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ECONOMIA POLITICA I VICTOR CALVETE ECONOMIA POLITICA I SEBENTA I GESTLEGAL i TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR A abordagem econémica padrao separa duas esferas ideais: a da produgao (que se volve na oferta) e a do consumo (que se reconduz a procura). Ainda que para efeitos analiticos essa separagio seja clari- ficadora, omite que o consumo s6 é possivel na medida da participa- 40 (directa ow indirecta) na produgao, desconsidera 0 todo social ¢ as implicagdes institucionais no condicionamento da oferta e da pro- cura, € omite que as decisées de consumidores, porque sao igualmente produtores (e vice-versa), podem no coincidir, na prética, com as que seriam tomadas se a separagao funcional fosse ontoldgica (como é na teria), Uma das consequéncias desta abstracciio é que cada agente econémico € suposto ter um tinico problema de maximizagao para resolver, incorporando como um dado a solugao do outro (no modelo de Robinson Crusoe, este tem, enquanto produtor, de maximizar o excedente da sua actividade, enquanto que, como consumidor, tem de maximizar a sua satisfacéo — incluindo nela o lazer "), ‘! Uma contradigao j4 notada, em termos mais gerais, por Rowpins, 1932, P. 140: “We value one distribution of factors of production as private spenders and savers. As public citizens we sanction arrangements which frustrate the achie~ vement of this distribution.” ECONOMIA POLITICA | PRELIMINARES: CONDIGAO CETERIS PARIBUS " E RESTRIGAO ORGAMENTAL Para se poderem estabelecer relagdes i gausatidade ence variaveis importaria expurgar todos os efeitos ve hes doa C108. Sendo isso praticamente impossivel em Economia, ficcionam-se os resuleads, num uricuo de outras condicionantes, isto é, parte-se do pressupost de é possivel manter invariantes todas as demais causas pot perturbadoras do resultado. Os raciocinios econdmieys Por isso, da condigao ceteris paribus (ie: tudo o mais peri invaridvel) — ¢ assim 0 pacto da andlise econémica a alguma similitude com 0 pacto narrative da suspension Para acompanhar 0 comportamento dos agentes econdmicos do lado da procura importa também conhecer a Sua restricao orcamental; esta € dada pela divisio do seu potencial aquisitivo Pelo preco dos bens dis- Poniveis. Num diagrama cartesiano, a Testricdo orgamental seré um Segmento de recta que liga a maior quantidade de y maior quantidade de x que podem ser adquiridas, em alternativa, com o poder de compra disponivel. Os pontos intermédios da curva da restri¢o orcamental ‘encialmente dependem, ‘Manecendg aba por ter of disbelieg, 8, idénticos valores nos pon- tos de amarracao da curva implicario uma razao de troca de ly:1x, tal como um valor duplo no eixo horizontal do que se obtém no eixo ver- tical implicaré uma razdo de troca de ly:2x) Questo diferente éa cada um dos bens — a g quantidade que cada agente querer obter de ua procura, portanto. 2. PRECGOS Numa economia de mercado, os precos determinam a ea desempenhando fungSes de rateio, custeio e alocagio, O rateio oem : Porque, nos bens conémicos, quem nao pode ou nao quet Dies Prego é excluido do seu acesso, Os consumidores seleecionam os 6 1. TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR. que adquirem de acordo com a sua utilidade para si, mas também em fungio do seu preco: por maior que seja a utilidade atribuida a um bem, este pode estar fora da respectiva restrigio orgamental. Os pre- gos servem entiio como filtro de selecgdo, e é justamente por isso que nem todos os bens sao providos através do sistema de pregos: 0 juizo social é 0 de que ha bens que devem ter acesso universal, muito embora esse juizo social varie amplamente de sociedade para sociedade. A funco de crsteio implica que 0 prego reflicta adequadamente os custos de produgao. Essa fungio é distorcida tanto quando 0 prego subavalia os custos de produgao dos bens, como quando 0s sobreava- lia. No primeiro caso, ha uma producao excessiva em relagao ao éptimo; no segundo, uma producio insuficiente. A acusagao econémica essen- cial ao monopélio é a de que produz de menos (porque pratica — ou para poder praticar — pregos que incluem uma renda de monopélio). A existéncia de externalidades (v. infra) impede que os precos tra- duzam adequadamente os custos de producao, mas essa nao é a tinica fonte de perturbagées: a mera alteracao da escala de producdo pode implicar que 0 prego adequado suba (se os custos forem crescentes), ou que desca (se os custos forem decrescentes), de modo que os pre- cos podem ter de estar em oscilagao permanente em fungao das varia- g6es nas quantidades produzidas. A oscilacao dos pregos é, alias, 0 mecanismo essencial da maquina do mercado. Transmite informagio sobre as condigdes de oferta e de procura e, nessa medida, fornece incentivos para que os agentes eco- némicos se ajustem a essa oscilacao: precos a subir revelam escassez relativa, precos a descer revelam abundancia relativa. O ajuste faz-se com a transferéncia de recursos dos sectores ou actividades em que os pregos baixam para os sectores ou actividades em que os pregos sobem —e com a redugao da procura nestes, por exclusio dos potenciais adquirentes que nao querem ou nao podem pal elevados — assim se cumprindo a fungao alocativa dos precos. No mundo ideal dos economistas, se houver equilibrio entre oferta Procura — se os precos limparem os mercados — é porque os sinais tr mitidos pelos precos esto a ser eficientes: pregos a subir sinalizam a maior apeténcia da procura por certos bens ¢ a necessidade de aumentar a Bar esses pregos mais ns: ECONOMIA POLITICA I ~ do mais recursos; pregos a descer indicam Menor ape. produgao, absorven ssses bens, incentivando a transferéneig de recurs, aL cere ee realy nao 96 essas oscilagde ae oe podem scr detrminadns por consieragies bem divers 4as oscilagses de recursos ¢ dif on, demorada, ea “impeza” dos mercadys encon. tro entre as quantidades produzdas e as quantidades procuradge Pode ser obrida & custa de preiuos (porque para Perera cate de bees duzidos os pregos baixam para valores inferiores ao sey Custo de produ. Si), 0118 custa de ineros excessivos (porque a proclucio no aumenta para satisfazer a procura), ante Os precos continuarem a Barantir 9 encontro entre a oferta e a procura. Donde se pode concluir — uma ideia important desequilibrio entre oferta e procura bermite a obtey Para compradores, ou para vendedores). Mas tam ndo menos importante — que sao esses ganhos que mentos “homeostiticos” de correccao, No quadro de anélise do comportamento do consumidor reveste 1640 de ganhos (oy bém — Outra ideja Va0 gerar os moyi- cura ocupard um Ponto abaixo da linha do Prego). Embora a ideia de reserva do produtor faga sentido, ver-se-d 3. LEI DA PROCURA i e cura A lei da procura estabelece uma relacdo inversa entre a Lae ia os Wariavel dependente) ¢ og Pregos (varidvel independente): quart ue ra Paes) 4 Precos descem (no diagrama abaixo, de P, para P,3 de P, para Py 8 RI GESTLEGAL, 1. TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Qu de Q, para Qyi...)5 quando os pregos sobem (de P, para P,; de P, para Pi...) a procura diminui (de Q, para Qu de Q, para Q Isso traduz-se numa curva da procura negati- vamente inclinada (ou seja, numa relagio inversa entre as varidveis representadas no eixo das ordenadas — os pregos — ¢ no cixo das abeissas — as quantidades). procura aumenta (de Q, para Dingrama 1.1 Deslocagdes ao longo da curva da procura Em cada caso conereto, porém, ¢ porque as curvas da procura sio constructos, pode ser impossivel apurar se o comportamento dos con~ sumidores se deve as oscilagdes de pregos — 0 que implicaria deslo- cagées ao longo da mesma curva da procura, com redugio de aquisi- Ges a precos mais altos € aumento a pregos mais baixos — ou se esse comportamento dos consumidores depende antes de outras variaveis (vg: alteragao de gostos, rendéncias de moda, efeitos de imitagao, apa- recimento de produtos concorrentes ou complementares, aumento ou diminuigao do rendimento dos adquirentes, ...), que implicariam des- locagées da curva da procura para cima ¢ para a direita (de Dy para D,,se a cada nivel de preco aumentar a apeténcia aquisitiva), ow des- locagées da curva da procura para a esquerda ¢ para baixo (le Dy 9 ECONOMIA POLITICA I ivel de progo diminuir a apeténcia aquistiva), com, da nive vaca 0 para Dy se 8 abaixo: representado no diagrama Diagrama 1.2 Deslocagées da curva da procura Paw Convensio, todas as outras varidveis explicativas PreGos serdo responsaveis pelas variages registadas nas quantidades, 4. ANALISE DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 4.1. Efeitos de substituicado ¢ rendimento. Casos excepcionais A normal reaceao Inversa das quantidades procuradas aos Pregos {8 deslocagao ao longo da curva da procura — pode explicar-se pelo duplo efeito que uma variacao de prego gera: por um lado, estimula a ‘roca dos bens tornados mais caros pelos bens substituiveis tornados mais baratos — 6 © que se chama 0 efeito substituigdo; por outro a mantendo-se a mesma restrigao orgamental, fica-se impossibilitado 3 adquirir 0 mesmo cabaz de bens — é o que se chama o efeito oh mento. O efeito substituigao afecta 0 bem cujo prego sobes 0 ef 10 1. TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR rendimento pode afectar esse bem ou, se a prioridade aquisitiva se man- tiver no bem cujo preco subiu, qualquer outro, Além disso, para aquisic6es sucessivas de um bem por parte de um mesmo consumidor, a disposigaio de sé comprar a unidade subsequente desde que o prego diminua (Q, 56 é adquirida a P,, Q,s6 é adquirida a PS,...) € vista como uma consequéncia da utilidade marginal decres- cente de cada unidade. A existéncia de excepgées a esta lei é muito discutida, sobretudo a propésito dos bens de ostentagdo ¢ dos bens de Giffen, que teriam cur- vas de procura positivamente inclinadas. Ou seja: a variagao das quan- tidades far-se-ia 10 mesmo sentido da variagao dos pregos (aumentando quando estes aumentassem e diminuindo quando estes diminuissem). ‘A manter-se 0 quadro de referéncia da utilidade marginal ®’, isso impli- caria um aumento de utilidade de cada unidade com 0 aumento da quantidade detida, ou desejada adquirir, desse bent. Os bens ditos de Giffen revelariam uma relagao directa entre pre- ¢os e quantidades procuradas de certos bens, baratos e essenciais a alimentagao de familias pobres na base de que a subida de preco des- ses bens — vg, batatas na Irlanda de meados do Século XIX, arroz na China de meados do século XX — reduziria de tal modo o rendi- mento disponivel das familias que estas, incapazes de dispor de recur- sos para adquirirem bens complementares, seriam forgadas a aumen- tar o consumo do préprio bem cujo preco subira — nao por desejo, mas por falta de alternativa. Com esse fundamento, porém, nao se pode dizer que a utilidade marginal das tiltimas unidades adquiridas do bem em que j4 concentravam os seus gastos tivesse subido. Os bens de ostentacao, por outro lado, revelariam a mesma relagdo directa entre precos e quantidades procuradas porque seriam caros e ® Seo preco de reserva para a aquisigao de doses sucessivas de um bem diminui Porque varia em fungo da utilidade marginal decres ;AMUELSON/NOR- DHAUS, 2011, pp. 87-88 —, entdo, por identidade de razio, se tal preco de reserva sobe & medida que se adquirem sucessivas unidades do mesmo bem, deve ser porque 4 tilidade marginal dessas doses sucessivas 6 crescente. " ECONOMIA POLITICA | is procuradlos quanto maior Fosse a sclectivdage supérfluos € tanto or P seu prego: quanto melhor permitissem exibir read Pe aan appy fetes maior Seria a Sua procura, Sey por a perrenca 20 libs ei cal auniento.de-utilidade marginal com 4 de parte a ree, ee a logica da explicagao desta procura Osten. aa vas no cetido do alagamento da base da procurs fe an poe Meee ie do bem e, portanto, também nao aponta para a sumenta da utlidade marginal das ttinas unidades adguirn ee eosin nea cen ae visivel, o com: portamento dos agentes econémicos que aetuam da forma desctta veri, de exceder 0 comportamento “normal” dos demais adquirentes dessa bens, euja procura é agregada a deles; ora, as classes médias que con sumam o bem de Giffen cujo prego sobe poderao dispor de alternation inacessiveis aos mais pobres, e diminuir 0 consumo desse bem °, parte dos prévios adquirentes de bens de consumo conspicuo a do seu prego pode implicar a ultrapassagem do seu preco de x ou até tornar-se inc6moda por funcionar como chamatia de nove, Quer dizer que a subida de precos de bens que, midores, sao realmente bens de Giffen, tal como as bens que, para certos consumidores, so realmente Pode gerar respostas Opostas entre a totalidade di diluindo-se mutuamente os efeitos normais e para E para subida eserva, s-icos, para certos consu- uubida de pregos de bens de ostentagio, los seus adquirentes, doxais, e impedindo © A melhor demonstra riéncia realizada com r: ratos nao ha diferencas icao da existéncia de bens de Giffen passa por ser a expe- atos por BaTTALto/KaGEL/KoGurT, 1991 — até porque nos iniciais nas restrices orgamentais que coloquem os partici Pantes em diferentes posicdes de Partida. Inicialmente setvidos com o nimero limi- tado de doses necessiria & satisfacio da necessidade de bebida com uma combinagio de dois lquidos, um dos quais em maior quantidade mas pouco apreciado (A), outro em menor quantidade, mas Muito apreciado (B), a experiéncia revelou que a dimin S20 das quantidades de cada dose che A (ou seja: a sta subida de “prego") era acon S| de B para A: manter a quantidade “au dugio maior na quantidade global de liquidos ingeids P80, para 1A da ilagio sobre a racionaldade economies » € poder admitir-se que a utilidade marginal de cada dose adicional ¢ subido: a necessidade prevalece sobre a preferénci bem A tivess 12 EORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR a comprovagao empirica da existéncia de tais bens, nao ¢ dificil estabelecer uma liga im contrapartida, clo entre subidas de pregos ¢ aumento da procura em todas as bolbas especulativas: nesses casos, perante uma tendéncia de subida de pregos de um qualquer activo “’, os agentes eco- nomicos aumentam a sua procura, esperando ganhar com a futura revenda desses activos '). Mai! nestes casos 0 aumento do nimero de bens disponiveis faz aumentar a sua wlilidade marginal para os seus adquirentes — e é, alids, a propria raiz da disponibilidade para pagar precos sucessivamente mais clevados. A nao inclusao das bolhas especulativas entre as excepgdes ao normal tragado da curva da procura s6 pode ter uma explicagao: 0s economistas nao gostam de admitir que os pregos podem representar uma péssima avaliago do valor dos bens (¢ ser perfeitamente alhcios aos seus custos). 4.2. A teoria da utilidade cardinal Os economistas Clissicos debateram-se com um paradoxo (dito do valor) a Agua, essencial a vida e a comodidade quotidiana, tem um valor muito baixo; em contrapartida, o diamante, completamente dispensavel, cem um, valor muito alto), Supondo que as necessidades eram hierarquizaveis ¢ sacidveis, e transpondo para a analise do comportamento do consumidor “ Vg, bolbos de tulipas na Holanda de meados do Século XVII; acges de empee~ sas monopolistas na Inglaterra ¢ na Franga do primeiro quarrel do Século XVIII, de empresas de caminhos de ferro na Inglaterra de meados do Século XIX, ou de empre~ sas tecnolégicas nos EUA na viragem da tiltima década do Século XX — ¢, possi- velmente, no inicio da terceira década do Século XXI (tal como de cripto-moedas) (9 Entre as explicagdes para a formacao dessas bolhas especulativas, além do herding bebavior, e da extrapolagao do fururo a partir das tendéncias do passado (nis estraté- gias em termos estritamente racionais), esta a tese do “maior otdrio” (greater fool): supos- tamente, enquanto os otdrios encontrarem maiores otdios que thes comprem os actives sobrevalorizados, a bolha cresce, até parar no maior otdrio — © que comprou ao preger ‘mais elevado e jé nao consegue vender com ganho, O caso, porém, € que os aclguatrentes de activos sobrevalorizados que se desfazem atempacamente deles naca Gun de obitios, © Sobre este e outros paradoxos na obra de Adam Smith, eft, Cauvere, 2019, Pp. 22-33; 117-118 © 120-121 ECONOMIA POLITICA T 40 (a lei dos rendimentog um raciocinio formulado eee ee a valor 20 consumo ie sivas ea = le total — que corresponde a utilidade do Somatério da welidade de todas as unidades dispontveis — e wtilidade marginal — gue ——s A utlidade da tleima unidade disponivel (e, POF €55a via, resol ver o problema do paradoxo do valor) —, a comparacio inter-subjectivy ¢ impossivel (a utilidade é menos uma propriedade dos bens do que o valy, de uma especial relagao entre um bem e um particular sujeito); nao ha forma de reconduzir a um padiio comum a satisfagao (atilidade) que diferens pessoas retiram da obtengo de uma qualquer dose de um certo bem. Nio obstante, é possivel deduzir certos corolérios de racionalidade do principio cardinal da utilidade: — supondo a inexisténcia de pregos, o consumo de cada bem seria levado até a0 ponto em que a utilidade marginal de cada um é igual "s — havendo precos para cada bem, * 0 que releva nao € a igualdade de utilidades na margem, mas a igualdade das utilidades bonderadas pelo respectivo preco (a utilidade marginal de x, ponderada pelo preco de x, deve ‘gualar a utilidade marginal de y ponderada pelo respectivo Fieso— 0 que implica que se o prego de y é o dobro do preso dex, 0 consumo de y s6 iria até ao ponto em que a utilidade ‘marginal de y fosse duas vezes maior do que a de x) oa,,lrtrtC~—~«s—s—sStCSrs sen, com uma quantidade de tempo limitada, a interrup pcao do prazer proporcionado por cada bem devia ocor- nl ote eM gue fosse igual & proporcionada por todes os demate, A ata foe eta [2 depois adaptada a0 prego, porgute a restricao temporal € idéntica a wma restricao orcamental, O desi de Gossen, Sa Prteipio da equimarginalidade correspon cham Segue Lei da ran Sits Primeina Lei de Gossen — para a qual tem menor provide —€2 a uilidade marginal decresceme pro: Porcionada por cada bem afecto a Ou sda de que a magni sat pr vai imino satisfagiio de uma mesma necessilacte vai simi 14 De 1. TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR + cada consumidor teria, entao, de acordo com a sua restrigdo orgamental, um valor de utilidade marginal (u’) valido para 08 bens (,y gy «5 +5) que adquirisse (ict a utilidade marginal ponderada pelo prego de cada bem adquirido seria diferente para cada consumidor em fungao das quantidades sucessivas que pudesse adquirir — w,/p, = u',/p, = u’/p, «.. — ou, 0 que © mesmo, a utilidade marginal de cada unidade de dinheiro seria igual em todas as compras de cada consumidor — e, certa- mente, diferente para cada 1m em fungao da sua restrigao orca- mental e das suas idiossincrasias). 4.3. A teoria da utilidade ordinal e as curvas de indiferenga A impraticabilidade de estabelecer um padrao comum para as pre- feréncias dos consumidores levou & substituigao da teoria cardinal pela teoria ordinal da utilidade, Esta basta-se com a possibilidade de os agentes econémicos fazerem 1m de dois jufzos entre bens ou cabazes de bens ©: de preferéncia (de x a y, ou de y a x), ou de indiferenca (entre x ey). Ou seja: ndo precisam de quantificar as suas preferéncias e, na formulacao da Teoria da Preferéncia Revelada (Paul Samuelson), nem precisam de as declarar: elas resultam das escolhas que fazem. A partir dessas escolhas podem construir-se curvas de indiferenca no espago delimitado por dois eixos, representando, em cada um, um desses bens ou cabazes de bens. Cada curva une todos os pontos de igual satisfagao, ie, todas as combinagées de bens ou de cabazes de bens que, a cada nivel de satisfagao, so indiferentes ao respons: até A saciagio dessa necessidade. Por vezes atribui-se-Ihe uma Terceint Lei de Gossen: a ideia de que um bem s6 tem valor se existir em quantidades insuficientes para saciar as necessidades que serve. Ou seja, a ideia de que, dada a sua utilidade marginal decrescente, um bem s6 mantém utilidade marginal positiva desde que no permita a saciedade, © Num diagrama cartesiano, as opgdes tem de ser limitadas a duas, A solute Passa, entio, por usar fipos de bens ( faeces ace ec © bem que se quer analisar com um {encarges com) habitagao v, {todas as demais despesas com] outros bens) baz de todos os outros (v4 1S —e— ) pCONOMIA POLITICA | das curvas de indiferenga de cada consy. it de indiferenga. midor aaa abaixo, os cabazes representados nos pontos A, B ¢ cue ie tees qvatdades de ¥€# si ndfrenes— por isso esto representados na mesma curva (I,). Qualquer ponto da nor es eng |, € melhor do que ualguer ponto de cura d indiferenga 1, porque, para qualquer ponto desta, tem sempre, pelo menos, mais quantidade de um dos bens (vg: para a mesma quantidade de 20y, 0 ponto D tem mais quantidade de x do que 0 ponto B — 8 aie veisce para a mesma quantidade de 8x, 0 ponto D tem mais y do que 0 ponto C — 20 em ver de 12). © mesmo se diga para cada ponto da curva de indiferenga I, que & sempre melhor do que qualquer ponto da curva de indiferenga I, (vg: © ponto E tem a mesma quanti dade de x do que 0 ponto B, mas tem menos de y; € tem a mesm: quantidade de y que 0 ponto C, mas tem menos de x). : as. O conjunto pelas escola t tui o seu mapa Diagrama 1.3 Mapa de indiferenga Percebe- “Se, porta i raps ina nto, que quanto mais perto da origem dos eixos est entra ee 7 sera a quantidade de bens ou cabazes de bens que ‘4 — e, portant, que quanto mais afastada da origemt 16 1, TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR estiver, maior sera essa quantidade. Um agente racional preferird mais a menos e, portanto, qualquer ponto de 1, a qualquer ponto de I,, ¢ qual- quer ponto de I, a qualquer ponto de |,. Por outro lado, quaisquer pon- tos de cada curva serao necessariamente indiferentes entre si — de acordo com as preferéncias reveladas pelos consumidores. A convexidade em relagéo 4 origem das curvas de indiferenga revela uma razio de tro fvel ao longo da curva, 0 que se explica por ir variando a avaliagao de cada elemento (bem ou cabaz) representado num dos eixos em relagdo ao outro: quanto mais temos de um € menos do outro — o que Ihe impée a sua inclinagao negativa — menos prezamos 0 que vamos tendo mais, ¢ mais prezamos 0 que vamos tendo menos. A razao de troca nas curvas de indiferenca designa-se Taxa Mar- ginal de Substituigao (TMS) ¢ é variavel, dando origem a sua curva- tura ""!: quando, na curva de indiferenga I,, se passa do ponto de 32y e 3x (0 ponto A) para um ponto de 20y ¢ 5x (0 ponto D), cedem-se 6 unidades de y por cada uma de x que se recebe. Quando se passa desse ponto para um ponto de 12y e 8x (0 ponto C), cedem-se cerca de 2,66 unidades de y por cada uma de x que se recebe. Além da inclinagao negativa e da convexidade em relagao a origem, as curvas de indiferenga tém outras duas caracteristicas: a — podem tocar um dos eixos (pode haver quantidades suficientes de um dos bens, ou cabazes de bens, representados nesse eixo que compensem a falta do outro — ie, que proporcionem a = io orgamental, que € um segmento de recta, revela uma Como se viu, a restri 10 de troca (um prego relativo) constante, Para certos tipos de bens, a configura- 20 das curvas de indiferenga pode nao apresentar uma convexidade em relagio 3 ori- gem: bens absolutamente fungiveis (como notas de 10€ ¢ de S€, A razdo de 1:2) apre~ sentariam curvas de indiferenga em linha recta (a Taxa Marginal de Substituigdo entre clas seria sempre a mesma); ¢ bens absoluramente complementares (como sapatos do é dircito ¢ do pé esquerdo, ou huvas de mio direita ¢ luvas de mao esquetda) apresen- gulo recto (excepto para une ndianeto limieacly dle bens o nivel de satistagio — a raz tariam curvas de indiferenga em Pessvas, por mais que variasse o niimero de um cesses } ' Curva de indiferenga — depenuderia sempre aa quantile fixa bo outro) 7 ECONOMIA POLITICA I mesma satisfagio do que cabazes com combinacées de quanti. dades de ambos os bens, ou cabazes de bens); e : — nio se podem tocar (se nalgum ponto duas curvas de indife- renga coincidissem, como cada ponto da a mesma satisfaco que todos os demais, seguir-se-ia que todos os Pontos das duas curvas seriam indiferentes, ie, iguais — coisa que nao ser sendo as curvas diferentes); nem, muito menos, curvas de indiferenga cruzar-se: Poderiam podem duas Diagrama 1.4 Impossibilidade No diagrama acima 0 ponto B seria sinnultaneamente melhor do que & Ponto C (para a mesma quantidade de y— y, — permititia dspor de maiores quantidades de x — x, em vez de x,) e indiferente ao ponto C (se B faz parte da mesma curva de indiferenga que passa em A, B é indife- rente a A. Por outro lado, se C faz parte da mesma curva de indiferenga aue passa em A, C também € indiferente a A. Consequentemente, pelo axioma da transitividade, B tem de ser indiferente a C—se Bé indiferente a A,e C também é indiferente a A, Be C tém de ser indiferentes entre si). Para dois Pontos situados numa mesma linha horizontal acima de A, con tudo, o mais afastado do eixo vertical seria melhor do que 0 que ficasse mais préximo desse eixo mas, em simultaneo, ambos seriam indiferentes (Por ambos terem em comum a indiferenga com o ponto A). Coma ag vante de que o ponto Pior (¢ indiferente) estar agora na curva onde estava © ponto B, que era melhor (e indiferente) ao ponto C. 18 1, TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Esta “irracionalidade” — excluida pelo pressuposto do homo eco- nomicus — é, porém, muito caracteristica das escolhas humanas, como a Economia Comportamental (v. infra) revelou "”, 4.4, Representacdo diagramatica da maximizacao da satisfacéo A partir da restrigao orgamental ¢ das curvas de indiferenga pode determinar-se 0 ponto éptimo de consumo individual: este sera obtido onde uma curva de indiferenga for tangente a curva de restrigao orga- mental, como representado no diagrama abaixo: Diagrama 1.5 Ponto de maxima satisfagio 3 2 2 30 35 40 Bem Com uma certa restrigo orcamental (R,) que s6 permite a aquisigio de um maximo de 40y ou 20x, so possiveis combinagées de x ¢ y nas 1) Um exemplo da falta de consisténcia nas escolhas humanas é dado por Ta- LER, 2016, pp. 30-31: suponham-se as hipéteses de uma consumada exposi¢ao a um agente patogénico que, num em cada mil casos, provoca uma morte indolor no prazo de uma semana, ou a do aliciamento para se sujeitar a essa mesma expos! resultados apontam para um baixo pagamento pelo antidoro na primeira sit (8 volta de 2 mil délares), e — quando aceite — para a exigéncin de um pagamento muito alto pela participagiio na segunda (a volta de meio milhao de délares). 30 19 ECONOMIA POLITICA T 1, e 1,, Os pontos da curva de indiferenga 1, que rere ental so inatingive direita da curva de restrigao orgamental sao inatingiveis "2!, Qs cam A direita da curva A of i fo a ma esquerda da curva de restrigéo orgamental Ry nao esgotam ane ism dispontves Os dois pontos de secdncia da curva de indiferenca Oe ericd (A c B) sao sim : 1, com a curva de restrigao orgamental R, i ) s ultaneamente 1 is ¢ esgotantes. Porém, nao parece avisado gastar todo 0 orcamento curvas de indiferenga ress pontos de secdincia, se se consegue, poupando recursos, a mesma satisfagio em qualquer outro ponto da curva I, A esquerda da curva de restrgio orgamental. Supondo que néo ha razdes para poupar os fundos disponiveis (a consideragao do aforro implicaria um terceiro bem a ter em conta), o melhor que é possivel obter esté no ponto de tangéncia dessa curva com a mais alta curva de indiferenga que se pode atingir — e essa é1,, aquela que é tangente a curva de restrigao orgamental no ponto C. Nesse ponto, a Taxa Marginal de Substituigao de um bem pelo outro € exactamente igual ao prego relativo de ambos — ou seja: a razio de troca do agente econémico para os bens x e y coincide com a razao de troca do mercado para esses mesmos bens. Quer dizer que ele nao pode recompor os bens do seu cabaz fazendo melhores trocas enquanto os precos relativos nao se alterarem (e, com eles, a configuracao da restri- ao orcamental), ou enquanto no mudarem as suas preferéncias (e, com clas, a configuracao das suas curvas de indiferenca). 5. OPTIMO DE PARETO Diz-se que ha uma situagao dptima de Pareto se nao é possivel melhorar a situacdo de alguém sem ser A custa da deterioracio da a) i fr a Como sio inatingiveis todos os pontos da curva de indiferenga 1, — exe? Sea restri¢ao orgamental se expandir (yj crédito para © consumo), au se a sua in de um dos bens (vg: disponiveis permitire fosse tangente a cur aumentando 0 rendimento, ou obtenlorse agio se alterar por ciminuigao «lo prese Se 0 prego de x baixasse o suficiente para os mesmos tao 'm @ aquisigdo de 32,5x, seria possivel que o set Nova FACS va de indiferenga 1,, como no ponto D). 20 1. TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR situagdo de outrem. Uma situa¢ao nao dptima, neste sentido, 6 uma situagao de desperdicio: através da mera reafectagao de recursos seria possivel que pelo menos alguns ficassem em melhor situagaéo do que antes, sem que ninguém ficasse pior do que antes '"), Mesmo em situagdes sub-6ptimas, a passagem de uma situagao nao 6ptima para uma situagdo dptima (de Pareto) nao 6 a tinica possibili- dade: pode acontecer que seja possivel que uns ganhem e outos per- cam com a mudanga. Nesse caso, desde que os que ganham possam indemnizar os que perdem, também se verifica uma melhoria (dita melhoria potencial de Pareto, ou critério de Kaldor-Hicks), porque a soma dos ganhos excede a soma das perdas com a mudanga. Os argu- mentos a favor do comércio livre (v. infra) ilustram este principio geral de optimizacao. 6. EXTERNALIDADES As preferéncias dos agentes econdmicos reflectem os custos e bene- ficios que eles internalizam — ie, que sentem como vantagens ou pre- juizos pessoais. Além desses custos ¢ beneficios, porém, as operacgdes ie: efeitos que se projec- de consumo podem gerar externalidades — tam sobre quem nao é parte nessas operag6es de consumo. Nesses casos, as curvas da procura privada tanto podem diferir das que seriam socialmente ideais por excesso (vg: procura de bens com efeitos exter- nos negativos, como o tabaco) como por defeito (vg: procura de ser- vigos com efeitos externos positivos, como a educagio). Nos diagramas abaixo estao representadas as curvas de procura privada (continua) e social (a tracejado), resultante esta da considera- Gio dos efeitos externos no consumo (mais baixa no diagrama da esquerda, quando sao negativos; mais alta no diagrama da direita, encontra — mais frequentemente Por elaborar esta 0 conceito oposto, que se ‘ dio de alguém sem ser a custa do que se julga — quando nao é possivel piorar a sit da deterioragio da situagio de rodos. 21 ECONOMIA POLITICA T Jo tais efeitos externos s20 positives). Os triingulos sombreados das associadas a opcao de mercado, em compar da como socialmente ideal. a quan representam as per Go com a situagao tis Diagrama 1.6 Externalidades NEGATIVAS POSITIVAS Gers Qurbdaty Um c i an ae de externalidades é a chamada “tragédia dos defende que, sem re jarizada em 1968 por Garrett Harding, que recursos — ou a sua a de apropriagao privada, a deplecao de Ren ee eT iS ‘adago — pode ser inevitévels quando um tem um interesse pessoal 40 rival é explorado por varios, cada um © que nao aproveitar pa “mn retirar dele o maior retorno (até porque buir para a sua cone, ra ele reverteré para os outros) ¢ em contri- dat decortentes sao a eee © menos possivel (porque as vantagens que assim é, mas a jas por todos), Ha sobejos exemplos de nor Ostrom recebeu 0 aes que nao tem de ser assim: Eli- Suécia em Meméria de ae de Ciéncias Econ6émicas do Banco da 2s formas de srt e Alfred Nobel de 2009 pelo seu trabalho sobre entabilidade de recursos partilhados. Uma fo rma de corrigi , @ producio (ao one as externalidades negativas é impor impo: s sobre ormarem os produtos mais caros diminuem a St 22 4 BI GESTLEGAL 1, TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR procura —o que, no diagrama da esquerda, se revelaria em curvas da oferta alternativas acima de S, consoante o valor desse encargo adicional), tal como uma forma de obter mais externalidades positivas é subsidiar a produgao (ao tornarem os produtos mais baratos aumentam a sua procura — 0 que, no diagrama da direita, se revelaria em curvas da oferta alternativas abaixo de $, consoante o valor desse subsidio adicional). Para que tais medidas de cor- reccio nao excedessem 6 — ou nao ficassem aquém do — necessério para corrigir as externalidades, seria necessario que as quantidades transacionadas no mercado fossem as socialmente éptimas (ic, que o imposto fizesse passar a curva da oferta para $1 ¢ 0 sub esse passar para $2). sidio a fiz 7. ELASTICIDADES Outro conceito importante na andlise da procura — e, ver-se-4, tam- bém da oferta — é 0 de elasticidade — que se pode definir como a medida da sensibilidade da variagao de uma varidvel a variacdo de outra. Ja vimos que a procura varia, em geral, no sentido inverso dos precos, mas é natural que 0 faca em termos diferentes quando se trata, por exemplo, de bens indispensaveis ou de bens supérfluos. A elasticidade-prego da procura é a medida da sensibilidade da procura de um bem as variagdes de preco desse bem (em termos simplificados: A%Q / A%P) e permite dis- tinguir diferentes amplitudes da reaccdo a essas variagées de prego: — pode a procura reagir mais do que proporcionalmente a varia- ¢4o do prego: diz-se entao que a elasticidade € eldstica por- que — representando sempre a variagao percentual do prego em denominador (vg: 10%) ¢ a variagao percentual das quan- tidades em numerador (vg: 20%) — 0 resultado que se obtém é superior 4 unidade (no caso, 20/10 = 2); — pode a procura reagir proporcionalmente a variagao do pre: diz-se entao que a elasticidade € wnitdria porque, sendo a mesma a variagio percentual do prego (vg: 10%) € a variagio jades (no caso, necessariamente 10%), o a unidade (no caso, LO/10 = 1); 0: percentual das quantid resultado que se obtém é igual 23 ECONOMIA POLITICA T a reagir menos do que proporcionalmente a varia. diz-se entio que a clasticidade é rigida porque, scao percentual do preco (vg: 10%) ¢ a variacao jes menor (vg: 5%), 0 resultado que se — pode a procur gio do pres sendo a varia percentual das quantidad obtém ¢ inferior A unidade (no caso, 5/10 = 0,5). De todo o modo, a medida da sensibilidade da variagao em relacao aos precos € indiferente ao sentido dessa variagio (¢ por isso consi- $ que, nO caso, seriam de sen- dera-se 0 valor em médulo de variagé tido inverso, ie, positivas por um lado ¢ negativas por outro). Embora a representagio grafica de curvas da procura com elasti- cidades extremas (absolutamente rigida — que é vertical — e infini- tamente elastica — que é horizontal) seja intuitiva e, portanto, se possa dizer que uma curva mais préxima da horizontal é mais eldstica do que uma outra que é mais proxima da vertical, as curvas da procura tém segmentos de elasticidade elastica, unitaria e rigida ‘): Diagrama 1.7 Elasticidade e receita na curva da procura Pata oe a ~ be dadan “NS Hdatican (ot) \ % Ye a is ° Grsaralicdaden " © que nao quer dizer que nao se possa ter, por exemplo, uma curva «a peo cura com ef ji i lasticidade unitaria em todo o seu trajecto, Essa curva seria, 0 24 4 1. TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ponto exactamente intermédio da curva da procura é 0 que regista um valor unitario de elasticidade (e = 1). Acima desse ponto a elastici- dade é elastica (e >1), abaixo é rigida (e < 1) “5; num segmento de recta, convexa em relagao & origem ¢ teria a particularidade de 0 valor da multiplicaco do preco pelas quantidades adquiridas ser sempre igual (qualquer descida [subida] de preco seria exactamente compensada pelo aumento [diminuigio] de aquisigées).. Roe e ’ : — phos) 4 we Denar 5) Qs rectngulos horizontais (nio sombreados) no diagrama do texto represen- tam a diminuigao dos custos de aquisigao das anteriores quantidades quando os pre- gos descem (no segmento eldstico da curva da procura ¢ no seu sector rigido); os rec- tingulos verticais (sombreados) representam 0 aumento dos custos de aquisiga0 das novas quantidades quando os pregos descem (no segmento elistico da curva da pro- cura e no seu sector rigido). Ver-se-4 depois a importdncia dessas consequéncias para 08 produtores, mas da dimensio relativa dos referidos rectngulos ja resulta que as descidas de precos sao tanto mais vantajosas para os consumidores quanto mais rigida for a sua procura (passagem de P, para P,). Por outro lado, & quando a pro- cura é elastica que a diminuigao dos precos é mais vantajosa para os produtores (passagem de P, para P.). Se se sobrepuser no eixo vertical zontal as quantidades vendidas) obterfamos uma curva em U inver se representou a tracejado), cujo ponto mais alto corresponderia ao ponto de cidade unitéria, com um tragado ascendente até esse ponto (correspondente ao seg mento eldstico da curva da procura) e descendente a partir dele (correspondente ao segmento rigido da curva da procura), 4 medida que fossem aumentando as quan- tidades vendidas (por diminuigdes sucessivas do prego). a receita do vendedor (mantendo no eixo hori- jo (como a que i= 25 ECONOMIA POLITICA T > calcular a clasticidade num ponto é dividir o a simples de : eat uma forma simp ‘ento abaixo desse ponto pelo comprimento do comprimento do segm cement aia G2 POM a Um conceito derivado é 0 de ¢ tin relaciona a variagao percentual ni eee Procuradas de um bem (B) com a va 0 percentual Wd prego de um outro bem (A) — em termos simplificados: A%Q,/ A%P,.Diferentemente do que corte com 0 apuramento da elasticidade-prego da procura, em que se sabe que a variagao da quantidade procurada ocorre em sentido inverso da de prego, na clasticidade-cruzada da procura a variacao tanto pode se inversa (nos bens complementares), como directa (nos bens substitu. veis). Assim, ser a variagao das quantidades positiva ou negativa releva para a andlise e por isso o valor da elasticidade-cruzada apresentara um valor afectado por um sinal menos quando os bens so comple. mentares (como um — s6 um — dos termos da fracgdo, seja o referente a0 prego, seja o referente as quantidades, tera sinal negativo, a divisio dara um niimero negativo). Um outro conceito relevante para os calculos econémicos é 0 de elasticidade-rendimento da Procura, que relaciona a variacio percen- tual nas quantidades procuradas de um bem (A) com a variagio per- centual no rendimento dos) seu(s) adquirente(s) — em termos simpli- ficados: A%Q, / A%R. Mais uma vez, o sentido das variagdes da Procura nao é indiferente: para bens normais (em que o valor da elas- ticidade é superior a zero), necessdrios (em que o valor da elasticidade fica compreendido entre 0 e 1 — ie, a nha, mas em menor medida, a variagio no rendimento) e superiores (em que o valor da elasticidade é superior a 1 — ie, a variagio da Procura acompanha, mas em maior medida, a variagio no rendi- mento), essas variages da procura sdo fungao directa do rendimentos Para bens inferiores (em que o valor da elasticidade volta a set ate ‘ado pelo sinal negativo que se introduz na fraegio — nas quanti des, se 0 rendimento subir; no rendimento, se este descer) a variagte da procura é fungao inversa do rendimento, Naturalmente, estas cla dependendo estritamente variagdo da procura acompa- so idjossineriticass ificagdes dos bens sio idiossineriti Jecortenttes dos comportamentos aquisitivos 26 SEGESTLEGAL 1, TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR do rendimento: um bem pode ser inferior para uma pessoa ¢ superior para outra, ou até uma ¢ outra coisa para a mesma pessoa em tem- pos diferentes (vg: 0 consumo de peixe). 7, EXCEDENTE DO CONSUMIDOR O excedente do consumidor define-se como a diferenga entre 0 preco que este paga por um bem ou servigo e 0 preco que estaria dis- posto a pagar por ele (0 seu preco de reserva). Em coeréncia com 0 tragado negativamente inclinado da curva da procura, é possivel dis- tinguir trés situagGes: — a dos que nao querem ou nao podem pagar o prego praticado no mercado (e que s6 adquiririam 0 bem ou servico se 0 prego descesse de modo a ficar abaixo do seu respectivo preco de reserva — ou © igualasse), e que esto representados no seg- mento da curva da procura que fica abaixo da linha do prego; nao adquirindo 0 bem ou servico, manifestamente nao podem ter qualquer excedente nessa aquisigaos — ado adquirente que paga o prego praticado no mercado por- que este iguala o seu prego de reserva, e que estd representado no ponto da curva da procura que intersecta a linha do prego; — a dos que estariam dispostos a pagar um prego superior ao pra- ticado no mercado, e que estdo representados no segmento da curva da procura que fica acima da linha do prego; todos estes adquirentes obtém um ganho — um excedente — correspondente A diferenca entre o preco efectivamente pago e 0 seu respectivo preco de reserva (que é 0 que lhes dé uma posigao especifica na curva da procura). Em consequéncia, a Area do excedente do consumidor é a que fica acima da linha do prego e é delimitada pela curva da procura e pelo cixo vertical, ou seja, o tridngulo sombreado, com a area ABP, no dia Brama abaixo (em que o trapézio ABQO representa a valoragio das 27 ECONOMIA POLITICA T bem por parte dos seus adquirentes, A i i do ae quanidades adquirdas do bem Por Por quadrilatero PBQO 0 custo Diagrama 18 Excedente do consumidor 9. CUSTO DE OPORTUNIDADE Outra nogdo importante para 0 raciocinio econémico, se bem que de operacionalizagao mais dificil"), € a de custo de oportunidade — que corresponde, algo contra-intuitivamente, nao ao custo da melhor alter- nativa, mas ao seu beneficio liquido, Afinal, quando se fazem esco- Ihas perante a escassez de recursos disponiveis, 0 custo da opgio é menos 0 seu prego do que o sacrificio dos beneficios da segunda melhor op¢ao disponivel — uma realidade sentida cada vez que os cidadios comuns pensam, por exemplo, em mudar de casa, ou de carro. Porém, Excepro em situagdes ideais, como na passagem de um para outro pont ina curva de indiferenga (em que o sacrificio de uma certa quantidade de Ww bem — ow cabaz de bens — é dado directamente pelo ganho dla quantiace de out bem — ou cabaz de bens); ou, como se vera mais tarde, na passagem de um A outro ponto de uma fronteira de possibilidades de produ 28 1, TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR isso implicaria refazer os clculos econémicos — nao nos termos relati- vamente objectivos dos pregos, mas nos termos muito mais subjectivos das alternativas (que, naturalmente, tenderiam a variar de sujeito para sujeito). Por exemplo: 0 excedente do consumidor na aquisigao de cada bem, tal como acabado de definir, deveria ser recalculado com base na desigualdade dessa opgao com a melhor opgao alternativa. 10. ECONOMIA COMPORTAMENTAL Depois de um eclipse de quase dois séculos — pode dizer-se, talvez com escandalo, que a economia nascida com Adam Smith era essen- cialmente Economia Comportamental 7) — a Behavioral Economics desenvolveu-se na intersecgao entre a Economia ¢ a Psicologia. A par- tir da década de 1970, autores como Herbert Simon, Amos Tversky, ) Cfr, infra, nota 25. Adam Smith foi professor de Filosofia Moral ¢ os racioci- nios econémicos que formulou assentavam nas predisposigdes ou tendéncias humanas. Incluindo, alias, aquelas observagdes por que é mais conhecido, e que s4o mais repro- duzidas, como 0 (\inico) passo em que, na Rigueza das Nagdes (publicado em 1776), menciona a “mao invisivel” (“como cada individuo tenta, tanto quanto possivel, apli- car 0 seu capital no apoio & indtistria interna e, por consequéncia, dirigir essa industria de modo a que a sua produgao tenka 0 maximo valor, cada um trabalha, necessaria- mente, para que o rédito anual da sociedade seja 0 maior possivel. Na realidade, ele nao pretende, normalnente, promover o bem piiblico, nem sabe até que ponto 0 esté a fazer. Ao preferir a indtistria interna em vez da externa s6 estd a pensar na sua pré- pria seguranca; e, ao dirigir essa indiistria de modo que a sua produgéo adquira o mdximo valor, s6 esté a pensar no seu proprio garho, e, neste como ent muitos outros casos, estd a ser guiado por uma mao invisivel a atingir um fim que nao fazia parte das suas intencdes. Nem nunca seré muito mau para a sociedade que ele nao fizesse parte das suas intencées. Ao tentar satisfazer 0 seu préprio interesse promove, frequente- ‘mente, de uma maneira mais eficaz, o interesse da sociedade do que quando realmente © pretende fazer.” — SmitH, 1981, p. 757-758), ou a passagem — alids contraditéria com a suposta mido invisivel que guia o interesse proprio — em que aponta as tendén- cias cartelizadoras (“E raro que pessoas que exercem a mesma actividade se encontrem, ‘mesmo numa festa ou diversao, sem que a conversa acabe numa conspiracdo contra o Piiblico, ou numa maquinagao para elevar os precos.” — id., p. 280), THALER, 2016, P. 241, também considera John Maynard Keynes — outro dos pontos cardeais da teoria econémica — “um verdadeiro precursor das financas comportamentais. 29 ECONOMIA POLITICA | Thaler recuperaram a ideia de que . escolhas humanas deviam ser explicadas a aaa ms real dag pessoas, em vez de deduzidas de axiomas is ou de Modelog matematicos. Contraditoriamente com os seus Proprios quadros, a Economia tradicional estava a usar uma mesma teoria para efeitos nop. mativos para efeitos positivos. O homo economicus — a que a eyo, lugao da ciéncia econémica circunscrevera, deliberada e obstinada. mente, o seu objecto — era um personagem de ficg40. No caso, erg ficcG0 cientifica, mas nao deixava de ser ficgao. Observadores da natureza humana — como Adam Smith foi — Tversky ¢ Kahneman publicaram em 1974 um artigo onde apresen. tavam os principios heuristicos essenciais que as pessoas utilizavam para fazer juizos ""): representatividade, disponibilidade, e justa- mento e ancoragem. Daniel Kahneman € Richard — A representatividade induz os sujeitos a utilizarem preferente- ae estereotipos para fazer distribuigées de probabilida- les (19) 9 Tversky/Kanni HNEMAN, 1974, As heuristicas seri 5 4 icas seriam : mas de substituir operagdes comple: earns coe a a xas — como as de o _ agentes econémicos na econom ptimizagio, imputadas aos (Ror exemple ses ier desribuir ome protege ade dio, ina co ea bwin profssio ao perfil de um so met ta de bibhonect esta de ordem, as pessoas escolhem, entre a de aio muito inferior ae ae — muito embora 0 ntimero de bibliotecirios seit tados, somicse a Mace Kintes. A esta insensiblidade a probabildade dos rth dade ao tamanho da amostra (sendo comum que 0 j ‘dos-mortos — sejam formulados em idéaticos ®* um pequeno hospital — e grandes — um pa (um qualquer indicador de qualidade disponit! & ae aue nfo tenha relagao com ela), a ilusao da a eee rmacao disponivel, maior seguranga aks aves pectah€ 5 concepgoeseradas (de hipéteses —

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