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INDICE Capitulo 1 - Medigses com Instrumentos Convencionais 1.1 Introdugao .. 1.2. Tipos de indicacao 1.2.1 Indieacdo por coinci 1.2.1.1 Sistema métrico 1.2.1.2. Sistema inglés 1.2.2 Indicacio por estimativa 1.2.3 Indicagao por aproximacio 1.3. Enos de indicacio 1.4 Principio de funcionamento do nénio 1.5. Principio de funcionamento do micrometro ... 15.1 Forca de medi 1.5.2 Indicacdo com micrémetro 1.5.2.1 MicrOmetro sem nénio . 1.5.2.2. Micrémetro com nénio ...... a AL 1.6 Cuidados ¢ recomendagées para uso de insirumentos .... 12 1.6.1 Cuidados com o paquimetro e recomendag6es para Seu USO .. 13 1.6.2. Cuidados com o micrdmetro e recomendacdes para seu uso .. 13 1.6.3 Cuidados ao apresentar a indicaggo do iastrumento ... 14 1.7. Regras de arredondamento 4 Capitulo 2 - Nogdes sobre Normalizacao 2.1 Definigdes . zs en 16 2.2. Normalis 16 23° Histérico 16 2.4 Objetivos da normali 16 2.5. Principios da normalizacio 7 2.6 Niveis de normalizacio .. 7 Capitulo 3 — Sistema de Tolerancias e Ajustes 3.1 Introdugao 19 3.2. As Irregularidades na fabricacao ¢ os desvios dmissiveis 3.3. Posigdes do campo de toleriincia ... 3.4 Algumas relagdes numéricas para um ¢! 3.5. Sistema de tolerancia .. 3.6 Algumas caracteristicas do sistema ISO de tolerincia . 20 3.6.1 Temperatura de referéncia .. 23 3.6.2. Grupos de dimensies B 3.6.3 Graus de tolerincia-padrao (IT)... 4 3.6.4 Fator de tolerancia-padrao (i, 1) 24 3.6.5 Campos de tolerancia 26 3.6.6 Simbologia 28 Exercicios 29 3.7 Ajustes 31 3.7.1 Introdugdo i s 31 3.7.2 Classes de ajustes : 31 3.7.2.1 Ajuste com folga 32 3.7.2.2. Ajuste com interferéncia 32 3.7.2.3. Ajuste incerto 32 3.7.3. Limites do ajuste .... 32 3.7.4. Sistemas de ajuste ... 3 3.7.4.1 Sistema de ajuste eixo-base 34 3.7.42. Sistema de ajuste furo-base 34 3.7.43. Sistema misto ..... 34 3.75. Variagdo de um ajuste ... 34 3.7.6 Simbologia e indicagéo nos desenhos 35 3.7.6.1 Informagées contidas numa notagai 3.7.6.1.1 Exemplo 1... 35 3.7.6.1.2 Exemplo 2 : 36 3.7.6.1.3. Exemplo 3 ah 37 3.7.7 Ajuste entre pecas com tolerancia unilateral e bilateral (JS/js) 38 3.8. Anilise estatistica do ajuste 41 3.8.1 Introducio ... 41 3.8.2 Valores estatisticos do ajuste 41 3.8.3 Vantagem da anilise estatistica do ajuste 42 3.8.4 Exemplo 4 43 Exercici 45 3.9. Ajustes equivalentes 3.10 Escolha de um ajuste normalizado a partir das condicbes limites 3.10.1 Introdugio .. 3.10.2 Roteiro para escolha ... 50 3.10.21 Exemplo 5 ever 50 3.10.2.2. Exemplo 6 srs 53 3.11 Valores médios dos ajustes .. 56 3.11.1 Exemplo 7... 56 Exercicios 61 3.12 Ajustes preferenciai 64 Exercicio 65 4.1. Introdue: ca 67 42. Conceitos basicos . 67 4.2.1 Estimativa de pt : 67 4.2.2 Estimativa de ¢ com base na amplitude amosiral .. 68 4.2.3. Limites de controle e limites de especificacio . 68 43 Interpretacio dos grificos de controle ... 69 Pontos fora dos limites de controle .. 69 Seqiiéncia .. 69 Tendéncia .. 69 Proximidade dos limites de controle 70 Proximidade da linha média 70 Periodicidade 70 44 Capacidade do processo 70 4.4.1 Indice Cp 70 4.4.2. Indice Cpk i mn 4.4.3. Avaliacio do processo a . 71 4.4.4 Indice de capacidade para casos onde s6 existe um limite de especificacio 71 45 Exemplo 8 ..... _ 12 Apéndice Tabela A3.1 . % Tabela A.3.2... 16 Tabela A3.3 . 1 Tabela A3.4.. 8 Tabela A3.5 . . 79 Grifico A3.1 . 80 Tabela 4.1. 81 Quadro A.4.1 82 Quadro A4.2 83, Bibliografia 84 MEDIGOES COM INSTRUMENTOS CONVENCIONAIS 1.1 Introdugio. De inicio, achamos convenieate apresentar alguns termos importantes para este trabalho € que so hoje adotados no Brasil através da Portaria N° 232 de 08 de maio de 2012. Trata-se do Vocabulario Internacional de Metrologia — Conceitos fundamentais e gerais e termos associados, que relaciona os termos utilizados na linguagem metrol6gica brasileira. Entre tantos, citaremos: ~ Medigio — processo de obtengio experimental de um ou mais valores que podem ser.razoavelmente, atribuidos a uma grandeza; = Grandeza - propriedade de um fendmeno, de um corpo ou de uma substincia que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um ntimero e de uma referéncia; ~ Mensurando - grandeza que se pretende medir; - Resolucio de um dispositivo mostrador - menor diferenca entre indicagdes mostradas que pode ser significativamente percebida. - Intervalo nominal de indicacdes ~ conjunto de valores compreendidos entre duas indicagdes extremas arredondadas ou aproximadas, obtido com um posicionamento particular dos comandos de um instrumento de medigio ou sistema de medigio e utilizado para designar este posicionamento, NOTA 1 Um intervalo nominal de indicacdes € geralmente expresso em termos de seu menor € maior valor, por exemplo: “100V a 200V”. NOTA 2 Em algumas reas, 0 termo adotado é “faixa nominal” - Sensor - Elemento de um sistema de medigao que € diretamente afetado por um fendmeno, corpo ou substancia que contém a grandeza a ser medida; = Indicag&o - Valor fornecido por um instrumento de medigéo ou por um sistema de medigio; Neste trabalho, estaremos preocupados na determinacao de uma grandeza como comprimento, argura, altura, diametro, etc., utilizando um instrumento analégico, j4 que € com este tipo de instrumento que surgem as dificuldades na hora de se efetuar a verificagao de uma indicagio. 1.2 Tipos de Indicagio. Ao se verificar a indicagao de um instrumento, poderdo ocorrer duas situacGes distintas: i) percebe-se claramente que o final da peca coincidiu com uma das marcas da escala do instrumento, ou no caso de um instrumento com ponteiro, que 0 ponteiro ficou, exatamente, sobre uma das marcas da escala ou em outros instrumenios vemos que uma das marcas da escala mével esté coincidindo com uma das marcas da escala fixa, Fig. (1-1). Escala fixa t i 10 ° 5 ae of \ Litt Pecgal 5 » 4 © Escalainével 1° °° Figura 1.1 - Exemplos de indicagées por coincidéncia. a) o final da peca coincidiu com uma dss reas da escala do instrumento. ) o ponteiro esté coincidindo com um cas iiarcas da escata do instrumento; ¢) uma marca da escala mével est coincid ado com uma das marcas da escala fixa do instrumento. 3 ii) percebe-se que nao ocorreu nenhuma destas coincidéneias que foram citadas, como por exemplo as situagdes da Fig (1.2). Figura 1.2 - Indicagdes onde nao houve coineidéncia. Em nenhum dos trés casos apreseatsdos na Fig. (1.2), ocorreu alguma das coincidéncias ocorridas nas apresentacdes da Fig (1.1) 1.2.1 Indicagao por Coincidéncia Para se verificar a indicagio de um instrumento onde ocorreu coincidéncia, 0 processo é relativamente simples. Para exemplificar vanios verificar a indicagéo do comprimento da pega 1 na Fig. (1.2.2), seguindo para isso alguns pasos que sero importantes no sentido de eliminar dividas que possam surgir no processo. 1° passo - Reconhecer a eseala do instrument escala no sistema métrico ou no sistema ingl serd tomada observando-se as divisGes da escal Isto significa que devemos saber se trata-se de uma Se no vier explicitado no instrumento, esta decisdo 1.2.1.1 Sistema Métrico. A Figura (1.3) apresenta um comprimento de Lem (ampliado). A colocacao das marcas intermedirias & obtida dividindo-se este comprimento em 10 0 om partes iguais, com a quinta marca ficando com uma altura maior que as demais e menor que altura das marcas extremas. Com isto cada | : : divisao ird corresponder a 1 mm, Fig, (1.4) | Figura 1.3 - Comprimento de lem, ampliado. Alguns instrumentos, ainda, _ aprescntam este valor dividido a0 meio por uma marca de altura menor, correspondendo assim a 0,5 mm, Fig. (1.5). 0 lem | | 9 0,5mm tem oy Figura 1.5 - Comprimento de 1m, ampliado, Figura 1.4 - Comprimento de Lem, amptiaco, dividido em vinte partes ipuais. dividido em dez partes iguais. 1.2.1.2 Sistema Ingles. O sistema inglés apresenta dois tipos de divisdes de escala: a divisio bindria ¢ a divisio decimal. A a) divisdo binéria: a caracteristica desta} ° a diviséo € que a polegada dividida na | | yg. 1/4" 34" metade, em seguida cada seguimento € dividido, novamente, na metade e im por diante. Normalmente séo dezesseis | —j ‘—1/16" divisées como mostra a Fig. (1.6). | Figura 1.6 - Divisio bindria da polegada. ®) divisdo decimal: aqui a polegada € | " dividida em dez partes, depois cada | 123456789 uma € dividide em 4 partes, | | Glad perfazendo um total de quaremta | _Ji-75‘fngp 7 divisdes. Com isto cada uma destas divisdes vale 0,025”, Fig. (1.7). ra 1.7 - Divisio decimal da polegada. i Lu Voltando nossa tarefa de verificar a indicaco do comprimento da peca da Fig. (1.1.2), com relacio a este primeiro passo podemos concluir que trata-se de uma escala no sistema métrico. 2° passo - Saber qual o valor de uma divisio (D) do instrumento. Para o caso em estudo € com bese no que jé foi falado, 0 valor de uma divisdo é Imm. 3° passo - Verificar qual a marca (p) que coincide com o final da pega ou que coincide com o ponteiro, etc. : No nosso caso esta coincidéacia se dé com 0 sexta marca. 4° passo - A indicagio do instrumento sera daca pelo produto do valor da marca encontrada (p) pelo valor de uma diviséo (D) do instrumento, Eq. (1.1). pD (ty No caso teremos: T= 6x1 mm, portanto: T=6mm fenat 0 10 Exemplo 1: Indicar o resultado da medige para 0 caso 5 da pega 3 na Fig. (1.8). Hibtliittl ‘Amalisando cada um dos passos, Pega 3 teremos: 1* passo: Escala no sistema métrico; Figura 1.8 - Esquema para 0 exemplo 1. 2 passo: Valor de uma diviséo, D = 0,5 mms 3° passo: Coincidéncia com o 13° marca; 4° passo: [= p.D= 13x0,5 mm logo: 1=6,5 mm Exemplo 2: Indicar 0 resultado da medicao para 0 caso da peca 4 na Fig. (1.9). 5 Seguindo, novamente, cada um dos passos teremos: 1° passo: Escala no sistema inglés binério; 2% passo: Valor de uma divisio, D = (1/16)": 3° passo: Coincidéncia com o 7* marca, ou p 4° passo: I = p.D = 7x(1/16)", portanto: 15 (7/16)" Exemplo 3: Indicar 0 resultado da medica para o caso da pega 5 na 7 a Fig. (1.10). Teremos entio: yang 4s 6 7 8 8 1° passo: Escala no sistema inglés bibitititititititit tite ti titi ti tate decimal; PecaS 2° passo: D = 0,025"; 3° passo: p = 21; Figura 1.10 - Esquema para o exemplo 3. 4° passo: I = p.D = 21x0,025”, portanto: 1= 0,525" Passaremos agora a analisar como indicar 0 resultado da medi¢ao quando fica claro que do hd coincidéncia como as que foram upresentadas anteriormente. Em outras palavras, queremos saber como chegar ao resultado da medigao para os casos apresentados na Fig. (1.2). Aqui teremos duas possibilidades; 1 poderemos indicar um resultado por estimati 1 poderemos indicar um resultado por aproximagao. 1.2.2 Indicagio por Estimativa, Este caso se caracteriza pelo fato de que 0 10 ‘nds daremos como resultado da medicio o que o instrumento est4 indicando, indo-se além deste valor com 7 Looiitriiil uma casa decimal, ou seja, em nossa indicacao a iiltima Pega 6 casa decimal nio foi especificada pelo instrumento. Como exemplo, queremos saber qual o comprimento da pega 6 da Fig. (1.11). Seguindo todos os passos que foram mencionados antes, percebe-se claramente que a peca tem mais de 6 mm e menos de 7 mm, mas este instrumento nao dé a indicacao deste valor que ultrapassa os 6 mm. Na indicacao por estimativa, 0 operador vai avaliar 0 quanto a pega € maior que 6mm. ‘Vamos dizer entio, que a peca mede 6,3 mm. Para indicar que os trés décimos de milimetro sio de responsabilidade do operador, adotaremos a pritica de sublinhar o valor estimado. Como vemos por este exemplo, o valor de uma divisdo é 1 mm, com isto poderemos ir até a primeira casa decimal. Caso o valor de uma divisio fosse 0,1 mm irfamos até 0 centésimo de milimetro e assim por diante. Figura 1.11 - Indicacio por estimativa. 1.2.3 Indicagao por Aproximagio. eaaet 100 10 a indiesgo por) Lip tiv l [yp ii ty iit | aproximagao, 0 resultado da medigao € | [52.29 Pepa tomado como sendo o valor zs correspondente a marca de escala mais , b) préxima do final da pega, indicada pelo 12 - Indicacdo por aproxim: instrumento, Fig. (1.12). Lea om 6 Para 0 comprimento da peca 7, nota-se que a marca de escala mais proxima do final da peca é a quarta, logo deveremos indicar como resultado da medigdo o valor correspondente a esta, ou seja 4mm. Jé na peca.8, a marca de escala mais préxima do final da pega € a sexta, logo o resultado da medigao seré 6mm. Mas 0 que fazer quando | 0. 10 0 1 lt t | 10 percebe-se que o final da peca esta no | | | | centro entre duas marcas consecutivas, Litt iti Litttiitt Peca9 Pega 10 Fig. (1.13)? Para estes casos nio hé a 5] como adotar 0 conceito de indicacao por aproximagio, visto que nao existe nenhuma marca mais préxima do final da Figura 1.13 - O final da pega encontra-se, exatamente, ‘no centro entre duas marcas consecutivas. peca do que outra. Aqui, recorre-se aos conceitos da norma de arredondamento na numeragao decimal, a. NBR 5891:2014 ~ publicada em 10/12/2015. Conhecendo-se a norma, poderemos utilizé-la para 0 caso de indicagio por aproximagio, quando se apresentam casos como os da Fig. (1.13). Podemos entao concluir que nestes casos a aproximacio é feita para a marca de valor par mais préximo. Com isto para a peca 9, 0 resultado da medigao serd de 8 mm ¢ para a pega 10 o valor também sera o mesmo, 8 mm. Devemos lembrar que sempre que no se especifica se a indicacZo deve ser por estimativa ou aproximagio, o resultado deve ser dado por aproximacio. 1.3 Erros de Indicagio. Aqui queremos enfocar questo do erro relacionado com o operador ao efetuar a verificagao da indicagao. Nao enfocaremos os erros do processo como um todo. Dentro dos trés tipos de indicagio, fica claro que a mais ficil de ser verificada é a indicacdo por coincidéncia, porque na pritica nao vai existir erro na verificacio, hé néo ser um erro grosseiro, coisa que pode ser minimizada com treinamento. , Quando porém trabalhamos com indicacao por estimativa, como ha a indicacdo de uma fragdo da divisio da escala e que portanto é de responsabilidade do operador, pode ocorrer que dois operadores expressem dois valores distintos. Para o resultado da medico da peca 6 da Fig. (1.11), um outro operador poderia apresentar, por exempio, o valor de 6,2 mm. Entretanto, em qualquer caso, 0 erro em funcio da indicacio por estimativa sera sempre menor que metade do velor de uma divisio. J4 na indicagio por aproximagio € fécil perceber com uma simples andlisc na Fig. (1.12), que no primeiro caso 0 operador cometeu um erro, para menos, que € menor que a metade do valor de uma divisio, enquanto que no segundo © erro & para mais, mas que continua menor que a metade do valor de uma divisio. Mas quando 0 caso é como os da Fig. (1.13), af 0 operador estar cometendo um erro que é igual a metade do valor de uma divisio. ‘Como vimos, no que se refere a facilidade do operador em efetuar a verificagio da indicagdo e que minimiza o erro de indicacao ¢ quando esta se dé por coincidéncia. Por esta razao, ou seja, para permitir « indicagdo por coincidéncia relativa a uma fracao do valor de uma divisao da escala principal é que alguns deles trazem um dispositivo auxiliar conhecido como nénio, em homenagem a um portugués - Pedro Nunes - a quem é atribuida a invengio do dispositivo, Este mesmo dispositive também & conhecido como vernier, que é também uma homenagem, s6 que a um francés - Pierre Vernicr - a quem também é atribuida a mesma invengio. 1.4 Principio de Funcionamento do Nénio, principio de funcionamento cio nonio baseia-se na diferenga entre 0 valor de uma divisio de sua escala’e o valor de uma divisio da escala principal do instrumento. Como exemplo vamos utilizar um nénio capaz de permitir « indicacao por coincidéncia, de uma fragao igual a um décimo do valor de uma divisio da escala principal 7 Sio tomadas nove divisdes da escala principal, como comprimento do nOnio e este comprimento dividido em dez partes iguais, Fig. (1.14). : ote pricna jp ds 10 oop] (LTT 0 T 10 Escala mével ou nénio Figura 1.14- O nénio. Observando a figura, verificamos que cada divisao da escala do nénio ou escala mével, vale nove décimos do valor de uma divisio (D) da eseala principal, consequentemente, a diferenca entre a primeira marca da escala do nnio ¢ a primeira marca da escala principal:é igual a um décimo do valor de uma divisdo (D) da escala principal; a segunda divisio do nénio dista dois décimos de D da segunda divisdo da escala principal; a terceira dista 0,3xD da terceira divisio da escala principal ¢ assim 9 Escala principal sucessivamente. Desta forma podemos concluir que D 5| 10 cada marca da escala do nénio dista de sua Sadie | correspondente na escala principal de um ndmero de Cee iy decimais equivalent a sua ordem, Esta caracteristica asp, TTT PTTT possibilita que quando, por exemplo, a quinta marca do Ih af nOnio coincidir com a quinta marca da escala principal 0 8 nénio 10 zero do nonio tera se deslocado de 0,5xD do zero da | Figura 1.15 - Quinta marca do nénio scala principal, Fig. (1.15). coincidindo com uma marca da escala Para se verificar a indicagho de um fixa, instrumento que contém um nénio, pode-se seguir alguns passos que apresentaremos a seguir, antes de conseguirmos a pritica que agiliza 0 processo. 1° passo - Reconhecer a escala fixa; Aqui devemos distinguir se a escala é no sistema métrico ou no sistema inglés. 2° passo - Saber qual o valor de uma divisao (1D) da escala fixa ou escala principal; 3° passo - Verificar (contar) 0 ntimero de divisGes do n6nio (n); 4° passo - Calcular a resolugao (R) do instrumento conforme Eq. (1.2) R=Din (12) Nos instrumentos que s6 possuem « escala principal, como uma régua, a resolugao é 0 proprio valor de uma divisio, ou seja, a diferenca entre 0s valores da escala correspondentes a duas marcas sucessivas. Este valor € expresso na unidade marcada sobre a escala, 5° passo: Verificar quantas divisdes (D) inteiras da escala principal ficaram a esquerda do zero do nonio, este valor chamaremos de p; 6° passo: Verificar qual a marca do nénio (1) que coineidiu com uma das marcas da escala principal; 7P passo: Verificar a indicacao do instrumento (¥) como mostra a Eq. (1.3) I=pDriR (3) Como exemplo, vamos verificar a indicago para o caso apresentado na Fig. (1.16). ‘Seguindo os passos apresentados, teremos: 1° passo: A escala fixa € milimétrica; 2° passo: O valor de uma diviséo da esva 3° paso: O nénio apresenta dez divis -m, ou D=1 mm; 4° passo: A resolucio do instrumento sera: R=Din ou R=1mm/10 ou — R=0,1 mm; 0 10 5° passo: A esquerda do zero do nénio ficou somente 5 uma marca, ou p=1;— 6° passo: A marca do n6nio que coincidiu com uma das marcas da escala principal foi a oitava marca, ou t= 5 T passo: Efetuar 0 célculo para conhecer a indicacao: 0 10 .D +R = Ix mm + 8x0,1 mm, portanto: Figura 1-16 - Deslocamento do nénio. 1=18mm Outro exemplo: verificar a indicacio para 0 caso apresentado na Fig.(1-17).. 0 4 Figura 1-17 - Deslocamento do nénio; escala no sistema inglés. ‘Novamente, seguindo os passos apresentados, teremos: 1° passo: A escala fixa é no sistema inglés; 2° passo: O valor de uma divisio da escala fixa é de (1/16)”, ou D=(1/16)"; 3° passo: O ndnio apresenta quatro divisdes, ou n=4; 116)" R= 289" oy eR. 1/64)"; 4? pass Z A resolucao do instrumento: R=Din ou 5® passo: A esquerda do zero do n6nio ficaram cinco marcas, ou p=5; 6° passo: A coincidéncia de marcas se deu com a terceira marca do nénio, ou t=3; T? passo: O célculo final: I=p.D +R = 5x(1/16)” + 3x(1/64)”, portanto: | 1=(23/64)"; Obs.: Nao esquecer que a indicagao deve sempre vir expressa como uma fracdo irredutivel. A resolugéo dos instrumentos nao ¢ um valor qualquer. Teoricamente, podemos obter uma infinidade de valores, entretanto na pratica, numa grande maioria dos casos 0 mimero de divisées do nénio e consequentemente a resolucao dos instrumentos si0: . para escalas milimétricas: . para escalas no sistema inglés: Como acabamos de observar, © ndnio nao é um instrumento mas sim um dispositivo que vem acompanhando alguns instrumentos como paquimetros, tragadores de altura, goniémetros, micrémetros, etc. ‘Um ponto importante a ser observado ¢ que alguns instramentos, como os paquimetros, trazem a escala principal gravada além da faixa nominal. Isto se deve a necessidade de permitir a verificagio da coincidéncia entre uma das marcas do nénio com uma das marcas da escala principal, para valores pr6ximos do limite superior da faixa nominal. Com 0 principio de funcionamento do nénio, fica bastante dificil se diminuir a resolugao & valores abaixo de 0,02 mm, por algumas razSes de ordem pritica. Daf 0 surgimento do micrémetro, que opera com um prinefpio de funcionamenio diferente do anterior. 1.5 Principio de funcionamento do micrémetro A idéia do mjcrometro, Fig.(1.18), surgiu por volta de 1831 ¢ é de um francés chamado Jean Louis Palmer. Baseia-se no deslocamento axial de um parafuso micrométrico dentro de uma porca ajustvel. A qualidade do instrumento est relacionada diretamente com a qualidade da rosca deste ‘conjunto (parafuso e porca) ¢ também com o paralelismo entre os sensores. Para o passo da rosca utilizam-se os seguintes valores: Bi no sistema métrico o passo, normalmente utilizado, € 0,5 mm, € no sistema inglés este valor é, normalmenie, de 0,025” Girando-se 0 parafuso micrométrico, este avanga ao longo do seu eixo de um valor que é proporcional a0 paso. Uma volta completa do parafuso resulta em um deslocamento igual a este asso. SENSORES | BAINHA BATENTE TAMBOR ty JY SS 4 . PPEcAY | : Fuso CATRACA TRAVA 0-25mm opt ARCO ISOLANTE Figura 1-18 - Micrémetro externo e algumas de suas partes construtivas. Com isto, normalmente, no sistema méirico o tambor do instrumento é dividido em cingtienta divisdes e no sistema inglés em vinte e cinco divisées, permitindo resolugdes de um centésimo de milimetro e um milésimo de polegada, respectivamente. Para se chegar a resolucdes de milésimo de milfmetro e um décimo de milésimo de polegada, além da graduagio normal da escala principal na bainha, estio gravadas marcas que correspondem 20 n6nio do instrumento, também na bainha, como mostra a Fig.(1.19). 1.5.1 Forga de medigao Um dos fatores que poderiam prejudicar as medices com este instrumento € se a pressio que 0 fuso exerce sobre a peca ficasse dependendo do operador. Para evitar esse problema & que 0s micrémetros so fornecidos com um sistema de catraca ou friegdo, para que a forga de medicao aplicada possa se manter constante e indepencente do operador. Quando utilizamos 0 micrémeto para uma medigio, devemos ter 0 cuidado de apés perceber que os sensores encostaram na peca dar duss ou trés voltas completas no dispositivo (catraca ou friccao) para possibilitar exercer a forca adequada para a medigg0 a mais homogénea possivel. 10 Figura 1.19 - Micrémetro com né1 1.5.2 Indicagao com Micrémetro. Para se verificar a indicagao em um micrémetro pode-se agir de forma semelhante a0 que foi feito anteriormente, para instrumentos como o paquimetro, por exemplo. Para facilitar a compreensio vamos primeiro verificar 0 caso daqueles que no possuem 0 nénio, 1.5.2.1 Micrémetro sem Nénio. Aqui, os passos também serio descritos detalhadamente, 1° passo: Reconhecer a escala fixa. ‘A escala fixa é aquela gravada na bainha do instrumento. Quando esta escala é do sistema métrico, normalmente, ela vem com marcas de meio em meio milimetro. Ja a escala no sistema inglés traz a diviséo decimal da polegada, ou seja, esti dividida em dez partes iguais e em seguida cada parte dividida em quatro, 0 que significa o valor de uma polegada dividida em quarenta partes iguais como mostra a Fig. (1.7). ‘Além disso, uma outra fonte de se descobrir em que sistema encontra-se gravada a escala principal do instrumento é verificando o némero de divises do tambor. Como dissemos anteriormente, normalmente, no sistema métrico o tambor apresenta cingtienta divisdes e no sistema inglés, vinte e cinco. 2° passo: Saber qual o valor de uma divisio (D) da escala principal ou fixa. Como vimos, se a escala for milimétrica, 0 valor de uma divisio é 0.5mm e se for do sistema inglés esse valor serd de 0,025”. 3° passo: Verificar em quantas partes est dividido o tambor (nt). (ver 0 1° passo). 4° passo: Calcular a resolugao do instrumento (R,), de acordo com a Eq. (1.4). Ri=D/nt (14) 5° passo: Verificar quantas divisOes inteiras da escala principal, ficaram visiveis(p). 6° passo: Verificar qual 0 traco do tambor (z) que coincide ou mais se aproxima da linha de base da escala principal. T° passo: Verificar a indicacio (1) como mostra a Eq. (1.5). l=pD+zR cr) Para exemplificar vamos verificar a indicagao para o caso apresentado na Fig. (1.20). Figura !.20 - Micrémetro sem nénio u ‘Seguindo os passos apresentados, teremos: 1° passo: O sistema utilizado é 0 sistema métrico, por duas razdes: a) a maneira como se apresentam as divisdes da escala fixa, € b) 0 tambor apresenta um ndmero de divisdes que € maior que vinte € cinco. 2° passo: O valor de uma diviséo, na escala principal é 0,5 mm, ou D = 0,5 mm. 3° passo: O tambor tem cingtienta divisées. 4° passo: A resolucdo: ReDnt ou Ry=0,5mm/S00u —R=0,01 mm. 5° passo: Estio visiveis treze marcas na escala principal, ou seja p = 13 6° passo: A marca 37 coincide com a linha de base, ou seja z=37. 7? passo: A indicacdo I=p.D+z.R, = 13x0,5 mm + 37%0,01 mm, portanto = 6,87 mm ‘Vamos a mais um exemplo, agora verificando a indicagio para o caso da Figura (1.21). Acompanhando os passos teremos: so: A escala € do sistema inglés. 0,100" O valor de uma divisao é 3° passo: O tambor tem 25 divisdes, ou nt=! 4° passo: A resolugao Ry=D/nt ou Ry=0,025"/25 ou Ri=0,001". 5° passo: Esto visiveis nove marcas na escala principal, ou seja p=9. 6° passo: A marca dezesseis coincide com a linha de base, ou seja 2=16. T° passo: A indicacao I=p.d +z.R, ou: I= 9x0,025" 16x0,001”, logo: 1= 0241” Figura 1.21 - Indicagéo em micrémetro sem nénio, sistema inglés. 1.5.2.2 Micrémetro com nénio © nénio do micrémetro,é uma série de marcas que o instrumento apresenta, na bainha, acima da escala principal. Para se vérificar a indicacio com estes instrumentos devemos seguir 0s cinco primeizos passos que foram apresentados para 0 caso anterior e acrescentar: 6° passo: Verificar a Gltima marca do tambor (z) que ultrapassou a linha de base da escala principal. 7° passo: Verificar (contar) 0 mimero de divisoes do nénio (a) 8° passo: Calcular a resolugdo do instrumento como um todo, conforme a Eq. (1.6). R=Ryn (1.6) onde: R - resolugio do micrémetro que possui nénio. 9° passo: Verificar qual a marca do nénio (t) que coincidiu com uma das marcas do tambor. 10° passo: Verificar a indicagao conforme a Eq. (1.7). I=p.D+2R)+tR (7) Para fixacdo de como utilizar os pasos apresentados, vamos ao exemplo da Fig. (1.22). Acompanhando os pasos, teremos: 1° passo: sistema métrico; 2° passo: D = 0,5 mm; 3° passo: nt = 50 4° passo: R, = 0,5 mm/50 ou = Ry = 0,01 mm; 5° passo: p = 49; 6° passo: z = 42; paso: n= 10; 8° passo: R=0,01 mm/10_— R= 0,001 mim, 9 passo: t= 3 : 12 10° passo: I = 49x0,5 mm + 42x0,01 mm + 3x0,001 mm, logo: I = 24,923 mm Figura 1.22 - Micrémetro com nénio, sistema métrico. Vamos agora a mais um exemplo, cesta vez referente a Fig. (1.23). Seguindo a rotina, teremos: 1° passo: sistema inglés; 2 passo: D = 0,025"; 3° passo: nt = 25; Logo: 1= 0,603 3” Figura 1.23 - Micrémetro com nénio, sistema inglés. 1.6 Cuidados e recomendacdes para 0 uso de instrumentos. Damos a seguir algumas recomendagoes gerais de uso de instrumentos de medicao vamos também indicar alguns cuidados que devem ser observados com instrumentos de medicéo e em especial para 0 caso dos paquimetros € micrometros. a) Limpeza. E de fundamental importancia que antes de qualquer medi¢ao deve-se limpar o instrumento como também certificar-se de que a peca também esti limpa. A razAo para tanto é bastante clara: se no efetuarmos a limpeza, o resultado da medigio sairé afetado pela dimensao das particulas que estiverem depositadas tanto nos sensores do instrumento como na pega. B b) Guarda dos instruments. Os instrumentos devem ser guardados em lugar seco, limpo e sem influéneia do calor ou sol. Nunea se deve colocé-lo junto com outras ferramentas porque isso poderé vir a provocar quebra de partes do instrumento, riscos, machucées, etc, tomando-o imprestével ou comprometendo seus resultados posteriores. ©) Erro de Paralaxe. Quando verificamos a indicagao de um instrumento analégico, devemos ter 0 cuidado para nos colocarmos numa posi¢ao visual correta em relacdo escala do mesmo. Nos: jo dever colocada de forma perpendicular a um plano (real ou imaginério) que contenha a escala do instrumento. Isto fard com que a indi nio fique afetada pelo erro de paralaxe. Como mostra a Fig. (1.24), a verificagio das indicagdes feitas das posigbes A; e Az nio corresponderiam a indicagio real do instrumento, mas estariam afetadas pelo chamado erro de paralaxe. apes ya covet powigio vinuat ne pan x“ ay a” % Binh indicago Ay - Falsa indicagic Ay ~ Falsa Figura 1.24 - Influéncia do angulo de visio na visualizsigao da indicagao. 1.6.1 Cuidados com 0 paquimetro e recomendagSes para seu uso. Ao se trabalhar com este instrumento, deve-se tomar alguns cuidados para que possamos minimizar os erro Nao se deve forgar o instrumento ao colocé-lo ou retiré-lo da pega; @ Ao efetuar a medicio, procurar manter uma forga de medi¢ao apropriada e constante; Nas medigdes externas, colocar a pect a ser medida, preferencialmente, na regio central dos sensores, evitando tanto quanto possivel efetuar medigdes com as pontas dos mesmos. Isto minimizaré erros por folga do cursor e o desgaste prematuro das pontas onde a Area de contato é menor; HI Nas medicées de profundidade, verificar se 0 paquimetro esié apoiado perpendicularmente a0 furo em todos os sentidos. Nas medigées internas procurar introduzir, 0 méximo possivel, as orelhas no furo ou ranhura, mantendo 0 paquimetro sempre paralelo a peca que esti sendo medida, ~ a0 medir um furo tomar sempre o maior valor da indicagdo; ~ ao medir uma ranhura tomar sempre ¢ menor valor da indicagio. 1.6.2 Cuidados com o micrémetro ¢ recomendagdes para seu uso. Alguns cuidados que devemos ter coin 0 micrémetro sao os seguintes: Nao se deve guardar o instrumento travaclo, poique o préximo usuario pode tentar abri-lo, sem observar que esté travado € com isto poser caificar os filetes da rosca do parafuso micrométrico; 14 Nao se deve forcar o instrumento ao colocé-io ou retiré-lo da pega. Esta agio podera provocar 0 desgaste dos sensores; BH Apés 0 uso, nfo guardar o instrumento com os sensores colados. Isto poderd provocar um esforgo grande nos filetes do parafuso micrométrico quando de sua abertura, provocado pela colagem; @ Nunca utilizar o instrumento, atuando no tambor. Observar que se deverd atuar sempre na catraca ou friccdo tanto na hora da medig&o em si, como também abrindo ou fechando o instrumento. Este comportamento impedira que mais tarde se cometa o erro provocado pela aplicagao de uma forga superior ou inferior aquela necessaria pars a medi ™ Deve-se tomar cuidado com os efeitos térmicos quando do uso dos micrOmetros, especialmente aqueles para uso em comprimentos médios e grandes. Os micrémetros com resolugéo de um milésimo de milimetro ou décimo de milésimo da polegada, mesmo aqueles para uso em pequenos comprimentos, trazem um protetor térmico no arco para impedir a troca de calor das maos do operador para o instrumento, 0 que provocaria uma distorgao do valor da indi dilatagio térmica que o instrumento softeria. , provocada pela 1.6.3 Cuidados ao apresentar a indicacéo do insttumento. £ importante saber como apresentar a indicacdo do instrumento. O valor escrito deve estar sempre de acordo com a resolugao do insiremento. Isto significa dizer que quando apresentamos a indicacio de um instrumento cuja resolucio por exemplo 0,05mm, nesta apresentagio o valor deve ser sempre miiltiplo de 0,05 e expresso com duas casas decimais, portanto neste caso, nao poderé haver uma indicacdo de, por exemplo, 17,94mm. Numa outra situagdo, se utilizamos um instrumento com uma resolugo de um milésimo de milimetro e constatarmos uma indicagio de cinco milimetros, zero décimo de milimetro, zero centésimo de milimetro e zero milésimo de milimetto a indicagdo cometa deverd ser 5,000mm. Isto mostra que na medigdo efetuada a indicacao para todas as trés casas decimais foi zero. Notar que é bastante diferente se tivéssemos utilizado um instrumento com uma resolugio de Imm. Neste caso a indicagao deveria ser Smm. ‘Outro caso que mostra essa necessidade &, por exemplo, a apresentacdo de um instrumento que ‘usa o sistema inglés e a diviséo bindria. Como exemplo, vamos imaginar uma régua graduada onde 3 podemos verificar com factidade a indicacio de 1 . Entretanto se transformarmos esta frag em uma frago decimal, obteremos o valor 1,187 5”. Do ponto de vista matemético, nio ha dividas da igualdade dos valores, mas do ponto de vista prético enquanto 0 primeiro pode ser indicado por uma régua graduada com uma resolugao de 1/16)”. o segundo é um valor que s6 pode ser conseguido com um micrémetro euja resolugao seja de 0,000 1”. Entio, apesar dos valores mateméticos serem iguais, na pratica, 0 significado destes dois valores é completamente diferente. Em resumo, podemos dizer que a apresentacio da indicacéo de um instrumento deve estar sempre em conformidade com a resolugio do mesmo. 1.7 ~ Regras de arredondamento Para se efetuar 0 arredondamento dz néimeros, deve-se seguir a ABNT NBR 5891:2014 — Regras de arredondamento na numeracio decimal. Para tanto vamos apresentar as informagdes desta norma em trés casos. Primeiro caso: quando 0 algarismo iznediatamente seguinte ao que vai permanecer 6 menor que 5, 0 que vai permanecer fica inalterado. Por exemplo: 4,938 arredondado a primeira decimal tornar-se-4: 4.9; 16,7542 arredondado a terceira decimal tornar-se-4: 16,754; 0,814 arredondado a segunda decimal tornar-se~: 0,81. 15 Segundo caso: quando 0 algarismo imediatamente seguinte a0 que vai permanecer é maior que 5, 0 que vai permanecer é acrescido de uma unidade. Por exemplo: 9,581 arredondado a primeira decimal tornar- 3,1427 arredondado 8 terceira decimal tornar-s 7,269 arredondado a segunda decimal tornar-se Terceiro caso: quando o algarismo imediatamente seguinte ao que vai permanecer ¢ 5, deve-se prestar atencao para duas situagdes distintas: a) se este 5 for seguido de pelo menos um algarismo diferente de zero, acrescenta-se uma unidade a0 algarismo que vai permanecer. Por exemplo: 7,675 01 arredondado a segunda decimal tornar- b) se este 5 for seguido de zeros e o algarismo a ser conservado for “par” ele permanece inalterado, se for “impar” este deve ser aumentado de uma unidade. Por exemplo: 21,85 arredondado a primeira decimal tornar-se-4: 21,8; 36,575 arredondado a segunda decimal tornar-se-4: 36,58. NOGOES SOBRE NORMALIZAGAO 16 2.1 Definigaes. Normalizaedo 6 um processo de formulacao e aplicagdo de regras para um tratamento ordenado de uma atividade especifita, para 0 beneficio ¢ com a cooperacao de todos os interessados e em particular para a promocao da economia global 6tima, levando na devida conta condig6es funcionais e requisitos de seguranca, Uma norma é 0 resultado de um determinado esforgo de normalizacéo, aprovado por autoridade reconhecida que pode se apresentar sob a forma de: = um documento contendo um conjunto de condigoes a serem preenchidas; = uma unidade fundamental ou constante fisica, por exemplo, ampére, metro, zero absoluto(Kelvin). 2.2 Normalizagao técnica. ‘A normalizacio envolve dois campos distintos, a saber: =o campo das normas compulsGrias: regulamentos técnicos; = o.campo das normas consensuais: normas técnicas. 2.3 Histérico. Algumas datas importantes da normalizag 09/12/1800 - Uma lei francesa tornou 0 Sistema Métrico Decimal, legal na Franca; 26/06/1862 - Dom Pedro II promulga a Lei Imperial N° 1157 que oficializava o Sistema Métrico Decimal francés, no Brasil; 1870 - Comecou-se a debater a fabricacéo de um metro padrio; 1875 - Foi aprovado por varios(19) paises que metro padrao seria fabricado de uma liga de 90% de platina e 10% de iridio e © comprimento seria a 0°C; 1940 - E fundada a ABNT; 1965 - Criou-se o Sistema Internacional de Unidades(S1); 11/12/1973 - A lei 5966 cria 0 SINMETRO. ‘A normalizagio no é algo novo. Por muito tempo a normalizagio foi tida como uma tarefa desejavel, mas de importincia secundaria. Hoje 0 desejo de se fazer normas foi substituido pela necessidade de fazé-las. Trés fatores principais concorreram para esta mudanca de mentalidade, particularmente evidente no campo internacional: ~ a influéncia crescente das grandes empresas que vendem seus produtos e servigos no mercado mundial; ~ 0s paises em desenvolvimento que precisam implementar sua indistria competitiva. A normalizagio Ihes permitira comprar vender pelo melhor preco possivel; ~ as organizagées de consumidores que exigem um bom produto por um prego justo. 2.4 Objetivos da normalizacio, - Simplificacdo: reduco da crescente variedade de produtos e procedimentos; - Intercambiabilidade: a diminuicio da varicdade subentende a intercambiabilidade, isto 6, a capacidade do fabricante produzir um grande lote de pecas, suficientemente iguais em tamanho, forma € desempenho, permitindo que elas possam substituir umas as outras sem alteracio nesse desempenho; = Comunicacao: a fungio basica das normas é prover meios de comunicacao entre o fabricante ¢ 0 cliente, para mostrar aquilo que € disponivel, com as dimensGes e desempenhos, ¢ levar o cliente a confiar, dando-lIhe a certeza de que seu pedido est de acordo com a norma, podendo ter seguranga no produto comprado; = Simbolos e cédigos: nos negécios internacionais, como os idiomas sao diferentes, hé sempre um problema, mas em alguns casos isso pode ser contornado pelo uso de simbolos e cddigos reconhecidos no mundo inteiro, Dois exemplos sio as Recomendacdes ISO para a Pritica dos Desenhos de Engenharia e para as unidades do Sistema Internacional(SI) e seu uso; 7 -.Economia: a economia gerada por uma norma pode no ser muito facil de ser quantificada. Consideragdes econémicas devem ser um fator importante na determinacao dos casos mais urgentes a normalizar, mas nao ,inico fator. Satide e seguranca podem até mesmo ser de maior importancia, Consideragies econdmicas devem também determinar até que limite uma atividade normalizada particular, deve ir. Exemplo: a indistria moderna nao pode sobreviver sem parafusos normalizados em didmetros de 1 a SOmm, mas um alto grau de normalizag4o em difimetros de 100 a 500mm é discutivel ~ Seguranga, satide © protecdo a vida: hd diversas normas feitas com 0 objetivo tinico de proteger a vida humana e a satide. Muitos pafses fazem com que estas normas sejam de uso obrigat6rio. Quando a seguranea satide e protecdo a vida for o objetivo, a economia deve assumir um segundo plano. - Protegio do consumidor e dos interesses da comunidade: 0 conhecimento da qualidade do produto leva em consideracao suas propriedades, tanto no momento da compra, como durante seu uso ou emprego. Um exemplo de protecdo dos interesses da comunidade € 0 caso do meio ambiente. - Eliminagao de barreiras técnicas e comerciais: facilita 0 intercambio comercial, evitando a existéncia de regulamentos conflitantes sobre produtos ¢ servicos em diferentes paises. 2.5 Principios da normalizacio. - A normalizacao é essencialmente um ato de simplificacao, como resultado do esforgo consciente da sociedade que procura a redugao do mimero de alguns produtos. A normalizagao resulta na diminuicao da presente complexidade e objetiva, também, a prevencio da sofisticacao desnecesséria no futuro. - A normalizacio é igualmente uma atividade social e econdmica e deve ser promovida pela cooperagio mitua de todos os envolvidos. O estabelecimento de uma norma deve ser baseado no consenso geral. - A mera publicagdo de uma norma é de pouco valor, a menos que ela possa ser implementada. A implementagao pode necessitar sacrificios por parte da minoria em beneficio da maioria, ~ A agio a ser tomada no estabelecimento das normas € essencialmente fazer a selecao e seguir com determinagao, isto é, sem mudangas. 7 - As normas devem ser examinadas a intervalos regulares e revisadas na extensio necesséria. O intervalo entre as revisdes dependera das circunstancias especificas. - Quando 0 desempenho ou outro caracteristico do produto € especificado, a especificagio deve incluir a descrigdo dos métodos de ensaio a executar, de maneira a saber se um dado artigo obedece ou nao a esta especificacao. - A necessidade de uma imposigéo legal as normas nacionais deve deliberadamente ser considerada, tendo em conta a natureza das normas, 0 nivel de industrializacao e as leis e condigdes em vigor na sociedade para a qual cla foi preparada. 2.6 Niveis de normalizagao As normas podem ser de diversos niveis. Os quatro mais importantes so: - Nivel Internacional - Exemplos as da ISO ¢ LEC. Essas normas pressupdem uso internacional, - Nivel Regional - Grupo limitado de nages independentes. Ex.: AMN, COPANT, etc. - Nivel Nacional - Editada por uma organizacio nacional de normalizagao, que seja reconhecida como autoridade em seu respectivo pais. Ex.: ABNT, AFNOR, DIN, JIS, ete. - Nivel de Empresa - Elaborada por uma empresa ou grupo que serviré para orientar as compras, fabricagao, vendas, etc. SISTEMA DE TOLERANCIAS E AJUSTES 19 3.1 Introdugio, Quando se deseja produzir um par de pecas, um furo e um eixo, de mesma dimensio nominal, que devem encaixar um no outro com um minimo de folga, a fabricacdo se preocupard s6 com este detalhe, pouca folga. Se posteriormente se desejar fabricar outro conjunto, semelhante 20 primeiro, 0 que se pode observar na andlise dos dois conjuntos? Examinemos a Fig. @G.1). Conjuto 1 RW Conjunts 2 eo Figura 3.1 - Dois conjuntos que devem ser produzidos separadamente. Se por uma razio qualquer necessitarmos utilizar 0 “Puro 2” no “Eixo 1”, vamos perceber que: - ou ndo poderemos efetuar 0 encaixe; - ou, se isto for possivel, as condigées, muito provavelmente, nao serao semelhantes as obtidas com 0 furo Fl. Em outras palavras, as pecas El, F2, Fl e F2 nfo podem ser usadas distintamente. Isto porque o “Eixo 1” foi fabricado para trabalhar com o “uro 1” ¢ 0 E2 com F2, no existindo entre cles intercambiabilidade, ou seja: no é permitida a troca de uma pega de um conjunto pela mesma peca de outro. Isto deveu-se basicamente, a0 fato de que trabalhamos com a fabricacio unitéria de cada componente. Se imaginarmos uma producio seriada, logo perceberemos que nio sera possivel fabricar centenas destes conjuntos utilizando o mesmo procedimento, ou seja: cada furo para seu cixo especifico, feitos pelo mesmo operador e talvez na mesma maquina. O que vamos observar é que numa maquina estardo sendo fabricados 0s eixos ¢ noutra os furos, com operadores diferentes e que talvez nem saibam qual o destino final das pegas que estao produzindo. Entretanto, qualquer eixo deverd se ajustar a qualquer furo ¢ vice-versa, garantindo sempre que o funcionamento sera o esperado. Em outras palavras, haverd a intercambiabilidade total. Qual o segredo para se conseguir essa intercambiabilidade? E a tolerdncia nas dimensoes do cixo ¢ do furo. I 0 que € tolerincia? Tolerdncia pode-se definir, como a diferenca entre © valor maximo ¢ minimo admissiveis de uma propriedade mensuravel, como por exemplo, comprimento, forma, peso, volume, etc, Quando da fabricagéo dos conjuntos 1 e 2, nfo nos preocupamos com tolerancias dimensionais, s6 estévamos interessados no resultado do conjunto, aps o acoplamento. 3.2 As irregularidades na fabricacdo e os desvios admissiveis. Nenhum processo de fabricagio € absolutamente perfeito ao ponto de que todas as pecas produzidas tenham dimensoes, absolutamente iguais entre si ¢ ig iguais a dimens4o nominal dada no desenho. ‘Suponhamos a fabricagao de cinco eixos conforme esquematizado na Fig. (3.2). Figura 3.2 - Eixo com didimetro de Por simplificaco, vamos nos ater, 10mm somente, ao didmetro da peca. Apds recebermos as pecas, vamos tomar um instrumento de medicio como por exemplo uma régua graduada, e medir 0 didmetro das pecas, Vamos notar que todas as cinco pecas esto atendendo o que estava especificado no desenho. Mas se ao invés da régua, tomarmos um paquimetro, jé vamos comegar a perceber alguma diferenca, ou seja: umas peeas podem estar abaixo, outras acima e alguma com o valor da cota estabelecida no desenho. Com isto, o que vamos aceitar como uma pega boa? “A priori”, teremos que aceitar todas as pegas como boas, visto que néo estabelecemos tolerincia para aquela dimensdo. Isto quer dizer que nfo fornecemos as dimensdes limites dentro das quais a dimensio efetiva (d. ) deveria permanecer. Dimensio efetiva (de ) é aquela que obtemos quando efetuamos a medicio, ou seja, é a dimensio real da peca, indicada por um instrumento. Se tivéssemos dito que a dimensio destes cixos néo poderia ser menor que 9,989mm_nem maior que 10,011mm, ai sim, terfamos limites bem definidos para a fabricago e néo teriamos dévida em classificar uma pega como boa ou nao. Como foi anteriormente definido, a diferenga entre esses limites € 0 valor numérico da cage dh tolerncia para aquela dimensdo da peca. | , ( S =| rcterneia Em outras palavras, més aceitamos | # (toleramos) uma variacto da dimensio |“ 3 nominal (G,) que € aquela apresentada no desenho, a qual no poder ultrapassar os | aya ~smenvto mim (ron) limites estabelecidos. nin ~ Severo mca (nan) Ao limite inferior | chamamos de dimensao minima ¢ ao limite | Figura 3.3 - Dimensdes limites ¢ tolerancia superior, dimensio maxima. A Fig. (3.3) ilustra essa terminologia. 4 ‘O campo de tolerincia é a representagio gréfica da tolerancia. Para compreensio dos elementos envolvidos com a tolerancia, vamos analisar a Fig. (3.4). ‘Somom dinero nonsnal(as) ef afastamento superior (zt) 21° efstamento anenor (iL) Figura 3.4 - Os elementos envolvidos com a tolerancia. A linha zero € entencids como aquela que limita a dimensio nominal e portanto aquela a partir da qual sio mareados os afastsmentos, superior e inferior. a 3.3 Posigées do campo de toleriincia. ° campo de tolerancia pode Won variar por dois fatores. Um deles € 0 valor numérico 1% Zt Wy, da tolerdncia e 0 outro é em 7 KG; sua localizagéo em relagao a linha zero. Com relacio a0 primeiro item, sea tolerancia é grande o campo € mais aberto, se a tolerancia € pequena o campo € mais fechado. Na Fig. (3.5), mostramos_ as posigdes possiveis para o campo de tolerancia, com relagio a linha zero. - Posigéo I: Apresenta um campo de tolerancia onde as dimensées efetivas (d.) serio sempre maiores que a dimensto nominal (d,), d. > d,. Como conseqiiéncia disto, os afastamentos (superior e inferior) serdo sempre positivos. ~ Posicdo I: Apresenta um campo de tolerancia onde as dimensoes efetivas serao iguais ou Figura 3: Posicdes possiveis para o Campo de Tolerdncia. maiores que a dimensio nominal, d, > d,, com isto 0 afastamento superior sera sempre positivo ¢ 0 afastamento inferior igual a zero micrometro. ~ Posicao III: Apresenta um campo de tolerdncia onde as dimens6es efetivas poderio ser maiores, menores ou iguais a dimensio nominal. Neste caso o afastamento superior sera sempre positivo ¢ 0 inferior negativo . ~ Posicéo IV: Esta posi¢ao é oposta a posicéo TI, ou seja: as dimensGes efetivas que a pega poder assumir serio menores ou iguais a dimenséo nominal, d, < d,. Por esta razio o afastamento superior é zero micrometro, enquanto que o inferior sera sempre negativo. - Posigdo V: Esta posicdo & oposta a posicio I, ou seja: as dimensGes efetivas sero sempre menores que a dimensdo nominal, d; < ds, 0 que implica que tanto 0 afastamento superior como 0 inferior serdo negativos. Dois pontos importantes dizem respeito ao valor numérico da tolerancia e dos afastamentos: - 1°: A tolerdncia é sempre um valorabsoluto, desta forma é sempre pos sinal, Ex.: t= 15 jum, + 2°: Os afastamentos apresentam valores relativos a linha zero, com isto podem ser positivos ou negativos. O importante é que em qualquer um dos casos ele deve ser escrito com o respectivo sinal; exemplos: es = + 8 um, es = - 13 wm, ei =-5 pm, ei = +10 um. iva e por isto nao traz 3.4 Algumas relagdes numéricas para um determinado campo de tolerancia. Estas relagies séo bastante simples ¢ facilmente dedutiveis. A Fig. (3.6) apresenta um campo de tolerincia qualquer para a partir dele escrevermos algumas relacées mateméticas. A dimensio média (daca ) € calculada como a média aritmética das dimensdes limites, 22 Bet = 2 dno«- dimensao maxima dain ~ dimensao minima - Entre as_—relagdes | Figura 3.6 - Um campo de tolerdincia genérico. matemticas que podem ser escritas a partir da | Fig. (3.6), temos por exemplo: Gyoax = unin + U5 es-ei 3.5 Sistema de tolerdncia. 4 vimos que na fabricacio seriada de pecas mecinicas ha a necessidade de se especificar (olerdncia para as dimensdes das pegas. Entretanto para se especificar 0 valor numérico da tolerancia, para uma determinada dimensio, deve-se seguir determinados parimetros, para que o valor estabelecido nao seja de caréter pessoal. Com 0 proceso de comercializagio entre os diversos paises surgiu a necessidade de um organismo mundial que estabelecesse normas que fossem seguidas em todos os lugares, evitando desta forma a regionalizacao de parimetros e permitindo a troca de informagées dentro de um mesmo critério. Foi criada entao a ISO (International Organization for Standardization) que coordena o processo de normalizagao entre 08 diversos paises. : A ISO estabeleceu um sistema de tolerincia que pode-se entender como um conjunto de principios, regras & valores que se aplicam a tecnologia mecdnica e tem a finalidade de permitir uma escolha racional de tolerancias, buscando a producio de pecas intercambiveis. A Figura (3.7) mostra esquematicamente, alguns paises membros da ISO com a sigla de seus respectivos Orgdos | Figura 3.7 - A ISO e alguns dos seus membros normalizadores. No Brasil este sistema esta normalizado pela NBR 6158/95 - Sistema de Tolerdncias e Ajustes, norma da ABNT ( Associacio Brasileira de Normas Técnicas). A seguir vamos analisar alguns pontos que caracterizam este sistema. 23 3.6 Algumas caracterfsticas do sistema ISO de tolerancia. 3.61 Temperatura de-Referéncia, ‘Vamos supor que estamos na cidade “X”, e queremos mandar fabricar um eixo de lato numa cidade “Y”, e que no dia em que este eixo foi fabricado a temperatura local era de 3°C. Suponhamos, ainda, que estabelecemos os seguintes limites para o didmetro deste eixo: day = 20,011 mm e nin = 19,992 mm Ap6s a fabricagao o diimetro foi medido e constatou-se um didmetro efetivo de 20,01 Omm, Obviamente a dimensao estava atendendo as especificagdes. Com isto a pega nos foi enviada. Ao recebermos a peca, a temperatura, na cidade “X” era de 29 °C. Fazendo-se a inspecio, constatou-se uma dimenséo efetiva de 20,014 mm, ou seja: fora das especificacées. Como pode ser que para uma mesma especificagdo, ora a peca estava boa ora ruim? A explicacdo € simples. Como sabemos que os corpos quando aquecidos sofrem uma dilatacio, este foi o fator responsével pelo fato de que a pega ao ter sido inspecionada em temperaturas diferentes apresentou diferentes valores para a mesma cota, e uma delas ainda ficou fora do que havia sido especificado. Para solucionar este problema € que foi estabelecida a temperatura de 20°C, como Temperatura de Referéncia, conforme a norma NBR 6165/80, Desta forma as medigGes realizadas fora desta temperatura, devem ser corrigidas para a temperatura de referéncia; ao mesmo tempo que, ao se especificar dimens6es de pecas mecinicas estas sao vélidas na temperatura de 20 °C, que € a temperatura de referéncia, salvo indicagdo em contririo. No nosso exemplo inicial, se fizermos a corregio, vamos encontrar como resultado 0 valor de 20,013 mm, o que mostra que a pega nao atende as especificagoes estabelecidas, ou seja: sua dimensao efetiva “corrigida” esté fora dos limites estabelecidos. 3.6.2 Grupos de Dimensées. Se alguém mandasse fabricar dois eixos de didmetros 10 mm e 300 mm, respectivamente, ¢ a0 receber as pecas constatasse que as dimensGes efetivas eram 11 mm e 301 mm respectivamente, qual seria sua reacao diante desta constatacio? Muito provavelmente, seu desapontamento nao seria tanto pelo fato de que as duas pecas safram erradas em 1 mm, mas porque se o fabricante cometeu um erro de Imm na peca de 300 mm, na pega de 10 mm este erro, caso ocorresse, deveria ser muito menor. Em outras palavras, 0 que mais chamou a atencio, no foi o erro absoluto, mas sim 0 erro relativo, ou seja, em relagéo a dimensio de 10 mm, o erto foi muito mais grave que aquele vetificado na dimensao de 300 mm. Pode-se deduzir desta andlise, que a variacio dimensional tolerada como aceitavel, deve ser maior, quanto maior for a dimensio, em outras palavras, a tolerdncia dimensional € funcao da dimensio nominal especificada, ¢ quanto maior a dimensao, maior a toleriincia, Entretanto, na pratica, verificou-se no ser possivel seguir, t40 rigorosemente, esta relagdo. Por conveniéncia, as tolerancias nfo sio calculadas individualmente para cada dimensio nominal, mas para grupos de dimensées nominai ABR 6158/95 traz os diversos grupos em que foram distribuidas as dimensOes até o valor de 3150 mm. Na Tabela (A.3.2), pode-se perceber que cada grupo é composto das dimensdes maiores que um certo valor e menores ou iguais a outro, Assim o grupo de 30 mm a 50 mm, serve para determinar a tolerdncia para todas as dimensOes maiores que 30 mm e menores ou iguais a 50mm, 24 Os valores destas tolerincias para cada grupo de dimenséio nominal esto calculados a partir da média geométrica das dimensGes limites (D; e Ds) deste’ grupo, como mostra a Eq. 3-1): ‘ =yDxD, (3-1) Para o primeiro grupo de dimensio nominal, a média geométriea D, de acordo com a convencéo, é tomada entre as dimensdes 1 mm e 3 mm, portanto D = 1,732 mm (NBR 6158/95). 3.6.3 Graus de tolerncia-padrao (IT) Tendo-se duas pecas de mesma dimenséo nominal, seri que as duas ter necessariamente a mesma tolerancia? Como exemplo pode-se citar um eixo para um carro de mo com uma dada dimensio nominal (diémetro) ¢ outro com o mesmo didmetro, que seja usado para 0 eixo de um trem de pouso de um aviio leve. A tolerancia que deve-se estabelecer ao eixo do carro de mao, podera ser a ‘mesma que ao eixo do trem de pouso? Claro que nao. Como as duas pecas tém destinos bastante diferentes é claro que as tolerfincias terio que ser diferentes. Nao pode-se usar 0 eixo do carro de mao no trem de pouso, por questées de seguranca, ¢ no deve-se usar 0 eixo do trem de pouso no carro de mao por questoes econmicas. Com isto percebe-se que a tolerancia para uma pega deve, além da dimensio, levar em consideracao em que mecanismo esta peca sera utilizada, ou seja, quais 0s requisitos exigidos para sua funcionalidade. Para esta segunda exigéncia, a NBR 6158/95 prevé dezoito graus de tolerancia- padraio (IT), designadas por IT1, IT2, IT3, IT4,...IT18, como mostra a Tab. (A.3.1). Quando se deseja uma boa qualidade dimensional de uma determinada pega, esta teré um baixo IT, por exemplo: 0 cixo do trem de pouso do avido; por outro Iado, quando tem pouca importincia a qualidade dimensional de uma peca, esta ter um IT alto. A Tab. (A.3.2) mostra que com o valor do IT € da dimenséo nominal, define-sé 0 valor numérico da tolerancia. Examinando-se esta tabela, pode-se notar que: - para uma mesma dimensio nominal, a tolerincia cresce & medida que cresce 0 IT; - para um mesmo IT a toleriincia cresce medida que cresce a dimensio nominal. 3.6.4 Fator de tolerdncia-padrao (i, 1) fator de tolerincia-padrio ¢ uma fungéo da dimensio nominal e é usado como base para a determinacdo da tolerdncia-padrao do sistema (NBR 6158/95). O fator de tolerancia-padraio “i” é aplicado para dimensbes nominais até 500 mm (inclusive), ja para dimensées acima de 500 mm até 3150 mm (inclusive), utiliza-se 0 fator de tolerdncia-padréo “I” (NBR 6158/95). Estes fatores so calculados de acordo com as expressées abaixo: 49D +0,001D (um), ¢ (2) 0,004) +2,1 (um) G-3) l O valor de D € caleuiado como D= J D,xD, , como mostra a Eq. (3-1). Os valores das tolerincias-padrio so calculados em fungi do fator de tolerncia-padrao “i” ou “I”. 3 até 500 mm (inclusive) os valores das toleriincias- padrao, a partir de ITS, sao calculadas em fungdo do fator de tolerancia-padrio’(i), conforme mostra a Tab. (A.3.1): Toleraneias-padrao em fungio de “i” ou “I” (NBR 6158/95). Para IT6, tomada como base do desenvolvimento da série de tolerincias, esta & igual a 10 x i e a partir dai, tais valores aumentam, passando de uma para outra segundo os ntimeros normalizados da série RS de razio 10, isto é, cada IT tem tolerancia cerca de 60% maior que a imediatamente precedente. Tomando-se uma dimensio nominal de 35 mm, calcular com base na Tab. (A.3.1), quais as tolerdncias-padréo para esta dimensio para IT7 e ITS. De acordo com a Tab. (A.3.2), a dimensto 35 mm esti compreendida no grupo: >30mme £50 mm. O valor de D ¢ calculado conforme a Eq. (3-1), ou: D = /D,xD, , onde: Di=30mm e D2=50 mm D=~30x50 Desta forma o fator de tolerancia-padrio (i) é calculado como: 0,45x4/-J30x50 + 0,001xV30x50 ov Como para IT7 a tolerdncia-padrao vale 16 x i, tem-se: 561 243 um 16 x 1,561 243 ou t=25 um Para ITS a tolerdncia-padrio vale 25 x i, logo: 25 x 1,561 243 ou t=39um ‘Compatando-se com os resultados encontrados na Tab. (A.3.2), nota-se que si0 os mesmos. Desta forma foi possfvel se criar uma tabela onde, sem necessidade de célculos, consegue- se de imediato a tolerancia-padrao para uma determinada dimensio nominal ¢ um dado IT. Entretanto, nem sempre o valor calculado para a tolerancia, a partir do fator de tolerdncia-padrio corresponde, exatamente, ao valor tabelado na norma de sistema de tolerdncias ¢ ajustes. Como exemplo, pode-se calcular 0 valor da tolerdncia para as dimensoes de 70 mm com IT10 e 90 mm com ITI1. De acordo com a Tab. (4.3.2), a dimensio 70 mm esté compreendida no grupo >50 mm e < 80 mm e 90 mm no grupo >80 mm e < 120 mm, Para o primeiro caso se tem: Dj=50 mm e D2=80 mm, jé para o segundo caso: D=80 mm e D2=120 mm. Logo, para cada um dos exemplos, o fator de tolerancia-padrdo (i) ser caleulado como: - para 70 mm = i= 0,45x4) 50x80 + 0,001xV50x80 ou 4524) 802120 + 0,001xV80x120 ou 64x 1,856 145 ou t= 119 um 100 x 2,172 532 ou 17 um, Estes valores no correspondem aos constantes na NBR 6158/95, portanto 0 valor da tolerancia-padréo para cada caso deve sempre ser obtido da referida norma. 856 145 um + para 90mm => i 172 532 wm. Como para IT10 a tolerancia-padrao vale 64 x i, tem-se: Para ITLI a tolerancia-padrao vale 100 x i, logo: 26 3.6.5 Campos de Tolerancia. A posicio dos campos de tolerancia em relacdo a linha zero (0) é designada por uma ou duas letras, as maitisculas so reservadas para os furos e as mintsculas para os cixos, como mostra 0 Graf. (A.3.1). Isto significa que a tolerancia nao fica definida conhecendo-se, apenas, seu valor numérico. E necessério que se defina a posicio do campo, para entdo poder estabelecer os limites da dimensao dentro dos quais a pega sera aceita como boa. Tendo-se conhecimento da dimenso nominal, a letra vai permitir se especificar © chamado “Afastamento Fundamental”. Por definicio Afastamento Fundamental é aquele que se encontra mais préximo da linha zero. Voltando-se a Fig. (3.5), verificamos que para as pos © afastamento fundamental é 0 inferior, ja as posiges IV e V apresentam como afa fundamental 0 superior. No caso da posigio III 0 afastamento fundamental vai depender, exclusivamente, da letra designativa do campo. A importincia do afastamento fundamental é que a norma iraz 0 valor numérico deste afastamento. Com isto, utilizando-se as relagdes matemiticas que envolvem tolerincia, afastamento superior e afastamento inferior, tica fcil calcular 0 que nao for conhecido. Algumas destas relacdes estéo apresentadas na parte IV deste trabalho ¢ ilustradas através da Fig, (3.6). A Tabela (A.3.3) traz 0 valor numérico de todos os afastamentos fundamentais para eixos, desde a posicéo a até ze ¢ para as dimensdes até 500 mm, mostrando ainda qual é 0 afastamento fundamental. Como pode-se observar, para as posigdes de a até h, o afastamento fundamental € o superior; jé para as posigdes de j até ze o afastamento fundamental € o inferior. Para 0 caso dos furos, a Tab. (A.3.4) apresenta de forma semelhante o valor do afastamento fundamental. Pode-se observar que para as posigdes de A até Ho afastamento fundamental ¢ 0 inferior, enquanto que para as posigies de J até ZC o afastamento fundamental é 0 superior. Como regra geral, o valor do afzstamento fundamental (EF) para os furos é 0 mesmo que o do eixo de mesma posi¢io com o sinal trocado, ou: AF -es core que no so das posigdes de J até ZC, o afastamento fundamental nao é mais 0 inferior © sim 0 superior, como entao calcular seu valor? Antes da solugdo convém considerar dois pontos: ~ ma especificagao de tolerdncia para eixos ¢ furos nem todos os IT sio utilizados; - € recomendavel que ao se projetar um I ajuste entre duas pecas, o furo tenha um i IT imediatamente mais alto que o eixo com que iré trabalhar. Isto se explica devido ao fato de que a fabricacio do eixo, normalmente, € mais fécil que a Figura 3.8 - Ajuste genérico, com posigdes entre J(j) & ZC(ae), mos dizer: se tivermos um furo com IT n, 0 eixo que com ele fabricagio do furo. Resumindo poder: ird ucoplar-se deverd ter um IT de n-1. Com base nestas int vamos esquematizar um ajuste entre um eixo numa posicéo genérica entre j ¢ ze ¢ um furo, também com posigio entre J e ZC, Fig. (3.8). que se encontra tabelado € o afastamento fundamental do eixo (ei) precisamos saber qual o valor do afastamento fundamental do furo (ES). Sabemos que: 27 Ele Sar) 5p = Conn + hon ES, = El, + Ta Substituindo 0 valor de El, , teremos: ES, se) Ta Substituindo-se agora o valor de esa.1 , teremos: ES, = - (¢ije1) + ey) + To ou ES, igo. + (Tater) onde Tako) ou seja: = como nos mostra a Tab. (A.3.4), nas posigdes K, M e N para ITS 8 0 valor do afastamento fundamental (afastamento superior) é funcio do Ay; da mesma forma para as posicGes de P 2 ZC com ITS 7 0 afastamento fundamental (afastamento superior) do furo com IT = n é obtido pela soma do afastamento inferior de um eixo de mesma posicdo com sinal trocado ¢ 0 valor do A para a qualidade ndo furo. Para ndo termos que calcular estas diferengas entre as toleriincias do furo e do cixo, a Tab. (A.3.4) j4 apresenta na sua parte dircita, um quadro com estes resultados, para os IT utilizados. Observa-se que para os furos, nas posicées de JA ZC o valor numérico do afastamento depende do IT. Desta forma se tivermos dois furos de mesma dimens4o nominal e posicao, mas se os IT sio diferentes, os valores numéricos dos afastamentos fundamentais poderio ser diferentes. Exemplo: 65M8 ¢ 65M9. Para 65M8 0 afastamento fundamental, que € o superior, vale: -I1 + A. Observando-se a tabela dos A 2 direita, encontramos: A = 16 um. Logo o afastamento superior sera: -11 + 16 ou ES Sum. Para 65M9 teremos ES = - 11 um. Um cuidado especial deve ser tomado com as posicées js ¢ JS. A norma mostra que para as posicdes de a até h o afastamento fundamental é 0 superior e para as posiedes de j 4 ze 0 afastamento fundamental € 0 inferior. Na posicao js os dois afastamentos, superior e inferior, estéio na mesma distincia com relagio a linha zero ou seja que qualquer um pode ser tomado como afastamento fundamental. IT 2 Ocorre que a tabela contida na norma, apresonta seus valores como ---. Ora, analisemos os valores dos afastamentos, superior e inferior, para uma dimensio de 35 mm com IT9. De acordo com o que se encontra escrito, os afastamentos poderiam ser exroneamente adotados como: es = + 4,5 ¢ ci=-4,5. Aqui temos duas consideragdes a serem feitas: ~ 0s afastamentos néo seriam uma dimensio, jé que IT é um némero puro; ~na Tab. (A.3.2), a tolerancia para esta dimensiio ¢ IT, € 62 jum. Com isto pode-se verificar que 0 célculo dos afastamentos para esta dimensio e IT serd feito como : ou ess#3lyme — ei=-31 um Outro ponto a scr analisado nas posigdes js e JS € que quando a tolerancia encontrada é impar os afastamentos entrariarn na casa do décimo de micrometzo, o que implicaria em especificagdo das dimens6es méxima e minima da pega, com quatro casas decimais, ou seja: décimo de milésimo de milimetro, 28 Na mecanica convencional nao se usa trabalhar com medidas nesta ordem, s6 se chegando ao milésimo de milimetro. A saida para estes casos de acordo com a norma é tomar como valor da tolerancia para efeito de célculo dos afastamentos, o ntimero par imediatamente inferior. Como 0 que se deseja é a eliminagao da casa decimal no valor do afastamento, a modificacéo na dimensio se faz, exatamente, com este valor, eliminando-se desta forma a parte decimal. O exemplo a seguir ilustra melhor esta situa Exemplo: Seja a dimenso nominal de 25 mm com IT7. Para estas condighes a tolerdncia é 21 wm, conforme a Tab. (A.3.2). Com isto os valores dos afastamentos serdo: 21 es = ov 2 es= +105 um e ei =- 10,5 um De acordo com 0 que foi dito, os afastamentos passarao a ser: - afastamento superior: es = + 10 pm © afastamento inferior: ei = - 10 pm, t= 20 um; 3.6.6 Simbologia. Nos desenhos, para se apresentar uma determinada dimensdo de uma peca com tolerancia, temos trés formas distinta: - a simbélica: Aqui se escreve a dimensio nominal seguida de um simbolo, constituido por uma ou duas letras ¢ um niimero. Exemplos: Eixo: 10js8, _teremos: dimensio nominal: 10 mm ; tolerncia: js8; sendo js a posicao do campo de tolerdncia e IT8. Furo: 8F9, — teremos dimensio nominal: 8 mm - tolerdneia: F9; sendo F a posigio do campo de tolerincia e ITS. - com os limites: Aqui se escreve a dimensio maxima e minima. Para os exemplos anteriores teremos: Para 0 eixo: dimensdo méxima: 10,011 mm dimensio minima: 9,989 mni Para o furo: - dimensdo maxima: 8,049 mm. . dimensdo minima: 8,013 mm - com 0s afastamentos: Aqui se escreve a dimensdo nominal e junto @ ela do lado direito e um pouco acima se indica 0 afastamento superior*e um pouco abaixo 0 afastamento inferior como esta apresentado a seguir para os mesmos exemplos anteriores: - Para 0 eixo: 10°}? Para o furo: 8% EXERCICIO 29 Determinar os elementos da dimensio com indicagéo simbélica da tolerancia ¢ representar esquematicamente o campo de tolerincia no espaco quadriculado. a EIXO Simbolo: 18h7 t=18 um e af= (X)es (Jel ei=-18 um dnax = 18,000 mm docx = 17,982 mm dasa= 17,991 mm PasSSISSssessssseEsSSENSEESEEESEYSEEEEEOEES EIXO Simbolo: 25js8_ t=33 um af= (/)es (/ ei es= +16 um ei=-16 um | dmx = 25,016 mm din = 24,984 mm. dng = 25,000 mm i EIXO Simbolo: 85j6 2 wm C yes (X)ei 30 BEXTRA HEC Ie@ Determinar os elementos da dimensio com indicagio simbélica da tolerdncia e representar esquematicamente o campo de tolerancia no espaco quadriculado. FURO Simbolo: 2069 T=52pm CES (X)EI Dass = 20,059 mm Dain = 20,007 mm Dogs = 20,033 mm _FURO Simbolo: 80N7 T=30 um (X)ES (EL FURO_ Simbolo: 130R6 129,944 mm = Daie= 129,919 mm_ 130R6 444 9: Deca= 129,931 5 mm LL. 31 3.7 Ajustes. 3.7.1 Introdugao Até 0 momento, tratamos de como se especifica em um desenho uma dada dimensao com tolerancia ¢ também, como entender todas as informagées contidas em uma indicagao normalizada na forma simbélica, como por exemplo, 55H8 ou 32j7. A partir de agora estaremos interessados em estudar, no mais as pecas isoladas, mas 0 que ocorre quando da montagem delas. Neste momento estamos nos referindo ao ajuste. A NBR 6158/95 define ajuste como sendo a relagdo resultante da diferenca, antes da montagem, das dimens6es dos dois elementos a serem montados. Esta diferenca deve ser tomada sempre como a dimensao do furo menos a dimensio do eixo. A mesma norma define sistemas de ajustes como sendo um sistema compreendendo eixos e furos pertencentes a um sistema de tolerincia. 3.7.2 Classes de ajustes Quando projetamos um lote de cixos ¢ furos para trabalharem em um dado conjunto mecanico onde um é montado no outro, cada qual vem com sua tolerdncia especificada, isto é, cada um, tem sua posicao de campo de toleréncia e seu IT. Desta forma & possivel se determinar, mesmo antes da fabricagdo dos lotes de eixos e furos, como seré 0 comportamento deste conjunto apés a montagem, Isto pode ser feito, por exemplo, fazendo-se um grifico dos dois campos de tolerancia e verificando como se situa um em relagio ao outro. Para este resultado s6 existem és possibilidades: ~ 0 campo de tolerincia do furo esté todo acima do campo de tolerncia do eixo, Fig. (3.9); ~ 0 campo de toleriincia do furo esta todo abaixo do campo de tolerdncia do eixo, Fig. (3.10); ~ 08 campos de toleréincia, de furo e de eixo, se sobrepdem parcial ou totalmente, Fig. (3.11). ; : Eo ro i uo n 7 Furo ° ° fo Figura 3.9 - O campo de tolerancia do furo Fe esté todo acima do campo de Figura 3.10 - O campo de tolerdncia do furo esta tolerancia do eixo. todo abaixo do campo de tolerdncia do L cixo. Ht Furo ini bal Furo Exo ° ° ta tte Figura 3.11 - Os campos de tolerancis ce eixo, se sobrepdem parcial ou totalmente, 3.7.2.1 Ajuste com folga Para o primeiro caso, Fig. (3.9), isto é, quando a dimensio minima do furo é sempre maior ou, em ‘caso extremo, igual & dimenso maxima do eixo diz-se que este é um ajuste com folga, ou ajuste mével. Em outras palavras, podemos definir ajuste com folga, também conhecido como ajuste mével, aquele onde s6 existe folga, inclusive quando a folga minima é zero micrometro. 3.7.2.2 Ajuste com interferéncia. Este € 0 caso da Fig. (3.10), ou seja, quando a dimensio méxima do furo é sempre menor ou, em caso extremo, igual & dimensio minima do eixo. De outra forma, podemos dizer que 0 ajuste com interferéncia, também chamado de ajuste fixo, é aquele onde s6 existe interferéncia, inclusive quando a interferéneia minima 6 zero micrometro. 3.7.2.3 Ajuste incerto. O ajuste incerto é aqueie no qual pode ocorrer uma folga ou uma interferéncia entre 0 furo ¢ 0 cixo, quando montados, dependendo das dimensGes efetivas do furo e do eixo, isto é, os campos de tolerdncia do furo ¢ do eixo se sobrepdem parcial ou totalmente, como mostrado na Fig. Gul). Isto acontece porque em funcio das tolerincias especificadas para o furo e para © cixo, poderé acontecer que, apés a fabricagio, se tomarmos um eixo e dois ou trés furos, por exemplo, 0 acoplamento deste eixo com o primeiro furo seja com folga, para o segundo, com interferéncia ¢ assim por diante. Ou seja o ajuste individual ora sera com folga ora com interferéncia nada se pode afirmar com relagao ao lote inteiro. Resumindo, apresentamos as trés classes de ajtistes: ~ ajuste com folga(mével): onde s6 existe “folga”, inclusive quando a Fiia=0 jim; ~ ajuste com interferéncia(fixo): onde s6 existe “interferéneia”, inclusive quando a Inia=0 Km; ~ ajuste incerto: onde pode ocorrer “folga” ou “interferéncia” Obs.: mais adiante definiremos o que seja folga minima e interferéncia minima. A Figura (3.12) apresenta a folga e a interferéneia para dois ajustes distintos. Um ajuste é entre 0 furo de dimensZo De 0 eixo de dimensio d. Como pode-se observar pelo desenho D>d, logo a esta diferenca que matematicamente € positiva, | Figura 3.12 — Ajuste com folga: D>d ou D—d > 0 e ajuste com chamaremos de folga ¢ interferéneia: D Fmnsx (folga maxima); 2) Dix ~ dnix > F2 - folga compreendida entre a méxima e a minima; 3) Dain-dnia > F3 - folga compreendide entre a méxima ¢ a minima; 4) Dave — dix > Fmin (folga minima). Temos portanto as férmulas mateméticas para que possamos calcular os valores numéricos das folgas limites de um ajuste com folga (mével), Eq. (3.4) ¢ Eq. (3.5): Fux = Dinix - dmin (3.4) € Fin = Dain dase (3-5) Com estes valores podemos calcular a folga média (Fics), Eq. (3.6), que serve para indicar o valor em torno do qual se espera que ocorra a maior parte dos valores efetivos da folga de um ajuste mével, logo: yy = Hi Fe 6.6) Se agora fizermos um esquema semelhante ‘ao da Fig. (3.15), mas desta vez fazendo com que o furo seja sempre menor que o eixo e empregando 0 mesmo raciocinio, poderemos comprovar a Eq. (3.7) ¢ Eq. (3.8) para as interferéncias limites de um ajuste fixo, ou seja: Tnsx=Dmin=dmix (3.7) € —Inin = Dix — min (3.8) Da mesma forma que no ajuste mével, aqui também nos interessa o valor da média do ajuste fixo, Eq. (3.9): Jaw +f, ae G9) édia do ajuste sera calculada pela Eq. (3.10): Caso 0 ajuste seja incecto, a Média do ajuste = (Fmaxtlmns)/2 .10) » Sendo uma folga se 0 resultado for positivo ou uma interferéncia caso o resultado seja negativo. Tanto o valor da folga, como o da interferéncia devem ser acompanhados de sinal. A folga teré sempre o sinal positivo (+) ¢ a interferéncia 0 sinal negativo (-). Exomplo: Fic = #83 jim, Fig = +28 jim, Tix = -57 Hum, Ton -17 um, 3.7.4 Sistemas de ajustes, Um sistema de aj como j4 definido anteriormente, é um sistema compreendendo eixos e furos pertencentes « um sistema de tolerdncias. A noma brasileira define dois sistemas de ajustes, conhecidos como: eixo-base e furo-base.

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