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4 Pesquisande. atrapalhando a sequéncia de seu pensamento, As vezes, @ pesquis® exige que determinados pontos sejam Neceesariamente investigados, portanto, deverse Prepare’ ee ‘roteiro de perguntas basicas © deixar o aeesvstado falar livremente a respeito das questOes propostes E 0 caso de um estudo sobre trabalho Sefantil no qual & importante saber quando a crianga comeyo¥ 8 ‘rabalhar, que tipos de trabalho ja fez, sob que condigées, etc. comum empregar-se as duas técnicas, isto ¢, © entrevistador faz algumas perguntas pré- estabelecidas ¢ permite que 0 entrevistado fale Livemente de feme® ‘de sua preferéncia. Como se pode ver, So entrevistas longas, nas quais a empatia “nnevistador-entrevisiado é fundamental. O ideal ¢ que Steevista seja gravada; no seado possivel, € preciso rexistré-la da forma o mais fiel possivel ‘Keontecimentos, impressbes gerais, reflexGes, sentimentos © femoydes relatives & situaglo da entrevista devem ser registrados no diario de campo. “Fremplo 23~ Historia de vida A vida no internato “Emuma pesquisa com joven eresss de instiuigds para meneres St cempregada a técnica da Em uma peg para ber como o interno via vveneiavso ntemato Fetse deum “ter verde enrevit, com quesdesreativs a vide no interna, & saida da instituiggo, & ie he trabalho, 4 crminaldade, et. (Altoé, 1993). O relate €¢ entrevistada de 31 anos tie, no momento da enrevsta era Seoretria de ume grande estatal, mostra como a internaqao e PS que esi raz marcaram a su vida seu rlacionamento Com 8S pessoas: siacho que a msioria das pessoas acha que todo mundo do coléaio iets 6 assim, € ruim. E at teatam a gente, acha que 2 gente ¢ ladrona, sea. ‘Mas também se acontece alguma coisa ali no ‘reio,algum roubo, alguma coisa, se eu ivesse, 60 acho due A ‘achar que fui eu, entendeu? Parque eu acho que ees pensam que colegio iatemo ¢ eget de ladrao. Entio eu tinha muito core eae acho querme afastava também das pessoas” (chara). (° 73) “Exemplo 24 - Historia de vider Da casa para a rua ‘Asada de casa para vivere trabalhar nas nasa partir de historias de vida de meninos e meninas de Gola foi o foco de uma pesquisa com o objetivo de analisar os motivos que os levaram fuscar esta “saida”, Nas entrevistas com familias e ciangas, UT frase se repetia: “cada caso é eso”, Para o autor, esta fase ressalta “a intratavel ‘diversidade da experiéncia” e, com ela & um Cestraditéria riqueza. A expresso raduz a percepelo d singularidade dos casos, tal coro san co ivenciads. Embora cada uma das historias sea diferente da outra, hi no conjunto eas Sivas um “peri dramatico comum’ — “um conjunto de ‘variagdes em torno de alguns femes bisicas” (Vogel, Mello, 1991, p.143). Portanto, mest ‘rabalhando com um pequeno fripo, ahistria de vida permite um eprofundanen® ‘dos temas, a ponto de poder estabelecer ivrapalardades ecertos padroes na dinkmica das relagbes pessoas e sociais. 3.2.5 Observagdo e observacio participante Uma observagdo cuidadosa de fatos © comportementos proporciona dados nfo verbals relacionados com o tema de estudo. £ possivel avaliar fatores ido cotidiano que tém relagdo com @ entrevista ou questionario, ajudando # situar as ptiticas em seu contexto cultural, de forma a se tornarem Compreensiveis, propiciando, assim, capacidade Pars futuras intervengdes no ambito da pesquiss- A seguir, algumas referéncias para facilitar a realizagéo das tecnicas de observagao durante visita auma familia. 's Como as agdes do entrevistado se comparam com o que cle est éizendo? © Qual a relagiio entre os membros observados? pré- ver, wea ivel. vista rerbais com @ narem - visita ' : i } i | Gapitalos } © Quais 2s condigdes gerais da vida familiar ou comunitiria? Como é feito 0 uso do espaco, 0 significado da postura corporal e gestos, tom de voz, contato fisico, contato visual, e outras observagdes que considerar pertinentes. (Scrimshaw, Hurtado, 1987) A observagio, no entanto, é uma técnica limitada devido a impossibilidade de percepgado de fenémenos. Isso ocorre devido a intensidade, 2 profundidade e ao direcionamento da observagio que esto limitados pelas caracteristicas peculiares do observador ¢ do objeto observado. Quando niio ¢ possivel criar condigdes que permitam ao pesquisador presenciar o processo no qual est interessado, € necessério recorrer a testemunhos escritos ou depoimentos de terceiros. Dessa forma, consultar atas de reunides, arquivos, discursos, etc., sdo também outras formas de observar. O pesquisador pode classificar ‘0s dados observados, comparé-los ¢ sistematizé-los. A observagdo participante uma técnica de pesquisa que pressupde 2 nfo neutralidade do pesquisador em relaco ao objeto de estudo. O pesquisador procura, através dessa influéncia, integrar-se 120 grupo estudado a fim de cbter mais informagOes sobre os fendmenos, por estar vivenciando juntamente com 08 sujeitos pesquisados as situagGes do seu dia-a-dia_ Na observagdo participante, o pesquisador observa e participa do contexto sécio-cultural de um grupo ou comunidade. O simples fato de andar pela comunidade poderd proporcionar dados que nfo se obteriam de outra forma, e que contribuem para a compreensio do cotidiano de uma comunidade ou grupo. E possivel, ainda, comparar dados observados com os coletados durante a aplicago de entrevistas ‘ou questionérios. Quanto ao modo de participagao nas atividades de criancas, Bogdan ¢ Biklen (1994) alertam que elas apresentam um desafio especial em termos de relacionamento com o adulto, conforme 0 exemplo a seguir, € que os observadores tém obtido graus varidveis de sucesso ao pesquisarem 0 universo das criancas. ‘Exemplo 25 - Observacdo participante Observando criangas Uma observadora estudou grupos infantis do 1°. ano do primério, participando, brincando | agindo como as criangas, enquanto trabalhavem e brincevam. Ao fazer isso (fazer desenthos, jogar) e 20 abster-se de “aludé-los”, achava que as criancas passariam a agir com mais ‘aturalidade & sua frente. Outro observador, 20 estudar outra escola, achava que as suas conversas com as criangas ficavam sempre afetadas pelo fato de o perceberem como um adulto e consequentemente, uma pessoa de fora. Teve de passar a fazer coisas diferentes para | conseguir entrar no mundo das criangas (Bogdan, Biklen, 1994). | s autores citados, concluem que os adultos tém em geral uma dificuldade em levar criangas a sério, dadas as atitudes culturais, como a tendéncia de conduzir'as conversas que tm com elas. As crigas poderdo “olhar” para os adultos procurando aprovaco ou, ainda, com inibi¢do. Esses fatos devem ser considerados para compreender os dados colhidos. A rela¢do com criangas, no entanto, deve set amigavel, ndo deixando tansparecer a figura de autoridade (adulto). E possivel, dessa forma, que elas ‘Sccitem o investigador como membro de sett grupo. Alves-Mazzotti e Gewandsmajder (1998) afirmam que a importincia atribuida a observagdo participante se deve & valorizagdo do instrumental humano, isto 6 a sensibilidade e o preparo do proprio observador*. ____A seguir, citaremos algumas “descobertas” sobre questées priticas que a observacdo participante ‘Suscita, feitas por um pesquisador norte-americano”: pes eee 4. -Parao aprofundamento da questio consultar Mazzotti-Aves e Gewandeznajder, 1998, $e Pesquisa reatizada nem bai italiano de uma cidade americana, nfo ctada no artigo, O texto fi publicado em Chicago no ano 8 1943, por Foxe, 1990, da Escola de Chicago, Pesquisando.. ‘As “descobertas” de um pesquisador “Sobre a insergao na vida do Bairro: “A principio minha preocupacao fo integrar me 6% ce le, reais tarde no entanto tive que encarar o problema do meu nivel de insercho ni vida cobain” (.) Tentando penetrar no espirito de uma conversa trivial deixel escapar wns série Jo Coecenidades e palayrdes. A caminhada foi interrompida quando todos pararar Para Te de mdo ude cos esa pais ister 5ito sudo num 3 nas Capitulo 5 Tipos de amostragem mais utilizados'* ‘© Aamostragem casual: Este tipo de amostra consiste no sorteio das pessoas, o que determina chance igual para todas. A amostra casual (ou probabilistica, ou aleatéria) possibilita a cada membro da populagao igual oportunidade de fazer parte da amostra. Para isso, todos os ‘membros da populagdo devem ser identificados antes da amostragem. Isso é muito dificil de se conseguir com uma populardo muito grande. O tipo de amostra aleatéria (casual), amostra casual simples, nao difere da técnica to conhecida de escrever o nome de cada um num pedaco de papel e, de olhos vendados, extrair apenas alguns nomes. Esse procedimento da a cada membro a mesma possibilidade de ser selecionado. Pode-se utilizar uma tébua de nimeros para ajudar na escolha dos sujeitos, a partir do momento em que se atribui a cada pessoa, um mimero. Na tébua de niimeros escolhe-se aleatoriamente por onde se vai comesar e segue-se até atingir o mimero de sujeitos da amostra, © A amostragem ndo-casual: Trata-se da selecao de um niimero de pessoas proporcional importincia das categorias que elas representam no conjunto, isto é, se as mulheres representa um total de 48% da populagdo, uma amostra de individuos em que o fator género é relevante deve manter esta porcentagem de mulheres na amostra. A amostra néo casual (ou por quotas) mais conhecida como amostragem acidental, difere pouco dos métodos empregados por nés no nosso dia-a-dia, pois os sujeitos so, de certa forma, escolhidos pela conveniéncia do pesquisador. Por isso se tem um nivel de generalizagao Pequeno, pois ndo contempla o universo da populagdo que se quer estudar, mas pode mostrar alguns indicadores sobre a mesma. Algumas caracteristicas da populagdo tais como idade, sexo, classe social ou etnia so amostradas na mesma proporgdo em que figuram na populago. Um procedimento também utilizado é a amostragem por julgamento ou conveniéncia. O senso comum ou um julgamento equilibrado pode definir a representatividade de uma amostra como, por exemplo, escolher um bairro que geralmente elege o candidato oficial numa tentativa de predizer o resultado de uma elei * A amostragem por aglomerados: E aquela em que se parte de uma selecdo aleatéria de pessoas representativas do grupo em estudo com potencial para fomecer informagées confidveis sobre toda a comunidade ou grupo. Aplicam-se questionérios a cada um deles e as pessoas que estdo a0 seu redor ou indicadas por eles. Este procedimento difere da amostragem casual, pois no possibilita a todos a chance de participar da amostra, e difere ainda da amostragem nio casual por ndo se caracterizar como uma sele¢do feita de acordo com a conveniéncia do pesquisador. ‘A amostragem nos evantamentos pode assumir diversas formas, em fuungao do tipo de Populagdo, sua extensfo, etc.. Com 0 auxilio de procedimentos estatisticos, é possivel calcular até mesmo ‘a margem de seguranga dos resultados obtides'”. A coleta de informagdes equivocadas ocorre quando a amostra no representativa. Por exemplo: para saber a quantidade de alimentos armazenados num determinado vilarejo, pesquisa-se as casas de uma parte desse vilarejo. O local escothido pode ndo ser tepresentativo da totalidade pelo fato de seus moradores serem mais ricos ou mais pobres do que a média. (FAO, 1995) tamanho da amostra vai depender do tamanho da populagdo. Existem férmulas matemiticas Para chegar a esse nimero, no Capitulo 4 deste guia vocé encontraré referéncias para este estudo, Pode-se proceder da seguinte maneira: ao estudar quantas criangas abaixo de cinco anos estdo desnutridas, destaca-se o nimero de criancas a serem avaliadas. Identifica-se o miimero de criangas abaixo de cinco anos e seleciona-se, aleatoriamente, as que deverao ser pesadas e medidas. No caso de uma opulagdo pequena, deve-se trabalhar com o nimero total de sujeitos. ae am saber mais sobre os vio tips deamon © qundo tics ver Sli, 197, 1991 15 al I | | Pesquisande. vvirias possibilidades de definir 0 nimero de criangas @ 52° No exemplo sbaixo, demonstra-se 2s é snvestigado, desde @ popula total até a porcentagem de 209% da populagao de criangas: : i Said | sade das eriangas : Wamero de pessoas | Crianas na Criangas a medir Casas a visitar . uma comunidade | _comunidade 100, [ 20 20 I rodas 500 I 100 100 | todas 1000 t 200) 200 1 todas 2000 400, 200 ead das cases 5000) I 1000 200 [cada cinco casas Fonte: FAO. 1995 ‘Emm outro exemplo de amostra numa comunidade, os pesquisadores selecionaram 20 familias, sendo 0 denominador comum entre clas o fato de receberem ¢ leite doado pela LBA (amostra por faalomerado). © critério utlizado foi o de “maior ‘caréncia”, € dentro desse critério os pesquisadores saloon que este grupo tinha representatividade. Isso é possivel devido a pesquisa optar por tm SSterio qualitative, sendo objetivo da investigagdo, neste eno, © levantamento de problemas relativos & crieje mental e alternativas de atendimento na comunidade (Pereira, 1990). ‘Ao trabalhar com amostras maiores,cita-se 0 exemplo a seguir: eae eee ete ett ta ee Fxemplo 29- Amastra (0s trabalhadores invisiveis ‘Ne pesquisa realizada pelo Centro Josué de Castro de Recife denominada “Os trabalhadores aes Grangase adolescentes dos Canavias de Pernambucc > ‘definiu-se uma amostre dt invisives can trabalhadoras nos canavis c 300 criangas nao tabalhaderas, 28° grupo de

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