You are on page 1of 12
‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand CAOP ©) jose (orianca) l A perda do poder familiar e os seus efeitos A perda do poder familiar e os seus efeitos referentes ao direito sucessério do filho em relacdo aos bens deixados pelo genitor: um estudo de caso Terezinha de Jesus Souza Signorini_ [*] SUMARIO: 1, Introducdo: apresentacao do caso concreto ¢ delimitacdo do objeto de estudo. 2. Perda do poder far r RESUMO: A perda do poder familiar é a medida mais grave imposta pela legisiacao brasileira nos casos de descumprimento de relevantes deveres que foram incumbidos aos pais em relacéo aos filhos menores no emancipados, destituindo os genitores de todas as prerrogativas decorrentes da autoridade parental. Diante das sérias repercussdes advindas da perda do poder familiar, e, considerando o interesse que o tema pode despertar nos integrantes do Ministério Publico Estadual, 0 presente estudo de caso pretende identificar - mingua de expressa previsdo legal, 0 que torna o assunto objeto de duividas — se o filho permanece com o direito & heranga do pai ou mae destituido do poder familiar, bem como se, na superveniéncia de adogao, ha possibilidade de o menor adotado suceder com relagao aos bens deixados pelo genitor destituido do poder familia. PALAVRAS-CHAVE: Perda do poder familiar. Filiagao e parentesco. Adogao. Ordem de vocagao hereditaria. Abertura da sucesso. 1. Introdugao: apresentagao do caso concreto e delimitagao do objeto de estudo Cuida-se, neste Espaco Institucional concedido ao CAOP CFTS [neta 1], de tema delimitado com base em consulta dirigida por membro do Ministério Publico do Estado do Parand a apreciagao juridica pelo referido setor em meados do ano de 2017, a qual versou sobre duivida acerca da manutengao ou extingdo do direito sucessério do filho em relagdo ao pai [nota 2] que pordeu o poder familiar. Desse modo, para nortear a confecgao do presente trabalho, olegeu-se a abordagem tematica inspirada no método de estudo de caso. O consulente narrou, em suma, que estava apreciando situacéo em que dois menores n&o emancipados — irméos consanguineos -, encontravam-se em estagio de convivéncia que precede a adogao [nota 3); que a genitora era pessoa drogadita, circunstancia que ensejou a perda do poder familiar em relacdo aos referidos filhos; que a genitora faleceu e deixou patriménio; que a falecida teria deixado apenas uma itma, pessoa que estaria a reclamar a heranga para si Defronte ao quadro fatico delineado, tendo como buissola a realizagao do melhor interesse dos menores por meio da defesa de possivel direito sucessério referente 4 heranga deixada pela mae destituida do poder familiar, 0 agente ministerial indagou se aqueles ainda seriam hitpsziste.mppr-mp,brrtanca/Paginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ane ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand considerados herdeiros da genetriz Frise-se, desde logo, que a razodvel duivida apresentada advém da constatagao de que no Direito patrio nao ha regra expressa no sentido de que persiste 0 direito sucessério dos fithos em relagao ao genitor destituido do poder familiar. Além disso, cita-se que ha exemplares da jurisprudéncia admitindo que a perda do poder familiar acarreta o rompimento do vinculo de Parentesco [nota 4]; logo, uma vez que 0 direito sucessério entre pais e filhos decorre da relagdo de parentesco natural ou civil, segundo a mencionada corrente jurisprudencial nao haveria direito do filho heranga deixada pelo pai ou mde destituido do poder familiar. ‘Apés exame do caso, com fulcro na legislagéo pertinente, doutrina interdisciplinar jurisprudéncia - elementos afetos ao tratamento conferido no 2mbito do ordenamento juridico brasileiro -, alcangaram-se as conclusdes que denotam a imprescindibilidade de se persorutar, em situagGes faticas congéneres, o seguinte aspecto fundamental: se no momento da abertura da sucesso esté mantida ou nao a relagdo juridica de parentesco entre o pai destituido do poder familiar e 0 filho, fator elementar para que se apure se 0 Ultimo podera herdar ou nao 0 patriménio deixado pelo falecido genitor. Assinala-se, por fim, que o eminente cardter multidisciplinar do estudo proposto e o limite de espago para redigi-o tornaram necesséria a escolha de nao explorar em elevada profundidade 0s miltiplos institutos juridicos vistos como essenciais para a tessitura das conclusées. Portanto, optou-se por uma abordagem mais objetiva de cada instituto. 2. Perda do poder familiar Anarrativa do consulente revela que 0 caso concreto em foco refere-se a hipétese de perda ou destituico do poder familiar, decretada judicialmente em razo da infringéncia de relevantes deveres relacionados ao exercicio do poder familiar. Rememora-se que o poder familiar estd disciplinado nos arts. 1.630 a 1.638 do Cédigo Civil de 2002 (CC), legislagao que, todavia, nao define o instituto, visto que o citado art, 1.630 limita-se a determinar que "os filhos estdo sujeitos ao poder familiar, enquanto menores" Nao obstante existam pontuais dissonancias em sede doutrindria acerca da terminologia do referido instituto adotada no Estatuto Civil em vigor, ha consenso firmado entre os devotados ao tema de que o poder familiar & (...) 0 conjunto de deveres e obrigagées dos pais em relagao aos filhos menores nao emancipados e aos bens destes, decorrentes da relacao de parentesco existente entre eles. A lei, portanto, atribui simultaneamente aos pais um encargo a ser exercido perante a sociedade — minus pubblico — (...) visando ao bom desenvolvimento, ao bem-estar e & protegao dos filhos. [nota 5] Por ser considerado um relevante minus legalmente alribuido aos pais, o poder familiar deverd ser exercido em beneficio e no interesse dos filhos menores néo emancipados. [nota 6] Assim, obediente ao principio constitucional da protegao integral da crianga e do adolescente [nota 7], © legislador ordindrio bem cuidou de insculpir as consequéncias juridicas aplicdveis ao titular que fizer mau exercicio do poder familiar, dentre as quais cumpre particularizar (devido ao escopo do corrente estudo) a medida denominada perda do poder familiar. Em primeiro lugar, devido a corriqueira confuséo havida entre os institutos, é importante distinguir perda e extingao do poder familiar, uma vez que o art. 1.635, inc. V, do Cédigo Civil prevé a extingdo do poder familiar no caso de ser proferida decisdo judicial com fundamento nas causas previstas no art. 1.638, Quanto a isso, Maria Berenice Dias esclarece que Perda é uma sangdo imposta por sentenga judicial, enquanto a extingdo ocorre pela morte, emancipagao ou extingao do sujeito passivo. Assim, ha impropriedade terminolégica na lei que utiliza indistintamente as duas expresses. hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ana ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand (...) A perda da autoridade parental por ato judicial (CC 1.638) leva a extingdo do poder familiar (CC 1.635 V), que é 0 aniquilamento, 0 término definitive, o fim do poder familiar. No entanto, inclina-se a doutrina em admitir a possibilidade de revogagao da medida. Ou seja, a perda é permanente, mas nao definitiva, Os pais podem recuperar o poder familiar, desde que comprovem a cessacao das causas que a determinaram. Como o principio da protegao integral dos interesses da crianga, por imperativo constitucional, deve ser 0 norte, parece que a regra de se ter por extinto 0 poder familiar em toda e qualquer hipétese de perda nao é a que melhor atende aos interesses do menor. (Grifos no original) [nota 8] Sobre 0 assunto em voga, Valter Kenji Ishida acrescenta que "ao contrario do que dispie o art. 1.635, V do CC, a perda do poder familiar nao pode ser tratada como uma forma de extingao do poder familiar, pois a esta se refere a modalidades naturais de extingao do mesmo". [nota 9] Nao obstante a indigitada impreciséo terminolégica no tratamento conferido pela Lei Civil, doutrina é assente ao considerar que a perda do poder familiar é a medida jurisdicional mais drastica imposta aos pais faltosos [nota 10] nos casos em que o juiz se convencer de que houve uma das causas que justificam a sua decretagao, previstas nos arts. 1.638 do CC, e 24 cle 22 do ECA, Denise Damo Comel, em percuciente andlise sobre o tema, leciona que Aperda do poder familiar é a mais grave medida imposta em virtude da falta aos deveres dos pais para com o filho, ou faha em relacao a condi¢ao paterna ou matemna, estribando-se em motivos bem mais sérios que a suspensdo. Serd ela imposta quando qualquer dos pais agir desviando-se ostensivamente da finalidade da instituigao, pelo que se the vai retirar a autoridade, destituindo-o de toda e qualquer prerrogativa com relagao ao filho. Constitui-se em providéncias que o Cédigo toma em defesa dos menores, contra os pais desnaturados, disse Bevilaqua. [nota 11] Salienta-se, ainda, que significativa parcela da doutrina especializada considera que a perda do Po poder familiar € sangao "(...) de maior alcance e corresponde a infring&ncia de um dever mais (bul relevante, de modo que, embora nao se revista da inexorabilidade [nota 12], nao 6 como a suspenséo, medida de indole temporéria prevista no art. 1.637 do CC. Ademais, diversamente da suspens4o, a perda do poder familiar é medida imperativa e nao facultativa’. [nota 13] Consideradas as peculiaridades do instituto da perda do poder familiar, ainda que 0 presente trabalho filie-se ao entendimento de "(...) que antes se configura mais com uma protecao aos filhos menores do que uma medida sancionadora ou punitiva ao comportamento dos pais” [nota 14], é inegavel que a medida acarreta repercussées contundentes na vida dos envolvidos, muitas das quais impactantes em suas esferas juridicas. Por conseguinte, face aos pressupostos recém-apresentados, resta saber se a perda do poder familiar gera reflexos juridicos no direito sucessério dos menores em relagao & heranga deixada pelo genitor falecido. 3. Efeitos das respectivas sentengas de perda do poder familar e de adogao quanto ao anterior vinculo de filiagao Com 0 olhar voltado ao caso concreto, cumpre verificar — A mingua de expressa previsdo legal = se os referidos filhos, que ainda nao foram adotados, permanecem com o direito & heranga da falecida mae biolégica que fora destituida do poder familiar. Ademais, embora na situagao fatica examinada os menores ainda nao tenham sido adotados, também se requer conclusao acerca do direito sucessério caso a decretagao da perda do poder familiar seja seguida de adogao. Haja vista o pressuposto legal de que o direito sucessério entre pais e filhos decorre de sua relagao de parentesco, em primeira etapa impende aferir se hé rompimento do vinculo de filiagao decorrente da sentenga que estabelecer a perda do poder familiar, bem como da sentenga que defere a adogao. hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos an2 ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand Quanto fiiagao, vem a calhar a contemporanea definicéo adotada pela doutrina mais consagrada em matéria de Direito das Familias, citando-se aqui Ana Claudia S. Scalquette, jurista que caracteriza o referido liame como (...) a relagdo de parentesco em linha reta de primeiro grau que se estabelece entre pais filhos, seja essa relagao decorrente de vinculo sanguineo ou de outra origem legal, como no caso de adogao ou reprodugao assistida com utilizagéo de material genético de pessoa estranha ao casal. [nota 15] E, sobre as relages de parentesco, a aludida autora recapitula que (...) 80 estabelecidas entre ascendentes e descendentes, entre pessoas que provém de um mesmo tronco comum sem descenderem umas das outras - como 6 0 caso dos colaterais -, entre um cénjuge ou companheiro e os parentes do outro - ao que se conhece por vinculo de afinidade —, por vinculo civil ~ no caso de adogao — ou por outra origem, a exemplo do que se tem na filiago decorrente de reproducdo assistida em que é utilizado material genético de terceiro. [nota 16] Antonio Cezar Lima da Fonseca explica que a sentenga que decreta a perda do poder familiar tem natureza declaratoria, constitutiva e condenatéria, pois: declara a existéncia de uma ou mais das hipdteses legais autorizadoras da destituicao do poder familiar; constitu uma nova situagao de vivéncia para o menor, por forga determinagao judicial; e, por fim, condena os pais a perda do poder familiar. (nota 17] Observa-se, ainda, luz do paragrafo Unico do art. 163 do ECA [nota 18] ¢ do art. 102, 6° [nota 19], da Lei de Registros Puiblicos, que a sentenga que decreta a perda do poder familiar ordenard a averbagao no assento de registro civil do respectivo menor. Dos caracteres acima tragados, infere-se que a sentenga em questéo deve apenas ser averbada no registro de nascimento da crianga ou do adolescente, sem consubstanciar (00 mandado de cancelamento do mesmo registro. Destarte, uma vez que referido ato judicial nao (bill torna som efeito juridico o registro de nascimento do menor, as relagées de parentesco natural ou civil [nota 20] permanecem incdlumes apés a decretagao judicial. Por seu tumo, avaliam-se 0s efeitos da sentenga que defere a colocacao da crianga ou adolescente em familia substituta na modalidade de adocao. Consoante a sintese tecida por Murillo José Digidcomo e IIdeara de Amorim Digiécomo, "a adogao 6 9 institute pelo qual se estabelece o vinculo de filiagao por decisao judicial, em carater imrevogavel, quando nao for possivel a manutencdo da crianga ou adolescente em sua familia natural ou extensa”, [nota 21] Valter Kenji Ishida considera que a natureza juridica da sentenga que defere a adogdo é constitutiva, e produz efeitos aquisitivos do novo parentesco e extintivo do parentesco anterior. [nota 22] Nesse sentido, respaldada pelos arts. 41 e 47, caput e § 2°, ambos do ECA, a doutrina aponta que, ao contrario da decisdo judicial de perda do poder familiar, a sentenga que defere a adogao 6 Unica que acarreta a perda da condigao de filho, porque constitui novo vinculo de fiiago em detrimento do anterior. [nota 23] Nessa toada, Enio Gentil Vieira Junior e Amanda Oliari Melotto argumentam que Somente se pode falar em "rompimento dos vinculos parentais", (...), quando a crianga ou adolescente ¢ colocado em nova familia por meio da adogao, Neste caso, por disposi¢ao expressa do Estatuto da Crianga e do Adolescente, haveré o rompimento dos vinculos com os pais e demais parentes. Veja-se que o art. 47, caput e § 2°, dispdem que 0 vinculo de adocao constitui-se por sentenga judicial, que sera inscrita no registro civil mediante mandato do qual nao se fornecera certidao. E 0 referido mandado que cancelara o registro original, extinguindo, por seu tumo, os vinculos relativos ao parentesco. hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ana ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand E da prépria natureza do instituto da adogdo o efetivo rompimento de tais vinculos. Nao por oulra razao 0 regramento do art. 41, que dispée que “a adogdo atribui a condigao de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessérios, desligando-o de qualquer vinculo com pais @ parentes, salvo os impedimentos matrimoniais” e do art. 49, "a morte dos adotantes ndo restabelece o poder familiar dos pais naturais", por ébvio, em razéo do rompimento de tais vinoulos. [nota 24] (Grifos no original) Constata-se que enquanto ndo sobrevier a prolagéo de sentenga favordvel & adocdo, os vinculos juridicos de parentesco dos menores com os pais destituidos do poder familiar e com os demais parentes continuam existindo. Oportuno assim, repisar que a (...) destituigéo do poder familiar atinge apenas os direitos/deveres relacionados no art. 229 da CF, art. 1634 do CC e art. 22 do ECA, nao trazendo reflexos quanto a situacao pais/flhos para 08 demais fins e efeitos, persistindo o vinculo parental entre estes (e seus respectivos parentes) e, por via de consequéncia, os impedimentos matrimoniais, os direitos sucessérios reciprocos © dever de prestar alimentos. Vale lembrar que somente poderd haver a "perda da condigao de fiho", para todos fins e efeitos (ressalvados os impedimentos matrimoniais) no caso de adocao Por terceira pessoa. [nota 25] A guisa de primeira conclusao, considerando que no caso concreto ainda nao houve sentenga que deferiu a adogao, resta mantida a relagdo de parentesco e os seus consectarios legais. Desse modo, no t6pico subsequente ha de se avaliar a questdo atinente ao direito sucessério dos menores em relacao aos bens deixados pela genitora 4, Abertura da sucessao genitora estd preservada, uma vez que a sentenga de perda do poder familiar néo gera por si sé No capitulo anterior, concluiu-se que a relagao juridica de parentesco entre os menores © a (0 rompimento do vinculo de filiagao, bem como no caso nao houve formalizagao da adocao. Haja vista que no caso ¢ inequivoco que os menores sdo descendentes da falecida, eles tem vocagéo hereditéria para sucedé-la, de modo que detém status de herdeiros legitimos necessarios daquela. [nota 26] Entrementes, deve-se ter em conta que no caso em aprego os menores esto inseridos em estagio de convivéncia que precede a adocdo, Desse modo, ¢ imprescindivel avaliar na situagdo em tela, to logo seja proferida eventual sentenga favoravel a adocdo, se persistiria 0 direito sucessério dos menores para herdarem os bens deixados pela mae biolégica, caso as medidas juridicas cabiveis ainda nao tenham sido manejadas em favor deles. Por fora do art. 1.784 do CC [nota 27], 6 de se reconhecer que os menores adquiriram o direito 4 sucessdo no momento do falecimento da mae. Extraise do mesmo texto legal que é com 0 evento morte que ocorre a abertura da sucessao, transmitindo-se aos herdeiros legitimos @ testamentarios, desde logo, a heranga, Ademais, depreende-se que a transferéncia do patriménio ocorre automaticamente, em virtude da lei, sem qualquer manifestagdo de vontade das partes. [nota 28] Nesse sentido, a interpretagao do precitado dispositive legal feita por Mauro Antonini: Sucessao significa, em sentido amplo, a transmissdo de uma relagao juridica de uma pessoa a outra, (...) A abertura da sucessao causa mortis, de que cuida este artigo, ocorre no instante da morte. (...) Aberta a sucesso, a heranga se transmite, desde logo, aos herdeiros legitimos ou testamentarios. A expresso desde logo significa que a transmissdo da heranga aos herdeiros acontece no instante da morte. O intuito ¢ que o patriménio nao fique sem titular sequer por um momento, A transmissao da heranga ocorre de pleno direito, ainda que o herdeiro desconhega a morte do autor da heranga”. [nota 29] (Grifou-se) hitpsziste.mppr-mp,brrtanca/Paginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos sii2 ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand Por seu tumo, o art. 1.787 do CC regula a sucesséo e a legitimagao para suceder, definindo como marco para a transmissao da heranga o momento da abertura da sucessao. Do aludido texto, a doutrina infere que regularé a sucessao a lei vigente no momento de sua abertura, que corre no momento da morte, Consoante o seguinte escélio doutrinario: A sucessao ¢ regida pela lei vigente ao tempo de sua abertura, pois é nessa ocasiao que ocorre a transmisséo da heranga, a sucessdo (cf. art. 1.784), pela qual o direito sucessério se incorpora ao patrim6nio dos sucessores. Estes passam a ter, entéo, direito adquirido, imune & retroavidade de lei posterior. [nota 30] (Grifou-se) Valter Kenji Ishida, ao tratar da sucessao pelo adotando com relaao ao genitor biolégico, conjecturando 0 tratamento juridico a ser conferido em situagao hipotética idéntica a ora apreciada, corrobora tudo 0 que foi considerado acima, nos seguintes termos: Questo que se coloca é da possibilidade de o menor adotado suceder com relagao aos bens deixados pelo genilor biolégico. A mesma parecia de inicio de facil resposta diante da imrevogabilidade da adogao e do cancelamento do registro anterior. Ocorre que o genitor biolégico pode vir a falecer antes da sentenga transitada em julgado, deferindo 0 pedido de adogao. Nesse caso, de acordo com, a regra do art. 1.784 c.c art. 1.787 do CC, 0 menor, nessa hipétese, teria direito & sucessdo. Silvio Rodrigues (1993:11) bem explicita o tema: "4, Abertura de sucesséo. Momento da transmisséo da heranga — A sucesso causa mortis se abre com a morte do autor da heranga. No momento exato do falecimento, o dominio e a posse da heranga se transmitem aos herdeiros legitimos e testamentérios do de cujus, quer estes tenham ou nao ciéncia daquela circunstancia. Isto porque, conforme ja visto [..., a personalidade civil, ou seja, a capacidade da pessoa humana para ser titular de direitos e obrigages a érbita do direito, se extingue com a sua morte. cujus deve se transmitir, desde o preciso instante de sua morte, a seus sucessores a titulo universal. Caso contrario, seu patriménio ficaria sem dono durante algum tempo, 0 que, como ja disse, é inconcebivel.” [nota 34] No mesmo toar, cita-se 0 seguinte aresto: ALVARA JUDICIAL. LEVANTAMENTO DE SALDO DO FGTS JUNTO A CAIXA ECONOMICA FEDERAL DEIXADOS PELO PAI BIOLOGICO DO AUTOR. ADOCA O POSTERIOR A MORTE. APLICACA 0 DOS ARTIGOS 1.572 E 1.577, AMBOS DO CODIGO CIVIL DE 1916. DIREITO ADQUIRIDO COM A SUCESSAO. PROCEDENCIA DO PEDIDO. SENTENGA REFORMADA. Segundo 0 artigo 1.577 do Cédigo Civil de 1.916 "a capacidade para suceder é a do tempo da abertura da sucessao, que se regularé conforme a lei entéo em vigor’. Trecho extraido do acérdao: "(..). Com efeito, do exame percuciente dos autos percebe-se que o requerente foi adotado em 1999 por A. T. de L. M., restando cancelado seu registro civil anterior, em que constavam como pais V. L. da R.e L. P, este ja falecido em 1993 (fis. 5 a 7). A propésito, reza o artigo 1572 do Cédigo Civil de 1916 que "aberta a sucessdo, o dominio e a posse da heranga transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legitimos e testamentérios". E adiante, o dispositive 1577 estatui que "a capacidade para suceder é a do tempo da abertura da sucessdo, que se regulard conforme a lei entao em vigor’. Assim, em que pese a perda do vinculo com os pais biolégicos advindo da adogao, consoante dispée 0 artigo 41 do Estatuto da Crianga e do Adolescente, in casu, o direito sucessério ocorreu na data do falecimento e, portanto, deve-se determinar a expedi¢ao de alvaré judicial para levantamento da soma em dinheiro proveniente do FGTS deixado pelo pai biolégico do autor. Acerca do assunto, colhe-se a ressalva mencionada por José Luiz Ménaco da Silva, ao responder negativamente nestes termos: Contudo, caso este venha a falecer antes do deferimento da adogao, ai estaremos diante de uma hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ana ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand hipétese para a qual o menor, prestes a ser adotado por alguém, tem todo o direito de herdar de seu pai de sangue. E que, nesse caso, a regra do art. 1.577 do Cédigo i, que trata da capacidade para suceder. (....(Estatuto da crianga e do adolescente. $0 Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2000, p. 98/99).” [nota 32] (Grifou-se) © § 2° do art. 2° da Lei de introdugéo as normas do Direito Brasileiro estabelece que “consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por éle, possa exercer, como aquéles cujo coméco do exercicio tenha térmo pré-fixo, ou condigéo pré-estabelecida inalteravel, a arbitrio de outrem". Logo, se os herdeiros tém direito adquirido quando sao legitimados & sucesséo no momento da morte (termo pré-fixo do exercicio do direito), esse direito ndo pode ser extinto por evento posterior a morte (no caso, a adogao). Diante do exposto, tendo em mira a situacao concreta em tela, os menores continuam sendo herdeiros legitimos da mae biolégica, ainda que venham a ser adotados posteriormente, pois no momento do 6bito dela passaram a ter direito adquirido 8 sucessao. 5. Conclusaio © desenvolvimento do presente trabalho permitiu dirimir a divida do agente ministerial, por meio do alcance das seguintes conclusées: i) Quanto ao caso objeto de estudo, concluiu-se que os menores tém direito a heranga deixada pela mae biolégica, uma vez que: a) a sentenca que decretou a perda do poder familiar nao Fompeu o vinculo juridico paternofilial, b) ndo houve adogéo anterior a morte da genitora destituida do poder familiar, de modo que nao houve rompimento dos tacos de parentesco; c) considerando que a heranga se transmite de forma automatica no momento da abertura da sucesso (evento morte), 9s filhos tém direito adquirido sucessdo desde o falecimento da mae biolégica; d) ainda que venham a ser adotados posteriormente, os filhos permanecem com o direito sucessério, pois o evento posterior — adogao — nao pode desconstituir direito adquirido & sucesso que tem termo anterior, pré-fixado com o evento morte. ii) Pelos mesmos fundamentos, em relagao a casos similares que, contudo, envolvam adogao, importa perscrutar se o momento da abertura da sucessao do pai ou mae que decaiu do poder familiar é anterior ou posterior a eventual adogdo da crianga ou adolescente envolvido, a fim de se detectar eventual se no momento da abertura da sucessao j4 estava juridicamente caracterizado 0 rompimento da relagao de parentesco com o genitor biolégico ocasionada pelo novo vinculo de filiagao constituido pela adocao. 6. Referéncias bibliograficas ANTONINI, Mauro, Arts. 1.784 a 2.027 ~ sucessées. In: PELUSO, Cezar (Coord.), Codigo Civil comentado: doutrina e jurisprudéncia. 5 ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2011 CARVALHO FILHO, Milton Paulo de. Art.s 1.511 a 1.783 — familia . In: PELUSO, Cezar (Coord.). Cédigo Civil comentado: doutrina e jurisprudéncia. 5 ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2011 COMEL, Denise Damo. Do poder familiar. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das familias: de acordo com 0 novo CPC. 4. ed. Séo Revista dos Tribunais, 2016. Disponivel em: shit thomsonreuters.comflibrary.html?sponsor=MPEP-1> < Attps://proview.thomsonreuters.com/library.html?sponsor=MPEP-1 > . Acesso em: 09 out. 2017. Edigdo em e-book baseada na 11. ed. impressa, DIGIACOMO, Murillo José; DIGIACOMO, IIdeara de Amorim. Estatuto da crianga e do adolescente anotado e interpretado: lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. 7. ed. Curitiba: Fundagao Escola do Ministério Publico do Estado do Parana, 2017. Atualizado até a lei n° hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ma oainsi2023, 10:15, ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand 13.441, de 08 de maio de 2017. Disponivel em: eca_anotado_2017_7ed_fempar.pdf>. Acesso em: 27 out, 2017, FONSECA, Antonio Cezar Lima da. A acdo de destituigéo do patrio poder. Revista de Informagao Legislativa, Brasilia, v. 37, n. 146, p. 261-279, abrijun. 2000. Disponivel em: http:/www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/ __id/597/r146-20.pdf?sequence=4>__< ‘ttp://www2.senado.leg.br/bdsfibitstream/handle/_id/597/r146-20.pdf?sequence=4_ >. Acesso em: 27 out. 2017. ISHIDA, Valter Kenji, Estatuto da Crianga e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudéncia. 16 ed. atual. Sao Paulo: Atlas, 2016. LOBO, Paulo. Do poder familiar. Revista Jus Navigandi, Teresina, v. 11, n. 1057, 24 maio 2006. Disponivel em: < http://jus.com.br/artigos/8371 > . Acesso em: 16 out, 2017. RIZZARDO, Amaldo. Direito das sucessdes. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. RODRIGUES, Silvio. Direito de familia. In: Direito civil. 27. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2002. v. 6. SCALQUETTE, Ana Claudia Silva. Familia & sucessdes. 7. Ed. Sao Paulo: Atlas, 2014. VIEIRA JUNIOR, Enio Gentil; MELOTTO, Amanda Oliari. Os pais destituidos do poder familiar © a obrigagao de prestar alimentos: a manutengao da obrigagao de prestar alimentos pelos pais destituidos do poder familiar. Revista da ESMESC, Florianépolis: Escola Superior da Magistratura do Estado Santa _ Catarina, 24, 2011. Disponivel em: 7. Leituras adicionais em nossa biblioteca BULSING, Karine Machado. A destituigéo do poder familiar como fator de excluséo sucessoria Revista Eletrénica do Curso de Direito da UFSM, Santa Maria, v. 8, n. 1, p. 159-183, 2013. Disponivel em: —__< Attps://periodicos.ufsm, br/revistadireito/article/view/8B57 > . Acesso em: 8 nov. 2017. PELEGRINI, Emmanuel Levenhagen; PELEGRINI, Renan Levenhagen. Consequéncias da destituigéo do poder familiar sobre a obrigagao alimentar e 0 direito sucessério, Empério do direito, 10 mar. 2017. Disponivel em: 7 + dezembro/2017 - pags. 325 4 343] < r/sites/hotsites/arquivos restritos/files/migrados/File/publi/mppr/rev Notas do texto: GADP CFTS é a sigla institucional adotada no Ministério PUblico do Estado do Parana para a referéncia ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiga Civeis, Falimentares, de LiquidagSes Extrajudiciais, das Fundagées e do Terceiro Setor. [2] hitpsziste.mppr-mp,brrtanca/Paginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ana ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand Optou-se pelo emprego dos termos "pai", "genitor”, "pais’ ou “genitores" em ampla acepgdo, com 0 fito de indicar tanto a figura paterna quanto a materna. PBc/é 0 caput do art. 146 do ECA que "A adogao sera precedida de estagio de convivencia com a crianga ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciéria fixar, observadas as peculiaridades do caso" [Péiho exemplo, cita-se aresto que se pauta no entendimento de que a perda do poder familiar resulta no rompimento do vinculo de parentesco e, consequentemente, gera a extingo da obrigago alimentar do pai em relagao ao filho: "APELAGA O CIVEL. ESTATUTO DA CRIANGA. E DO ADOLESCENTE. DESTITUIGA O DO PODER FAMILIAR COM RELAGA O AOS FILHOS GEMEOS. COMPROVAGA O DA NEGLIGENCIA E INAPTIDAO DOS GENITORES PARA EXERCER OS DEVERES INERENTES AO PODER FAMILIAR. VINCULO BIOLOGICO QUE NAO TEM O CONDAO DE SUPERAR AS NECESSIDADES DOS ADOLESCENTES DE AFETO, SAUDE, EDUCAGA O E VIDA DIGNA. INTELIGENCIA DO ART. 1.638 DO CODIGO CIVIL E ARTS, 22 E SEGUINTES DO ESTATUTO DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE. PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DE MAXIMA PROTEGA 0 A CRIANCA E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, GEMEOS ADOLESCENTES ABRIGADOS HA MUITOS ANOS. MANUTENCA O DA SENTENGA IGUALMENTE NO QUE TOCA AO JULGAMENTO DE IMPROCEDENCIA DO PEDIDO DE DESTITUIGA O DO PODER FAMILIAR COM RELACA O AO ADOLESCENTE RAFAEL, BEM AINDA NO QUE PERTINE A REVOGAGA O DA DECISAO. QUE DEFERIU OS ALIMENTOS PROVISORIOS AO INICIO DA DEMANDA. SENTENGA. MANTIDA POR SEUS PROPRIOS E JURIDICOS FUNDAMENTOS. Comprovado que os genitores nao apresentam condigées de cumprir os deveres de sustento, guarda e educagao dos filhos gémeos de 14 anos de idade que se encontram abrigados ha muito, sujeitando-os & negligéncia e extrema situacao de risco, imperiosa mostra-se a destituico do poder familiar, oportunizando-se tenham os adolescentes suas necessidades basicas materiais e afetivas atendidas, dando-se eficdcia ao principio constitucional da maxima protecdo a criancaladolescente e da dignidade da pessoa humana. Do mesmo modo, merece chancela a sentenga na parte em que julgou improcedente o pedido de destituigéo do poder familiar com relagao ao adolescente Rafael, porquanto evidenciado que a douta sentenciante levou em consideragao intimeros fatores para chegar a tal concluséo, quais sejam: a idade do adolescente que esté na iminéncia de completar a maioridade civil, as reiteradas fugas do abrigo e da residéncia dos pais, dentre outros. Ademais, é de ser mantida a determinagao de revogagao da obrigagao alimentar estipulada pelo julzo singular ao inicio do processo, pois 6 consabido que a destituicdo do poder familiar rompe, por completo, o vinculo de ‘iliagao. Outrossim, nao ha falar em pagamento de alimentos ao filho Rafael, cujo poder familiar ainda é exercido pelos genitores. Sentenga que ndo merece qualquer reparo, devendo ser mantida por seus prdprios e juridicos fundamentos. APELAGOES DESPROVIDAS. (Apelacao Civel N° 70036411197, Sétima Camara Civel, Tribunal de Justiga do RS, Relator: José Conrado Kurtz de Souza, Julgado em 22/09/2010)" (Grifou-se). PARVALHO FILHO, Milton Paulo de, Comentario ao art. 1.630, In: PELUSO, Cezar (Coord.). Cédigo Civil comentado: doutrina e jurisprudéncia. 5 ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2011 p. 1837. B6lfre o caréter de muinus conferido ao instituto, Paulo L6bo assinala que: “(...) 0 poder familiar, sendo menos poder e mais dever, converteu-se em minus, concebido como encargo legalmente atribuido a alguém, em virtude de certas circunstancias, a que se nao pode fugir. 0 poder familiar dos pais é dnus que a sociedade organizada a eles atribui, em virtude da circunstancia da parentalidade, no interesse dos filhos. O exercicio do muinus nao é livre, mas necessario no interesse de outrem. E, como diz Pietro Perlingieri "um verdadeiro oficio, uma situagao de direito-dever; como fundamento da atribuicdo dos poderes existe o dever de exercé-los”. Extrai-se do artigo 227 da Constituigao 0 conjunto minimo de deveres cometidos a familia, a fortior’ ao poder familiar, em beneficio do filho, enquanto crianga e adolescente, a saber: 0 direito A vida, a saiide, & alimentagdo (sustento), a educagao, ao lazer, a profissionalizacao, @ cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivéncia familiar. hitpsziste.mppr-mp,brrtanca/Paginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos ana oainsi2023, 10:15, ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand Evidentemente, tal conjunto de deveres deixa pouco espago ao poder. Séo deveres juridicos correspectivos a direitos cujo titular 6 o filho." (LOBO, Paulo. Do poder familiar. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1057, 24 maio 2006. Disponivel_ em ht Acesso em: 16 de outubro de 2017) blotecao integral da crianga e do adolescente esta consagrada no rol de direitos fundamentais, estampados no artigo 227 da Constituigao Federal, bem como nos artigos 3° ¢ 4° do ECA DBAS, Maria Berenice. Manual de direito das familias — de acordo com o Novo CPC. 4. ed. em e-book baseada na 11. ed. impressa. Sao Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 9-10. Disponivel em: < ‘https://proview.thomsonreuters.com/title.htm|? redirect=true&titleKey=rt%2Fmonografias %2F76474648%2Fv11.4&titleStage=F&titleAcct=i 7441 1159b 1 af 1 12261 7c 16 72201 fe %5Bbid%3D%221%22%5D &pg=&psize&nvgS=false >. Acesso em 09.0ut.2017 IDA, Valter Kenji.Estatuto da crianga e do adolescente: doutrina e jurisprudéncia. 16. ed. ‘So Paulo: Atlas, 2015, p. 427 Dtgitura do caput do artigo 1.638 do CC, que prescreve que "perdera (...) 0 poder familiar pai ou mae (...)", Denise Comel adverte que "assim como a suspensao, a perda do poder familiar & Personalissima, quer dizer, vai surtir efeitos apenas em relagéo ao pai contra o qual for decretada, nao atingindo aquele que nao deu causa a medida” (COMEL, Denise Damo. Do poder familiar. S40 Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 284) PEINEL, Denise Damo. Do poder familiar. S40 Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 283. Nt2sentido de que a perda do poder familiar é uma sangao que ndo necessariamente tem duragao definitiva, vale trazer baila o entendimento de Valter Kenji Ishida: "A perda, na verdade, conslituisse em verdadeira sangao decorrente do descumprimento dos deveres inerentes ao patrio poder. E, como sangdo, veda-se a perpetuidade da mesma. Utiliza-se por analogia do principio penal insculpido no art. 5°, XLVIII, letra "b", da CF, que menciona que ‘nao haverd penas: (...) b) de cardter perpétuo’. Assim, cessado o motivo, & possivel ao juiz restituir © poder familiar a0 genitor.” (ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da crianga e do adolescente: doutrina e jurisprudéncia. 16. ed. Sao Paulo: Atlas, 2015, p. 427) RQURIGUES, Silvio. Direito civil: direito de familia. 27. ed. So Paulo: Saraiva, 2002, v. 6, p. 412. POMEL, Denise Damo. Do poder familiar. Séo Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 285. BOA] QUETTE, Ana Claudia Silva. Familia & sucessées. 7. Ed. Sao Paulo: Atlas, 2014. p. 86. BOA].QUETTE, Ana Claudia Silva. Familia & sucessées. 7. Ed. Sao Paulo: Atlas, 2014, p. 80. EQNBECA, Antonio Cezar Lima da. A acdo de destituigéo do patrio poder. Revista de Informagéo Legislativa, Brasilia, v. 37, n. 146, abrijun, 2000, p. 276. Disponivel em -shttpi/www2.senado.leg.br/bdstibitstream/handle/id/597/r146-20.pdf2sequence=4> __< Acesso em: 27.0ut.2017, A163, pardgrafo Unico, do ECA: "A sentenca que decretar a perda ou a suspensdo do poder familiar seré averbada margem do registro de nascimento da crianga ou do adolescente” ii9 402, 6°, da LRP: "No livro de nascimento, sero averbados: (...) 6°) a perda e a suspensao do patrio poder" [20] hitpsziste.mppr-mp,brrtanca/Paginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos sone ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand Art. 1.593 do Cédigo Civil: "O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem” PRSIACOMO, Murillo José; DIGIACOMO, IIdeara de Amorim. Estatuto da Crianga e do Adolescente anotado @ interpretado. Curitiba: Publicagéo do Ministério Puiblico do Estado do Parana. Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Crianga e do Adolescente, 2017. 7* Edicdo, p. 58. Disponivel em: —eca_anotado_2017 7ed fempar.pdf>___< https://site.mppc.mp.br/sites/hotsites/arquivos_restritos/files/migrados/File/publi/eaopcale ¢a_anotado_2017_7ed_fempar.pdf > Acesso em 27 out.2017. [GAIDA, Valter Kenji. Estatuto da Crianga e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudéncia, 16 ed. atual. S4o Paulo: Atlas, 2015, p.136. RBipsentam o precitado entendimento Murillo José Digiécomo e Iideara de Amorim Digi&como: "No direito brasileiro, a adogao a tinica hipétese prevista para perda da condigao de filho, vez que ha 0 rompimento do proprio vinculo parental entre o adotado e seus pais e parentes biolégicos (0 que nao ocorre mesmo quando da destituigao do poder familiar, nas hipdteses dos arts. 22 e 24 do ECA e 1638, do CC, da exclusdo da sucessdo, nas hipsteses do art. 1814, do CC e da deserdagao, conforme previsto nos arts. 1961 a 1965, do CC). Uma vez consumada a adogao, a relagdo de parentesco original é extinta e, de forma concomitante, uma nova relagao de parentesco é estabelecida, passando 0 adotado, a partir dai, a ter os mesmos direitos obrigagdes que os filhos biolégicos em relag&o a seus pais e parentes adotivos (sendo inclusive vedada qualquer designagao discriminatoria quanto a origem da filiagao, por forga do disposto no art. 227, §6°, da CF).” (DIGIACOMO, Murillo José; DIGIACOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da Crianga e do Adolescente anotado e interpretado. Curitiba: Publicago do Ministério Publico do Estado do Parand. Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Grianga e do Adolescente, 2017. 7* Edigdo, p. 61. Disponivel em: eca_anotado 2017 7ed_fempar.pdf> < Attps://site.mppc.mp.br/sites/hotsites/arquivos_restritos/files/migrados/File/publi/eaopcale ca_anotado_2017 7ed_fempar.pdf >. Acesso em 27 out.2017) VBRIRA JUNIOR, Enio Gent, MELOTTO, Amanda Olan. Os pais destituldos do poder familiar Wil a obrigagao de prestar alimentos: a manutengao da obrigagao de prestar alimentos pelos pais destituidos do poder familiar. Revista da ESMESC, Florianépolis: Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina, v. 18, n. 24, 2011, p. 33. BRSIACOMO, Murillo José; DIGIACOMO, lideara de Amorim. Estatuto da Crianga e do Adolescente anotado e interpretado. Curitiba: Publicagéo do Ministério PUblico do Estado do Parana. Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Crianga e do Adolescente, 2017. 7° Edigéo, p. 287, Disponivel em: —eca anotado 2017 7ed femparpdf> __< Attps://site.mppr.mp.br/sites/hotsites/arquivos_restritos/files/migrados/File/publi/caopea/e ¢a_anotado 2017 7ed_femparpdf >. Acesso em 27.out.2017. R28data-se a licdo de Amaldo Rizzado sobre vocagao hereditaria: "E, no caso do Direito das Sucessées, esta legitimagao de alguém ser herdeiro, por preencher certos requisitos, chama-se vocagao hereditaria, Enquadrando-se no ordenamento legal que atribui & pessoa a condi¢ao de herdeira, diz-se que possui vocagao hereditéria. Mais resumidamente, ha legitimidade para herdar. A vocagao hereditaria, que envolve a capacidade para suceder, ou decorre de lei, a qual estabelece a ordem sucesséria, ou de testamento, quando alguém, independentemente da Classificagao de herdeiro ou nao 6 contemplado com bens." (RIZZARDO, Amaldo. Direito das Sucessées. 9. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 47) RBZ ).784. Aberta a sucessao, a heranga transmite-se, desde logo, aos herdeiros legitimos & testamentérios. Ag&}anca transmite-se no instante do falecimento, a partir da regra da saisine. Esta tratase de ficgdo que existe para tomar vidvel a sucessao mortis causa, porque, caso contrario, alguém morreria e este conjunto de relagdes juridicas dotado de contetido econdmico ficaria sem titular (os bens se classificariam como res nullius), hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos anne ‘0910972028, 10:15 ‘Aperda do poder familiar os seus efeitos | Ministéro Publico do Estado do Parand RAUPNINI, Mauro. Comentério ao art. 1.784. In: PELUSO, Cezar (Coord.). Cédigo Civil comentado: doutrina e jurisprudéncia. 5 ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2011. p. 2158. ABITPNINI, Comentério ao art. 1.784. In: PELUSO, Cezar (Coord.). Cédigo Civil comentado: doutrina e jurisprudéncia. 5 ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2011, p. 2162. [SHIDA, Valter Kenji, Estatuto da Crianga e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudéncia. 16 ed. atual. So Paulo: Atlas, 2015, p. 115. T38G, Apelacao Civel n. 2004.006146-3, de Lages, rel. Des. Jorge Schaefer Martins, j. 27-05- 2004, Vale sublinhar que, embora tenham sido aplicadas as disposigées do Cédigo Civil de 1916 no julgamento do referido acérdao, os respectivos artigos tém correspondéncia no Cédigo Civil em vigor. Sobre a autora: Ptdcuradora de Justiga no Ministério Puiblico do Estado do Parana; Coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Civeis, Falimentares, de Liquidagdes Extrajudiciais, das Fundagées e do Terceiro Setor; membro do Conselho do Fundo Especial do Ministério Publico do Estado do Parana. Especialista em Direito Tributdrio e Processo Tributério pela Pontificia Universidade Catélica do Parana (PUC-PR); Especialista em Direito Piblico com énfase em Direito Administrative pela Universidade Federal do Parana (UFPR) e Mestre em Direito Socioambiental pela PUC-PR. Matérias relacionadas: (links internos) » Adogdo (/crianca/Pagina/Adocao-0) » _Convivéncia_Familiar_e Comunitéria _(/crianca/Pagina/Convivencia-Familiar-e- Comunitaria) »_Direito de Familia (/crianca/Pagina/Direito-de-Familia) Download: (arquivos PDF) » Revista_Juridica_do MPPR_- ano 4 - n° 7 - dezembro/2017_< hi mppr.mp.br/sites/hotsites/arquivos._restritos/files/migrados/File/publi/mppr/rev ista juridica mppr n07 2017.paf> hitpszste.mppr-mp,brertancaiPaginalperda-do-poderfamilar-e-os-seus-efeltos rane

You might also like