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Seperes Srdbunal dé eaten RECURSO ESPECIAL N° 119.773 - RS (97/0010677-2) RELATOR _: MIN. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA RECTE IEDA FERREIRA DO CANTO ADVOGADOS ; ELIDO GIRARDI E OUTRO RECDA : MARIA HELENA ZANELLA ADVOGADA —_; ANA PAULA DALBOSCO EMENTA PROCESO CIVIL, CLAUSULA CONTRATUAL QUE ATRELA A CORRECAO MONETARIA A VARIACAO CAMBIAL DE MOEDA ESTRANGEIRA. PAGAMENTO EFETUADO EM MOEDA NACIONAL, COM BASE NA COTACAO DE CAMBIO. LEGALIDADE. DECRETO- LEIN. 857/69, ART, 1*, PRECEDENTES. RECURSO DESACOLHIDO, I - Distinguem-se, por sua naturezs, 0 pagamento efetuado em moeda estrangeira e ‘A utlizagio dessa moeda como fatot de atualizagio monet Il O artigo 1° do Decreto-Lei n. 857/69 veda o curso legal de moeda estrangeira no territério nacional, o que significa que o pagamento no pode ser efetuado nessa moeda, ACORDAO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiga, na conformidade dos votos ¢ das notas taquigréficas a seguir, por unanimidade, niio conhecer do recurso. Votaram com o Relator os Ministros Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha ¢ Ruy Rosado de Aguiar, Ausente, justificadamente, 0 Ministro Bueno de Souza, Brasilia, 23 de novembro de 1998 (data do julgamento). Pea of Pm Sma Mini BARROS MONTEIRO, Presidente Nn LS ‘SALVIO DE FIGUEIREDO TELX! ‘og7on1049 7713000 03.7730 STJ 15 MAR. 1999 9700140 077203000 OL? . Sepeice Gpdunal de Seatea RECURSO ESPECIAL N° 119.773 - RS. RECTE + IEDA FERREIRA DO CANTO RECDOS : MARIA HELENA ZANELLA EXPOSICAO ‘OSR. MINISTRO SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA: Cuida-se de ago de consignagio em pagamento aforada pela recorrida, na qual esta alegou que, em razio da aquisigio da Empresa Teda Ferreira do Canto & Cia Ltda, de entilo propriedade da recorrente, tomou-se dela devedora de Cr$ 1.980.000.000,00¢hum bilhdo, novecentos e oitenta milhdes de cruzeiros), valor a ser pago no prazo méximo de dois anos, devendo ser considerado, apenas para fins de atualizagiio monetiria, a equiparagiio do valor com o correspondente a US 43.043(quarenta e trés mil e quarenta e trés délares), no “paralelo”. Alegando que a ré se negava a receber a divida, consignou a autora RS 38.394,36(trinta e oito mil, trezentos € noventa quatro reais e trinta e seis centavos), que, ao seu ver, correspondia ao valor devido, Aré, por sua vez, sustentou ser itrisério 0 valor, argumentando que a atualizagio. da divida deveria ser pelos indices oficiais do Governo, tendo em sneaivmes —— Seperece Geclanal dates vista ser nula a utilizagZo de moeda estrangeira como indexador, nos termos do Decreto-Lei n. 857/69, A sentenga acolheu 0 pedido consignatério, declarando eficaz 0 depésito ¢ extinta a obrigagao. Fundamentou-se o Juiz em dois pontos, a saber: a) deixou a credora de especificar os fundamentos da recusa 20 depésito oferecido; b) houve “observancia da utilizaggo da moeda nacional como expresso do valor do ébito © 0 seu uso quando do pagamento, sendo o délar mero referencial de corregao”. © Tribunal de Justiga do Rio Grande do Sul, sob a relatoria do Desembargador Araken de Assis, apesar de afastar o primeiro fundamento da sentenga, negou provimento ao recurso, mantendo a decisio quanto ao mais, Na oportunidade, ementou a Turma: “Processual civil ¢ comercial. Consignagio em pagamento. Recusa imotivada do credor ao depésito extrajudicial Admissibilidade. Compra © venda de cota social. Escala mével em moeda estrangeira. Validade. 1. Nao ¢ necessirio 0 credor motivar a recusa prevista no art. 890, § 3% do CPC. A estipulagdo de cléusula movel, utilizando-se moeda estrangeira, em obrigaglo pecuniéria a ser solvida em moeda nacional nio infringe o art. 1° do Decreto-Lei n, 857/69. Precedente do STI”. Do voto condutor do julgado, a propésito, colho: “Porém a cléusula de escala mével do prego, vertida em dOlares norte-americanos, ndo infringe o art. 1° do Decreto- Lei n. $67/69, nem inibe o curso forgado da moeda nacional. E que a divida resultou solvida, ao fim e ao cabo, com moeda nacional (fl. 18). Assim, a cléusula mével, que reajusta o prego, nio interfere com o principio do nominalismo. B a ligdo de ORLANDO GOMES(Obrigagées, n. 38, p. 58, 3* ed., Rio de Janeiro, 1972). Neste sentido, de resto, ja se manifestou a 3* Turma do STJ, no REsp n. 36.120-6-SP, 21-09-93, rel, 0 eminente vison Speer Kedenal tt, Lbten : Ministro Waldemar Zveiter, DJU, 22-11-93, p. 24.948), cuja ementa reza: “Legitimo & 0 pacto celebrado em moeda estrangeira, desde que 0 pagamento se efetive pela conversio na moeda nacional, ‘Alegagiio de nulidade do ajuste por suposta violagdo do art. 1° do Dec-Lei 857/69, ndo favorece 0s participes na celebragio do negécio porque estariam tirando proveito da propria torpeza. legislador visou evitar nfo a celebragao de pactos ou obrigagdes em moedas estrangeiras, mas sim, aqueles que estipulassem 0 seu pagamento em outro valor que no o cruzeiro ~ moeda nacional - recusando seus efeitos ou restringindo seu curso legal. Inteligéncia do art. 1°, do Dec-lei 857/69, Precedentes REsp ns 4.819-RJ e 11.801-RI. Recurso nao conhecido”. Como se vé, néo pode a apelante, que contratou o pagamento do prego da cota com corregio monetéria(no caso, corregdo cambial) substituir a escala mével adotada, através do auto-regramento de vontades, por outra de sua livre escolha ou predilegio, mais favoravel aos seus interesses. Convém assinalar que a obrigagdo se sujeita a corregao monetéria, O que ndo se admite é a troca do indice escolhido pelas partes”, Inresignada, interp6s a apelante recurso especial alegando, além de dissi jurisprudencial com julgados do Tribunal de Justiga de $40 Paulo ¢ desta Corte, violagao do artigo 1° do Decreto-Lei n. 857/69. Contra-arrazoado, foi 0 recurso admitido. Eorelatorio. Sepurice Gedunal de Seatea RECURSO ESPECIAL N° 119.773 - RS voto OSR, MINISTRO SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA(RELATOR): De inicio, oportuno transcrever © que dispde a norma tida como violada (art, 1° do Decreto-lei n. 857/69): “Sao nulos de pleno direito os contratos, titulos ¢ quaisquer documentos, bem como as obrigagdes que, exeqiiveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, © curso legal do cruzeiro”. Extrai-se do texto normativo que a estipulagiio da corrego monetitia em moeda estrangeira se distingue do pagamento nessa mesma moeda, ou seja, é nula qualquer cléusula que obrigue a circulagao. por ocasiaio do pagamento, de ‘moeda outra que ndo a nacional, Em verdade, a finalidade do dispositive consiste em inibir a restrigdo ou a recusa do “curso legal do cruzeiro”, impondo, a contrario sensu, 0 seu curso forgado. A tanto, enumera, a exemplo, 0 pagamento de obrigagdes em moeda estrangeira. Colhe-se da ligio de Caio Mario da Silva Pereira: “4. cumpre aqui definir ¢ distinguir o que seja curso legal e curso forgado, conceitos que estéo muito distorcidos, € por isto mesmo provocam sérios desentendimentos. Curso legal ¢ 0 efeito liberatério nos pagamentos, que a lei atribui a uma ou seonurecwn Speues Fedanal te, te mais moedas num determinado pais, O délar tem efeito liberatério ou curso legal nos Estados Unidos, a lira na Italia etc. Em principio, 0 curso legal nao € incompativel com 0 ajuste realizado pelos interessados, quanto 4 determinagio da espécie monetiria em que se far o pagamento, Diz-se que a moeda tem curso forgado quando a lei determina que um certo padrio monetério dotado de curso legal tem de ser obrigatoriamente aceito pelo credor, nfio podendo ser recusado 0 seu poder liberatério pela convengao das partes. Isto, ¢ no a inconversibilidade do bilhete de branco ou da cédula pecuniaria, ¢ o que constitui o curso forgado” (Instituiges de Direito Civil, vol. II, 15* ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, pp. 94-95). O Decreto-Lei n” 857/69 consolidou, por seu artigo 1°, o curso forgado da moeda nacional, o que significa, em metéfrase ao mestre Caio Mario da Silva Pereira, que o real deve ser obrigatoriamente aceito pelo credor, nfo se podendo convencionar pagamento que impega o seu uso ou que cerceie 0 seu poder liberatério. Na hipétese em exame, o délar americano foi tomado como parametro de mera atualizagio monetéria, nfo havendo imposigdo contratual de que a liquidagdo da obrigagdo devesse ocorrer em délar. A consignagdo, por parte da autora, deu-se em moeda nacional, na correspondéncia que entendeu devida com a moeda estrangeira. Sobre o tema, esta Quarta Turma jé teve oportunidade de tratar, de que € exemplo, dentre outros, o REsp n. 23.707-MG(DJ 2.8.93), da relatoria do Ministro Athos Carneiro, citado inclusive como paradigma pela recorrente, com esta ementa, no que interessa: “E taxativamente vedada 2 estipulagdo, em contratos exeqlliveis no Brasil, de pagamento em moeda estrangeira, a tanto equivalendo calcular a divida com indexagdo ao délar loperics Sealanad de festen 5 norte-americano, ¢ nao a indice oficial ou oficioso de corregao ‘monetétia, licito segundo as leis nacionais”, Espa LITTERS cto Colho do voto condutor desse julgado, acompanhado pela unanimidade dos integrantes da Turma: “Todavia, no pertinente ao art. 1° do DLei 857/69, Merece provimento 0 recurso, Trata-se de norma de ordem publica, cuja ndo observancia acarreta a nulidade da cléusula que a contrarie, In easu, cuida-se, como ja dito, de contrato de compra ¢ venda de um ‘parque industrial’ e do imével onde 0 mesmo se encontra, realizado por pessoas juridicas de direito privado e pessoas fisicas, estas iltimas como fiadoras ¢ Principais pagadoras; enfim, um contrat inteiramente exeqiivel no Brasil ¢ que ndo se enquadra nas excegdes previstas no art. 2° do Decreto-Lei supracitado, Esta eg. 4° Turma ja decidiu, v.g., no REsp 1.642-RJ, do qual fui relator, que 0 artigo 1° do DLei 847/69 “veda a estipulagio, em contratos exeqiliveis no Brasil, de pagamento em moeda estrangeira, a tanto equivalendo calcular a divida com indexagdo ao délar, € ndo a0 indice oficial previsto na Lei 6.423/77". Reporto-me, no que interessa, a0 voto que proferi naquele julgemento, onde foi apreciada lide vinculada a um contrato de leasing de vefculo automotor nacional, com valor ajustado ao do délar norte-americano, litteris: “Vale, j& agora, apreciar 0 aspecto alusivo a apontada contrariedade ao artigo 1° do Decreto-Lei n. 857, de 11.09.69, verbis: “Sao nulos de pleno direito os contratos, titulos € quaisquer documentos, bem como as obrigagées que, exeqiiveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal do cruzeiro”, A esta taxativa proibigdo abre a lei, em seu artigo 2%, cinco excegdes. As trés primeiras pertinem a negécios de exportagdo, importagio e cAmbio. A exeego sob inciso IV alude aos “empréstimos e quaisquer outras obrigagtes cujo credor ou devedor seja pessoa residente ou domicitiada no exterior, excetuados 08 contratos de locagao de bens iméveis situados em territério nacional”. © inciso V alude aos contratos de cessiio, transferéncia ou modificagto das obrigagdes aludidas no inciso IV, “ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domi Brasil”. ene omissis.. ws - (J, sobre o tema, em hipdtese idéntica, tive oportunidade de manifestar meu ponto-de-vista como relator do Agravo de Instrumento n, 585020563, julgado or voto undnime, aos 18.06.85, pela I* Camara Civel do Tribunal de Justiga do Rio Grande do Sul (in “Revista de Jurisprudéncia do TIRS”, 112/293). Entéo, como agora, cuidava-se de amendamento mercantil firmado entre empresas brasileiras, tendo por objeto veiculo fabricado no Brasil ¢ obviamente comprado ¢ pago com moeda brasileira: “em negocios dentro do pais, pagos em moeda nacional, somente € cabivel a corregao pelos indices das ORTNS, ou indices outros admitides pelas leis e pela autoridade monetéria brasileira, mas desvinculados da chamada cldusula-ouro, hoje cléusula-délar”. Em sede de direito comparado, em seu memorial 0 adv. dos recorrentes trouxe & colagdo magistério do prof. Jean Loup (“Recuiel Dalloz Sirey”, 1929, pag. 82), ao tempo em que ainda vigorava em Franga regramento similar & do vigente direito brasileiro, nos termos seguintes: “La clause de payement en monnaie étrangére ou la clause de payement en francs avec référence une monnaie étrangére NE SONT, EN REALITE, QU'UNE SEULE ET MEME CLAUSE. ELLES TENDENT TOUTES LES DEUX A UN MEME BUT, la seconde simplement sous des dehors plus déguisées: éviter pour les contractants les variations de valeur du franc. ELLES MANIFESTENT L'UNE ET L’AUTRE LA DEFIANCE A L'EGARD DE LA MONNAIE NATIONALE; ET C'EST. ‘CETTE DEFIANCE QUE LE LEGISLATEUR COMBAT”. E mais adiante: “Tours, membres du pouvoir exécutif, tribunaux auteurs, et parmi ceux-ci, juristes et économistes, sont ainsi Paccord; et la cour de Toulouse, adoptant cette ‘opinion unanime, ta présente el la résume en ces termes: "TL n’est plus contesté, en effet, en jurisprudénce, que les clauses réglant les conventions intérieures stipulant un payement en monaie etrangére ou en fonction de la valeur de cette monnaie, QU'IL S‘AGISSE DE VALEUR DE CoMPTE ou de payement, et s'inspirant par cela méme d'une defiance & légard de notre monnaie nationale, sont entachées d'une nullité d'ordre public comme contraires aux dispositions des lois du 12 aoit 1870 et du Saodt 1914". ecpauernasinn Sypeuioe Gedhenal de Seton < Nala, destarte, a cléusula de reajustamento do débito consoante as variagdes da moeda norte-americana, mas nilo as obrigagSes oriundas do contrato, em sua quase totalidade saldadas nas agdes executivas das notas promissérias, com a devida atualizagtio monetéria, ¢ também na moratéria impetrada pela principal contratante. Como sublinhou o Dr. Jotio Henrique Serra Azul, ilustre Subprocurador-Geral da Repiblica, em seu douto parecer, “em face do precedente, nos parece que o recurso deva ser conhecido e provido, ocorrendo negativa de vigéncia do art. 1° do Decreto-Lei 857/69, lei de ordem piblica que o Juiz ou o Tribunal de 2° grau deverd conhecer de oficio, em face do exame da possibilidade Juridica do pedido (REsp 4.720-CE, Rel. Sr. Min. Sélvio de Figueiredo)”. (fis. 287) Pelo exposto, conheso do recurso ¢ ao mesmo dou provimento, para, aplicando o direito a espécie, declarar nula a cldusula de reajuste do débito conforme a variagto do délar norte-americano, pagando a autora as custas © honordrios de advogado, estes no percentual de 20% sobre o valor atualizado da causa”. E certo que nio ha dissonaneia entre o cntendimento que considera nula a cldusula que estipula pagamento em moeda estrangeira e o que estabelece distingdo entre 0 pacto ¢ a forma de liquidagio da obrigagao. Nao se pode convencionar que o pagamento deve set feito em délar, sob pena de butla ao curso forgado instituido pelo artigo 1° do Decreto-Lei n* 857/69. Nada impede, todavia, que 0 délar seja utilizado como indexador, como mero fator de atualizagao monetiria, devendo haver a conversio em real no momento do pagamento conforme a cotagsio avengada. A propésito, 0 voto proferido no REsp 36.120-6/SP pelo Relator Ministro Waldemar Zveiter, que assinala: “De notar, finalmente, que a hipétese versante difere daquela examinada pela E, 4° Turma, no REsp. n° 23.707-9-MG, porque ali cuidava-se de cobrar diferengas das variagdes cambiais correspondentes as prestagdes pactuadas ¢ jd sconswrnisnss fence Feinat oe fiten ‘ satisfeitas pelo devedor, representadas por notas promiss6rias pagas com a devida atualizagio monetéria, em processo de ‘execugdo”, presente caso difere, outrossim, do julgamento proferido no REsp 11.801-RJ, da relatoria do Ministro Waldemar Zveiter, que trata de obrigago nfo assumida no Brasil ¢ de contrato celebrado com pessoa domiciliada no exterior. Para essa hipétese, o Decteto-Lei 857/69 consagra expressa excegdo, por seu artigo 2°, IV, que dispoe ser inaplicavel o art. 1° do mesmo diploma a “quaisquer outras obrigagdes cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior .”. Nao se cogita, aqui, da aplicabilidade de qualquer das excegdes previstas n0 artigo 2° do Decreto-Lei 857/69. Distinguem-se, por natureza, a previsdo contratual de um indice ou um. fator que resguarde as partes da desvalorizagdo da moeda — para que se permite o uso de cotagdo de uma moeda estrangeira — € 0 uso dessa moeda para o pagamento. O que veda a norma inserida no artigo 1° é 0 curso legal de outra moeda para obrigagdes a serem solvidas no territério nacional; no toca 0 dispositive na utilizagio de cotagdo cambial para atualizar valores contratuais. Alids, guardam mesmo entre si natureza diversa: um diz respeito & preservagio do valor obrigado e o outro a forma de liquidago do vinculo obrigacional. ‘A. propésito, convém a transerig#o de trecho do voto proferido no REsp 36.120/SP, pelo seu Relator, que se alinha a posigao aqui firmada: “Assim fazendo o legistador visou evitar nao a celebragao de pactos em moedas estrangeiras, mas sim aqueles que estipulassem o pagamento da obrigagdo assumida em outro valor que nfo 0 cruzeiro, recusando seus efeitos ou restringindo seu curso legal”. wioaisrisinn Sgperin Sedhinad de eaten 7 voto-vista: Noutro excerto, assinala $. Exa.: “A dindmica que 0 mundo dos negécios imprime a vida modema, criando meios para a consecugo dos objetivos de mereincia e do desenvolvimento no pode ser estagnada quando o legislador nao a acompanha, oferecendo, como de seu dever, instrumentos legais nos quais possa ser emoidurada a multifiria gama de ajustes necessitios. & sua implementago”, Nesse mesmo precedente, observa 0 Ministro Eduardo Ribeiro, em “Relativamente a pretensa nulidade da obrigagao, por ter sido estipulada em moeda estrangeira, jé tive ocasito de pronunciar-me, em voto que proferi quando desembargador do Tribunal de Justiga do Distrito Federal. Fi-lo nos seguintes termos: “De maior relevo a alegagio de que haveria nulidade, uma vez que o contrato se fizera em moeda estrangeira, Efetivamente 0 decreto-lei 857/69 estabeleceu que so nulos de pleno direito os contratos que estipulem pagamento em ouro ou moeda estrangeira. Entretanto, ndo comporta o texto exegese simplista devendo, a0 contririo esse ter-se em conta a interpretagdo teleolégica que no caso se impoe especialmente por resultar dos préprios termos da lei. Com efeito, 0 artigo 1° do citado decreto-lei, em que se comina a nulidade, contém cldusula final em que deixa clara a razdo de ser da norma. Trata-se de impedir que, por alguma forma, seja obstaculizado 0 curso legal do cruzeiro. Objetivase afastar a possibilidade de que se negue 0 poder liberatério & moeda nacjonal. Indiscutivel que esta a razio de ser do diploma em exame como, repita-se, resulta de seu proprio texto. Se assim é, ha que se concluir que a nulidade sé haveré de ser pronunciada quando resulte do contrato ndo haver outra forma de cumprimento que 0 efetivo pagamento em moeda estrangeira. Nao assim quando haja meng&o a moeda estrangeira mas sem prejuizo de que se proceda ao pagamento em cruzeiro, feita a indispensivel conversa”. espniiorasiw Aerie Srlanal de Acie . No caso, houve consignagao do valor em reais, com base na conversaio do délar que entendeu cabivel a autora, Nao houve pagamento em déler nem se * estipulou que se devesse pagar em délar. Pelo exposto e por nao ter havido afronta ao artigo 1° do Decreto-Lei 857/69, nfio conheso do recurso. os7o0.oLo o77e4anoo ona773i0 Segpewcr Tabara de Ausica CERTIDAQ DE JULGAMENTO QUARTA TURMA Nro. Registro: 97/0010677-2 RESP 00119773/RS PAUTA: 23 / 06 / 1998 JULGADO: 23 /11/1998 Relator Exmo. Sr. Min. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXETRA Presidente da Sesséo Exmo. Sr. Min. BARROS MONTEIRO Subprocurador-Geral da Repéblica EXMA. SRA. CLAUDIA SAMPAIO MARQUES Secretério (a) CLAUDIA AUSTREGESILO DE ATHAYDE AUTUAGKO RECTE + IEDA FERREIRA DO CANTO ADVOGADO : ELIDO GIRARDT E OUTRO RECDO : MARIA HELENA ZANELLA ADVOGADO + ANA PAULA DALBOSCO ceRTID;O Certifico que a egrégia QUARTA TURMA ao apreciar o processo em epigrafe, em sessao realizada nesta data, proferiu a seguinte decisao: A Turma, por unanimidade, néo conheceu do recurso. Votaram’com o Relator os Srs. Ministros Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar. Ausente, justificadamente, 0 Sr. Ministro Bueno de Souza. © referido 6 verdade. Dou fé. Brasilia, 23 de novembro de 1998 iCREGERIOTAY

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