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FERNANDO A. NOVAIS Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808) Qua eaicio EDrTORA HUGITEC ‘io Paul, 1869 Lcovexonamese 19 deForuds A New, Diclondepbten dome les Sitio Ciscnetomolga veces Ues ears 3) 0655s Hay ran saves zn262 Fetes o cpa eae Para sal Far HORIETA, epee WIS FERNANDO iS : neh ANA LOCIA Sei. 1997 PRERACIO. Este lio & com alguns aorécimos, camegces ¢ revisoes, a sese ‘com que obtivemos 0 doutoramento na Untecrsidade de Sao Poul, ‘em 1973. De entdo para efor tornando cade sez mai dif pre ‘Parar 0 texto para a edo, em que pesasem a; soliitazoes de cole- ate amizs. Nap tendo propria logo asa dees on ‘ros afaxres foram ocubando nouas stwsdades, esturas de wins oF ‘dems colocasam novos problemas, e a dificuldadesereciam, Tendo Publicado em separado, 0 segundo capitulo (Cadersos CEBRAP. n. 17), «anise ab propostelogrou boa acolbida entre os extudlosos, ¢ ‘meimo provocos debates. Novos iabalbos iam sindo, em que se ‘sbordanamy, sejam questies particulars, sejam of problemas mis germs aqui tatados, 0 que difcultass sobremancirs stuar-ie em fa ce da produpdo comente nesse: dominios. Resolvendo-nos agora # dar 0 trabalho luz da publiidade mo escondemos wma cera insa- ‘isfgso com a forma que acum, mas consolamo-nor com 0 fato de (que tal sentimento deve sercomum entre os autores, e metmo neces Sri, no sentido de que & proprio das areas inselectusi. Tel ia Ligfapdo do significa, & claro, que ndo estejamos convencides dat ‘idéiaseinterpretaptes aqui veiculadas; poderian, st, ter tio me. ‘hor exposta,saleex mats seguramente dafendidas — mea its trie tum munca aesbar Revendo agora 0 texto no conjunto, no nos podenmo: furter'de sranscrever @ enosa de agradecimentors que entao redigims: «Foran tantas a pessoas que de ama ow cutra forma nor etineal 1am e ginderam a realizar este trabalho, que nosiotemor ao redigit uta mote de apradecimenios& de avolumar ainds mats ese jb espesto Jomo, ou de cometer omissbes imperdosteis Noxso primeiro agradecimento vai naturslmente para a Profesor Bdeardo d' Oliveira Pranga,catedrdtica de Historia Modems ¢ Com: ~ temporinea de Universidade de S20 Paulo, de quere continusmos “ustentes, onentador desta tee, — 10 15 pelo aporo e eitimulo onstantes, como também pelo exerccio do terivel espirto eco ‘com que nos obrigou a repensar a ada pasio nosas idea, e, and, ‘bela iesgotivel pacincia com que tolerou mosio atraro de lomgos ane fament yo clip: decdey, a de et scompanou mais de perto 0 Profesio Jos Jobron de Andrade Ar ‘ude, sobretudo depots que te pis a trbatbar, digo melbor, bate ‘har fariosomente com as balangas de comércio do final do seule XVI ‘Ao connto de mus gut stem reclamando de biblioteca 4uivas, fom sempre muito bem recebados ners tituigaes, om de nunca nos fliow spate, pelo que agradecemor edivetores efi ioninos; mas queremos destacar, no Museu Pavlits, nossa colega ‘Maria José Blas. Especial gratidao devemos an prof. Antonia Galedo Novais da Escala Politzonice, que ndo 16 pdt a mos tervigo ta md. ‘ica reguade-ceulo, como nos suger tabeas ¢grifcos, que ax ‘mentavam depois o seu trabalho para wos arudar; de mocea parte, fi ‘os oF seus excritos na Sroa da dramaturga, 0 que era muito gradi el. Nossos agradecimentor se extender para Campinar, 20s nosios colegas da Unicom, especialmente ot econormitas jako Manvel Cardoso de Mello ¢ Luis Gonaage de Mello Beluszo; para 0 Rio de Janeiro, 2 Frmcico Falcon, que também se debate com 0 skcale ‘XVIII ¢0 mercanilismo; até para Pars, onde ede, ainda femerorot {que ndo chegiscers ao cabo da tarefa, Margarida «Joaquin Barra das de Carvatbo. Nunca esqueceremos gue fot grag. este trabalho ‘que descobrimes, em Lisboa, a amizade de Joel Serre ‘Como atraianios muito, os amigos ke iputctavem com os prezos, ‘eauraeniava o mimeo dos que teniaram gudar nem todos bveram chance, mas lbesromos iguatmentegratos. Nosos familiares not cer ‘cavam com caloross exhectativa. Somo! particalarmeonie yensvcis ‘jude que, no calor da hora final, recebemos de nosso colega Aral ‘do Contier. A bibliotecars Hermims Muzanck cometeu a procta, ‘spareniemente impossivel, de datiografar todas essa: péginas num brexo merivelmente curio, Finalmente, bat ne ihe least, minba ‘malber Horieta acompanbou todos os patios desta cominada. Todas coniribuiram para at eventuate qualidades que ese faba tho possa ter, pelas defisémci que certamente end, 0 Autor ‘inizo esponsivel. Sap Poulo, 29 de Dezembro de 1972.» x [Nos anos decomidos, a rods da hiciris no paron: Pancnuo Fl «om, Jost Jobsom Arnaldo Conternltimaram « spretentatam as ens, agora também em fase de publcagan; 9 trmino de dia ‘dus om Portugal peri enim que os Barada rgresiaien ‘na, Joaquin Harada, de Caraliotorminon também sex seniado sudo sobre a especie do Renaicimento portugad, 1a low gamente trabilbade. Amphamos nosas expendnciar em contactor fom as untseidades amoriancy, pudento volar 2 Earp, ¢ ever Parma transigurado pel revoegd, ‘Ao rol dos apradeciments, cumpre ands acretcenter nasa reco= becimento a banca examinadora (profesions Franesee Ilene nares Bronddo Lopes, Lax Percira, Sonia Sigueirs Eduando d'Olk ‘eins Brana) pela atngao dipensads ao meso taba, «peas rt (at feta! nd medida do postive procaramos incorporr ina ager {es Na reviao final, ude contarcom o exemplar dewumente ‘notado de Juares, 0 ue foi ta expenénciapasifcaie. ‘A sare de revo priparo da eajao fing, comtade, mio pose enveredar or todas a senda aberta: eles convent. ct ‘at, on Polar moras publeazces. O segundo capitulo, sobresudo, ‘bre wm leqae tio xrunde de quesoes, que tonsa impor! wu de lenoleimento sem desequitbrar 0 lira; rsereame nos, Ports, ‘ars retomaratemiica em oui taba At rsdee de oO mes ‘eco a uma anise lobal do sistema de olomzazo meron ‘fica exphiatade me nrodapaoe 0 corpo geal dota, As sim, com lees etoques, mantivemyo esos seindicaros ems nota ‘x Mabalbcs de Cio Hamaron Cardoio, sobre o etravamo, mio fo owiveldicatit, agua, 0 trabtlo mai recente de Jacob Corender, Ignalmente va indicsdo, mats pare mformagto deletion havo a. lament sagestion de |. Valente, ma preferimos nao dice as atgbes de P. Andercn robe oabilutiomo, tgualmente dignas de ‘om exame em profundidade, Nao menciomemn, também trabe ‘hos de colegat mosses que i sinbam irabalhando contemporanea ‘mente conaico, que wiimaram depot ust Pecguiss, onde fics ‘ado mosis obra em exemplar mirmeogrfid: fas trabalho de Prancivo Falcon (Pola econdmics € mercantisto ios, & poce pombalina, 1975), sae Jancsd (Contras ens, con flo: a inconfidencia Bana de 1798, 1973) «de Joo Manuel Car doo de Mello (0 Capitalisto erg, conteibuigio 2 teviio citiea 4a formas c desenvolvimento ds economia brasileira, 1973) — Jo sts em curso de publiaglo. No mais, procaronc, ae onde tm xi oss frat atuaiar a pergisa ad as stimas pubis; mas & lr uc sempre ser posse! idenhjicar onesie, pos tea ae é linge come dia ox antigay, de 8 breve Smises também de maiaspesoas (amigo, parentes,coegs, alana), que, de anes, fea dif enumerar; mas que no estima tam permancntemenie ating’ 0 iabao — su oicbede, 2 e- 12 nos pesana como rerbonsebildade de coreiponder 3 expecta 4a. Agora, uma sensapio de aivio nos envolve ao mos libertarmos ‘dese compromis, para enveredar bor oxtoscaminhos, Pelalonga ‘Zemora, tudo quanto podomos aprernia, 2 iis de asifiatva, 2 ‘elembrara fave de} Borges, mo fl do preci dasa inate Fistocia Univeral dela inf: «Leer, pore pronto, es wna ater ded posterior al de exenbir- mi renignads, misc me inteec- Sao Paulo, 23/11/1978, FERNANDO A. NOVAIS xm sumanio INTRODUGKO Copa! — POLITICA DENEUTRALIDADE 1. Foal ns reatesioreraonis Ect Moderna 2 Conca coomlerenaertremacions. 5. Temteseke Gipinde I~ ACRISEDO ANTIGO SISTEMA COLONIAL 1. su Dinka do Sine 2) Colas wore Ste DO vexiuivonmetopohtno Beco eabeo see 2. Reeds contin eres Capi OSPROBLEMASDA COLONIZAGAO PORTUGUESA 1 Maniesates da ce 2 Dates do patio 5. Prseracio ds slsoe 4 Actetae dosesirals apasio lv POLITICA COLONIAL 1, Formato 2 Beco ab itene da pon comer ‘incentive spot Rela esos Byres coNncusbes ‘TADELAS & GRATICOS FONTES EIBLIOGRAIA xl CCumpr.se 0 Mat, € 0 Império se defer Waiew a pena? Tudo vaie « pena Sea alma alo € pequens. FERNANDO PESSOA — . pp. CLR 4 Ede fio, a andl da poli colonial portugues relaivaao Br- Sl ss hinas cape permite sar es mame pos ee dadesamente exracéges) pars repenar aque ferent pers tose tena acura onerbs eno dives aes da eae faquce momento hisrco, Contetament,s plies reara to. Bisse mnie como ropes sos problemas cfetnos que ama autendo ea exporaro do uluamat spent 2 Metepoe. (ra, tas problemas si oa realidad tanec, 0 plano da. rita, dos means enrtis profundes que ana no Oo" yuo do sistema e promovam, news fie, sejuamenos funda: temas, ae Sse pO nr te trata o que nos abiga a tepoarmo nos proceso geal acima ‘la or tla € satan pr ncn fea que os cgetesmevopalitanos ve vio pia park apere- bids om insrumcots de ands dateaidade, elaborate os uenas de apo que ve copier nas soma ces leva 4 Piitcs Bais uma ves ampli nso quad de reetncs, ago no univeno dat ida que exprmer a tomada de consis Dente do movimento mai gel dar anformays dof do an Ugo regime. Aus de dis camines, portant, esabelcems ae. coaament as coneses ent o fenineno parla objeto da ‘ena 0 pceso geal de que parte asparoe Se. poten, 4 penpecina cm que ox clvcaios leas a eabe- dee tages nals amps par doabjeto que temos em ia, oo Stora menos acess + delimtaao precza do tema edo campo Propeimente de iaveigaio empties. Ena dispose expciicn ene 4 politica ulvamatia mas pacicularmente & pola er Dice elnial da metpole portugues, cla go Bram pe odo que media entre oensslado pombaline ca abcrur ds por ‘tos (1777/1808). Struamo-nos, pois, na area da historia da politica -econdmica, ¢ talvez no seja excessive lembrar, com Heckschet6), cum cad dena mato ht as oder condi eam femora to poss dena de eporarae sce 2 Cada paso. Analieament,€ leh desca exe eymenio 2 polfee conti do proc glabal, par eal mais de ‘iets pice cosas geremamena cosiletda anton ede eo ct peo, pode set nara como afer particle preg ‘Std egies eae Eau Lenore Oca lam = Bade Porat oni hie de ane 1971-3 "SE. Hecker: dpc moni, ad, Mei, 1983. .3eses 3 Teenie easiest slag nn clr yen dope ldo crc etic corr ager: see he cd not i eee coerce atm tna cep iodo sobre o qual dirigimos o nosso csforgo de inrerpretacao. no nc eee om hee scram ip lp rept toe isis yw maori kane ag dele = che de hoe gato hegre ror Real oe meant re ens eee Sete Bana eae se preorpieasD. Mee lope hog tee fe enon ug a cl Mr fe raph. am art cdo saa en ag Gon cit gia esis mF en ee ‘eon ot. om oglu ma rece Shige abe comme promen eate pombalina(!!) c, entre nés, os trabalhos dos professores L. Ramos de Bema ce aber cromioprs Renae Cer a Rane Dali Jag We pena Sec ieaiey cop anne Ober nm ab Soe Si oa snes ern eb Se cece ‘iedemer tena de aprvimaro belo wed de Paul Hasad «ou ous sores causes dace der tere mal conver On tend bensoup Te x ‘cputme ose atts on tac beamap Te Sivhshieme ste, spud ha, ‘eu contin sad une zoe ere, alae, ou on peut epee ence coer avenanes. La Cre dl Conese Bop done (158.1705). Bs, 038.9.¥. {ONE jeige de Macedo - A Stuaso Fzonimiza no Tempo de Pombal, Poco, tos) Jost Ago Prana Be Vile des Lames Lshomne ol Pemba, Pe 196) BA. pernguts: Labs PamBalina co Demintomo, Lon, 196, ‘Chet Ramos de Cana «Ar formar ow alr de mrags Pb, So Paulo. 932-40 Nines Dine A Companbas Geral do Gro Pad ¢ Marana (135.277, Sto Paso. 1971 {09M de Olea Lima D. Jodo no Bra (1808-1821), 2c, Rin dean, wevckp @ (Celso Furtado), como no recente empreendimento coletivo de His- ‘ria Geral da’ Civiiaapdo Brasileira"), 0 petiodo que temos em ‘ura, relativamente pouco estudado nos seus aspector exonémicos © soxiais,stua-se portanto entre dois momentos aisaz trabalhados pe- lo esforgo de reconstrusto ede interpretagaohistrica, Asim, conta: ‘mes com amplo quadro de refertncislateais,e talvez ns sja por sivel repensar problemas ¢ rediscutr esquemas interpretativos cot tentes na historiogafiahuo-brasleira. Mas no € apenas ese interes, distamos académico, que torna significativo 0 momenco'ecolhido o tema focalzado, Eas suas ca- ‘acteristics intemas, no acance de suas expeiéneias dos vitios cam pos de atividade, ns problemas enfrentadas ¢ nas solugoesalvita- das ou tentadas que se encontra 2 relevincia do petiodo em questi, [Na histoviografia portuguesa, o teinado de D. Maria Ie em consi dderado muitas vezes como uma etapa ipicamente tettSgrada, em {que se anulam as conquistas econémica, socials e politics de Pom- bal; é pois cariteranti-pombalino do reinado que se destaca como set mara enc «ete edo pace que 2 ces de tad tas impressionaram demais as geracdessubsequentes 0 histoiado- tes no se conseguiram libertar desses espectos, Esta petspeciva, «que vem da historiogeafia liberal, tende a enfatizat o conteddo «mo.

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