessus wo 5 0 acesso a0 Sof iscicado consume ce m- tagons possibilitend aos paises por nos paises ricos, Cada pais aprovescance suzs vantagens, nufacores proguzidas sas, por sua vez, ainea tin, segundo Sic, un ton FAS econona: go cunino 2 yercorver acé se tornaren sociedeces opulancas mas estagniass, Estava tone o via on Qe as oportunidades de erpravo lucrative do capital se qrente pomve[2 intesre;8o 20 canfrcio munaial zos suas oven? ancrs 03 fo tava, wcrtenta, cs capitelaane ndo é reicvante, G rata é wor so 6 esvagra fl speutivas crun escelentes para tesos.|U ral-eorar, presente em inderras cs Fiqvera 03s MsBes, ciao pele panoss situay3o dos traval. 2do- slater ce entio, 6 supartneo gar Srith coms ww gaguEHa vastus Te Wo ou Lane tend Je ema econdisico, s2 c 19 & Este for o primeiro mune cr: Jc m2in mente férts) enem semore muite prdtica dos economistas, tui. : cutros seriam criadbs cero: alguns n3o to otimistas, mis a licéo ce /Smitn, aue provavelmente ele ji navia aprendide com os fisiocretas, permneceu: simpli ficar.a_rea Lioace ce pode a elucidar as leis unamatais que regem_os_evenths econdmicos, 1i- gendo.em_um todo compreensivel uma complexa teia de problems que aparen._ tementenaca posauiam de_conum entre si, A economia estave pronte pare sur gir coma ciéncial

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