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8 Diretrizes para Programas Bem-sucedidos de Mediacao de Pares Tricia S. Jones Andrea Bodiker 14 nfo muito tempo atrds, acreditévamos que as escolas eram responséveis por ensinar a nossos ilhos o conhecimento de matétias tradicionais como leitura, escrita earitmética. Bra de responsabilidade da familia e da comunidade ensinar 3s criangas as habilidades sociais e da vida, que, juntamente com sua educacio escolar, as prepa- rariam para serem bons cidadios, trabalhadores produtivos e pais atenciosos. Mas o¢ tempos mudaram. Uma discussio aprofunlala sobre os mouvos dessa ‘mudanea esto além do objetivo deste capitulo, No entanto, a maioria de nés percebe. que aalteragao advém de uma combinagao complexa de mudangas na estrutura basi- ‘cae na estabilidade da familia da erosio das fundagSes da comunidade e do impacto da tecnologia em répida mutagdo que ao mesmo tempo expande e restringe nosso sentido de conextio com os outros. As escolas agora sio solicitadas a ter responsabitidade ativaem ensinar As criangas as habilidades da vida que ajudario em seu desenvolvimento social e pessoal. As habilidades de resolugiio de conflito constttem um enfoque fundamental nessas at vidades. Hituma série de programas que tratam das habilidades de resolugio de con- flito, mas os mais comuns (e alguns diriam os mais viéveis) envolvem a mediagio de pares. Neste capftulo, mostraremos as ligbes da experiéneia americana com os progra- ‘mas de mediagio de pares, pois essa experiéncia sugere alguns prinefpios fundamen- {ais para a implantagio ¢ manutengao de programas bem-sucedidos que, esperamos, ppossam ser traduzidos em atividades em outros paises ¢ sociedades. Mais especitfica mente, mostraremos nossas préprias experiéncias no Projeto de Mediago de Pares da Philadelphia (PPMP) ¢ nossas sugestGes para rumos que esses programas poderi- am seguir para acentuar ainda mais seus impactos positivos. Comegaremos com uma breve explicagio da natureza da mediagio de pares, seguida por uma visdo geral do Projeto de Mediacio de Pares da Philadelphia e, por ultimo, apresentaremos nosso modelo de diretrizes para programas bem-sucedidos de mediagio de pares na expe- riéncia do PPMP e a experiéncia de outros programas nos Estados Unidos. 144 _Setnitman & Litleohn ANATUREZA DA MEDIACAO DE PARES A mediagio de pares ¢ um processo que envolve um ou dois alunos como tercei- ros neutros pata auxiliar seus pares a tratar de disputes. A mediagao é um processo vohuntério que permite aos disputantes chegar a seu préprio acordo sobre como tratar do conflito. Como conseqiiéncia, os mediadores de pares utilizam habilidades de comunicagao e mediagdo para ajudar as partes a conversar sobre o conflito de man ra mais eficaz e a participar do processo de resolugio de problemas. Iniciados no final da década de 70 ¢ inicio da década de 80 como projetos de niio-vioténcia pelos quactes nas escolas da cidade de New York, os programas se expandiram para outras comunidades através do desenvolvimento de organizagées como Educadores para a Responsabilidade Social ea Associago Nacional para a Mediagdo no Ensino (NAME) Jones, 1994). O ntimero de programas pulou de uns poucos no ingcio da década de 80 para aproximadamente 300-400 no inicio dos ano 90, para mais de 8.000 progra- ‘mas atualmente Baker, comunicagao pessoal, 1996). ‘VALORES SUBJACENTES DO PROGRAMA Esses programas valorizam a capacitagdo, ea maioria dos educadores interessa- dos na mediagao de pares os utilizam para capacitar os alunos a assumir mais contro- Te sobre suas Vidas e habitidades, certamente em relagio a seus conflitos. Um julga- ‘mento implicito é que é melhor os alunos tratarem de seus proprios problemas, quan- do isso for razofvel, mesmo se isso significar que os professores ¢ 0s administradores tenham de sacrificar um pouco de seu controle sobre conflitos especificos © seu gerenciamento, Nessa visio, o conflito é visto como necessério e essencial, propi- ciando desafios e oportunidades de crescimento, Considerar 0 conflito como algo cyative quc deve se: cuadicado € antitético & mediagao de pares. Os programas de mediagao de pares nio sto aplicéveis a todos os contextos ¢ também nao so apropriados a todos os tipos de disputas. Uma caracteristica muito importante é a habilidade de elaborar politicas em relagdo a que casos podem ser ‘mediados ow no. As politicas sobre disputas que podem, potencialmente, ser media- das, podem ser estruturadas de forma condizente com outras politicas e procedimen. tos disciplinares. A mediag&o de pares no tem por objetivo substituit os sistemas alternativos de disciplina, mas ser um complemento a estes. Por exemplo, a maioria das politicas escolares exclui os seguintes casos da mediagao: lutas corporais nas quais armas foram utilizadas, ataques fisicos de natureza sexual, ataques fisicos gra- ‘Yes com ou sem a presenca de armas, disputas nas quais uma parte demonstra ineapa- cidade psicol6gica/emocional de controlar suas ages, AMECANICA DA MEDIACAO DE PARES ‘A mecinica real de um programa de mediago de pares difere dependendo do modelo de programa implantado (como sera explicado posteriormente nas prximas seg6es). No entanto, todos os modelos possuem um componente padrio de mediagio de pares que requer 0 estabelecimento de alguns “elementos fundamentais”. Mediadores de Pares Selecionados: Deve haver um grupo de alunos com ten po e disposigo para serem treinados ¢ atuarem como mediadores de pares. A forma como essa selegao é realizada difere dependendo do programa. Alguns programas Novos Paradigmasem Mediago 145 utilizam uma simples base de voluntérios; qualquer aluno que deseje ser um media- dor de pares pode sé-lo. A maioria das escolas seleciona um grupo de mediadores com a selegzo baseada em sua indicagio por colegas, avaliagdo pelo corpo docents ou pela administragzo, ou por algum método aleatério para reduzir o mimero de me- diadores a0 tamanho preferide de grupo. Como discutiremos depois, ha beneficios em nio se selecionar apenas os “melhores” alunos como mediadores de pares. Uma abordagem melhor é escolher vérios alunos, concentrando-se naqueles que tm lide- ranga informal entre seus pares, de forma que os altmnos em toda a escola consigam idemtificar-se com os mediadorcs ¢ fiquem mais interessados em imitd-los, Equipe de Lideranea Local: Mais uma vez, embora esse componente seja dis- cutido com maiores detalhes na préxima secdo, ele € apresentado aqui, A equipe de lideranga local (ou ELL) consiste em um grupo de membros adultos do pessoal (pro- fessores, administradores, orientadores, etc.) que assumem a responsabilidad pela supervistio administrativa do programa, Quanto mais eficaz, for essa equipe, melho- 15 serio as chances de éxito do programa Instrutores: O treinamento da mediagio de pares deve set ministrado por a- ‘guém, geralmente uma organizagdo de treinamento externa ou centro comunitiio. O treinamento também pode ser dado por uma fonte de ireinamento interno, como tra professor ou membro do pessoal familiarizadas com a mediagao e que saibam como implantar um programa de mediagio de pares Procedimentos de Tomada: Os procedimentos de tomada siio os meios de re ceber encaminhamentos & mediagdo, avaliar casos para ver se slo aceitavels para & mediagfo (ou se as partes queremn fazer a mediagio) e organizar a mediagao. Assim que as disputas so examinadas quanto a sua apropriagio, o procedimento de tomada especifica quem atuaré como mediadores naquele caso, onde a mediagilo acontecers quem supervisionaré a documentagio, Embora uma série de “documentos” possam set mantidos, os mais comuns sio os registros de quem esta envolvido na disputa (quem so 05 disputautes, quent sao os mediadores, quem eneaminhot 2 disput, quando aconteceu a disputa, ou se ela aconteceu) ¢ o resultado da disputa (se utt acordo foi aleangado, a natureza do acordo, se o encaminhamento & suspensdo ou ‘utra ago disciplinar foi sugerido por uma ou todas as partes). Em stra, os procedi ‘mentos de tomada sio o motor administrativo do processo de mediagéo. Geralmente, ‘esses procedimentos sao tratados como responsabilidade compattithada do pessoal que supervisiona o programa ou que trabalha em algum outro cargo de orientagao sxdministrativa (como 0 cargo de vice-diretor ou de inspetor de diseiplina). Divulgagao do Programa: F preciso haver um certo mecanismo para a diva: acto do programa de mediagao de pares aos outros membros da escola ou & comuni- dade extema. Sc 0s outros professores e alunos niio conhecerem esse programa, é improvével que casos sejam encaminhados e o programa niio teré éxito. As aborda- gens inovadoras de divulgagao podem inciuir desde cartazes, folhetos e camisas ou coletes identificadores para os mediadores, antincios na escola, assembléias de orien- {agio, demonstrag6es de mediagao em salas de reunido ou nas salas de aula, progra- ‘mas de televisto ou rédio para as escolas que tenham a tecnologia & disposigao, his- t6rias nos boletins informativos ou jornais da escola, concursos para “dar um nome 20 clube de mediagao". Quanto melhor fora divulgagio do programa, maior seré sua probabilidade de obter éxito Logfstica do Programa: Quando e onde as mediagSes acontecem pode tornar- se uma decistio complexa. Essas logisticas do programa sfo influenciadas pelo nivel educacional da escola (ou seja, escola de primeiro ou segundo gray) e pelos recursos disponiveis. A questo de “quando” mediar envolve questbes de disponibilidade de 146 _Schnitman & Litlejohn cespago, como tirar os mediadores de outras classes para fazer a mediagao © se os alunos podem ficar na escola antes ou apés o horsrio das anlas ou se devem limita se ao envolvimento durante o horério das aulas, Trés op¢des de “quando” estio dis- poniveis: (1) As escolas podem utilizar programas “fora do horétio das aulas” nos guais todas as mediages ocorrem fora do horério normal das aulas. Isto requer que (0s mediadores, os disputantes e os membros da ELL estejam dispontveis nesses horé- rios para realizar a mediagio. (2) As escolas podem utilizar a abordagem “dentro do horttio — fora da classe”, onde a mediago ocorre durante 6 recreio ou intervalo de almogo. Para as escolas com vatios intervalos de almogo, essa abordagem é relativa- ‘mente conveniente para todos. (3) E as escolas podem utilizar uma abordagem “den- ‘to do horirio — dentro da classe”, ou seja, a mediagio ocorre durante 0 horério das aulas ¢ os mediadores so chamados a sair da sala de aula ou a deixar outras ativid ‘des quando forem necessérios para lidar com a disputa de forma mais imediata. E claro que as decisées de “quando” tém impacto sobre o “onde”. Para programas “fora do horério das aulas”, é preciso haver algum espaco em sala de aula ou um espago regular para a reunitio e a mediagao, Para as abordagens “dentro do horétio ~ fora da classe”, as mediagées podem ocorrer no patio, no refeit6rio ou em salas privadas de mediagiio. A abordagem “dentro do horério ~ dentro da classe” requer um espago ‘especifico para servir de sala de “mediagio”. Em termos de nivel educacional, a abordagem “dentro do horario ~ fora da classe” (também chamada de modelo do “patio” ou do “refeit6rio”) é mais comum em escolas primérias onde as criangas tém ‘mais horétios vagos disponiveis e onde mediages mais simples ¢ informais podem. ‘ocorrer com os adultos supervisionando o proceso. As outras duas abordagens sto mais comuns no final do primeiro grau e no segundo grav, Est4gios da Implantagio: Nem tudo pode (ou deve) acontecer 20 mesmo temn- po. A maioria dos programas bem-sucedidos segue determinados estdgios de implan- tagiio. Esses estigios sto descritos no Quadro 8.1. QUADRO 8.1 Bstdgios da implementagso Beiigio Descrito ‘vali Necesiddes Hentficar os objetivose recursos yaa sua escola Avaliar gran de interes see 0 comorometieato em potencial etre 0s alunos, 05 funcionsiis © os ‘memos comunidad Oentar es fancionios Dat informactesdealadss sole a nturza da medigSo de pares © sobre og rosltndos da avalago de necessdades a tos os foreindses. Ter ds- ‘esses abrtas sobre auld do programa e com ele pode melhor = Icequah escola, Além disso, eclreer as expectativns dos fuclonsios ‘in togfoa sou eavovimento ov apoio a prorat Selesionar ELL Identfiaensiondcioe que estjum tspotos atu no programa. Esse cpio dover ince iseusss bastante dealhadas de comprometren {os do tempo e recurs esporades dor membros da ELL. ‘Oventsr of Anos “Apresenta ila ape alenor para esimular 0 Facresie e encoralos 2 {ormarom se madiaores departs Seleconar Medios de Paes Peo mecanisina que ea sido decid “Temnar os Mediadorss ca ELL” Dar taainento de rodiago de purese einamnentoaditoal pars BLL sobre mpg do program Uilizaro mimo do divulgagtpossivl para jedaros alunos 0s funso: ‘sos nentnderem o progratra &como uso. isa Programa Tei mante 0 programa com alengo regular coordenag, & renova (lo de habildades do mediadore A manstenglo de rn perfil elevado € positvonaescas Avaliaro Programa [De marci contin, mas certament no Faldo ssiesie ou do ano, a+ lar ofuncionamento do programa, algo pris ar modiieo, se vooe tem interes om expand programs, ou se en eaptcdad para fuo Divalgar Programa Novos Paradigmas em Mediagio 147 O PROJETO DE MEDIAGAO DE PARES DA PHILADELPHIA 0 Projeto de Mediagao de Pares da Philadelphia foi uma colaboragéo entre 0 Programa de Mediagio Bom Pastor, o Escrit6rio de Desagregagao do Distrito Esco- lar da Philadelphia ¢ a Temple University. Durante os anos letivos de 1992-1995, 0 PPMP iniciou programas de mediacao de pares em 43 escolas de primeiro ¢ segundo graus no Distrito de Escolas Pablicas da Philadelphia. 0 Programa de Mediagio Bom Pastor é uma organizagto de ensino ligada ao conflito reconhecida nacional ¢ intemacionalmente. Sua principal responsabilidad nesse projeto cra ajudar as esco- [as a implantar programas de mediagao de pares e dar treinamento e apoio continuo a essas escolas, O Distrito de Escotas Pablicas da Philadelphia & um grande distrito escolar urbano no nordeste dos Estados Unidos. Com aproximadamente 200 escolas, cle atende as necessidades de ensino piiblico de milhdes de individuos étnica e racial- ‘mente diversos que vivem na cidade ¢ no municipio de Philadelphia. Como a maioria dos grandes distritos escolares urbanos, ele luta continuamente com problemas de falta de recursos, rotatividade de professores e administradores, falta dos alunos e ‘evasiio escolar ¢ conflitos entre alunos. O envolvimento do Escritério de Desagrega- ‘go deveu-se, em grande parte, aos interesses continuos em proporcionar habilidades de resolugio de conflitos aos alunos para ajudé-los a lidar de maneira mais eficaz ‘com os conflitos relativos a questées de diversidade ¢ culturais, A Temple University forneceu a equipe de avaliagio para acompanhar 0 progresso do projeto, acficécia do programa de estudo ¢ relatar 05 achados a firm de auxiliar atividades fturas a serem ‘© mais eficazes possivel. Inicialmente, diversos objetivos foram estabelecidos pelo Bom Pastor e pelo Escritério de Desagregagao para o PPMP. (1) Eles buscaram institucionalizar a medi go de pares no Distrito Escolar da Philadelphia. Por fim, eles queriam que o distrito fivesse estes programas em todas as suas escolas e que o distrto solicitasse os recur- 303 necessérivs para a manutenyau apropriada desses programas. (2) A Philadelphia, ‘como muitas cidades americanas, tivera um aumento alarmante na violencia juvenil ¢ em vitimas juvenis da violencia (Philadelphia Inquirer, Fevereiro, 1996). Conside- rando essa (endéncia, eles queriam diminuir os incidentes de violencia nas escolas. (3) Eles também esperavain oferecer uma alternativa is suspensbes ¢ expulsées como um meio de lidar com problemas disciplinares. Alguns especialistas estimam que até 60% do tempo dos professores € dedicado a lidar com problemas disciplinares nas, escolas americanas (Jones, 1994). Os professores do distrito da Philadelphia tém experiéncias bastante parecidas. Eles desejavam ter um meio de controlar 0 compor- tamento problematico que nao tirasse os alunos de seu ambiente de aprendizagem. (4) Concluiu-se que se esses programas conseguissem reduzir 0 conilito ¢ 0 compor- tamento problemético, mais alunos sentir-se-iam seguros na escola e que 0 quarto objetivo, melhorar a freqtiéncia na escola, provavelmente seria atingido. (5) Mas mais globalmente, eles buscavam dar aos alunos e professores as habilidades de co- ‘municagio, interpessoais, de lideranga, de resolugao de problemas e outras habilida- des de gerenciamento de conflito associadas & mediagio. VISAO GERAL DO PROGRAMA DE MEDIAGAO DE PARES O treinamento em mediagio de pates ministrado pelo Bom Pastor envolvia alu- nos ¢ adultos nilo-treinados (professores, administradores, orientadores, pessoal da seguranga, assistentes que nao lecionam, etc.) em um programa de quatro dias, Os 148 Schnitman & Litejohn alunos e adultos eram treinados juntos durante aproximadamente seis horas por dia ‘em quatro dias consecutivos na escola, O treinamento inclufa exercicios, dramatizagées c outras técnicas de aprendizagem por meio da expetiéncia para auxiliar os alunos a entender e aplicar o processo de mediacio. Pediu-se as escolas participantes que assinassem um acordo comprometendo @ escola a apoiar 0 programa de mediagao de pares por pelo menos trés anos. O apoio prometido incluia: (1) fornecer pelo menos trés coordenadores locais para participa- Tem.no treinamento ¢ supervisionar o programa (este comprometimento requer clara- mente a provisio de recursos para cobrir os deveres regulares dos professores ou dos funciondrios enquanto estes estiverem en'volvidos no treinamento), (2) fornecer es- aco para. realizagio do treinamento em mediagao e das sess6es de mediagio sub: agiientes, (3) concordar em coletar as informagdes bésicas € manter a documentagao sobte o niimero de sessGes de mediagdo realizadas e seus resultados, ¢ (4) concordar «em promover o uso da mediagao para resolver conflitos entre alunos. ‘© Bom Pastor fomeceu diversos servigos as escolas participantes. Primeir ‘mente, ele fomecia orientagdo aos alunos, professores e funciondrios, A orientaga geralmente inclufa uma atividade de recrutamento (assembléia e/ou apresentagiio na sala de reunides que demonstrava a mediagao de pares para alunos interessados no programa) e sessdes de otientagdo de professores/funcionétios (por exemplo, apre- sentagées de reuniio de funcionérios). Em segundo lugar, 0 Bom Pastor fornecia 0 treinamento em mediacio para cada escola durante dois semestres, esperando que 0 treinamento posterior (no 2° e 3° ano) fosse realizado de forma independente pelas escolas. Em terceiro lugar, o Bom Pastor fornecia apoio e consulta continua para os programas de mediagio de pares por meio de visitas semanais as escolas de um ins- trutor de pessoal, Cada escola era visitada por meio dia, duas vezes por semana letiva por um perfodo que inclufa 0 semestre do primeito treinamento em mediagfo de pares ¢ 0 semestre imediatamente posterior a0 mesmo. A intengao era fazer com que Sada escola se torasse indepentlente na adininisuayao de seu prvgsaina av final Uo segundo ano. Em quarto lugar, o Bom Pastor ajudou a equipe de avaliagZo da Temple University a coletar os dados para dar 0 feedback as escolas sobre o éxito de suas atividades. OESTUDO DE AVALIAGAO. A avaliagio realizada pela Temple University foi um estudo de campo longitudi- nal no qual dados qualitativos c quantitativos foram coletados para se determinar a cficdcia dos programas de mediagio de pares. Os estigios iniciais da avaliago basea- ‘vam-se em grande parte em dados qualitativos para identificar os fatores cruciais, para uma avaliagao posterior. Essas informagdes eram traduzidas em indices quanti- (ativos a serem utilizados nos anos 2 € 3. Utilizou-se uma abordagem de triangulagio, com varios métodos, para a coleta de dados. Os dados foram obtidos a partic de entrevistas qualitativas de grupos de enfoque com mediadores de pares, entrevistas qualitativas de grupo e/ou individuais, com administradores ¢ coordenadores locais dos programas, observagoes de treina- mento, andlises in situ do contesido das dramatizagées da mediagfo durante o treina- ‘mento, medidas quantitativas da eficdcia do treinamento, medidas quantitativas pré- teste © pés-teste ¢ instrumentos de avaliagdo quantitativa para avaliagSes dos media- dores e disputantes das sessdes ¢ resultados reais da mediagao. Novos Paradigmas em Mediagio 149 ‘Uma descrigio detalhada dos métodos (incluindo c6pias de instrumentos) ¢ os resultados espeetficos do estudo podem ser encontrados no relatério do PPMP (Jones, 1996; Jones & Carlin, 1994). Ao invés de reproduzir as informagées aqui, passare_ mos adiante para os insights gerais obtidos com esse projeto, apresentados na forma de nosso modelo para programas bem-sucedidos de mediacio de pares. UM MODELO PARA 0 SUCESSO DO PROGRAMA DE MEDIACAO DE PARES ‘Nosso modelo geral para o sucesso do programa de mediagio de pares é apre- sentado na Figura 8.1. Como discutiremos nas paginas seguintes, cada elemento do modelo tem um papel importante para se determinar se o programa é adotado, im- plantado, mantido e se é capaz. de se adaptar &s mudangas das necessidades da escola ‘com o tempo. ‘pele Adina Nae uate do Temata | = soes ~esponsaisass eae a “ ‘Aegoo dos aise ds Srmmgede Equipe do tiderana oe! =Zemremetino somcinents Tosa do expo dos uno es om pees popup om gol FIGURA 8.1 ~ Modelos de programas bem-sucsdidos de mediagio de pares ‘TIPO DE PROGRAMA DE MEDIAGAO DE PARES Os programas de mediagio de pares possuem vérias formas dependendo dos objetivos e do escopo do programa, sendo que cada um tem suas vantagens e desvan- tagens. Vocé deveria avaliar as necessidades de sua escola para determinar que mo- delo de programa se ajusta as necessidades especificas, recursos dispontveis e obje- tivos da escola e/ou da conmunidade. Com base em sua avaliagtio, voce talvez queira ccriar sua propria versio da mediagdo de pares alterando um dos modelos de programa discutidos a seguir. 150 _Sehnitman & Liteon Identificar os Objetivos do Programa Como sugeriu a descrigo do PPMP, os programas muitas veres tém varios ob- {etivos. Entre os mais comuns esto: (1) diminuir os incidentes de violEncia e cont {oanti-social na escola; (2) ensinar as criangas habilidades pré-ativas de gerenciamento de conflito; (3) melhorar 0 desenvolvimento e competéncia social das criangas (in- cluindo um methor pensamento critico, habilidades de resolugzo de problemas e co- ‘municativas); (4) melhorar o comportamento de conflito entre grupos, especialmente entre grupos de jovens adolescentes; (5) reduzir os recursos (por exemplo, tempo do professor) gastos em questdes disciplinares e ndo em educacionais; (6) melhorar o cclima na escola; (7) reduzir o ntmero de faltas ¢ os indices de evasio escolar (espe- ccialmente entre os altunos “em situagao de tisco"); e (8) criar um ambiente sensivel & {questio do conflito dentro e fora da escola no qual os membros da escola e da comu- nidade promovam o gerenciamento produtivo de conflitos na escola, em casa eno bairro. Esses objetivos diferem em termos de seu enfoque sobre a remediagio de pro- blemas relevantes a escola (por exemplo, a redugao de violencia na escola, a redugio dias faltas ¢ suspensdes), a prevengiio de problemas relevantes para a escola (por ‘exemplo, melhorar o comportamento de conflito entre grupos como um meio de evi tar tensées relacionadas a grupos ou gangues, reduzir os recursos gastos em ativida- des niio-educacionais para aumentar os recursos disponiveis para objetivos de ensi no/orientagiio), a melhoria do desenvolvimento de habilidades nas criangas para im- pacto imediato ¢ a Longo prazo (por exemplo, promover 0 pensamento critico e habi lidades de resolugio de problemas e comunicativas) e a criagio de ambientes inter- nos ¢ externos melhores (por exemplo, melhorar o clima na escola, eriar apoio da comunidade para o gerenciamento positivo de conflitos). Embora todos os objetivos possam ser buscados simultaneaments, determinados objetivos geralmente sha priotitérios. Os objetivos mais priorititios deveriam ditar a escolha do modelo de programa de mediagao de pares. Escolha de um Modelo de Programa Ha muitos programas de resoluctio de conflitos na educagio, A classificagio, a seguir, 6 semelhante a utilizada pela Associagao Nacional para a Mediagéo no Ensino (NAME), embora nossos titulos e subcategotias difiram ligciramente para incluir ‘mais tipos de programas. Programas de Grupos de Mediagdo de Pares Muitas vezes chamados de programas “independentes”, trata-so da forma mais comum de mediagiio de pares nos Bstados Unidos. Esses programas treinam um pe- queno niimero de mediadores de pares (geralmente entre 20-30). Assim que os alu- nos estiverem treinados, 0 éxito do programa depende da disposigio de professores, fancionérios ¢ alunos em encaminhar conflitos ao programa. Novos Paradigms em Mediagdo 181 Programas para Toda a Escola Estes programas combinam a mediagio de pates com treinamento adicional ¢ atividades de intervengao para dar “a toda a escola” as informagées para melhorar 0 comportamento relacionado a0 conflito. No entanto, a expressio “programas para {oda aescola” é un pouco enganadora. Embora alguns programas atinjam esse nivel, muitos que esto incluidos nessa categoria sZo menos abrangentes. ‘+ Treinamento Adicional dos Alunos: Na verstio menos abrangente, uma es- cola pode identificar outros grupos de alunos (como atletas, conselho esta- dantil, alunos suspensos) ¢ dar treinamento em habilidades basicas para re- solugio de conflitos para esses grupos conforme a necessidade. + Treinamento Adicional dos Funcionétios: Trabalhando a partir da filosofia de que as criangas freqilentemente copiam o que véem, esses programas (entam melhorar as formas como os funcionérios da escola lidam com seus prOprios conflitos fornecendo treinamento em habilidades de resolugio di conflito aos funcionétios (inclusive aos professores, funciondtios que no lecionam e administrag#o). Alguns desses programas incluem até mesmo membros das Associagbes de Pais e Professores (APP). + Infusto do Curriculo: Esses programas combinam a mediagiio de pares com alguma forma de infustio curricular, na qual as habilidades e conceitos de resolugdo de conflitos para a interagao construtiva sio inseridos no currfcu- lo existente (por exemplo, em inglés ou em estudos sociais). Os alunos des sas disciplinas recebem um entendimento mais sustentado e aplicado de como as habilidades de mediagao ¢ resolugo de conflitos t@m wm impacto em uma ampla base de comportamento e atividade. + Programas Legitimos de Toda a Escola: Obviamente, esses programas en- volvem todos esses componentes, O elemento da mediacao de pares é ma parte de uma atividade a longo prazo, abrangente em proporcionar o desen- volvimento de habilidades e 0 acesso educacional a todos os membros da comunidade escolar. Em alguns casos, como nas iniciativas de educagao cooperativa, essas intervengdes ocorrem em todo um distrito escolar e le- ‘vam anos pata se estabelecer Programas Ligados a Comunidade Esses programas stio 0s mais ambiciosos de todos. Hles geralmente sfio configu rados para serem a extensio J6gica de um programa de toda a escola, contudo eles também podem ser ligagSes comunitétias aos programas de grupos de mediagao de pares. + Programas Ligados do Grupo: Em algumas escolas, os mediadores de pares estio ligados a grupos externos da comunidad sem qualquer envolvimento por parte de outros membros da escola, Por exemplo, os mediadores de pa- res podem atuar como instrutores de mediagao ou mediadores no centro de mediagio do baitro local. Isto aumenta a experiéncia dos mediadores e ex- pie segmentos da comunidade a mediagao feita pelos jovens. No entanto, isso niio tem por objetivo instituir mudangas avassaladoras na cultura do conflito da comunidade ou da escola, 152 _Schnitman & Littlejohn + Rede de Paz e Seguranga: Esses programas, cujo nome foi inspirado em wm projeto piloto realizado pelo Born Pastor na Philadelphia, envolve vérios, ‘membros ¢ organizagées da comunidade, ligando-os aos programas ¢ is ati vidades da escola. Organizagées teligiosas, empresariais © governamentais, ¢geralmente trabalham juntamente com a escola para criar formas inovado- zas de divulgar a mediacao ¢ a resolugio construtiva de conflites, institu aplicagées para a mediago e encorajar membros da comunidade a partic pa Levando em Conta a Realidade dos Recursos Como foi sugeride anteriormente, a escolha dos modelos de programa deveria sor orientada principalmente pelos objetivos da escola, No entanto, os objetivos nio so o tinico fator detcrminante, Ha questBes de recursos reais ¢ inevitaveis que de- vem ser enfrentadas, pois iniciar e manter os programas custa dinheito. Eles reque- rem tempo e comprometimento de varias pessoas. E diferentes quantidades de recur- 08 sfio nevessfvias para diferentes modelos de programa. Por exemplo, imagine que vyoe8 est planejando a implantagio de um programa em uma cidade no nordeste dos Estados Unidos. Seus custos com treinamento (sem incluir o tempo de seus funcions- rios, os gastos com matetiais para o programa, etc.) para um modelo de grupos de mediagio de pares poderiam ser um tergo do custo de um modelo de infusdo no ccurriculo ¢ um quinto do custo de uma rede de paz.¢ seguranga, ‘Uma regra geral & que quanto mais complexo for programa, mais recursos settio necesséios para toméclo viavel. Especialmente para as escolas que estao en- frentando redugSes de recursos, o melhor conselho & seguir o principio da parciménia Tonte escother o modelo de programa que garanta 0 maior enfoque nos objetivos privrtétios e yue uilize a menor quautidade de recursos. J4 vinuus uiuitas veues estu~ Jas que comegam de forma promissora programas abrangentes para toda a escola ou ligados A comunidade e que depois se dio conta que ndo t8m condigées de sustent los, Nesses casos, as expectativas das pessoas foram elevadas e no podem ser sais- feitas. Talvez. sua experiéncia na verdade diminua sua disposi¢do em tentar a imple- mentagio do programa posteriormente. E muito melhor planejar com cuidado, ciente dos recursos disponiveis, e fazer 0 melhor com iniciativas mais modestas do que prometer “mundos ¢ fundos” e causar desapontamento. ‘Uma boa estratégia & comegar aos poucos e planejar uma expansio & medida que o programa vai-se firmando, Voc8 pode canalizar aatengio necesséria as ativida- dies iniciais (como o programa de grupos de mediagio de pares). Assim que 0 progra~ ‘ma tiver atingido uma certa establidade e éxito, voce pode acrescentar componentes fou participantes conforme o desejado. Apoio Administrativo A experigncia do PPMP 6 extremamente clara quanto a importancia de um forte apoio administrativo aos programas de mediagao de pares. Embora seja possivel os programas terem &xito sem esse apoio, isso é muito dificil e, em muitos casos, impos- sivel (© que queremos dizer exatamente com “forte apoio administrativo"? Hi cinco elementos desse apoio que so cruciais para o inicio e a manutengio do programa: (1) Novos Paradigmas em Mediaggo 153 apoiar 0s valores subjacentes aos programas de mediagiio de pares; (2) encontrar e/ ‘ou alocar recursos para garantir a viabilidade do programa; (3) ter consisténcia na demonstragdo ¢ apoio aos programas; (4) ter flexibilidade na cootdenagao das prati- cas e necessidades do programa com outras atividades escolares; ¢ (5) possuir plane- jamento estratégico para evitar o gerenciamento da crise ‘Uma das contribuigdes mais importantes que os administradores podem dar & utilizar e demonstrar os valores subjacentes aos programas de mediacao de pares. Os alunos ¢ os professores precisam ver e ouvir que os administradores se sentem & vontade com 0 conflito como uma oportunidade, que eles nao tém medo de que os alunos “batam suas asas” ao encontrarem novas formas de lidar de maneira produtiva com seus préprios problemas ¢ que eles nao esttio ameagados pelo fato de os alunos ¢e/ou professores tornarem-se capacitados nesses processos. F preciso uma equipe de administragdo forte e segura para apoiat os programas dessa forma, Encontrar ¢ alocar os recursos necessérios ao programa é a segunda forma es- sencial de apoio. Os administradores geralmente precisardo encontrar dinheiro para pagar os servigos de treinamento, pagar professotes substitutos para cobrir as classes de professores que estio recebendo treinamento sobre conflito e/ou mediagiioe pagar 0 materiais de divulgagio ou materiais de apoio ao programa. Eles também precisa- io disponibilizar recursos nifo-monetitios, incluindo um espaco reservado ou sala especial para a mediagio e liberagio de tempo para professores ou funcionérios que supervisionam e administram o programa ‘Uma vez comprometido este rumo, o apoio administrativo nfl pode parar, espe- cialmente no primeiro ano do programa. Os alunos e os funciondrios sabem que po- dem contar com um certo nivel de apoio em termos de recursos e comprometimento ‘em relagao aos valores do programa, Nos melhores programas, os administradores tornam-se “defensores" do programa, as vezes até mesmo sendo treinados juntamen- te com os alunos e os membros da ELL ¢ defendendo abertamente o programa junto & Gaumusidade educacional ris wmplt € & comunidade excerna, Quando o programa comega, a logistica deve ser planejada. Em quase todos os programas isso significa que as pessoas devem ser flexfveis para encontrar boas solu- .¢8es; por exemplo, um problema comum & como nomear mediadores para um caso ¢ como liberd-los das aulas sem por em risco seu trabalho escolar ou preocupar o pro- fessor. Nesses momentos, os alunos ¢ os professores procuram a administragio para ver qual seré sua flexibilidade no ajuste das praticas “normais” de modo que os inte- resses educacionais e da mediagfo sejam atendidos. Por tiltimo, os administradores deveriam elaborar um planejamento estratégico para prever as necessidades ¢ objetivos a longo prazo. Geralmente leva dois-tr8s anos para que um programa de mediacio de pares (mesmo nos modelos mais simples) real- mente se estabeleca e se auto-sustente. Uma boa idéia & encorajar os administradores ¢ ‘0s membros da ELL a fazer um plano “de trés anos” ou “de cinco anos” (dependendo da complexidade do programa em questo), listando objetivos, recursos necesssiios, atividades necessétias, marcos de sucesso e planos de emergéncia caso algo mude. Equipe de Lideranga Local A equipe local de lideranga é responsével pela implantagdo cotidiana do progra- ma, Em nossa experiéncia, as melhores ELLs sdo aguelas que posstiem um misto de pessoas do quadro pessoal (por exemplo, professores, orientadores, administradores, etc.) de forma que possam representar as perspectivas dos diversos grupos da escola 154 Selmnitmen & Littjohn € estabelecer uma coordenagto entre funcdes (por exemplo, um professor ¢ um orientador coordenando o sistema disciplinar com o sistema de mediagio), Seu comprometimento € fundamental, Um erro comum € mobilizar os membros da ELL sem explicar totalmente 0 que se espera deles em termos de tempo e esforgo. Alguns membros da equipe podem achar que s6 precisam dar apoio “moral” ao pro- grama, A realidade é que a ELL dedicard urn niimero consideravel de horas (dentro ¢ fora da escola) para tomar o programa tum sucesso. Considerando-se todos os seus ‘outros deveres, & mais do que justo que tenham uma chance, no inicio, de avaliar se. esta responsabilidade esta dentro de suas possibilidades. ‘Quanto mais os membros da ELL entenderem sobre mediaeao e conflito, mais capazes eles estardo para instruir ¢ orientar os alunos e outros fanciondtios. A situa- ¢a0 idea! é ter membros da ELL que conhegam a fundo as duas freas, talvez. tendo recebido treinamento de mediagao € conflito antes de se envolver no programa da escola, Talver eles tenham feito cursos nas universidades locais que aumentem seu entendimento ou talvez tenham participado de semindrios sobre mediagao para apren- der sobre os programas. Se os membros da ELL, nio tiveram estas oportunidades antes de seu envolvimento, eles precisam obter esse. conhecimento 0 mais rapido possivel. Lembre-se de que os membros da ELL serdo pessoas ts quais se pede com ‘mais freqiiéncia para explicar a mediagdo ¢ o programa a outros membros da escola, as pais ¢ & comunidade. 4 que a ELL 6 uma equipe, ela deveria funcionar segundo os princ{pios do trabalho eficaz.em equipe. (1) Especificamente, a equipe precisa discutir os diversos papéis ¢ responsabilidades dos membros. Quem vai ser responsével pela tomada? Quem vai liderar a atividade de divulgagio? Quem vai trabalhar no treinamento de infusio curricular’? Quem vai trabalhar com a administragdo para manter o fluxo de recursos? Quem vai realizar as reunides de mediagao apés 0 expediente? Quem vai manter a “documentago” do programa? Bic. (2) F preciso esclarecer & equipe suas ‘oxpectativas om relapio a ceu préprio desemponho e reeponcabilidade, Urna boa idsia 6 fazer com que 2s equipes discutam ¢ se comprometam com certas regras basicas para ser membro da equipe. Algumas regras basicas podem ser: todos devem partic par das reunides da ELL regularmente, a equipe concorda em usar téenicas construt vas de resolugao de conflito para resolver seus proprios conflitos, a cquipe concord, em apoiar e promover ativamente a mediago nas classes ¢ em sua interagdo com pais ¢ funcionarios. Apoio dos Professores e dos Funciondrios Se os outros funciondtios nao apoiarem e wilizarem 0 programa de mediagio, seu caminho ser pedregoso, O PPMP mostrou de maneira consistente que quanto aior @ orientagao ¢ envolvimento dos funcionétios e professores da escola, melho- res sfo as chances de éxito, As vezes, a divulgagzo de informagdes pode parecer repetitiva, mas a repetigo é uma boa idéia até que o programa se estabelega e torne- se parte da vida da escola. Como @ ELL, quanto mais os funcionérios souberem sobre mediagio e sobre 0 programa, meliior. Muitos funciondrios de escola recebem pouco treinamento ou ex- posigdo a diferentes formas de pensar sobre 0 conflito e de reagir ao mesmo. Este material pode ser to novo para eles quanto para os alunos. Gaste tempo e energia para ajudé-los a aprender e a aplicar as idéias subjacentes ao programa. A paciéncia 6, definitivamente, uma virtude. Nao € raro encontratmos professores e funcionatios, Novos Paradigmnas erm Mediagio 18S até mesmo escolas com programas bem-sucedidos, que no tém conhecimento do programa ou da mediagao em geral. Nao fique surpreso se levar dois ou (rés anos para saturar completamente a escola com essas informagdes. Esclarecer as expectativas do professor ¢ dos funciondrios € um ponto-chave. O ‘mais importante nessas dreas so as expectativas em relagio ao encaminhamento de determinados casos para a mediagdo, dando “espaco” aos alunos para lidar com os conflitos por conta propria e liberando os mediadores dos deveres de aula enquanto estiio sendo treinados ou mediando. Os professores também deveriam estar cientes de que se espera que apsiem o programa promovendo ativamente as habilidades de ‘mediagdo e conflito, auxiliando nas atividades de divulgagao e talvez concordando em atuar na ELL no futuro. Participagao dos Alunos Em nossa experiéncia, a parte mais fécil da mediagdo de pares 6 obter o interes- seca aceitagio dos alunos. De fate, até mesmo em programas que tém muitas outras dificuldades, os mediadores de pares esto repletos de entusiasmo sobre o que esto ‘aprendendo e de que forma podem aplicar essas habilidades a outras situagSes, A princfpio, alguns alunos, especialmente os garotos adolescentes, questionam se a mediagao é “coisa de homem”. Eles muitas vezes se preocupam em parecer fracos diante de seus colegas. Eles podem ter ouvido que “conversar sobre um pro- blema” née ¢ tio “legal” quanto “resolver na briga”. Mas se alguns dos ffderes infor- ‘mais da escola tomarem-se mediadores de pares, essas duividas tendem a desapare- cer, De modo semelhante, leva tempo para que a populagio geral de alunos entenda a mediagio e busque seu uso. Depois de ter experimentado a mediagéo, a maioria dos alunos gosta e quer usat 0 proceso novamente para tratar de problemas que surjam no futuro, Apoio dos Pais e da Comunidade O envolvimento dos pais ¢ de membros da comunidade deveria ocorrer apés 0 programa ter sido iniciado e tomar-se moderadamente bem-sucedido na escola. Con- ‘tudo, € absolutamente fundamental informar os pais sobre o programa, especialmen- te se seus filhos forem envolver-se como mediadores ou nas classes de infusdo curricular desde os estégios iniciais. Os pais deveriam ser informados por escrito & pessoalmente (em reunites de pais e professores, etc.) de forma que possam fazer os julgamentos apropriados sobre a participagdo de seus filhos. envolvimento posterior deveria ser lento e bem planejado. Quanto maior 0 mimero de participantes no programa, maior 0 potencial para confusio e falta de ‘coordenagio, Trabalhe cuidadosamente para identificar pais, membros da comunida- de ou grupos que compartilham os valores do programa e que estejam dispostos a se comprometer para o desenvolvimento do programa. ‘Assim que os pais ¢ os membros da comunidade tiverem se envolvido, eles deveriam negociar com o pessoal da escola sobre suas contribuigées. Entio, eles precisam discutir meios de monitorar e reforgar sua responsabilidad, Como em qual- ‘que atividade cooperativa, os parceiros precisam saber como ¢ quando podem con- tar uns com os outros. 186 _Sctinitman & Litton Qualidade do Treinamento Embora seja 0 sltimo componente de nosso modelo a ser discutido, trata-se, certamente, de um dos mais importantes. Uma ligo dificil aprendida por muitas es- ccolas 6 0 dano que pode ser eausado por instrutores de mediaciio ndo-qualificados ou nesctupulosos. Ficamos tristes 86 em saber que essa possibilidade existe, mas esta- ‘famos nos omitindo se nfo tratéssemos deta de forma direta Hé uma grande variagao na qualidade dos programas ¢ nas qualificagdes das pessoas que os ministram, Os debates sobre a qualidade dos programas levaram a Associagiio Nacional para a Mediaco no Ensino (NAME, 1994) a estabelecer dire- trizes em 1993-1994 referentes as qualificagbes do instrutor, aos elementos do treina- mento, a0 envolvimento dos alunos, & implantagao ¢ superviso do programa. Fssas diretrizes o ajudardo a escolher uma onganizagao de treinamento confidvel. Em primeiro lugar, os instrutores devem ser qualificados em termos do conheci- mento e da experiéncia na érea de gerenciamento de conflito © mediagaio. A NAME sugere que os instratores tenham conhecimento nas seguintes freas:teoria da resolu- de conilitos, habilidades de comunicagao, habilidades de resolugo de conflitos, {écnicas de negociago, processo da mediagao e sensibilidade intercultural, Eles tam- bbém deveriam ter experiencia e habitidade como instrutores; saber como estruturar € fazet uma apresentagdo eficaz de treinamento, Nossa experiéncia demonstra que tarm- bbém é muito wil que os instrutores sejam mediadores experientes e que tenham algu- rma experiéncia de trabalho no ensino piblico. Tal qualificacao é especialmente im- portante para instrutores que trabalham com alunos menores. Os instrutores que jé foram professores, por exemplo, so mais capazes de saber que nfvel de informagiio cs alunos menores podem aceitar melhor e como os alunos menotes podem aprender melhor novas idéias. ‘Além das quulificagdes do instrator, o programa de treinamento deveria atender uma aérie de outros padréec. Maio uma voz, aNAME cugere quo a duragio do troina- ‘mento deveria ser de 12-16 horas para escolas de primeito grau e de 15-20 horas para escolas de segundo gran. O treinamento deveria incluir médulos sobre conflito, esti- Ios de comunicagao, audigao ativa, processo de mediacdo (incluindo a negociacio ea resolugio de problemas), conscientizagao da patcialidade ¢ diversidade cultural. 0 programa de treinamento deveria utilizar um curriculo conceituado (por exemplo, ha varios curriculos de treinamento amplamente comercializados nos Estados Unidos) ou elaborar seus préprios manuais e materiais de treinamento para os alunos. O trei- namento deveria ser direcionado para a faixa etéria apropriada; por exemplo, voce nfo utilzaria os mesmos materiaise técnicas de treinamento para alunos do primeito edo segundo grau. E 0 treinamento deveria envolver a maior quantidade possfvel de aprendizagem por meio da experiéncia e da dramatizagao. E essencial que os alunos tenham a oportunidade de praticar as habilidades que esto aprendendo em situagdes seguras e realistas. Por iltimo, os instrutores deveriam ser responsSveis. Tenha cuidado com a em- presa de treinamento que quer dar um dia de treinamento, mas da qual nfo se ouve rama mais falar, Esses instrutores s6 querem saber de ganhar dinheiro e ndo tém conhecimento, ou nao querem saber, do apoio necessério a imptantagio de um pro- grama, Uma empresa de treinamento confivel fomnecerd apoio técnico e servico de acompanhamento a escola durante um semestre ou mais apds o treinamento. Eles trabalharao ativamente com a ELL e com a administragao da escola para ajudar a planejar e organizar o progresso do programa. Novos Paradigmas em Mediagio 157 ‘Antes de contratar uma empresa de treinamento, consiga referencias de outras escolas nas quais jé trabalhou, Peca para ver todos os seus materiais de treinamento. Converse com eles detalhadamente sobre seu envolvimento com a escola apés 0 tér- mino do treinamento. E tenha cuidado se parecem prometer uma soluga0 répida € fécil aos problemas dificeis. Os bons instrutores conhecem os beneficios desses pro- ‘gramas, mas também sabem que qualquer coisa que valha a pena requer esforgo & ‘muito trabalho, Os programas de mediagiio de pares nio constituem exces, CONCLUSAO Esperamos que nossas orientagdes sejam iteis quando vocé pensar em iniciar um programa de mediagao de pares. O consetho apresentado aqui pode ser resumido em termos de alguns prinefpios muito basicos que deveriam fundamentar seus esfor- os: (I) Sempre faga uma avaliagdo minuciosa das necessidades, incluindo todas as partes que possam fer interesse no programa. (2) £ fundamental orientar muito bem a ‘escola e os membros da comunidade sobre a natureza do programa antes de sua im- plantagao. (3) Certifique-se de que seu programa é apropriado a seus objetivos. (4) Comece aos poucos e expanda conforme o sucesso obtido. (5) Escolha e mantenha a ELL cuidadosamente. (6) Envolva um grupo diverso de alunos. (7) Divalgue o pro- grama de maneira abrangente e criativa, (8) Exija qualificagSes comprovadas e altos padres das empresas de treinamento. (9) Seja paciente e planeje ter um éxito razod- vel em uma perspectiva de implantago a longo prazo.

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