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PSICOLOGIA E

SAÚDE
PSI 8089
Prof.ª: LUSANIR DE SOUSA CARVALHO

Psicóloga (CRP. 05/12551)


Mestre em Psicologia Social
(UFRJ)
Doutora em Saúde Pública
(ENSP/FIOCRUZ)
(lusanir.carvalho@uva.br)
Psicologia Saúde – Profª LUSANIR CARVALHO
UNIDADE II
• COMPLEXIDADE DO FENÔMENO
SAÚDE-DOENÇA

2.1 – A saúde e a doença ao longo da história


2.2 – A arte de curar: a transferência como dispositivo

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ATENÇÃO BÁSICA (AB)
Principal porta de entrada
para o sistema de saúde
L E I T U R A D OS T E XTOS:

Texto 3 - SCARCELLI, IR.; JUNQUEIRA,V. O SUS como Desafio da formação em Psicologia


Texto 4 - CAMPOS e GUTIERREZ - Reflexões sobre a atenção básica na ESF.
Resolução Nº 17 (19 de julho de 2022).

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SUS E A ATENÇÃO PRIMÁRIA
Compartilham um princípio (ou
atributo) fundamental: A
INTEGRALIDADE.

Abrange o cuidado
interdisciplinar, coordenado, a
incorporação da promoção e
prevenção à saúde na prática
cotidiana e, por fim, na
abordagem das pessoas de
forma AMPLIADA.

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A partir do reconhecimento de dimensões
individuais e coletivas, o Sujeito que se
apresenta para a clínica é ao mesmo tempo um
indivíduo e vários coletivos.

Mesmo quando a clínica é individual ela também é coletiva,


não só porque os Sujeitos são parte do coletivo, mas
também porque: a clínica está comprometida com o plano
de produção ou de individuação sempre coletivo e que é
indissociável do domínio da realidade individuada.
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EIXOS FUNDAMENTAIS
Compreensão ampliada do
processo saúde-doença
Construção compartilhada dos
diagnósticos e terapêuticas
Ampliação do objeto de
trabalho
A transformação dos “meios”
ou instrumentos de trabalho
Suporte para os profissionais
de saúde

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Ampliada

O paciente é uma Sintomas são experimentados


pessoa, sujeito e que por ele de forma singular e os
sentidos atribuídos aos sintomas
vive subjetivamente e à doença são levados em
seus processos de vida consideração no processo de
e de adoecimento. diagnóstico e de tratamento.
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Reconhecimento de que muitas das
vivências dos pacientes não são, de fato,
explicadas pela forma tradicional de se
clinicar ou pelos saberes fragmentados.

Não é negar que seja possível a


generalização de quadros de doenças, mas,
sim, de se buscar o que há de singular no
que é geral.

Todos os conhecimentos podem ser úteis


para a compreensão das doenças,
integrando as várias abordagens –
TRABALHO INTERDISCIPLINAR.

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Trabalho em Saúde
Outra perspectiva: CLÍNICA AMPLIADA
◦ Articulação entre os diversos saberes;
◦ Compartilhar com os usuários os diagnósticos e
condutas – sujeitos participativos e autônomos.

COMPARTILHADO, COM PARTICIPAÇÃO DE


TODOS, E NEGOCIADO

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Relação interpessoal tem como objetivo
principal o corpo [ponto de vista
concreto] – se expressa pela palavra.
• Sempre carregada de múltiplas possibilidades,
de vários sentidos, ainda mais porque o corpo
também é sede do desejo.

Merhy (1994):
• “Criar vínculos implica ter relações tão próximas e tão
claras, que nos sensibilizamos com todo o sofrimento
daquele outro, sentindo-se responsável pela vida e
morte do paciente, possibilitando uma intervenção nem
burocrática nem impessoal”.
• Responsabilidade – um dos elementos fundamentais na
ação dos profissionais da Saúde da Família.
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• A relação com paciente é uma situação
assimétrica, de dependência, na qual um dos
parceiros - o doente - representa o papel de
objeto do outro e é envolvido por muitas
expectativas e esperanças de ambos os lados.

• Médico:
• Dar sentido ao adoecer e atinja a cura.
• Conta com o reconhecimento e a confirmação de
seu poder de reparação.
• Podem chegar a transformar as relações de troca
em relações de poder.
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Na Atenção Primária, a facilidade de
acesso aos profissionais de saúde e o
cuidado longitudinal, no decorrer do
tempo, fazem desse nível de cuidado
um ótimo local para estreitamento do
vínculo com o paciente e busca de uma
ótima ação terapêutica, quando
identificada alguma condição mórbida
(CAMPOS, 1997).
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PILARES DA AÇÃO TERAPÊUTICA

Acolhimento Escuta

Suporte Esclarecimento

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ACOLHIMENTO
Significa um arranjo tecnológico para a organização dos serviços
que visa garantir acesso aos usuários com o objetivo de escutar
todos os pacientes, resolver os problemas mais comuns e/ou
referenciá-los, se necessário (CAMPOS, 1997).
Abertura dos serviços para a demanda e a responsabilização por
todos os problemas de saúde de uma região.

Relações Interpessoais (BUENO; MERHY, 2001):


◦ escuta clínica solidária;
◦ processo de atendimento e construção da cidadania;
◦ inicia-se a construção do vínculo.

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ESCUTA

A escuta permite o desabafo


(denominado catarse, em
termos psicológicos) e cria
espaços para o paciente
refletir sobre seu sofrimento e
suas causas.

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SUPORTE

Enquanto acolhe e escuta, o profissional


de saúde pode oferecer continência aos
sentimentos envolvidos e aflorados
naquele instante, reforçando a segurança
daquele que sofre e ajudando-o a buscar
soluções para seus problemas.

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ESCLARECIMENTO
Há fantasias ou crenças relacionadas aos sinais e
sintomas, ou ainda busca de informações de
como enfrentar determinadas situações.

O encontro acolhedor e vinculante desfaz


fantasias e aumenta a informação, reduzindo a
ansiedade ou depressão quando estão presentes.

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SITUAÇÃO
Você, psicóloga(o) faz parte da equipe de uma unidade de
saúde formada por assistentes sociais, fisioterapeutas,
nutricionista, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Entre as atividades realizadas pela equipe, estão as reuniões e
visitas multiprofissionais aos usuários do território atendido.

Semanalmente, vocês se reúnem para a discussão de casos e


gerenciamento coletivo do trabalho. Esse espaço é considerado
importante para o estabelecimento de planos de cuidado e
acompanhamento de casos.

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Vínculos e afetos
Profissionais e usuários, individualmente ou coletivamente, transferem afetos.
◦ Um profissional que tem um parente com diabete não vai sentir-se da mesma forma, ao
cuidar de um sujeito com diabete, que um profissional que não tem este vínculo afetivo.

Prestar atenção nesses fluxos de afetos para melhor compreender-se e


compreender o outro.
Poder ajudar a pessoa doente a ganhar mais autonomia e lidar com a doença.

A equipe de referência é muito importante, porque os fluxos de afetos de cada


membro da equipe com o usuário e familiares são diferentes, permitindo que as
possibilidades de ajudar o sujeito doente sejam maiores.
◦ Dentro da própria equipe estas transferências também acontecem.

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TRANSFERÊNCIA E
CONTRATRANSFERÊNCIA
• Freud no início do século XX:

• O movimento de
transferência-
contratransferência está
presente em qualquer
relação terapêutica.

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Profissional pode ser percebido como membro
do grupo dos patrões, representantes da
legalidade. Isso se soma a barreiras
linguísticas, diferenças lexicais e sintáticas,
além do vocabulário especializado, que
dificultam a comunicação entre eles. Esses
ingredientes propiciam o desenvolvimento de
preconceitos e desconfiança que devem ser
evitados (BOLTANSKI, 1984).

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O cuidado que deve ser
tomado é o de não atuar, não
tomar atitudes de rejeição ou
agressivas que não favoreçam
o vínculo positivo, terapêutico.

Entender a nossa
contratransferência é um
instrumento de trabalho que
inclui todos os que lidam com
atendimento às pessoas.
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INTERVENÇÃO
"MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA"
O mito de que os tratamentos e intervenções só fazem bem é muito forte.
◦ Uso inadequado de medicações e exames, causando graves danos à saúde e desperdício de dinheiro.
◦ Ex.: Diazepínicos e antidepressivos.

É mais fácil para os profissionais de saúde e também para os usuários utilizarem medicamentos, do
que conversar sobre os problemas e desenvolver a capacidade de enfrentá-los.

Quanto aos exames, também existe uma mitificação muito forte.


◦ Muitos deles têm riscos à saúde e limites, principalmente quando são solicitados sem os devidos critérios.

A noção de saúde como bem de consumo (“quanto mais, melhor”) precisa ser combatida para
que possamos diminuir os danos. O real significado e as expectativas das pessoas quando
procuram um serviço de saúde precisam ser trabalhados na clínica ampliada, para diminuir o
número de doenças causadas por tratamento e para não iludir as pessoas.

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•A clínica ampliada exige dos profissionais de saúde um exame
permanente dos próprios valores e dos valores em jogo na sociedade.
• O que pode ser ótimo e correto para o profissional pode estar contribuindo para o
adoecimento de um usuário.

O COMPROMISSO ÉTICO COM O USUÁRIO


DEVE LEVAR O SERVIÇO A AJUDÁ-LO A
ENFRENTAR, OU AO MENOS PERCEBER,
ESTAS CAUSALIDADES EXTERNAS.

•Às vezes, o próprio diagnóstico já traz uma situação de discriminação


social que aumenta o sofrimento e dificulta o tratamento. Ex. doença
mental.
• Cabe à clínica ampliada não assumir como normal estas situações, principalmente
quando comprometem o tratamento.
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Qualificação da
Atenção
Possibilitar uma ação
positiva em direção ao Efetivar a Co-gestão da
paciente, a partir das equipe interdisciplinar e
diferenças internas e a Clínica Ampliada
conflitos da equipe

Possibilitar o apoio Facilitar a avaliação e o


aprendizado coletivo
matricial à equipe de (aumentar capacidade de
referência análise e intervenção
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REFERÊNCIAS

Cunha, G. T. A construção da clínica ampliada na atenção básica. 3. ed. São


Paulo: Hucitec, 2010.

Starfield, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde,


serviços e tecnologia. Brasília: Unesco-Ministério da Saúde, 2002.

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