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BIBLIOTECA DA EDUCAGAO. Série I —Fscoua Volume 16 Dados Interacionats dé Catalogagiio na Publicagao (CIP) (CAmara Brasileira do Livro, SF, Brasil) Chizzow, Amorio Pesquisa om cigncias humans sociais/ Antonio Chizzott, 4.ed. ~ So Paulo = Cortez, 2000, ~ (Biblioteca da educago, Série 1 Brcala; v.16) Bibliografia ISBN 85-240-0444-5 1. Citneias huomanas — Pesquisa, 2. Citacas socials — Pesquisa, 23. Pesquisa—Metodologia, Titulo. It. Scie. cop.001.3072 00141 90-1807 200.72 Indices para catélogo sistemstico: Citncias huumanas : Peequisa 001.3072 itnciassocia's Pesquisa 300.72 Pesquisa: Ciéncias humarss 001.2072 Pesquisa: Ciencias sociais 300,72 . Pesquisa Metodologin 001,42 Antonio Chizzotti PESQUISA EMCIENCIA HUMANAS ESOCIAIS Hedicio Seige Prolegémenos a pesquisa 1. Paradigmas de pesquisa A pesquisa investiga 0 mundo em que o homem vive e 0 proprio homem. Para esta atividade, o investigador recorre & observagio e & reflexdo que faz sobre os problemas que enfrenta, & experiéncia passada ¢ atual dos homens na solugSo destes problemes, a fim de munitse dos instrumentos mais adequados a sua ago ¢ intervir no sea mundo para construf-lo adequado & sua vida. Nessa tarefa, confronia-se com todas as forgas da natureza e de si proprio, arregimenta todas as energias da sua capacidade ctiadora, organiza todas as possibilidades da sua agdo e seleciona as melhores téonicas ¢ insirumentos para descobrir objetos que transformem os horizontes da sua vida, Transformar o mundo, criar objetos ¢ concepgdes, encontrar explicacdes e avangar pre- ‘yisdes, trabalhar a natureze e elaborar as suas agGes ¢ idéias, sio fins subjacentes a todo esforgo de pesquisa, Essa atividade tem una histria multissecular, que se orga- niza com a filosofia, tenéo um desenvolvimento particular no wulo XIX ¢ XX. Um ba‘ango histérico das estratégias e méto- cr dos empregados ease exforgo € resumido, segundo Kuhn', em duas tradigdes: a aristotdlica, com um objetivo teleolégico, ween tt galileana, que procure o nexo causal € meca- Esse autor considera que, a0 lon, ter iBnci: esintura wx conjunto de press, nonder¢procetce suc ee terizam 08 procedimentos dominentes em uma comunidade. cien« Ufica nacional ou internacional, em am aspecto particular de ciéncia durante um periodo de tempo, que é revolucionado quan- do rt ou vérios pesquisadores demonstram as snomalias de urea cignela normal e péem em crise o universo de ceetezas, obrigaado a comunidede toda a repensar 0s fatos e icorius explicativas, como se pode atestar na astronomia, com Ptolomeu, Corérnico, Galileu ou, na fisica, com Arist6teles, Newton, Einstein. © paradigma da pesquisa dominante envolve uma concepgao ¢ esta estabelece of critérios de definiggo ¢ de formulagio de um problema » ser pes- cuisado, implicando uma abordegem én a pied es lagem © os provessos de selegito © conceito paradigma, apesar da ambigi tem sido usado para farattaeiae 0 estado da eae vias tendéncias conflitantes em pesquisa, reste sézulo: um paradigma que se carecteriza pele adogio de uma estratégia de pesquisa modelada ‘nus ciéncias naturais ¢ baseeda em observagSes empi- vicas para explicar fatos © fazer previsées, e outro, que advoga uma légica prépria para o estudo dos fendmenos humanos ¢ sociais, procurando as signifieacdes dos fatos no contexto con. ereto em que ocorrem. © primeito paredigma se fundamenta no positiv Comte (1786-1857) para o estudo dos fatos ociais © no ea mo de J. Stuart Mill (1806-1875) para a investigacéo dos fend- menos psicotégicos. O sucesso deste parudigma se radica no mé. todo de Francis Bacon (1561-1626) na matematizagao da conhe- cimento de R. Descartes (1596-1650) e Galileu (1564-1642), no Le KCHN, T. S. Estrutura das Revolugdes Ciemificws. S80 fs Kun bea Ciomtificas. $80 Paulo, Perspectiva, 2 on naman, valor da experéncia de P. Pascal (1623-1662), na fisica de 1, Nowton (1642-1727) € nos materialistas do século XVIII, gue valorizam a observagic e 0 interesse pela natureza, a rele- vitncia da probsbilidade ¢ da dedugSo, a matematizagio da natu- reza, a nogio de experiéncia, causalidade ¢ previsibilidade. Mas 6 triunfo do método experimental no século XIX consolidou-se com a utilizagio de uma légica hipotético-dedutiva ¢ uma meto- dologia de experimentagdo de hipéteses, validada por processos dedutivos matematicos. A edogo desta concepgo pelos pesqui- sadores anglo-sexGnicos ¢ sua difusto nos meios cientificos foi to ampla que perdurou ccmo o tnico paradigma aceitével nos meios académicos. Esse paradigma ganhou um novo dinamismo com 0 atomismo Iogico na Ingleterra, com Russell (1871-1970) ¢ Wittgenstein (1889-1951) @ com os neopositivistas do Cfrculo de Viena, reu- nidos em toro ds revista Erkenntis, fundada em 1940, Estes fildsofos assumiram uma concepgao mecanicista, amparada na fisica matemética, elaborarem uma Iégica empfrica com as quais pretenderam unificar a cigicia e criar uma ciéncia da ciéncia, baseade em um método analitico © uma linguagem fisicalista, (uma Tinguagem dos objetos corpéreos extralingiifsticos, indepen- dentes do sujeito que os percebe) ¢ reduzindo o conhecimento & expresso bem-formalizada 4o mundo, Esse paradigma experimental foi também estendido & ané- lise da sociedade. Pareto (848-1925) e Durkheim (1858-1917) procuraram um métédo para a explicagdo dos fatos sociais que, 2 semelhanca das cigncias na natureza, pudessem ser reduzidos a coisas. As intexpretag6es Je Parsons (1902-1979) sobre Pareto, Durkheim e Weber, a resprito dos fatos sociais, desdobraram-se em uma conceogo estrutural, funcionalista da sociedade. Essa concepsao se difundiu nos meios académicos norte-americanos & constituin-se em um método de anélise ¢ de explicagao dos fend- menos sociais. Em suma, esse paradigma tem como postulado a existéncia de objetos fora da consciércia e independente dela. O resumo | desses objetos constitui a natureza ou o mundo exterior que existe | 8 5. | em si, © se impée como umna evidéncia que reconhece a suprema- 3 a | | | | | ela do mundo objetivo, O sujeito (consciéneia) é um receptéculo 4 que recolhe as impressSes gravadas pela natureza exterior. A par da influéncia dominante desse paradigms, desenvol- verom-se cutras concepydes, origindries do idealismo que toma © sujeito pensante como evidéncia mais clara que 0 objeto pen- sado. Para esta coirente, é a consciéncia que constitu o mundo exterior e o mundo da existéncia. No inicio do século, as controvérsias metodolégicas nos meios universitérios aleinges sobre as ciéncias humanas, a critica a0 naturalismo que adctava os modeics explicativos das ciéncias de natuteza para as ciéncias do homem, as insuficiénclas meto- dolégicas insuperdveis do naturalismo, adensaram as criticas € orientarm novos caminhos de compreeusio das ciéncias humanes © sociais. Dilthey (1833-1911) mostrou que a compreensio do tendo humeno et culturas histdricas supde a apreensio dos significedcs que o homem dé a vida © advogou uma I6gica pré- pria para as cifncias humenas que visam compreender (Versteiien) 9s fendmenos enqvanto as cifncias da natureza procuram expli- célos (Erkliren). © proceso compreensivo € & apreensio global de uma visio de mundo, ¢ s explicacdo é a dersonstragao de rele. ses causais de fatos materiais. Weber (1864-1920) tarbém bus- cou uma scciologia compreensiva para decifrar os fendmenos sociais ¢ histéricos a Iuz dos tipos ideais, e Bergson (1859-1941), ta Franga, argumentava que a realidade vivida 36 pode ser conhe. ida pels intuicgo. Mas foi Husser! (1858-1938) quem se interessou em dar um estntuto de rigor para as ciéncias humanas. A critica so natura- lismo, a0 psicologismo da escola de Warbourg ¢ ao kantismo do- minante mostrou @ fragmentagdo dessas explicagdes, e suas criti. cas visaram estabelecer uma concepedo holfstica que captasse, ndo conceitus formais, mas as coisas em si mesmas. Para isto, Husser! propde um caminho que ultrapasse as aparéncias imedi tas des coisas ¢ alcance os fendmenos, a esséncia das coisas na | sua manifestaco. A cigncte das esstneies repouse na intuigio 4 de que “toda conseitncie € consciéncia de alguma coisa” © vise | um objeto que no € elae que no pode estar contido nela, Por esta operagio, 0 sujeito se torna consciente desse ato pelo qual dé uma significaséo ao cbjeto. Néo sio, pois, as qualidades sen- styeis que revelam a8 coitas, mas o sentido que as habita ¢ diante do qual meu corpo adota um comportamento (Merleau-Ponty).. A feriomenologia esié na base de diversas teorias existencia- listas que relevam a superioridade do vivido, do sujeito ou de correntes que se formaran a partit de Merleau-Ponty (1908-1961) na Franga, A. Schutz ((899-1959) nos Estados Unidos, como também de Blumet ¢ os interacionistas, Garfinkel € os etnome- todéiogos. A tradicdo dialétice abrigou varias tendéncias. Na Unido Soviética e nos pafses sob influéncia direta do monopélio parti- dario e ideolégico. 0 merxismo oficial permaneceu atraido pelo comportamentismo pavloriano e pela anélise positivista dos pro- cossos humanos © socisis, exaurindo-se na exegese de autores reconhecidos € oficiosamente aceitos. Nos anos 60/70, a emer- géncia de movimentos Tbertérios ¢ releitura de autores esque- cidos dos anos 20, como Gramsci ¢ Lukacs, a erupgao da escola de Frankfurt, com Horkheimer, Adorno, Habermas trouxeram moves questdes € renoyarim o interesse critico da sociedade capi- talista, Temas proscritos do marxismo oficial, estudos das forma- ) 02s capitalistas © andlises criticas dos estamentos montados nos | paises que adotaram o merxismo oficial refizeram o interesse pela critica e pela pesquisa histérica e cultural. E preciso ter preseme que @ polarizacdo ideolégica construt da pela guerra fria do pés-guerra, criou fronteiras definidas © artegimentou idedlogos, nventou ameacas ¢ rectutou militantes, ‘A guerra verbal e as oposigées ideolégicas pretenderam repartir campos de influtncia politica e ideolégica e configurar 0 mundo cientifico em dois pélos ce verdade, representados pelo Ocidente, tendo & frente os Estados Unidos, e o Oriente, sob influéneia da Unido Soviética. A transformagao atual da Europa e as mudangas na composigio hegemdnica das forgas politicas ja expuseram 0 5 artificialismo maniqueista e belicista da guerra fria. A reconstru- go européia, « recomposigio politica internacional e seus efeitos sobre a cultura deverdo rcnovar 0 cendiio cientifico ¢ a pesquisa, neste final de século. 2. Fontes de informagao A pesquisa sobre um problema determinado depende das Fontes de informagao sobre o mesmo. As informagées podem pro- vir de abservasées, de reflextes pessoais, de pessoas que adqui- riram experiéncias pelo estudo ou pela participagio em eventos, ou ainda do acervo de conhecimentos reunidos em bibliotecas, centros de documentacdo bibliogréfica ow de qualquer registro que contenha dados, A utilizacao adequada dessas fontes de infor- magio auxilia 0 pesquisador na delimitagio clara do préprio pro- jeto, esclarece aspectos obscuros da pesquisa e o orienta na busca da fundamentago ¢ dos meios de resolver um. problema, ___ A determinagio de um problema a ser pesquisado pode ori- ginarse, pois, da observagio dircta ¢ da reflexdo sobre fatos observaveis, de leituras e de anélises pessoais, de fontes documen- lais orais ou escritas, 2.1. Da observagio As observacdcs se deiém sobre alguns aspectos circunscritus a partir dos quais se apreende uma questo especificg © a totali- dade onde acontece a questio observada. Diferentes cortentes de pesquise trabatharam a observago como seu fundamento da pesquisa ¢ claboraram técnicas especificas de aplicagio & obser vacdo sistemética, A observasio € 0 nticleo originério ¢ privilegiado de pesqui- sas que visem obter conclusdes a partir da experimentagio. Comte € 08 positivistas em geral tomaram a observagio como tinica fonte possivel de conhecimento (Comte, A. O Discurso do Mé- 16 todo Positivo, p. 20). A observacdo pode ser metddica e estrutu- rada, o que supée algumas técnicas de controle e classificagio dos fatos, e a construgiio de grades de comportamentos observéveis. © também crescente o us da observacdo participante onde o pes- quisador se encontra implicado no processo de observago © cons- tdi as evidéncias observadas na interagio com outros pares que constroem o corhecimer:0. 2.2. Das pessoas-fonie Outre fonte de informagio sio as pessoas-fontes, que, pela sua participectio ou pele estudo, adquiriram competéncie espect- fica sobre vm determitado problema. O testemunho oral das pessoas presentes em eventos, suas percepg6es e andlises podem asclarecer muitos aspectes ignorados e indicar fatos inexplorados do problema. Como jé cizia Vieira: “Os discursos de quem nao viu sii discursos; os discursos de quem viu sao profecias” (Vieira, Sermdes, 3.° Domingo do Advento) Alguém que se dedizou ao estudo sistemético de uma questdo pode tevelar os aspectcs mais relevantes, indicar os meios de adquirit informagoes, orientar na busca de fontes documentais, selecionar as leiluras mais pertinentes ete A consuka « pessoas-fontes, como qualquer entrevista, de- pende muito da preparacdo prévia para se colher as informagées relevantes sobre us questées fundamentais de uma pesquisa, em tempo breve, c registrar adequadamente as informagdes que se procura, © pesquisador deve estar preparado para expor sucinta ¢ claramente o problema ca pesquisa, suas dificuldades e interesses, munido dos meios de registro de informagées, e criar, se necessé- tio, outras possibilidade: de contato. A experiéncia mostra ainda que o sucesso do trahalho depende também de algumas circuns- | tancias, como contatos révios para se condig6es oportunas (dia, hora, local) ¢ situagdes amistosas de dislogo. 7 Convém conbecer alguns procedimentos usuais adotados pare se realizar uma entrevista. No caso de se colher informaydes sistemdticas para se escrever a hist6ria oral, serd indispensivel conhecer os métodos e processos pata se elaborar este tipo de pesquis 2.3. Da documentacdo A busca de informagdes documentadas acompanha © desen- volvimento geral da pesquisa e s= apritmora com 0 amadureci- mento dos objetivos e fins de investigagao, ___A pesquisa documental visa responder as necessidades obje- tivas da investigagéo ¢ pede, didaticamente, atender as seguintes questdes: * pata que servem es informagdes documentadas: * quais documentos so necessérios para realizar o estudo do problema; + onde encontrélos; ¢ * como utitizar-se deles para os abjetivos da pesquisa, _ A pesquisa documental é parte integrante de qualquer pes- quisa sistemética e precede ou acompanhs os trabalho de campo. Ela pode ser um aspecto dominante em trabalhos que visam mos- bar « situacio atual de um assunto determinado ou intentam tragar a evolugio histérica de um problema. £ importante tam- bém para se conhecer os tipos de investigaciio j@ tealizados, os instrumentos adotados, os pressupostos teéricos assumidos, as posigdes dos pesquisadores, os aspectos jé explorados © o¢ siste- jmas de explicagdo que forem, constrefdes, Quem inicia uma pee quisa no pode dispensar as informagdes documentadas. A reu- nido delas & indispensével para se conhecer o que jé fot bem investigado, © que falta investigar, os problemes ainda controver- 80s, obscures, inadequedamente estudados cu que ainda persis tem, reclomando novos estudos. 18 A pesquisa documental é, pois, uma etapa importante para se reunit os conhecimentos produzidos ¢ eleger os instrumentos necessdrios ao astudo de tn problema relevante ¢ atual, sem inci- dit em questoes ja resolvidas, ou trilhar percutsos jé realizados. 0 interessado deve ter presente para qué servem os documentos que procura, quais documentos precisa, onde encontré-los ¢ como reutnidos. Para qué Sio os objetivos e fins da pesquisa que determinam quais {que tipos de informagdes documentais convém reunir. Sem esta delimitacdo prévia o pesquisador pode se perder em exaustivos esforgos, recolher um volume excessivo de informagSes © perma- weoer incapaz de extrair os dados de que precisa. A delimitagao 60 critétio fundamental para um levantamento consistente dos documentos relevantes e fara a selecao das informacées fontais dispontveis. Poupa buscas desnecessérias ¢ tempo de trabalho, restringe © volume de dades e mantém 0 pesquisador no fio con- dutor da sua pesquisa, Quais ‘As pesqu:sas se utilizam prevelentemente da documentas escrita. As informagdes cortidas em suportes materiais, por meio de técnicas especificas (pintura, ravages etc,), podem exigir do pesquisador um conhecimento particular desses tipos de documen- tos © dos seus métodos de catalogagao teunidos em arquivos pré- prios (pinavotecas, videotecas, filmotecas etc.) Onde As biblioteeas, arquivos e centros de documentagéo estocam cos documentos esctitos, seguindo alguns critérios de tipologiza- go documentel ¢ técnicas de classificag&o, que orientam os usus rios na identificac&o das fontes de informagaéo. Sua importancia 19 | pare o pesquisador requer nogdes bésica da documentagio reu- ida na parte II: documentacio. As bibliotecas que mais imediatamente interessam a0 pesqul- sador sio as universitérias, especializades na érea de abrangéncia da pesquise que retinem: os documentos primérios © secundérios de um dominio do conhecimento. E ttil conhecer como esto organizadas ura biblioteca e os servigos bisicos ¢ especificos que cla mantém, pata se utilizar adequadamente os gcervos.e servigns dispontveis, Uma busca documentel rode proceder aleatoriamente, reu- indo informagdes ocasionais extraidas de fontes mais imediata- mente dispontveis. Em geral, o interessado inicie as primeiras ditigéacias trabathendo os informagdes precéties que reine no dia-s-dia em contatos com outros pesquisadores, aulas © semi ios, Ieituras cu reflexdes pessoais, Esses primefros passos n&o sio suficientes para especificar as quesies mais signifivativas e reme- feré 0 pesquisedor 2 selecfio da literatura mais pertinente para aprofundar a anélise de um tema especifiva, Como todas as par- tes da pesquisa, a documertacio no € um aspecto isolado ¢ estanque, linearmente progressivo. Amplise e se especifica, com 4 definigao do problema. A Formulagio de um problema indicarg, porém, a urgéncia de uma documentagdo sistemética e a nevessidade de se adotar estratégias coerentes de procura das infarmagSes existentes, inte- grundo-es aos métodos de trabalho pessoal Como a pesquisa £ um esforgo durével de busca, andlise © sintese, impSe uma disciplina que responda ao volume fisico ¢ mental de trabalho por um perfodo duradouro e exige a adogéc de métodos de organizagio pessoel condizentes com a complexi- dade das questées gue devetdo ser resolvidas. Buscas ocasionais, instrumentagio precéria, desorganizacdo pessoal, aplicagio des- continua e esforgos aleatérios frustram a pesquisa ¢ gersm situa- "5es desconfortaveis e penosas. 20 Sem alguicas providéacias preliminares de organizagio pes- soal, # pesquisa pode estagnar-se endo transpor fases mais com- plexas, que exigem dados sem organizados e tempo prolongado de observagio 2 anélise, A par destas recomendagdes, & preciso assumir um método de trabalho adaptado Bs condigdes pessoais. Algumas técnicas podem auxiliar a orgenizacio desse trabalho. Essas técnicas esto descritas em literatura especifica, que ressalta as vantagens de ume onganizagic tacional co trabalho. A compatibilizagdo dessas técnicas com 2 estilo pesvoal pode dinamizar a progressio da pesquisa © sve sistemalizacdo, eliminando a dispersio © perda das informagées. Era summa, essas téenicas referem a importincia de um fiché- io bibliogréfico que redim as referéncias bibliogréfices, os do- ccumentos consaltados ¢ ¢ consultar, e explicam os meios mais eficientes de fazé-lo. Capitulo 1 Da Pesquisa Qualitativa 1. Introdugdo Os postulados do espirito positivo inspiraram esta orienta- fo em pesquisas: a investigagao da consténcia, da estabilidade, da ordem e das relagdes causais explicativas dos fendmenos, em todos os dominios das ciéncias da natureza. A procura da estru-| tura permanente e das les invaridveis dos eventos naturais, assim |, como as conclusSes preditiveis dos fatos observados, imprimiram ‘uma otientaciio que subs'ste como um marco da ciéncia moderna. |; © determinismo mecanicista de Laplace ¢ 0 mecanicismo da fisica de Newton, que inspiraram o espirito positivo, fizeram super que, cotihecendo os impulsos ¢ as posigdes dos corpos € de particulas materiais infimas, poder-se-ia, pelo clculo, estabe- lecer predigdes infaliveis ou extrair as leis mecdnicas da evolugao anterior e fulura. O desenvolvimento da fisica atémica, a teoria da relatividade, da termodindmica e da cosmologia revelaram, porém, a complexidade imprevisivel dos fenémenos, a ‘mutabili- dade, a fluéacia e # insabilidade dos eventos naturais. A mate- mética moderna, especilmente @ geometria no-euclidiana e a teoria dos conjuntos demonstraram que certezes deduzidas de postulados evidentes ¢ inquestiondveis decorriam da estrutura 7 “> axiomética dos sistemas matemiticos. Tanto o desenvolvimento da fisica quanto da matemyitica puseram em crise o edificio de certezas seguras do cientificismo, questionaram a infalibilidade das ciéncias, demonstraram a inviabilidade de previsses absolu- tas ¢ recuperaram a yalidade da interpretago dos fendmenos. Nas ciénoias humanas e sociais, a hegemonia das pesquisas positivas, que privilegiavam a busca da estabilidade constante dos fenémenos humanos, a estrutura fixa das relagGes ¢ a ordem permanente dos vinculos sociais, foi questionada pelas pesquisas que se empenharam em mostrar a complexidade e as contradiees de fendmenos singulares, a imprevistbilidade e » originalidade crindora das relagdes interpessonis ¢ sociais, Partindo de fend- ‘menos aparentemente simples de fatos singulares, essas. novas pesquisas valorizaram aspectos qualitativos dos fenémenos, expt seram a complexidade da vida humana e evidenciaram signifi- cados ignorados da vida social, => Os pesquisadores que adotaram essa orientagdo se subtraf- ram & verificagéo das regularidades para se dedicarem & andlise dos significados que os individuos ‘dio as suas agdes, no meio ecolégico em que constroem suas vidas suas relagSes, & com- Preensio do sentido dos atos e das decisées dos atores sociais ©u, entio, dos vinculos indissociveis das ages particulares com © contexto social em que estas se dio. 2. Pressupostos da Pesquisa qualitativa A pesquita qualitativa é uma designagio que abriga corren- tes de pesquisa muito diferentes. Em sintese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrérios ao modelo expe- rimental ¢ adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em Pesquisa se opdem, em geril, ao pressuposto experimental que defende um padrao tinico de pesquisa para todas as ciéncias, ealeado no modelo de estudo das cifncias da natureza. Estes 18 cientistas se recusam a adnitir que as cigneias humanas e sociais devam-se conduzir pelo raradigma das ciéncias da natureza devam legitimar sous conhecimentos por processos quantificdveis que venham a se transformar, por téenicas de mensuragéo, em leis e explicagSes gerais. Afirmam, em oposiggo aos experimen- talistas, que as cléncias kumanas tém sua especificidade — 0 estudo ‘do comportement humano e social — que faz delas | cidncias espectticas, com metodologia propria. Consideram, ainda, | que 2 adogio de modelos estritamente experimentais conduz a ‘generalizagdes erréneas em ciéncias humanas, baseiam-se em um | simplisme conceitual que néo apreende um campo cientifico especifico ¢ dissimulam, sob pretexto de um modelo tnico, o controle ideoldgico das pesquisas. Em oposi¢fo ao método expe- | imental, estes cicntistas cptam pelo método clinico (a descrigio do homem em um dado momento, em uma dada cultura) pelo método hist6rico-antropolégico, que captam os aspectos espect- ficos dos dados ¢ acontecinentos no contexto em que acontecem. Um segundo marco que separa a pesquisa quslitativa dos estudos experimentais esté na forma como apreende e legitima os conhectmentos. A abordagem qualitativa parte do fundamento de que hé ma relagio ditamica entre o mundo real e 0 sujeito, uma interdependéncia viva entre 0 sujeito ¢ o objeto, um vin- culo indissooiével entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conbecimento ro se reduz a um rol de dados isola | dos, eonectados por uma ‘eoria explicativa; o sujeito-observador 6 patte integrante do provesio de conhecimento e interpreta os | fenémenos, attibuindo-hes um significado. O objeto nao é um | dado inerte ¢ neutro; esti possufdo de significados e relagées que sujeitos concretos ctiam em suas ages. | 3. Orientagées filosdficas e = pesquisas qualitativas As orientagdes filoséficas que afirmam essa relagdo sempre presente no conhecimento so, principalmente, a fenomenologia ea dialética. 79 favo setae lpm a é 2 t dink | _A fenomenologia considera que a imersio no cotidiano © | familiaridade com as coisas tangtyeis velam os fenémenos. E nc- | cessirio ir além das manifestagdes imediatas para captélos e { desvelar o sentido cculto das impresses imediatas. O sujeito pre- cisa ultrapassar es apargncias pura sleangar a esséneia dos -| fendmenos. © interaclonismo simbélico da escola de Chicago, apoiando- se na fenomenologia, rejeita 0 modelo de pesquisas quantitativas © 08 coneeitos de causalidade e rigor mensurdvel das pesquisas experimentais em ciéncias humanas pera investigur o sentido que os atores sociais do aos objetos, pessoas ¢ sfmbolos com os quais constroem © sett mundo social, Nas interagdes"sociais, os indi- ‘viduos forjam comportamentos antecipados de outrem ¢ agem em razfio de comportamentos esperados dos outros (teotia do ator) & pesgutisa néio pode ser o produto de um observador postado fora das significagdes que os individuos atribuem aos seus atos; deve, pelo contrétio, ser 0 desvelamento do sentido social que os individwos constroem em suas interagdes cotidianas. A etnometodologia, inspirada na perspectiva fenomenol6- ica, procura investigar as atividades praticas e triviais dos etores, sociais ¢ compreender o sentido que os atores atribuem aos futos © acontecimentos da vida digria. Os métodos quantitativos aca- ‘bam distanciando o pesquisador do verdadeiro objeto da inves tigagdo e se iomam ineficazes pata compreender as agdes priti- cas dos sujeitos, em sua vida pratica. A dialética também insiste.na relagao dinémica entre 0 su- jeito e 0 objeto, no processo de conhecimento. Nio se detém, como os intetacionistas e etnometodélogos, no vivido ¢ nas stgn ficegSes subjetivas dos atores sociais. Valotiza a contradigio dinfmica do fato observado ¢ a atividade erfadora do sujeito que observa, as oposigdes contraditérias entre o todo e.@ parte © os vinculos do saber e do agit com a vida social dos homens. © pesquisudor é um ativo descobridor do significado das ages © das relagdes que se ocultam nes estruturas socials. 80 4. Aspectos da pesquisa qualitativa ‘A posquisa qualitative tem alguns aspectos caracterfsticos, «ais como: 4.1. A delimitagio ¢ jormulagao do problema <_ © problema, na pesquisa qualitativa, néo é uma definigao aprioristica, fruto de um distanciamento que 0 pesquisador se impée para extrait as leis constantes que o explicam e cuja fre- Giiéncia ¢ regularidade pods-se comprovar pela observacio direta ¢ pela verificasio experimental Um problems de pescuisa nfo pode, desse modo, ficar re-| “= duzido a uma hipétese previamente aventada, ou a algumas va-| rigveis que serio avaliadas por um modelo teérico preconcebido. |< © problema decor, antes de tudo, de um processo indutive que | se vai defininco © se delimitando na exploracio dos contextos | ecoldgico e social, unde se realiza a pesquisa; da observacdo rei- | terada e participante do objeto pesquisado, e dos contatos dura- | ~ douros com informantes que conhecem esse objeto © emitem jufzos sobre ale. A delimitagio do problema nio resulta de uma afirmagio prévia ¢ individual, formaulada pelo pesquisador ¢ para a qual recolhe dados comprobatécios. O problema afigura-se como um obstéculo, percebido pelos sujeitos de modo parcial ¢ fragmen- tado, ¢ analisado assistemsticamente, A identificagéo do proble- = ma ¢ sua delimitegéo pressupdem uma imersdo do pesquisador na vida e no contexto, no assado e nas circunstincias presentes que condicionam o problena. Pressupdem, também, uma parti tha pritica nas experiénciat e percepgdes que 0s sujeitos possuem desses problemas, para descobrir os fendmenos lém de suas aparéncias imediatas, A delimitacdo ¢ feita, pois, em campo onde a questio inicial 6 explicitada, revista e reorientada a partir do contexte ¢ das informagdes das pessoas ou grupos envolvidos na pesquisa, 9 R a y 81 42. O pesquisador © pesquisador é parte fundamental da pesquisa qualitative, ‘Ele deve, preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predispo- |sivocs para assumir uma atitude aberta a todas as mantfestagdes ‘que observa, som adiantar explicagSes nem conduzir-se pelas |japaréncias imediatas, a fim de alcencar uma compreensiio global ‘}dos fendmenos. Essa compreensdo seré alcangada com uma con- duta participante que partilhe de cultura, das priticas, das per- j cepgdes e experiéncias dos sujeitos da pesquisa, procurando com | preender a significagfo social por eles atribufda ao mundo que ‘os circunda e aos atos que realizam. Essa particivagao-ndo pode ser mera concesséo de um sibia, provisoriamente humilde, para efeitos de pesquisa, SupSe que o conhecimento é uma obra cole- tiva © que todos os envolvides na pesquise podem identificar | ctiticamente seus problemas © suas necessidades, encontrar alter- | nativas © propor estratégias adequadas de agao. © pesquisador no se transforma em mero relator passivo: sua imersio no cotidiano, a familiaridade com os acontecimentos diérios ¢ a percepcio das concepyies que embasam priticas ¢ costumes supSem que os sujeitos-da pesquisa tém representagées, parciais € incompletas, mas consirufdas com relative coeréncia em relagdo & sua visio e & sua experiéncia. A descrigio minu- dente, cuidadoss ¢ atilads ¢ muito importante; uma vez que deve captar 0 universo das percepodes, das emogées e das interpretagdes dos informantes em seu contexto. O pesquisador deve manter uma condute participante: @ partilha substantiva na vida e nos problemas des pessoas, 0 compromisso que se.vai adensando na medida em que sfo identiticados os problemas ¢ as necessidades ¢ formuladas as estratégias de superao dessas necessidades ov resolvidos 08 obstéculos que interferiam na aco dos sujeitos. © pesquisador deve, segundo alguns, experienciar 0 espaco e 0 tempo vivido pelos investigados e partilhar de suas expe- rigncias, para reconstituir adequadamente o sentido que os atores sociais Ihes dio 2 elas (pesquisa implicada). Outros advogam o engajemeato deliberado do pesquisader nos confrontos ideols- 82 gicos © politicos da soviedsde e 0 compromisso manifesto com as {rages de classe subaltemas. Para estes, especialmente, a pes- quisa & um proceso de fornagio e ago que deve provocar uma tomada de consciéncia pelos proprios pesquisados dos seus pro- blemas e das condigdes que os determinam, para organizar os meios de defender e promover seus proprios interesses sociai © pesquisader, identificado organicamente com a vida ¢ os inte- resses sociais des sujeitos da pesquisa, nesta os forma para a ago € para a atuagto politica (pesquisa mi 45. Os pesquisados Na pesquiss qualitative, todas as pessoas que participam da pesquisa so reconhecidas como sujeitos que elaboram conheci- ‘mentos € produzem prética: adequadas para intervir nos proble- mas que identificam. Press: pde-se, pois, que elas tm um conhe- cimento pritico, de senso comum e representagdes relativamente elaboradas que formam uma concepcio de vida e orientam as suas agdes individuals. Isto nao significa que a vivencia diéria, a experiéncia cotidiana e o+ conhecimentos préticos reflitam um conhecimento critica que reacione esses saberes particulares com a totalidade, as experiéncia: individuais com o contexto geral da sociedade. Supée-se que “os atores sociais nao sao imbecis”, na expres- | silo forie de Garfinkel, mis autores de um conhecimento que deve ser elevado pela reflerdo coletiva a0 conhecimento critico. Como sujeitos da pesquisa, identificam os seus problemas, ana lisamo-nos, disctiminam as necessidades prioritérias e propdem us ages mais eficazes. As apbes de intervencdo na realidade nao . sto, necessariamente, consensuais; devem sempre ser “‘negocia- das” para se adequar as fossibilidades concretas do contexto, das pessoas € das condigdet objetivas em que devem ser postas. Cria-se uma telagdo dindmica entre 0 pesquisador € o pes- quisado que néo seré desftita em nenhuma etapa da pesquisa, 8 até seus resultados finais. Esta relacdo vive ¢ participante € indis- pensével para se aprender os vinculos entre as pessoas ¢ os obje- 105, © 08 significsdos que sio constru(dos pelos sujeitos. O re sultado final da pesquisa’ no seré fruto de um trabalho mera- mente individual, mas uma tarefa coletiva, gestada em muitas mictodecisies, que @ transformam em uma obra coletiva. 44. Os dados Os dados nio sto coisas isoledas, acontecimentos fixos, ‘captados em um instante de observagii, Eles se dio em ui con. texto fluente de relades: sto “fendmenos” que ntio se restringem as percepgdes sensiveis ¢ aparentes, mas se menifestam em uma complexidade de oposigées, de revelagdes e de ocultamentos. preciso ultrapassar sua aparéneia imediata para descobrir sus esstacia, | _Na pesquisa qualitativa todos os fenémenos sZo igualmente importantes ¢ preciosos: @ constancia das menifestagdes e sua ocastonalidade, a freqiignoia ¢ a interrupgao, a fala eo silencio, | necessério encontrar o significado manifesto e 0 que perma. | neceu oculto, Todos 06 suieitos sio igualmente dignos de estudo, | todos sfo iguais, mas permanecem dnicos, e todos os seus pontos de vista sfo relevantes: do culto e do iletrada, do delinglienie ¢ do seu juiz, dos que falem e dos.que se celam, dos normais e dos anormais. Procurs-se compreender a.experincia que eles tém, as Tepresentagdes que formam e os conceitos que eluboram. Feses Conceites manifestos, as experiéncias relatadas ocupam 0 centro de refecéncin das enétises © interpretagées, na pesquisa quali- tativa, ——=_ Algumas pesquisas qualitativas nfo descartam a coleta de Gedos quentitativos, principalmente ne etapa exploratécia de campo ou nas etapas em que estes dados podem mostrar uma relago mais extensa entre fendmenos particularcs, 84 4.5. As téonicas Ss A. pesquisa qualitnive privilegia algumas téenicas que coadjuvam a descoberta de fendmenos latentes, tais como a obser- vagio participante, histéra ou relatos de vida, andlise de con- teddo, entrevista néo-diretiva etc., que reiinem um corpus quali- tativo de informagdes que, segundo Habermas, se baseia na racio- nalidade comunicacionsl. Observando a vida cotidiana em seu contexte ecolégico, ouvindo as narrativas, lembrancas ¢ biogra- fias, ¢ sralisende documentos, obtém-se um volume qualitativo de dados otiginais ¢ relevantes, nao filtrados por conceitos opera- sionais, nem por {ndices quantitativos. A pesquisa qualitativa pressupse que a utilizagdo dessas técnicas no deve construir um modelo nica, exclusive e estandartizado. A pesquisa € ume cria- gio que mobilize a acuidade inventiva do pesquisador, sua habi- lidade artesanal ¢ sua pespicécia para elaborar a metodologia adequada ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as pessoas que participam da investigagao. O pesquisador deverd, porém, expor e va'idar os meios e técnicas adotadas, de- monstrando a clentifieidade dos dados colhidos e dos conheci- mentos produzidos. Bibliografia BODGAN, C. ¢ TAYLOR, }. J. Introduction to Qualitative Research Methods: ¢ Phenomendogical Approach to the Social Sciences. Nova York, J. Wiley, 1975. 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Actes du Colloque Tent & la Faculté des Sciences de !'Education. Université de Montréal, 1 novembro 1984. Montréal, Université de Montréal, Faculté’ des Sciences. 87 Capitulo 2 Coleta de Dados Qualitativos 1, Introdugao = ‘A coleta de dados nic € um processo acumulativo linear cuja freqtiéncia, controladae mensurada, autoriza o pesquisador, exterior & realidade estudsda e dela distanciado, a estabelecer leis e prover fatos. Os dados so colhidos, iterativamente, num processo de idas e volias, nas diversas etapa: da pesquisa e na interagao com seus sujeitos. Em geral, a finalidade de uma pesquisa qualitativa é intervir om uma situagdo insatisfatoria, mudar condigdes perce- bbidas como transforméveis, onde pesquisador e pesquisados assu- mem, voluntariamente, uma posigao reativa. No desenvolvimento da pesquisa, as dados colhidos em diversas etapas so constante- mente analisados ¢ avalislos. Os aspectos particulares novos descobertos no processo de anélise so investigados para orientar ‘uma ago qué modifique condigdes e as circunstincias inde- sejedas. & Os instrumentos de coleta de dados so: a observagio par- © ticipante, a entrevista individual e coletiva, o “teatro da espon- >! taneidade”, o jogo dos papéis, @ histéria de vida autobiogréfica > ¢ wo | | ou sinabiogréfiea, es projeies de situngSes de vida, anise dl fsaietaahes Gualquer outro que capte as representagées subje-| thas dos participates, favoresa a intervengdo dos agentes em] organize & ago coleti int seallede ow enganise offocoltva paca transformer Os dados qualitativos deveréo ser validados segun __08 dados q validados ctiérios: fabiidade (ndepsndéncia das andlines manent idols do autor), credibilidade-(garantia de qualidede rela-| conse athe quae das observagbes efetuadas), cons interna (independéacia. dos dados em relagio a aciden. a cind den. talidade, ocasionalidads ete) ¢transferibilidade (possbildede dy estender as conclusGes a outros contextos). a 2. Observagao participante A observaco direta ou partici; ic b ipante é obtid contato direto do pesquisadar com o fendaieno abteran > 2 recolher as agdes dos atores em sew contexto natural, ‘ser de sua perspectiva © seus pontos de vista, aan A observagio direta pode vis Pode visar uma descricdo “fina” Components de ume steago: ot suetos om ca ape is e patticulares, © local e suas cirounstincias, i © tem ses emia le relapses interpessonis © socius, e as atitudes e 08 comporta, mentos diante da realidade. A observacio pode set participentes experienciar compreender a dintmica dos ats € eventos, ¢ reco as informagGes a partir da compreensia e sentido que os atoresatribuem aos seus ato. A destrggo e a comprecasio don ster compsts em tine ofsrardo compra dot por antes’ descrevendo suas agiies no cont | res. A atitude partici ‘casted ‘por ns | ipante pode cstar caracterizada port | Rareha complts, duradourse intensiva de vida e da atividade | dos pacticipantes, identificando-se com eles, como igual’ entre | pares, vivenciando todos os aspectos possiveis da sua vida, das } suas agGes e dos seus significados, Neste caso, 0 observador par. 90 ticipa em interag#o constarte em todas as situacdes, espontaneas ¢ formais, acompenhando as ages cotidianas e habituais, as cir- ‘cunstancias e sentido dessis agdes, e interrogando sobre as ra- 26es ¢ significedos dos seus atos: (Os resumos desoritives das observagdes feitas descrevem as formas de participagio do pesquisador (intensidade, freqiién- cia etc.), as citcunstncias da participagdo (tensOes, mudanges € declades) ¢ os diversos inst-umentos (fotografia, filmagem, anota- g6es de campo) que deverio ser reduzidas ao registro das obser- | vagies. Este deve conter todas as informagdes sobre as técnicas, os dados, 0 desenrolar do cotidiano da pesquisa, as reflexdes de campo ¢ 28 situagéex vivicas (percepgées, hesitacées, interferén- cias, contlitos, empatias etc.) que ocorreram no curso da pesquisa. ‘A observagio participante, introduzida pela Escola de Chicago anos 20, duramente contestada pelas pesquisas experi- mentais, foi abandonada, durante algumas décadas. Sua ressur- géncin em pesquisa tem auxiliado interpretagdes mais globais das situagdes analisadas, Exige, porém, cuidados ¢ um registro adequado pare garantir a fiabilidade e pertinéncia dos dados © para eliminar impressGes meramente emotivas, deformagdes sub- jetivas ¢ intexpretagdes fTuidas, sem dados comprobatérios. Bibliografia CARDINET, J. ¢ WEISS, J. Observation Interactive: au Confluent de ia Formation et de i Recherche. Neuchatel, IRDP, 1978, DECKER, H. 8, Sociological Work: Methods and Substance. Chicago, Aldine; 1870. BRANDAO, C.R. 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Originéria de uma técnica psicoterapéutien, centrada no cliente © desenvolvida por Carl Rogers, pressupde que o infor 92 mante € competente para exprimir-se com clareza sobre questdes da sua expetigncia € comunicar representagdes e anélises suas, prestar informagdes fidedignas, manifestar em seus atos o signi. figado que tém no contexte em que eles se realizam, revelando tanto a singularidadé quanto a historicidade dos atos, concepgdes ec idéias. © acesso 2s informagdes mais significativas, porém, requer tilguns euidados especiais. O entrevistador deve manterse ne eseuta ativa © com a atengo receptiva a todas as informagées prestadas, quaisquer que sejam elas, intervindo com discretas interrogagdes de contetdo ou com sugestdes que estimulem a expressio mais circunstanciada de questdes que interessem & pes- quisa. A atitude disponivel a comunicacao, a confianga manifesta nas formas ¢ excolhias de un didlogo descontrafdo devem deixar 6 informante inteiramente livre para exprimir-se, sem receios, falar sem constrangimentos sobre os seus atos e atitudes, inter pretando-os no contexto em que ocorreram. © entrevictador deve permanecer atento as comunicagées verbais atitudinais (gesto, olhar ete.) sem qualificar os atos do informante, exorté-lo, aconselhé-lo ou discordar das suas inter- pretagdes, nem ferir questées fntimas, sem um preparo prévio. A técnica exige ainda outtas habilidades do entrevistador- para auxiliar a expresséo livre, estimular adequadamente ¢ orientar © discurso para questées fontais. O pesquisador, nas interagdes Verbais © nio-verbais, € mw compreensdo do contexto das acdes do informante, vai recolherdo os dados que 0 conduzem & pro- _gressiva elucidagio do problema, & formulagao © & confirmacao de suas hipdteses. A entrevista ndo-diretiva tem vantagens e limites que devem ser ponderados pelo pesquisador antes de definir-se pelo seu uso, tis como a profusio informe de dados que devem ser teduzidos, ‘as interferéncias emocionais, a tendéncia do entrevistado em po- sicionar-se a cavaleiro de todas as situagdes narradas. A vantagem do contato imediato com questdes relevantes pode aprofundar a significag&o dos fenémenos que se estuda 93 _A entrevista vai requerer cuidados especta's para assegurar a cientificidade da técnica, « qualidade das informagbes recolhi- Gas, seu registro © @ redugo do volume de dados a elementos passtveis de andlise. ___ Esses cuidados incluem, além da posiglio atitudinal do entre- vistador, formas adequades de registro, redugio e anélise dos lados. Bibliografia BANAKA, W. H, Training in Depth Interviewing. Nova York. Seeds gD ‘ork. Harper BENJAMIN, A. La Pratique de la Relation d’Aide et de la Comiusi- cation. Paris, ESF, 1974, BLANCHET, A. 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Histéria de vida A historia de vida um instrumento de pesquisa que privi- legia a coleta de informagées contidas na vida pessoal de um ou virios informantes. Pode ter a forma literdria biogréfica tradi- clonal como memérias, erdaicas ou retratos de homens ilustres que, por si mesmos ou por encomenda prdpria ou de terceiros, reletam os feitos vividos pela pessoa. As formas novas valorizam a oralidade, as vidas ocultas, o testemunho vivo de épocas ou petfodos histéricos A histéria de vida ou selato de vida pode ter a forma auto- biogréfica, onde o autor relata suas percepgées pessoais, os senti- mentos fntimos que marcaram a sua experincia ou os aconte- cimentos vividos no contexio da sua trajetbria de vida. Pode ser um discurso livre de percepgGes subjetivas ou recorrer a fontes documentais para fundamentar as afirmagées e relatos pessoas Outra forma dos relatos de vida € a psicobiografia, onde o autor 95 | se situa no interior de ume trama de acontecimentos aos quais| atibui uma significaclo pessoal e diante dos quais assume ums posigio particular. A psicobiogtafia reine informacées tanto ao. bre fatos quanto sobre 0 significado de acontecimentos vividos | gue forjaram os comportamentos, a compreensio da vida e do| Trundo da pessoa, Outras formas de comunicar © conteddo vivido nua relagdo com 0 contexto da vida tem sido criado com @ con. | ttibuigdo de varias ciéncias: psicologia, lingifstica, filosofia, wo. ciclogia etc. O uso da historia de-vide como meio de pesquisa tem uma evoluco crescente, Tntroduzida pela Escola de Chicago, em 1920, ¢ desenvolvida por Znaniescki, na Poldnia, foi pretefida elas técnicas quantitativas e proscrita dos meios de pesquisa. A Partit dos anos 60, @ histéria de vida procura superar o subjeti vismo impressionista ¢ formular o estatuto epistemolégico, esta belecer as estratégias de andlise do vivido e constituinse em me jtodo de coleta de dados do homem concreto. No contexto da jPesquisa, tende a romper com a idealogia da biografin modelar de outras vidas para trabalhar os trajetos pessoais no contexte {das relagdes pessoais © definirse como relatos priticos des rele. | eBes sociais, Bibliografia APPROCHE BIOGRAPHIQUE, Revue Fran mar., 1990, XXVI, 1 AUTOBIOGRAPHIE (1). VI Rencontres Piychgnalitique de Aix en Provence (1987). Paris, Société et Ed. Les Belles Lettres, 1988, BERTAUX, D. Histoire de Vie... ow Récit de Pratiques? (Méthodo. opie de I'Approche Biographique en Sociologie). Paris, Rapport CORDES, 1976, . “Histoire de Vie et Vie Sociale”, Cahiers Internatio. mautx de Sociologie, vol. LXIX, mimeo especial. Paris, 1980, , Bioeranhy and Society: the Life History Approach in the Social Sciences. 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A ¢scolha do procedimento mais adequado depende do material a ser snalisado, dos objetivos da pesquisa e da posigfo ideoldgica e social do. analisador. Esses procedimentos podem privilegiar um aspecto da ang- lise, seja decompondo um texto em unidades léxicas (andlise léxi- colbgica) ou classificando-o segundo categorias (anilise catego- tial), seja desvelando o sentido de uma comunicagao no momento do discurso (anélise da enunciagio) ou revelando os significados dos conceitos em meios sociais diferenciados (andlise de conota- es), ou scja, utilizendo-se de qualquer outra forma inovadora de decodificagio de comunicagdes impressas, visuais, gestuais etc., apreendendo 0 seu contetida explicito ou implicito. 98 Esta tGorica procura reduzir 0 volume amplo de informa- | ‘g6es contidas em uma comunicagio a algumas caracteristicas par- , ticulares ou categorias conceituais que permitam passar dos ele- ‘mentos descritivos & interpretagdo ou investigar a compreensio dos atores sociais no contexto cultural em que produzem a infor- magéo ou, enfim, verificando a influéncia desse contexto no estilo, na forma ¢ no conteiido da comunicagao. Bibliografia BADIN, L. Anélise de Comeddo. Lisboa, Edig&es 70, 1977. BREMOND, C. Logique du Récit. Paris, Seuil, 1973 BRONCKART, J-B, Le Fenctionnement des Discours. Paris, Dela- chaux-Niestlé, 1985, CIBOIS, P. L'Analyse des Donnés en Sociologie. Paris, PUF, Le So- ciologuc, 1984. Décrire VAudiovisual: Manuel Méthodologique pour U'Analyse de Contenu des Documents Audiovisuels & Caractere Documertaire. DUCROT, 0. Dire et ne Dire Pas, Paris, Herman, 1972. GARDIN, |-C, Les Analies de Discours. Bruxelas, Delachaux et Niestié, 1974, GHIGLIONE, R., BEAUVOIS, J. L., CHABROL, C. e TROGNON, A. Manuel d’Analyse de Contenu. Paris, A. Colin, 1979. GREIMAS, A. J; LANDOWSKI, E. et alii. Introduction @ l'Analyse ‘du Discours en Sciences Sociales. Paris, Hachette, Langue, Lin- guistique, Communication, 1979. HAMON, P. Introduction 3 l’Analyse du Deseriptif. Patis, Hachette, Langue, Linguistigue, Communication, 1981. HENRY, P. e MOSCOVIG, S, Probléme de l'Analyse de Coritenu. 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Pesquisa-agao e pesquisa-intervencaio As pesquisas ativas assumiram, ao lon; i . a y g0 dos Gltimos teats concepsies © préticas que as distanciaram, ¢ nts "puseram, ao modelo de pesquisa-agdo de Lewin que Ihe dew origem. As contribuigdes do “toatro da espontaneidade" de Mo. reno, a orientagéic psicanalitica briténica, os métodos ‘utilizados pelo ‘Tavistock Institut of Human Relation, da Inglaterra, aliads ‘ds correntes sociotécnicas € sociopedagégicas ampliaram: on = ceitos ¢ priticas da pesquisa-acao, bal A pesquisa-agio se propie a fo ¢ uma ago delib uma mudana no mundo real, comprometida cantata rexrto englobado em um projeto mais gerale submetendone a isciplina para alcancar os efeitos do conhecimento, A tendéncia das pesquisas ati ; pesquisas ativas procura ultrapessar Guiseagio para assumir uma intervensio leossoctoligiee so nivel da terapia de grupo ou no nivel da mudanga organizacional de empresas ou departamentos, 100 Bibliografia ACTES DU COLLOQUE RECHERCHE-ACTION. Chicoutimi, Uni- versité de Québee, 1961, ‘A PROPOS DE LA RECHERCHE-ACTION. Revue de "Institut de Soctologie, Université Libre de Bruxelles, n.° 3, 1981 AUCLAIR, R. “La Recherche-Action Remise en Question”, vice Social, yol. 29, n° 1-2, janjun., 1980, p. 182. BARBIER, R. Pesquisa-Acto na Instituigto Educativa. Rio de Janeiro, Zohar, 1985. CAILLOT, R'L’'Enquéte-Farticipation. Paris, Les Editions Ouvrigres, 1972, CALPINI, |. C. et alii, Recherche-Action: Interrogations et Stra- régies Emergentes. Genebra, Université de Genitve, Cahiers de la Section des Sciences ée l'Education, n° 26, 1981 DUBOST, J. L. L"intervention Psychosociologique. Paris, PUF, 1987. GAUTIER, C. La Recherche-action: Essai sur le Rapport Entre la ‘Théorie ot ia Pratique en Education. Rimouski, Greme, L'Une, agosto, 1384, HARAMEIN, A. e PERRENOUD, P. “Rapsodie” (Une Recherche- ‘Action: du Projet & [Acteur Collective). Revue Européenne des ‘Sciences Sociales, vol 19, n.° 59, 1981 HUGON, M.A. 0 SEIBEL, C. 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Estudo de caso { | pena. ttt de caso & uma caracterizagio abrangente para de- | Svali6la analiticamente, objetivando tomar decisies a seu res. | peito ou propor uma ago transformadora. | Q caso 6 tomado como unidade signifi ; c idade significative do isso, suficiente tanto pura fundamentar um fulgmento Beds :guanto propor uma intervengéo, 8 conslderado também coma Eaian de roferéacia de complexas condigSes socioculturais gee env ren une sung @ tanto retrata uma realidade quanto Papen le de aspectos globais, presentes em uma © desenvolvimento do cstudo de cuso suupde 5 fases 8) a selegio e delimitagio do caso A sclegdo © delimitagao do io decisis ; caso sio d i da stuago estudada, O cao deve ser uma refertuce dntiian 102 para merecer @ investigaglo e, por comparagdes aproximativas, apto para fazer generalizicdo a situacdes similares ou autorizar inferéneias em relagio so contexto da situacio anelisada. ‘A delimitago deve precisar os aspectos ¢ os limites do tra- ~ tbalko a fim de reunir informagSes sobre um campo especifico ¢ fazer andlises sobre objetes definidos a partir dos quais se possa compreender uma determinada situac&o. Quando se toma um con- junto de casos, a colegio deles deve cobrir uma escala de varié- veis que explicite diferentes aspectos do problema. b) 0 trabatho de campo © trabalho de campo visa reunir e organizar um conjunto comprobatétio de informsgdes. A coleta de informagdes em cam po pode exigir negociagées prévias para se aceder a dados que Gependem da anuéncia d> hierarquias rigidas ou da cooperagao das pessoas informantes As informagdes sio documentadas, sbrangendo qualquer tipo de informagdo dispontvel, escrita, oral, grevada, filmada que se preste para fundamentar 0 relatério do caso que ser, por sua vez, objeto de andlise critica pelos infor- mantes ott par qualquer interessado, ©) a organizagae € redacio do relatério ‘A posse de um volime substantive de documentos, rascu- hos, potas de observagio, transcrigdes, estatisticas etc., coligidos fem campo, devem sor reduzidos ou indexados segundo critérios predefinidos a fim de que se constituam em dados que compro- vem at descrigies © as anélises do caso. © relatirio poderd :er um estilo narrativo, descritivo, ans- Iitico, ser ilustrado ou nio, filmado, fotografado ou representa- do, Seu objetivo é apreseatar os miltiplos aspectos que envolvem um problema, mostrar sua relevancia, situé-lo no contexto em ‘que acontece ¢ indicar as possibilidades de ado para modificé-lo. 103 Bibliografia 1. o conhecimento conduz & uma ago, e a pesquisa pode ser uma BALL, S. J. Beachside Compreensi ‘oportunidade de formar os pesquisados a fim de que transfor- Schooling. Cambridge, Cambridge Uno ae, of Secondary mem os problemas que enfrentam: a ity Press, 1981. , 2. os pesqisados tém um: capacidade potencial de identificar GLASER, B. G. e STRAUS ee ISS, A. L. The Dis Theory: Strategies is discovery of Grounded ‘suas necessidades, formular seus problemas e organizar sua Piewtioens Jor Qualitative Research, Chicago, Aldine aglos GOODE, aad Jee HATT, P. K, Métodos em Pesquisa Social. Trad. 3, aeficicia desse process de deciséo depende da participagao wenn ina Boti, 7.* ed, $0 Paulo, Nacional, 1979, saa ativa dos envolvidos na descoberta de suas necessidades ¢ na s DE DES f ane ‘ 7 lee THODE DES CAS (LA). Formation Permanente on Senses So conganizagio adequadia dos meios pata modifica a situacdes miaaire R, MUCCHIELLD, 5 ed. Patis, ESF, 1979, consideradas insatisfatcrias. NISBET, J. e WATT. |. Case Study — Readgui ae cational Research. Nattinghas, Unter of oie it Ea (© processo da pesquisa qualitativa néo obedece a um pa | of Education, 1978, y ‘citinghan School cdo paradigmético. Hé diferentes possibilidades de programar REYNOLDS, J. Méthode des Ce i 1a execugio da pesquisa, Vale muito 0 trabalho criativo do pes- Guide Pratique, Genchea, BUI Renan ot Management — quisador ¢ dos pesquisades. O resultado converge para um con- STARE Rca + Formation & la Gestion, 1985. junto de microdecisdes sitematizadas para validar um conheci- Selegdo, 7. jun jul, foe Avaliaglio Educacional”, Educapio e imento coletivemente criado, a fim de se eleger as estratégias de ms Fare i aco mais adequada a solucdo dos problemas. = CIRCE, Urbena ik, ines pee) inn Science Education, Pode-se estabelecer algumas etapas de trabalho para se che- racers - inois, 1978, gar 8 descoberta das questdes prioritérias e & aglio mais eficaz Norwich U; Heleeiviot tae Research in Education, Care, para transformer a realidade. Algumas pesquisas descritivas se arias ; wt Anglia, 1982. Jimitam a revelar os problemas, as avaliativas descrevem os pro- Worklogs 10 Labor: How Working Class Kids Get blemas ¢ trabatham os ercaminhamentos necessérios ¢ as inter. #8 Class Jobs, Farnborough, Saxon House, 1977, ventivas objetivam organizar uma mudance deliberada nas situa- ges indesefadas. _ 8: Etapas da pesquisa qualitativa LAFASE: a determinagde da pesquisa — >A pesquisa qualitativa objeti reelmento de uma situagéo Te ean Barons 0 escla- ‘Antes de se inicier qualquer pesquisa é necesséria uma pre- préprios pesquisados des seus problemas e das condicéen yee paragio onde se preveja as negociagses prévias, 0 pessoal, os geram, a fim de elaborar o8 meios ¢ estratégias de 1 pees aus lee cbjetivos que se tem etn vista, a érea de abrangéncia e o conjunto aa bac je rcv, de estratégias para se {dentificar os problemas ou necessidades resumides nas seguintes proposigdes: de pesquisa podem ser priositérias e se fazer un inventério-sintese das questOes mais ivoes: Fluentes ¢ das necessidadss prioritérias. Supde, pois: 104 105 + elaborar previamente os objetivos: recolher as principais infor- maagbes técnicas e docummentais para caracterizéa e confron- té&la com o ponto de vista de agéncias Gemandantes, e de todos os envolvidos wa pesquisa; + eleger 0 campo © 05 meios de pesquisa: selegéo das informa- gdes econdmicas, sociais, culturais e politicas, das fontes do- cumentais ¢ dos instrumentos de pesquisa; * fazer uma pesquisa de campo exploratéria para avaliar os dados ji recothidos; + sintese das informagdes: inventério preliminar dos problemas. 22 FASE: a definicdo da pesquisa + elaboragdo das hipdteses explicativas dos problemas identi- dos; + definigdo do campo € do pessoal necessério; + coleta dos dados; + anélise ¢ sintese dos dados coligidos; * formulagio sintética dos principais problemas identificados; + discussio ¢ anélise dos problemas com os envolvidos. 32 FASE: estratégia de aco + tracar com os envolvidos ume estratégia de ago que responda 0s problemas encontrados; + elaborar os dispositives e técnicas de discussio das estratégias escolhidas; * execugdo dos estratégias escolhidas; + aveliaedo dos resultados; * relatério critico e andlise final dos resultados conseguidos. 106

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