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8 Integragao de resultados qualitativos e quantitativos Sérgio Eduando Silva de Oliveira Monia Apareeida da Silva a da avalia er resumida ¢ A priti pode Jo psicolégica, que perficialmente defini- da como o estudo psicolégico de uma pessoa, grupo ow organizagio, requer do profissional uma variedade de conhecimentos, competén- cias ¢ atitudes specificos. Dentre as varias ha- bilidades requeridas para essa pritica, estio a de planejamento, coleta ¢ processamento de dados. O psicdlogo, do comeco ao fim de um Processo de avaliagio psicolégica, est exposto a uma ampla variedade de informagées, assim como deve ativamente buscar por novos dados para atender aos objetivos da avaliagao. Cabe a esse profissional compreender os dados coleta- dos, contextualizando-os no tempo, cultura e situagio, e integri-los de forma compreensiva, di Amica ¢ harménica. De forma geral, os dados coletados duran- fe um proceso de avalia dem ser clasificados e a saber, S40 psicolégica po- m dois grandes grupos, 0s dados qualitativos ¢ os quantitati. vos. O presente capitulo tem apresentar esses tipos de dad refletir acerca do papel ¢ uma avaliagao Psicoldgica, deste capitulo discutir a importancia da inte- Braco desses tipos de dados ¢ essa pratica tem sobre as conel avaliagao psicolégica, como objetivo los, bem como influéncia deles em E também objetivo © impacto que lusées de uma Delimitagao e definigao de qualidade quantidade em avaliagao psicolégicg A pritica da avaliagio psicol6gica con preende 0 uso de variadas técnicas Psicoldgicas € 0 fator que norteia os processos de selegig, de emprego dessas técnicas € 0 objetivo final dy avaliagdo. Dentre as técnicas mais comumente empregadas, encontram-se: a) entrevistas (d anamnese, clinica, lédicas, estruturadas), sean com um ou mais individuos; b) observacio di teta do comportamentos c) anélises de docu. mentos (fotos, exames, laudos, boletins escole res, didrios, entre outros) do arquivo familiar; 4) aplicagao de inventérios ¢ escalas para avs liagao de interesses, preferéncias, frequéncia de comportamentos, presenga de sintomas, tragos de personalidade etc.; €) testes de desempenho Para avaliacao da performance de um individwo em tarefas como de mem6ria, atengio, intel: Béncia ¢ funcées e€xecutivas; f) métodos proj: tivos ow impressionistas para avaliagéo inditet da Personalidade; ¢ 8) tarefas experiment! Aue si atividades descritas na literatura cit tifica que possibilitam a avaliagio de algut ‘SPecto psicoldgico como, por exemplo, w fas da teoria da mente (Oliveira et ale aR Farelas ecolégicas de funcdes executivas Ue loy-Diniz, Fuentes, Mattos, & Abrets a Strauss, Sherman, & Spreen, 2006). Cada i dessas técnicas oferece dados que tém natu" quafitariva, quantitativa ow mista = isto & tam to quahitativa quanto quantativa, A Tabela 1 Tabela 1 Classifieag Qualitative ‘odscevaydo shista do comportamtent Anite de documentos familiares 0 psicols- Os dados quantitativos na aval ica sio aqueles que foram colhidos por meio de ntos € que resultam em uma repre na caracteristica psicoldgi- instru gio numérica de aly ca. Esse dado quantitativo pode ser tanto disere- to quanto continuo (Urbina, 2007). O primeiro tipo diz respeito a valores numéricos inteiros que resultam de contagens, como, por exemple, o niimero de sintomas de uma classificagio diag nistica © 0 mimero de crises a0 longo da vida. segundo tipo, por sua vez, refere-se a valores numéricos que podem ser fracionados em uma escala continua, como por exemplo 0 tempo de execugio de uma tarefa ¢ 0 escore padroniza- do de uma caracteristica psicolégica (ex.: theta). Esses dados quantitatives servem de parimetros Para comparagio do individuo que esté sendo avaliado com um grupo de referéncia ou com ‘um modelo tebrico ou empirico estabelecido. Os dados qualitativos, na maioria das vezes, nio sio representados numericamente, mas po- dem receber um eddigo numérico que mio resul- . de um processo de mensuragio. Esses dados peu 4 caracteristicas © qualidades do — Psicoldgico estudado, Os dados quali- ;presentados numericamente podem ser Seaniee ordinais (Urbina, 2007). Nominais que classificam categorias como sexo day principais tenicas psicoldgicas empregada Testes de desempenbo 6 tnogragdo do rosutados quaitawvon e quanitawvos Qa = pelas tée- sumariza os tipos de dados ext nicas empregadas. Métadon projetvon ntrevistas estruturadas is, aqueles (masculino © feminino) € os ordin que ordenam as categorias de acordo com al- gum principio como escolaridade (fundamen tal, médio, superior). Geralmente, essas repre sentagdes numéricas de dados qualitativos sio tificas. Na pratica da 0 usadas em pesquisas avaliagio psicolégica, os dados qualitativos n: recebem uma representagio numérica e podem ser compreendidos como conhecimentos, per- cepgdes ¢ impresses do profissional acerca de todo o processo de avaliagio em seus detalhes, situagdes e caracteristicas. Sd exemplo de dados qualitativos a entonagio voeal, os tonus postu- rais ¢ a expressio emocional e comportamental do avaliando durante o proceso avaliativo. Vale ressaltar que esses dados também si passiveis de comparagio. Contudo, diferente dos dados quantitativos em que 0 escore de uma pewoa comparado aos escores de um grupo de reteré ¢ de comparagio dos dados qualitativos éateoria ¢ a experiéncia, Por exemplo, quando um psicélogo classifica a expreysio emocional cle, por meio cia, aby de uma pessoa como embotad da observagio direta do comportamento, avalia ‘as respostas emocionais da pessoa ¢ as compara com o que € esperado culturalmente (experién- cia) ou com algum modelo tedrico que descreve esse tipo de manifestagio emocional (teoria). eT DD servic Eduardo Siva de Oliveira e Monia Aporecida da Siva Existem vantagens e desvantagens em ambos 0s tipos de dados ¢ eles tendem a ser comple- mentares. A principal vantagem dos dados quan- titativos é a possibilidade de o profissional pre- cisar 0 nivel do fendmeno psicolégico avaliado de forma empirica. A compatagio do escore do individuo com um grupo de referéncia perm te a inferéncia empirica do nivel de habilidade, imteresse, inclinagio ou trago, Essa comparacao tende a ser livre das crengas do psicélogo, pois ela nao € determinada pelos conhecimentos e ex- periéncias do profissional, mas sim pela posicao do escore de um individuo em relagéo aos esco- res de um grupo de referéncia. A principal des- vantagem dos dados quantitativos é que eles nio caracterizam especificamente os aspectos psi- col6gicos no nivel indicado. Por exemplo, duas pessoas podem apresentar um perfil de respostas idéntico a um inventario de depressio. Nesse caso, ambas serio classificadas com 0 mesmo ni- vel de sintomatologia depressiva, mas os dados nao sero suficientes para diferencid-las em suas especificidades, em virtude das hist6rias singu- de vida e do context atuarem como va- ridveis moderadoras na vivéncia e expressio dos intomas. Em outro caso, duas pessoas poderio apresentar a mesma pontuagio total (p. ex., 12 pontos quando o ponto de corte para depressio €8). Entretanto, uma delas com triagem positiva para sentimentos de menos-valia, pensamentos de acabar com a vida e desesperanca profunda, enquanto no caso da segunda predominam as. pectos relacionados & tristeza, perda de prazer ¢ sintomas fisicos, Assim, a primeira pessoa tende- F4 a apresentar uma sintomatologia mais grave do que a segunda. A principal vantagem dos dados qualitativos € oportunizar ao profissional o entendimento das motivagdes, crengas representagées do avalian- do acerea do fendmeno avaliado. A identify, io da perspectiva do avaliando sobre um dy, Comportamento ou sintoma ou situagio pox bilita que © profissional compreenda de form, profunda e singular a dinémica © complexidad, do funcionamento psicolégico dessa pessoa, fs, conhecimento tende a qualificar os dados quan. titativos, aumentando a validade das interpret, bes feitas aos resultados dos testes psicoligico aplicados. A principal desvantagem desse tipo de dado € 0 nivel de “ruido” ou influéncias que 35 conclusées do profissional podem softer. O prin. cipal problema desse tipo de dado € a baixa con. fiabilidade entre avaliadores. Por exemplo, um psicélogo com tragos obsessivos pode classificar qualitativamente os comportamentos de um avi. liando de deixar roupas sujas no chao do banhei- ro como sendo caracteristicas de desorganizacio. Um outro psicélogo com tragos de desorganiza a0 pode nao considerar problemitico esse mes mo comportamento, Essas diferencas na av gio de um mesmo comportamento podem com- prometer a confiabilidade do método avaliativo. A integracio dos dados qualitativos com os quantitativos tende a resultar na diminuicio das limitag6es que ambas as fontes de infor macio possuem, culminando em um enten- dimento cientifico e teoricamente embasado acerca do estudo psicolégico feito em uma ava" liagao psicolégica. Enquanto os dados qualit tivos possibilitam o entendimento de aspects psicolégicos de uma pessoa, os dados quantital Vos testam ou estimam esses entendimentos, sultando em compreensées abrangentes acer da pessoa avaliada. Esse movimento dinimic® ciclico ¢ complexo de retroalimentagio dé" formacées entre os dados quantitativos ¢ aust tativos permeia todo o processo de avaliagi? qualifica as conclusées alcangadas. Dos dados qualitativos para os quantitativos Nobservagio do comportamento do avalian do e do que influcncia oy seus processos de res posta, bem como do ambiente, tem wm impacto dos resultados fundamental para a conyider: quanttatives. A observagio ajuda a identificar se a aplicagio dos testes produziu resultados vali dos em relagio ao desempenho da pessoa. Por veres, a0 aplicar um teste ou técnica padroni- zada, podemos identificar que 0 avaliando dew respostas aleatérias, no se comprometeu com a ow que seu desempenho foi afetado por tarefa, uma série de condigé de sono, uso de medicamentos, dentre muitas outras, Além disso, a aplicagio pode ser afeta- da pela qualidade do ambiente, como barulhos, distratores, pouca luminosidade, erros diversos em relagio 3 padronizagio, 36 para citar alguns. Quando isso acontece, pode-se deparar com re- sultados que nio refletem a real habilidade do avaliando, devendo-se relativizar a interpretagdo dos escores quantitativos obtidos. Essas condigoes ue podem atrapalhar os resultados devem ser re- latadas nos laudos para adequada compreensio das conclusdes (Zimmermann, Kochhann, Gon- salves, & Fonseca, 2017). Certa vez, atendemos um menino com diag néstico de ‘Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) para avaliagio da sua capacidade intelec~ tual. Em fungio dos interesses restritivos, bem como das limitagées de linguagem, 0 menino nio aderiu aos testes cognitives verbais pro Postos, Utilizamos entio um teste nao verbal © Ss Progressivas Coloridas de Ra- CR) (Raven, Raven, & Court, 1988). a fa consiste em se apresentar uma matriz as onde hi um padriio logico entre clas € 8 Intogragdo de resutados quoltatvos e quantatvos aa a uma das caselas da matriz é deixada em branco, devendo 0 examinando preencher a casela com a 4 correta segundo 0 seu raciocinio. Na épo- Gio, esse teste estava aprovado pelo cos (Sa- fig cada ava Sistema de Avahagio de Testes Psicold tepsi) do Conselho Federal de Psicologia. Fire forma de tabulei- mos a aplicagio desse teste n. ro, onde, ao invés de apontar a fesposta correta, © menino deveria escolher a figura que melhor casela em combinava com 0s estimulos-alvo da branco ¢ encaixi-la, como um quebra-cabeca. Ele iniciow a tarefa atendendo as instruges, de- monstrando rapidez ¢ agilidade, Entretanto, em dado momento, sua atengio se direcionou total mente para empilhar ¢ organizar carrinhos que cle tinha trazido ao atendimento, ©, por mais que ele continuasse a responder ao teste quando solicitado, as respostas cram visivelmente alea- torias. A observagio do comportamento do me nino ajudou a perceber que ele parou de olhar para os estimulos do teste, pegando a primeira peca que encontrasse ¢ a colocando na casela faltante, indicando uma intengio de se livrar da tarefa. Os resultados, de uma forma geral, indicaram que cle tinha cometido © primeiro erro, ¢ varios consecutivos, naquele momento em que comegou a escolher as pegas sem exams nar o estimulo-alvo c/ou o estimulo-problema. Enquanto os dados quantitativos indicaram os eros, 0s qualitativos informaram o mouvo des- ses erros. Isto é, sem a observagio, poderia se entender que 0s erros se deram por dificuldade de raciocinio na resolugio daqueles problemas, Yiio0s dados de observayao (qualitativos) eviden- al motivo dos erros cometidos (falta ciaram o te de engajamento com a tareta). Nos casos em que as observagdes qualitativas demonstram que ha problemas que comprome- tem a validade do dado quantitative, novas me- didas sio necessiriay para pa qualidade rantir do proceso de avahagio pstcoligica, Mgumas Possibilidades sio repetir a testays Momento com testes equivalentes ~ ou com o mem outro mesmo teste, caso 0 avaliando tenha tide pouco = ow buscar formas alternativas de obter a informagao. No nosso caso do menino com TEA, o uso da entrevista com a familia, and- lise do funcionamento adaptative em atividades da vida disri lidica diagndstica, foram fundamentais para descartar © comprometimento cognitivo que 0 Jevantamento quantitative do teste sugeriu. contato com el bem como a observagio da hora O raciocinio ¢ a expertise psicolégicos sio as principais ferramentas da avaliagio psicolé- gica em qualquer situacio profissional e podem contribuir com a melhor compreensio do tra- balho realizado (Haase & Jillio-Costa, 2017). As observacées ¢ interpretagdes do profissional sio soberanas aos resultados das muitas técnicas € testes, 0 que significa que, se na teoria ou na pritica 0 psicélogo identifica alguma siuagio que compromete a validade ou preciso das apli- cades padronizadas de instrumentos, seu en- tendimento profissional deve prevalecer. O uso indiscriminado de testes, sem considerar 0 que pode contraindicar seu uso ou relativizar seus resultados, constitui uma falha ética. Dos dados quantitativos para os qualitativos Muitas vezes, observamos uma convergéncia entre os escores dos avaliandos nos testes © as impressoes que nds temos deles. Contudo, nio raras vezes nos deparamos com resultados de testes psicolégicos que se distanciam das obser- vag6es ¢ impressdes que temos de um avaliando. Nesses casos, cabe ao profissional investigar a ‘Sérgio Eduardo Siva de Oliveira @ Ménia Aparecida da Silva rario dessa discrepincia € 0 uso de abordagens qualitativas aos dados quantitativos tendem 4 favorecer © entendimento dese fendmeno, py, 4 avaliagio clinica que fizemo, exemplo, em u de um adolescente que apresentava importay tes tragos antissociais, observamos que o excore dele no fator Domrinagdo do Inventirio Fatora, de Personalidade = II (Leme, Rabelo, & Alvey 2013) foi muito baixo, contrariando a observa, Gio clinica, assim como os dados das entrevistas, que sinalizavam comportamentos manipulade res e dominadores. Nesse caso, nos perguntamos se essa divergéncia se daria por um efeito de de sejabilidade social ou por um problema na capa. cidade de autoavaliagao do adolescente ou mes- mo se essa discrepancia seria intencional, entre outras razées, Para compreender 0 motivo desse escore tio baixo, decidimos analisar as respox tas do adolescente item a item nesse fator. Nossa intengdo era identificar os comportamentos que ele endossava e os que ele negava, com a fina- dade de compreender ou inferir a forma como ele compreendeu os itens. Essa anilise dos itens nos mostrou que o adolescente nao endossiv3 aqueles comportamentos do fator Dominscio porque eles se referem a atitudes de controle ¢ lideranga para a realizado de tarefas (p. ex. ! derar uma equipe de trabalho). O adolescente nha aversio a trabalho e buscava formas alter tivas de conseguir dinheiro (pedia a familiares ganhava sem esforgos). Ele nao se esforgava cumprir tarefas necessarias, ainda menos ter qu controlar ¢ liderar uma equipe para que ums & refa fosse feita, Essa andlise qualitativa de ©” tetido dos itens foi uma fonte rica de informasi? para inferir acerca do processo de respost? « verifr Paciente. Outras estratégias possiveis de ve" cagio de discrepancias seriam, por exemple! ace realizagio de entrevista, perguntando da presenga de comportamentos correlatos * © Imegragto do resitados quattatvos © quontativos (i SSeSinGs nn construto de interesse, ou a proposigio de tare fas para observar © comportamento em agio € averiguar o grau de proximidade ou diserep. do escore do teste com a habilidade do cia ando (esse segundo caso sendo mais comum em ava mpeténcias cognitivas), liagho de e Ocscore de um individuo em um teste psice logico (escore bruto), para que seja informative em termos interpretativos, precisa ser submetido. a algum tipo de transfort Eh calizado em um posto percentilico, ou pode ser transformado em um escore padrio, O escore de percemtil indica a posigio relativa do avaliando emrrelagio A amostra de referéncia, sinalizando 0 percentual de pessoas da amostra normativa que reve escore igual ou inferior a um dado escore bruto (Urbina, 2007). O escore padrio, por sua vex, consiste na transformagio do escore bruto em uma escala que indica a posigio do escore de um individuo em relagio A média em unida- des de desvio padrio da amostra de referéncia (Urbina, 2007). Essas transformagdes do escore bruto servem ao propésito final de interpretar 0 resultado do teste de uma pessoa em relagio a0 esperado em seu grupo de referéncia. ¢ pode ser lo- agio, No Brasil, um pais de dimensdes continentais ¢ de grande variabilidade de caracteristicas so- ciodemograficas, econdmicas ¢ culturais, a nor- matizacio dos testes pode deixar brechas para relativizagoes, Podem acontecer muitos falsos positivos ou falsos negativos na avaliagio quan- do se usam normas inapropriadas ou quando as normas dos testes sio feitas em contextos mais favorecidos do que os da pessoa ou populagio investigadas (Zimmermann et al., 2017). Isso & especialmente verdadeiro, uma ver que 0s estt- dos de validagio e normatizagao de testes psico- logicos sio geralmente feitos por pesquisadores de universidades localizadas em regides que sio Jas, Além disso na média, mais desenvolv esses estudos comumente utilizam amostras de conve- niéncia ou que, mesmo tentando uma maior re- presentatividade, mio alcangam todas as regades do Brasil, Ademais, 0 fato de as caracteristicas da ndidas nas caracteristr pessoa estarem compre cas de uma amostra normativa n 1 condigao de similaridade com essa amostra, Certa vez, uma psicélog, ria Farorial de Personalidade (Nunes, Hutz, & Nunes, 2010) para fazer uma a’ 10 psicold- gica para porte de arma de um senhor que vivia idade bem pequena afastada do in- terior. Em termos de escolaridade ¢ idade, esse senhor preenchia os critérios para responder a0 teste, mas ao realizé-lo a psicdloga percebeu que além de cle nio compreender virias palaveas do teste, ele apresentava um insight prejudica~ do para responder a varios itens. Analisando a situagio daquele homem, percebeu-se que ele tinha concluido 0 ensino médio, mas em uma escola rural ¢ com poucos recursos, Além disso, as suas atividades de trabalho dependiam muito pouco de ensino formal, tendo ele trabalhado a vida toda em atividades rurais, nio se dedican- do tanto aos estudos mesmo na época em que estudava. Assim, ainda que cle tinha atingido os critérios exigidos para a aplicacio do teste, os re~ sultados da BFP certamente nio representavam bem a personalidade do avaliado, tendo sido ne~ cessirio buscar outras alternativas de avahiagio. > garante que a pessoa esta e sou a Bate- em uma Os manuais de testes psicoldgicos, muitas vezes, oferecem diretrizes interpretativas para os escores transformados (percenil ou padrio). Os textos geralmente apresentam um conjunto de comportamentos ¢ caracteristicas psicolégicas que sio comuns a pessoas de determinadas faixas de escores (superior, médio, inferior). E dever do. psicdlogo considerar 0 dado quantitative (quan- do este se mostrar valido) ¢ valer-se dos dados qualitativos para considerar 0s comportamentos € aspectos psicolégicos que se aplicam a cada caso em especifico. Por exemplo, no manual da BFP (Nunes et al., 2010), em relacio a interpre- tagio da faceta Comunicacdo do fator Extrover- sdo, € indicado que pessoas com escores elevados tendem a ter facilidade para falar em piblico, para falar de si mesmas e para falar com pessoas desconhecidas. A aplicagao conjunta dessas trés caracteristicas a uma pessoa pode set equivocada. Pois, pode ser que uma pessoa com elevado esco- re em Comunicacdo tenha dificuldade de falar de si mesma, mas tem facilidade para falar em pi- blico ¢ se comunicar com pessoas desconhecidas. Com isso, vé-se © impacto que a consideracao que os dados qualitativos tém sobre a qualidade das interpretagées dos dados quantitativos. Integragao de dados qualitativos e quantitativos Enquanto o uso dos testes considera a pers- pectiva nomotética para a interpretacéo dos re- sultados, a avaliagao psicolégica como um pro- cesso & idiografica. A perspectiva nomotética enfatiza os padrdes, tendéncias populacionais € informacées padronizadas e estruturadas que servem como base para comparagio do desem- penho de uma pessoa. Ja a idiogréfica refere-se aos procedimentos pouco estruturados, visando a obtengio de informagées aprofundadas sobre © sujeito, tendo em vista como os resultados se relacionam com o seu histérico e contextos nos quais esta inserido (Seabra & Carvalho, 2014; Tavares, 2003). Sendo assim, a abordagem no- motética segue um viés predominantemente quan- titativo, enquanto a idiografica se pauta mais na anélise qualitativa. _, ‘Sérgio Eduardo Silva de Oliveira e Ménia Aparecida da Silva Segundo Primi (2010), as. interpretags, nomotéticas sio vilidas para uma grande pyo, porgio dos casos avaliados, mas nao para todos, Para os casos que ela nao € valida, a abordapen idiografica deve ser usada para explicaras incor gruéncias encontradas, considerando-se out, informag6es disponiveis, sejam estas intraing. viduais ou referentes ao contexto do individyy Isso significa que a integracao dos dados quan, tativos ¢ qualitativos é essencial em uma avaliz. gio psicolégica de qualidade. A integragéo ndo ocorre somente no fing do processo de avaliagéo, mas norteia todo 9 processo, de forma dindmica. As hip6teses for. muladas nas entrevistas, observacao ¢ anamnes, predominantemente na perspectiva qualitativa, orientam a escolha € uso dos procedimentos padronizados (Haase & Jiilio-Costa, 2017). Da mesma forma, as observagées qualitativas duran- te a situagio de coleta padronizada dos dados permitem definit o quanto se pode confiar nos Procedimentos quantitativos ¢ que ressalvas ou adaptagdes devem ser feitas no uso e interpreta ao dos testes. Ha casos em que uma mesma hipotese ne cessita ser avaliada com varios instrumentos ¢ técnicas, mesclando dados qualitativos e quam titativos. Para situagdes em que o fendmeno sod anilise € muito complexo e precisa de diferente formas de compreensio, isso € especialment® verdadeiro, bem como em contextos de avali G40 nos quais é prevista a desejabilidade soci} Imaginemos, por exemplo, o caso de uma pesso* com muitos tragos patolégicos de personalidad O uso de apenas um instrumento multidimensi” nal de avaliagao psicométrica da personalidad Provavelmente ndo traria dados suficientes P? 4 compreensao do caso. Assim, integrar 08 dad do instrumento psicométrico, com a obser 8 Integragao de resultados qualitativos e quantitativos ¢i0 do elinico, entrevista com o paciente © com erceiros, bem como usar um teste projetivo ou expresivo de personalidade podem enriquecer as conclusdes sobre o caso. Da mesma forma, al- gquém em conflito com a lei, no caso de pericias, muito provavelmente vai tender a dar respostas. socialmente esperadas em testes psicométricos de autorrelato, que sio de mais facil manipula- cao. Nesse caso, um conjunto misto de técnicas, bem como a integracio de dados, nao é somen- te desejdvel, mas imprescindivel, sob pena de se produzir conclusées distorcidas sobre 0 caso. ‘Alguns autores de testes € de avaliagdes pa- dronizadas tém tido a preocupagio em mesclar dados quantitativos e qualitativos na interpreta- cao dos resultados, especialmente em neurop- sicologia (Zimmermann et al., 2017). A obser- vagio das estratégias da pessoa para responder o teste, tipos de erro, precisio (balango entre erros € acertos) e velocidade na resposta a ava- Tiago dependendo do tipo de tarefa (contagem do tempo) permitem uma andlise quantitativa- -qualitativa (Zimmermann et al., 2017). Assim, percebe-se um aumento no interesse de pesqui- sadores e clinicos em integrar cada vez mais os dados qualitativos nas avaliagdes, entendendo que o quantitativo nem sempre é suficiente para dar as respostas necessérias sobre o desempenho ¢ perfil da pessoa avaliada. Ha um esforgo cres~ cente para que as normas de interpretacio dos resultados qualitativos também sejam apresenta- das ou sugeridas nos manuais. As preocupagées com a cientificidade de testes e técnicas quantitativas é amplamente do- cumentada na literatura, Elas estio associadas com o grande avango da psicometria, aliado 40s esforgos das instituigdes e rgios da area de avaliagio psicolégica que definem parimetros de qualidade para a construcdo, validagao ¢ uso Serio! 106 dos testes psicolégicos (como exemplos, Amert- can Educational Research Association, American Psychological Association, & National Council on Measurement in Education, 2014; Conselho Federal de Psicologia, 2018). Em face da impor- tancia do uso de critérios vilidos ¢ uniformes de interpretagao de testes ¢ informagoes da avalia- gio, alguns pesquisadores buscam estabelecer parametros de cientificidade também para os dados qualitativos. Dentre os testes que visam a estabelecer crité- rios para avaliagdo qualitativa, destaca-se 0 Teste de Apercepcio Temética (TAT; Murray, 2005). Trata-se de um teste projetivo que consiste em apresentar uma série de pranchas, selecionadas pelo examinador, a0 avaliando que deverd con- tar uma historia sobre cada uma delas. A inter- pretacéo do teste € de acordo com a perspectiva psicodinamica e s4o considerados critérios para a avaliagio. Como exemplo, citamos aqui os in- dicadores de autoimagem que esta atrelados as caracteristicas psicolégicas que 0 avaliando atri- bui aos protagonistas das histérias que ele criou. O manual orienta o profissional a caracterizar, por exemplo, 0s sentimentos, pensamentos, com- portamentos e necessidades atribuidos aos prota- gonistas para se inferir acerca dos aspectos psi- colégicos que s4o importantes para o avaliando. Para sistematizar e padronizar 0 processamento desses dados qualitativos, o manual propée mo- delos para alguns desses atributos psicoldgicos. Por exemplo, o profissional é orientado a indicar um estado psicolégico de abatimento quando o enredo relacionado ao protagonista envolver a sensagio de desapontamento, de tristeza, de desilusao e/ou de infelicidade. Outra proposta de sistematizacao de andlise de dados qualitativos é feita pelo Teste Nao Ver- bal de Inteligéncia (G-36; Boccalandro, 2003), que visa d classificagio quantitativa do nivel inte- lectual ¢ qualitativa dos tipos de erros. 0 G-36 € um teste de matrizes no qual a pessoa deve esco- Iher uma figura para completar uma matriz que esti incompleta, A classificagio das respostas er- radas sey 1c um critério ldgico, com base no tipo de raciocinio que a pessoa supostamente seguiu para cometer um erro, Sio analisados trés tipos principais de erros: 1) o determinado por conti- nuar a pensar em termos de identidade, demons- trando que a pessoa nao conseguiu raciocinar em termos de analogia; 2) © erro ocasionado pela falta de compreensio do problema, evidencia- do por uma resposta sem qualquer relago com os dados apresentados no problema, sugerindo tentativa de acertar por sorte; e 3) 0 erro por raciocinio incompleto, em que, embora tendo percebido a relagio entre os dados apresentados no problema, a pessoa nio consegue chegar na resposta correta. O levantamento dos erros for- formagées sobre 0 processo de resposta utilizado, permitindo concluir a maior ou menor capacidade do avaliando em compreender o tes- te para além dos acertos efetuados. nece Na Neuropsicologia, a busca de critérios para as anilises qualitativas tem sido cada vez mais frequente. Como exemplo, a tarefa de es- crita (Rodrigues & Salles, 2013) ¢ a de leitura (Rodrigues, Nobre, Gauer, & Salles, 2015) de palavras ¢ pseudopalavras analisam a quan- tidade de erros ¢ acertos, bem como 0 tipo de erros em uma perspectiva qualitativa. A anilise qualitativa dos erros pode indicar mecanismos falhos ¢ preservados na leitura e na escrita de acordo com 0 modelo cognitive da dupla-rota (fonolégica, de conversio grafema-fonema, ¢ le- xical, de reconhecimento automitico da palavra inteira). Resultados qualitativos indicam diferen- gs nos tipos de erros cometidos por pacientes que sofreram lesio cerebrovascular 19 hem, fério direito comparados a pacientes com je no hemisfério esquerdo, Rodrigues, Paislong,, Miiller, Bandeira ¢ Salles (2013) evidenciay,. que pessoas com lesio no hemistério esquera, cometem mais erros de lexicalizacio (escre, uma palavra no lugar da pscudopalayra gus, ditada), neologismo (escrita de pseudopalasza) nio palavra (escrita com combinagio de lets, que fogem da estrutura de uma palavra do pop, tugués), nao resposta (nao conseguir escrever ne. nhum grafema da palavra ditada) e perseveracia na escrita de palavras (escrita repetida de parte, ou de palavra inteira ditada anteriormente), Poy. soas com lesio no hemisfério direito destacame por erros do tipo regularizagio (escrita com gra. femas representativos fonologicamente, mas er- rados ortograficamente, como escrever “picaro” ao invés de “passaro”). O Teste de Retengdo Visual de Benton (52!- les, Bandeira, Trentini, Segabinazi, & Hux, 2015) também apresenta uma anilise qualitativz de tipos especificos de erros a partir de seis di- ferentes categorias: Omissées, Distorgdes, Perse- veragées, Rotagées, Trocas de Posigao ¢ Erros de Tamanho. Os diferentes tipos de erros sio rel cionados a quadros de deterioracao cognitiva & acordo com a literatura. Por exemplo, erros pot omissdes sio mais frequentes em individuos ge apresentam déficits perceptivos e de meména enquanto erros de perseveragio se associam f= quentemente a leses no lobo frontal. Result que, para propor normas para as anilises 422" tativas, estes testes sio construidos considers? teorias de base bem fundamentadas, desta3" do-se as evidéncias de validade de contedde. f° A integragio de dados qualitativs ¢ 9 i sgica Utativos no processo de avaliagio psicolég ¢ f 8 40 nosso ver, fundamental para o aumen =. °° 66 Enquanto validade © contiabilidade das interpre Jusdes resultantes dessa pritic ‘os cientistas psicdlogos trabalham du » na pro 10 de instrumentos validos ¢ confiiveis, cabe dug gos profissionais se especializarem e se aperfei- gnarem nto uso dessas ferramentas € a condugio de um proceso avaliative como um todo, A i regragho de dados qualitativos e quantitativos é BFA, q ati sempre desejavel, mas nem sempre possivel. Por m contexto clinico, a depender da -as do paciente, a av: liagio pode ser conduzida exclusivamente com métodos de coletas de dados qualitativos (en- rrevistas, observagio direta do comportamento, hora hidica diagndstica e tarefas experimentais). Em outros contextos, como de trinsito ou de concursos piblicos, muitas vezes nio sio inclui- das técnicas de coleta de dados qualitativos, con- figurando-se como processos de testagem e no de avaliagio psicolégica. Nesses casos, somente 0s dados quantitativos serio utilizados com o in- exemplo, demanda ¢ das caracterist Referéncias American Educational Research Association, American Pwvchological Association, & National Council on Measurement in Education [Aera, APA, & NCME] (2014), Standards for educational and psychological testing. Washington: American Educational Research Association. Boccalandro, E.R. (2003). G36: inteligéncia - Manual. Conselho Federal de Psicologia (CFP) (2018). Resolucéo CFP n, 009/2018: Estabelece diretrizes para. realizagio de Avaliagio Psicolégica no exercicio profissional da psicdloga e do psiclogo, regulamenta 0 Sistema de Avaliagaio de Testes Psicoldgicos ~ Satepsi ¢ revoga as Resolugdes n. 02/2003, n. 006/2004 ¢ n, 05/2012 ¢ Notas Técnicas n. 01/2017 € 02/2017. teste nao verbal de Brasilia. tuito de verificar a adequagio ou nao da pessoa para a atividade pretendida Consideragées finais, Este capitulo discutiu 0 uso de dados quali- tativos ¢ quantitativos na avaliagio psicolgi integragio dos mo algumas formas de 10 psicoldgica con be mesmos. A riqueza da aval siste no uso de diferentes abordagens, mesclando as perspectivas nomotética € idiografica, Os es cores padronizados dos testes nos dio informa- Ges precisas, que orimizam o tempo € permitem uma compreensio ampla do avaliando, mas é somente interpretando qualitativamente esse re- sultado na vida da pessoa, considerando a forma como respondeu aos testes, seu ambiente € con- texto, bem como dados da observagio, que os resultados podem ser compreendidos de forma valida e abrangente. Haase, VG. & Jalio-Costa, A. (2017). Como driblar a ilusio dos ntimeros? O bom uso dos testes neurop- sicolégicos. In: A. Jilio-Costa, R. Moura, & VG. Haase (Orgs.). Compéndio dos testes neuropsicologt- cos: atencao, fungdes executivas e meméria (pp. 7-22). Sio Paulo: Hogrefe. Leme, LF.AS., Rabelo, LS., & Alves, GAS. (2013). IFP.II ~ Atualizagao dos estudos psicomeétricos ¢ nor- mas do inventério fatorial de personalidade. 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