You are on page 1of 15
© en) (ere fa eee preteen peor O lugar da arquitetura no agitado caldeirao cultural pernambucano Projetos em Recife e Olinda mostram vitalidade Nos aos 1990, Pemambuto vatou & ser assunta freqdente nos cadernas cu twrals dos jamais brastees, Ndo que 0 estado nd tivesse lugar catvonesse un: verso -basta lembrar Clero Dia, Giberto Frente ¢ Aviano Suassuna, entre outs. Nas navi uma novidade oats um ete rusia! fazando us dversivade de ties locas, do frevo ao maracetu, Quem chemou a aten8o foi Chico Science, & frente do grupo Nagao Zumbi. O movi- mento rangueteat- que misturou sons nativoscom hip-hop e misica eet a parece er Gespertado cuss Breas fazerda com que 0 colido cultural se agtasse, Hoje, com Science mort, 3 cana reciense parece estar mais calma Mas a arquitetur, que por sua natureze é letarcomo néehuma outa ate, se6 aque az parte esse grupo? Serd que essa efervesctncla cultural esbarrou nels? Frédis rocém-concludes, de interes- se arquitettrico, foram encomenddos resse contexo? em que mesida ees reletom a cersidade pernambucana? Nesta ecigio, foros buscar algu- sas respostes ou apenas aumentic as questes a resp, Para ss, pu- biicames cinee projetosrecentemente conchitos om Olinda ¢ Recie. Pera comecar, 0 Espago Cidncia, em Olinda, deseninade por Marco Antinio Borsel, Tereza Sirs @ Luiz Weird. Locale ‘zado no parque Memorial Arcoverde, em regido circundada por elementos histri- cos @ naturas, ele faz contraponio com 9 ‘agressividade das autopistas @viedulos a igacdo videta com a capital, Do ponto de vista arquitettnico, © projeto estabe- ace igages com a obca de Acicio Gi Borsoi, pai de Marco Antinio e um dos, Principals arquitetos da modernism no ‘estado. Publicamos também dois raba- Ines de Paulo Mendes da Rocha, em rara incursdo fora de S80 Paulo. 0 primeio 6 Um editica de uso misto « garagem, lois reas de entretenimenta - canstruido. ora dar apoio @ um centro de compras Imbricado:em entorne histbrico = 0 bairro do Recife -, ele foi alvo de poldmicas por iso, O segundo também esta inserido em ccontento histrica @ marca a colabora,30 ‘entre o arquitetoe 0 artista pldstico Bren- rand, um dos icons da cultura local. A ‘wa geraco de profissionals pernam- Ducanos ¢ apresentada em dais projetos: uma casa noturna, desenha por Metro Arquitetura e Julano Dubeux, ¢ uma re- sidlncia, do eseritério.O Novte Oficina de Criagao - todos formados da década de 1990 para ed. Por fim, Fernando Diniz analisa em artigo a produgo desses jo- vers, depois de um hiate nas décadas anteriores, (Por Fernando Serapigo) Marco Antonio Borsoi, Tereza Simis e Luiz Vieira | Museu, Olinda, PE | Paulo Mendes da Rochae Paulo Mendes da Rocha e MMBB Eduardo Colonelli Edificio multiuso, Recife Capela, Recife Metro Arquitetura e Juliano Dubeux O Norte Oficina de Criacao Casa noturna, Recife Residéncia, Recife | SHG8EE 2 es ne Ho gs Le ee i 9s gq Tats : ; = E i / gE . o SG Oo 3 - wu as as Ue £ vo Concep pease | | WARE =... al ‘RRR TA CARERS io RERRS | i ry Ps E & Lt i ELA} TT I a t) =) My een Novas vozes pernambucanas Por Fernando Diniz™ Embasada nos ensinamentos @ nas atividades projetuais de: Delfin Amorim e Acécio Gil Borsoi, a es- ‘cola pernambucana produziu um rico conjunta de obras do final dos anos 1950'em diante. Arquitetos ‘advindos de outras partes do pals (como Borsol) ou mesmo de outras nacSes (como Amorim e Mario Russo) adaptaram principios modemistas da escola carioca e europeus as condicbes climaticas e cons- trutivas da regio e propuseram solugtes engenhosas, que se tornaram paradigmas locais. Entre os anos 1950 e 1960, Pemambuco notablizou-se pela producao de indmeras residéncias. Essa geraco atuanie ha Escola de Belas-Artes de Pernamburo formau uma série de discipulos que deserwolveram carreiras Produtivas e consistentes. 48 a partir de meados dos anos 1960, abservamos qué 0 eaifiie muti familiar residencial passou a consttuir ‘um campo primordial de experimenta- $30 para os arquittos pemnambucanos. ‘concep: da exifcio residencial em atura, implantad de forma recuada no Tote, fl possiblitada Dela Lei de Uso do Solo to Recife, de: 1961, Essa logislagdo, ‘20 possibitar.aiberapso das fachadas, ‘fereceu uma oportunidade Gnica para 0 anquitetos projtarem com mats Hber- dade e metnaratenderern as requisites Ce venting & de ovientagio Solr. Os arquitetos pemambucanos soube- am responder muito bem a essa nove. demands, a translormapo da casa em apartamento, ecriaram solupdes que se tomaram paracigmas bem-sucedidos. A sébia adaplago da Inguagem modema 1 especificdades locais e plastcidede dos pcos pemnambucancs foram logo ‘otadas em reaizaptes coma o edticio Rio Branco, de Deltim Ameri, ev edticia Mirage, de Acicio Git Borso. Ao longe sos ans 1970, discipios de Amorim e Bors twmibém produutram cléssioos da arqui- Bpopinbogn thar ‘etura pemambucana, come os edlicios Vill Mariana e Vila-da Praia (de Wane ‘dental Tinoco), Sahara (de Vital Pessoa ‘de Melo) & O8sis ie Giauco Campett) De forma geal, esses acuitets lanc- ‘am mio de uma série de elementos que se tornaram caractorstions da escola per- rnambycana, como a divise do blocs em base, corpo € consamento; as gas n8- ‘micas de plancs ¢ volumes, trando pertido das varands ¢ armies que se orojetam da edificara; 0 uso comedica da cor, ‘come resuttado dos materia de dierentes texturas; o emprego de revestimenios ped moldados, Cerdmicas e anuejos; a ador-t0 16 artiicos de adactado clmdtica, coma ‘© pelt ventlad, cobogss ¢ elementos ‘vazados; a preacupacso com afremates - detaes.consttves.! Nos anos 1980 1990, esse paradigma fl tevado ackante Por uma geragloligeramente mais nova, stuendo no 36 em edfcios residencias, ‘mas também trazendo contruigbes.ig- nificattvas para a arqutetura empresa, ‘comercial noteleva, come Aleancre Castro e Siva, Jernimo & Pontual ¢ Jose Goiana Leal, com uma Comedia intro- ‘dupa de tendéncias imemacicnais, ‘A parte desse momento entretaro, ‘muitos acreditam que-a escola pemnambu- ‘eana entrou em processo de dasolu3o. (0 mercado cada vez mais restive, & perda relativa de importancia écondii- ‘ca do Recife no pancrams nacional € 8 ‘enorme sensaGdo de inseguranca na cida- as.classes média e alta deandsram para apartamentos. A harmoniosa relacSo que 05 ediicios @ as casas estabeleciam com 2 rua fol rompida por muros altos, cercas. celtrcas e quaritas. Elementos. com jar dineiras, ecuos e detahes.construtivos ‘nis elaboredes passaram a ser vistos ‘coma perdas financeirds pelos consiru= tores e foram banidos do mercado. 05 edificos de apartamentos, por sua vez, tomaram-se cada vez mats altos. Se urn {nico profesional projela, de uma sé vez, indmeras "casas" em um ediicio, sb resta 8 grande meioria fazer as ambientactes -desses apartamentos, Apesar de a arquite- tura pemambucana também estar dando contn sigrficatwas nesee campo i dos anos 1980 rio tiveram as mesmas oportunidades de arquitetos formades a pa pressar om termos arquitetnicos. (Uma attude nostélgica de apenas cri ticar 0 presente # reverenciar © pasado ito pouco para entender 0 que se passa atu ee para Um papel mais ativo da anqutetura na R maiores demandas para 6 ac dede : fe, Além da ambientago, as we a cidade estao na construgao.e retorma ce eftmeras e abelecimentos comerciats de praia ou de campo. Mesmo nesseja- oramma pouco animador, podem-se ouvir vores de jovens grupos de arquitetos que procuram foemular alte nativas para 0 os edifcios abordados neste sidllncia Brun Danielle © 0 ‘Arquitetura frondesa A residtneia Bruna/Daniele foi tada por Bruna Lima, Chico Rosa e Lula Marcondes, que integram © Norte Oficina e Criagt0, um criativo grupo que reine jovens profissionais. Projeto premiado no ° do pelo Museu da Casa Brasileira, a casa locate so} oncurse Joven Arquiteos, promo 2 em um pequene terreno, uma trangia rua sem saida do agitado ‘cada ver mais verticalizade bairro do Deetoy. A propos 1e5-e tocar a terra-suavemente par meio 0 um paveindo de madeira, Esse vol me congrega os espagos privatvos da o lazer farmika, boerando 0 ter a garagem. A Grea math dependent, Essa ‘addotans vis fa constitul um bloco de alvenaria mistura oe the ‘adequagda de cada componente a suas circunstancias de uso, Esse pavinin de madeira ¢ susten- rgb © CORBA, tado apenas por ses pilares avessoao pavimento superior. Aesca: gegiga no terre por doss panos bog®, enquanto no inter do pa vio ela & ladeada po ‘sho as Uinices elementos divisores de sp%0. Odesejo de eiminar dreas conf les te fexivel com lidade de miltipies artanjs. aos da moradia esta 1a forma como os arquitetos trtaram a fa- cchada do pavitho de madeira, ou melhor, {8 membrana que sep8ta 6 interioe do eate- ne. Cansiderande.afachada uma gy neta, os arqutetos dispuseram pega madeira 20 longo de tode a casa, como ‘se fossem venerianas. A fachada, de tato, as Vistas, lumina o interior, capta venti (gb € porn Nos trapicos, 05 espagas frontesigos entre ve a constugto respire, erior e-exterir $30 05 que organiza os do paw estar sem todos 08 pon ee re Nesses. eSpagOs terior @ tempo toda. Do lado de fora, colhar para a casa, percebem de pessaas € até objetos Seu Pe ee caracteristice, como os jogos Cee ard & 0 paviingo iso no verde, tho ben sbalhado por Mies e, mais recenitemen: Mas cor Glenn Mur 20 contro sdesses arquitetos que tv fam a sua disp sige paisaens intacadas, Recite est casa-parino. pano, Nesse res tveram que preacu: ‘em um sitio spOsigD0 B05 predos ncentrar 9 pernambucano Arma argu dode Holanda detendeu que dever ura sombreada, aberta, vigorosa, prfeteiegn jor BrafDasele, wa rad ro oi ‘acalhedora ¢ envoivente, que, a0 nos colo: carem harmonia com 0 ambiente tropical ‘gs incite a mele vier itegralmer pessoas embabo, associand a baa arqul- tetura a essa idea, Esse concelto nos ¥ mente imediatamente enquanta vistéva- 05.2 casa, que, de fato, parece com vena farvore, Ela ainda revela simianade com 6 trabathos de arquitetos de citerentes partes do pals que est3o revalorizande ma: eg, eer POE eC Ce ERC a) teria tradicionais, como o escritéria Una ‘Arquitetas, Alvara Puntoni¢ Roberto Moita, utre aspecto que chama a atengdo & a forma como os arquietns conseguiramn trabaihar bem em condigbes finances tecnicas limitadas. 0 cuidado de tornar a construgse mais barata, mais produrivel evidencia a pre ‘cupagso com a habitag social, un dos elementos constantes nes trabalhos de-0 Norte, De fato, a casa foi consinu ida em poucos. meses e custou pouco, Os matersis 880 extremamemente sim 8 lalvenaia, madeira, cobogs) As tachadas 0 Club Nox, proetado pelos protissio nals do escritrio Metro Arquitetura € por projtegn jamnacy jukano Dubeux, parti de premissas bern Gierentes da moradia-comentaga acims, 0s sequitetos souberarn responder bern 90 que se espera de uma casa noturna uma calra fechads para no dein esc par o son e para despertar a curosidade dos transeuntes, um projeto marcante na paisagem do bairra de Boa Viagem. ‘0 resutado fol um estranho objeto cevestido por placas.de ago corten em pr0cess0.de axidago, com 0 coroamento, feito de vidro leiteso, qué muda de car ao ongo-da noite por meta da ikaminaga. A aia correspond 20'sai90 principal, que tem pé-direto dul, @ a coroamento de \idro, @ um lounge com ares 3 ctu aber to. Otratamenta das superficie extemas cexibe enorme co ste: enquanto as pla cas enferrujadas sugerem algo pesado, lervemnecido @ araignso a terra, a video Preciso, claro, now e leve, Acaixa de aro parece estar submetida ds encrmes pres- ‘es das energias ¢ sons ali produridos. A atividade estrondasa e eneraética de uma bboate parece Ser conti pete volume, lenquanto 0 coroamento parece fatrar © func urna fur ténwe, que sinaliza para @ Cidade a atividade que all se desenvaive: O programa exigia um ampio espa- 0 lve interna, deri de uma superficie {otaimerte vedada, Sendo assim, os a quits puderam inovae apenas em dois pontos, as {aces externa ¢ interna, Em relagdoa face exierna, 0 Chad Nox remete a uma das questies impot- tates da arquitetura do sécuke 20, aut fol a redefnigao de fachada, tao bem co mentada por Colin Rowe.’ Segundo. historiador ings, as estruturas de apo de concreto possiitarie © aumento das supertices emvidragadas @ a diminuiga0 dos suportes, liberando assim as fachacas, de expressar a estruturae as tradicio- fais analogias.antropomdticas.e fazed Om que os arquitetos Se perguntassem se elas deveriam representar intengbes stéticas ou ser deixadas lures, como a lepressdo de uma nova tecnologia cons trutiva. Como sabemos, as fachatdas de video: peedomninaram nos arrantha-clus da ‘arquitetura corporatva do pds-guerra No inicio dos anos 1960, Jesep Lk Sort procurou chamar 3 atengBe para a necessidade de reinterprata formas ta \Sicionais de vedagSo, de relago como exterior e de elementos figurativs.* Jé nos anos 1970, Robert Venture Denise Scott Brown, fascinados pelos simbolos 0 municaco de massa, eriaram a Wéia do decorated shed, ou sea, grandes gales, baratos e funcio ye alberganiam 3s seus exteriores deco- fungbes @teran fades por uma pelicule que procuraria simbolzar 9 uso do editicio. Mais recen. lemente, o tema das superticies voitou » ‘er objeto de interesse, coma podesos perceber na obra de Herzog & De Meu ‘on ou nos tabalhos de Willanss & Tsien, 0. Oud Nox parece estar mais afina- do com as especularbes sobre superticies levadas a cabo por Herzog & De Meu ron, como na bibliateca de Eberswakie ena fabrica da Ricola em Muthouse.* Dee fato, a camada de ferrugem ni axcicionada como uma peliewa, mas algo que nasee do proprio material, do ‘eu processa de erveBiecimento. ‘0 processe ce eavenecimenta de um edict rio necessariamiante denigre seu ‘sanicado arquitetinico, mas também pode aglutinar nos sentides. Se cons: erarmos uma ecificagao como um set vo, temos. dle admit que ela também cerveihece e acquire valores.“ No caso 00 Club Now, 8 cxidsro das chaps fi pensada come forma de aglutina sign ficados. As vicissitudes da obra ficaram registrades nas chapas: as manchas de um anticorrosivo apicado na parte supe- rior deslzou pets Yoenada, fazenso com ‘que aigumas partes. dos paindistivessern ‘sua corasto retardada. Akin ds, al- ‘Bummas.chapas esto enfernjando mais Jentamente que utes. Tudo isso ajudou a gerar, na supertice, eleitos instgantes, ‘que lustram 0 concelta de transtoema¢ao perseguido pelos arquitetos: a ferru- gem atuando nos painds de ago-e luz sendo refletida pelo vdeo. A maneira no ccanvenclonal cama os autores trataram © revestimento contribu! para essa sen. sagdo de estranhaenenta @ inquieta3o que temas ao res apraxia Bo ecto, Em rotagdioa face intarma da cava, 0 tratamento 6 completamente diferente Essa superficie ¢ compasta por pains de fbca de vidro transiicida, Sspostos poralelamente. O efeta sugere uma pele (04 membrana que esta se desprendendo do toto © das paredes lateras por causa da vibrago e da energia produzidas in. temamente, Um engentaso sistema de llyminagdo infermatizad permite int. ritas possibiidades de programa;so, Co. que contribu para o eit hipnttico da casa notuma, As|zes, associadas: 20 rime thenetico des frequertadores, tornam a comgreensdo do espe;0.com- plctamente dierent a cada minut, Tanto a casa Brune/Danéetle como a (Club Nox tocaramem temas centrais da pética arqutetnica contemporines. Een Um tempo no-qual a prtica de construit (6 cada ver mats resultado da escolha e rmontagem de pegas dsponiveis em catd Jogo e da acetacdo inetletia de postures itadas pelo mercado, esses arquitetos dedicaram-se a um trabalho de pesquisa para repensar as formas tradiclonass de sentir € usar os materias e de articul-ios ra conetrugio. Os dois grups de arqui tetas idealizaram seus edificios dentro de uma atordagem que entatza o aspecto tectonico, A tecnologia ests presente nto ‘os materia ern si, mas na arte de jun= tar, improvisar reiwentar materia. Ftd e Ron, om es Dinca vs soprano cies somnare ost Pada Pause 00 femanay o oarn Retry gr cman Rote Mo Guat en achicha etocs on ferme Agennae ta yma rte 1 583 fy a, "Acarenaon wh ‘roses Herm © Coton 68 88,2000, cre epochs Yat, mangle “OndLaxrweenere nen Moan Grmesaerg Tatas be ta Pes, Contre, 1, eee) ry ea “Fernanda la FALIAS PE CIO ane pus mesma mcnusgsn. E meste € costa em raster ois rece da Peer ro5 ELA resentengn peso

You might also like