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DESCRIGAO Democracia e sociedade brasileira: um panorama histérico, Entre 0 puiblico ¢ o privado: o combate permanente a corrupedo. Os processos democraticos constitutivos de uma sociedade economicamente inclusiva. PROPOSITO Analisar 0 quadro histérico do sistema politico brasileiro e sua democracia representativa, considerando a complexa relagao entre esfera ptiblica e privada, bem como teorias, processos, avangos e projetos de inclusao social. PREPARAGAO Levando-se em conta a riqueza e as milltiplas possibilidades de analise deste Tema, seria importante ter ‘em maos um bom Dicionario de Teoria Politica ou de Ciéncias Sociais. Sugerimos 0 Dicionério de Politica, de Norberto Bobbio, e 0 Dicionario de Sociologia, da UFSC/Repositério, ambos disponiveis em formato virtual. OBJETIVOS MODULO 1 Deserever 0 panorama da democracia no Brasil e seu sistema de representagao MODULO 2 Comparar as esferas puiblica e privada no contexto do combate a corrupgo MODULO 3 Identificar os grupos identitarios nacionais no processo democratico INTRODUGAO Ao falarmos de “Democracia e Mercado", entramos em um assunto cuja leitura sobre o sistema politico no Brasil esta associado no apenas a grupos que sao representados, mas também aqueles que ndo se encontram substancialmente representados na esfera politica. Portanto, nesta disciplina, buscaremos responder: como a histéria nacional e o seu desenvolvimento democratico ajudam a perceber os alinhamentos e os desalinhamentos da representagao politica? Primeiramente, vamos descrever um panorama histérico da democracia e sua relagdo com a sociedade brasileira no que se refere a representagao no sistema politico. Veremos como isso ocorre em trés, segdes, onde trabalharemos: os periodos de transi¢ao do sistema politico; a redemocratizagao brasileira; e 0 conceito de representagao na politica contemplando aspectos teéricos. Vamos também identificar as diferengas ¢ os limites entre os setores pUblico ¢ privado a partir da teoria habermasiana, bem como discorrer, com base na estrutura brasileira, acerca do combate a corrupgao. Iremos ainda apresentar como esse assunto é discutido atualmente, além de conhecer o conceito de democracia inclusiva e como se da 0 processo de uma (outra face da) democracia inclusiva e suas diferentes maneiras de representagao no Brasil, levando em consideragao as chamadas agoes afirmativas. MODULO 1 © Descrever o panorama da democracia no Brasil e seu sistema de representagao DOS SISTEMAS POLITICOS BRASILEIROS: TRANSIGOES O que é democracia? termo democracia pode ser definido de maneira bem objetiva: trata-se de um governo em que 0 povo 6 soberano; de um sistema de governo em que 0 povo elege seus representantes por meio de eleigdes periédicas. No verbete produzido por Norberto Bobbio, a teoria moderna de democracia 6 conhecida como: TEORIA DE MAQUIAVEL, NASCIDA COM O ESTADO MODERNO NA FORMA DAS GRANDES MONARQUIAS, SEGUNDO A QUAL AS FORMAS HISTORICAS DE GOVERNO SAO ESSENCIALMENTE DUAS: A MONARQUIA E A REPUBLICA, E A ANTIGA DEMOCRACIA NADA MAIS E QUE UMA FORMA DE REPUBLICA (A OUTRAE A ARISTOCRACIA), ONDE SE ORIGINA O INTERCAMBIO CARACTERISTICO DO PERIODO PRE-REVOLUCIONARIO ENTRE IDEAIS DEMOCRATICOS E IDEAIS REPUBLICANOS E O GOVERNO GENUINAMENTE POPULAR E CHAMADO, EM VEZ DE DEMOCRACIA, DE REPUBLICA. (1998, p. 326) Uma sintese do processo de alternancias no (e do) sistema de governo brasileiro nos ajudard a compreender que a democracia nao é um sistema fechado ou conclufdo. A democracia enfrenta constantes metamorfoses no que diz respeito a representagao do povo e aos mecanismos de aco para a concretizagao de politicas diversas. Vejamos. O periodo Imperial, iniciado em 1822 (com a Independéncia), encerrou-se no dia 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada a Repiiblica no Brasil ¥ Nesse momento, os militares estiveram a frente do governo brasileiro. © Marechal Deodoro da Fonseca assumiu a Presidéncia da Reptiblica em 1891, renunciando em novembro do mesmo ano e sendo sucedido por seu vice, Floriano Peixoto. Nomeado de Primeira Repiiblica (ou Republica Velha), 0 periodo entre os anos de 1889 a 1930 foi marcado por forte apoio popular contra os monarquistas. As oligarquias agrarias dos estados de Sdo Paulo e Minas Gerais possuiam uma forte influéncia e, por isso, alternavam-se constantemente no poder. Essa alternancia de presidentes civis ficou conhecida como “politica do café com leite” © fim da Primeira Republica ocorreu com a Revolugo de 1930, quando Julio Prestes havia vencido as eleigdes. Dentre os anos de 1930 a 1934, Getiilio Vargas assumiu provisoriamente o Estado, abrindo as portas para a chamada Era Vargas. Essa Revolugao — ou seja, a tomada do poder pelas armas — aconteceu porque forgas politicas nacionais, especialmente no sul e nordeste, ndo se viam representadas no govemo do pais, j4 que as Oligarquias de Sao Paulo e Minas Gerais alternavam-se na Presidéncia. Essas forgas viram em Gettilio Vargas a chance de chegarem a lideranca Nacional. Em 1934, realiza-se uma Assembleia Nacional Constituinte. Nasce, ento, a Segunda Republica. E nesse periodo que entram para a historia brasileira 0 voto secreto, o voto de mulheres, o ensino primério obrigatorio e as leis trabalhistas. Trés anos depois, Vargas promulga uma nova Constituig¢ao, em que a liberdade partiddria havia sido suprimida, assim como a independéncia dos Trés Poderes e 0 federalismo. Com 0 fechamento do Congresso Nacional, criou-se 0 Tribunal de Seguranga Nacional, ¢ 0 presidente escolhia quem seriam os governadores e, estes, nomeariam os prefeitos. Era o Estado Novo (1937 - 1945). As eleigées livres para 0 cargo de presidente e para o Parlamento aconteceram apenas em 1945. Vargas, que havia sido eleito senador, em 1951, tomou-se presidente pelo voto popular. Seu projeto tinha a criagao da Petrobras como pauta para um governo desenvolvimentista. O periodo Vargas terminou com seu suicidio em agosto de 1954, Um ano depois, o Brasil ascendeu para a industrializago com Juscelino Kubitschek. Para concluir essa primeira etapa de transigées, Janio Quadros foi eleito presidente em 1960. Quadros permaneceu apenas sete meses no cargo, e seu vice, Jodo Goulart (Jango), deveria assumir a presidéncia, Jango, além de ser simpatico & Revolugao Cubana, tinha como projeto politico a reforma agréria e a nacionalizagdo (ou encampagao) de empresas estrangeiras. Essas ideias nao encontraram apoio entre militares, proprietarios de terras, empresarios, latifundiarios. Por isso, os militares que ocupavam cargos de ministros ndo queriam empossar Jango, pois 0 consideravam “de esquerda” DE ESQUERDA' Lembremos que, nesse periodo, em Ambito mundial, viviamos a Guerra Fria, que polarizava Capitalistas de um lado (direita), liderados pelos EUA; e Socialistas (esquerda) de outro, liderados pela URSS. Essa polaridade também existia no Continente Americano, incluindo, portanto, o Brasil. Leonel Brizola, entéo governador do Rio Grande do Sul (1961), criou um manifesto para que Jango, seu cunhado, fosse devidamente empossado. Tais agdes e reagdes gestaram uma crise politica que teve seu desdobramento com a emenda constitucional que aprovou o regime parlamentarista no Brasil. Todavia, no ano de 1963, 0 presidencialismo foi votado por plebiscito realizado por Jango. Os discursos de Jango em favor das reformas aumentaram a crise politica e, no dia 31 de marco, os nilitares organizaram-se contra o vice-presidente — que acabou se exilando no Uruguai. Com a tomada do govemo pelos militares, chefes militares e filiados da Unido Democratica Nacional (UDN), 0 golpe comegou a ser desenhado. No ano de 1968, o regime militar decretou o Ato Institucional n® 5, conhecido também como AI-5, em que a ditadura civil-militar fora implantada de maneira plena. Durante os anos 1969-1974, 0 governo do general Emilio Garrastazu Médici foi reconhecido por muitos como responsavel pelo desenvolvimento econémico, chamado de ‘milagre brasileiro” ou “milagre econémico”. Sua politica buscou 0 arrocho salarial, resultando em altas taxas de lucro e concentragéo de renda, até a orise do petréleo em 1973, O contexto politico-social fora marcado pelo éxodo rural somado ao crescimento industrial vertiginoso, por isso falava-se em “milagre econdmico”. Todavia, apés anos de recess, o desenvolvimentismo assumia a feigo conservadora, antidemocratica e antipopular; chegara-se ao pice da produgdo industrial que, mais tarde, na década de 1990, o neoliberalismo viria para solapar. Paes (1997) descreve que a década de 60 teve, além de crescimento econémico, um desenvolvimento tecnolégico que atingiu a todos, indistintamente, Essa declaragao 6 arriscada, uma vez que a economia brasileira viveu sua crise entre 1961 a 1966 e a mudanga de vetor no que tange ao crescimento industrial da ditadura acontece apés 1969, por conta desse proceso de industrializagao (industrias automobilisticas, produtos eletrénicos etc.) e do AI-5, que pds fim as agitagées e mobilizagdes contra 0 novo regime. Afinal, houve ou nao o “milagre econémico"? 0 “milagre” deu-se pela incorporagao da economia brasileira ao capitalismo monopolista, pelo arrocho salarial, pelo aumento da taxa de mais-valia, pela exploragao do trabalho respaldada por um governo autocratico e autoritario (FERNANDES, 2006) ARROCHO SALARIAL Caso em que 0 reajuste salarial néo acompanha a inflago. ‘massa dos trabalhadores, que fazia 0 trabalho manual e pesado, no campo e na cidade, nas fazendas e nas induistrias, teve o valor do salario diminuido, sem que diminuisse o tempo ou a intensidade da exploragao. Ja 08 trabalhadores do “colarinho branco”, gestores e burocratas tiveram uma fatia do bolo mais expressiva. Contudo, os maiores beneficiados foram as multinacionais, os grandes monopélios produtores de mercadorias e servigos, e o recém-criado mercado financeiro e de capitais. DA REDEMOCRATIZAGAO BRASILEIRA Em 15 de margo de 1985, deu-se o término da ditadura civil-militar no Brasil. Com a redemocratizagao do pais, o ARENA mudou seu nome para Partido Democratico Social (PDS), ¢ o MDB para Partido do Movimento Democratico Brasileiro (PMDB). O pluripartidarismo abriu as portas para a criagdo do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Democratic Trabalhista (PDT), Partido Popular (PP), Partido dos Trabalhadores (PT). Essa era uma oportunidade de novos rostos e novas representacées da sociedade no campo partidario (GOHN, 2019). Em 1985, Tancredo Neves havia sido eleito através do voto indireto em 1985, mas faleceu na véspera de sua posse. E O QUE SIGNIFICA O VOTO INDIRETO? Historicamente, a Constituigao de 1824 havia adotado o sistema do voto indireto, em que os préprios Politicos votavam no lugar dos demais cidadaos, O processo ocorria em dois graus, para as eleigdes para a Camara dos Deputados e Senado. A época, os “cidaddos ativos” da paréquia escolhiam os eleitores que, consequentemente, elegiam os parlamentares. Os cidadaos eram aqueles que votavam nas eleigdes de primeiro grau; jé 0 eleitor, nas eleigdes de segundo grau. Esse sistema era utilizado na Franga (1789-1820) e as etapas eram as seguintes: primeiramente, as assembleias elegiam os delegados para as assembleias de departamentos; em seguida, os delegados escolhiam os deputados. Tal modelo também fora adotado em paises como Espanha (1810) e Portugal (1822). No Brasil, 0 voto ‘eto foi utilizado durante 0 periodo do Império e teve seu fim em 1881 (NICOLAU, 2012). Mas retornaria, com o Regime Militar (1964-1984), apenas sendo definitivamente eliminado com a Com a redemocratizagao no Brasil, a populagao teve direito ao voto direto para a presidéncia. Em 1989, © pais participou de dois turnos, em 15 de novembro e em 17 de dezembro. O candidato eleito com 53,03% para a presidéncia foi Fernando Collor de Mello, deixando seu oponente, Luiz Inacio Lula da Silva, com 46,97%. Embora Collor tenha entrado para a historia como o primeiro presidente eleito pelo voto direto apés a ditadura, teve 0 término de seu mandato antes do tempo devido a um impeachment (GLASENAPP, 2018) No cenério que antecedeu as eleigées de 1989, tivemos a Constituigao Federal Brasileira de 1988. Ela é a garantia de direitos e deveres dos cidadaos brasileiros. Seu artigo 14 “estabelece que a soberania popular serd exercida pelo sufrdgio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. No Brasil, 0 voto é facultativo entre 16 e 17 anos, sendo obrigatério a partir dos 18 anos. O voto nao 6 obrigatério para pessoas acima de 70 anos e analfabetos. CONSTITUIGAO FEDERAL BRASILEIRA Vale conferir o texto integral da Constituigao Federal Brasileira, de preferéncia em sua versao digital (planalto.gov.br), onde é possivel identificar legislages complementares e alteragdes. Font http://www planalto.gov.briccivil_03/constituicao/constituicao.htm DA REPRESENTAGAO (NA) POLITICA: QUESTOES TEORICAS Os partidos politicos sao importantes em uma democracia, pois so responsaveis por garantir representagao diversa e posicionamentos contrarios (agonisticos). A politica (MOUFFE, 2015) deve ser caracterizada pelo agonismo, e nao pelo antagonismo, uma vez que este se refere aos grupos “nds” / eles’. Sendo que: AGONISMO No agonismo, “eles” sao adversérios politicos a serem vencidos com as regras do jogo democratico. ANTAGONISMO No antagonismo, “eles” sao interpretados como igos a serem derrotados a qualquer custo. Durante a ditadura civilmilitar, os partidos foram extintos. Isso ocorreu em 27 de outubro de 1965 com a decretacao do Ato institucional n® 2 (Al-2), feita por Castello Branco (GALVAO, 2016). Os partidos cumprem papel essencial em um governo representativo, por isso a ditadura, buscando manter a imagem democratica, oficializou o sistema bipartidério com a Renovadora Nacional (ARENA), que representava 0 govemo, e com o Movimento Democratico Brasileiro (MDB), uma fragil e controlada oposicao. Entretanto, a representagao da sociedade brasileira na politica nesse periodo foi alvo de grandes criticas, tendo em vista a pouca representatividade de camponeses, trabalhadores, grupos nao elitizados, dentre outros. AFINAL, O QUE SERIA A REPRESENTAGAO? REPRESENTAGAO E IMAGENS DE COISAS, ESPECIALMENTE IMAGENS DE OBJETOS SIMPLES, NAO (SE DIZ QUE) OS “REPRESENTAM”. NOS NAO APONTAMOS PARA A IMAGEM DE UMA ARVORE OU DE UMA CASA OU DE UMA MESA E DIZEMOS: “ISSO REPRESENTA UMA ARVORE (UMA CASA, UMA MESA)”. E PROVAVEL QUE DIGAMOS: “ISSO E UMA ARVORE”. [...] “ISSO REPRESENTA UMA ARVORE” E O QUE PODEMOS DIZER SOBRE UMA MANCHA COLORIDA OU UM RABISCO QUE TENTA INDICAR UMA ARVORE, MAS NAO SE PARECE COM UMA. (PITKIN, 1967, p. 68) O que é representar alguém na politica? E 0 que deve fazer um representante? O representante é 0 povo ausente? E quem é 0 povo? Antes de responder a essas questées, é preciso reconhecer que "povo” ndo é uma categoria econémica, mas politica. Séo pessoas submetidas a um governo. Desse modo, "pove se opée exatamente a governo: povo e governo sao antipodas na relagao de dominacdo politica prépria das mais diversas sociedades humanas" (MIGUEL, 2014, p. 20). O que conecta 0 povo & democracia representativa sao as eleigées (MANIN et al, 2006), ausentes na ditadura civil-militar, pois a caracteristica primordial de qualquer ditadura 6 a supressao de direitos. Outro modo de entender a representagao (PRZEWORSKI, 1994) 6, ao se falar mandato piiblico, analisar duas questées: Os programas de governo. Os candidatos que realmente podem cumprir suas promessas. Todavia, nao se pode afirmar que 0 individuo eleito cumprira o papel estabelecido pelo partido nem as promessas feitas aos seus eleitores. w EXEMPLO Avotagao da Reforma da Previdéncia ocorreu em julho de 2019 na Camara dos Deputados. O PDT havia orientado todos os seus membros a votarem contra a Reforma. Porém, Tabata Amaral e outros 7 deputados contrariaram o partido. O PDT abriu um proceso disciplinar contra eles, prevendo, inclusive, expulso, Em casos como esse, deveria haver (PRZEWORSK(I, 1994), no minimo, uma obrigatoriedade a fim de que o eleitor tenha certeza de que sua escolha sera respeitada No sistema democratico, a representagao por prestagao de contas (accountability) acontece quando os eleitores votam e o representante eleito age de acordo com os interesses deles. Mas essa maneira no é de toda eficaz, uma vez que os eleitores nao possuem informagées completas na prestagao de contas. Dai, um outro aspecto ajuda a compreender essa forma de representagao: 0 uso do voto - ou “pedras de papel” (PRZEWORSKI, 1998, p. 49) ndo apenas para a simples eleigao, mas também para que o cidaddo demonstre, por meio das informagées que colheu sobre as atividades passadas dos candidatos, uma maneira de punir ou premiar os representantes. Nesse aspecto, a racionalidade do “nao voto” como forma punitiva provocaria nos politicos uma atengéo maior para manterem-se virtuosos. JUSTICA ELEITORAL No campo das instituigdes, eleigdes ¢ representagées, diversos autores (PRZEWORSKI, 1994; SCHUMPETER, 1976; PITKIN, 1967) reconhecem as diferentes democracias e o nivel de representatividade popular dentre elas. Alertam, assim, para o fato de que os eleitores devem ser capazes de imputar responsabilidade sobre o governo e de votar para retirar partidos com desempenho insatisfatério, Seguindo a categoria da representago, a teoria pluralista (DAHL, 1997) ajuda a compreender como cidaddos so guiados e se mobilizam por um entendimente esclarecide de seus interesses. Em outras palavras, s6 haverd participagdo politica dos individuos no momento que seus interesses estiverem em discussdo. Isso faz com que a politica seja reduzida a um proceso de escolha e poderia legitimar, inclusive, ditaduras paternalistas, onde os cidadaos comuns receberiam de certas elites uma cartilha de “verdadeiros” interesses para toda a sociedade. Se as eleigdes sdo a esséncia da democracia, como fazer para que os atores da sociedade se envolvam com a politica, independentemente se seus interesses esto ou nao em paula? O que se pode perceber & que a democracia permite maior representatividade e cobranga dos eleitores diante dos politicos, todavia a discussao acerca de uma representatividade substantiva do povo brasileiro, bem como os processos de punigao para o partido e/ou para o politico que ndo agem constitucionalmente, é cada vez mais presente, VOTO E DEMOCRACIA O video apresenta os dois conceitos, exemplificando a importancia do voto e diferenciando os sistemas de eleigdo indireta ou direta VERIFICANDO O APRENDIZADO MODULO 2 © Comparar as esferas plblica e privada no contexto do combate a corrupgao DO PUBLICO E DO PRIVADO: PERSPECTIVA TEORICA © espago é uma dimensao significante na sociedade. Pela plataforma antropoldgica, a ocupagao de determinado territério nao ocorre somente por suas condigées naturais, mas também pelas estruturas socioculturais daquela sociedade. Acidade caracteriza certa inovacao das estruturas sociais e de seus poderes. Moradores em bairros nobres e moradores em lugares periféricos. Mas a cidade é muito mais do que a reunido de pessoas e recortes geograficos, ela expressa uma dimensdo relacional, competitiva, de grandes embates emancipatérios. Diante da complexidade das relagées e da politica que envolve a satisfagao de demandas sociais, temos de refletir sobre os conceitos e os limites entre o espago piblico e o privado. Tedrica e objetivamente, podemos compreender que: ESFERA PUBLICA Aesfera piiblica 6 um espago em que individuos ptiblicos e privados discutem os assuntos puiblicos. ESFERA PRIVADA Aesfera privada é dimensao em que 0 sujeito possui certa autonomia/autoridade sem a intervengao do Estado, como no ambiente familiar, a religido etc. O sociélogo alemao Jiirgen Habermas explora tanto o surgimento quanto a desintegragao da esfera ptiblica, com 0 surgimento do consumo em massa de noticias ¢ afins. No campo teérico, 0 conceito de esfera piiblica pode ser defi jo como 0 espago formado de individuos reunidos para cutir as necessidades da sociedade, do Estado, da politica. Habermas (2003) estudou a esfera publica concentrada nas mesas aristocraticas dos séculos XVII-XVIII. Em sintese: a burguesia defendia que, para se frequentar a esfera publica, era necessario apresentar comportamento culto, condigdes de argumentacao e para o debate, entre outras caracteristicas semelhantes JURGEN HABERMAS Jiirgen Habermas (1929) é um filésofo alemao e um dos mais influentes socidlogos do pés-guerra. E conhecido por suas teorias sobre a razéo comunicativa e considerado um dos mais ilustres representantes da segunda geracao da Escola de Frankfurt. Fonte: ebiografia.com © autor elucida as categorias do que ¢ puiblico e privado a partir da origem grega. Tais categorias foram transmitidas pelos preceitos romanos durante a Idade Média e somente no Estado moderno ganharam aplicagéo processual juridica. Na Grécia Antiga, 0 patriarca protagonizava o contexto familiar de modo que todos os membros estavam submetidos a ele. O patriarca (homem livre) era aquele que exercia sua liberdade na esfera pliblica. Habermas demonstra, com a leitura dessa estrutura, que as duas esferas representavam um Unico poder. No que se refere & sociedade feudal, nao poderia comprovar uma separago entre as esferas, uma vez que 0 senhor fundidrio era a representagao do poder. Para Habermas (2003, p. 20), trata-se de uma ideia de representacdo da dominagao, “ao invés de o fazer pelo povo, fazem-no perante 0 povo". Essi representagdo est ligada intrinsecamente a atributos de determinado ator social, cujo o6digo comportamental é classificado como nobre. Ww EXEMPLO No Brasil, o conceito de patriarcalismo ja foi utilizado para explicar, por exemplo, o tema da corrupgao — que veremos na préxima segao. A Europa (séc. XVIFXVII|) é 0 local de origem da esfera publica burguesa, individuos privados que se reuniam para debater com as autoridades a regulagdo da sociedade civil e a propria conduta do Estado. Por isso, a esfera publica passou a guardar relagao direta com as questées politicas. Como poucos sabiam ler, a imprensa produzia para a esfera pUblica composta pelo leitor burgués. ‘Somente a comercializagao da comunicagao de massas transformou o que era foro privilegiado de debate em outro campo de consumo cultural. A esfera ptiblica se converteu em um mundo ficticio controlado pela chamada industria cultural (ADORNO; HORKHEIMER, 1985). SAIBA MAIS SOBRE INDUSTRIA CULTURAL termo nasceu em 1947, quando os autores se propuseram analisar o mundo das artes em relagdo aos avangos da tecnologia produzidos pela Revolugdo Industrial e pelo capitalismo. Industria cultural se refere a produgéo em massa, muito comum nas indiistrias, nas fabricas, e que foram adaptadas a produgao de artes, Em outras palavras, a industria fomenta (com as técnicas do sistema capitalista) uma nova forma de se produzir arte e cultura. Exemplo: se o filme com género aventura possui um consumo expressivo, a industria cinematografica se concentraré nesse tipo de produgao; se a musica pop gera lucro, a gravadora buscaré musics que produzam tal contetido. Podemos concluir que os objetivos da industria cultural visam: Ao lucro A manutengo do pensamento dominante para que a cultura se mantenha como processo de manobra da populagao. Esse segundo elemento traz uma questo complexa no que se refere & produgao por demanda, pois a produgéo também pode ser inovadora para se construir uma nova forma de dominacao. Habermas (2003) aponta que, no transcorrer da historia, leitores se transformam em consumidores de informagées sensacionalistas (modelo considerado altamente comercial). A esfera publica se transforma, Portanto, em teatro e faz da politica (nesse caso, a democracia) um espetdculo de manipulagao em que lideres e partidos buscam rotineiramente o consentimento de uma populacao despolitizada, Por conta disso, Habermas considera que a esfera ptiblica s6 pode ser reconstruida quando: Oprit .0 de publicidade é afirmado e colocado em pratica. Os processos burocraticos e de tomadas de decisdes do Estado sao limitados e devidamente controlados. Os conflitos de interesses estruturais so rel: E QUANDO PODEMOS DATAR A SEPARAGAO ENTRE AS ESFERAS? RESPOSTA Pelo menos teoricamente, ocorre no contexto modemo. © século XVIII foi palco de um processo de polarizagao onde o poder feudal, representado pela Igreja, foi esfacelado, resultando na distingo entre publico e privado. Habermas aponta que, nesse ambiente, surgiu a esfera publica burguesa, na qual a movimentacao de mercadorias e de informagdes constituiria © préprio comércio capitalista oitocentista. Como podemos perceber, a concepcao histérica da esfera piiblica burguesa possui alguns niveis, e um deles é 0 nivel da histéria socioeconémica, o que acentua o carater de classe (SILVA, 2002). Habermas (2003) explica ainda que a interpenetracdo entre Estado e sociedade resulta da seguinte dialética: Por um lado, encontra-se a transferéncia de competéncias do Estado para grupos corporativos da sociedade. Por outro lado, esta a estatizagao da sociedade quando o Estado se estende aos setores privados — onde a esfera pliblica burguesa desenvolveu-se Ele entende que o sistema capitalista explica a centralizagao do poder estatal e sua intervengao na sociedade influenciada sobretudo pela classe burguesa. Todavia, a repolitizagao da esfera piblica formada por individuos privados fez com que a familia patriarcal burguesa perdesse determinadas fungdes. Como consequéncia, a familia se ocupou cada vez mais do privado, enquanto a esfera social do trabalho inclinou-se mais ao pubblico. Mesmo com a mudanga estrutural familiar, o que ajudou a distinguir 0 puiblico do privado, houve uma nova configuragao na relagdo entre as esferas, chamada de “refeudalizagao da esfera publica’. Isso ocorre quando a esfera piiblica da sociedade civil assume caracteristicas feudais, por exemplo a linguagem na midia. O poder seria garantido pela linguagem, em que a leitura de livros, revistas outros ocorreria por meio de consumo acritico pelas familias. Aqui, retomamos a questéo da industria cultural. Sociologicamente, o dectinio da esfera publica literaria resulta em dois grupos: Amassa de consumidores acriticos e passivos. Apolitica 6 um alvo em potencial quando falamos desse tipo de produgao. No Brasil, por exemplo, politicos contratam profissionais em marketing a fim de venderem uma imagem ideal para os eleitores; 08 seus discursos 40 montados para “agradar a freguesia’. As categorias pollticas, econdmicas e sociais s4o utiizadas por elites para desviarem a atengao dos reais problemas do pais. Uma dessas calegorias 6 0 patrimonialismo, utiizado para explicar a fonte da corrupgao nacional. INDUSTRIA CULTURAL E O PUBLICO/ PRIVADO Assista ao {eo a seguir para aprender mais a respeito do conceito de Industria Cultural e sua interferéncia na percep¢ao do puiblico/privado nas sociedades contemporaneas, DO COMBATE A CORRUPGAO Ainstrumentalizago técnica é um trago marcante do capitalismo (DUFOUR, 2008). Ela consome corpos (‘corpos produtivos’) e espiritos. A racionalidade liberal torna pessoas em objeto, tratando-as como algo negocidvel. A sua Unica preocupagdo é com o lucro, O resultado dessa racionalidade é a dessimbolizagao, ou seja, quando limites e valores da civilizagao sao tratados sem a devida importancia, Por exemplo, quando valores como “liberdade” e “verdade" sdo discutidos e tratados como mercadoria A dessimbolizagao faz com que 0 individuo, o eleitor, o sujeito participante de uma democracia, tenha sua visdo alterada, tornando-o cada vez mais acritico. Uma das ferramentas utiizadas para essa dessimbolizacao ¢ 0 esvaziamento da linguagem. Esse esvaziamento representa a distorgao da realidade. Na politica, isso ocorre quando se reduz 0 adversario a “inimigo", por meio da percepgao “antag6nica” (MOUFFE, 2015) e os valores democraticos nao sao devidamente considerados. Por fim, 0 eleitor procura eleger a partir de categorias morais e acriticas. Nesse ambiente, até o combate a corrupgao pode tornar-se mercadoria. Ha autores que consideram a existéncia de consumidores avidos pelo tema porque foram formatados para absorverem quaisquer noticias (CASARA, 2017). A publicidade & uma face curiosa nesse proceso: por um lado, o rendimento de proprietarios dos meios de comunicagao de massa; por outro, seu uso politico para a construgao de “verdades” por conveniéncia, ou seja, as fake news. Diante de tantas noticias fabricadas, o que nado é verdade sobre a corrup¢do? Nao discutimos a sua existéncia, pois sabemos que ela existe em pequenas e grandes escalas, Porém, precisamos refletir, com base em autores nacionais, sobre como o combate a corrupgdio passa por, pelo menos, duas vias: a primeira 6 a corrupgao real tornada um produto (mercado), que pode ser atestada pela exposicao tedrica da sego anterior; a segunda, a scusso sobre o motor (os responsaveis) da corrupgao nacional. Saiba mais a seguir: ACORRUPGAO COMO PRODUTO © empobrecimento (esvaziamento) da linguagem tem como objetivo negar andlises mais sofisticadas, havendo assim uma aproximagao do anti-intelectualismo, Esse é 0 papel (CASARA, 2017) do neoliberalismo: ubstituir a critica pelo individuo acritico e consumidor. As redes sociais, por exemplo, so uma ferramenta que favorece a ligeireza da leitura. Pequenos textos so adequados ao gosto do consumidor justamente para tomar a informagao atrativa ¢ incitar 0 seu compartilhamento em grupos familiares, de amigos e outros. Poderiamos classificar como intengao de reproduzir efeitos de verdade aquilo que foi imposto por grupos dominantes cujo interesse ¢ moldar a realidade de acordo com suas ideologias de mercado. A corrupgao, além de contribuir para uma divisdo de classes cada vez maior e impossibilitar que servigos pUiblicos de qualidade estejam a servigo da sociedade, tomou-se uma espécie de espetaculo a ser vendido. Um dos elementos que fomentam tal espetacularizagao é a moralizagao da politica. A causa de combate corrup¢ao no Brasil, capitaneada pela Operagao Lava Jato, por exemplo, ilustra bem como a moralizagao da politica incide sobre a légica sistémica da politica, especialmente com a condenagao moral e juridica da negociagao entre partidos e politicos, o que dificulta a formagao de maiorias governamentais e agrava os efeitos da crise programatca. Aintervengao da Lava Jato (REIS, 2017) no sistema politico nao considera as caracteristicas do sistema que favorece as chances eleitorais daqueles politicos envolvidos em esquemas ousados de movimentagdo financeira nada transparente. A operagao observa a corrupgao apenas como um problema moral na relagao entre pessoas, e no como um problema das regras de financiamento e da organizagao do sistema eleitoral como um todo. Com isso, destréi as estruturas formais e informais especificas da politica, sem as quais o proprio sistema politico nao poderia se autotransformar no sentido de enfrentar com eficdcia a corrupeao. Sem a estabilizagao de relagdes de confianga na troca de apoios e no ajuste informal de interesses, 0 sistema politico nao consegue encadear decisées coletivamente vinculantes com o alcance e a eficdcia necessarios para um combate institucionalizado da corrupgao, As semelhangas com a moralizagao ndo religiosa s40 evidentes: a politica e o debate puiblico sao, transformados em polarizagdes sensacionalistas que absolutizam 0 cédigo moral que DIVIDE OS ADVERSARIOS EM BINARIOS MANIQUEISTAS QUE FACILMENTE PASSAM DE UMA PAUTA MACROSSOCIAL PARA O FOCO NA MORAL OU ETICA DE UM GRUPO OU INDIVIDUO. (MACHADO; MISKOLCI, 2019, p. 958) No campo do combate a corrupedo, isso cria oportunidades de poder para a moralizagao religiosa na politica, especialmente com a vinculago entre religiéo e meios de comunicagao de massa. Esse vinculo pode funcionar como recurso para punicao moral de politicos e partidos, que teré seu desdobramento em lucros e dominagao. O MOTOR DA CORRUPGAO NACIONAL No Brasil, muito j4 se escreveu sobre o combate corrupgao. Um dos principais fatores afirmados como responsveis pela corrupgdo ¢ o sistema patrimonialista. Mas é importante esclarecer que nosso pais no pode ser classificado como 0 Unico em que a corrupgao se encontra presente. Brasil (SOUZA, 2017; 2018) ndo protagoniza a corrupgao no mundo. Mas, para entender isso, necessério desmontar as categorias de andlise produzidas por intelectuais para se entender a sociedade brasileira e demonstrar que a desigualdade deve ser refletida a partir da escravidao, e nao da heranga de um Estado corrupto. Um dos conceitos problematizados por Souza (2018) é justamente o de patrimonialismo. Em relagao & desigualdade social, o autor acredita que a classe média é vitima em todo 0 proceso, mas, ao mesmo tempo, um brago responsdvel por ampliar tal distanciamento social. Manipulada pela midia, essa classe tornou-se seletiva na operagao Lava Jato, por exemplo. Segundo Souza, a fim de esconder a verdadeira corrupgao da qual o pais é vitima, desvia-se a atengao para 0 patrimonialismo enquanto a nagao é subtraida por transagées globais. A\légica do funcionamento do mercado e da elite dominante se tornam invisiveis nessa conjuntura; apenas a esfera estatal tem notoriedade. Nesse ambiente, o ator social nao consegue compreender 0 que produz e como produz — ou 0 que é produzido e como é produzido. Nao é possivel, portanto, enxergar na esfera pilblica as relagées de subordinacao. Nesse ponto, exorta que sao as falsas ideias que fazem as pessoas de tolas. E 0 efeito de tolos 6 0 produto do esforgo para quem os engana e oprime. Acausa fundamental do declinio do sistema democratico (CROUCH, 2004) 6 o desequilibrio entre os interesses corporativos e de outros grupos, o que leva a face da politica a ser novamente notada como um negécio de elites fechadas, como nos tempos pré-democraticos. Essa viséo de Crouch coaduna com a de Souza (2018). Ambos acreditam que o motor da corrupgao é o mercado dirigido por interesses das elites e que os politicos seriam apenas a chamada “ponta do iceberg’ INTELECTUAIS Langando mao de uma das principais obras do pensamento social brasileiro, a saber, Raizes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, Souza (2017, p. 8) aponta que o sucesso desta obra classica ocorreu por conter ali uma “narrativa totalizadora” e uma legitimagao “para uma dominagao antipopular com a aparéncia de estar fazendo critica social”, O conceito de patrimor para definir a politica nacional por Sérgio Buarque (seguido por Raymundo Faoro, com defini¢des. histéricas, e Fernando Henrique Cardoso, que o transforma em teoria) é apontado como uma ideia para legitimar interesses econémicos de uma elite que, além de dominar 0 mercado, é a real fonte do poder e da corrupgao no pais, gerando, assim, extrema desigualdade social. VERIFICANDO O APRENDIZADO MODULO 3 © Identificar os grupos identitarios nacionais no processo democratico PERSPECTIVAS TEORICAS DA DEMOCRACIA INCLUSIVA 0 filésofo politico e economista Takis Fotopoulos (1997) fundou o movimento democracia inclusiva. Em sua visdo, nao se trata de uma teoria, mas de experiéncias recolhidas da historia produzidas por setores socialistas e democraticos. Sua obra Towards an inclusive democracy (Rumo a uma Democracia Inclusiva) é uma resposta tanto ao triunfo do neoliberalismo quanto ao que ele entende por fracasso do socialismo. Fotopoulos (1997) oferece uma alternativa filoséfica diante da crise mundial da concentragao do poder em determinada esfera. A sociedade possui esferas distintas, mas que se conectam, como a politica, a economia, a ecologia ete. Quando o poder & concentrado apenas na economia, por exemplo, os outros quadros so impactados negativamente. Embora 0 filésofo grego seja um critico do socialismo dos paises comunistas antigos, seu argumento reage contra os social-democratas, uma vez que estes entendem que o controle estatal do mercado é suficiente para se alcangar a justica social. Fotopoulos responsabiliza o neoliberalismo pela crise social e ambiental, que cresce constantemente, e sugere como resposta a democracia inclusiva. Em sua visdo, a extensdo do mercado jamais foi algo inevitavel. A histéria do sistema capitalista nao se trata apenas de acumulagao de capital, mas do resultado de lutas entre o grupo que controla o mercado e o restante da sociedade. MAS O QUE SIGNIFICA DEMOCRACIA INCLUSIVA? RESPOSTA Fotopoulos a define do seguinte modo: AESTRUTURA INSTITUCIONAL QUE VISA A DISTRIBUIGAO IGUALITARIA DO PODER POLITICO, ECONOMICO E SOCIAL [...] EM OUTRAS PALAVRAS, COMO O SISTEMA QUE VISA A ELIMINAGAO EFETIVA DA DOMINAGAO HUMANA SOBRE OUTROS SERES HUMANOS. (1997, p. 206) Importante lembrar que a democracia inclusiva nao ¢ um modelo econémico, mas um projeto politico mais amplo e que integra a esfera em questo. ‘A democracia inclusiva trata-se de uma forma de organizagao que busca reintegrar a sociedade aos temas da economia, da politica e da natureza. Todas essas esferas so impactadas pela concentragao de poder situada em grupos de diferentes elites. A democracia inclusiva seria a Unica capaz de viabilizar uma solug&o para sair da crise, pois baseia-se na distribuigéo igualitaria de poder, e nao na concentragao. Em outras palavras, nesse modelo democrético, a esfera publica nao inclui apenas a esfera politica (de tomada de decisées, do exercicio do poder politico), mas também a érea econémica (exercicio do poder politico e econémico) ¢ a ecolégica (relagées entre a sociedade e a natureza). Neste caso, ao contrdrio da esfera privada, a piblica abarca diferentes dreas em que decisdes podem ser tomadas de maneira coletiva e democrética. O modelo proposto por Fotopoulos nao requer uma espera para que haja sua evolugao, pois ele pode ser criado a qualquer momento. Em suas palavras: O OBJETIVO IMEDIATO DEVE SER A CRIAGAO, A PARTIR DE BAIXO, DAS CLASSES POPULARES DE PODER POLITICO E ECONOMICO, ISTO E, O ESTABELECIMENTO DE BASES LOCAIS E 0 DOMINIO PUBLICO DA DEMOCRACIA DIRETA E ECONOMICA QUE, EM ALGUM MOMENTO, IRA CONFEDERAR A FIM DE CRIAR AS CONDIGOES PARA O ESTABELECIMENTO DE UMA NOVA SOCIEDADE. (FOTOPOULOS, 1997, p. 284) Sua tese apresenta a democracia inclusiva como inevitavel por causa da ldgica do sistema de mercado capitalista e o poder de suas elites que, consequentemente, gerenciam a cadeia de corrupgao, controlam as finangas, controlam o préprio mercado e capitulam ao neoliberalismo. E quais so seus argumentos? O autor considera quatro componentes basicos. Sao eles: a democracia politica/direta; democracia econémica; democracia social; democracia ecolégica. Vejamos as definigdes: A DEMOCRACIA POLITICA OU DIRETA Aautoridade é do demos, do povo, na esfera piiblica, Em outras palavras, na democracia politica, é a coletividade que toma as decisées sobre assuntos politicos de maneira direta, sem representatividade, uma vez que a democracia representativa nao é eficaz, 6 uma falsa representacao do povo. Portanto, na democracia direta, so as pessoas que decidem de forma coletiva sobre todos os aspectos da vida politica, A DEMOCRACIA ECONOMICA Aautoridade do demos ¢ exercida sobre a esfera econémica. Pessoas responsaveis (maioridade), em assembleia, decidem as questées econdmicas que interferem nas necessidades mais basicas da sociedade, como satide, educagdo, seguranga etc. Na democracia inclusiva, a propriedade privada nao deve existir e os recursos produtivos devem pertencer ao demos (que seria a propriedade demética dos meios de produgao), A DEMOCRACIA NO NiVEL SOCIAL ABRANGENTE Refere-se ao micronivel, aos ambientes do trabalho, da casa, do espago da educagao. A democracia nessa esfera significa a distribuigao igualitaria do poder. A DEMOCRACIA ECOLOGICA Nesta esfera, 0 objetivo 6 criar condigdes objetivas e subjetivas de maneira que cada individuo na sociedade seja devidamente (re)integrado na natureza. Aqui se pretende educar a consciéncia para que a natureza néo seja interpretada/usada como objeto para se alcangar lucro, uma vez que ja existe uma crise ecolégica no mundo. No Brasil, o modelo de democracia o representativo, mas existem grupos, conhecidos como grupos identitarios, que buscam relacionar a ideia de representagao com a distribuigao de poder na sociedade. Vamos conhecer um pouco mais sobre esses grupos? DAS POLITICAS AFIRMATIVAS: UMA OUTRA FACE DA DEMOCRACIA INCLUSIVA Uma sociedade economicamente inclusiva requer representagao politica devida. Todos so representados devidamente? Os grupos identitarios auxiliam nesse processo? O LIBERALISMO IDENTITARIO DEIXOU DE SER UM PROJETO POLITICO E SE METAMORFOSEOU NUM PROJETO DE EVANGELIZAGAO. A DIFERENGAE A SEGUINTE: EVANGELIZAR E DIZER VERDADES AO PODER. FAZER POLITICA E CONQUISTAR O PODER PARA DEFENDER A VERDADE. (LILLA, 2018, p. 18) © autor norte-americano Mark Lilla cita o movimento de direitos civis, mas com a intengao de demonstrar como os direitos das mulheres, de homossexuais, dentre outros grupos, foram beneficiados com tal movimento. Discute ainda a sociedade norte-americana e apresenta dados das décadas de 1970-80, em que cidadaos passaram a se concentrar menos na relago com o pais e mais com os diferentes grupos sociais. Sua visdo critica 6 que o identitarismo toma o sujeito menos inclinado ao debate politico em escala nacional. Por outro lado, o debate acerca da representacdo politica, do multiculturalismo e das politicas de reconhecimento no Brasil encontra cada vez mais espago. Importante ressaltar que dois elementos sao importantes no campo da democracia. O imeiro é a percepgdo quanto aos grupos representados politicamente; segundo, quanto aos grupos subrepresentados. MULTICULTURALISMO Convivencia de grupos distintos em um mesmo espago territorial. Aluz que se acendeu para a discussao nas tiltimas décadas trouxe a tona os conflitos étnico-culturais & apontou para a importancia do reconhecimento piiblico de minorias discriminadas. Reconhecer 0 outro é a possibilidade de uma interagao social mais saudavel e menos conflituosa, O ato do reconhecimento mituo constitui o proceso de identificagao e indica, consequentemente, a propria constituigao do ser humano em sociedade. Jana esfera do trabalho, onde a realidade contemporanea expée o carater precarizador das atividades, sujeitos excluidos, ou sem chances de inclusao, so diretamente afetados econémica e emocionalmente, com relagao a sua autoestima, autoconfianca, autoimagem etc. debate acerca de uma construgao identitaria no Brasil, um pais miscigenado e de desigualdades sociais consideraveis, tem como foco a luta pelo reconhecimento a partir dos valores comuns € compartilhados, como dignidade, liberdade, igualdade, valor social, todos garantidos pela Constituigéo Federal, Nessa esfera do trabalho, ha que se sublinhar que a ldgica social 6 marcada pela competitividade e pelo sistema capitalista. Os chamados “diferentes” possuem outras caracteristicas sociais, étnicas ¢ raciais e néo conseguem se adequar ao modelo por questées historicas, por falta de paridade e oportunidade, além de processos estruturais negativos construidos desde a colonizagao, como o racismo. Neste aspecto, 6 importante ressaltar a defesa do contexto multicultural ligado & necessidade de uma politica capaz de fomentar, nas instituig6es piblicas, o reconhecimento das diferengas e a defesa dos direitos especiais aos grupos que sofrem algum tipo de preconceito ou algo semelhante. Por essas & outras, o debate acerca dos grupos sociais, das identidades e da inclusdo apresenta-se como protagonista nas lutas de movimentos sociais no Brasil Adiscussao sobre demandas sociais possui dois lados: A defesa por politicas distributivas, aproximando-se de um discurso sobre justia. ‘Adefesa por politicas de reconhecimento e representagao, onde se argumenta a necessidade de reconhecer as diferentes identidades dos grupos sociais. E qual seria 0 ponto de convergéncia entre ambos? As estratégias politicas buscam dar visibilidade a grupos que sao historicamente marcados pela exclusdo e varios tipos de violéncias, tentando promover a paridade de participacao. E O QUE SIGNIFICA AGAO AFIRMATIVA? Trata-se de um conjunto de politicas em que todas as pessoas devem ser tratadas de maneira igualitaria. A falta de oportunidades iguais é o fator responsavel por impedir 0 acesso desses individuos a determinados lugares de poder e de produgéo de conhecimento. Qualquer proceso discriminatério {racismo, xenofobia, machismo, homofobia) constréi estereétipos que resultam em classificagées de subcidadania e precariedade civil, tais como: pessoas inferiores ou incapazes etc. Essas ages criminatérias impedem determinados grupos (LGBTQIA+, negros, mulheres, dentre outros) de alcangarem 0 devido reconhecimento e valorizagao social Para entendermos um pouco melhor, vamos imaginar as seguintes situagdes, frequentes em nossa realidade: Um membro da comunidade LGBTQIA+ no é contratado para um emprego devido ao seu género. Uma mulher negra que, mesmo sendo qualificada, nao consegue lograr éxito na mesma empresa em que trabalha um homem ou uma mulher branca. Um jovem negro que, apés entrevista de emprego, nao é contratado por nao ter “aparéncia desejada’ © que ha de semelhante em todos esses casos? Os personagens em questao nao correspondem ao ‘modelo eurocentrado” (homem, heterosexual, branco, cristo etc.) e, por conta disso, foram vitimas de processos discriminatérios. Muitas vezes, nesses casos, nao ha um tipo de punigao para os responsaveis pela discriminagao, que somente oferecem respostas neutras e/ou naturalizadas para justificar suas agdes. A ago afirmativa surgiu para tentar transformar essa realidade. 0 objetivo das agées afirmativas (GEMAA, 2011) é a pi litica focal para combater todo o tipo de discriminagdo (étnica, religiosa, racial, género) e aumentar a participagao de minorias no processo politico, bem como no acesso a questées basicas como satide, educagao, emprego, reconhecimento cultural. Assim, no apenas as politicas piblicas, mas também as privadas, devem se voltar para o que define a Constituigao Federal: a igualdade material, neutralizagao da discriminagao (de qualquer ordem), dentre outras questées semelhantes. E POR QUE AS AGOES AFIRMATIVAS SAO VISTAS COMO MEDIDAS ESPECIAIS? RESPOSTA Porque agem com foco nos grupos excluidos/marginalizados. Elas so temporarias, pois terminam apés alcangarem seus objetivos, e suas agées podem ser realizadas pelo Estado ou por iniciativa privada. Falamos do Brasil, mas ha muitos outros paises com experiéncias em politicas afirmativas, por exemplo México, Bolivia, Equador, Paraguai, Argentina, Peru, Africa do Sul, india, dentre outros. Quais so as leis brasileiras com histérico de politicas afirmativas? LEI 5.452/1943 LEI 5.465/1968 LEI 8.112/1990 LEI 9.504/1997 LEI 10.639/2003 LEI N° 12.990/2014 LEI 5.452/1943 ALi dos Dois Tergos (5.452/1943), promulgada na era Vargas, em que 2/3 dos trabalhadores de uma ‘empresa deveriam ser brasileiros. LEI 5.465/1968 A ei do Boi (5.465/1968), com reserva de vagas para agricultores e filhos de agricultores nos ensinos médio e superior. LEI 8.112/1990 ALei de Cotas (8.112/1990), em que portadores de deficiéncia fisica tém cotas para 0 servigo pliblico, LEI 9.504/1997 ALei de cotas para mulheres em candidaturas partidarias (9504/1997). LEI 10.639/2003 ALLei 10.639/2003, que tornou o ensino de Histéria e da Cultura Africana obrigagao no sistema educacional (puiblico e privado) brasileiro. LEI N° 12.990/2014 Reserva aos negros de 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos pliblicos para provimento de cargos efetivos e empregos pliblicos no Ambito da administragao publica federal, das autarquias, das fundagSes publicas, das empresas ptiblicas e das sociedades de economia mista controladas pela Unido. As politicas afirmativas pretendem subtrair do imaginario coletivo a ideia de superioridade de um grupo diante de outro, assim como denunciar as discriminagées e violéncias. Na esfera econémica, o objetivo é combater as desigualdades, estabelecendo acordos de incluso no mercado de trabalho e discutindo medidas de prevengao e enfrentamento ao racismo institucional. Na politica, visa aumentar a representatividade desses grupos identitarios, construir cadastro de programas de agées afirmativas tanto nos trés poderes do Governo, quanto em iniciativas privadas. Na seguranga, busca reduzir as mortes por homicidio da juventude negra. Na sociedade, tem como meta apoiar e criar campanhas de conscientizagao e valorizagao do respeito as diferencas. IDENTITARISMO E REPRESENTATIVIDADE Assista a seguir ao video que ira esclarecer, por meio de exemplos, a complexa relagao entre os conceitos de identitarismo e representatividade. VERIFICANDO O APRENDIZADO Para desbloquear o préximo médulo, é necessario que vocé responda corretamente a uma das seguintes questées: CONCLUSAO CONSIDERAGOES FINAIS Como observamos, a democracia nao é um sistema totalmente consolidado, e sim um regime que necessita de constante recuperagdo, reestruturagao e renovagao. Na historia brasileira, ha registros de eleigdes suspensas e indiretas, ditaduras, cassagées politicas. A democracia, embora nao seja perfeita, 6 0 sistema que garante, minimamente, a representagao do povo. Ainda que, na pratica, essa representacdo nao contemple a todos, a politica de ages afirmativas busca criar condigdes a fim de que © maior ntimero de pessoas seja assistido. Embora haja diferentes argumentos, teorias e projetos para o istema de governo, o Brasil segue com sua democracia representativa, pluripartidaria e eleigées diretas regulares. Segue, igualmente, sua luta contra a corrup¢ao, suas interpretagdes acerca da sociedade e suas lutas quanto a uma maior insercao dos grupos “excluidos” em todos os setores, PODCAST A PODCAST FALA, MESTRE! Mestres de diversas areas do conhecimento compartilham as informagées que tornaram suas trajetorias Unicas e brilhantes, sempre em conexao com o tema que vocé acabou de estudar! Aqui vocé encontra entretenimento de qualidade conectado com a informagao que te transforma. Arelagao entre Estado e mercado Sinopse: José Luiz Niemeyer, coordenador do curso de Relagées Internacionais do Ibmec RJ, Guilherme Benchimol, fundador da XP Inc, conversam sobre a relagao entre o Estado e o Mercado. Sinopse: José Luiz Niemeyer, coordenador do curso de Relagées Internacionais do Ibmec RJ, Guilherme Benchimol, fundador da XP Inc, conversam sobre a relagao entre o Estado e o Mercado. CONQUISTAS VOCE ATINGIU OS SEGUINTES OBJETIVOS: W Descreveu o panorama da democracia no Brasil e seu sistema de representagdo W Comparou as esferas piiblica e privada no contexto do combate a corrupgao W Identificou os grupos identitérios nacionais no proceso democratic REFERENCIAS ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. BOBBIO, N.; ef al (orgs). ). Dicionario de Politica Vol. 1. 11*ed, Brasilia: UnB, 1998. CASARA, R. R.R. Processo penal do espetaculo. Rio de Janeiro: Tirant Lo Blanch, 2017 CROUCH, C. Post-democracy. Nova Jersey: Wiley, 2004. DAHL, R. A Poliarquia: participagao e oposic¢ao. So Paulo: EDUSP, 1997. FAUSTO, B. Histéria do Brasil 12°ed. Sao Paulo: Ed. da Universidade de Sao Paulo, 2006. FERNANDES, F. A revolugao burguesa no Brasil: ensaio de Interpretagao sociologica. So Paulo: Global, 2006. FOTOPOULOS, T. Towards an inclusive democracy: the crisis of the growth economy and the need for a new liberatory project. 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Areportagem O cisma do século 21, publicada na Folha de Sao Paulo, em 24 de abril de 2005, que apresenta o didlogo entre Jiirgen Habermas e 0 entéo Cardeal Joseph Ratzinger sobre as bases pré-politicas e morais do Estado democratico. artigo Uma homenagem ao bom senso, de Walter Williams, um dos maiores economistas do séc. XX, apresentando sua visdo acerca da Agdes Afirmativas. Artigo Os trés cabos de guerra que vigoram no Brasil, de Helio Beltrao, acerca da atual Democracia Brasileira. O livro Hist6ria do Brasil, de Béris Fausto, que apresenta todo 0 processo de transigéo, desde o fim da Primeira Republica de forma clara e com grande aprofundamento. O site oficial da Agéncia Camara de Noticias, onde vocé pode conhecer melhor a histéria do voto. no Brasil. © texto integral da Constituigo, de preferéncia em sua versao digital encontrada na no site oficial do Planalto, onde também é possivel encontrar legislages complementares e alteracdes. CONTEUDISTA Nelson Lellis Ramos Rodrigues @& CURRICULO LATTES

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