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Cn oes ae p Beco ae ete er eae tormando uma socedade do cansaco, Cee Eee Rae ed CE Tar cy Ree oe re Tiaras y EDITORA Pn ho ISBN 978-86-328-4506 ery Penta ENA Mete URL Sociedade do Cansaco ‘Duos nteraconas Catalogo na Pblicaio (CIP) (Clara Basler do Live SP, Basil) Tian Byung Chal Sociedade canto Byung: Chul Han; taducto de Elo PasloGinchins-Panopl, Ry: Vous, 2015 ‘Thal ginal: Madghetguclichat Bibra ISBN 978 85-26-4996.6 1. Depressi mentl ~ Aspecos oii Tain renal = Arpetos wc 3. Paradigms (iene Scns) 4 Sociedade 1 Til. 15.01897 epp-30101 nes par catlogo semi: 1 Sodeopaeflsoée 201.0 BYUNG-CHUL HAN Sociedade do cansago “radugio de Enio Paulo Giachint 1 Reimpress8o. y EDITORA VOZES Poropolis (© Mathes Sit Besa Veg Bein, 2010, “ind vgn em sled: Madipeingelichat ints de publica tm lingua portugues ~ Bras 102015, Eaters Vous Lida 25689300 Peps R} erence "real “Todos oe dines reservados, Nena prt da obe pokes reget ou tema por guage ce "lu generis lettre ou mein, nica Snoop roan) og arqada em quale sie a ‘co dedas vem permino ex deo, a ‘Mise os Sein Cri en Maca d Siva di eet Mare Laaine lets Secretirio ecco Jodo Baten Keech aor: ia Pioto iagromayio Sandra Bret. Projet de cape: ere Fac ‘Arts folza: dim Objet ISBN 978-85.326-4996 6 (Bai) ISBN 9783882216165 (Aleman) (Ete cnt avo aro grin] te I fl compos empress pel Etre Voes ida Sumario 1A violéncia neuronal, 7 2 Além da sociedade disciplinar, 23, 3 O tédio profiundo, 31 4 Vita activa, 39 5 Pedagogi dover, $1 6 OCaso Bartleby, 59 7 Sociedade do cansago, 69 neuronal Cada época possuiu suas enfermidades fundamentals. Desse modo, temos uma época bacterioldgica, que chegou 20 seu fim com a descoberta dos antibiéticos. Apesar do medo Jimenso que temos hoje de uma pandemia gr pal, ndo vivemos numa época viral. Gragas & ‘técnica imunolégica, jé delxamos para tris essa época. Visto a partir da perspectiva pato- Logica, o comego do século XXI nao ¢ definido como bacterioldgico nem viral, mas neuronal oengas neuronais como a depressio, trans- torno de déficit de atengio com sindrome de hiperatividade (Tdah), Transtorno de perso- nalidade limitrofe (TPL) ou a Sindrome de Burnout ($B) determinam a paisagem pato- lgica do comeso do século XXI. Nio sio fecges, mas enfartos, provocados nao pela ne~ gatividade de algo imunologicamente diverso, mas pelo excesso de positividade. Assim, eles ‘escapam a qualquer técnica imunolégica, que tema fungdo de afastara negatividade daquilo ‘que éestranho, O século passado foi uma época imunol6- ica, Trata-se de uma época na qual se estabe leceu uma di centre dentro ¢ fora, amigo ¢ inimigo ou entre proprio e estranho, ‘Mesmo a Guerra Fria seguia este esquema imunolégico. © proprio paradigma imuno- Tigico do século passado foi integralmente dominado pelo vocabulitio dessa guerra, por ‘um dispositiv francamente militar. A agio imunol6gica ¢ definida como ataque e defesa, [Nese dispositivo imunolégico, que ultrapas- sou 0 campo bioligico adentrando no campo em todo o ambito social, ali foi inscrita uma ceguelra: Pela defesa,afasta-se tudo que & es- tranho. O objeto da defesa imunol6gica 6a es- tranheza como tal. Mesmo que estranho no tenha nenhuma intengio hostil, mesmo que cle ndo represente nenhum perigo é elimina do em vietude de sua alteridade. Nesses altimos tempos, tém surgido di- versos discursos sociais que se servers nitida- ‘mente de modelos explicativos imunolégicos. ‘Todavia, a atualidade do discurso imunolégi- «co nio pode ser interpretada como sinal de ‘que a organizagio da sociedade de hoje seria ‘uma época mais imunolégica do que qual- {quer outta, O fato de um paradigma ser eri- ‘do propriamente como objeto de reflexio, ‘muitas veres, ésinal de seu declinio, Imper- ceptivelmente,jé desde hi algum tempo, vai se delineando uma mudanga de paradigma. O ‘fim da Guerra Fria ocorreu precisamente no ccurso dessa mudanga de paradigma'. Hoje a 1 € ineressantenotar que hi una infunca mitua en: tre dscuor seine baligion Cis no eto ares fe depots que nfo fo de erigem cts. Aim, p65 © fim da Guera Fra, encotramos uma muda Ae parades também derived lmunologs medina ‘A imunologta americana Poly Mating ets 0 vaho parstima imunalepico da Guerra Fis, De acordo com Seu modelo inal, 9 sistema imunolgco no d= Uirgue ene sf enone, ere propio «esa 08 aut, mas env fenlye dangerous et MATZINGE, “enya dangerous gate he Ses i contr” Nota manoiogy vl. 8,207, p 2113}.0 oto socledade esti entrando cada vez mais numa constelagio que seafasa totalmente do esque- sma de organizagio e de defesa imunolégicas. CCaracteriza-se pelo desaparecimento de alteri- dade e da estranheza, A steridade éa categoria fundamental da imunologia. Toda e qualquer reagio imunol6gica é uma reacio alteridade. Mas hoje em dia, em lugar da alteridade en- tra em cena a diferenga, que nao provoca ne ‘nhuma reagio imunolégica. A diferenga pés- -imunolégica, sim, a diferenga pés-moderna jiindo faz adoecer. Em nivel imunolégico, ea 0 mesmo’, Falta diferenca, de certo modo, a defesa iol jf io mas a esvanera ou a ak teridade como tal 0s eple apenas aqulainvomisto esvanha ques porta destrutamente no inter do rs i. Nese perspecti, enquano oesrankore cama 8 Stenglo m8 toed pel deters munolspca, De acodo com ia de Matinge 0 sitema munoieo ili ras osptler do qu ead st revert. NBO conheceneahuma zea} mals telgerte orto, (que asocedede humane com xenolbia. a 6 uma es do imunolgca peoiopcamentepotencada pres Ines a0 deservovmento do prop, 2 Tambim 0 pensamento de Heidegger aponta um teor Imunolgeo. Asin el rechara decane 0 Sql Ihe consapéeo mesmo, Conirariament 0 gil 0 mesmo pos ume intronidade a qua repous toda «qualquer reagSoimuraépes © aguillhio da estranheza, que provocaria uma violenta reagio imunolégica. Também a estra- nheza se neutraliza numa formula de consu- ‘mo. O estranho cede lugar a0 exético. O fou- ristviaja para visité-o, O turista ou 0 consu- smidor jf ndo é mais um sujito imunolégico. essa forma, também Roberto Esposito coloca uma falsa hipétese na base de sua Teo- tia da Lmmunitas, ao afirmar: “Em qualquer dia do a Jornais, talver até na mesma pagina a respel- to de diversos acontecimentos. O que tém em mo ano podemos ler 0 relato nos ‘comum entre fendmenos como alta contra © surto de uma nova epidemia, a resisténcia ‘contra um pedido de extradigio de um che- fe de Estado estrangeiro, acusado de violagio dos direitos humanos,o reforgo das barreiras ‘contra a imigragio egal e as estratégias para eutralizar 0 ataque dos virus de computa- dor mais recentes? Nada, na medida em que ‘08 interpretamos dentro de seus respectivos Aambitos, separados entre si, como a medi na, 0 direito, a politica social ¢ a tecnologia da informética. Mas iso se modifica quando 1 nos referimos a uma categoria interpretativa, cuja especifcidade mais prépria consiste na capacidade de cruzar transversalmente aque- Jas linguagens particulares, referindo-nos a lum ¢ ao mesmo horizonte de sentido. Como fica evidente jéa partir do titulo desse volume, proponho essa categoria como sendo a cate- goria da ‘imunizagio,[..] Os acontecimentos descritos acima, independente de sua des ‘gualdade lexical, podem ser todos reduzidos 2 uma reacio de protecio contra um risco”, ‘Nenhum dos acontecimentos mencionados Por Esposito aponta para o fato de que nos encontramos em meto a uma época imunolé: sgica, Também o assim chamado “imigrante’ hoje em dia, jd no & mais imunologicamente lum outro; no € um estrangero, em sentido enfitico, que representaria um perigo real ou alguém que nos causasse medo, Imigrantes silo vistos mais como um peso do que como ‘uma ameaga. Também o problema do virus

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