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Anélige Peicologien (2009), 1 (XXViI): 99-108 Satisfacao sexual feminina: Relacao com funcionamento sexual e comporta- mentos sexuais A satisfagiio sexual & um dos Factores psico- logicos mais avaliados na area das disfungdes sexuais (Cardoso, 2003; Davis & Petretic~ Jackson, 2000; Pechorro, 2006). Todavia, da revisio da literatura relacionada com o tema conclui-se que existe uma falta de consenso quanto & definicdo © & operacionalizagio do conceito, que se revela nas diferentes conceptua- lizagies te6ricas de satisfagao sexual € nas diferentes metodologias de avaliaga0. DeLamater (1991) propie a definigo de satisfacdo sexual como o grau no qual a actividade sexual de uma pessoa corresponde aos seus ideais. 4 Davidson, Darling, ¢ Norton (1995) consideram que o sentimento de satisfac com a vida sexual esta intrinsecamente relacionado com as experiéncias sexuais passadas do individuo, expectativas actuais, ¢ aspiragdes futuras, Pinney, Gerrard, ¢ Denney (citados por DelLamater, 1991) identificaram duas dimensdes: satisfagdo sexual geral (relativa a satisfagao da mulher com os tipos ¢ frequéncia dos seus ‘comportamentos sexusi isfagio com 0 seu companheiro. A satisfago teria, entio, uma componente pessoal e uma componente interpes: (*) Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, (#) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, PEDRO PECHORRO (*) ANTONIO DINIZ (**) RUI VIEIRA (*) soal. Em qualquer dos casos dependeria dos desejos da pessoa por determinados tipos ¢ frequéncias de actividades sexuais, ¢ tipos © comportamentos de companheiros. Numa dada relacio, o casal desenvolve um dado g dofinido como uma sequéncia de comporta- mentos especificos que coito, Uma vez criado, o guido tende a ser seguido cada vez que 0 casal tem actividade sexual. Para estes casais, a satisfagdo depende de 0 guido permitir a quantidade desejada de prazer sexual, desejo de dada pessoa se envolver certos tipos de comportamentos ¢ experienciar de prazer depende da sua experiéncia sexual passada, que permite a comparacio a um padto. Em geral, a satisfagdo sexual tem sido positi- vamente relacionada com a satisfagao conjugal Os homens e as mulheres que relatam estar satisfeitos com os seus relacionamentos conju- gais também relatam estar satisfeitos com os scus relacionamentos sexuais (Reiss & Lec, citados por DeLamater, 1991). Todavia, foram cencontradas diferengas entre homens ¢ mulheres no que diz respeito as causas imediatas da insalisfagio sexual (Hatfield et al., citados por DeLamater, 1991) que aparentemente tendem a esbater-se com a idade: para as mulheres, a qualidade emocional das interacgdes. sexuais sexual, wualmente levam 20 tos, 99 parece ser a influéncia mais importante nas suas avaliagdes do relacionamento sexual, indicando que as mulher mais amor, af rrinho; para os homens, a quantidade da actividade sexual ¢ mais importante, dado que os homens que se declaram insatisfeitos querem mais frequéncia ¢ variedade de actividades sexuais. Scguindo a linha de que a satisfagdo sexual nas mulheres implica mais do que frequéncia de actividade sexual ou de orgasmos, Jayne (citacla por Davis & Pettetic-Jackson, 2000) procurou explicar porque € que as mulheres tém mais frequéncia de coito do que de masturbagao. Esta autora atribui tal & componente intima do coito, apesar do facto de 0 orgasmo ter menos probat lidade de ocorrer durante 0 coito © de que os ‘orgasmos coitais sdo tipicamente menos intensos do que os conseguidos através de masturbagio. Jayne (citada por Davis & Petretic-Jackson, 2000) conclui que as taxas de satisfagdo com a actividade sexual no sio dependentes da quantidade ou da intensidade do prazer derivado dos orgasmos. Em vez disso, parece que muitas mulheres relatam ter maior satisfagdo sexual através da intimidade com os companheiros (i.c., os aspectos emocionais ¢ interpessoais da actividade sexual), mesmo que tal no inclua 0 prazer orgs fagdo sexual pode resultar de dis- fungdes sexuais na propria pessoa ou no companheiro, ou pode existir independentemente de disfungdes. E possivel © até relativamente frequente encontrar mulheres que querem ter actividade sexual, ficam excitadas, tm ongasmo, € mesmo assim se sentem insatisfeitas (Jehu, citada por Davis & Petretie-Jackson, 2000). Foi precisamente nessa linha que a C1D-10 (1992) introduziu o diagnédstico de falta de prazer sexual, que possibilita a categorizagdo dos casos clinieos em que homens e mulheres, apesar de passarem sequencialmente pelas virias fases do ciclo de resposta sexual, referem uma auséncia de prazer Subjectiva, Na Conferéncia para o Desenvolvimento de Consenso Internacional sobre Disfungie Sexual Feminina (Basson et al., 2001) foi proposta a criagao da categoria diagndstica perturbagao da satisfagio sexual, que seria aplicada as mulheres incapazes de alingir uma satisfa subjectiva apesar de terem desejo, excitag io sexual 100 forgasmo adequados. Devido a dificuldade em incorporar tal eventual perturbacio na moldura nosolégica existente, em detinir eritérios iagnésticos claros, ¢ a auséncia de evidéncias epidemiolégicas ¢ clinicas consistentes, acabou por nao haver acordo quanto a criagao da categoria diagnostica de perturbagio da satisfy Vejamos alguns estudos que avaliam a prevaléncia de insalisfaedo sexual e que tentam clarocer a rela disfungdes sexuais. Heiman, Gladue, Robert LoPiccolo (1986) compararam casais aceites para terapia sexual com casais da populacio normal dos 16 aos 69 anos, evidenciando que os problemas sexuais e a insatisfagdo sexual podem ser visios como distintos ¢ independentes, dado ue iniimeras pessoas da populago normal que se afirmaram sexualmente satisfeitas foram na verdade diagnosticadas como tendo uma disfungao sexual. Nettelbladt ¢ Uddenberg (citados por Dunn, Croft, & Hackett, 2000), numa amostraaleatiria de homens succos casados, ¢ Shahar et al. (citados por Dunn et al., 2000), numa amosira de utentes de uma consulta de eliniea familiar, nio conseguiram demonstrar uma associagao geral cenire problemas sexuais ¢ insatisfagio sexual, concluindo que a satisfagio sexual do casal estava relacionada com a sua relagdo emocional endo com a sua fungio sexual. Snyder e Berg (1983) chegaram & mesma conclusio através de uma amostra clinica de casais com queixa de disfungdo sexual, tendo ores demonstrade que, apesar das fungdes serem frequentes tanto em homens como em mulheres, nenhuma das disfungdes sexuais das mulheres e apenas a ineapacidade gjaculatéria dos homens durante © coito se relacionava com a sua insatisfaglo sexual. A insatisfagio eorrelacionava-se sim de forma forte «em ambos os sexos com a falta de receptividade do companheiro actividade sexual, ¢ com a Daina frequéncia de eoito. Na direcgio oposta, Frank, Anderson, ¢ Rubinstcin (1978), a partir de uma amostra no representativa de 100 casais ameri analisaram a relagdo entre a satistag cexisténcia de problemas sexuais. No caso das mulheres pode-se coneluir que quanto mais disfungdes e dificuldades afirmavam ter € estes a acreditavam que os maridos tivessem, mais sexualmente insatisfeitas estavam; no caso dos homens essa tendéncia nao atingiu resultados eslatisticamente significativos. Kilmann etal. (citados por DeLamater, 1991) cencontraram uma associagdo entre a sexual ¢ um aumento da inci disfungdes sexuais, evidenciando que os casais ccom disfungao sexual tinham mais probabilidade atar insatisfagao relativamente 9 sexual que os casas normais. Tamb Laumann, Paik, ¢ Rosen (1999), num trabalho sobre a prevaléncia ¢ os preditores de disfuncio sexual nos Estados Unidos, demonstraram uma forte associagao entre disfungao sexual ¢ a insa- tisfagio emocional fisica, demonstrando que © 0 da exe tagdo nas mulheres, ¢ a disfiangao eréctil eram os quadros clinicos mais fortemente relacionados com a insatisfagao. Hawton, Gath, Day (1994), numa amostra alcatéria retirada da populago geral constituida por 436 mulheres dos 35 aos 59 anos, analisaram diversas varidveis de funcionamento sexual, entre as quais a satisfagio sexual. Os dados obtidos demonstraram que 61% das mulheres estavam inteiramente satisfeitas, 19% estavam moderadamente satisfeitas, 14% expressaram alguma insatisfagio, © 6% di acentuadamente insatisfeitas. Foi encontrada uma forte correlagio entre o bem-estar marital ¢ a satisfagio sexual. Dunn, Croft, ¢ Hackett (2000), utilizando uma amostra aleatéria de 1768 homens ¢ mulheres ingleses dos 18 aos 75 anos dos 4 782 eram mulheres, demonstraram que 21% das mulheres (¢ 30% dos homens) afirmaram estar insatisfeitos com a sua vida sexual. Foi encon- trada uma forte correlagio entre a satisfago © a maior frequéncia de sexo, tendo sido também demonstrado que a insatisfagio sexual tendia a mais alta quando os sujeitos consideravam ter cles proprios problemas sexuais ¢ a ser ainda ‘mais alta quando pensavam que o companheiro tinha um problema sexual. Decks ¢ MeCabe (2001), utilizando uma mostra de 304 mulheres entre os 35 © 0s 65 anos retitada da populagio geral, investigaram os efeitos da idade, da menopausa, ¢ do funcionamento sexual do companheiro no funcionamento sexual dessas mulheres. Os. cram estar resullados demonstraram que a satisfuelo sexual cra melhor prevista pela idade e pela menopausa. ‘As mulheres mais novas tinham maior proba- bilidade de estarem satisfeitas com o seu rela- cionamento sexual ¢ tinham também uma maior frequéncia de coito. As mulheres menopiusicas tinham mais probabilidade de sofrerem de um problema sexual. A idade também era melhor preditora de 0 companheito sofrer de uma disfungio sexual, que por sua vez teria efeito no funcionamento sexual da: mulher menopiusica Hisasue et al. (2005), numa investig efectuado com uma amostra de 5042 mulheres jJaponesas dos 17 aos 88 anos avaliadas através, de um questionirio postal construide pelos autores, no encontraram qualquer correlagio cenire a Satisfacio sexual e a idade, mas encon- traram correlag istics significativas entre a salisfago sexual © preliminares, orgasmo, € frequéncia de actividade sexual. Estes autores cevidenciaram que, paradoxalmente, a capacidade til do companheiro nio contribuia para a satisfagio sexual da mulher, apesar de contribuir para a frequéncia sexual, ¢ salientaram a imp tincia dos preliminares para essa satisfag sexual. Os resultados obtides vio na linha dos cestudos de Hulbert et al. (citados por Hisasue et al., 2005), que demonstraram que 58% das ‘mulheres consideravam os prelimi componente mais satisfatéria do sexo com 0 companheiro, ¢ apenas 11% consideravam © oito como a componente mais satisfatbria Haavio-Manilla e Kontula (1997) procuraram preditores da satisfago sexual numa amostra de 1718 mulheres e homens finlundeses dos 18 aos 74 anos. Os resultados demonstraram que nas mulheres a satisfagio sexual se correlacionava directamente com a idade jovern © com o inicio precoce da vida sexual; indirectamente a satisfagdo sexual correlacionava-se com uma educagio liberal e nio religiosa,escolaridade de nivel superior, assertividade sexual reciproces de amor, atribuigdo de importancia & exualidade, utilizagio de materiais coito frequente, téenicas sexuais. versiteis, ¢ obiengio frequente de orgasmo, Os autores provaram ainda que a satisfagio sexual global estava relacionada, em niveis idénticos, quer com a satisfagdo sexual fisica quer com a emocional. Este estudo finlandés demonstrow Jo sexual aumento grandemente que a sal 101 nos Gltimos vinte anos, principalmente entre as mulheres, apesar destas ainda revelarem maior Jo sexual que os homens, argumen- tando os autores que tal se deve a0 come tardio da vida sexual, a atitudes sexuais conser- vvadoras, a atribuigo de menor importancia & esfera sexual, i falta de assertividade facto de nao utilizarem técnicas sexuais dotadas de maior plasticidade, aspectos que no seu conjunto as tornam mais inibida que os homens. Podemos concluir que os resultados dos diversos estudos efeetuados variam dependendo dda amostra estudada, do tipo de design do estudo, 0 operacional des (Davis & Petretic-lackson, 2000; Hayes & Dennerstein, 2005). O presente estudo pretende contribuir para elucidar as seguintes questies de Sera que a satisfagio sexual esti onada com o funcionamento sexual? Sera fagio sexual est relacionada com certos comportamentos sexuais sexualmente METODO Participantes A amostra ficou com um total de 152 mulheres (=152; leque etario-26-70 anos; MAI anos; desvio-padrio=12 anos). Todas as mulheres eram caucasianas e residiam em meio urbano (distrito de Lisboa), tendo sido seleceionadas através de um processo de amostrazem intencional por conveniéncia. Procedcu-se a andlise descritiva de algumas variveis deseritas como influenciando a sexua- lidade feminina (c.g., Laumamn, Paik, & Rosen, 1999), nomeadamente Posie Social, Religio- sidade, Toma de anti-depressivos e presenga de ‘Menopausa, Relativamente & posigio social (De Castro & Lima, eitados por Diniz, 2001) 63.8% das mulheres ficaram colocadas na Posi¢io Social I (classe média mais instruida), sepuidas de 20.4% colocadas na Posico Social IIL (classe média ‘menos instruida), de 11.9% colocadas na Pos Social IV (estrato operirio ¢ rural), © de 3.9% colocadas na Posigio Social I (classe superior). Quanto religiosidade, unalisando 1 amosira total, obtivemos uma maioria de $5.3% das 402 mulheres a considerarem-se religiosas ndo- -praticantes, 27.6% religiosas praticantes, ¢ 17.1% das mulheres declararam ndo ser religiosas. No que diz respeito a toma de anti-dlepressivos obtivemos 12.5% das mulheres a tomar anti- -depressivos, c quanto & presenga de Menopausa obtivemos 28% de mulheres em estado de ‘menopausa ou peri-menopaus. Instrumentos Index of Sexual Satisfaction (ISS; Huds 1998; Pechorro, Diniz, Vieira & Almeida, in press) é uma escala unidimensional destinada a avaliar a satisfagdo sexual no contexto do rela- cionamento de casal. Devido as suas boas propriedades psi a longa tradigao da sua utilizago no campo da sexualidade humana foi © instrumento cleilo para se proceder a medigdo do construto da satisfago sexual, indice de Funcionamento Sexual Feminino (FSFI; Pechorro, Diniz, Vieira, & Almeida, in press; Rosen et al., 2000), tornou-se oi mento de eleigdo na avaliaglo de disfungdes sexuaiis femininas devido as suas consensual- mente boas propriedades psicométricas © a actualidade dos seus critérios diagndsticos (Meston & Derogatis, 2002). Foi por isso 0 ins trumento escolhido para medir 0 construto do funcionamento sexual. Adicionalmente foi construido um Q tiondrio Demogrifico, para descrever as cara cio-demogrificas da amostra. Foi também construido um questionario de Compor- lamentos Sexuais em que se questionava se a participante era sexualmente activa, quais os ‘comportamentos sexuais praticados ¢ a frequéncia ‘com que esses comporiamentos eram praticados (escala Likert de 7 pontos), ¢ 0 seu estado relativamente & menopausa, teris Procedimentos As participantes foram reerutadas em insti- tuigdes de ensino superior (alunas do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Universidade Internacional da Tereeira Idade, ¢ Universidade de Lisboa para a Terceira Idade) ¢ em hospilais (funcionsrias do Hospital de Santa Maria e Hospital Pulido Valente). No processo de recolha da amostra sempre que possivel utilizou-se preferencialmente 0 método de aplicagdo em grupo com recurso uma para manter a confidencialidade. Adicional- mente foram utilizadas Informantes Privilegi- das, principalmente psicélogas as quais foram previamente explicados os procedimentos de aplicagio, que aplicaram os question recurso 4 metodologia preferencial acima referida, Relativamente & amostra clinica, devido esta ter sido recolhida em contexto clinico teve de se sexuir uma metodologia de recolha indi- vidual feita durante triagem para a consulta ‘Apos a recolha proced gio dos questionérios que cumpriam critérios mais ficos, nomeadamente ser maior de idade, 1 casada ou viver em unio de facto © ser caucasiana. Todos os questionirios com respostas omissas foram excluidos. Seguidamente os questionarios foram cotados segundo os procedimentos reeomen- dados pelos autores das escalas © os dados inseridos no programa informatico SPSS. Para o teste dos modelos estruturais uilizou-se © programa informitico LISRELS-SIMPLIS (Jireskog & Sorbom, 1993a,b, 1996) ¢ alguma literatura disponivel na rca (loyd & Widarman, 1995; Grapentine, 2000; Kline, 2000). Os testes de identidade dos modelos que representam estrutura factorial unidimensional do ISS pentadimensional hierirquica do FSFI, foram realizados seguindo uma logica de “geracio de modelos” (J6reskoz & Sérbom, 1993b). Caleulou- -sc, no PRELIS2 (Jéreskog & Sérbom, 1993a), a riz de covariineia assimptitica das comelagies policérieas dos dados obtidos, a qual foi lida € trabalhada pelo LISRELS-SIMPLIS (J6reskog & Sérbom, 1993b). Utilizou-se o método de imagio por mixima verosimilhanga (ML), mas com recurso ao Qui-quadrado de Satorra- Bentler (7saiorr-beniter: Satorra & Bentler, 1994), Este método & adequado para trabalhar dados com problemas de (multijnormalidade em de média e grande dimensio (Ullman, 2000). Considerou-se a significadneia da esta- Listica 7 cour enter € 08 Fesultados obtidos nos seguintes indices de ajustamento: CFI (Comparative Fit Index), RMSEA (Root Mean Square Error of Aproximation) ¢ ECVI (Expected Cross-validation Index) (vA. Diniz & Almeida, 2005), Também se recorreu a0 Critical mostra N. Os resultados neles obtidos foram tides interactivamente © em conformidade com os critérios que a seguir se apresentam, A significdncia Uo 77st Boner foi analisada considcrando a divisio do seu valor pelos graus de liberdade (qui-quadrado relativo), por forma a torni-la menos dependente da dimensio amostral. 0 valor obtido para este ratio deve ser menor do que 2.00 (vd. Ullman, 2000). No CFI valores superiores a .90 indivam um ajustamento accitivel e valores superiores a 95 um bom ajustamento. No RMSEA o valor deve ser igual ou menor do que .05 — Hu © Bentler (1999) sugerem um valor igual ou menor do que .06 para indicar um bom ajustamento do modelo ou deve ser igual ou menor do que .08 para indiar que o modelo esti razoavelmente ajustado; 0 valor p (RMSEA<.05) deve ser maior que 50.0 valor do ECVI deve ser inferior ao do ECV para © modelo saturado, mas se o valor do Timite superior do seu intervalo de confianga (IC) de 90% for superior uo ECV do modelo saturado se o limite inferior desse IC Ihe for inferior, isso indica uma razoavel aproximagio do modelo numa outra amostra da mesmo dimensio; se 0 limite superior do IC de 90% for inferior a0 ECYI do modelo saturado, isso indica uma boa aproximagio nessa amostra. Quanto ao Critical N, ele deve ser maior do que 200 para que a dimensao da amostra possa ser considerada suficientc para accitar © valor do 2, presumindo que o modelo esti bem especificado. As re-especificags feitas nos modelos, nomeadamente a estimagio de correlagdes do erro de mensuragio entre itens, partiram da inspecgao da matriz de residuos estandardizados dos resultados obtidos nos indices de modifi- cago (Mf) fornecidos pelo LISRELS-SIMPLIS. Isto foi feito sabendo que a geragao de modelos pode envolver enviesamento confirmatério, uma vez que se admite a modificagio empiricamente derivada do modelo, suscitando, assim, a possi- bilidade de o melhorar com base simplesmente no acaso (MacCallum, Rosnowski, & Necowitz, 1992). Entio, procurou-se que as reespecifica- ges fossem substantivamente interpretiveis. Tumbém atendemos i relagio entre os resultados obtidos para a quantidude de varidineia dos itens que se encontrava associada & variineia do respective factor (coeficiente de determinagio R?) ca quantidade de varifincia dos itens devida 103 ao erro (termo de erro): 0 R2, desejavelmente, deveria ser superior a 50. Assim, se 0 R? obtido ppara um dado item fosse bastante baixo (R2=.15) cle soria climinado por ser pouco preciso. Por iiltimo, para estabelecer a unidade de mensuragio dos factores de primeira ordem no modelo pentadimensional hierarquico do FSFI, igualizamos a um (1.00) a carga factorial (eocfi- ciente de regressio nio-estandardizado, 2) num dos seus itens; a chamada “vari réncia” do factor (JOreskog & Sérbom, 1993h) A-escala de primeira ordem fi ra mesma da dos itens (estes, em razaio das correla- gies policérieas, passaram a possuir uma escala estandardizada: M-0.0, DP=1.00). Note-se que programa igualiza, por defeito, a variincia do factor de segunda ordem a um (1.00). Acresce que neste modelo © programa também adicionou ‘um valor constante (.10) & diagonal da matriz. de covariancia cm anilise, dado esta ndo ser positivamente definida em razdo de problemas de quasc-colinearidade entre factores (Jireskog & Sorbo, 1996), RESULTADOS Relativamente a relagio existente entre as dimensdes do FSFI e a satisfagio sexual (ISS) a inica relago de predigio estatisticamente significativa que se encontrou foi entre a dimensio Satisfagio do FSEL¢ 0 ISS [J°.75¢ 155 sip “5-85, POOL] (vd, Figura 1). A Satisfagao FIGURA 1 Modelo estrutural completo da relagio entre FSFI ¢ 18S Legenda: Ratio 7?satorn tenuter@t~1.50: CFI-I.00; RMSEA~OS8, intervalo de confianga de 90% 080; .065, RMSEA=05)-045, ECVT-N OB, nirvalo de confiangs {indica elasio esttistcamente no sgmifieatva 104 9086-734 8 V1 mmol saturado "10.33; Linha a tracejado {foi a principal responsavel pela elevada quanti- dade de variancia extraida do ISS pelos factores do FSFI (R2=,69). As correlagdes dos erros de ‘mensuragdo entre itens justifieam-se pela proxi- midade do seu contetido semantico-lexical Relativamente & relagdo existente entre fagiio sexual, foi analisada a relagio dos comportamentos sexuais Caricias e preliminares, Sexo oral ¢ Sexo vaginal (que demonstraram ser os que possuiram maior variabilidade de frequéncia) com a satisfagio sexual (ISS). Encontrou-se uma relagio estatisticamente significativa apenas entre o comportamento sexual Caricias e preliminares a satisfaglo sexual [2=-.33,46)5 (asyy7-2-11, P<01] (vd. Figura 2). © comportamento sexual Caricias ¢ preliminares foi o principal responsivel pela clevada quantidade de variancia extraida do ISS pelos comportamentos em ‘comportamentos sexual e sat 1). As correlagdes dos erros de mensuragio entre itens justificam-se pela proximidade do scu contetido semantico-lexical pIscUssAo O facto de na nossa amostra no se ter ‘encontrado qualquer relagao entre a generalidade das dimensdcs de funcionamento sexual ¢ exuall corrobora a perspectiva de que nas mulheres estas sio relativamente indepen- denies. A iinica relagio encontrada foi entre a dimenso Satisfagdo do FSFI eo ISS, ¢ pode ser explicada pela cvidente sobreposigio dos cconstrutos que sio medides por ambas as esealas dado que a dimensio de Satisfagdo do FSFI mede a sal subjectiva da mulher e © ISS mede a satisfiagd0 sexual no contexto da relagdo de casal. FIGURA 2 Modelo estrutural completo da relagao entre comportamentos sexuais e ISS Legenda: Ratio 7?saorrs (<03)-49, ECVE SSI. valde conianga de 90 cnlcr'!~1.35; CEI-~93; RMSEA~.0S0, intervalo de confianga de 90%".034; 068, (61; 3.26, ECV modelo satrad~3 94; Linha a raced ica 105 A auséncia de relagio entre a satisfagdo sexual ¢ as dimensécs do funcionamento sexual reforga a perspectiva te6rica de que as mulheres valorizam sexualmente mais outros aspectos que no o funcionamento sexual esirito. Esses aspectos, como a intimidade, o afecto ou o bem- estar conjugal (c-g., Reiss & Lee, citudes por DeLamater, 1991; Jayne, citada por Davis e Petretic-lackson, 2000), terdio paradoxalmente mais influéneia na satisfagio sexual que 0 prdprio funcionamento sexual tal como é ‘operacionalizado pelo FSFL Relativamente a relagdo existente entre satisfacio sexual c comportamentos sexual mulheres encontramos a forte associagio esperada entre a satisfagio sexual ¢ 0 comportamento Caricias e preliminares (Hisasue etal, 2005; Hulbert eta, citados por Hisasue et aL, 2005). Nenhum dos eutros comportamentos .cxuais estudados, nomeadamente, Sexo vaginal € Sexo oral, demonstrou ter uma associagao com a satisfagio sexual. O nosso estudo confirmou pois @ cnorme importincia das caricias ¢ preliminares para a satisfagio sexual das mulheres. Devemos apontar algumas limitagies a0 nosso estudo. O FSFI tem sido criticado devido ao seu sistema de cotagio (e.g, Meyer-Bahlburg & Dolezal, 2007), ¢ 6 possivel que a auséneia de relagio entre a generalidade das dimensdes de funcionamento sexual ¢ a satisfagio sexual evidenciada pelo nosso estudo seja devida a deficiéncias nesse mesmo sistema de cotagio. Adicionalmente, seria recomendévelter-se usado uma amostra maior (c.g., N2200) para o teste dos modelos estruturais dado que a correcea0 Plo /cuiocr-tenter POC nao ter sido suficiente para colmatar 0 problema da pequenez da mostra quando se utiliza © método das equagdes estruturais, REFERENCIAS Basson, R., Berman, J., Burnett, A., Derogatis, L., Ferguson, D,, Foureroy, J, etal. (2001). Report of the International Consensus Development Conference on Female Sexual Dysfunction: Definitions and classifications. Journal of Sex and Marital Therapy, 27, 83-94, Cardoso, J. (2003). Sexualidade masculina pés-lesiio vertebro-medular. 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Classificagdo de transtornos mentais e de comportamento do CID-10. Descrigses clinicas e de diagndstico Porto Alegre: Artes Médicas. RESUMO 0 objective da presente investigagdo foi o estudo fem mulheres da relagdo entre satisfagdo sexual © funcionamento sexual, e entre satis mmpariamentos sexuais. Recorreu-se ao indice de Satisfacio Sexual (ISS; Hudson, Harrison, & Crosscup, 1981) e ao indie de Funcionamento Sexual Feminino (FSFI; Rosen et al, 2000). Utilizou-se uma amostra de convenigneia recrutada da populagio ferninina geral com N=152 (leque etirio=26-70 anos; M41 anos). Os resultados obtidos nio demonstraram qualquctrelagosiznificativa entre asatisfagao sexual € as fases do cielo de resposta sexual, mas demonstraram ‘uma relagio significativa entre a satisfagio sexual © 0 ‘comportamento sexual caricias e preliminates. Palavras chave: Comportamentos sexuais, Funciona- ‘mento sexual, Satisfaeio sexual, Sexualidade feminina ABSTRACT Te goal ofthe present study was to understand the relation between sexual satisfaction and sexual function in women, and also the relation between sexual satisfaction and sexual behaviors in women, ‘The Index of Sexual Satisfaction (ISS: Hudson, 407 Harrison, & Crosscup, 1981) and the Female Sexual Funetion Index (TSFI: Rosen et al, 2000) were used fas measures. A convenience sample was recruited from the general population (N=152; age range=26-70; mean age=4l), The results showed no significant 108 relation between sexual satisfaction and sexual satisfaction and the sexual behavior of caresses and foreplay. Key words: Female Sexuality, Sexual behaviors, ‘Sexual function, Sexual satisfaction.

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