You are on page 1of 20
LIVRO 1 PREAMBULO Oséculo de Augusto 1. Havendo a tua divina mente e a tua grandeza, 6 Impe- rador César, submetido o mundo com Império, prostrades com farga invicta todos os inimigos, tendo-se gloriado os cidadaos com a tua viléria ¢ triunfo, dependendo do teu gesto todos os povos submetidos e sendo governados o Povo e o Sena- do romanos, livres de temor, pelos teus preciosissimos pensa- mentos e conselhos, nao ousarei, no meio de tantas ocupagées, apresentar-te um Tratado de Arquiletura, escrito ¢ concluido depois de profundas reflexées, temendo encontrar desagrado no teu espirito, perturbando-te em tempo inoportuno. O Império e a egrégia autoridade dos edificios publicos 2. Tendo, porém, notado que nao apenas te preocupas com a vida comum de todos ¢ com a ordem do Estado, mas igual- mente te empenhas com a oportunidade dos edifivios publi- eos, porque a Cidade nao foi apenas engrandecida, atravésde Ui, com as provincias, mas tamber a dignidade do Império foi sublinhada pela egrégia autoridade dos edificios puiblicos, jul- guei que nao deveria adiar, mas, bem pelo contrario, deveria te apresentar, quanto antes, estes escritos sobre estas coisas, 60 VITRUVIO até porque eu j4 fora primeiramente reconhecido sobre estes assuntos por teu pai, cuja virtude sempre venerei, Como, po- rém, os deuses o colocaram nos assentos da imortalidade e transferiram para o teu poder o seu império, continuando viva a minha afeigdo pela sua meméria, manteve-se em ti o mes- mo favor. Eassim, com M. Aurélio, P. Minidio e Gn. Cornélio, estive ao servico na preparacdo de balistas: e de escorpides*, bem co- 10 das restanies maquinas de guerra, e com eles recebi os saldrios que, tendo-me tu inicialmente concedido o mo na repara cargo, me mantiveste por recomendacao de tua irma. Dedicatéria a Otavio César Augusto 3. Como, pois, eu estivesse obrigado por esse benefi- cio, sem receio da pobreza no fim da vida, comecei a escrever estas coisas para ti, porque verifiquei que edificaste e edifi- cas no momento presente muitos monumentos e no futuro te preocuparas com os edificios ptiblicos e privados, para que sejam entregues 4 meméria dos vindouros como testemunho dos feitos notaveis. Redigi normas pormenorizadas, de modo que, tendo-as presentes, possas por ti ter conhecimento pe- tante obras ja construidas ou futuras, quaisquer que sejam. Com efeito, nestes livros expliquei todas os preceitos da ar- quitetura, 1 Ballistue: balistas, maquines de arremesso de pedras. Singular: ballista, 2. Scorpiones: escorpides, maquinas de arremesso de flechas ou virotées. Em Vitrivio € sinénimo de catapultae. Singular: scorpio, CE Livre 10. CAPITULO 1 A ciéncia do arquiteto 1. A ciéncia do arquiteto 6 ornada de muitas disciplinas e de varios saberes, estando a sua dindmica presente em to- das as obras oriundas das restantes artes. Nasce da pratica' e da teoria’. A pratica consiste na preparagao continua e exerci- tada da experiéncia, a qual se consegue manualmente a pat- tir da matéria, qualquer que seja a obra de estilo cuja execugao sé pretende. Por sua vez, a teoria 6 aquilo que pode demons trar e explicar as-c genho e & racionalidade. as trabalhadas proporcionalmente ao en- A teoria e a pratica 2. Por isso, os arquitetos que cxerceram sem uma for- magao tedrica mas apenas com base na experiéncia das suas mos nao puderam realizar-se a panto de lhes reconhece- 2 fis: arquiteto Termn que, na sua_arigens, significa ‘carpinteira principal’ ¢tekton significa, em greg, *earpinteiion), Séntida que perceberemos me- Thor se lermas o texto de 4, 2, 1-6, sobre a origem das ordens arquiteténicas nos pri- mitivos templos de madeira. 4. Fabrica: poderé ser aqui entendida como “praxe” on “prética’, exercicio real ou experimental da arquitetura. A definic&o que a seguir Vitrivio apresenta é exemplar. 5, Ratiocinatio: equivale aqui a0 que chamamos de teoria como fundamento epistemolégico da arquitetura. Vale igualmente destacara nota explicativa de autor. 62 VIRUVIO rem a autoridade pelos seus trabalhos; também aqueles que se basearam somente nas teorias e nas letras foram conside- rados como perseguindo a sombra e nao a realidade. Todavia, Os que se aplicaram numa € noutra coisa, como que protegi- dos por todas as armas, atingiram mais depressa, com pres- tigio, aquilo a que se propuseram. O significado e o significante 3. Na realidade, como em todas as coisas, também na arquitetura, de uma forma especial, se verificam estas duas realidades: o que ¢ significado ¢ o que significa. O que ¢ sig- nificado € a coisa proposta, da qual se fala; o que significa $ a evidéncia baseada na légica dos conceitos’. E, assim, parece que aquele que pretende ser arquiteto devera se exercitar nu- ma e noutra parte, Convém que ele seja engenhoso e habil pa- ra a disciplina; de fato, nem o engenho sem a disciplina nem esta sem aquele podem criar um artista” perfeito. Devera ser versado em literatura, perito no desenho grafico, erudito em geometria, deverd conhecer muitas narrativas de fatos histé- ricos. Ouvir diligentemente os filésofos, saber de mtisica, nao ser ignorante de medicina, conhecer as decis6es des juriscon- sultos, ter conhecimento da astronomia e das orientagdes da abébada celeste. 6.,Sublinhe-se aqui a leitura precuzsora e verdadeiramente clarividente de Vi- trivio sobre o significante (quod signifioal) e o significado (quod significalur) na ar- quitetura (H. Geertman, 1994, p. 24) 7. G terme artifex, que etimologicamente significa “o que fae uma obra de ar te deverd ser traduzido em portugués mais por “artista” do que por “artifice”, embora © terme gue mais Ihe corespanda seja, de fato, este tiltimo, dado 0 contexto experi- mental em que é usado pela autor do De Archtitectura. Aplica-se ao exercicio de toda e qualquer manifestaco art’slica. No.caso presente, artifer 6.0 “arquiteto’. Vitravio usa também o termo faber: quando se trata de um operdrio que trabalha manualmente nu- ma arte especifica, como carpintaria, cantarie, metais (4, 2, 2): quail antigua fabri quo darn in loco aedificentes... LIVRO.1 — CAPITULO 1 63 Os conhecimentos de literatura, desenho, geometria e aritmética 4, So estas as razdes de ser desses saberes; Convém que oarquiteto conhega a arte literaria, para que possa deixar uma marca mais forte através dos seus escritos. Também deverd ser instrufdo na ciéncia do desenha, a fim de que disponha da ca- pacidade de mais facilmente representar a forma que deseja para as suas obras, através de modelos* pintados. A geometria, por sua vez, proporciona @ arquitetura mui tos recursos. Em primeiro lugar, logo a seguir as linhas retas, ensina 0 uso do compasso’, com o qual se efetuam muito mais facilmente as representages graficas dos edificios® nos seus proprios locais, juntamente com a ajuda dos esquadros, dos ni- veis® e dos direcionamentos de linhas. Em segundo lugar, por que, através da Gptica, se orientam cotretamente os vaos de iluminacdo nas construges, a partir de determinadas zonas da absébada celeste. E, por tiltimo, porque, através da aritinética, se calculam as despesas dos edificios, se define a légica das me- didas e se encontram solugGes para as diffceis quest6es das co- mensurabilidades® através da logica e de métodos geométricos. 8, Exemplares: termo que, quando usado apenas no plural, significava a repre- sentagde de modelos e cépias. No caso da arquitetura, exemplares, ou mesmo plan- tas originais das obras a executat, podesiam até constitulr um mostritério de plantas e algados da auloria do arquiteto, ©. Circinus: compasso. Etimologicamente, indica a feitura do circulo. 10. Aedificim:; edificio, construcao destinada a uso privade ou piiblico, sa- grado ou profane TL. Nerd, esqnadie. O-rignificade otiginal, le, zegsa, aorma, subsiste, ain daem porlugudés, entranda também na compreensac do significads que o esquadro tem na geometrias na arquitetuca 12. Libratio: nivelaimento, agao de nivelas, Aquitwmadone sentido do inswumento nivel-de-dgua, libra, ou seu diminutive Hibella. Este Ultimo termo aparecerd mais a frente. 13. Symmetria: comensurabilidade. Como Vitrivie a cefiniti mais a frente (1, 2,4), € a unidade de todas ay partes em relagaio umas com as outras ¢ com a todo, ou, ‘em outras palavras, sera o sistema inter-relacional de mdduias, im 3, 1, 1, aproxi- ma-e da idéia de cormmodulatio, “ordenagac” conveniente, tendo como referéncia um médulo. A palavra grega symmetria nao tinha o significado que hoje apresenta. em 64 VITRUVIO. Importancia do conhecimento histérico 5. Do mesmo modo, convém que conhega muitas narrati- vas de fatos historicos, porque freqiientemente os arquitetos de- senham muitos ornamentos nas suas obras, de cuja razao de ser devem saber dar uma explicagao, quando interrogados. Por exemplo, se algum em determinada obra erguer, em lugar de colunas, estatuas marméreas femininas com sobrevestes, que se chamam Cariatides, e em cima dispuser miitulos* e cormi- jas”, assim dard a explicacao aqueles que o interrogarem: ria, cidade do Peloponeso, tomou 0 partido dos inimigos persas contra a Grécia. Mais tarde, os gregos, libertados gloriosamen- te da guerra através da vitéria, por comum conselho declara- ram guerra aos cariates. E assim, conquistado o Gpido”, mortos os homens, destruida a cidade', levaram as suas matronas pa- ra a escravidio. Nao lhes permitindo depor nem as sobreves- tes nem os seus adornos” de mulheres casadas, de modo que, ‘A porttigués, Os latinas ngio criaram uma palavra nova, como expés Plitiio, Naturalis Historia, xxcav, 65: now habet latinem nomen symmetric ("no hé termo latino para sig nificar a syametria”). Conforme a contexto discursivo vitruviano, mantendo sempre oconceito base de comensurabilidade, traduziremos por vezes essa palavra por "sis- tema proporcional de medidas”, par “conelacdo modular’, ou até, cimplesmente, par “sistema de medidas”. 14. Ormamentum: motivo ornamental, decoragao propria, designadamente: de cada uma des ordens arquiteténicas. 15. Stole: veste feminina comprida usada sobre a tuitica, tio contexto romano. No dontexto grego seria algo parecido com o peplum 16, Mutulus: modithao, mutulo. Aqui Vitrdvio refere-se a um contexto de decoragao da order dérica. 12. Corona: cornija. 18. Oppidum: cidade fortificada. Em Vitritvio, essa pelavra parece ser sind- nima de mmoenia e de ciuitas. Mas o terien moenta, “muralhas”, como sera possivel verificar frente, 6 usado mais como metonimia, tomando a parte fortificada pelo csonjunte da cidade, Por sua vez, 0 termo ciuitas, “cidade”, sublinha 0 conceito juri dico da cidade como panto de referéncia pata os cidadaos. Por vexes, Vitrtivio usa 0 termo urbs, “urbe’, para se referit a cidade, ainda que mais saramente, porque, de fa- to, pata os tomanns, a Vrbs por exceléncia era Roma. Cf notaseguinte. 19. Ciuaias: cidade, geralmente tomaca mais no sentido social e jurfdico do que no sentido fisico, aqui também usado; acepeao. que sera reeuperadana Antigitidade tardia. 20. Ornatus; ornato, ornamento, decaragao, enfeite, aciamo, traje, Cf. nota n. 14 deste livro. LIVRO 1 - CAPITULO 1 65 assim, nao apenas seriam conduzidas, em conjunto, no cortejo triunfal, como também se manteriam como eterno exemplo de servidao, oprimidas por grave humilhacao, pareceriam suportar as penas pela sua cidade. Por essa razdo, arquitetos que entdo viveram desenharam para edificios piblicos as imagines delas colocadas a suportar peso, a fim de que também dos vindouros fossem conhecidos 0 erro e o castigo dos cariates, e assim fosse transmitido 4 memoria futura. Género de histéria que convém ao arquiteto conhecer 6. Nao menos o fizeram os lacedeménios quando, sob o comando de Pausanias, filho de Agesilau, tendo vencido com fracos recursos, na Batalha de Platéia, o infinito ntimero do exército dos persas e celebrado gloriosamente 0 triunfo com os despojas e as riquezas conquistadas, ergueram, com os bens assim disponibilizades, um portico persa”, testemunho dos méritos e das virtudes dos cidadaos e troféu da sua vité- ria pata os vindouros. Af colocaram, sustentando a cobertura, estdtuas® dos cativos com vestes de traje barbaro, desse mo- do castigando a sua soberba com uma merecida humilhacao. Assim, os inimigos se encheriam de temor perante as atitudes yalorosas dos cidadaos, que, animados por esse sinal de co- ragem que os exaltava para a gléria, ficariam preparados pa- ra defender a liberdade. Por isso, a partir dai, muitos ergueram figuras pérsicas™ suportando arquitraves™ com os respectivos 21. Imago: imagem, retrato esculpido ou pintado, eseitua, busto, Sinénimo, conforme © contexta, de sigrum, simiglacriem © statua. 4 as dé persas, segundo Pausi nias3, 11.3, 23. Simulacrum: estétua, figura, imagem, aqui no contexto da escultura €, co- mo tal, sinénimo de imago, signum e statue, O tetmo stmulacrum aplica-se também As figurages nos contextos da pintura e do baixo-relevo. Plural: Simudlacra. 24, Aqui no sentido de aHlantes ou telomones, figuras masculinas equivalentes, na Fungao e no significado, as cariitides 25. Epistytinme: arcuaitrave, epistitio. 66 VETROVIO ornamentos, ¢ dessa forma, com base nesse comportamento, acrescentaram egrégias variedades as obras e 4 arquitetura. Outras historias do mesmo género existem ainda, das quais eonvem que os arquitetos tenham noticia. Interesse da filosofia 7. Por sua vez, a filosofia torna © arquiteto magnanimo, para que nao seja arrogante, mas sobretudo prestavel, eqiti- tativo, digno de confianca e sem avareza, o que ¢ fundamen tal; com efeito, nenhuma obra pode ser levada a bom termo, yerdadeiramente, sem fidelidade @ palavra dada ¢ sem inte- gridade; também para que nao se deixe levar pela cobiga nem tenha o espirito ocupado nos honorarios que devera receber, antes gravemente proteja a sua dignidade, tendo boa fama; com efeito, prescreve tudo isso a filesofia. Além disso, esta ex- plica a natureza das coisas, o que em grego se diz physiologia®. E necessario que o arquiteto a conhega muito diligentemen- te, porque tem de resolver muitas e variadas questOes natu- rais, como é 0 caso das condutas de agua. Por exemplo, nas descidas”, nas curvaturas# e nas subidas® a partir de planos horizontais geram-se aqui e ali fendmenos naturais cujas con- seqliéncias ninguém poderd remediar, a nao ser aquele que conhega os principios da natureza das coisas, a partir da filo- sofia”. Do mesmo modo, quem ler os preceitos de Ctesibio, de 26. Pysivlogia: Hsiologia 27 Cursus: aqui no sentidlc de descidas ou descensdes nos eandutos de agua. CE 86,5. 28, Circuitiowes: no contexta da aducao de agua. tem para Vitriivio 0 senti- do de curwatiras, segdes nao tetas ou cotovelos das canslizagdes ou tubulagces, Ch. 86,5. 29. Expressiones: na hidréulica vitruviana é um termo que signifiea “ascen- ses", “subicas”, “elevagoes”. 30. Vitrivia vai mostrando a sila gravitagan em tonta de pensamente grego, neste caso, incluindo, na filosofia, a fisica e a metafisica. LIVRO1 - CAPITULO 1 67 Arquimedes ou de outros que escreveram acerca do mesmo género, ndo os poderd compreender se nao tiver sido iniciado nisso pelos filésofos. Conhecimentos musicais 8. Igualmente conven que saiba nitisica para dominar as suas leis harménicas e matematicas e, além disso, possa cor- tetamente efetuar os calculos de direcionamento das balistas, catapultas e escorpiGes™. Nos seus quadros® existem, a direita ea esquerda, aberturas de hemitonia® através das quais se es- ticam, por cabrestantes ¢ alavancas, as cordas de nervos tor- cidos que apenas sao dispostas ¢ atadas quando produzem os sons corretos e com igual tom aos ouvidos do manobrador™, Os bracos de balista que se introduzem nesses locais de ten- sao, ao serem distendidos, devem disparar os dois do mesmo mado e ao mesmo tempo 0 golpe, dado que, se ndo forem do mesmo tom, dificultarao o envio direto dos projéteis. Relagdo da miasica com o trabalho do arquiteto 9. Também nos teatros* sao colocados, em celas* sob os degraus”, vasos de bronze a que os gregos chamam echeia®, de acordo com a gradagao dos sons, numa relagdo®* matema- 31, Maquinas de guerra, desetitas no Livro 10, 32. Capituluin: aqui no sentido de trave, armagao, madeiramento, quadro ou arcabouco das maquinas de guerra, 33. Hemitenia: literelmente, ‘meios-tons”. Sua tradugao tem levantado pro- blemas para varios autores, Pensamos que se refira a colocagdo das cordas em ten- sie, produzindo determinados sons. 34. ArUfex. surge aqui como 0 técmieo ou engenheiro militar que, com perieia @atte, mangjava essas méquinas. CE nota n. 7 deste Livio. 35. Theatrum: Witzininsdedica.ae edificie da teatroos caps. do ives: 36. Cellae: carxas de ressonancia nos teatros grégo e romano. CES, 5, 1-5: 3%. Gradius; degraus do teatro. Cf. 5, 6, 7. 38.0 autor usa tambem a geafia latina echea. Cf 5, 5, 2. 39. O termo ratio ¢ utilizacio neste tratado, incistintamente, em sentido estri- toe emsentida lato, devendo ser interpretado, confotme ws.contextos em que é utili- zarlo, designadamente, come: razao, légica, método, sistema, tearia, conhecimentos tecnicos, disposic¢do, doutrina, prineipio, arte, relagao. 68 WTRUOVIO tica; sfio dispostes a espagos na cavea", de modo a produzir acordes* musicais, ou seja, concertos diatessaron e diapente até disdiapason’?, a fim de que a voz do ator®, auxiliada pelo incre- mento do som ressoando através dessas dispasigdes dos va- sos, percutindo-os, chegue mais clara ¢ suave aos ouvidos dos espectadores. Igualmente, ninguém podera fazer érgaos hi- drdulicos* ¢ outras maquinas que sao semelhantes a esses ins- trumentos** sem conhecimentos téenicos musicais. A medicina, o direito e a astronomia 10. Por outro lado, é conveniente conhecer a disciplina de medicina, por causa da inclinag’o do céu, que os gregos di- zem climata*, assim como dos ares e dos sitios, quais os sa- lubres ou quais os pestilentos, assim como do uso das aguas; sem esses conhecimentos, nenhuma habitagéo” saudavel po- derd ser construida. Tgualmente, € preciso que conhega aquelas regras do di- reito que sao necessétias aos edificios com paredes comuns, no que diz respeito 4s Aguas dos telhados, dos esgotos € as ja~ 40. Cireinatio: circule dinamizador do plano do teatro classico que marca © contorno da archestra. CE. 5, 6, 1-25, %, 1. Por éxtensdo, aqui o termo exprime a bancada em curvatura do teatio, a cmued, cuja planta era um semiciroulo tragado, pelo menos teoricamente, 2 compasso (circinus), paraiclamente a linha semicircu- lat da orchestra. 41, Em 5, 4, 7; Witravio diz que os acordes que pudem ser madulados pela na- tureza humana, e que em grego se chamam simphoniae, sia seis: de quarta, de quin- ta, de citava, de oitavae quarta, de oitava e quinta ¢ de dupia oitava. 42. Ou seja, acordes de quarta ede quinta até dupla oitava. 43. Em 5, 7, 2, consta que oartifer scuenicus era 0 aor que representave na scu- ena e Que no teatro grego havia também os artifices thymelici, ou cantores, que ocu- pavam apenas 0 espaco da orchestra 44. Hydrailicne machinae: maquinas, engenhos ou orgies hidraulicos, objeto de Livro 10 deste tratado, 45. Organunr: engenho, instrumento, érgéo. CE Livro 10, 46. Em latin, também climata, plural de cla. Him portugués: clima ou re giao geografica. 47. Habitatio: habitagho, morada, casa, domicilio. LIVRO 1 = CAPITULO1 69 nelas. Do mesmo medo, no que diz respeito as condutas de agua e outras coisas que também devem ser conhecidas dos arquitetos, a fim de que, antes de construir es edificios, evitem deixar controvérsias entre proprietérios, uma vez terminadas as obras, e se possam acautelar com inteligéncia, nos registros legais, quer o proprietdrio®, quer 0 comprador. Na verdade, se 0 conttato legal for elaborado habilmente, um e outro fica- rao defendides sem engano. Pela astronomia, conhece-se o ariente, o ocidente, o meio dia, o setentriao, assim como a dispasicao do céu, 0 equindcio, © solsticio, o curso dos astros; se alguém os desconhecer, nao podera de modo algum compreender 0 sistema dos relogios®. Quem deveria ser arquiteto 11. Como, pois, essa tao importante disciplina é ornada e enriquecida de variadas e numerosas erudigées, julgo que, de um modo justo, os arquitetos nao deveriam poder formar se como tal de um momento para o outro; antes s6 0 deveriam ser aqueles que desde meninos, subindo por esses degraus das disciplinas e alimentados pela ciéncia da maioria das letras e das artes, atingissem o altissimo temple da arquitetura. Formacao do arquiteto 12. Mas talvez parega digno de admiragao aos homens ig- norantes que a natureza permita conhecer e a memoria conter um t4o grande ntimero de doutrinas. Todavia, quando desco- brirem que todas as disciplinas tém entre si ligacaoe comunica- 48. Locator: proprietario, dono, senhorio, locador. 49, Conductor; locatario, arrendatério, inquilino, comprador. 50. Horologium: reldgio, quadrante solar, clepsidra, objeto da gnoménica, Ct Livro 9. 70. MIRUVIG ¢ao, aereditarao facilmente que tal é possivel. O conhecitmento enciclopédico, com efeito, ¢é compesto de todas essas partes, como se fosse um corpo s6. E, assim, aqueles que desde ten- ra idade foram instruidos em erudigdes varias tém acesso, em todos os escritos, aos mesmos dados ¢ a interagéio de todas as disciplinas, razao pela qual conhecem mais facilmente todas as coisas. Por isso, entre os antigos arquitetos, Pitio*!, que em Priene de modo notavel projetou o temple de Minerva, disse no seu tratado® ser conveniente que o arquiteto possa, em to~ das as artes e doutrinas, fazer mais do que aqueles que, atra- vés dos seus esforgos e das suas reflexdes, eleyaram cada um dos ramos do conhecimento 4 mais alta ilustragao. Coisa esta que, efelivamente, nao se pode verificar. Asua cultura geral 13. Pois nem o arquiteto deverd nem poderd ser gramati- ca.como 0 foi Aristarco, embora nao deva ser ignorante da gra- matica; nem miisico como Aristoxeno, embora nao deva ser desconhecedor da misica; nem pintor® como Apeles, se bem que nao deva ser indbil no desenho; nem escultor como 0 fo- ram Miron ou Policleto, embora nao deva ser ignaro na arte escultérica®; nem, por fim, médico, como Hipdcrates, se bem que nao deva desconhecer a medicina; nem excelente nas res- tantes disciplinas, singularmente consideradas, ainda que nao 51. Arquitato ¢ tedtico grego, viveu no 6ée. w aC. CLL, 1, 15;4,3, 1e 7, Pr Te 52, Commontaria: Comentarios, terme ubilizade por Vitrévio no plural, no sen- Lido de trataco, obra te6rica, comentarios escritos, designacamente sobre temas de ar- quitetura. Cf. 2,8 8;7, Pr. !1e 14;9 Pr 14:9, 7. 5 ete 53, Pictor: o que exerce a arte da pactura. 54. Plastes: o que segue a ralio plastiew Cf. ola seguinte 55, Retio plastica; arte e técnica da escultura, Registre-se tambem, com a gta- a latina, a utilizagao do termo prego plastes, sigmificando “escultor”, “modelador’, “artista plistico”, LIVRO’1 - CAPITULO 1 71 deva ser ignorante delas. De fato, em tao grande variedade de coisas, ninguém poderd conseguir perfeccionismos em cada uma delas, uma vez que tal depende, em suma, da capacidade de conhecer e de perceber as suas teorias. Impossibilidade de atingir a perfeigio 14. E, assim como os-arquitetos nado podem atingir um per- feito dominio em todas as coisas, também nenhum daqueles que individualmente adquirem especializagdes entre as outras artes consegue atingit 0 sumo principado do louvor. Portanto, se, em cada uma das ciéncias, os artifices especializados—e nem todos, mas apenas alguns no decorrer des tempos —dificilmente conseguiram notoriedade, como podera um arquiteto, que de- ve ser instruido em diversas artes, nao sé cumprir esta coisa ad- miravel e grande de nao carecer desses conhecimentes, como também superar todos os artistas que, com suma industria, cul- tivaram com tenacidade cada uma das especialidades? A obra e o seu fundamento epistemolégico 15. Nessa questao parece que Pitio errou, porque nao se apercebeu de que cada uma das artes é composta de duas coi- sas: a obra*’ e a sua teoria®; todavia, dessas duas coisas, uma é propria daqueles que se exercitaram nas suas especialida- des, ou seja, a execugdo da obra; a outra é comum a todos os letrados, ou seja, a teoria. A idé de ritmo existe tanto para os médicos como para 08 miisicos, seja ele o cardiaco ou o do mo- 56. Artes: Vitrdvio considera aqui como arte (ars) a arquitetura, bem como, entre outras, a gramdtica, a musica, a pintura, a escultura e a medicina. 37, Opus: obra, aqui expressamente como termo aplicdvel a toda e qualquer obra de arte, embora a palavra tenha um significado mais vaste: obra, construcgdo, trabalho, edificia, forma edilicia, 58. CE notan. 5 deste Livro. 72 VITROVIO vimento dos pés; mas, se for preciso cuidar de uma ferida ou livrar do perigo um doente, nao viré um musica, antes o tra- balho sera proprio do meédico. Também um drgao™, nao serd o médico mas o muisico a tocar, a fim de que os ouvidos recebam a suave graca das cangGes. Paralelismo com outras ciéncias 16. Do mesmo modo, 6 comum entre os astrénomos e 0s misicos a disputa a respeito da harmonia: das estrelas e dos acordes musicais, em quadrados e em tridngulos, em quartas eem quintas; e entre os primeiros ¢ os gedmetras ¢ sobre a vi sao, que em grego se chama logos optikos; e em todas as outras ciéncias, muitas ou mesmo todas as coisas sao comuns, ao me- nos para permitir aprofundar as questées. Porém, a autoria das obras que se aproximam da perfeigdo, seja pelas maos, seja com recurso a instrumentos, pertence aqueles que se educaram par ticularmente no exercicio de apenas uma arte. Por isso, parece ter atuado bastante bem aguele que, em cada um dos ramos do. saber, possui um conhecimento médio das partes e teorias ne- cessarias 4 arquitetura, a fim de que nao falhe se tiver de julgar € aprovar uma obra sobre essas coisas e essas artes. Do arquiteto ao matematico 17. Passarn além do oficio de arquiteto, tornando-se ma tematicos, aqueles a quem a natureza atribuiu inteligéncia, agudeza de espirito e memoria, de modo a poderem ter um conhecimento profundo de geometria, astronomia, musica e outras ciéncias. Eles poderao facilmente argumentar acer- ca daquelas disciplinas, porque esto armados com os dardos 52. Organum, cf. nota n. 45 deste Livro. LIVRO1 - CAPITULO 1 ¥ de muitos saberes. Todavia, essas pessoas sao raramente en- contradas: como no passado Aristarco de Samos, Filolau e Ar- quitas de Tarento, Apolonio de Perga, Eratistenes de Cirene, Arquimedes e Escopinas de Siracusa, que deixaram a posteri- dade muitas coisas sobre mecanica e gnomédnica, descobertas € explicadas pela teoria dos ntimeros ¢ pelas leis da natureza. Vitmivio escreve como arquiteto 18. Como, por conseguinte, nao é possivel que, por ina- ta inteligéncia, toda a gente, indistintamente, possa se benefi- ciar de tais conhecimentos, acessiveis apenas a alguns, e como © oficio de arquiteto deve ser exercido tendo em conta todas os saberes, pais a razao, devido & sua amplitude, nao permi- te atingir a plenitude do conhecimento desejado, mas apenas um saber mediana das varias especialidades, peca, 6 César, a tua compreensdo e a dagueles que hao de ler estes livros", de modo que eu venha a ser desculpado se algo do que é explica- do estiver pouco de acordo com as regras da arte da gramati- ca, Com elfcito, nao foi como sumo filésofo, nem como retérico elogiiente, nem como gramatico exercitado nos mais profun- dos meandros da arte, mas como arquiteto imbuido destes co nhecimentos, gue me esforcei por escrever estas coisas. Mas eu comprometa-me, com estes livros, como espero, a disponibili- Zar, NAo $6 aos que ecificam como também a todos os eruditos, sem qualquer divida e com a maxima autoridade, os conheci- mentos acerca das potencialidades da arte e dos raciocinios que Ihe so inerentes. Volumina: livros, volumes. O terme uolumen é continuamente utilizado por Vitrévio no sentida original, ou seja, rolo de papico ox pergaminho enrolado numa pequena vara que se desenrolava a medida que se lia.a obra nele cserita, kese proceso fol substituldo entre o séc. re o tv d.C. pelo cédex de pergarminho, o qual permitia a sobreposi¢ao de folhas preses com lombada ¢ 0 seu manuseamenio co- mo livro atual. CAPITULO 2 Definicgdes da arquitetura 1, Na realidade, a arquitetura consta de: ordenagdo", que em grego se diz faxis*; disposigao®, & qual os gregos chamam diathesis™; euritmia®; comensurabilidade™; decoro” © distri- buigdo®, esta em grego dita oecononiia®. Aordenagio ea disposigio 2. A ordenagao define-se como a justa proporgao na medida das partes da obra consideradas separadamente e, numa visao de totalidade, a camparagao preporcional tendo em vista a comensurabilidade. E harmonizada pela quanti- 61, Ondinatio: ordenacdo, agao de por em ordem. A seguir, no texto, a defini (fo vitraviana, 62, Taxis: ordenagio, colocagéo em ordem. 63. Dispositio: disposigic, apresentagio, representagio. A seguir, no texto, a definigdo vitroviana. 64. Diathosis: disposigao, distribuigde adequada das coisas 65. Eurytmit: proporcéa, harmonie, euritmia. A seguir, no texto, a definigao vitruviana, 66. Symmetrin: comensurabilidade, con {iguragao, correlactio, sistema de me- dides. A seguir, no texto, a definicdo vitruviana. CE nota n. 13 deste Livro. 67, Decor: decors, conveniércia, o que convém, © que fica bem. A seguir, no texto, « definigdo vitraviana 68. Distributio: distribuigao, reparticao, divisie. A seguir, no texto, a defini- sso vittuviaha. 69, Ozconomia: distriduican, administragéo, organizagao, economia. LIVRO 1 - CAPITULO 2 a dade”, que em grego se diz posoies. Esta, por sua vez, con- siste em tomar médulos” de porgdes da propria obra e na execucdo da totalidade desta, com base em cada uma das partes dos seus membros. A disposigio, por sua vez, define-se como a colocagéo adequada das ccisas e 0 efeito estético da obra com a quali- dade que Ihe vem dessas adequagses. Sao estas as espécies de disposic¢ao, que em grego se dizem fdeae”: icnografia™, orto- grafia", cenografia®. A icnografia consiste no uso conjunto e adequado do compasso e da régua%, e por ela se fazem os de- senhos das formas nos terrenos das zonas a construir. A orto- grafia, por seu turno, define-se como o algado” do frontispicio e figura pintada 4 medida e de acordo com a disposicao da obra futura. Por fim, a cenografia é 0 bosquejo do frontispicio com as partes laterais em perspectiva e a correspondéncia de todas as linhas em relagdo ao centro do circulo, Essas espécies de dis- posigao nascem da reflexao e da invengao. A reflexao caracte- tiza-se pela dedicagao plena ao estudo e ao trabalho, sendo também o resultado de uma atengdo constante, com satisfagio pessoal, em relacao ao objetivo proposto. Por sua vez, ainven- do define-se como a explicagia das questées obscuras e 0 co- nhecimento de uma nova realidade, descoberta com dinamico vigor. Sao essas as definigdes da disposicao. 70. Quantitas: quantidade, grandeze, A seguir, no texto, a definigo witruvia- ‘na, que [he dé um sentido dinamico, quantificador, tendo em vista a symmetria. A cada ume das porgdes da obra, Witravio chama de membros (membra), Tl Madulé. médulas, medidas. Singilar: modi 72. Ider: aspecto exterior, fora distintiva, ap: 2 in. nO Seu, plano, horizontal e 72. Ieliwogsanhia: ienogratio. planta.de um edi peomvtcal. 74, Orthograplua; ortografia, aqui significando 0 algado cu twigo erecta de um edifices 75. Scacnographin: cenogratia, aqui no’ sentido de representagio em perspec tiva de um edificio. 76, Regia: régua, barra reta de madeira ov metal, 77, bmago erecta: algatlo ou prajegao vertical de um edificia, 76 vITRuvIO A euritmia 3. A euritmia é a forma exterior elegante e 0 aspecto agrada- vel na adequacao das diferentes porgGes. Tal verifica-se quando as partes da obra sao proporcionais na altura em relagao a largu- ra, nesta em relagdo ao comprimento, em summa, quando todas as partes correspondem as respectivas comensurabilidades. A comensurabilidade 4. Por sua vez, a comensurabilidade™ consiste no conve- niente equilibrio dos membros da propria obra e na correspon- déncia de uma determinada parte”, dentre as partes separadas, com a harmonia do conjunte da figura. Assim como no corpo humano existe a natureza simétrica da euritmia a partirdo chva- do, do pé, do palmo e de outras pequenas partes, o mesmo acon- tece no completo acabamento das obras, Em primeiro lugar, nos templos sagrados, seja pelas espessuras das colunas®, seja pe- lo triglifo* ou mesmo pelo enibater*; na balista, pela abertura a que os gregos chamam peritreton; nas embarcacGes, pelo espaco entre dois toletes, que se diz dipechyaia; igualmente a partir das partes de outras obras se descobre uma légica de simetrias. O decoro cumprindo um principio 5. O decore é o aspecto irrepreensivel das obras, dispos- tas com autoridade através de coisas provadas. Consegue-se 78. Symmetyia: cf. note n. 13, deste Livro. 79. Rata pars: determinada parte, base da telagao modular de que resulta a proporgao. CE 3, 1, 1 80, Colter: Livros 3.24, 81, Triglyphus: ttiglifo, decoragao de tila dérico, alternando com as métopas. Cf 4,3, 4-7. ‘82. Embater: palavra de dificil interpretagao. Em tecmos gerais, segundo as pro- prias palavras de Vitrdivio (4, 3, 3), ero nome dado ao médulo do temple dérico, ia, composta de base, fuste ¢ capitel. Objeto de estudo nos sulens verticais caracteristica do es- LIVRO] — CAPITULO 2 77 pelo cumprimento de um prinefpio, que em grego se diz the- matismos, segundo costume ou naturalmente. Consegue-se pelo cumprimento deum principio, quando se levantam edificios sem telhado e hipetros® a fiipiter Relam- pago, ao Céu, ao Sol e 4 Lua; de fato, vemos 0 aspecto do céu e as obras desscs deuses presentes no mundo aberto ¢ luminoso. A Minerva, a Marte e a Hercules, levantam-se templos™ déri- cos; com efeito, convém que a esses deuses, devido 4 sua forca, se ergam edificios despojados de ornamentos. Os dedicados a Vénus, a Flora, a Prosérpina e as Ninfas das Fontes parece que deverao ter as caracteristicas proprias do género corintio, por- que se pensa que, devido a delicadeza destas, os templos a elas levantados se revestem de uma justa conveniéncia, sendo mais gtaceis e floridos, assim ornados de folhas e de volutas. Se fo- rem construidos templos jénicos a Juno, Diana, ao deus Libe- to e a todos os deuses andlogos, seré considerada sua posi¢io intermédia, porque o téor das suas caracterfsticas ficard con- venientemente disposto entre o severo costume dos déricos e a delicadeza dos corintios. O decoro expresso segundo o costume 6. Em segundo lugar, o decoro exprime-se segundo o costume, quando se constroem vestibulos® com elegancia e conveniéncia para edificios com interiores magnificos, Efeti- vamente, se os interiores tiverem acabamentos de bom gosto, € a5 entradas forem modestas € sem nobreza, Naw tetrad Con= 83. O templo htypaeihros, 11a céu aberto, é citado também em 3, 2, 8 84, Aedes ou aedis; templo, Equivalente a temphim, fanum, detubrim, sanctus riunt. Aedes, como plural, poder significar também habitagao, casa, quarto. 85. Vestibulum: vestibulo, entrada, patio de ingresso. Cf. 6, 5, Le 2. 86. Adifins; entrada, acesso de um edificio.

You might also like