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CNPC 2023 Fabricacao de Queijos
CNPC 2023 Fabricacao de Queijos
Embrapa
Brasília, DF
2023
Embrapa Caprinos e Ovinos
Fazenda Três Lagoas, Estrada Sobral/Groaíras, Km 4
Caixa Postal: 71
CEP: 62010-970 - Sobral, CE
Fone: (88) 3112-7400
www.embrapa.br
www.embrapa.br/fale-conosco/sac
Secretário-Executivo Copidesque
Alexandre César Silva Marinho Carlos Joaquim Einloft
Lívia Martins Soares
Membros
Alexandre Weick Uchôa Monteiro, Revisão de texto
Aline Costa Silva, Carlos José Mendes Lívia Martins Soares
Vasconcelos, Fábio Mendonça Diniz, Maíra
Vergne Dias, Manoel Everardo Pereira Ilustrações
Mendes, Marcilio Nilton Lopes da Frota, Renan Roque
Tânia Maria Chaves Campêlo
1ª edição
Supervisão editorial Publicação digital (2023): PDF
Alexandre César Silva Marinho
Maíra Vergne Dias
Normalização bibliográfica
Tânia Maria Chaves Campêlo
ISBN 978-65-89957-45-4
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Isso mesmo, João! Exatamente por isso que elaboramos esse
pequeno manual! Nossa ideia é propor informações simples, mas
bastante precisas, sobre o que devemos aprender sobre a cadeia
produtiva de forma a garantir segurança alimentar por meio da
agregação de valor ao leite e aos derivados lácteos caprinos, a
fim de contribuir na melhoria da qualidade de vida de sua família.
Vamos lá?
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Introdução
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A segunda é a coagulação enzimática, tradicional queijo coalho, produzido
mais rápida, em aproximadamente 40 em todos os estados do Nordeste
minutos. Ela é causada pela ação de en- brasileiro, mesmo antes do invento
zimas adicionadas ao leite, destacando- da refrigeração. O queijo coalho era
-se a quimosina, comercializada com o produzido, comercializado em feiras
nome “coalho”. Esta forma é bastante livres e guardado pelos consumido-
utilizado nas regiões de clima tropical, res em suas residências em tem-
pois os queijos podem ser mantidos a peratura ambiente, suportando as
temperaturas mais elevadas. Esta técni- temperaturas mais elevadas típicas
ca é utilizada para para fabricar o nosso da região.
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Dessa forma, a Embrapa Caprinos e no processo, para se produzir novos
Ovinos desenvolveu diversos trabalhos tipos de queijos e melhorar os que já
sobre o uso das duas técnicas de coa- existem no Brasil.
gulação (ácida e enzimática) e ajustes
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O processo da validação/adoção e Tecnológico (CNPq1), da Fundação
descrito nesta cartilha foi realizado de Apoio à Pesquisa do Estado da
com a colaboração entre as equipes do Paraíba (Fapesq2), do Programa
Núcleo Regional Nordeste da Embrapa InovaSocial (parceria Embrapa e
Caprinos e Ovinos (PB), do Centro de BNDES) e do Projeto Dom Helder
Tecnologia e Desenvolvimento Regio- Câmara (PDHC), desenvolvido pela
nal (CTDR) da Universidade Federal da Secretaria de Governança Fundiária,
Paraíba (UFPB) e da área de Tecnologia Desenvolvimento Territorial e Socio-
de Alimentos da Universidade Federal ambiental, do Ministério do Desen-
de Campina Grande (UFCG) - Campus volvimento Agrário e Agricultura
de Pombal (PB). Além dessa equi- familrMDAIeco⁄nancidopel
pe, participaram os funcionários do Fundo Internacional de Desenvolvi-
laticínio e a equipe de apoio (técnicos mento Agrícola (Fida).
e bolsistas) contratada pelos projetos
⁄nancidoresEçõesforam - Espera-se que com esta tecnologia
lizadas graças ao suporte do Conselho os laticínios da região Semiárida
Cientí⁄cDsvolmdNac o do Brasil (em especial a Associação
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Passo a passo
Seleção do leite para preparação do
fermento e queijos
A seleção de leite com qualidade micro- processamento no laticínio. Através
biológica e físico-química é de funda- dos laudos das análises de composição
mental importância para a produção físico-química (Anexo 1) e os resultados
de derivados lácteos, especialmente os das análises da Contagem de Bactérias
queijos. Para disponibilizar ferramentas Individuais (CBI) (Anexo 2), a Agubel
que pudessem auxiliar a Agubel e laticí- poderá monitorar o leite fornecido
nios da região foi implantado o labora- individualmente por produtor e por
tórioCenaldQuL tanque de coleta. Desta forma, poderá
ProdutsLáceCapinÆvinculado tomar as decisões referentes à seleção
ao Núcleo Regional Nordeste da Em- do melhor leite para a fabricação dos
brapa Caprinos e Ovinos, em Campina queijos, além de ser possível monito-
Grande, PB. O laboratório está reali- rar de maneira individual a qualidade
zando periodicamente análises do leite do produto para corrigir divergências
e disponibilizando laudos para que a relativas a não conformidade do leite
Agubel possa selecionar e monitorar a entregue nos postos de coleta.
qualidade do leite entregues pelos agri-
cultores nos tanques de coletas para
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Preparação do
fermento lácteo
Os fermentos são bactérias selecio- lio⁄lizad Lactococcus lactis subsp.
nadas adicionadas na preparação de Cremoris e Lactococcus lactis subsp.
queijos para repor as bactérias lácteas LactisIÆquantides⁄cientpar
que foram eliminadas durante a pasteu- UTTTLdelit
rização do leite, para melhorar as ca-
racterísticas como sabor, consistência,
odor etc. Normalmente, os fermentos
são comercializados em envelopes para Ingredientes para
o preparo do fermento
processamento de grandes volumes de 1 L de leite de cabra.
leitÆcomYTTLÆUTTTLeYTTTLÆen - 1 envelope da cultura
tão é necessário usar frações do total comercial mesófilica liofilizada
para a fabricação de volumes menores. (Lactococcus lactis subsp.
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1) Tratamento térmico do leite
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2) Adição da cultura no leite
tratado termicamente
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Elaboração
dos queijos
Foram elaborados cinco tipos de quei- varibldes⁄carostip
jos utilizando a técnica da coagulação de queijos a serem incluídos na linha de
enzimática, diferentes ervas aromá- produçãodaAgubelÆforamdi⁄ca -
ticas, além de fôrmas retangulares e das pequenos detalhes do processo.
redondas. E com o intuito de compro-
Ingredientes:
100 L de leite de cabra pasteurizado.
100 mL do fermento congelado dissolvido no leite proveniente do
fermento liofilizado (Lactococcus lactis subsp. Cremoris e Lactococcus lactis
subsp. Lactis).
30 mL de cloreto de cálcio (solução a 40%) dissolvidos em 250 mL de água
filtrada sem cloro.
30 mL do coalho, atividade enzimática: 94,00-100,00 IMCU/mL, dissolvidos em
250 mL de água filtrada sem cloro.
700 g de sal dissolvido em 2.500 mL de soro.
Ervas aromáticas (alecrim, orégano, pimenta calabresa e canela).
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1) Pasteurização do leite
A pasteurização é um tratamento
térmicoquetpr⁄nalidem -
nar as possíveis bactérias patogênicas
presentes no leite cru, que poderiam se
desenvolver durante a fabricação dos
queijos, tornando-os impróprios para
consumo. Para realizar a pasteurização
utilizou-se um pasteurizador rápido
(Figura 5), ajustado a temperatura de
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2) Aquecimento do leite e adição
dos ingredientes
U
odaziruetsp lO TTodairfse IL movida a homogeneização rápida. Após
a 4 ºC foi colocado no tanque de fabri- a adição do coalho, o leite permaneceu
cação do queijo e aquecido a 37 ºC. Atin- em repouso (Figura 6) até observação
gida essa temperatura, foram adiciona- do momento da coagulação.
U
sod TTodalegncs tmrfodL
Para descongelar o fermento, os tubos
foram mantidos a temperatura ambien-
te até o completo descongelamento.
Importante!
É importante destacar que a
adição destes ingredientes
deve ser sempre nesta ordem
(fermento, cloreto e coalho).
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3) Corte da coalhada
A B C
Foto: Antônio Silvio do Egito
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4) Mexedura
5) Primeira dessoragem e A B
aquecimento da massa
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6) Segunda dessoragem e salga da A
massa
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7) Enformagem
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queosmairÆin“uenciadosu A
teor de umidade e, consequentemente,
na sua consistência, tornando-os mais
duros que os queijos de tamanhos
8) Prensagem
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9) Desenformagem
A B
C
Foto: Antônio Silvio do Egito
D E
Foto: Erick dos Anjos Bezerra
Figura 13. Desenformagem dos queijos após a prensagem (A); retirada das aparas (B); queijos
redondos sem condimentos (C); queijos retangulares sem condimentos (D) e com condimentos (E)
após segunda prensagem.
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10) Secagem
A B C
D E
Foto: Auricélia de Melo Araújo
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Considerações finais
A tecnologia do queijo com ervas aro- em níveis regional e nacional. Esta vali-
máticas desenvolvida pela Embrapa dação sugere o potencial de ampliação
foi reproduzida em escala industrial, de consumo de novos tipos de queijo
podendo ser adotada por laticínios e a possibilidade de contribuição com
que iram diversi⁄car sua linha de a cadeia produtiva da caprinocultura
produção para além do leite pas- leiteira na região Semiárida do Nor-
teurizado destinado aos programas deste brasileiro, destacando-se os
governamentais. O intuito foi atender Cariris Paraibanos, Agrestes Central/
à demanda de novos produtos lácteos, Meridional e Sertões de Pajeú/Moxotó
visando alcançar o mercado privado Pernambucanos.
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Agora que você conhece esse passo
a passo já pode pensar em colocar
em prática a produção desses cinco
deliciosos queijos e, com isso,
melhorar a sua renda e a qualidade
de vida da sua família!
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Anexos
Anexo 1. -
ModelaumitpCnrQLPsác ade do leite fornecido pelos
el para moni toram ento da qualid
prinos, entregue à Agub
produtores nos postos de coleta.
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Anexo 2.
Modelo de resultado para Contagem de Bacté
rias Individuais (CBI) emitido pela Cen-
traldeQuioLPsácCpnÆentrguàAblpamoi
toramento da qualidade do leite fornecido pelos -
produtores nos postos de coleta.
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“ A produção de leite ajuda a promover a
permanência das famílias no campo”
Auricélia e Aurinete Araújo
Experiências reais
N a cidade de Sumé (PB), no Cariri Paraibano, uma
experiência de validação de fabricação de queijos
derivados do leite caprino vem acontecendo no laticínio
pasteurizado e comercializando apenas para o mercado
institucional. Após o contato com pesquisadores da Em-
brapa e professores da UFCG e com algumas tecnologias
da Associação Gestora da Usina de Beneficiamento de que nos foram apresentadas e aplicadas aqui na Agubel,
Lácteos (Agubel), entidade criada em 2004. A atividade começamos a realizar os testes para produção dos quei-
de validação dos lácteos mobilizou as irmãs Auricélia e jos para escala industrial. Isso além de todo um trabalho
Aurinete Araújo, envolvidas, respectivamente, na produ- que técnicos da Embrapa vem desenvolvendo com os
ção de queijos e na área administrativa da Associação. produtores nas suas propriedades para uma melhor
qualidade do leite”, afirma ela.
Auricélia, que cresceu em fazenda ajudando sua mãe
a fazer queijo de coalho e já trabalha na área de lati- As duas irmãs frisam que a produção de leite de cabra
cínios há 20 anos, tem agora, por meio da parceria na região é importante não somente como atividade de
com a Embrapa e a Universidade Federal de Campina geração de renda para as famílias, mas também para
Grande (UFCG), a possibilidade de entrar em contato que novas perspectivas surjam para o meio rural. “A pro-
com uma maior variedade de produtos derivados do dução de leite de cabra e seus derivados no Cariri Parai-
leite de cabra e com técnicas de fabricação mais apro- bano tem contribuído para a permanência do agricultor
priadas para uma escala de produção industrial. “Até o e sua família nas suas pequenas propriedades, evitando
momento só trabalhávamos com o beneficiamento do que essas famílias se desloquem para grandes cidades
leite, direcionado para o mercado institucional, que não em busca de empregos, muitas vezes sem êxitos”, res-
oferece muitas possibilidades para o crescimento na ca- salta Aurinete. “A produção de leite ajuda a promover
deia produtiva. A produção de queijos e derivados vai a permanência das famílias no campo, através do for-
nos proporcionar a inserção no mercado privado, o que, talecimento da agricultura familiar”, endossa Auricélia.
diretamente, vai possibilitar aos criadores de caprinos
aumentarem e fortalecerem a produção de leite”, des- Atualmente, o laticínio da Agubel trabalha com a valida-
taca ela. ção de produtos lácteos derivados do leite de cabra, em
processo de registro do estabelecimento para obtenção
Para Aurinete, é vantajoso contar com o suporte das do selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Minis-
tecnologias ao longo de um processo de fabricação tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para
que envolve não somente os profissionais do laticínio, produção de derivados. A partir da obtenção do selo do
mas também produtores rurais e outros atores do se- SIF será possível comercializar estes produtos em todo
tor produtivo. “Começamos trabalhando só com o leite o território nacional.
Agradecemos a colaboração do jornalista Adilson Rodrigues da Nóbrega (MTB/CE 01269 JP) na coleta de informações e
elaboração do texto "Experiências reais".
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