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Leandro Gomes _Barros “props. Filhas de José Bernardo da Silva Ay Mulher_ Roubada_ Leitor, eis 8 minha historia nfo sei se alguem acha boa; no principio verd logo se gerd histéria.a toa, escrevo um caso que deu-ce, na cidade de Lisboa Trata de Minerva Alheiro uma senhora casada, naseida em Panafiel, em Vila Rica criada, e na cidade do Porto, foi ela 14 educada Casou-se com Paulo Alheiro homem tambem educado, porem vivia no mar aonde era empregado, custava a tocar em casa devido o viver vexado O Paulo com a mulher tinha ambos consultado ele trabalhar seis anos, e juntar o ordenado 6 Irem morar numa quinta que Minerva tinha herdado (2) Minerva tinha uma dia que ajudou-a eriar quando Minerva casou ela nfo quis a deixar Minerva tambem por ai, ela nfo quis desprezar Morava em uma quinta quase dentro da cidade, 4 vizinhanca dali, toda lhe tinha amizade ela costurava muito, roupas daquele arrebalde Paulo trouxera de Cuba um mulato alaranjado, e botou ele na horta para 14 ser empregado Iimpar a herta e plantar e fazer qualquer mandado Um dia Minerva achou que o mulato era atrevido faltou-lhe com o respeito por ela repreendido dizendo Minerva e ele que dava parte ao marido, Chameva-se esse individuo Aureliano Mulato por andar muito macio alguns chamavam-lhe Gato esse nome para ele quadrava como de fato, Minerva um dia o mandou & TUa Comprar semente de alface, couves @ nabos (3) que era necessariaments mas recomendou a ele a viagem muito urgente Prontamente ele salu tagarelando ume lée encontrou Um vstrangeiro dizendo: que estava a toe porque ere americano e nfo cenhecia Lisboa Pediu-Ihe para levar a ume hospedaria porque ele era estrapgelro a6 podia andar com gula e levasse em casa séria que depois o pagaria Passaram pelo porto do dilo Paulo de Albeiro Minerva estava nas quintas plantando flor num canteiro o americano viu-a estando por traz dum pinheiro Entio exclemou consigo: oh! que mulher elegeante os olhos dela parecem o reflexo dum brilhante © impcssivel que haja eriatura tio elegante! A boca tio encarnada, as trangas como um retroe a cintura é um anel deve ter bonita voz se eu pudesse ter a dita de conversarmos a sé! [4] Disse o mulato a Minerva ira sua hospedaria, levar um americano que nada ali conhecia, @ ent&c Ihe prometeu, que com pouco voltaria O maldito americano nio esqueceu mais Minerva, fez do seu nome uma cousa que a gente bota em conserva um objeto de luxo que o dono bota em reserva Fazia calculos consigo: como bel de conquistdé-la? que fingimento usaria para hoje visitdé-la? posso morrer cruelmente masum dia hel de gozd-la Quem sabe se esta mulher nao teria aparecido para eu poder pagar, O que tenho cometido? se ela for minha desgraga, eu ja sei que estou perdido Entio chegou no hotel fol maito bem recebido, puxou dez libras do bolso, fingindo-se agradecido, ® deu-as ao portador, que ali o tloha trazido O mulato muito alegre ' the disse; muito obrigado: cada uma libra daquela (5) era dois meses de ordenado @ por isso admirou-se de tanto lhe terem dado Disse ele ao mulato: eu preciso Ihe falar mas u conversa 6 extensa 86 pode ser de vagar vocé de nolte apareca eu tenho que Ihe tratar Eu svu dono do navio que entrou para o estaleiro sou o dono 6 capitio tenho crédito e dinheiro farel de vocd feliz se nfo-me for trelcoelro As onze horas da noite o mulato 14 chegou ele ainda o esperava tanto que alegre ficou entrando para uma alcove ele ai explicou Solicitou do mulato se Minerva era casada entéo lhe disse que era perguntou se era honrada o mulato afl contou: aquilo é uma danada Disse o mulato: o marido chama-se Paulo de Alheiro tem trinta anos de {dade 6 musculoso e Iigeiro hé vinte anos que vive na vida de marioheire (6) E comandante da barca chamada «Polo do Norte » © contra-mestre da barca, chama-se Felix Maio Forte é até da irmandade, da Virgem da Boa-Morte Vossa mercé vd pra la diga que foi companheiro, e 6 amigo intimo 9a do dito Paulo de Alheiro, pois para falar com ela, este é& o ponto certelro Porque nés estamos em marco ele s6 chega em dezembro, @ vossa mercé lhe fala e volta cA em setembro, demora-se aqui no ponto até o més de novembro Entio formaram o projeto ele ficou animado, x deu mais dez libras ao tal por ter bem lhe informado e disse: se eu conseguir, dou-lhe um dinheiro avultado No outro dia as dez horas foi 86, nfo quis companheiro entio chegou no portio, perguntou a um porteiro, se aquela propriedade, era de Paulo de Alheiro Respondeu entio que era disse que era empregado; indagou se a mulher (7 tinha em Lisboa fcado, —Ficou. diege o tal sujelto e esté ali no sobrado 0 sujelto era o mulato mas estava todo fingido; de forma que esta conversa Minerva tinha ouvido como bem, ele dizer, que era amigo do marido —Faz favor dizer a ela que Ihe desejo falar? ji que nfo encontrel Paulo com quem gosto de trogar desejo conhecer ela, que quero a cumprimentar Minerva quis Ihe mandar dizer que estaya ocupada, gem lhe dar demonstragfio de gente mal educada, queria que se dissesse que ela era delicada. O mulato deu o recado e ela disse: mande entrar tinha ai um vizioho que Ihe viers visitar ela foi para uma sala, e 0 mandou se sentar. —Bom dia, disse 0 recente _Tenha o mesmo, cavalheiro; perguntou ele; a senhora 6 esposa de Alheiro? um meu amigo distinto, e muito bom companheiro (8) —Seu eu uma sua criada; —Estou-Ihe muito obrigado dizia o facinoroso tremendo nom fraseado: hA 6 meses que disseram-me que Paulo estava casado Minerva o interrogando: somo se chama o senhor? respondeu: o meu nome é Pekin de Wartelér eu tui colega de Paulo fomos de um 6d professor Soube que morava agai embora que ele nfo esta eu vim sé ver a senhora j4 que ele anda por 14 quando ele voltarlhe diga que Pekin andou por cé O maldoso estudou bem 6 depois de lhe ter lido honestidade e pudor disse a si mesmo: perdido esta aqui pode morrer mas nfo 6 falsa ao marido! Ergueu-se e disse a Minerva: Meenga que vou chegando tenho um navio no dique e deixel-o consertando 6 vim ci cumprimenté-la: ela se retirando —Obrigada, disse ela por se ter Incomodado —Incémedo nenhum, senhora [9] precisando dum orlado estou sempre As suas ordens para servi-la me aguardo E Ihe apertando a mfio se despediu e sala Minerva rapidamente uma tristeza sentiu umé ligrima de sangue sobre seu colo calu Minerva exclamou: é sangue!? 14 perturbando o sentido © que scontecerd 8 mim ou a meu marido? laso serd um sinal que Paulo tenha morrido! O miserdvel saiu de todo contrariado dizendo consigo mesmo: meu plano foi todo errado se 0 marido dela vir fica mais atrapalhado Chamou o mulato e disse: deposito em sua mao O caso mais melindroso de mais consideragfio voo’ ganha o que exigir se salr bem na missiio Eu tenho trinta e seis anos tenho um grande capital tenho seis milhées om libra Posto no banco real olto em Franga, dez na Grécla quatro aqui em Portugal (10) E disse: tome seis mil libras para o que houver preciedo seja sagaz e ativo tome muita precaugfo n&o confie este segrédo nem ao proprio seu irmio Eu parto daqui a dots dias daqui para Noruega por ld eu posso saber aonde Paulo navegea e enquanto nfo matd-lo meu espirite nio sossege Na Noruega entio soube que Pavlo fol para o norte estava encalhado no gélo ja em perigo de morte disse Pekin: e688 nova me vem melhorar de sorte E seguiu wm busea dele achou-o quase perdido estava preso po gelo ja quase desprevenido se nfo matasse algum peixe talvez tivesse morrido Paulo quando viu Pekin nio pide ter alegria o olhando mais de perto todo corpo the tremia o traidor quando fitou-o eomo crianga sorrla Pekin sabia falar hebraico, alemfo, inglés italiano e espanhol (11) divinamente francés tanto que Paulo julgou que ele fossa Portugués Quando ele viu Paulo, digge: Deus o guarde cavalheiro estava longe daquil eacontrel um companheiro me disse que estava aqul encalhado um marinheiro Se lhe falta alguma coisa eu veoho bem prevenido trago viveres para um ano J4 vé que estou prevanido Paseo seis meses aqui © senhor esté bem servido Pekin disse ao paioleiro que descesse ao porfio € prevenisse a cozinha daquela tripulagan mandou botar o juntar 6 convidou Paulo entdo Pekin mandou na dispensa ver o vinho especial Paulo conheceu o vinho que era de Portugal disse: ease aqui foi feito em minha terra natal Pekin afirmou: fol mesmo @U passando 14 comprai; -Saltou 14? perguntou Paule disse Pekin: nfo saltei, 4 viagem fol urgente por isso pao demorei (12) Pekin perguntou a Paulo: o nome do cavalheiro? entio o rapaz lhe disse; Paule de Sales Albeiro; disse Pekin: eu me chamo Paulino de SA Aveiro Depola de um més e'dez dias diase Pekin: estou doente desta sei que nio escapo couhego perfeitamente com esta minba moléstla nunca escapou um vivente Paulo ficou muito aflito quando assim o viu gemer chemou Paulo e lhe disse: nfo posso mais escrever nem nova da minha morte minha mulher ha de ter Oh! Minervina querida & morte me velo privar os raveses da fortuna me proibem de gozar o que julguei a principio longos anos desfrutar! Tu eras o objeto de mais gosto para mim mas a mfo da Providéncla julgou o contrario assim baixou do eéu um decreto para 6 morte dar-me fim! 56 Deus nfo admirava vendo esse monstro exclamar pobre de Paulo inocente Li RNR CRN Cte Cre RE PM 5 A La (13) sem nada desconfiar nfo sabia que era uma trama que o traidor lhe ia armar Disse a Paulo; escreva aqui uma carta a minha mulher € quando eu morrer remeta no lugar que ela estiver embora que exija dela, & quanta que quiser O leltor veja, Pekin que idéia concebeu, 4 letra do proprio Paulo na forma que ele escreveu, indo 4s mos de Minerva era de cré yue morreu Na carta vinha o seguinte: «adeus esposa querida «chegou agora o# tltimos, «momentos de minha vida «entio escrevo-te esta carta «por lembranca e despedida «O portador desta mesma sleva a minha embarcagaéo, «promete, se nfio morrer «entregd-la a meu patrio, «como tambem esta carta «entregar em tua mio «Tenho um pedido a fazer-te “86 acaeoO quiser casar «procura um homem distinto «que possa estado te dar, «eu preferla Pekin «um amigo que tenhu no mar (15) Paulo fear sepultado matar a tripulagdo depois vultar descansado Paulo seguia na frente na margem do rio passou e Pekin que vinba atrds bem nus costae lhe atirou, ele caiu dentro digua, 4 correnteza levou Pekin dizia consigo: agora principiei, a obra esté em camioho, nfo sei quando acabarei, o gue havia mais custoso au ji desembaracei Voltou ao navio de Paulo disse que Paulo dizia, que a tripula¢io jantasse que ele 14 mesmo dormia estava enfadado da caca voltava oo outro dla Achou tudo descuidedo se dirigiu a cozinha, num instante envenenou toda comida que tinha voltou dizendo consigo, cacada lorde esta minha! De vinte e dois marinheiros somente uM escapou, por ser muito experients por isso fol que ficou, desconfiado du caso fol se deitar nfo jantou (16) Quando viu a mortandade que no barco tinha havido disse consigs: ful feliz daquilo nfo ter comido ja sel com toda certeza, que Paulo fol consumido O marinheiro exclemou: fol morto o meu comandante foi aquele traidor Nquidou-o nom instante: jurou que se nfo morresse, levava a questdo avante Olhou para o lado aonde o barco de Pekin estava este ja tinha saido ele entre sl murmurava, pensando sam acertar, como ele se vingava Pensava o velho grumete como havia de escapar, naquele lugar estranho quem o podia salvar? outra embarcacho all era custoso de encontrar Determinou ir pra ilha a fim de ver se escapava ® para ver se alguma caca ou algum peixe ali pegava, pedindo a Deus que mostrasse qualquer barco que passava Tomou um bote 6 saiu como um ente sem sentido, de manh& estava chorando (17) ouviu um grande gemido quando fol ver era Paulo que ainda nfo tinha morrido Pekin vaio ver de manha se tinha alguem escapado, achou o barco deserto tudo tinha se acabado sorriu com um sorriso. triste que sempre tem o malvado E Mandou levantar o ferro 66M quase fazer manobra dando uma livre expansiio no seu destino de cobra dizendo: estou muito perto de concluir minha obra Porem Deus 6 grande e justo, auxilia o desgracado, mostra sempre ao inocente, Oo que escunde ao malvade Deus atrapalha o projeto, do mal intencionado Entéo Pekin calculou que o projeto mais real era levar o navio, # um porto principal ) de 14 remeter a carta ! com destino a Portugal } © leitor jé leu a carta que ele mandou escrever, . & carta escrita por Paulo ‘ foi para Minerva crer, pols a letra do marido, havia de cunhecer (8) Formulou todos os .calculos porem 4 idéia mais fina fol em dizer que a mulher ae chamava Minervina depois rapando trés letras dizendo: o nome combina © nome de Minervine remendou e¢ fez Minerva de Paulino formou Paulo e disse: esti pronta a serva 66 faltam as cartas seguirem com poscoo correlo as leva Era uma tarde de abril o vento soprava ligeiro 0 eapaco estava lindo nfo tinha um sé nevoeiro quando da casa de Paulo se aproximava um carteiro Minerva foi-lhe ao encontro @ em completo desespero perguntou muito vexada: que nova traz, cavalheiro? —Sfio duas cartas com luto pare Minerva de Alheiro Minerva abriu uma carta e logo empalideceu era uma carta de pézames que Pekin lhe remeteu dizendo que o seu murido em setembro faleceu No estreito de Berlag topou a embarecacho estava press no gelo (18) perdeu a tripulagao depois deu nele uma tebre nio pode ter salvagdo E eu passande por l& viuma bandeira i¢ada, chegando 14 encontrel-o com febre muito alterada dei-lhe os remédios que tioha e nao pude alcangar nada Depois de uns ocito ou 10 dias chegou outro companhelro o americano Pekin seu amigo verdadeiro tanto que quase enlouquece devido Paulo de Albeiro O leitor veja que trama tinha armado esse malvado sendo suas as duas cartas como foi tio bem ideado para Minerva enganar-se como tinha projetado Mande na ilha de Madeira procurar a certidao como tambem 14 deixei papel e embarcagao no mals sou um seu criado, Cristovio Carlos Galvéo Abriu entéo outra carta yin que Paulo a eserevel, pols a letra do marido certo 6 que a conhegeu, tinha sido um plano certo que o traidor concebeu (20) Ent&o Minerva dizia: oh! vida sem esperanca perdi! meu pai tao pequena casei-me quase crianga ficar vidva assim tao moca uma alma assim nfo descansa! Margarida, a sua aia em solugo se afogava © mulato ocultamente risonho se conservava contando com dez mil bras que © novo patrfio Ihe dava Minerva fitou o cén exclamou: oh! meu Senhor Deus e homem yerdadeiro meu pal e meu protetor orai por esta tnfeliz meu Jesus, por vosso amor! E vée oh! Virgem Maria bem sabeis quanto 6 a pena pois na morte de teu filho Ppaseaste uma horrenda cena dai-me o confortu que destes 4 contrita Madalena! Depois de olto ou dez dias foi despedido o mulato disse Minerva: da horta eu sozinha mesmo trato ele dizia consigo: eu doy-te ligho de gato Depois de um ou dois meses: © Pekin apareceu fol a casa de Minerva (21) e ela nfo o recebeu porque quando ouviu ele falar 0 coracdo lhe bate O traidor nfo sabia que melo havia de achar a forga era impossivel tinha a lei para empatar peneava de dia e de noite que meio podia empregar Ele escreveu a Minerva falando do ocorrido dizendo: eu ful o maior amigo do seu marido e tenho uma carta dele que fala nesse sentido Desejava a sua mao visto lhe ter amizade pois sae fazer a sua felicidade Bou novo, rico e solteiro devo ter prosperidade Minerva mandou dizer-lhe que ficava agradecida dele ter essa lembranga em fazer dela escolhida j4 tinha jurado a Deus desprezar tudo na vida Pekin pediu o uma freira lhe pedindo que fizesse eom que Minerva amensasse 6 ela mesmo dissésse podia pedir a ele 4 @ quantia que quisesse coe atc, Me ka ee eae (22) Entéo a frélra lha disse que sabla Oma oracéio que revyada abrandaria & qualquer um coragdo ainda sendo de fera, quanto mais quem é cristo A treira fol a Minerva com um recado fingido: ha trés noites que eu sonho com a alma do seu marido que mandou dizer por nim que nfo falte seu pedido Pekin tinha dito a freira ‘tudo que tinha passado e6 nfo lhe contou o modo que fol Paulo assassinado mas o resto do segredo lhe havia reveladc Minerva disse: é trama que esta lrelra quer armar mas © segrédo da carta onde ela podia achar? e disse a freira; nem Deus pode obrigar-me-a casar. aA velha voltou @ digse: . eu of0 pude fazer nada * a vidva é uma fera nfo hi quem tome chegada 1 ouve falar no marido chora como uma danada Pekin suspirando disse: fol debalde o meu lutar! 4 freira disse: eu vou ver i eS _— (23) ge a posso narcotizar, disse Pekin: é o meio porque 4& posso pilhar Foi a bordo e preveniu a toda tripulagio dizendo: hoje nao sal ninguem dessa embarcagéo, salu com sels marinheiroe que tinha disposi¢io Foi onde estava a freira disse ela: preparei levei o liquido daqui que com um quimicu arrumei achei ela discuidada no bule do cha botei Ai Pekin disse a freira: existe aqui um mulsto que foi empregado dela o Aureliano Gato conhece tode o eegrédo; a freira disse: eu o mato Chamou o mulato 6 deu-lhe o veneno e ele bebeu com dez minutos depois na sala ele morreu disse a freira: a hora é propria ele jA adormeceu Levaram uma chave false com ela abriram o portico abriram a porta da frente passaram pelo salfio estavam Minerva e¢ a die dormindy ao pé do: togéo (24) Ent&o trazia um ber¢o da forma de uma litelra ® disae: siga com elu: e ai matou a fretra deixou-a sobre o sofa disse: fica, alcoviteira! Quando Minerva acordou estava num leito importante Hum camarote soberbo um objeto galante nas borlotes das cortinag em cada uma um brilhante Assim que Minerva acordou eviu Pekin a seu lado exclameu: o que fol isso? Deus tera me castigado? onde estou? que casa é& esta?! oh! Deus, olhai meu estado! Pekin na beira do leito 80 ajoelhou solucando —Perd&o! perdfio! minha belaf 6xclamou ge lastimando, perdoa a este infeliz ! que aqui esta te adorando! FS Entio perguntou Minerva: i como foi que vim aqui? } Sera por acaso um sonho n&o 6 porque nfo dormi: Bor caridade me diga 7 quem 65 tu que estas ai! —Sou eu, responden Pekin + 4quele qua te escreven que aselatiu teu marido [25] no dia que faleceu; ela af deu uma aincope fechou os olhos e gemeu Pekin foi ver chocolate pediu para ela aceltar Minerva ai calculou que era felo recusar Pekin deixou-a sozinha, Para nfo a perturbar Minerva com Margarida estava em ums conversa sem saberem porque meio The fizeram aquela peca entéo Margarida disse: ele a cenhora confegsa. Finja Ihe ter amizade exija uma condigfo de Ihe respeitar a honra enquanto nfo der-lhe a mao 86 assim nés poderemos Sait desta embarcacio Chegou Pekin muito alegre {nerva o cumprimentou Pekin ficou tio contente que de alegre n&o falou tanto og olhos em Minerva ©OM0 uma estatua floou Disse Minerva: o senhor pede um favor me fazer? ~-N&o sendo para deixar-te, © mais f4cil 6 obter, Inda que fosse meu sangue, que desejasses beber aR «= i (28) —O senhor, trouxe-me aqui me diga qual intengio? isto pergunotou Minerva na maior perturbaciv entio reapondeu Pekin: meu desejo é dar-te a mao —Pois bem, respondeu Minerva visto querer me esposar quero pedir ao senhor que queira me respeltar ad me considero sua, no dia que me casar. —Pois nfo; respondeu Pekin voce esta em seu direito, com esta resolugdo eu tiquei mais satisteito, j4 conheci que a senhora, exige muito respeito, Disse Pekin a Minerva: pode escolher o pais aonde quiser casar hoje au me julgo feliz; disse Minerva: por mim dou preferéncia a Paris. Pekin tieando contente revelou todo passado; o mulato que a freira tinha o envenenado, disse que a freira fol morta, por mfo dei seu empregado Descobriu mala pela forma que a tinha narcotizado, condenando 36 a freira (27) dizendo a ter enganado e levantando mals outra da freira um falso recado Minerva pediu a ele que passasse por Cadi que ela queria pagar uma promessa em Madri para rever uma igreja dum santo que havia all Disse Pekin: nfo ba divida 6 perto, posso passar demoro 14 uns dole dias dou tempo a vocé chegar agora lembrou-me até tenho um negéclo a tratar Ghegando entfo a Cadi Minerva lhe quis chamar pole assim era mais facil Pekin nfo desconfiar diz ele: val meu criado nfo tem o que recear Alugou 0 melhor carro que no ponto apareceu mil contos de réia em jélas a@ Minerva Pekin deo perguotou ele a Minerva: acelta um abracgo meu? —Aceito, respondeu ela sentindo na alma um assombro Minerva quase que morre dando um pequeno tombo ele com muito respeito pés-lhe a m&o sobre o ombro (28) Sairam e Bulater tambem a acompanhou ele se arrependeu tarde e al desconficu ele sabla o que fez © reworso o acusou Chamou um criado velho e disse: vocé va a Madri, nfo perca tempo veja o que se passa lA 68 houver causa contra mim telegrafe para cA Ele chegando em Madri logo ao entrar na cidad Minerva se dirigiu : a primeira autoridade fez clente ao comissdrio de sua infelicidade O comandante dali era um homem justiceiro prendeu no meemo momento © criado e o boleeiro telegrafou pra Cadi que prendesse o traigoeiro Porem o criado velho de tudo tinha sabido telegrafou a Pekin: patrao, negocio perdido! telegrafou noutro nome para nfo ser conhecido Pekin com essa noticia conheceu a perdi¢io abriu o ferro da barca [29] que estava de prontidio vendo a hora que a justica podia lancgar-lhe a mfo Bulater descobriu tudo quando foi ao tribunal Minerva tomou o trem regressou a Portugal ficando ali nce cuidados da forca policial Pekin pensava em Minerva rugia como um lefo dizendo: antes perdesse x a minha tripulag¢do até mesmo a@ propria barca fosse de encontro a um tufao Vamos tratar sobre Paulo quando o tiro recebeu ealndo dentro do cio i Da correnteza desceu depols pegou-se em um pau Segurou-se e nfo morreu ! i Quando foi no outro dia © marinheiro o achou Paulo estava quase morto um marinheiro o salyou Pode lhe extrair a bala depois a fistula sarou N&o sabia porque forma tinha sido essa traicho Paulo ndo tinha inimigo disee o marioheiro: ent&o fol a mulher, nfo foi mais nada que causou easa questio (30) Minha mulher, disse Paulo nfio crefio que me traisse respeitava minhas cinzes inda que eu nfo existisse nfo creio inda que a sorte por castigo permitisse Estavam ali ha dois anos comendo cabrs montés um dia estavam sentados se maldizendo talvez quando viram uma bandeira de um hiate portugués Paulo pedindo socorro velo um bote os buscar Paulo solugava tanto que nfo podia contar depois de cinco ou seis horas fol quando pode falar Aftinal levaram Paulo a sua terra natal com sels meses da viagem chegou ele em Portugal jurou de nfio fazer 8 barba: antes de ver seu rival Paulo ealtou e foi logo para sua habitagio eram trés horas da tarde quando bateu no portio Margarida quando 0 viu gritou logo: 6 um ladrao! Ladrio o qué, Margarida Paulo logo respondeu nfiio sou Paulo de Atheiro? ee ee ee ee C (31) Margarida enfurecen dizendo: meu amo, nfo esse hi dois anos morreu! E chamou pela policia deram-lhe voz de ptisio disse Paulo: diga a Minerva que chegue aqui no portio; Minerva de longe vendo contirmou: é um ladrAo! Minerva, coltada, vendo o que tinha acuntecido devido a carta de Paulo que ja tinha recebido ndo podia vir-lhe A mente - que aquelo fosse seu marido Paulo quendo viu Minerva deu-lhe uma sincope, calu soltou um grito tho grande que 4 mulber do quarto ouviu exclamou: oh! que desgraca Minha mulher me traiul Nada mais disse A policia # seguiu para a prisdo dando-Ihe muitas vertigens naquela perturbacdo estava da cér de tinta © sangue do coracdo No outro dia As dez horas Paulo foi interrogado porem nada respondeu do gue lhe foi perguntado nisto chega o marinheiro que a Paulo tinha salvado (82) Sr. comandante, esta preso? perguntou o marinheiro o juiz lhe perguntou: econhece o prisioneira? —Conhego, disse o grumete pois ndo é Paulode Alheiro? —Paulo nfo, disse o juiz Paulo faleceu no norte —Nao senhor, respondeu Paulo o poder de Deus @ forte a& mulher mandou matar-me mas Deus revogou a sorte —Mas quem 6 sua mulher? interrogou o juiz —Néo ¢ Minerva de Alheiro? o ente mala Infelliz, interrogue este grumete que sabe tudo e lhe diz Entio o grumete disse tudo que tioha se dado deu os sinais de Pekin mas com o nome mudado © juiz disse: senhor Paulo voos esté mal Informado —Dr. eu nfo sou crianga respondeu Paulo de. Alheiro minha mulher me traiu com aquele tralgoelro @ para melhor provar fez-me até prisioneiro —Vé chamar done Minerva disse o juiz a um soldado disse Paulo; antes cu quero A Mulher Roubada ser agora degolado do que olhar a mulher por quem eu sou ultrajado! Dou-Ihe a metade dos bens 66 0 senhor dispensar obrigar-me a ver Minerva é mais do que me mater; de stibito chegon Minerva Paulo nfo pode falar Quando Minerva chegou que conheceu o marido Pensou logo na ingratidao que ja tinhe cometido devido a barba de Paulo que muito tinha creseidu Calu-Ihe aos pés, de-joelhos @ lhe pediu por caridade que liquidasse seus dias indo com rigoridade dizendo: creia por Deus nfo o conbee! ontem a tarde --Mulher! exclamava Paulo inda nfo estés consolada de mandar-me tirar a vide por meio de uma cilada? mostrou-lhe a fistula do tiro que ainda nfo estava sarada Te iludiste com um malvado projetando me ofender eu pera ti ja morri nada mais tenho a dizar inda cheguei inocante tu me mandaste prender! (4) Minerva exclamou: oh! Paulo nBo me levantes um falao eu estive am condicio como um réu no cadafalso Deus vendo nossa lnocénela livrou-ime deste embsrago Ela af puxou as cartae que do correio recebeu entregou na mao de Paulo ele abri a Carta e leu Minerva ai perguntou-lhe: no fol vocé que eacreveu? Paulo ao ler as tais cartes deu-Ihe uma evlocacao —Fol exato, disse Paulo escrevi-as com minha mao: ai contou a mitido eomo se Tez a traicho Ob! Minerva, me perdoa a minha grande maldade tive razio de clemar pelo que deu-se ontem a tarde eu ainda hel de vingar-me daquele Infeliz covarde! Paulo comprou um hiate entio se langou ao mar disse a Minerva; voce por mim nfo tem de esperar you por todo mundo a fora até Pekin encontrar Eseolbeu dex marinheiros @ largou-se no oceano levaram Agua e comida (35) para passar mals de um ano foi o destino mais forte que se viuno corpo humane Andaram mais de dois anos Bem poder Pekin achar 71 uma noite muita escura viram um farol no mar e Paulo apagou o dela, para se certificar —F Pekin; disse o grumete eu conhego o farol dele navio ancorado ali ou ¢ pirata ou 6 ele; disse Paulo: se preparem vamos fazer fogo nele Disse um velho marinhelro: faga-se averiguacdio poda ser algum navio de outra qualquer nagio; disse Paulo: se for ele eu quero pegar-lhe a mfio Com menos de duas horas tudo all se convenceu Paulo aproximou-se dele. que era Pekin conheceu ele deu fé que era Paulo abriu o f+rro e correu Paulo seguiu atréa dele tomo um lefio furloso como um co com hidrofobla. desesperado e ralvoso em seis dias de viagem Paulo néo teve um repouaa —$—_ LL (38) Correram vinte e seis diaa pelo mar desconhecido passaram cabo 6 estreitos onde ninguem tinha ido disse Paulo: eu me vingo ou nO Mar sou consumido Um dia pelas seis horas Pekin af deagragou-se o barco fa tio veloz bate numa pedra e furou-se - nfo tinha mais o que tazer Pekin af entregou-se —Miserdvel! exclamou Paulo estas agora em meu poder aqui Mesmo eu nao te mato pois Minerva ha de te ver Huma praca em Portugal has de em uma forca morrer Ele nada disse a Paulo perdeu de tudo a acdo espumava pela boca que parecia um lefo Paulo botou-o nos ferrog - 8 levou-o no porio Chegou preso em Portugal @ quaudo desembarcou 8 juetica veio ver Minerva se apresentou ageim que ele viu Minerva ealu noe chao, exclamou: Ainda preso e quase morte nesta desgraca em que estou tenho © prazer de olhar (37) esta que me enfeitigou! acenou-lhe com a mado neste momento expirou Paulo ai sim, fez a barba pegou a tripulagao largou a vids do mar descansou seu coracho foi viver com a mulher na antiga habitecao No enterro de Pekin foi no bolso dele achado Oo papel dé um testamento ’ muito bem documentado feito por tabeliao @ por Pekin assinade Achou-se o teor seguinte: «eu Pekin homem solteiro com trinta 6 seis anos justo constituy o meu herdeiro de todos os meus possuldos dona Minerva de Alhelros Ainda mesmo que eeja Sesassinadc por ela declaro hoje ¢ assino todos meus bens serio dela dona Minerva de Alheiro tem todo direito nela Sou livre e desempedido capitalista solteiro nfo tenho pai e nem mide nem quem seja meu herdeiro acharam as letras do banco onde ela tinha dinheiro (39) Encontrou-se outro papel onde Pekin escreveu a exclamacio que fez quando a Minerva perdeu amaldi¢oou o dia 248 hora em que nasceu «Minerva, anjo divino doce e feliz companhia flor das flores, anjos dog anjos se eu tornasse a ver-te 1 dia ainda tu me matando 4 morte eu nfo sentiria Sem ti eu me considero barco sem vela e sem norte morrendo em tua presenca nfo julgo ruim a sorte vendo a tua linda imagem na hora da minha morte! De que me servem os milhdea que tenho de contos de réia nfo possuinds uma jéia de valor quanto tu és antes ev pedisse esmola comendo 0 pio a teus pds! O cio que tinhas na horta era mais fellz que eu pois tu sorrindo passava-lhe a méo pelo lombo seu que gloria! que encanto doce aqguele cio recebeu! Sou um pobre desgracada da serte desprotegido amei e nfo ful amado (38) quis, tanto e- nfo tui querido dinheiro nfo é fortuna fe fosse cu era servido! Com todo desprezo seu 80 meldigo o nome dela antes peco a Divindade que nfio desampare ela @ muito raro encoutrar-se oulra mulher como aquelal Esteve em meu poder seis meses com toda dignidade seu cardter para mim tinha toda autoridade ‘el era o vassalo dela ela, real majestade: Oh! Minerva, anjo ditoso o quanto bela tu ée su s0ucomo um cio leproso nas agonise cruéle F Suplica amores ao dono 9 dono mete lhe os pés! Eu morrendo a que possuo ficard em nome teu te peco por tus honra aceite tudo que é meu quero que goze meus bens HM mais feliz do que eu! Deus queira guiar-te os pasos l4 por onde tu andares eu carpirel o destino aqui nas ondas dos mares Onde falta-me a alegria onde sobra meus pezares! (40) Onde o silencio me traz recorda¢fio doloroea; momento que me julgave ser a alma mais ditosa porque olhava um momento tua imagem melindrosa! Pois eu nunca tinha visto uns olhos como estes teus elbar de um fluido atrevide que cativaram of meus de cada vez que olhava via um sorriso de Deus! -N&o queremos nada dele disss Paulo a mulher todo testamentc dele fique para quem quiger nos nfo queremos tocar em nada que ele tiver Diase o julz: nesse cago se lembre da caridade mende tirar o dinheiro © comprar propriedade para remir a pobreza ® criar a orfandade Levaram a procuracdo Minerva entaéo assinou fez presente a caridade nela tambem nao tocou deu tudo aoe desamparsdoe amparando as desgragados com o dinheiro que ficou — FIM -- duaseiro, 27-12-76 lntaee tura de Cordal José Bernardo da Silva Lida. Grande variedade de folhetos @ oracSes. R. Sta. Luzla, 265-Juazeiro do Norte-Ce AGENTES: EDSON PINTO DA SILVA Mereadc 5, Joaé—Compartimento N. 7 Recife . — Pernambuco BENEDITO ANTONIO DE MATOS Café S80 Miguel, dentro do Mercado Central -- Fortaleza -- Ceard ANTONIO ALVES DA SILVA Rue Clodoaldo de Frettas, 707 Terezina Plant JOAO SEVERO DA SILVA Travessa Dr, Carvalho, 70 — Bayeux R. Silva Jardim, 836 — Joo Peasos-Pb E Rua Satiro Dias, 1457 Alecrim — Natal — RN. MARIA JOSE SILVA ARRUDA QE 24 — Conjunto D — Casa 9 Guard 2 — frasilia — DF SEVERINO JOSE’ DOS SANTOS Rua Eng. Paulo Lopas, 695 Lote 4, final de Onibus, 745 Cascadura _| Banga — Riorde Janeiro — RJ ARTHUR PEREIRA DE SALLES Av. Santana du Ipanema, $15 Balrra Cruz das Almas — Maceié — Al.

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