You are on page 1of 20
apepluept ep ogysonb y oliserg ‘Tisezq o zey onb OG €egy xd soxsenal eh L TEGO IPN OG eT Devo comecar explicando 0 meu enigmatico titulo. E que \ sera preciso estabelecer uma distingo radical entre um “bra | 4 sil” escrito corh letra minuscula, nome de um tipo de madei- | ra de lei ou de uma feitoria interessada em explorar uma terra como outra qualquer, ¢ 0 Brasil que designa um povo, uma nacSo, um conjunto de valores, escolhas e ideais de vida la to sem vida, au- ma, como, alids, queriam alguns tedricos sociais do século “KIX, que viam na terra — um pedaco perdido de Portugal e da Europa — um conjunto doentio e condenado de racas que, misturando-se a0 sabor de uma natureza exuberante e de um ima tropical, estariam fadadas 4 degeneracdo e & morte. iolagica, psicoldgica e social. Mas 0 Brasil com B maidsculo &algo muito mais complexo.€ pais, cultura, local geografico, fronteira_e territorio reconhecidos intemacronalmente. ronteira_¢_teritone recidos_internacrorialn iambém casa, pedaco dé chiBo caloado com o calor de nossos = 8 og Pensa lena menor consicse de see roduzir como siste: 3 W et jel00s eUGISIY ap sienUeW sop epeLodWOD-Waq @ JeI94O a UAWEAISN|OXE ORSIA ep Sled 21/1 8S CBN “Sagisanb senno op 8 soinBue Soxuno ep Olu! 10d oj-ejaAa1 INbe osenb ‘sare yWe} 9 S@1UA1I0D SILI Se OBS Sie6s| @ segs ‘sepelbes ‘sieDyo Ses 100 sens ap siJed e |1se1g Op Sagsin Se anb ap ez91499 EN | e104 ap epep eueyusb -ua ap eque|d ewin ap snJed e :euinbew en OW epiuyep 18S assapnd epepaisos ewin 9s OWO} “4e1S9 eIAap WoU EIpod oLU aquatusa|duils no ‘sejsa ap eAeyso6 Ogu aja apuo o|-einooWd 10) 0118 Q ‘aed epor We OpenuOoUA Jas apod "soYJEW_NO auied epo} We e189 |ISe1g 0 ‘oIUeTIOG "Inby FOBSEIEpIsuod Wis. ‘Opewidr eyud} e OBU eOnsNf ep eidWlipUi 6 OWOO eINp d ei} —biha B Bogue ‘seyueb ap esnosa _apeluoA ens eu _eossed e uo9 Ja} 2 ewos énb oIpUejeui OyUntel ou Wequien sew)‘seuer “joduy) stew SaQdiniNSUT SENS Suyjap 10] Ep ele|9 e116] e APO = seuiojid Sep & SeseUig9 Sep “SUTuD] SOP eonsHTSp SoDpIed “Gop saiqou Sjeniy Sou opeinooid Jas aap liselg O]'eanood -ssad essa eseg ‘SOWeJOpe a SOWeWE anb Jeyjnw eu @ sow -e10W puo esed eu ‘soWUNSeA aNb ednos eu ‘soWwaWOS anb epiwoo eu W9queL sew ‘enBul| e oPUeIqoP 2 |eIDYo eWoIP! nu eudwas se}2j anb sowey sienb sep ‘e1woU0d8 ep @ eonyjod ep Saye saiqou seu 8 Sia] SeN “aled Epo} WA gIS0 |ISe1g O ‘EI >) owio9 ‘inbe enbsog “epepummip ewn oUCS ewe auEUseLi80 9 ee9Ue OAOd 0 anb eulajiserq apepaloos ep sojoadse sunBje seu lwexe sowelend ‘ogd_redwioo ejad epezinneja! 8 eVi8qe ap -epaldos ep ORsIA ewin eucioiodoid anb 2 Joweysep Wo eped| inead je100g e!Bojodonuy ewn ap epnfe woo ‘onl a1SaN__— epi e1sop SOpHuSs sojdhinua Sop oonseyuey osed Opa Siessigos e sua “DITSOP OUNSEp 61169 SaQoednooald ap Bio ens ul OVUILE) anib CUBUINY OBSIPUOD ep eIDUGTAUXS | epute ‘a onod op ORSIA & 'ZOA B ZIPENUOD |2ID1JO OBSIA y ‘SALE 3 SeNO} ‘SeIDUaIO Sens SEU FISO pepe!d0s EWN ‘sionJsuES 9 sonneU/GeW! SoU zz aw) SEOPeAIBSGO SO esed “OBIOANP @ €7a1 BP SopesBes SO1A | SOU a Sejadeo Seu ‘sOLIeJDeS SOU WPYDe aS SasNap SO ‘WAeA pu 8 SoUjo Wa} anb sajenbe ‘seys!jeuoiIpen so eieg *,,Se1 Ino,, SIeW SeZOA Sehs seu We6ins opueNb sepiqaoied a1uaW! JeULLOU ORS OS Sapepaloos se WEquie) ‘seleJ6! seu sepe!UCd -ua OgS OS anb ‘sapepUIAIp Se a11090 OWOD Je | “Se1qoU slew 8 sieloyo slew sagdesepuew sens ap ole 1od — apepaioos es sou ep ‘opmaigos ‘a — sapepaldos Sep O}UEWIOaYUCD JeWOY P Sopeniigey SoweIsa ‘a1UALU|e189 “SaPepaIdos Se LOD 811090 OWSAW O ‘SBANPJOW SeU129 AP OUIUAP 8 SOJUaWOW So}s20 Wa SOYSIA WALES e1ed BUSWIOS WAISIKE ‘SOWages BLUI0}UOD ‘ses -nap SQ “saluapuniuod siew sagde}sajiuew sens ap sewnbye ap ogddasiad ejad 8 ajseuos ojad ‘ogdeseduiod ead Jas Ogu B PIDUBIDSUOD eL/01 8S OBU EOP @ ‘euidsas 9s onb Je Op e OWOD Jonpjaul Of 9 eduasaid ens ‘oUB;UOD OseD “Jepod nas 9 apm. ‘a19u09 ens suas dssod as anb esed ogde1Sa]IUBW ens e 1e0A oid a u1znpoid osioaid esas ‘ — sapepuIAip Se WOD a9a1UONe OW 09 jel — o1ueiUa OU ‘a }ISeIg 0 B[a LOD aySixa ‘OYNPe ONaIIS, e1q wn efey anb anb apug “euejodiuo 9 JoL1edns ages as es -sod anb eyed suawoy sop esioaid W9qwie) anb sew ‘Wwnyusu wa 9 save6n| So sopor wa gise anb snaq win owog ‘owidse ososepod 8 apuel6 wn owed ‘osouarsi auied 8 oploayuos auled 498 win 9 \ISeig 0 ‘Inby-eUNISIH ewWeYo as anb oUdosd quawiAow Wnu ‘opessed 0 e4ed 8 ouniny O esed ebueIe as 8 eWOS 8 aNb OBje :e!0UgIOSUOD 9 OFXAIJa/-O1Ne BP e1YO ‘eA IA apepnua ewn ap seu! ’a1Jau! OBje op Siew e1eN as OPN] Nas @IUaWIOS OBsped lun ap OnUEp seueUINY sagde se WeBjin{ @ Sa10|eA S049 WanBas seossad apuo apepa|soS" sleamnsqns “ul ‘wisse ‘2 sopezijeso] sowi ep apepijeiodwiar 0 odio’ apepnes ep opdepioce! Bog eu e}j0A ap epizen Jas apod anb @ eHIQWOW CU 8 a1J0W BU epnap Jas epod anb ‘JeAeused Op er $0} 8u epesejace Jas apod anb epepliesodwiay Wequier 2 ‘snes a\UaWeAISNIOXe OBS solar soln Je/NBuIs Odwial WN B1uaW jen61 3 (epeiBes ayuawjeio ‘eon ‘jeioadse ogdeby eun Way as Ten 0 WSS 166n| WN ap eDUgIDSUOD 8 eLIgUIBUT Te] "SOTIOO que se vendem em todas as livrarias, e os professores discu- tém nas escolas. Mas de uma leitura do Brasil que deseja Ser. maitisculo por inteiro: 0 BRASIL do povo e das suas coisas. Da comida, da mulher, da religiao que ndo precisa de teologia complicada nem de padres estudados. Das leis da amizade e do parentesco, que atuam pelas lagrimas, pelas emocdes do dar e do receber, e dentro das sombras acolhedoras das casas e quartos onde vivemos 0 nosso quotidian. Dos jogos esper- tos € vivos da malandragem e do carnaval, onde podemos va- diar sem sermos criminosos e, assim fazendo, experimenta mos @ sublime marginalidade que tem hora para comecar e _terminar. Deste Brasil que de algum modo se recusa a viver de forma totalmente planificada e hegemonicamente padroniza- da pelo dinheiro das contas bancarias ou pelos planos quin- qienais dos ministérios encantados pelos vérios tecnocratas e idedlogos que ai estdio a espera de um chamado. BRASIL com maitisculas, que sabe to bem conjugar lei com grei, in- || dividuo com pessoa, evento com estrutura, comida farta com | pobreza estrutural, hino sagrado com samba apécrifo e relati- vizador de todos os valores, carnaval com comicio politico, homem com mulher e até mesrno Deus com 0 Diabo. Por tu- do isso é que estamos interessados em responder, nas pagi- nas que seguem, esta pergunta que embarga e que emocio na: afinal de contas, o que faz 0 brasil, BRASIL? Note-se que sé trata de uma pergunta relacional que, tal como faz a propria sociedade brasileira, quer juntar e nao divi dir. N8o queremos ver um Brasil pequeno € outro grande, ja feito. Nao! Queremos, isto sim, descobrir como é que eles se igam entre si; como é que cada um depende do outro, e co mo 0s dois formam uma realidade Unica que existe concreta mente naquilo que chamamos de ‘’patria"’. Numa linguagem mais precisa e mais sociolégica, dir-se-ia que 0 primeiro “bra sil" € dado nas possibilidades humanas, mas que 0 segundo Brasil € feito de uma combinacdo especial dessas possibilida- des universais, O mistério dessa escolha é imenso, mas a re- 4 \ i { lado 6 importante. Porque ela define um estilo, um modo de ser, um “jeito” de existir que, ndo obstante estar fundado em coisas universais, é exclusivamente brasileiro. Assim, 0 ponto de partida deste ensaio 6 0 seguinte: tanto os homens como as sociedades se definem por seus estilos, seus modos de fa- zer as coisas.,Se a condi¢do humana determina que todos os homens devem comer, dormir, trabalhar, reproduzir-se @ re- zar, essa determinacéio ndo chega ao ponto de especificar também que comida ingerir, de que modo produzir, com que mulher (ou homem) acasalar-se e para quantos deuses ou espiritos rezar. E precisamente aqui, nessa espécie de zona in- determinada, Mas necessaria, que nascem as diferencas ¢, nelas, 0s estilos, os modos de ser e estar, os "'jeitos’’ de cada qual. Porque cada grupo humano, cada coletividade conore ta, so pode por em pratica algumas dessas possibilidades de atualizar.0 que-a condicdo humana apresenta como universal ‘As restantes ficam como uma espécie de fantasma a nos re criminar pelo fato de as termos deixado nos bastidores, como figuras banidas de nosso palco, embora estejam de algum modo presentes na pega e no teatro No fundo! essa questao do relacionamento dos univer- sais de qualquer sistema com um sistema especifico é das mais apaixonantes de quantas existem no panorama das Ciéncias Humanas. Trata-se, sempre, da questo da identida- de. De saber quem somos e como somos; de saber por que somos. Sobretudo quando nos damos conta de que o homem se distingue dos animais por ter a capacidade de se identifi car, justificar e singularizar: de saber quem ele é. De fato, a identidade social ¢ algo to importante que 0 conhecer-se a si mesmo através dos outros deixou os livros de filosofia para se constituir numa busca antropologicamente orientada. Mas 0 mistério, como se pode adivinhar, nao fica na questao do sa ber quem somos. Pois seré necessario descobrir como cons truimos nossas identidades. Sei que sou José da Silva, brasi leiro, casado, funcionario publico, torcedor do Flamengo, 15 a wanBas seyjoose sessa anb 1eanbsa ogu osioaid 8 sey sesioa 1022} ap ‘oda! ‘ovo! win 8 Opow wn ‘ojse Wn e1uaWesioard auiudxs esmjnd e1Ae| -ed @ ‘wiw eed ‘anbiog ‘epepaidos eped ap e!60|09p! no ein) {no e ‘eaiG9jodonue WabenBuy We zip as OWOD ‘NE “eWarsis epeo ap ,,01181,, 0 @ OMNSe 0 JUgoIsaP euNiuied ay) Oss) “sep -epaloos @p @ Sie!00S sepepy|uep! ep ,,oUeIUSAUI,, WIN e1e} G0 -o’ '@4SI| B1S@P , SeSI0,, Se WezHHENLe a.WeUOIOISOd 8s seossed sB_0W09 opuLigoosag |'seo!B9}0100s @ seoiBojodonue sesinb “sad $2 WezIjeo! 8s anb pow oun ap 9 ON Wand 9 Wanb sages giapod goon eja Woo a — jel08 wa sezesd 8 epiUios ‘says ‘epepljesow @ ovI6yjas ‘ooMsjod Jepod ‘o1ayUIp ‘epey -enxas @ OjUaWUESeD ‘eIIJLUE) e Senite|a1 SeIsp! ‘sla] — ajueLod -\! e19pIsuod gOOA anb O OPN} ap eISI| eulN awO| “Ssagisanb __seyis0 ap aquelp senneGau ap 2 seanewuye ap e119) 9 ‘apepa!o {os ewn 9p ogdnnsucd e owod ‘ogiua ‘eros apepnuop! ewn \ap ogdnnsuos y “eodwoo ajuaweAlaja e}si| esa e anb JseaneBou no selouesne sejad opiuyep inbe ‘oueouewe wn as anb 0 WOd a1Se.,UCD We ‘nos Wanb Jazip ay1uHied anb et janes EWN as-eUUOY "Soden SBsSe OPUEWOS :WEq Slog isonpiAiput OWoo Warsixe @ Wag as aidiies anb ‘soursuewe soBluie snaw so Weze} CWDS ‘opuNW a1s8U ‘oyUlzos JeyulueD Wexiep aul Ogu anb sieossad sagsej1 OYU -9) anb jas ‘ajuawijeuy ‘enbiod ‘ewe eyUIW e 1eBeu ossod epeu a sofiwe snew e jea} nos anbiod “ysesg Op osmny ou 8 OgSNAASU! eu ‘OpMse OU 9} OYUA) ‘O}UEIUS OU ‘3 OUNSAP 3) -sixa anb [as enbiod ‘soueolsje Sexu0 SOU WEquie) 8 Sod1]91e0 sojues Wa oipaice anbiod ewaisis neu! op oseo ou oonesd 8 ollpssa0au ‘o}SeUOY OBje 9 ,,o/NW Op eWD WA,, aJUBWeIPUe| -ew e904 anb opuajua enbiod ‘apeziwe ejad a jeossad ogde) “21 ejad ou “iS 8p aiUEIP ,,OBU,, LUN sleulel a1Sixe OU anb Tes anbuod ‘sienx -aS 9 SIPIOOS SeIsejuRy SeyuIW 20) e OBeN JeAeueD OU anb las anbsod ‘ayodse wn seonesd esed siewel ‘jos sewo] 9 sas ayINW Se J9A ‘SOBIUE So WOd JesJ9AUOD 8 J8A e1ed eIeId E NOA Win Wdywpe sepo} anb S siewoy sagem aL anbiod ‘sop se Woo ogu a sad so Woo eaneid as anb obo! win 9 wh aed jodeiny enbuod ‘equies wn ap onal) win aue Pye!pau NBuNsIp 19s “se;ndod eoIsw opuiAno ‘anbiod ‘sei6 ul Ogu 9 senBnuod o[ej anbiod 2104 EAON WA oBU a OsIauer ap Oly OU OAIA anbiod ‘sie190s sagsejai @ soysaB ‘sednoi'esed o|no1pu ap opnuss opnée wn oyuar anbsod ‘seigp! a sawNsod opm~aigos ‘sasied sono ap sesiod e oANdadas soUsW nos anbiod anBinqWey oeu 2 epeotia; JewW0D ep 0}S06 enbsod ‘queowewe-2J0U"ogU 8 Osla|ISe1q Nos anb ‘oRIUS ‘18g je6a},, 8 OUI Ip ‘osoujaesews ‘oo1UN OB|e OWOd es-1InsSUOO eJed (Se!oUL ‘adxo op 9) ,,S8S109,, ap OPeyUm C1OWNU WN ep ezIAN as Seu ade (QUeWNY 498 epeD a) apepatoos epED “918 XIX O1NDYS OP ou j!seig 0 ted as-nuajsuen jes! eNjwey e ‘sgoues CBU @ sanBnisod soweles ‘sesno ap ou a seigdouna selougiod sey -190 9p OpSsad SOLUS.J0S *INS-0s1UAD OP e7509 eu SeyUeIUOW se O00 Seons}iei9ese0 Se1J89 WA) |ISe1g OP eyesB0a6 e ‘sas -aulyouod ogu 8 sasanBnod Jod oLJaqoosap 10} |!Se1— 0 — OS oad Slew Jas eed ‘seougysiy :sieIo}jJedns no sieuepice sen =no ‘91 @S-112nBoides "18110 “sIUOP ‘Jaw! OWOD ‘eIOURA inaigos eudosd & seugssedeu sewnbje ‘sepepaloos 2 suaW oY SO Spo? e Sepep seIoUgliadxs sp OgpninwW eWN ap o1eWs ou anb 3 “ayueyodu oVnW oBje suqoosep owed “ez -gjaBuis eja1asip ens eu ‘equnBiad y {iISeig We eWOysUeN os ‘fonod Win OWON ¢|eI90s apepuAP! LUN 191)SUOD 8s OLIOD {Os Snb O1iajiserq 0 ied 19seU SNb ouewny 48S OP. web ~ ‘essed © JNOSIp OSsod OLOD\{nos anb o Jas anb 9 CCD seW eu9isiy eyUIW e::eudisiy euiN OWWIO} SOJep soAeare 9 Saja WOO anbiod 9 sieiadse soinquie ap ay9s ewn e auaWesUaL! O10 -osse ey anbiod lisse alw-sInBunsip ossog ‘oongIAOS e\o1Ned “yoinoueny ueA| HO ‘HOA AON Ap OUOUAWE OBPEIO “yrs welll, no ogejoden nos ogu ‘gsor opuas wa sanbjenb ossad es}no OeU 8 — OUNSEP WA oU:Pa:de anbiod '0}0) ep Op -piajaaul 9 osoduesadsa 10peBo! ‘eysIPUeqUIN o ODI|9}e9 ‘se}e| NW Sep JeUCIo|PUOoU! oOpe!deide ‘e1anBueY\ ep COSe;eAcUIed aaa uma ordem>E certo que eu inventei um “brasileiro” e um ‘americano” que 0 acompanhava por contraste linhas atras, mas quem me garante que aquilo que disse é convincente pa- ra definir um brasileiro foi a propria sociedade brasileira. Ou seja: quando eu defini o “brasileiro”’ como sendo amante do futebol, da misica popular, do carnaval, da comida mistura- da, dos amigos e parentes, dos santos e orixés etc., usei uma formula que me foi fornecida pelo Brasil. O que faz um ser hu- mano realizar-se concretamente como brasileiro 6 a sua dis ponibilidade de ser assim. Caso eu falasse em elegancia no vestir e no falar, no gosto pelas artes plasticas, na visita sis- temdtica a museus, no amor pela musica cléssica, na falta de riso nas anedotas, no horror ao carnaval e ao futebol etc., certamente estaria definindo outro povo e outro homem. Isso indica claramente que é a sociedade que nos da a formula pe la qual tracamos esses perfis e com ela fazemos desenhos mais ou menos exatos. Tudo isso nos leva a descobrir que existem dois modos basicos de construir a identidade brasileira: o de fazer o brasil, Brasil, Num deles, utilizamos dados precisos: as estatisticas de- mograficas e econdmicas, os dados do PIB, PNB e os nu. meros da renda per capita e da inflacéo, que sempre nos assusta e apavora. Falamos também dos dados relativos ao sistema politico ¢ educacional do pais, apenas para constatar que 0 Brasil ndo é aquele pais que gostariamos que fosse. Es- sa Classificagdo permite construir uma identidade social mo derma, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ocidente europeu a partir da Revolucdo Francesa e da Revolucao In dustrial. Aqui, somos definidos por meio de critérios “objeti vos"”, quantitativos e claros. E assim, sabemos e descobrimos com surpresa, que algumas sociedades se definem. Realmen te, a Inglaterra, a Franca, a Alemanha e, sobretudo, os Esta dos Unidos so quase exclusivamente definidos por meio des. te eixo classificatorio que é, ele mesmo, invengao sua. Mas, 18 no caso do Brasil e de outras sociedades, 0 problema é que existe outro modo de classificagdo. A identidade se constréi duplamente. Por meio dos dados quantitativos, onde somos sempre uma coletividade que deixa a desejar; e por meio de dados sensiveis e qualitativos, onde nos podemos ver a nés mesmos como algo que vale a pena. Aqui, o que faz o brasil, Brasil no € mais a vergonha do regime ou a inflacdo galopan- te e 'sem vergoriha’’, mas a comida deliciosa, a musica en volvente, a saudade que humaniza o tempo e a morte, @ os amigos que permitem resistir a tudo. £ uma descoberta importante, creio, dizer que nds temos dado muito mais atenco a um sé desses eixos classifi- catérios, querendo discutir 0 Brasil apenas como uma ques- t80 de modernidade e de economia e politica; ou, a0 contrario, reduzindo sua realidade a um problema de familia, de relacdes pessoais e de cordialidade. Para mim, nao se trata nem de uma coisa nem de outra, mas das duas que sao dadas de modo simulténeo e complexo. Nessa perspectiva, que é a deste pequeno livro, a chave para entender a sociedade brasi leira é uma chave‘dupla. De um lado, ela é moderna e eletréni- ca, mas de outro é uma chave antiga e trabalhada pelos anos. E tipica de nosso sistema essa capacidade de misturar e aca: salar as coisas que tenho discutido no meu trabalho como uma atividade relacional, de ligar e descobrir um ponto cen tral. Conhecemos e convivemos com suas manifestacdes politicas (a negociacdo e a conciliacdo) e econémicas (uma economia que é estatizante e ao mesmo tempo segue as nhas mestras do, capitalismo classico), mas de certo modo nao discutimos ag suas implicacées socioldgicas mais profun- das. E, para mim, essas implicacdes se escondem nesta gacdo — ou capacidade relacional — do antigo com o moder no, que tipifica e singulariza a sociedade brasileira. Assim conforme tentarei mostrar nas paginas que seguem — e com a ajuda do talento grafico de Jimmy Scott — , 0 que faz 0 bra sil, Brasil é uma imensa, uma inesgotavel criatividade acasala- 19 ouyeqes} O 9 Beni e ‘eseo VW oz nas ¢ sowesen anb 03 guiseag ‘seig o zey and: © epeow ewisew ein op sade senp se Webl| 9S OWIOD ‘sei uoo 9p Jeuye :e10pe|anai @ [euo!oeIe! OgIsANb eyse sowesnd oid ayj eounu anbiod ayuewesida:d ‘opipny Wa} sou enb ap epijess ewn owod ‘slew 3 “sope} Siop War onb oB|e owoD ‘ep 2OW ELUN OLOD ||S24g 0 ANNOSIP ‘oJUeLOd ‘os!oesd EIS asiio BW! -nu’enua ajuaweolpouad anb ‘so3!WQUODa 2 SooNyjod sows! -eyJJ0yne sop 8 so.Ge|lw Sop |iseig 0 epeBO! OLD sowelay NO ‘eopewiuesop ogdejabe|joine ew e end] Sou ANd jiseug ‘sIeIP unu serougiod sep opesejap 2 ou yseiq,, wn epeBol ‘oW09 Sows1a) NO ‘SepaoW Se LOD 91/090 OOD ‘slog “ORLY -ajue ep ages es ef opeyjnsai ofno ool wn e sopepey sowias -e150 ‘apepsloos 9 OBOCU EWISAL EWN Sp S808} Senp Sessa JU 4208Ip ap sezedeo SoWJO) Ogu OJUENbUA ‘anb olUeIsNg “EOP Observe-se uma cidade brasileira. Nela, ha um nitido mo- vimento rotineiro. Do trabalho para casa, de casa para 0 tra- balho. A casa e & rua interagem e se complementam num ci clo que 6 cumprido diariamente por homens e mulheres, ve Ihos e criangas, Pelos que ganham razoavelmente e até mes mo pelos que ganham muito bem. Uns fazem o percurso casa-rua-casa a pé; outros seguem de bicicleta, Muitos an- dam de trens, dnibus e automéveis, mas todos fazem e refa- zem essa viagem que constitui, de certo modo, 0 esqueleto da nossa rotina didria. Ha uma divisdo clara entre dois espacos sociais {undamentais que dividem a vida social brasileira: 0 mundo da casa e 0 mundo da rua — onde esto, teoricamen- te, 0 trabalho, o movimento, a surpresa @ a tentacao. ~—V E claro que a rua serve também como 0 espace tipico do lazer. Mas ela, como um conceito inclusivo e basico da vida social — como “rua” —, 6 0 lugar do movimento, em con traste com a calma e a tranqiiilidade da casa, 0 lar e a morada 23 eA Sessa ',o1'adsel,, 0 8 ,,eyuoBieA,, e “,,e1U0y,, 2 and o opny 10d Sopeuluuarep WE9quie) Sows ejau ‘— eslal!SeIq epepalo os eu sowepuaide anb sesjowud se ajuewjarenoid ops anb SIRID0S SagsuaUIP SoWa| Inbe @ — saleyjnu @ sueWoYy OW 09 8 SOS0U SIeW! NO SOUIEA sieWI ‘ayUaLUeANdadsaJ “OLLICD ox 88 ojad 8 apep! ejad Sopediyissej9 SOWUOS BSED WHO Os SEL) ‘PEP! BP 9 OXOS OP OBSIAIP e OLLIOD ‘se }UELOGL! sieloos segsuawip sein 1od sepeosew segdejal ep ela, ewnu JeinBuls 4e6n| wn sowe “stermsqnsu! @ soolun sowos ‘es -e9 BU ‘WISSY "2100S 9 JelOW ORSUAWIP EWN WEqUIeL 2 ‘09IS}, odio9 wn wai anb souewny $9108 OWoo aUaWeDISeq soLIeZ 1281 SOU apUO e19}59 :}EI0W 1eBN| LUN ap Sew ‘ODIS)} 1eBN| WN 9p e1eN 8s OR “el0Be ap aosyuoo as anb ajua6 2 odie} oF In apsep Je] Oe epeUO|oe|a! g1Sa anb ajuab ‘opueBayo oLIse aja & anb seossad 8 opunu asap opules ogisa anb seossed ‘aluaseid ou og)s9 anb soyalgo a opessed op Wan anb sesiog sejdninui sepepijea! ap 9 saiojen ap epeauuiad je100s epia ep ve opsuawip ewn “Je:u! 2110) PUNY opezieioL aruetUepUNyosd odedsa Wn e Opuuajes sou SoWeIse — WIS oY} — sey “eANYO ep No Oly Op ‘oquan op sopebuge 489 esed SowesN onb No S0WeWUOd ‘SOWIULIOP BpUo [edo] WN e aUaLISE|dULIS OpULia}a1 2189 OPU ',,eSe9,, ep SOWe|e} OpueNd -eles NO ‘ssneyy ZosBY\ CUP BULIOJUOD "AJULZHEIO) [21908 O12} WN 9 eF ‘a1 ap e1ap! e anbiod Jeysa-Wwaq Nes ap es-epind J “Wad! sou) ‘opnuss 01200:1N9 “anb siediAsS Wanssod sesed se jISe1g ou inbe ‘sousapow Sesied sosno ap S1UaWA,UBI94IP ‘SIO “SO! opines snas 9 saldyjnW se ‘sedueUD se OWOD ‘sjoBe4y SIEWL soiquias snes ap opdaioid ep ‘Oss| (od o1UNt ‘a ‘sian 2 SIaAOW SUB sNds ep LSa}JOP BP Ophues orJe war ese ewn ednoo anb odn6 o ‘oss opn) Jog “slesow seples 8 seped} ua sens ap — aluawjediouuid — efes ‘({say!ou se sepor sejau ef a seyiod sens ap ojuaWeYoa} 0 Woo Opednooeid else Ogu wan) sievolew sevjejos sens ap elas ‘ese ep selle1u01) Sep ogde1010 ep ‘ousspo 6 oueGuN |ISeig OSSOU OU OWISeLY ‘@1Ua! 109 08) e18p! e }eq “SouINO adjUa ONPIAIPU! WN OWOD ‘alueW eanjesodioo a eueyiun abe anb ofje ‘,,ei0W eossad,, ewn os sei anb Wapio |e} 9q ‘epluyap-Waq eANa|od apepljeuosiad euin uioo Wene anb sapepiAna|od ogs odn6 2 eseo ap op Quas OVe WOOD a SepiUyap-WEq seljJWe) se siod *, ,eyuoHien,, 8, ,eUOY,, BP SopeWeYD Jas WEquIe Wapod SalO|eA Slel SEY 12189 9 195 ap eslOUeW e190 9 O|NS@ 01180 ey-OpUEP ‘eI0UEPIS a1 ew WanBuNsip anb soarajoo Sojoquuis Sossap SOWe|e} a -UawJeUOU anb Wisse 9 ‘, ,OBdIPeN,, EALWEYD as OSS! aNd as 1g “seatasaid @ 1epienBsai eLJoduit anb wages odniB op sop 01 anb (,,eu)we} 4p sagdipenr,, sepewweyo Se) SB10}eA 'SaQ08] ‘a1 ‘soyalqo ap 8 ounfuod Wa OUNSAP WN ap eI9pl \y “suNW (09 sesioo sexno Selinw 2 sepepeudosd wo ejeloid as eolsy, eioUBISqNS Je] “seoUgpUEI SPIEL Se ‘e1ueWeIuenbesuoD "9 onBues ouisaul 0 ‘ause9 eWSeW e — elOURISGns eWsoW e wanssod anib seossed ap opimnsuos 9 oajanu nag “sopiuyep aq seu @ Se11a}UO1) WD OpeYda} OdnUB WN |p 2 eNWIe} Pun ep SoqUIaW SOLOS ‘esed WA NO eseO eU ‘O12} 9G sou sot lores grupais, acabam determinando. Quero referir-me ao amor filial ¢ familial que se deve estender pelos compadres e pelos amigos, para quem as portas de nossas casas estao sempre abertas e nossa mesa esta sempre posta ¢ farta Nip A conjungao de tudo isso faz com que nos, brasileiros, tenhamos uma percepcdo de nossas moradas como lugares singulares, espacos exclusivos. Pois cada casa, embora tenha os mesmos espacos e basicamente os mesmos objetos de to das as outras, € diferente delas. Todas sao Unicas, se nao co- mo espaco fisico de morada, pelo menos como dominio onde se realiza uma convivialidade social profunda. Dai a possi dade de diferenciar profundamente a casa ou a morada — 0 prédio — do lar. Mesmo quando sdo residéncias baratas ou casas de vila, construidas de modo idéntico, algo marca e re- vela sua identidade e, com isso, a identidade do grupo que @ ocupa: um pedaco de azulejo estrategicamente colocado préximo de uma janela; um nome singelo na parte de cima da soleira da porta; flores e jardins; a cor de suas janelas e por- tas. Por ser um espaco assim inclusivo e, simultaneamente, exclusivo, a casa pode ter também seus agregados. Pessoas que vivem no domicilio, mas que no so parte da familia. Um parente que veio do Norte em busca de médico ou seguranca psicolégica; um amigo em dificuldade financeira ou crise ma- ‘rimonial; um velho empregado que nao tem para onde ir nem lugar para ficar; um compadre que precisa de emprego € ne- cessita falar com uma autoridade da grande cidade; um amigo que precisa de um santuario para evitar a priséo motivada por idéias e convicgdes politicas; uma mulher que temporaria mente foge do pai ou irm&o para acertar definitivamente sua nova filiagdo social. Até mesmo os animais domésticos po- dem incluir-se nessa definicdo, pois de fato participam do es paco positivo da residéncia, ajudando a conceitud-la de modo socialmente positive ou negative. Nao é 4 toa que falamos que nosso cachorro é mais manso e mais esperto; que nosso 26 gato tem 0 pélo mais luzidio e a preguica mais bonita e gosto- 88, € que nosso passarinho canta mais bonito e mais alto Tudo, afinal de contas, que estd no espaco da nossa casa & bom, é belo e é, sobretudo, decente. Até mesmo as nossas plantas so mais vicosas que as dos vizinhos e amigos. E co mo n&o podemos, por causa de uma proibicdio extremamente moral (aquilo qué:nés, antropdlogos, chamamos de tabu), co mer nossos animais domestics (noto que entre os astecas os ces eram comidos e vendidos no mercado), nem nossas plantas caseiras, eles cumprem uma funcdo estritamente simbélica.. De fato, so criados para diferenciar e no para cumprir qualquer funcao pratica. Assim, so como nés e nos ajudam a estabelecer nossa mais profunda identidade social, ‘como membros indiferenciados de um mundo anénimo e as- faltado onde ninguém conhece ninguém — esse mundo tene- broso da selva de pedra; e como membros diferenciados que residem numa dada parte da cidade e que podem transformar esse local onde moram em algo tinico, especial, singular e ““le- gal’. Tudo isso; repito, que nds diferenciamos como o es- paco do lar. Algd que contrasta terrivelmente com a morada coletiva das prisées, dormitérios, alojamentos e hotéis e motéis, onde nag se pode efetivamente projetar nas paredes, nas portas, no cho e nas janelas a nossa identidade social x. Como espago moral importante e diferenciado, a casa se exprime numa rede complexa e fascinante de simbolos que sdo parte da cosmologia brasileira, isto é, de sua ordem mais profunda e perene. Assim| a casa ¢ ca_um espaco defi tivamente amordso onde a harmonia deve reinar sobre a con fusdo, a competicao @ a desordem) Em casa, Sabemos todos’ = como bons Brasileiros que somos —, ndo devemos com- prar, vender ou trocar. O comércio esta excluido da casa co mo © Diabo se exclui do bom Deus. Do mesmo modo, as dis- cussées politicas, que revelam e indicam posi¢6es individual zadas e quase sempre discordantes dos membros de uma familia, estéo banidas da mesa e das salas intimas, sobretudo 27 62 ‘opuewsyuoo eqeoe ens eu cIUsWELOdWOD CUdo:d ossoL 2 ‘aidwas SoWe)e) “e “eAjes elseU esNjUAre as Wenbje op uenb soujasuoo sowep anb ngj oe ‘siod ‘9 OPN “eula|/Se1q en e 9 anb edueinBasu! 2 apepjew ap oueed0 assap ouudoUe oF IeA Sed eSsOU ap @ aNBueS Ossou ap OSepad LUN OpuENb Ins -sod sou eduesnBiasu! eng “ej09S9 e NO ajleq oe ‘eUeUID oe 41 e1ed ‘294 eslaulid ejed ‘OYUIZOS 1es OssoU oYt), WN opuenb sowezijea1 anb oxejdwdo 8 OANIe JemU-O eISAIe BUO}UOD ‘osoBuied e00| 3 “epeziwe wau ‘oyedse: wau ‘ogde1apisuoa way owe We ‘@}ueWIed1I08) “ey OU end eN ‘anBueS 8 PIN] ap oulUQUIS 9 OUIe! O ‘ade) Wau ALOU Wes soNpIAIpU! CWOS 8 SeSI09 CUD e1eN SoU anb ‘je6a| apepuOIne ens ap oping “LU JeI9JOd 0 WOD O4UOs}UO9 Op OLUSISOMIeU OU ‘1e6N} WNB|e & seBayo as ered epeyuiwied ep s0)e9 ou ‘o1jejse op osBau ou ‘inbe seyy “Sopor Wo9, Sopa) ap seso1oWe 2 sesoiazesd sade] -21 Se 2:13 oSuadsns e1S@ aja apUO ‘Je| OU AND sie ONY) “eS -sed 9 BOA ‘21109 OdWIa} O ‘ORIUA ‘end EN “e}/UYJU! @ exe|dWOD elepeo eWINU OIUAAS e CLUAA OPUeIUBOSA:0e Ze} OS ELIOISIY 2 8 o169)a) ojad opipaw g odway o epuo ‘ens eu ayuawieyseo isa ‘sesaidins @ sezasnp ‘sagdipesjuoo sens wood ‘epiA ep ox “Ny Q *..2PIA ep apeprjess eunp,, e ajuajeninbe 9 ens e anb sow -azip anb Jod eq “sapeiuoA sessou se Sepo} aluaWi}eIUOY) 4eH -41U09 8p 018} OU Ep as epepjan.o eno odedsa ’,,eyeleg,, ap ,,21N),, 8p seBN| Win OWOd ,,en4,, ep SOWE|ey ‘OYe} aq “eAneB -8u aqusWepniu 9 anb oyjeqed ap @ eluepepio ap ogddadu0D ewn e@ 2 ogdeiojdxe @ aiduies ajowies anb 2 sapeplo sessou se eonod anb euewiny ,,essew,, @ — sonpialpul ap sopeino -nuesap sodni6 seuede sows) ens eu sey °,,21U26 essou,, :,,91 -ua6,, OPS B| Sop} a ’,,seossad,, se SOWA} ‘eseD Wy “Se1OPE|aA -01 Ops Seuneled Sy , ,eSSeLU,, ap @ ,,0A0d,, ap SoMeWEYD SoU anb sepiloayuoosep @ sepe!ouaiaipul seossad ap oxny wnu aiduies OAOW AS ens e ‘OL WN CWO *, ,oJUAWIAOW,, AP je90} 9 29 anb sowoqes ef ‘wag gens ep odedsa 0 9 OWoD seyy ‘Opunu op Je|2} 8 1eoydxa “19 ap Sopow ogg “soo)}p:6006 sodedsa sos anb siew ogs ens ae 2 ese9 apuo apepaisos ewnu soWanlA and ap eIUOd sep SoU anb soula} ‘sagsuawuip Sessa sep0) W9IU0D esed e anb sow eaiasqo opuenb ‘48zIp 1enD “opesBayu! 2 oun odnuB oiuenb ua ‘elougninaigos @ apepiun ens e e1ed alueodul! einBy ewinB\e ap OU} Wa epiunai epor eAeisa eyywWeY e aNb WO seIpP Sop apepnes adop ejad sepmuanei 48s wepod elouguedxe 2 ogdeinp elno odwat' wn “sonou siew sop opezneg ojad 8 soy) A Slew Sop a0 ejed opipaw g.anb odway Wir) PUoLUWNIg ap elsaod ejanbeu qwios ‘seden sejad Sopjos09 a sopejzewe sovenai Jod sew ‘soiG9jai od wapew as ogu anb sagseunp. ap ania anb odwa} “00}/019 sew ‘COUISIY @ OU OdwA} o apUO ossealup) “aed @ Opunw wn eUapio ‘sou asjUa ‘esed e AND Je, -uaijes ap opnuas ou @ inbe oven. naw o seyy “ena eseD wa) eusspow apepaiv0s epo) anb o}189 3 “oslay!sesq OpuNW op je!oadse cinta] en gnoud ‘ossi opn id ‘eseo e anb 06 “Iq “oppepio op oyedsas ojad ej@ Woo Wayadwos aidwas anb *eoulgnd ogdensiuiupe e @ ouseno6 o anb op elouguewiad & apepieva siew onus Way ‘sobiue 8 ssiopiAies ‘sopeBa:dwo ‘so.pediuco op opai ens Woo ‘anb 2 a10W OBU anb (es19N!5 -e1q elses e) ogdeJ0d109 ewn ap omedisd o:qWWI Nos “sap -e1UOA 9 Solasep SOLWIJU! Siew snauU SOU OpIda4UOde! NOs 8 op. -n} oyuay ‘oyueLiod ‘eseo w3/en: eu eisixa anb ojuaW!e4yuod -01 ap |e}0} BloUgsTie & WOD aUeUW}aAUIa} B1Ses)UO and eIUeP, epiosadns ep aldadsa ein :jeossad ojuawideyuoses owaidns wn sod opeoiew assoj odedss 0 IJ 8S OWOD ‘Opn ep 41 SOW spod eseo eu an sod waqwe) Jeq “suawoy sojad @ soyjan slew sojad sopipuajep ops sieuoloipen siesow Sei0|en SO apuo “openiesuo osinosip win eidwies siznpoud ap erouspuar ewn aisixe “euioseig ele; ep oBipgo OU 8 esed We ‘anb 10d 1eq _/SOus\IenpIAIpul @ SepePIIENPIAIpu! AP jn49 orewIUOUe ojed 9 opdnadwioo ejad *,,ein},, ejad epaw as anb s0VeIxe opunu oF. eni @ 8 (wapisei ye anb Seossad sep sagiuido ap 9 elougisqns ‘9p epepjenbi e ejanoi 1029 ofn9) 401/91U! Nas © aNuE Sopenis anb 0 Sod ‘eseo ep sleui6sew sied0} ‘siejuinb 9 sepuesen-seu aluausei90 Was0OSUEN 'SIEARYIABU! OBS ej ag “~SOLeNb Sop nossas piores e mais sombrias profecias, estamos no reino do engano, da confusao e do lagro. Local onde ninguém nos res peita como “gente” ou ‘‘pessoa’’, como entidade moral dota- da de rosto e vontade. Arua compensa a casa e a casa equili bra a rua \No Brasil, casa e rua s40 como os dois lados de uma mesma moeda. O que se perde de um lado, ganha-se do ou- tro O que 6 negado em casa — como 0 sexo e 0 trabalho —, tem-se na rua Nao creio ser necessario chamar a atencao pa- ra 0 fato significativo de que, em nossa classificacéo de even tos, relagSes e pessoas, a casa e a rua entram como um eixo dos mais fundamentais. Assim, se a mulher é da rua, ela deve ser vista e tratada de um modb. Trata-se, para ser mais preci- so, das chamadas mulheres da "vida", pois rua e vida formam uma equagéo importante no nosso sistema de valores. Do mesmo modo, se a discussao foi na rua, entdo 6 quase certo que pode degenerar em conflito. Em casa, pode promover um alto entendimento. Também falamos que comida de rua & ruim ou venenosa, enquanto a comida caseira é boa (ou deve ser assim) por definigdo. Até mesmo objetos e pessoas, como criangas, podem ser diferentemente interpretados caso sejam da rua ou de casa Por tudo isso, 0 universo da rua — tal como ocorre com o mundo da casa — é mais que um espaco fisico demarcado e universalmente reconhecido. Pois para nés, brasileiros, a rua forma uma espécie de perspectiva pela qual 0 mundo pode ser lido e interpretado. Uma perspectiva, repito, oposta mas complementar — a da casa, e onde predominam a des: confianga ea inseguranca. Aqui, quem governa no é mais 0 pai, 0 irmao, 0 marido, a mulher e as redes de parentesco & amizade que nos tém como uma pessoa e um amigo. Ao cantrario, 0 comando é dado a autoridade que governa com a lei, a qual torna todo mundo igual no propésito de desautori zar e até mesmo explorar de forma impiedosa, Todos sabe mos, por experiéncia respeitavel e profunda, que'na rua n3o se deve brincar com quem representa a ordem, pois naquele 30 espaco se corre o grave risco de ser confundido com quem é ninguém’. E entte ser alguém e ser ninguém hd um mundo no caso brasileiro. Um universo ou abismo que passa pela construgao do espaco da casa, com seu aconchego e sua re de imperativa de relag6es calorosas, e 0 espaco da rua, com seu anonimato e sua inseguranca, suas leis e sua policia. D: por que, na rua, tendemos a ser todos revoluciondrios e revol tados, membros destituidos de uma massa de andnimos tra- balhadores Mas, além disso tudo, a rua é espaco que permite a me- diacdo pelo trabalho — o famoso “batente”, nome jd indicati vo de um obstaculo que temos que cruzar, ultrapassar ou tro- pecar. (Trabalho que no nosso sistema & concebido como cas-_ ido, pois a palavra deriva do latim «ripalia~ _ que Si ar com 0 tvjpalii., insicumento- que_na— Roma Antiga, era um objeto _de tort tindo_numa especie de canga usada para supliciar escravos. entre a casa fonde nao deve haver trabalho e, curiosa e erroneamente, no tomamos 0 trabalho doméstico como tal, mas como “‘ser- vico"’ ou até mesmo prazer ou favor...) @ a rua, 0 trabalho du 10 é visto no Brasil como algo biblico. Muito diferente da con- cepedio anglo-saxa que equaciona trabalho (work) com agir © fazer, de acordg com sua concepeao original. Entre nds, porém, perdura a tradicdo catélica romana e nao a tradicao reformadora de Calvino, que transformou 0 trabalho como castigo numa aco destinada a salvacao. Mas nés, brasileiros, que néo nos formamos nessa tradicdo calvinista, achamos que 0 trabalho 6 um horror. Nao € a toa que 0 nosso pantedo de herdis oscila entre uma imagem deificada do malandro (aquele que vive’na rua sem trabalhar e ganha o maximo com um minimo de esforco), 0 renunciador ou o santo laquele que abandona o trabalho neste e deste mundo e vai trabalhar para © outro, como fazem os santos e lideres religiosos) e 0 caxias, que talvez ndo seja 0 trabalhador, mas o cumpridor de leis que devem obrigar 0 outros a trabalhar... O fato é que néo temos 31 ee suapiosep a sagsnjuoo sapues6 ap eu ad gos sopipunjuoo Jas wapod ogu s9ja enbuod epule 3 "eseo eu elougpunge Wwe ajsixe ens eu eyje} anb o anbiod opmaiqos apepljiqe!oos essou eu SoWE|NOIIO Sienb Sop serene sodIseq sodedse SO WeWO; End 8 esed ‘soyIdse @ sosnap WepIsel ep -uo ‘,,OPUNW O11NO,, OP odedse ojad sepejuoWaldwioD seque opuas 2 auaweninW 2s-opuesuadwiog “sepepljesow a saQde| 1 ‘seossad ‘sagde 3140s 1Ipioap 8 selene ‘wIpaLs ‘wedyISseIO ‘4e6jn! apod as apuo ap sodedse wWEquie) OBS “sodIS!} S190) anb SIC! OgS end 8 BSED ‘SOLUIA OWOD ‘@pUO 3 “SeX9IGLO OB gs ens 8 eseo asjua sagdelpaw se apuo ewejsis WNu epIpUny Uo9 Boy OYjEe: ep oedda0U09 e anb 9 ‘w910d ‘o1e) O en B WOd euN)sILL as BSED e OPUEND 181090 @Aap OL -09 |B “Opigaquie s8/9U no ‘je10W Oe 8 CONJJod oe OpeUIpI0G NS F158 OOIIQUODA © BpuO OYIEGeN ap ORdE|a! ap odn Asse e sopelsosse ogisa anb sewesp ap oiun{uoo win opueuo aidwas asenb ‘eo1uiguose alueweind ogdejai ewn Woo enedwis 2 we ApeplUNu! ap sie10W SagoeIe! JIPUNJUOS OPUNIWad ‘eyLEWeB hue ap Sed ep SOAeIOSa Sop oRdENTIS EWSAW e Waredal Sejo ‘opdemys eSsaN “oYjeqen Oo :opdIUyap Jod opIueG eISe ‘eseD wa ‘anb ojinbe wezijeas.’seqned snas sop seseo seu opuania ‘anb seossad ogs sienb se ’, seonsgwop sepeBasdwa,, sepew eyo sep 0.9 — epepmsa oonad epule 4A Nau e a exajdioD ounw — eonewajqoud essep ose[o slew a ooldn stew oseo O opeBaidiue-ogned ogoe|as & seosn4o © apual ‘o!019W09 OU 9 sesaidua Seuanbad seu opnyaiqos @ ‘sosed soynW We ‘anb sieossad segdejau Sep apepijesows e exed ejade siod ‘sopeBa:d la sop SaQdeoIpuIAla!, se 4e|0;1UD apod @ ‘oBeidwa o Bde) 240 wanb 9 siod ‘oujeqent 0 1eusaA0b epod wisse a[3 “ogden, 1s ep 9[011U09 o|dnp s8018xe ogned oe a1tWJ9d @ opeBaidwia © apunjuco anb o ‘apeziwe @ eneduiis ap sleossad sode| woo poiuuguooe ajuaweind ogdejas Ewin soweinsiw afoy are and seqde)91 Sens 2 OYjeqe ap sagddaougo sessou Se OPOW |e) @P naqaquia oss! anb oles) “sie!90s Sepewed sesuanip opulbune ‘8 sagsuauuip SeINW We as-opueZI|e}0} ‘IEW Oe ODI1UIQUODe op 1eA opdeja) e inbe sidg “OANNpoud janlu We SepnueW WE8!s ap sleOyIp OVINW ‘seIsijesdse so WazIp '@ Seped!jdwoo OLS sagde|a! Sessj ‘A808 OJad |e! jenesuodse! OUSEW ge 9 uop opuas ‘oujeqes op Jopeiojdxe wn anb slew 9 ‘e1e19 onesose ewialsis Linu ‘opNed Q ‘Opo} WN OWOS apepaloos e aquelad ouop 0 auejuasaidas nes e18 Seu ‘OxINO Op OYjeqen © enein wn gs ogu apilo [esow ogdeja1 ew waquie) sew ‘CO wiguosa seuade obje 219 OBN “SepIPUNjuod aluaweanluyep weieoy sopeBaidwa 2 sagied aqua sagdeja: Se ‘OAeJ0SE OUl eqen ojed opeosews aiuawar.0} Of) ‘eWlOIs!s OSSOU ON “Ogu ‘nb ouejo 3 {sew Se WOD JeYjeqen WeIpsd Wou end e Weles ‘ogu sayuadep seossad se apuo @ SOAes0SA eINeY PIP ONO gLe ‘anb wa epepaisos ewnu opal O1jNO ap 18S euapod sey ‘oxajdwod o1!nw oBje ogs O4jeqes) O10 ens @ eseo on, uo opderpaus esse 8 sodedsa sasse ‘squ eed “epepluBIp seyU -e6 9 sa0anbuua a]uaWweyseuOY apod as aPUO S!E90| ORS OYJEG en 0.@ ens eanb ap eldpl e Wau ‘JopeYjeqes) Op Ofded!JO|G d A ilusdo das relac6es raciais “ee op sieloes $eu1081 sep 01xa1U09 ou ‘anbsod opunjoud ooYOquiis 9 0o169|0190s opnuas Wn wai j1uoIUy ap eseyj e anb oBIq ‘seoe) ap ed/69|0!sy opisenb esaw ewn ep e6u0) oynwi/ wera} sou “4inBos & SOWAIaA aLIOJUOD ‘sea 3 'SeONyJOd a sie! sagde9 \dw! sens se sepoy opuelepisuod ‘sope|e@n sopnuas snas SOU Opssaldxa essa JeWO} OUeSsadeU elas ‘JISe1g OU WAISIxe anb sieioes sagdejai sep jeuibuo @ epunjoid slew opsusaid woo WN 191 eulenb as oseo ‘anb osued ‘apepsen en ¥S09 1899 S09159|0100s sovey ap slew ONL zIp ej2 Oye} ap OpUeNb sje10e3 @ ODIBoIO1q OUELUQUA, LUN e a,LALWEAIsnjOxa eLA}O! os anb ofje ‘ei9| ep ed ob eAnewiye ewn ejaU WeJIA selasda91Ut snas So Sopoy asenb anb 3 “epipuaqua jew ‘apepioijdusis Woo. sepejey ops anb sepunjoid sesioo se WO a0a,uode aides owod 10} asey) y FSoIBINWI So eIed OseTEd Wn S SooueIG ao eT 5 eee TpTEBInd win “sosBou sO wed OUJEjU! Wn 9 [SEG O NEAe1NSO @ 'SOALISE 8 SAJOYUAS @/1UA EPIPIAIp epepaloos EU! -nu eluessaiaqu! obj naqaoiad juoIUy “II|AX O1NDES ON momento, ela é no minimo contraditéria. Realmente, ndo custa relembrar que as teorias racistas européias e norte americanas nao eram tanto contra 0 negro ou 0 amarelo (0 indio, genericamente falando, também discriminado como in ferior), que eram nitida e injustamente inferiorizados relative mente ao branco, mas que também eram vistos como: donos de poucas qualidades positivas enquanto “‘raca’’. O problema maior dessas doutrinas, 0 horror que declaravam, era, isso sim, contra a mistura ou miscigenacao das “‘racas”. E certo, diziam elas, que havia uma nitida ordem natural que gradua- va, escalonava e hierarquizava as “ragas humanas’, confor- me ocorria com as espécies de animais ¢ as plantas; é certo também, afirmavam tais teorias, que 0 branco se situava No alto da escala, com 0 branco da Europa Ocidental assumindo indiscutivel posic&o de lideranea na criacdo animal e humana do planeta. Mas era também seguro que amarelos e negros ti- nham qualidades que a mistura denegria © levava ao ex terminio. Saber por que tais teorias tinham esse horror 4 mis cigenacao & conduzir a curiosidade intelectual para um dos pontos-chaves que distinguem e esclarecem o “‘racismo a eu- ropéia” ou “a americana” e 0 nosso conhecido, dissimulado e disseminado “racismo & brasileira’ Tome-se 0 exempio mais famoso dessas idéias, 0 Conde de Gobineau, que, inclusive, residiu no Rio de Janeiro como cénsul da Franca e se tornou amigo e interlocutor intelectual de nosso Imperador, D. Pedro Il. Ele diz claramente, num livro célebre pelas idéias racistas e pelos erros no que diz respeito & ‘Antropologia das diferenciagdes humanas, que é possivel di vidir as “racas"” de acordo com trés critérios fundamentais: intelecto, as propensdes animais e as manifestacdes morais. No curso dessa obra, significativamente intitulada A diversi dade moral e intelectual das racas (publicada em 1856), Gobi neau, entretanto, nao realiza um exercicio simplista, no sent do de dizer que a “raga” branca era superior em tudo. Ha muita inteligéncia nos preconceitos @ nos autoritarismos 38 Muito ao contrdrio, a0 comparar, por exemplo, brancos e amarelos no que diz respeito as suas “‘propensées animais"’, ele situa os primeiros abaixo dos segundos. Quem nao se sal- va, porém, como infelizmente acontece até hoje na nossa so- ciedade, s4o os negros, sempre e em tudo situados abaixo de brancos e amarelos Mas onde Gobineau realmente excedeu a si mesmo e ou- sou com confianca inusitada, mesmo para quem estava im- buido de uma ideologia autoritaria de sua propria superiorida- de, foi na previsdo de que o Brasil levaria menos de 200 anos para se acabar como povo! Por qué? Ora, simplesmente por- que ele via com seus préprios olhos, e escrevia revoltado a seus amigos franceses, 0 quanto @ nossa sociedade permitia a mistura insana de racas. Essa miscigenacdo e esse acasala- mento € que 0 certificavam do nosso fim como povo e como processo bioldgico. Seu problema, conforme estou revelan- do, nao era a existéncia de racas diferentes, desde que essas “racas” obviamente ficassem no seu lugar e naturalmente no se misturassem. Gobineau, como se vé, foi o pai, ou me- Ihor, 0 verdadeiro genitor de um dos valores.mais caros a0 preconceito racial de qualquer sociedade hierarquizada Refiro-me ao fato de que ele no se colocou contra a hierar- quia que governava, conforme supunha, a diversidade huma- nano que diz respeito aos seus tracos biolégicos, mas foi ter- minantemente gontrario ao contato social intima entre elas) E é precisamente i$s0, conforme sabe (mas ndo expressa) todo racista, que implica a idéia de miscigenacdo, jé que ela impor- ta contato (e contato intimo, posto que sexual) entre pessoas que, na teoria racista, sdo vistas e classificadas como perten- cendo a espécies diferentes. Dai a palavra, Amnulato”, due vem de mulo,o animal ambiquo _e_hibrido por excel a? aquele— ‘que é incapaz de reproduzir-se enquanto tal, pois é 0 resulta- do de um cruzamer renciados. Mas, no seu horror a0 mulatismo e a0 contato intimo e 39 ntre tipos genéticos alamente

You might also like