You are on page 1of 11
h sociedade brasileira de pediatria Dezembro de 2019 : Manual de Orientagao Grupo de Trabatho Sadde na Era Digital (2019-2021) nn — #MENOS TELAS #MAIS SAUDE Grupo de Trabatho Saude na Era Digital Relatores: Suzy Santana Cavalcanti Colaboradores: Evelyn Eisenstein, Luci Pfeiffer, Marco Chaves Gama, Susana Estefenon, Eduardo Jorge Custédio da Silva, Emmalie Ting, Cristiano Nabuco de Abreu, Alessandra Borelli, Luisa Adib Dino, Alexandre Barbosa, Rodrigo Nejm ete) A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) produziu em 2016 o primeiro documento sobre Satide de Criangas e Adolescentes na Era Digi- tal a respeito das demandas das tecnologias da informacéo e comunicaco (TICs), redes sociais e Internet, com recomendacées para pediatras, pais e educadores na era digital’, que teve im- pacto positivo em miltiplas palestras, eventos e entrevistas nas midias. A seguir, o alerta sobre a crianga menor de 3 anos e 0 mundo digital? e a prevencdo da intoxicaco digital com mais reco- mendacGes e materiais de apoio no documento sobre os Beneficios da Natureza no Desenvolvi- mento de Criangas e Adolescentes? em 2019. A acelerado das redes sociais pela Internet com 2 multiplicagdo do acesso aos varios aplicati- vos e jogos online direcionados as criancas e adolescentes, requer cada vez mais 0 alerta e a atencSo de todos que lidam com as tarefas de responsabilidade dos cuidados de satide duran- te a infancia e 2 adolescéncia, principalmente dos pediatras. ree No Brasil, a Constituigdo Federal (1988) no artigo n° 227 assegura a protecdo integral da crianga e do adolescente como prioridade ab- solute de acordo com a Convencao dos Direitos da Crianca aprovada pela Assembleia Geral das NagGes Unidas (1989). Se destacam os artigos n°24 sobre os Direitos 8 Satide e n° 31 sobre 05 Direitos ao Lazer assim ratificados pelo Decreto 99.710 (1990), no Brasil. O Estatuto da Crianga e do Adolescente (ECA) Lei 8069 (1990) reitera que “a crianca e 0 adolescente gozam de todos os direitos fundamentais ine- rentes & pessoa humana (...) assegurando-lhes (...) todas as oportunidedes (...) para o desen- volvimento fisico, mental, moral, espiritual e social, em condicées de liberdade e dignidade. A Lei 11.829 (2008) conferiu nova redaco a0 ECA no artigo n° 241-A em seus pardgrafos alfneas, considerando como crime, a producéo, venda, distribuigao e transmissao pela Internet, de contetidos que contenham sexo explicito ou pornogréfico, assim como a posse de materiais 1 {#MENOS TELAS #MAIS SAUDE desta natureza relacionados na Internet envol- vendo criangas e adolescentes A Lei 13.257 (2016) do Marco Legal da Pri- meira Infancia reitera no artigo n® 4a promoc3o e formacao da cultura de protecao e promoc3o da crianga, com 0 apoio dos meios de comuni- cago e no artigo n° 5 0 direito & satide, além dos direitos ao brincar, ser estimulado e de- senvolver seus potenciais e sem ser vitima de maus tratos ou exploracdo. A Lei 13.185 (2015) instituiu 0 programa de combate a intimidag3o sistemética, ou ato de violéncia fisica ou psico- légica, intencional e repetitivo, praticado por individuo ou grupo, contra uma ou mais pesso- as, com 0 intuito de intimidar, agredir, depreciar, ou adulterar fotos, imagens ou dados pessoais visando criar meios de constrangimento psicos- social (bullying) ou pela rede mundial de com- putadores (cyberbullying) 0 Marco Civil da Internet, Lei 12.965 (2014) além de fomentar a educacéo digital em seu artigo n° 29, faculta aos pais usuarios das TICs a opgio de livre escotha de programa para o exercicio do controle parental como formas de protecao 8s mudangas tecnolégicas, em espe- cial sobre os impactos provocados nas familias, nas rotinas e vivéncias das criangas e dos ado- lescentes. Porém, tanto 05 pais como os edu- cadores nas escolas precisam aprender como exercer esta mediago e serem alertados sobre 05 riscos e os limites necessarios ao assumirem esta responsabilidade. A recente Lei Geral de Protecdo de Dados (LGPD) 13.709 (2018) em seu artigo n° 14 assegura que o tratamento dos dados pessoais de criancas e adolescentes de- vera ser realizado em seu melhor interesse, eno parégrafo 1° com o consentimento especifico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou responsavel legal. Assim, jogos, aplicativos, redes sociais dei- xam de ser somente desafio ou meio de entre- tenimento para se tornar uma obrigacio legal, inclusive de escolas, clubes, associagdes re- creativas e toda a sorte de entidades publicas € privadas que lidam com dados, informacdes € privacidade relativas as criancas e adoles- 2 centes‘. £ importante a conscientizagio destas leis jé aprovadas e a implementacao em politi- cas publicas e por campanhas de educag3o em satide e materiais de apoio, com o objetivo da protecao integral e a prevencao dos riscos do uso de Internet, redes sociais, jogos de videoga- mes tantos outros aplicativos que tem seu uso alastrado em idades cada vez mais precoces por criangas, no Brasil. Alguns dados A pesquisa TIC KIDS ONLINE - Brasil (2018), realizada pelo Cetic.br/NIC.br? em amostra re- presentativa de 2964 familias com entrevistas de criangas e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos, demonstrou que 86% esto conectados © que corresponde a 24,3 milhdes de usuarios da Internet, com a variag3o entre 94% e 95% nas regides Sul, Sudeste e Centro-Oeste e 75% nas regides Norte e Nordeste. Este uso ocorre pelo telefone celular em 93%, com compartilhamento de mensagens instantneas 80% (Sexo Femini- no; SF) e 75% (Sexo Masculino; SM), uso de re- des sociais 70% (SF) e 64% (SM), fotos e videos 53% (SF) e 44% (SM), jogos online 39% (SF) & 71% (SM) e off-line 56% (SF) e 65% (SM), além de assistir videos, filmes e programas ou séries na Internet 83%, tanto no SF como no SM. Posse de perfil em redes sociais € referida por 82% do total da amostra. Relataram riscos de contetidos sensiveis sobre alimentago ou sono em 20%, formas de machucar a si mesmo em 16%, formas de cometer suicidio em 14% e experiéncias com © uso de drogas em 11%. Ao redor de 26% fo- ram tratados de forma ofensiva (discriminac3o ou cyberbullying) e 16% relataram acesso as ima- gens ou videos de conteddo sexual. No total da amostra, 24% ficaram muito tempo na Internet € 25% no conseguiram controlar o tempo de uso, mesmo tentando passar menos tempo na Inter- net. Estes dados demonstram nao sé a relevancia dos riscos 8 satide, de maneira geral, mas tam- bém riscos para transtornos de satide mental e problemas comportamentais, segundo os atuais critérios do CID-11 sobre dependéncia digital’. Grupo de Trabalho Satide na Era Digital (2019-2021) + Sociedade Brasileira de Peciatia A Organizac3o Mundial de Sade, em re- cente versa da Classificacao Internacional de Doengas, CID-11¢ usa os critérios para jogos de videogames como “gaming disorder” n® 6 C 51.0 (online) e no 6 C 51.1 (off-tine) e ainda n° QE 22 para jogos perigosos ou “hazardous gaming” causadores de fatalidades, coma, pneumonias, asfixia e outros acidentes decorrentes dos jo- gos de provocacao e violéncia que existem nas redes sociais e aplicativos, frequentemente usados por adolescentes em videos e webcam, denominados de “desafios perigosos”. Criangas em idades cada vez mais precoces tém tido acesso aos equipamentos de telefones celulares e smartphones, notebooks além dos ‘computadores que s80 usados pelos pais, irmaos ou familia, em casa, nas creches, em escolas® ou mesmo em quaisquer outros lugares como res- taurantes, dnibus, carros sempre com o objeti- vo de fazer com que a “crianca fique quietinha”. Isto € denominado de distracao passiva, resulta- do da presséo pelo consumismo dos joguinhos € videos nas telas, e publicidade das indistrias de entretenimento, o que 6 muito diferente do brincar ativamente, um direito universal e tem- poral de todas as criangas e adolescentes’, em fase do desenvolvimento cerebral e mental. Dee eeu Os primeiros 1000 dias sao importantes para o desenvolvimento cerebral e mental de qualquer crianga, assim como os primeiros anos de vida, a idade escolar e durante toda a fase da adolescéncia. Sao diferentes estruturas e regides cerebrais que amadurecem e nao sé a nutrigdo/oral, mas todos os circuitos sensoriais como 0 toque de prazer/apego, os estimulos do tato/aconchego (holding/attachment), visuais/ luz, sons, olfato modelam a arquitetura e a fun- 30 dos ciclos neurobiolégicos para producio dos neurotransmissores e conexdes sindpticas. Da mesma forma, o olhar e a presenca da mae/ pai/familia é vital e instintivo como fonte natu- ral dos estimulos e cuidados do apego e que no podem ser substitufdos por telas e tecnologias"® 0 desenvolvimento precoce da linguagem e das habilidades de comunicag3o so fundamentais para o desenvolvimento das habilidades cog- nitivas e sociais. 0 atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebés que ficam passivamente expostos as telas, por periodos prolongados. 0 estabelecimento das rotinas do dia/vigilia e da noite/sono também é fundamental para a produco dos horménios ne- cessérios ao crescimento harmonioso, corporal e mental. Transtornos de sono so cada vez mais frequentes e associados aos transtornos men- tais precoces em criancas e adolescentes, além dos traumas da violéncia e outras doencas'™*3, Importante ainda considerar que 0 tempo de maturag3o do cértex pré-frontal, responsavel pelas fungdes cognitivas e executivas do con- trole dos impulsos, julgamento, resolug3o de problemas, atencao, inibicao, meméria, tomada de decisées € assincrono em relagdo ao siste- ma limbico que é estimulado por emogses. Este descompasso entre 0 cértex pré-frontal e o sis- tema limbico ¢ intensificado no inicio da puber- dade entre 0s 10-12 anos até os anos seguintes, em torno de 25-30 anos. Daf os comportamentos tipicos dos adolescentes, nao s6 de curiosidade e impulsividade, mas quando arriscam seus pré- prios limites, inclusive durante a participacao nos jogos de videogames, desafios virtuais, sel- fies em locais extremos e inseguros ou nas redes sociais**, O uso da Internet e as gratificacoes significativas, por pontos ou “likes”, recebidas Por estes comportamentos nos jogos ou redes perpassam pelos mecanismos de recompensa e da producao do neurotransmissor dopamina. Muitos comportamentos se tornam impulsivos e automaticos aliviando episédios recentes de tédio, estresse ou depressao. Assim, algo que co- megou como uma distraco na tela ou simples experimentagao do objeto de consumo, como um jogo de videogame, estimulado pelas industrias de entretenimento, passa a ser uma soluggo ré- Pida para desaparecerem sentimentos perturba- dores e emocies dificeis com as quais as crian- a5 e adolescentes ainda ndo aprenderam a lidar. A dependéncia dos jogos, inclusive com teor vio- 3 {#MENOS TELAS #MAIS SAUDE lento, mas que trazem desafios e recompensas, impede que enfrentem os problemas que contri- buiram com este estresse téxico ea liberagao do cortisol, criando um ciclo vicioso de ansiedade e depressao. O tecnoestresse se torna ainda mais problemético, por perda da empatia, crescente irritabilidade e agressividade, causando altera- Ses do comportamento, do relacionamento fa- miliar e social, de transtornos de aprendizado e escolar, além de diversas outras doencas*?. Daf, a importéncia da supervisao, regulacao e engaja- mento parental durante as atividades exercidas por criancas e adolescentes online. © britho das telas, devido & faixa de onda de luz azul presente na maioria das telas con- tribui para o bloqueio da melatonina e para a prevaléncia cada vez maior das dificuldades de dormir e manter uma boa qualidade de sono noite na fase de sono profundo, com aumento de pesadelos e terrores noturnos. Ao acordar, aumento da sonoléncia diurna, problemas de meméria e concentraco durante o aprendiza- do com diminuigao do rendimento escolar e a associagao com sintomas dos transtornos do déficit de atengdo e hiperatividade™”. Existe também 0 aumento do estresse pelo uso indis- criminado de fones de ouvido (headphones) em volumes acima do tolerdvel e podendo causar trauma actstico e perda auditiva induzida pelo ruido (PAIR}*, irreversivel. Portanto, 0 desenvolvimento cerebral e mental é bastante dinamico e complexo por perpassar as emogées e as reacdes de medo ou causadoras de ansiedade e depresséo, em as- sociagdo ao que acontece no contexto familiar, social ou cultural naquele momento, e por isso mesmo também, as influéncias e os varios vé- cuos afetivos que a midia exerce. Este poder de atraco e disseminag3o de contetidos nas telas, acontece muitas vezes por ser o ambiente dos jogos e das redes sociais online, o nico onde as criangas e adolescentes e também muitos adul- tos atualmente, conseguem encontrar seus ami gos de imediato, jé que por diversos motivos al- guns assim preferem e vao se isolando cada vez mais, perdendo a nocao da realidade’®*, 4 ead Cada vez mais frequente, ndo s6 0 uso de tecnologias, como babé eletronica e outros ti- pos de equipamentos de monitorizaco nos quartos de bebés e criancas. Mas também, o uso de smartphones e celulares que a mae usa e que 6 repassado para o bebé manusear, como se fos- se algum brinquedo, para distrair a atengo. Ou mesmo produtos que sdo comercializados como artigos de puericultura ou do mobiliério infantil, com telas e outras tecnologias de visualizacaoe sons ou jogos e videos com desenhos animados € coloridos bastante atrativos. Estes produtos precisam, ainda, ser regulamentados no Brasil, de acordo com padrdes e critérios para o desen- volvimento cognitivo e emocional saudavel.>** Mas, nada substitui o contato, o apego e o afeto humane, o olhar, 0 sorriso, a expressao facial a voz da mae/pai/familia/cuidadores com a su- pervisdo constante para seguranca e limites, nos cuidados imediatos durante a primeira in- fancia, de 0 até os 6 anos de idade.”* Penal ee cue tate ener tly As influéncias que as midias exercem esto bem estudadas em vérias teorias de comuni cago, como 0 aprendizado social cognitivo, & a pressao dos scripts e dos modelos referen- ciais atraentes e “descolados” sobre os jovens, além do efeito da “terceira-pessoa”: isto ndo vai acontecer comigo, atualmente extrapoladas por midias distorcidas ou Fake News que usam tam- bém a fantasia, a imaginacio e a curiosidade das criangas e adolescentes*”, As midias pre- enchem varios vacuos, temporal ou existencial, desde ndo ter o que fazer, distrair, falta de ape- go, abandono afetivo ou mesmo pais ocupados, estressados ou cansados demais para dar aten- 80 aos seus filhos, ou por que eles nem mesmo desgrudam de seus préprios celulares 4%. Pesquisas médicas e evidéncias cientificas vao se acumulando e sendo atualizadas, nao 6 Grupo de Trabalho Satide na Era Digital (2019-2021) + Sociedade Brasileira de Peciatia sobre beneficios quanto 8 aceleracao das infor- magGes e noticias em quase tempo real, mas também, sobre os prejuizos a satide, quando ocorre o uso precoce, excessivo e prolongado das tecnologias durante a infancia e os efeitos em longo prazo. Estas influéncias existem para além dos riscos dos riscos de contetido, conta- to e condutas na seguranga e privacidade’*, & esto associados aos problemas que surgem com mais frequéncia na convivéncia familiar, no aprendizado e no desempenho escolar. As experiéncias, tanto positivas e construtivas, como as negativas ou traumaticas, que ocorrem na primeira infancia, idade escolar e adolescén- cia, como a aprendizagem da agressividade e intolerancia manifesta nos jogos e redes, que permanecem como modelo referencial, se ndo forem melhor reguladas e diagnosticadas, terso impacto duradouro nos comportamentos e nos estilos de vida, incluindo as questdes de satide, até a vida adulta Cada vez mais, s3o importantes as aes de alfabetizag3o midiatica e mediacao parental, além das recomendagées da implementacao do trabalho intersetorial e interdisciplinar das TICs, as agdes e intervencées puiblicas e campanhas direcionadas aos pais e familias, escolas e uni- versidades, empresas de midias e tecnologias também aos pediatras, com foco no aprofunda- mento e sobre a verdadeira inteng3o dos con- tetidos transmitidos as criangas e adolescentes, para todos aprenderem sobre 0 uso mais ético, seguro, saudavel e educativo da Internet?**®, Quadro 1. Principais Problemas Médicos e Alertas de Satide de Criangas e Adolescentes na Era Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria, SED@SBP - Dependéncia Digital e Uso Problematico das Midias Interativas**= = Problemas de satide mental: itritabilidade, ansiedade e depressio:** = Transtornos do déficit de atengo e hiperatividade:**s - Transtornos do sono** = Transtornos de alimentacao: sobrepeso/obesidade e anorexia/buli - Sedentarismo e falta da pratica de exercicios” - Bullying & cyberbullying™™* - Transtornos da imagem corporal e da auto-estima®” - Riscos da sexualidade, nudez, sexting, sextorséo, abuso sexual, estupro vuali240 - Comportamentos auto-lesivos, induce e riscos de suicidiot “+ - Aumento da violéncia, abusos e fatalidades’4*+” = Problemas visuais, miopia e sindrome visual do computador* - Problemas auditivos e PAIR, perda auditiva induzida pelo rui - Transtornos posturais e musculo-esqueléticos!* lo” - Uso de nicotina, vaping, bebidas alcodlicas, maconha, anabolizantes e outras drogas*®", Importante ressaltar que estas principais al- teragdes de comportamento e de satide descri- tas na literatura cientifica esto frequentemente associadas entre si e consideradas de etiologia multifatorial ao se relacionar com 0 uso precoce e excessivo das TICs. Por isso, torna-se impres- cindivel avaliar todos os fatores predisponentes € precipitantes das queixas que sao apresenta- das durante as consultas, incluindo 0 contexto cultural, a dindmica familiar e a co-dependéncia no relacionamento pais-filhos e seus valores e regras do convivio familiar, além do tempo de uso diério®. Importante ressaltar que as res- ponsabilidades legal, civil e moral dos pais/fa- milia, da Sociedade e do Estado na seguranca, protecdo, cuidados e educacao digital de crian- as e adolescentes so sempre continuas tanto on-line como off-line, sem distingao. {#MENOS TELAS #MAIS SAUDE Quadro 2. Principais Fatores de Risco e Fatores de Protec3o no Contexto Familiar de Criancas e Adolescentes na Era Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria, SED@SBP Cones FATORES DE RISCO Pease) Falta de afeto e abandono Didlogo e respeito Falta de limites Regras claras de convivéncia Negaco dos comportamentos inadequados do/s fitho/s Modelos referenciais e saudaveis de identificacao Violéncia familiar Othar de cuidados Familia disfuncional, Oportunidades e alternativas mais saudaveis Episédios frequentes de estresse toxico Desenvolvimento de valores éticos Uso de alcool e drogas Nao uso de alcool e drogas Falta de suporte e apoio Apoio e resiliéncia familiar FONTE: dos autores (2039) ios da Classificacao Indicativa, do Ministério da Justica e Cidadania existem com portal e guia pratico, jé na 3° edigdo de 2018, € esto acessiveis online para consultas sobre games, filmes e videos e sobre quais contetidos s80 (ou nao) recomendados de acordo com a idade e a compreensao das criangas e adoles- centes’*s!. Os contetidos nao estdo proibidos ou censurados, mas so sugestdes indicativas em relac30 aos programas de televisdo, filmes, desenhos animados, jogos eletrénicos e de in- terpretacdo (RPG) em relacdo aos contetidos de sexo, drogas e violéncia. Os critérios so deter- minados como livre com exibig3o adequada em qualquer horério e para qualquer faixa etéria ou inadequados para 10, 12, 14, 16 e 18 anos. Os pais podem discordar, reclamar, boicotar ou de- nunciar os contetdos direto com as emissoras de televiséo, anunciantes, patrocinadores ou empresas de midias e tecnologias em relacao 8 responsabilidade social, ou podem também de- nunciar 20 MP, Ministério Publico e as entidades de protegao aos direitos das criancas e adoles- centes®, ‘A maioria dos videogames sdo equipados com ferramentas de controle parental para 6 proteger a privacidade e a seguranga das crian- 25, com pardmetros de selecdo das faixas eté- rias permitidas; controle e monitoramento de compras digitais; limitagao ao acesso a Inter- net, através da aplicagao de filtros; controle da quantidade de tempo gasto pelas criangas nos jogos; controle dos niveis de interacao (chat) e trocas de dados (mensagens de texto). J exis- tem muitos materiais de ajuda, informativos e educativos, tanto para pais como para os pré- prios escolares e adolescentes, que podem ser- vir como guias de orientacao e helplines gratui- tos e online’, Programas como o Seja Incrivel na Internet desenvolvidos em parcerias entre Google e a Internet Keep Safe Coalition est3o disponiveis online como recursos para pais € educadores com 0 objetivo de ensinar as crian- Gas sobre as habilidades necessarias para nave- gar com seguranca e podem ser acessados com varios t6picos sobre cidadania digital®. Subsidios para Responsabilidade Social € Politicas Publicas de Protegio de Criancas e Adolescentes frente as Midias Digitais: #Menos Telas #Mais Saude - #Menos Telas #Mais Cuidados - #Menos Telas #Mais Afeto - #Menos Telas #Mais Respeito aos Direitos Grupo de Trabalho Sadde na Era Digital (2019-2021) + Sociedade Brasileira de Pediatria. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), associagao profissional que agrega 25.000 mé- dicos pediatras cuidando do futuro do Brasil, reitera as recomendacées descritas no Manual de Orientacdo de 2016' e atualiza: + Viver com mais sade é do lado de cé junto com as criancas e adolescentes, nao € do lado de lé das telas com robés e algoritmos! Evitar a exposicao de criangas menores de 2 anos as telas, sem necessidade (nem passi- vamente!) Criancas com idades entre 2 e 5 anos, li © tempo de telas a0 maximo de 1 hora/dia, sempre com supervisdo de pais/cuidadores/ responsaveis. r Criancas com idades entre 6 e 10 anos, limitar © tempo de telas a0 maximo de 1-2 horas/dia, sempre com supervisao de pais/responsaveis. Adolescentes com idades entre 11 e 18 anos, limitar 0 tempo de telas e jogos de videoga- mes a 2-3 horas/dia, e nunca deixar “virar a noite” jogando. + Nao permitir que as criangas e adolescentes fiquem isolados nos quartos com televisio, computador, tablet, celular, smartphones ou com uso de webcam; estimular 0 uso nos lo- cais comuns da casa. Para todas as idades: nada de telas durante as refeigdes e desconectar 1-2 horas antes de dormir. Oferecer alternativas para atividades esporti- vas, exercicios a0 ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisdo res- ponsével. Nunca postar fotos de criancas e adolescentes em redes sociais publicas, por quaisquer mo- tivos + Criar regras saudaveis para 0 uso de equipa- mentos e aplicativos digitais, além das regras de seguranca, senhas e filtros apropriados para toda familia, incluindo momentos de desconexao e mais convivéncia familiar. Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados, saber com quem e onde seu filho esté, e o que esta jogando ou sobre contetidos de risco transmitidos (men- sagens, videos ou webcam), é responsabilida- de legal dos pais/cuidadores. Estimular a mediacao parental das familias e 2 alfabetizacao digital nas escolas com regras éticas de convivéncia e respeito em todas as idades e situacées culturais, para o uso seguro e saudavel das tecnologias. Contetidos ou videos com teor de violéncia, abusos, explorago sexual, nudez, pornografia ou produces inadequadas e danosas ao desen- volvimento cerebral e mental de criancas e ado- lescentes, postados por cybercriminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsveis. Identificar, avaliar e diagnosticar 0 uso inade- quado precoce, excessivo, prolongado, pro- blematico ou t6xico de criancas e adolescen- tes para tratamento e intervencdes imediatas € prevenc3o da epidemia de transtornos fisi- cos, mentais e comportamentais associados 20 uso problematico e 8 dependéncia digital. + Leis de protecio social e do uso seguro e ético das tecnologias existem, devem ser respeita- das por todos e multiplicadas em campanhas de educaco em satide accessiveis ao publico, em geral. Responsabilidade social é também uma questao de direitos & satide e prevencao de riscos e da- nos para Criangas e Adolescentes na Era Digital Agradecimentos aos Profissionais Fabiana Vasconcelos e Demétrio Jereissatti (Inst. Dimicuida); Andréa Benazzi (ER) Cineiva Tono (Inst. de Tecnologia & Dignidade Humana), Zairine Freire (Rede ESSE Mundo Digital). ‘HMENOS TELAS #MAIS SAUDE REFERENCIAS 01. Sociedade Brasileira de Pediatria [Internet]. Rio de Janeiro: SBP; [data desconhecida; acesso fem 15 nov 2019}. Manual de orientacéo: sade de criancas e adolescentes na era digital. Disponivel em: https://www.sbp.com, br/fileadmin/user_upload/2016/11/19166d- 02. Sociedade Brasileira de Pediatria [Internet]. Rio de Janeiro: SBP; [data desconhecida; acesso em 415 nov 2019]. Acrianca de 0 a 3 anos eo mundo digital. Dispontvel em: hrips://www.sbp.com.br/ fileadmin/user upload/A CRIANCA DEO A 3 ANOS £ 0 MUNDO DIGITAL paf 03. Sociedade Brasileira de Pediatria. Beneficios da natureza no desenvolvimento de criancas € adolescentes [Internet], Rio de Janeiro: SBP: 2019 [acesso em 15 nov 2019]. Disponivel em: https://mwwsbp.com.br/fleadmin/user vupload/manual orientacao sbp ceni.pdf 04, Borelli A. A hora e a ver de criancas e adolescentes [Internet]. [local desconhecido}: Migathas de Peso; 2018 [ acesso em 10 nov 2019]. Disponivel em: https://m.migathas.com. e-adolescentes 05. Comité Gestor da Internet no Brasil, Nicleo de Informacéo e Coordenac3o do Ponto BR. Pesquisa Tic Kids ontine Brasil 2018 {Internet}. [S80 Paulo: Cetic; 2019 [acesso em 10 nov 2019]. Disponivel em: https//cetic tics! kidsonline/2018/criancas/ 06. Organizacéo Mundial de Saiide. Classificacdo internacional de doencas - CID 11 [Internet]. [Genebra]: OMS; 2018 [acesso em 16 set 2019], Disponivel em: https://wwwawho.ints

You might also like