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O OSCILADOR DE VAN DER POL: ANALISE, SIMULACAO E APLICACOES Gilson ca Mota Machado Junior Aluno do curso de Engenharia Industrial Elétrica do CEFET - BA Dr. Elias Ramos de Souza Professor do CEFET - BAe Lider do grupo de Pesquisa em Bioquimica Tedrica e Computacional RESUMO Neste trabalho, estudamos do oscilador néo-linear de van der Pol ndo-forgado, o qual é descrito por um sistema de equagdes diferenciais ordinarias de segunda ordem. A andlise de estabilidade linear em tomo de pontos fixos permite a caracterizagéo da Tesposta do sistema a perturbagdes de pequena amplitude. Para o estudo da influéncia das néo- linearidades no comportamento do. sistem desenvolvemos aplicativos em Matlab, nos quais s80 utilizados diferentes esquemas numéricos. Finalmente, discutimos @ aplicagao do oscilador em Circuitos elétricos e em sistemas biolégicos. PALAVRAS-CHAVE Osciladores N&o-Lineares. Modelagem Computacional. Circuitos Elétricos. Sistemas Biol6gicos, 4-INTRODUGAO Em 1927, oengenheiro eletricista Balthazar van der Pol derivou uma equacéo diferencial ordinaria néo-linear de segunda ordem, para desorever a dinmica de um oscilador eletrénico implementado em um circuito contendo uma vaivula (Iriodo em tubo a vacuo). Embora esta tecnologia seja, nos dias atuais, ultrapassada, a equago de van der Pol permanece atual e desperta interesse cientifico em diferentes reas do conhecimento. Jé naquela época, van der Pol sugeriu que este oscilador poderia ser usado para modelar o batimento de um coragao humano. Desde ento, 0 osciladores de van der Pol, bem como Variantes deste modelo, tém sido largamente utilizados namodelagemde sistemas biologicos. Autilizagao do modelo de van der Pol em trabalhos de pesquisa clentifica e tecnolégica tem sido alvo de distintas motivagées que v4o desde a busca de resposta de novas perguntas cientificas até 0 desenvolvimento de novas tecnologias educacionais. A titulo de exemplo, 0 modelo tem sido utilizado no estudo de leis de sincronizacdo em sistemas néo- lineares (PELES, WIESENFELD, 2003), no estudo de células excitéveis (CARTWRIGHT, 2000) e no desenvolvimento de novas tecnologias para 0 ensino na area médica (ANGELONI, KREUTZ, BARRETO, 2000) Este trabalho esté baseadono desenvolvimento de a) um projeto de iniciago cientifica e tem por objetivo a abordagem, a partir do modelo de van der Pol, de diferentes técnicas de solugao de problemas lineares e da analogia entre modelos de circuitos elétricos @ sistemas biolégicos. Os seus resultados podem ser utiizados como ferramentas didaticas no ensino de circuitos ndo-lineares e na modelagem de sistemas biologicos através da analogia entre estes € circuitos elétricos. Ooscitador de van der Pol nao-forgado, que é descrito por uma equacao diferencial ordindria_n&o-linear homogénea de segunda ordem, é, portanto, aqui estudado, através das seguintes abordagens: 1) Andlise qualitativa da equacao de evolucdo, através da analise de estabilidade em torno do ponto fixo; 2) Solugdo numérica usando programa Matlab, através de dois métodos numéricos distintos (método de Euler e método de Runge-Kutta). Como perspectiva de continuidade, discute-se a aplicagao dos resultados obtidos na implementagao de circuitos elétricos que possam ser utilizados como ferramentas didaticas no ensino de Engenharia Elétrica e de Engenharia Biomédica. 2-0 OSCILADOR DE VAN DER POL No oscilador de van der Pol, uma grandeza x que varia no tempo t, obedece a uma equagdo de evolugao na forma’ K+ 2K +x = Bp) a“ ‘onde o ponto sobre. varidvel s representa derivagso : a emrelagdoaotempo, sto, X= F* .o(x): it € uma fungao par, que deve satisfazer as seguintes condigdes: (x) <0 para |x| 0 para jx| >a, sendo a um parametro do sisema, p(t) e uma tungao periédicaeosparametros 1 € Bsdotaisque A>0 € B20. Na sua forma mais geral, a equag3o de van der Pol corresponde 4 equagdo de um oscilador harmonico “amortecido” forgado, com a particularidade de que 0 “amortecimento” A«p(X) pode ser positivo ou negativo, de acordo com os critérios estabelecidos para a fungao (x), Para B=0 , tem-se o caso particular de um oscilador de van der Pol sem forgamento externo, ‘Como conseqiéncia dos requisitos estabelecidos para ‘o“amortecimento” p(x) , a equagdo de van der Pol descreve um oscilador ndo-linear. Com vistas a proceder a analise de estabilidade linear e a solugdo numérica do sistema, nds vamos assumir que a fun¢ao 6 dada por: eQ= 1, (3) de modo quea Eq.(1)passaa ser: e424? -1k+x @ ‘Onde fizemosa consideracao 8 = 0. Emfungéoda nao linearidade expressa no segundo termo @ esquerda, termo de “amortecimento", a Eq. (4) ndo tem solueéo analitica exata, de forma que podem ser aplicadas técnicas analiticas qualitativas, bem como técnicas numéricas adequadas para estudar o comportamento dasua solugdo, 3-ANALISE DE ESTABILIDADE LINEAR A técnica de andlise de estabilidade linear em torno de pontos fixos (FIEDLER- FERRARA, 1994; NICOLIS, 1995) € largamente utlizada no estudo de sistemas ndo-lineares. Estando baseada na linearizagdo das equagées em toro de um ponto de equilibrio, esta técnica permite obter informagdes importantes sobre o comportamento do sistema na vizinhanga imediata deste pont. AEg, (4), que é uma equacdo diferencial ordinaria no- linear de 2* ordem, pode ser transformada em um sistema de duas equagées diferenciais ordinarias de 1° ordem, fazendo-se X = y , donde se obtém: (5) (&?-1)y- x Os pontos de equilibrio séo obtidos, fazendo-se X=)=0 deforma que o sistema de equagdes (5) presenta um ponto de equilibrio em x = y = 0, ouseja, © ponto P(0,0). Introduzindo-se novas variaveis, na vizinhanca do pontodeequilibrio, definidas como ¥=x-0=xe, p=)V-0=y elinearizando-se, através da expansao de cada uma das equagées em série de Taylor, obtém-se, nas novas variaveis, 0 seguinte sistema linearizado: ae (8) FFs ay Adotando-se solugées do tipo ¥() =e", e ¥(0) =e" Vy , obtém-se, os seguintes auto-valores: B (7) No que se refere ao ponto de equillbrio, considerando- se ovalor assumido pelo parametro 2., tem-se que’ Para },=0, opontode equilibrio é um centroeo sistema corresponde ao ja bem conhecido caso de um oscilador harménico simples nao-amortecido, no qual as grandezas x e y oscilam, fora de fase, entre valores ‘maximos e minimos. No espaco de fase, que tem como coordenadas as grandezas x e y, as trajetorias so representadas por circunferéncias, tendo o ponte de equilibrio no seu centro, cujo raio depende das condigdes iniciais adotadas. Para 0< 1 <2, tem-se um foco instavel; cuja trajetoria no espaco de fases corresponde a uma espiral cuja orientagdo a de afastamento do ponto de equilibrio; Para 2 < 2 < 0, tem-se um foco assintoticamente estavel. Neste caso, as trajetérias também tém a forma de uma espiral, entretanto, elas tem sentido contrario a0 do caso anterior, ou seja, 0 seu sentido é o de aproximago do panto de equilibrio, Para k > 2,, temn-se um né instavel, no qual a trajetoria no espago de fases também tem o sentido de atastamento do ponto de equilibrio, nao se tratando, porém, de umatrajetoria espiralada, Finalmente, para 4. <-2, tem-se um né assintoticamente estavel. Deve-se ressaltar, entretanto, que apenas nos casos em que 2. > 0.0 modelo corresponde ao oscilador de van der Pol. Neste caso, tem-se, de acordo com 0 exposto nos itens acima, que 0 ponto de equilibrio sera um foco instavel ou um né instavel. Isto significa que para qualquer ponto situado, inicialmente, na vizinhanga do ponto de equilibrio se afastara do mesmo. Entretanto, nos sistemas fisicos instaveis, a0 invés de um crescimento sem limites das instabllidades, geralmente, o sistema evolui no sentido de outras solugées, qualitativamente diferentes. Estas novas solugées, ou atratores, no entanto, néo podem ser obtidas pela andlise de establlidade linear, uma vez que esta so é valida para a vizinhanga imediata do ponto de equilibrio. A identificapao de novas soluges geralmente, realizada, através de uma andlise nao- year ou da solucéio numérica das equagées de evolugo. A solugao numérica do sistema € 0 objeto da proxima seg&o. 4-SOLUGAO NUMERICA A.Eq, (4) foi solucionada numericamente, através de dois métodos numéricos distintos, usando-se, nos dois casos, 0 programa Matlab. Num primeiro momento, obtivemos o diagrama de fases através da solugao do sistema de equagdes (5), usando _um arquivo ‘.m), denominado ode45, do Matlab, o qual fol desenvolvido para resolver equagées diferenciais ordinarias, através do método de Runge-Kutta de 4* ordem. Alternativamente, desenvolvemos um cédigo em Matlab para solugéo do problema na forma da Eq. (4), adotando 0 método de Euler. As duas solugdes mostraram-se igualmente estaveis e concordam com 0s resultados analiticos. Na descrig&o @ seguir, as simulag6es que mostram o diagrama de fases foram realizadas com o método de Runge-Kutta, enquanto que as simulagbes que mostram a evolugao temporal da grandeza x foram desenvolvidas com 0 método de Euler. Os resultados da andlise linear podem ser, agora, comparados com os resultados da solugdo numérica. A figura 1 mostraodiagramade fases, yversusx, para 4. = 2, partindo-se de uma condigdo inicial proxima do onto de equilibrio. Este diagrama de fases mostra que @ trajetoria do sistema evolui para um ciclo limite (atrator representado por uma linha fechada), Na, figura mostra-se a evolugao temporal da grandeza, nas mesmas condigdes da simulagéo mostrada na figura 2, onde pode-se ver, também, que x oscila inicialmente com pequena amplitude até atingir uma amplitude maxima constante no ciclo limite. 2s| Figura 1: x (ordenada) em fungao de t (abscissa) para A=2e mesma ccondicdoinicial daFig. 1 — aogier dae) Figura 2: Diagrama de fase da equacao de van der Pol para a Ccondigaio inicial (0.5.0.5) e parametro A.= 2.0 sistema evolui ‘no sentido das setas até um ciclo limite. Considerando-se, ainda, X= 2, porém pata uma condigo inicial distante do ponto de equilfbtio, mostra- se, na figura 3, que o mesmo ciclo limite € obtido, o que significa que’ a nova solugéo néo depende das condigées iniciais adotadas. A figura 4 mostra a evolugéo temporal de x para a mesma situacdo apresentada na figura 3. Figura 3:Diagrama de fase para A= 2 e condlgdo inicial distante do ponto de equilibrio hé amortecimento € 0 sistema retoma para cielolimite Figura 4:Evolugao temporal de x (ordenada) em funcao det (abscissa) para A= 2 e condigdoinicial distante do ponto de cequilibrio, 5-APLICACOES Desde a sua proposi¢o, 0 oscilador de van der Pol tem sido utilizado como modelo em diversas aplicagées de interesse cientifico e tecnologico. Tais, osciladores, ou variantes do mesmo, aparecem naturalmente em uma grande quantidade de sistemas, fisicos, tais como mecanica, biologia, quimica e engenharia. O proprio van der Pol sugeriu que este oscilador poderia ser usado para modelar batimentos, cardiacos e, desde entéo, ele tem sido largamente usado na modelagem de fenémenos biolégicos. Mais recentemente, uma variante da equacdo de van der Pol, conhecida como equagéo de FitzHugh-Naguno, tem sido usada para descrever o comportamento de neuronios acoplados através de sinapses. Na area médica, ele tem sido usado no desenvolvimento de ferramentas didaticas através de modelos que simulam 0 funcionamento do 2oragao. O oscilador de van der Pol tem sido, também, extensivamente usado Na area de engenharia (PELES, WIESENFELD, 2004). Nesta ego, discutiremos a sua aplicagao no desenvolvimento de circuitos elétricos ndo-lineares. figura 5 mostra um circuito RLC (HAYT, KEMMERLY, 1975), contendo uma fonte de tensao constante E, uma resisténcia linear R, uma indutancia L e uma capacitancia C. resistor R voltagem , oxtema 1) ) LQ indutor cl capacitor Figura 6: Circuto RLC com um resistor linear. De acordo comaleidas malhas de Kirchhoff, tem-se: al 1 Lo+RI+—Q=E at ce (8) Onde I=I() € a corrente elétrica e Q = Q(t) é a carga elétrica no capacitor. Derivando ambos os lados desta equagao, em relago ao tempo, tem-se a equagao diferencial linear ‘de ‘segunda ordem: : retyrGy tio (9) dt dt C Esta equagdo € idéntica & equagdo de evolugao de um ‘oscilador harménico amortecido, se trocarmos I(t) pela amplitude da oscilagao x(t) , R por um coeficiente de amortecimento e 1/G por K/m onde K é a constante da molaema massa E bem conhecido que os resistores lineares constituem um tipo de resistor que responde linearmente a uma corrente aplicada, ou seja, a sua curva caracteristica Vx 1 uma reta cuja inclinagao corresponde a resistencia elétrica, Entretanto, muitos resistores respondem de maneira ndo-linear a uma corrente aplicada. Como ‘exemplo, tem-se 0 circuito proposto por van der Pol, no qual 0 elemento passivo, 0 resistor, ¢ substitufdo por um elemento ativo, 0 semicondutor, como mostra @ Figura6. semi condutor Voltagem*, extema E 1 Lg indutor Cc capacitor Figura 8: Circuito RLC com um resistor néo-linear (semicondutor) Pode-se notar que o sistema pode ser descrito pela ‘equago de van der Pol, no caso em que a resisténcia do semicondutor varia com a corrente elétrica de acordo coma equacao' red Po (10) 3 Onde 2. € a séo parémetros positivos, de forma que a Eq. (9) passaa ser: (a) Derivando-se em relagao a te, fazendo-se L= C = a= 1, tem-se: i +1=0 (12) Yi que corresponde & Eq. (4), para x = I, ou seja, conforme o exemplo aqui discutido, o oscilador de van der Pol pode ser viabilizado em circultos elétricos cujos resistores satisfagam 8s condigSes expressas nas Eqs. (2). 6-CONCLUSOES E PERSPECTIVAS # Tae - gerne © oscitador de van der Pol constitui a primeira observacdo de oscilagdes de relaxacao e tem sido aplicado extensivamente utiizado em diversas éreas do conhecimento. Neste trabalho, desenvolvemos um estudo analitico e numérico das equagées que descrevem este oscilador e discutimos algumas aplicagdes que tém sido realizadas. Em particular, discutimos a sua aplicagao em circuitos elétricos ndo- lineares. O trabalho até aqui desenvolvido continua ‘em andamento, objetivando o desenvolvimento de circuitos para ‘seem. utiizados como protocolos experimentais diddticos no ensino de engenharia, particularmente no estudo de circuitos elétricos ndo- lineares e de anélogos elétricos de sistemas biolégicos. REFERENCIAS ANGELONI, M. N. M.; KREUTZ, L. S.; BARRETO, J. M. Técnicas de simulag&o e hipermidia aplicadas ao ensino da area médica. Anais do Congreso Brasileiro de Engenharia Biomédica, 2000. CARTWRIGHT, J. H. E. Emergent global oscillations in heterogeneous excitable media; The exemple of pnacreatic cells, Phys. Rev. E, 62, 1149. 1184, 2000. FIEDLER- FERRARA, N. , DO PRADO, C. P. C. Caos: Uma Introdugao. S40 Paulo: Ed. Edgard Blucher Ltda, 1994. HAYT, W. J., KEMMERLY, J. E. Andlise de Circuitos em Engenharia , So Paulo: Ed, Mc Graw Hill Ltda, 1976. NICOLIS, G. Introduction to Nonlinear Science. Cambridge University Press, 1995, PELES, S., WIESENFELD, K. Synchronization law for avan der Pol array. Phys. Rev. E 68, 026220, 2003. WANG, D. Relaxation Oscillators and Networks. In J G. WEBSTER (ed.), Wiley Enciclopedia of Electrical and Electronics Engineering. Wiley & Sons, vol. 18, 3956405, 1999, HOTEL-ESCOL: : uma proposta para o CEFET-BA Biagio M. Avena Professor dos Cursos Técnicos na area de Turismo e Hospitalidade do CEFET-BA Doutorando e Mestre em Educacdo pela UFBA E-mail: bmavena@cefetba. br (71) 3371-7749 / 9985-90 41 Pedro Laurentino Pinheiro dos Santos Estudante do Curso de Bacharelado em Administragao com énfase em Hotelaria do RESUMO Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados obtidos apés dez meses de pesquisa do Projeto Hotel- Escola CEFET-BA. Inicialmente, faz-se uma abordagem da discussao em torno do conceito de Acolhimento’e suas implicag6es. Em seguida, aborda- se 0 Sistema de Turismo, avaliando a importancia do Hotel-Escola para a expansdo da oferta de Educagao Profissional. S40 relatados os contatos realizados junto 20s Hotéis Escola do SENAC. Finalmente, apresenta-se uma discussdo acerca dos resultados obtidos e suas implicagées. PALAVRAS-CHAVE Hotéis Escola. Acolhimento, Sistema de Turismo. Educago Profissional INTRODUGAO CO turismo é uma atividade econémica em crescimento, para_a qual a existéncia de uma mao-de-obra qualficada € fundamental. © aumento da mobilidade humana e 0 ganho crescente de tempo livre para 0 lazer fazem com que as viagens sejam cada vez mais uma opgao para o lazer (KRIPPENDORF, 2000), Nesse sentido, 0 papel do profissional do turismo ganha uma importancia acentuada, uma vez que el acolher 0 homem que veio buscar descanso em sua terra (AVENA, 2002). Mediante a necessidade de aprofundar os esforgos para o desenvolvimento de estratégias e metodologias na Gestéo da Hospitalidade, uma das linhas de pesquisa do Nucleo de Estudos em trabalho e Tecnologias de Gestao do Cefet-BAe da necessidade de aprimorar a formagao do profissional do Turismo, oferecendo ferramentas praticas que solidifiquem competéncias e habilidades tanto técnicas quanto comportamentais, O CEFET-BA busca criar o primeiro Hotel-Escola do estado da Bahia © Projeto Hotel-Escola é uma iniciativa para a expanséo da Educagao Profissional na area de Turismo e Hospitalidade do CEFET-BA. Esta acdo visa ampliar a oferta de Educag8o Profissional para 0 Turismo e Hospitalidade baseada no conceito de acolhiment. e fomentar nos estudantes a possibilidade do desenvolvimento de outras formas de gestéo da Hotelaria, ampliando os horizontes da Educagao Profissional (Basica, Técnica e Superior), oferecendo aos estudantes a oportunidade de aprenderem com a pratica. CEFET-BA, cursando 6° semestre. E-mail: pedrolaurentino@cefetba.br (71) 3341-4500 / 8108-27 98, APRESENTAGAO presente artigo descreve as atividades efetuadas durante os dez meses de pesquisa do Projeto Hotel- Escola e os resultados alcangados até aquele momento. Inicialmente, seréo delimitados o objeto de estudo e os objetivos buscados 20 pesquisé-lo, Em seguida, os métodos e a estratégia de trabalho tragada parao projeto serdo apresentados, Em um segundo momento, seréo descritos os resultados obtidos e as implicagdes que tém para a pesquisa, Em face da escassez de dados sobre a atividade dos hotéis-escola no Brasil e considerando a dificuldade em buscd-los junto as instituicdes, procurou-se relater cada informacao obtida de maneira a compor uma idéla clara de como funcionam os hotéis- escola e que dificuldades encontram na sua operacionalizacao. Foram objeto do estudo realizado os Hotéis Escola em atividade no Brasil com atuagdo voltada para o publico em geral, que oferegam Formag&o Profissional em suas diversas modalidades, de uma maneira permanente e sistematizada, bem como a concepeao de Acolhimento no Turismo e suas implicagdes na Formagdo Profissional Foi objetivo geral do projeto a elaboragao de material necessério ao trabalho de criacéo, implantagéo e divulgagao do Hotel-Escolado CEFET-BA. Alem disso, como objetivos especificos, buscou-se aprofundar a investigaco sobre o conceito de Acolhimento e suas implicagbes; Conhecer e avaliar a atividade dos hotéis, escola no Brasil e desenvolver uma estratégia de trabalho em observagéo aos resultados positives dificuldades encontradas na experiéncia dos hotéis- escola no Brasil METODOLOGIA Arevisio de literatura revelou elementos importantes a serem analisados para a compreensao da atividade dos hotéis-escola no Brasil e, sobretudo, na compreens&o do conceito de Acolhimento e sua consequente implicagéo na area de Turismo e Hospitalidade. Buscou-se aprofundar a discussao em torno do Acolhimento encontrada em Avena (2002), na qual se questiona a opedo, corrente na literatura, de considerar 0 Acolhimento um componente da Hospitalidade. Foi utiizada a ferramenta da Internet, mediante a qual se iniciou um levantamento dos hoteis-escola em operagao. Para aprofundar os dados obtides no levantamento, foi feita uma visita biblioteca do SENAC, na Casa do Comércio, onde pouco se pode encontrar a respeito dos hotéis-escola sob gestéo daquela instituigao, Da mesma forma, deu-se a busca de informagdes sobre os demais hotéis-escola identificados no levantamento. Em nenhum caso pode- se definir a abrangéncia, a responsabilidade ou um historico para as instituigSes externas ao SENAC, motivo pelo qual mantiveram-se os hotéis-escola do SENAC coma principal objeto de estudo da pesquisa cientifica. © contato com os hotéis-escola foi feito inicialmente por correspondéncia eletrénica na qual eram apresentados 0 CEFET-BA, os pesquisadores € 0 objeto da pesquisa, alem de um questionario cuja finalidade foi classificar os hotéis-escola quanto ao, niimero de estudantes atendidos e conhecer as principais dificuldades que cada um deles encontr2 em ‘sua operacionalizagao. RESULTADOS Durante 0 levantamento bibliogréfico, buscou-se identificar as razdes para uma opgao pelo Acolhimento fe sua concepeao como um conceito mais amplo que a Hospitalidade. Camargo (apud DIAS, 2002) concebe a denominagso Hospitalidade mais’ adequada para designar os cursos com formag&o voltada para o turismo, por oferecer maiores possibilidades de estudo e desenvolvimento teérico, ao invés de simplesmente Hotelaria, uma denominagao que se tornou corrente na Educagdo Superior. Grinover (apud DIAS, 2002) define Hospitalidade como © ato de acolher e prestar servigos, enquanto Cruz (apud DIAS, 2002) define Hospitalidade como 0 ato de acolher em toda a sua amplitude. Pierre Gouirand (apud AVENA, 2002), entretanto, define Hospitalidade como um dos componentes do Acolhimento, juntamente como Recanhecimento eo Cuidado. A definigéo de Gouirand coloca o Acolhimento como, um fato’ social, um ato involuntario que introduz um recém-chegado ou estrangeiro em uma comunidade, dando-Ihe autorizagdo para beneficiar-se de todas ou parte das prerrogativas do seu novo status, ainda que provisoriamente, enquanto a Hospitalidade se caracteriza como o atendimento a um desejo de pertencer & comunidade, sobretudo do hotel, que, como lar temporario, provisoriamente coloca os seus Sujeitos como a familia do viajante. Avena (2002) ressalta que o viajante deseja ser Feconhecido como ser humano, ou seja, respeitado enguanto ser. O viajante, por conseguinte, deseja ser reconhecido pelo status que ele mesmo se atribuiu: ele espera receber atencdo de uma meneira natural € jamais precisar pedir por ela, uma vez que parte do servico obtido. Assim, se caracteriza o Reconhecimento, uma esfera do Acolhimento, assim ‘como 0 Cuidado e a Hospitalidade. © Cuidado se caracteriza por todo 0 auxilio que viajante necesita, desde a compreenséo de sua lingua & seguranga que Ihe é oferecida. Avena (2002) 0 define como “guiar aquele que chega para facilitar sua instalagdo, dar-Ihe todas as informagdes e oferecer os servigos necessérios.” Assim, nos cabe conceber a hotelaria ¢ a empresa hoteleira com vistas a sua fungao de Acolhimento, prevendo as implicagées presentes nessa nog&o no que se refere 8 qualidade e finalidade dos servigos prestados. Avena (2002) coloca o hotel como um lugar onde se pode naturaimente exigir ser bem acolhido, por ser 0 acolhimento parte do servico que lhe foi vendido. O hotel é, por certo tempo, 'o lar ideal’ do sujeito, que 0 acolherd e o guardara em cima agradavel e seguro. E esta a troca que se espera, um ambiente acolhedor pelo qual se raga. (AVENA, 2002) Para Beni (2002), 0 tratamento pessoal e o calor humano fazem parte essencial da prestagao dos servigos hoteleiros, 0 que diminui a propenséo a automacao da empresa hoteleira, uma vez que ha pessoas em praticamente todas as atividades e em todos os setores. Beni concabe a atividade turistica como um sistema aberto, utilzando as atribuigbes da Teoria Geral dos Sistemas para descrever 0 seu funcionamento. Estabelece 0 conjunto das relagdes ambientais do Sistema de Turismo (Sistur), a sua organizagao estrutural eos seus sistemas. De uma maneira andloga, Acerenza (2000) aborda o Turismo em sua organizagao como sistema, analisando © seu funcionanento, as maneiras de alimenté-lo e os efeitos decorrentes de suas atividades. Considera o Turismo um fator de desenvolvimento capaz de promover, aliado aos fatores que compdem a sua infra-estrutura, 0 crescimento da economia e a diminuigéo das desigualdades sociais, Beni (2002) enfatiza a necessidade de que o Sistur represente uma efetiva oportunidade e emprego e desenvolvimento social 2ara a comunidade, impedindo @ marginalizagdo social dos residentes € represente uma abertura cukural caracterizada pela troca de valores sociais ao irvés da colonizagao dos habitos e costumes incentvada em fungéo dos resultados financeiros. A tespeito dessa colonizag%o, Krippendorf (2000) alerta para a proximidade de um limite de toleranciaem relacdo aos danos ecolégicos, econdmicos e culturais, que tm sido causados pelo crescimento da mobilidade e 0 aumento das viagens, associados & crise da sociedade voltada para o trabalho. Krippendorf aponta a necessidade de humanizagao das viagens mediante a dminuiggo do ritmo da mobilidade e do contato aberto e respeitoso com 0 autéctone. Nesse sentido, 0 hotel-esocla insere-se como um estimulo aos subsistemas socal, cultural, econémico e ecolégico, fomentando o aprendizado mediante a prética consciente de uma atividade econdmica, a valorizacao do profissional por meio da qualificago permanente, a implementag3o da competitividade baseada na versatilidade e qualidade da mao-de-obra e 2 busca dos meios altemativos de utllizagdo dos recursos turisticos naturais (BENI, 2002). (0 Senac (2004) apresenta uma metodologiana qualos Hotéls-Escola, assim como outros empreendimentos ligados @ educacao profissicnal da instituiggo, s80 denominados Empresas Pedegogicas, uma vez que a pratica pedagdgica do ensino de um oficio acontece no proprio ambiente de trabalho. As Empresas Pedagégicas do Senac sao unidades de znsino que mantém uma funcao comercial permanente, da qual 0 aluno faz parte durante sua formagdo. Buscou-se conhecer meltor a estrutura e 0 funcionamento dos Hotéis Escola Senac, com o intuito de compreender o conceito de empresa pedagégica € aprofundar 0 conhecimento sobre @ experiéncia dos hotéis-escola no pais. Desse modo, foram feitos contatos por correio eletrénico e telefone com todos os hotéis escola ligados ao Senac. Um questionario foi enviado aos hotéis-escola contendo perguntas sobre Os hotéis € 0 seu funcionamento. Embora 0 envio das mensagens tenha sido feito mediante o conhecimento dos destinatarios e apés os contatos feitos por telefone, foram recebidas apenas duas respostas &s mensagens enviadas aos hotéis- escola. Este fato nao constiul uma surpresa, pols durante as etapas anteriores da pesquisa, poucas foram as informagées encontradas a respeito dos hotéis-escola, mesmo junto ao SENAC. As respostas obtidas vieram do Hotel-Escola Iiha do Boi, no Espirito Santo, ¢ do Hotel-Escola Barreira Roxa, no Rio Grande do Norte. Ambos se caracterizaram conc emnrexas de gestdo privada em resposta & primeira pergunta do questionario, embora © Barreira Roxa tenha sido criado por iniciativa do estado do Rio Grande do Norte e 86 depois tenha passado as maos do SENAC, numa parceria entre 0 Instituto de Formacao e Gestéo em Turismo do Rio Grande do Norte, a Secretaria de Trabalho, Habitagao e Assisténcia Social do Rio Grande do Norte € 0 Servigo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), enquanto o liha do Boi foi criado pelo Proprio SENAC, em 1979 (HOTELILHADO BOI, 2004). Os hotéis-escola oferecem cursos ‘de formagao profissional exclusivamente presenciais nos niveis, bbasico, técnico e superior. Os cursos de Nivel Basico compreendem a qualificagao bésica, programas de desenvolvimento sdcio-profissionais @ 0 aperfeicoamento e atualizagdo de profissionais. No Nivel Técnico,sdo oferecidas habilitagdes em areas diversas. No Nivel Superior, o Hotel-Escola lina do Boi € 0 Unico a oferecer possibilidade de formacao, uma Especializagdo em Administragao Hoteleira em parceria coma Universidade Federal do Espirito Santo, Anualmente, entre 800 e 1000 profissionais se formam no Hotel-Escola Barreira Roxa, enquanto aproximadamente 2000 pessoas concluem formagaio no Hotel-Escola lIha do Boi. © acompanhamento dos egressos feito pelos hotéis-escola indica que entre 40 € 60% dos profissionais formados no Barreira Roxa sé absorvidos pelo mercado, enquanto 60 a 80% dos profissionais formados no Ilha do Boi encontram. emprego apés a conclusdo do curso. Segundo os hotéis-escola, a principal dificuldade encontrada pelos alunos para realizar os cursos é de ordem financeira, Ambos citaram a dificuldade para arcarcom as despesas, inclusive ade transporte. As instituigdes afirmam realizar os seus planejamentos estratégicos e pedagégicos, integrando necessidades pedagégicas e mercadolégicas ¢ que as maiores dificuldades encontradas na administracao dos hotéis, escola so @ baixa renda dos alunos ¢ 0 alto custo operacional. A ocorréncia de pesquisa cientifica proporcionada pelos hotéis-escola é pouca ou nenhuma, Na maioria das vezes, as instituigdes permitem que pesquisadores externos facam as suas pesquisas no hotel escola. Entretanto, ambos indicaram realizar pesquisas de mercado para auxiliar na administracéo do hotel escola Os hotéis-escola foram convidados a se pronunciar livremente, indicando um ponto importante néo contemplado pelo questionatio, ao que o Hotel Escola Itha do Boi salientou a importancia da fundamental integragéo da equipe operacional com a equipe pedagogica, uma vez que em um hotel- escola o aluno 26 aprende em situagdo real de trabalho, o que coloca a todos os funcionarios no papel de educadores, DiscussAo Os resultados obtidos apontam a possibilidade de empreender @ criagéo de um Hotel-Escola pelo CEFET-BA, embora n&o sejam suficientes para fundamenté-la passo a passo. Considerando 0 modo ‘como foram criados os Hotéis-Escola do Senacea sua operacionalizagao, no ha empecilhos que se fagam definitivos para a implementagdo de tal projeto pelo CEFET-BA As dificuldades encontradas pelos _hotéis-escola demonstram a baixa renda dos alunos contrastando com 0 alto custo decorrente da operacionalizacao da instituigo. Sobre esse aspecto, € preciso reiterar a necessidade de criacéo de uma méo-de-obra qualificada para atuar na atividade turistica, convertendo-a num ganho social, assim como a busca de novas formas de Gestéo do Acolhimento, possibilitando que o crescimento do turismo ocorra de forma integrada e sustentavel Campos (2003) destaca as expectativas de crescimento para a atividade turistica e a necessidade de organizacdo e eficiéncia dos projetos hoteleiros. Esses pressupostos de mercado e projeto justificam a necessidade de preparo de mao-de-obra capaz € diferenciada e, assim, a existéncia de um hotel-escola que, comesse propésito, contribua para a melhoria das condigdes existentes para o exercicio das atividades, Acerenza (2000) ressalta a capacidade de geracdo de emprego e renda trazida pela atividade econémica do Turismo e a conseqiente expansdo do mercado econdmico do pais. Entretanto, 0 mesmo autor relembra que sem um planejamento adequado, a atividade pode contribuir para a desestruturagso da sociedade e parao desemprego A opcéo de desenvolvimento do conceito de Acolhimento como uma das categorias no bojo do Projeto de implantago do Hotel-Escola do CEFET-BA, se faz com vistas a sua abrangéncia tedrica e, sobretudo, a sua concepeo da forma de receber 0 turista. O' Acolhimento abarca a Hospitalidade, o Cuidado e 0 Reconhecimento numa triade que representa as expectativas do homem temporariamente fora de sua casa que € recebido em outra comunidade. Dessa forma, as possibilidades de pesquisa e desenvolvimento se’colocam de maneira abrangente, possibilitando ampliar o referencial tedrico emestudo. Camargo (apud DIAS, 2002) salienta que as ciéncias aplicadas ao Turismo devem perceber a riqueza de um recorte do conhecimento moldado sobre 0 fato social associado a0 gesto de receber. Dessa forma, se faz necessario conscientizar estudantes e profissionais do Acolhimento sobre 2 necessidade de desenvolver os saberes conceituais, técnicos e humanos, para que estes papéis sejam assumidos de maneira a garantir 0 sucesso das organizagées, CONSIDERACOES FINAIS Finalizando esta etapa do Projeto Hotel-Escola CEFET-BA, considera-se de fundamental importancia a concentracéo dos esforgos para promover a difusdo dos conceitos apresentados neste artigo, visando avaliar os resultados obtidos e promover uma reflexéo ‘em busca dos melhores meios que levem a criagdo do Hotel-Escola do CEFET-BA. Ressalta-se a necessidade de evidenciar o carater humano e social da prestagao de servigos, para o que © conceito do Acolhimento se coloca como melhor alternativa na abordagem do Turismo, uma vez que considera todos os aspectos psicolégicos daquele que requisita 0 servigo, sem, entretanto, levar ao servilismo. A criagéo do Hotel-Escola do CEFET-BA iré proporcionar a qualificagéo de mao-de-obra e a atuacéo na sociedade no sentido de melhorar a qualidade do emprego por meio de uma formagao humanista que propicie a reflexdo e a consciéncia na prestago de servigos, a busca por novas formas de gesto do Acolhimento e o aumento da oferta de Educagao Profissional para o Turismo, REFERENCIAS ACERENZA, Migue! Angel. Administragdo do Turismo. Bauru: EDUSC, 2002, 348 p. AVENA, Biagio M. Turismo, educagéo e acolhimento de qualidade: transformagao de hostis a hospes em lihéus, Bahia. 2002. 3671. Dissertacdo (Mestrado em Educagao), UFBA/UESC, IIhéus: 2002. BENI, Mario Carlos. Andlise Estrutural do Turismo. 3. ed, Sd0 Paulo: Senac, 2000. §17p. CAMARGO, Luiz Octavio de Lima. Turismo, hotelariae hospitalidade. In: DIAS, Célia Maria de Moraes (Org.). Hospitalidade: Reflexdes e perspectivas. S80 Paulo: Manole, 2002. p. 1-23 CAMPOS, José Ruy Veloso; ROSES, Claudia F; BAUMGARTNER, Ricardo R. Estudo de viabilidade para projeto hoteleiro. Campinas: Papirus, 2003. 110 P. CRUZ, Rita de Cassia Ariza da. Hospitalidade turistica € fenémeno urbano no Brasil: Consideragées gerais. In: DIAS, Célia Maria de Moraes (Org.). Hospitalidade: Reflexdes e perspectivas, Sao Paulo: Manole, 2002. p. 39-56, DIAS, Célia Maria de Moraes (Org.) . Hospitalidade: reflexdes © perspectivas. So Paulo: Manole, 2002. 164p. GRINOVER, Lucio. Hospitalidade: um tema a ser reestudado e pesquisado. In: DIAS, Célia Maria de Moraes (Org.). Hospitalidade: Reflexses ¢ perspectivas. S40 Paulo: Manole, 2002. p. 25-38. HOTEL ILHA DO BOI. Histérico. Disponivel em:Acesso em: 03 jun. 2004, KRIPPENDORF, Jost. Sociologia .do turismo: Para uma nova compreensao do lazer € das viagens. S40 Paulo: Aleph, 2000. 186 p. SERVICO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL. Conhega o Senac. Ambientes educacionais. Disponivel em: Acesso em: 03 jun. 2004. 29) UM “QUADRO-NEGRO ANIMADO” PARA FACILITAR O ENSINO DE FISICA Prof. Dr. Niels Fontes Lima Professor do CEFET-BA-Departamento de Ciéncias Aplicadas nielsf@cefetba.br Msc. Elinoel Jtilio dos Santos Valverde Professor do CEFET-BA-Departamento de Ciéncias Aplicadas RESUMO © objetivo do presente projeto € a produgao de material didatico interativo dedicado ao ensino do tema "Oscilagdes, ondas e som”. O material devera atender 0 nivel de um curso universitario de fisica basica, como a disciplina Fisica Geral e Experimental Il do CEFET-BA, mas podera ser usado, também, pelos cursos técnicos e médio, O projeto prevé a produgao de um hipertexto que ira reunir, estender & organizar material didatico interativo sobre o tema, ja existente ou a ser desenvolvido. As conexdes entre os diversos elementos do hipertexto serao feitas com base num mapa conceitual que sera levantado pela equipe responsdvel pelo projeto. O médulo proposto devera conter material em extenséo e profundidade variadas, para poder ser usado por diferentes professores e classes em diferentes disciplinas, ou usos, cobrindo os temas e, nas respectivas profundidades, das disciplinas de graduagao e de ensino médioe técnico. PALAVRAS-CHAVE Hipertexto. Material didético interativo. Mapa conceitual 4-INTRODUGAO. © "Quadro-Negro Animado” é a reuniao de diversos materiais sobre temas de fisica em diversos meios - texto, figuras, animacdes ou videos, som, programas interativos, ‘simuladores, para citar os mais importantes - com o objetivo de faciitar e ampliar as possibilidades do professor em explicar e demonstrar © assunto em estudo. O projeto pretende dar facilidades a0 professor para 0 uso de gréficos e animagées, incorporando recursos de simulagao € Tepresentagao de fendmenos, fornecendo ferramentas pata a demonstracdo e interpretagdo graficas dos resultados de dedugdes matematicas, ‘como um meio de inctementar o entendimento dos fenémenos fisicos e sua descrigao matematica, As representagdes visuais dirigem a atengdo e a motivagao dos estudantes, e apdiam a imaginagao, ajudando a construir modelos mentais. Para Issing, as apresentacdes visuais proporcionam “a deixa externa que o estudante necessita para executar as operagdes cognitivas necessarias naquela instancia” (issing,1994) 30 Valverde@cefetba br A representacdo visual de equagdes e relagdes matemiticas cria significados para entes conceituais distantes da realidade do dia-a-dia e do senso comum, ela cria uma realidade pictorica, sobre a qual os alunos e professores podem falar, descrever ou apontar detalhes. Esta realidade visual pode fazer 0 contato entre o fendmeno fisico, representado por um modelo definido, e sua descrigéo matematica, que ganha significado visual facilmente associado ao fenémeno representado, facilitando o aprendizado significativo. © projeto, entretanto, vai além da simples demonstraco visual, ao propor atividades e materiais, explorando as possibilidades didaticas da interatividade. A forma de se dispor e indexar os diversos componentes do material ¢ essencial para a sua navegabilidade, e por isso as conexées entre as unidades do hipertexto seréo baseadas num mapa conceitual do tema do médulo, a ser desenvolvido no projeto. 2-“QUADRO-NEGRO” ANIMADO: UMA PROPOSTA DE MATERIAL DIDATICO INTERATIVO PARA FACILITACAO DO ENSINO DEFISICA ‘As chamadas novas tecnologias de informagao © comunicagéo, TIC, podem ter um efelto muito importante sobre a educagao. Sem querer esgotar o tema, podemos dizer que seu impacto se da, principalmente, em trés aspectos: comunicacao, apresentagdo € interagdio. O uso das TIC pode ajudar (ou mesmo possibilitar varias modalidades de ensinoe educacdo, em particular o ensino & distancia, e aprofundar 0 processo de ensino-aprendizagem em cursos presenciais. Os aspectos mais explorados, entretanto, s8o 0s da comunicago e apresentacdo, e8 exploracao das capacidades de interagao e criagao de simulagées e realidades virtuais, com as quais se pode interagir, 6, muitas vezes, deixada de lado, talvez em fung4o dos resultados espetaculares nos dois outros aspectos. E a esse Ultimo aspecto que o trabalho do grupo tem mais se dedicado. Quando falamos de interatividade, devemos distinguir duas instancias de interagao que o material desenvolvido pelo grupo busca promover: (1) Interagéo usuario - material, através da escolha de parmetros e condi¢bes das animagdes e simulacdes. © comportamento do modelo como resultado’ das escolhas feitas pode ser previsto e a previsdo pode ser testada. Isso auyilia a construgao do conhecimento pelo usudiro, facilitando o aprendizado significative. A interatividade usuario material pode ter varios niveis de determinaga0, da escolha de parametros a decis6es sobre caracteristicas do modelo. No caso deste projeto, trabalharemos basicamente com graficos e animagdes interativas e simulagdes, ‘Tambem ha interacao quando se escolhe um caminho ‘ou outro, ao se navegar em um hipertexto (2) Interagéo intersubjetiva entre os participantes da aula, alunos e professores. Os sistemas interativos, no sentido (1), so propiciadores da interacéo intersubjetiva, quando utllizados em grupos, criando situagées onde discussées surgem quase que naturalmente. No caso do ensino de fisica, essa possibilidade & muito relevante, pois o professor pode provocar 0 evidenciamento das concepodes pré- existentes e sua superacdo, através da compreenséo, hum contexto social da sala de aula, dos principios fisicos no trivialmente intuitivos. Assim, além das possibilidades trazidas pela fungao de apresentagao visual animada e pela interatividade, no sentido (1), 0 material proposto permitiré ampliar a interag8o entre os sujeitos da aula, alunos e professores, cuja troca de idéias e impressdes possibilita o aprendizado. (Os mapas conceituais possibilitam uma representacao visual das conexdes entre conceitos, estruturas de conhecimento e formas de argumentagéo e sé uma alternativa complementar & jinguagem natural como um meio de comunicar conhecimento. Para Flores- Mendéz, os mapas conceituais permitem representare organizar argumentos e pensamentos, e podem ser usados de diversas maneiras em grupos de trabalho colaborativo em muitas disciplinas. S80 adequados como organizadores de hipermidia para navegagao em informacao, permitindo a distribuigao da informagao de forme encapsulada em diferentes niveis de abstragao que podem ser expandidos, na medida ‘em que se aprofunde neles; também se prestam bem para o planejamento de apresentagdes de contetido em forma no linear. Gaynes e Shaw também defendem 0 uso de mapas conceituais para a indexagdo e a recuperacao de material hipermidia, por proporcionarem uma interface atraente, significativa e facil de usar, (© material seré distribuido em unidades representadas por documentos HTML, contendo o material textual, figurativo, interativo e multimidia relacionado a cada conceito do mapa. A disposigao gréfica dos elementos do mapa conceitual e das suas ligagdes, representando o contetido do médulo e sua estrutura de "links", fornecera um mapa de navegacéo intuitivo, permitindo 20 usuario localizar-se no’ material & estabelecer seus proprios roteiros de navegagao, baseado nas relagées entre os conceitos explicitadas nomapa 3-0 GRUPO DE PESQUISA ‘TECNOLOGIAS NO ENSINO DEFISICA" © grupo "Novas Tecnologias no Ensino de Fisica’ desenvolve uma linha de trabalho de produgdo de “NOVAS a4 material didético interativo para cursos de fisica no Cefet-Ba, envolvendo procucéo de software e hipertexto, em andamento desde 0 ano de 1997.0 ‘grupo é formado atualmente por trés professores e dois alunos de iniciagao cientifica eesta inscrito no diret6rio, de grupos de pesquisa do CNPq (O grupo jé produziu uma certa quantidade de materiale @ parte mais relevante esta disponivel “online” nas paginas das disciplinas no "site" da Coordenagao de Fisica e tem sido utilizado nos cursos ministrados pelo coordenador do projeto. Foram desenvolvidos programas de simulagao e animagdo interativa, num primeiro momento, em Visual Basic e, posteriormente, em Java, hipertextos interativos com experimentos simulados e exercicios em HTML e Javascript, para uso em aulas praticas ou tedricas e atividades de casa. Um sumério do trabalho executad, com links para os programas e outros materiais, pode ser visto abaixo: Wun cefetba. brfsicaNFL/exercicios/indice. html “Exercicios Instantaneos’”. (2003). Paginas em HTML e Javascript com exercicios simples sobre variados tpicos da fisica. O usuario deve responder numericamente @ questéo apresentada com dados gerados aleatoriamente a cada vez que a pagina € carregada e o programa corrige aresposta dada. Todas seguem o mesmo padrdo visual e estrutura, contendoo texto da pergunta e os dados cerados aleatoriamente, uma figura, um campo para as respostas e uma calculadora http:/Aunvw.cefetba. brfisica/NFL/exercicios/indice. htm! Fisica Geral e Experimental Il. (2002). Roteiro de curso de fisica em hipertexto, usado na discipline Fisica Geral e Experimental Il dos cursos de Engenharia Industrial Mecanica e Engenharia Industrial Elétrica do Cefet-Bahia. Hittp:/hvw.cefetha. br/fisica/F1S002/PlanoBase. html “Applets” em Java para o ensino de fisica e outras disciplinas. (2001). Desenvovimento de programa- mestre em Java para a produgéo de aplicativos educacionais e sua aplicacao no ensino de tépicos de fisica, desenvolvido em cooperagéo com a Fachhochschule Aachen. Http:/wwvw.cefetba. brfisica/NFLIPBCN/java/index2. ht m IPraticas Basicas em Medidas Elétricas. (2001) Roteiros de experimentos basicos em medidas elétricas, contendo experiéncias simuladas em Javascript usados na disciplina Fisica Geral e Experimental Ill do Cefet-Bahia, desenvolvidos em colaboragéo com o CEPA-IFUSP. http:/avwwr.cefetba. brfisica/NFL/medeletr.htm! Gerador Fotovoltaico. (2000). Hipertexto didatico bilinghe (portugués e inglés) cesenvalvido dentro do projeto de cooperagao internacional com a Fachhochschule Aachen. Attp:/fanww.cefetba.br/fisica/NFL/PBCN/solar/solarpor html Pagina da Coordenacao de Fisica do Cefet-Bahia (1989), Htmi:/twww.cefetha.brffisica Softwares para o Ensino de Fisica e Matematica Aplicativos em VisualBasic para ensino de topicos de fisica e matematica desenvolvidos em colaboragao como CEPA-IFUSP (1999) Uma coletanea dos programas escritos em Visual Basic, Javascript e Java, desd2 1999 até a presente data (2004), € apresentada, com descrigao em inglés

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