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Em conversa com os Espíritos

Idnei Gomes Ramos

Em conversa com os Espíritos

Matão, SP
1ª edição
2013
Copyright © 2013 by
CASA EDITORA O CLARIM
Propriedade do Centro Espírita O Clarim
1ª edição: janeiro/2013, 6 mil exemplares
Impresso no formato 14x21 cm
ISBN 978-85-7357-114-1
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Capa: Rogério Mota
Projeto grá co: Equipe O Clarim

Catalogação na Publicação (CIP)


R175e Ramos, Idnei Gomes
Em conversa com os Espíritos / Idnei Gomes Ramos. – 1. ed. – Matão: Casa Editora O
Clarim, 2013.
120p.; 21 cm
ISBN 978-85-7357-114-1
1. Espiritismo. 2. Estudo doutrinário. I. Casa Editora O Clarim. II. Título.
CDD. 133.9
Agradecimentos

Nosso agradecimento primeiramente a Deus, que permitiu pudéssemos


transmitir, pela escrita, as experiências e o aprendizado que acumulamos nestas
narrativas aqui expostas.
Agradecemos ao nosso “Centro Espírita Anésio Siqueira” e a todos os
encarnados e desencarnados envolvidos nos trabalhos realizados nessa
abençoada casa.
Nossa gratidão especialmente aos médiuns Trabalhadores desse Centro;
sem eles nossos escritos não seriam possíveis.
Agradecemos à nossa família. À esposa Maria Aparecida, aos filhos Fábio,
Marcelo e Marcos pelo incentivo e pela ajuda que nos deram.
E, por fim, agradecemos e dedicamos este trabalho ao amigo e mestre Dr.
Homero Moraes Barros, que da espiritualidade continua nos auxiliando como
sempre fez.
Que Deus abençoe a todos.
Prefácio

A título de esclarecimento, trabalho mediúnico, ou trabalho de desobsessão,


é uma das atividades desenvolvida num Centro Espírita e que não é
franqueada ao público.
Entidades espirituais carentes de ajuda, são arrebanhadas por trabalhadores
do bem e encaminhadas ao Centro, que não deixa de funcionar como um
verdadeiro “pronto socorro espiritual”. Ali, através dos médiuns, algumas
dessas entidades necessitadas se comunicam com o orientador, ou doutrinador
e ouvem dele orientações, preces, conselhos, tudo isso feito em nome de Jesus.
Essa é a grande oportunidade que os espíritos elevados oferecem aos
trabalhadores encarnados, de poderem colaborar no atendimento aos irmãos
desencarnados.
Também no início de algumas narrações que aqui fazemos, ao nos
referirmos à presença dos espíritos junto à mediunidade para suas
comunicações, usamos termos como: “ocupou a mediunidade”, “incorporou”,
entre outros.
Sabemos perfeitamente que a comunicação dos espíritos através dos
médiuns, na psicofonia, dá-se mente a mente, mas usamos estes termos com a
intenção de tornar simples e de fácil entendimento, as vezes que queríamos
nos referir à presença dos espíritos junto a mediunidade para suas
comunicações.
Outra coisa ainda: dos diálogos mantidos com os espíritos e que aqui
transcrevemos, procuramos narrar a essência, ou seja, procuramos mostrar das
conversas, aquilo que realmente interessa: por isso elas estão bastante
sintetizadas e acrescidas de comentários e frases evangélicas compatíveis com
cada narrativa.
Encerrando este prefácio, a nossa gratidão e o nosso respeito a esses
espíritos que aqui trouxeram suas histórias. Nossa gratidão também, a tantas
outras entidades com quem já conversamos e que aqui não estão com suas
narrações, mas que também nos deixaram grandes lições.
Parafraseando o título daquele filme: “Esses homens Maravilhosos e suas
máquinas voadoras”(1), diríamos: “Esses espíritos maravilhosos e suas
histórias comovedoras”, que muito nos têm ensinado.
Que Deus ilumine a cada um deles, aonde estiverem.

Idnei Gomes Ramos


As gaiolas de passarinhos

Numa das nossas noites de trabalho, chegou um espírito, logicamente


conduzido até ali pelas mãos dos trabalhadores do plano espiritual, e, esse
espírito, assim que ocupou a mediunidade e iniciamos o diálogo, mostrou-se
muito indignado. Então, lhe perguntamos:
— Com quem você está bravo, amigo?
— Com minha mulher – respondeu ele secamente.
— E onde está sua mulher? – tornamos a perguntar.
— Está em casa! Ora essa!
Entendemos que sua esposa estava ainda encarnada e pensamos que esse
espírito estava bravo com a mulher, porque teria ela com certeza arrumado
outro companheiro.
Assim pensamos porque, nos trabalhos mediúnicos, não é tão raro
conversarmos com espíritos que se apresentam inconformados, porque o
cônjuge que aqui ficou, tornou a casar-se, ou a viver em companhia de outra
pessoa.
Então, pensando tratar-se de um espírito enciumado, tornamos a lhe
perguntar:
— Mas afinal, amigo, porque você está tão bravo com a esposa que deixou
na terra?
Para nosso espanto, esse espírito nos deu uma resposta que nunca
esperávamos e que também, jamais iremos esquecer:
— A minha mulher! – disse ele. – Você acredita que ela está vendendo
todas as minhas gaiolas de passarinhos que tanto eu gostava?
Depois disso conversamos mais algum tempo ainda com essa entidade, até
que finalmente ela compreendeu, que não deveria se preocupar mais com
coisas aqui da terra e foi levada pelos nossos amigos do plano espiritual.
Naquela frase de Jesus em Mateus, capítulo XIX, versículo 24, em que
lemos:
“E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha do que entrar um rico no reino de Deus”.(2)
Baseados nesta frase, muitas vezes pensamos erradamente que só ficam
presos aos seus bens, os ricos, os poderosos. Equivocadamente imaginamos
que somente muito dinheiro nos bancos, mansões, iates, conseguem reter os
homens aqui à terra depois de desencarnados.
Cometemos grande engano quando assim pensamos. Não devemos
esquecer que, para o pobre, a sua riqueza e o que pode prendê-lo aqui à terra
depois de desencarnado, é a casinha humilde que possuiu, como pode ser
também a bicicleta, ou as gaiolas de passarinhos, como vimos na história que
narramos.
Então vamos, enquanto estivermos aqui na terra encarnados, aproveitar sim
dos bens materiais que possuímos, mas nunca deixando que esses bens
materiais tornem-se mais importantes do que os bens espirituais.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo “Não se pode servir a
Deus e a mamon”, nos chama a atenção para isso, quando diz ali:
“O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar
deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto
ali permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas
riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto”(3).
Jesus não cansou de alertar quanto a nossa preocupação excessiva com os
bens terrenos, em prejuízo das coisas do espírito. Lembremo-nos por exemplo
daquela passagem do moço rico que pretendia segui-lo, mas para isso precisava
primeiro desfazer-se dos seus bens para ajudar os pobres, coisa que esse moço
não desejou fazer.
Também em Lucas capítulo XVI, versículo 13, Jesus diz que não dá para
amar os bens da terra e ao mesmo tempo dedicar-se a Deus:
“Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de aborrecer um
e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis
servir a Deus e a mamom”(4). (Mamom aqui, significa riqueza.)
Um irmão despedido

Nossos trabalhos mediúnicos realizam-se sob pouca luz; dessa forma, na


penumbra, os presentes a esses trabalhos não notam as lágrimas que muitas
vezes dos nossos olhos correm, tocados que estamos pela emoção dos dramas
vividos e ali relatados por esses irmãos do plano espiritual.
Sabemos perfeitamente que não podemos permitir que a emoção, a nos
envolver, possa nos fazer mal conselheiros. Toda pessoa necessitada de um
ombro amigo, está fragilizada e vem justamente em busca de força moral, que
naquele momento não podemos deixar de ter para oferecer.
No entanto, sempre soubemos dosar essa emoção e ela jamais impediu que
nos faltasse a palavra certa, no momento certo e para a pessoa certa.
Agradecemos, é claro, nossos amigos espirituais, que com certeza nunca
nos faltaram com suas intuições que muito nos ajudam, porque não
conseguiremos e nem desejamos, diante desses nossos irmãos necessitados,
que trazem suas histórias tristes, dolorosas, permanecermos indiferentes,
insensíveis feito pedra, mesmo que isso nos custe críticas, por acharem que o
bom orientador deve estar vacinado, ou imunizado para não se contaminar
emocionalmente, com as histórias comovedoras dos espíritos necessitados de
ajuda.
A conversa nessa noite com esse irmão que acabava de chegar, foi uma
dessas que terminou em lágrimas.
Esse espírito se apresentou calmo e muito lúcido narrou sua história com
palavras carregadas de emoção:
— Sou engenheiro – começou ele dizendo. – Trabalhava há muitos anos
numa empresa e, um dia, o dono dessa empresa me chamou e primeiramente
falou das dificuldades econômicas pelas quais estava passando sua firma. Disse
que precisava fazer cortes drásticos nos gastos e que, por isso, precisava
demitir funcionários. Disse também que, por ter muitos anos de casa, meu
salário, acima da média, era naquele momento inviável para a empresa e que,
por isso, infelizmente meu nome constava na lista dos demitidos.
E esse espírito continuou seu relato:
Cheguei a propor ao meu patrão, que diante das dificuldades da empresa,
reduzisse ele o meu salário, mas que não me demitisse. Não teve jeito, ele
estava irredutível, disse que sentia muito, mas que nada podia ser feito. Assim,
do dia para a noite me vi desempregado.
Sai dali completamente aturdido e também muito preocupado com o que
iria dizer lá em casa a minha esposa. Na minha idade, arrumar outro emprego,
eu sei, seria muito difícil.
Então fiz o que não era do meu feitio fazer: antes de ir para casa, entrei
num bar, sentei-me e na busca de um pouco de calma, lembro-me de ter
tomado algumas doses.
Depois disso, saí desse bar, peguei meu carro para voltar para casa e aí, foi
o fim de tudo.
Esse irmão terminou sua história e compreendemos que desencarnara num
acidente de trânsito.
Diante do silêncio que se fez, foi a nossa vez de falar. Não havia o que
perguntar: ele dissera tudo. Restava-nos tão-somente confortar e foi o que
procuramos fazer. Dissemos que sobretudo confiasse em Deus e que
certamente um dia iria ele conhecer os motivos reais que o levaram a passar
por aquela triste situação. Oramos e depois disso ele se retirou, levado pelas
mãos dos bons espíritos.
Muitas vezes uma empresa em vias de falência, operando no vermelho
como se diz, é obrigada a despedir funcionários para diminuir os gastos com
folha de pagamento. É obrigada a fazer cortes nas despesas, tudo para tentar
sobreviver. Essa é realmente uma situação muito penosa, triste e que não nos
cabe críticas.
Mas, por outro lado, existem também empresários que, desejando lucrar
cada vez mais, não titubeiam em despedir funcionários mais antigos, para, no
lugar deles, contratar outros que lhes custarão bem menos aos bolsos.
Não esqueçamos que assumimos enormes responsabilidades perante as leis
divinas, quando, unicamente no intuito de nos locupletarmos, prejudicamos
nossos semelhantes.
E não esqueçamos também, que Jesus nos alertou contra a ganância
quando disse, em Lucas, capítulo XII, versículo 15:
“Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não
consiste na abundância do que possui”(5). Pensemos nisso.
A casa que não existia

A mediunidade nesse momento demonstrava certo enfado; por esse motivo


percebemos que aquele espírito chegava irritado.
Dando início ao diálogo, perguntamos:
— Porque você está bravo, amigo?
Nervoso, esse irmão respondeu que havia sido retirado contra a sua
vontade do lugar onde se encontrava e que menos ainda era seu desejo
conversar conosco.
Pedimos a ele para se acalmar um pouco e dissemos também que a nossa
intenção não era outra senão ajudá-lo.
— Não preciso de ajuda – respondeu ele de forma ríspida. – O que desejo
mesmo é ir embora daqui.
Procurando fazê-lo ver que éramos realmente amigos, com paciência fomos
aos poucos ganhando sua confiança e assim ele tranquilizou-se mais. Foi
quando pudemos conversar:
— Você nos disse que foi retirado contra a sua vontade do local onde se
encontrava. Que local é esse, amigo? – perguntamos.
— Minha casa. Eu estava em minha casa e não vou permitir de forma
alguma, que ninguém venha se apossar daquilo que construí às custas de muito
sacrifício – respondeu ele.
Continuamos a conversar com esse espírito e descobrimos que desde há
muito tempo permanecia ele em sua residência, onde havia morado com sua
família, quando estavam ainda encarnados.
Ao indagarmos do paradeiro da sua família, ele se surpreendeu com a nossa
pergunta, demonstrando que há muito tempo não pensava nos seus entes
queridos, preocupado tão-somente com a guarda da casa. Entretanto aos
poucos ele se refez e respondeu que não sabia onde ela se encontrava. Em
seguida, como quem despertasse suas lembranças, começou ele a recordar dos
seus familiares e, muito emocionado, com a voz embargada, falou da esposa e
relembrou também dos filhos.
No decorrer da conversa com esse amigo, um fato muito curioso nos
chamou a atenção. Ele sabia que sua casa tinha sido demolida. No entanto, ele
ali permanecia, pois via perfeitamente sua casa como se ela ainda existisse.
Lembramos do livro “No mundo maior”, no qual André Luiz conta que seu
avô Cláudio, quando ainda encarnado, era um velho extremamente sovina.
Muito tempo depois, já desencarnado, fora encontrado pela equipe socorrista,
remexendo na lama, convencido de que aquilo era ouro.(6)
O mesmo André Luiz, agora no livro “Nos domínios da mediunidade”,
reproduzindo as palavras de um mentor, diz:
“Pensamos, e imprimimos existência ao objeto idealizado”.(7)
E agora, é Jesus quem diz em Mateus capítulo VI, versículo 21:
“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.
(8)
O tesouro daquele espírito com quem conversávamos, era sua casa. Então
ali colocou ele seu coração, ou seu pensamento e ficou “montando guarda”,
porque para ele, sua casa realmente existia.
Oramos, pedindo a Deus ajuda àquela criatura e retomando o diálogo
dissemos:
— Você lembra, amigo, no começo da nossa conversa, quando nos disse
que tinha sido retirado contra a sua vontade do local onde se encontrava? É
bem possível que uma pessoa muito querida, de há muito tempo esteja
rogando ao Pai, para libertá-lo do lugar onde você mesmo se aprisionou.
De repente, com a voz bastante embargada pela emoção, esse irmão
exclamou:
— É ela! É ela sim! E como está bonita, rezando como sempre fez.
Nesse momento sua esposa chegava para ajudá-lo e ele completamente
inebriado, simplesmente esqueceu-se de nós e foi com ela, quase a nos deixar
ali falando sozinho.
Alcoólatras na Espiritualidade

Não temos idéia, do número de alcoólatras da espiritualidade, com quem já


conversamos ao longo desses anos nos nossos trabalhos mediúnicos. Aliás, o
termo “conversamos” talvez não seja correto, porque esses irmãos
dependentes, chegam muitas vezes em tal estado de embriaguês, que não existe
a menor possibilidade de entabular com eles um diálogo racional. Quem já
conversou com um bêbado? E quem ainda não conversou? Sabem exatamente
o que estamos falando.
Suas palavras, através da mediunidade, são enroladas, sem nexo,
demonstrando incapacidade de raciocínio. Por isso, com esses irmãos
impossibilitados de assimilar alguma coisa, seria falta de bom-senso ficar
insistindo numa conversa prolongada, pregando sermões, ou aconselhando
para que deixem de beber.
É claro que entre uns e outros, aparecem aqueles em melhores condições. A
esses falamos da necessidade urgente de tratamento a que serão submetidos
para se libertarem do vício. Assim falamos, porque entendemos que os amigos
espirituais, não desperdiçariam tanto tempo e trabalho arrebanhando esses
irmãos, tão-somente para levá-los ao Centro para uma rápida conversa
conosco e em seguida descartá-los. Aliás, acreditamos que a espiritualidade
possui recursos enormes para o tratamento desses irmãos. Entretanto
precisará haver sempre o sacrifício, ou o esforço da própria pessoa nesse
tratamento. Estamos falando aqui da abstinência, porque milagres não existem;
nenhum alcoólatra será curado num simples estalido de dedos, nenhum
alcoólatra, repentinamente, não terá mais desejos de beber. Isso é o que
procuramos deixar claro a esses nossos irmãos.
Nunca deixamos de fazer uma prece rogando ao Pai por essas criaturas
infelizes, que em seguida são levadas.
Esses alcoólatras da espiritualidade já viviam assim aqui; quer dizer, quando
encarnados, esses irmãos já bebiam e acabaram desencarnando, encurtando
suas vidas em consequência do álcool.
Como a morte não existe e a vida espiritual é uma continuidade da vida
material, esses irmãos continuam avidamente, do “lado de lá”, em busca do
álcool para se satisfazerem. Só que agora eles passam a fazer isso, procurando
nos botecos, ou nas casas onde bebidas rolam a vontade, os alcoólatras
encarnados que lhes satisfaçam o vício. De que forma isso? Usufruindo dos
fluidos alcoólicos emanados tanto dos ambientes, quanto dos beberrões, ou
como diz André Luiz no livro “Nos domínios da mediunidade”, “aspirando o
hálito de alcoólatras impenitentes”.(9)
Essa forma de satisfação do vício, é válida também para os fumantes, para
os drogados, enfim, para os dependentes em geral.
Ainda no livro “Nos domínios da mediunidade”, André Luiz fala de
espíritos fumantes, que “sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar,
ainda aquecidas pelo calor dos pulmões de fumantes encarnados, nisso
encontrando alegria e alimento”.(10)
Então aconselhamos aos fumantes, alcoólatras, drogados, que busquem
ajuda. Larguem o vício, caso contrário na espiritualidade ao desencarnarem,
poderão se transformar em espíritos obsessores, porque lá só conseguirão
satisfazer-se, apegando-se a encarnados com as mesmas inclinações e
induzindo-os a buscarem o que desejam. Ou, enquanto isso não acontecer, isto
é, enquanto a morte não vier, cada cigarro que pegarem para fumar, ou cada
taça de bebida que pegarem para tomar, poderão perfeitamente eles terem na
sua “cola”, um parceiro invisível que ali estará para também se saciar.
No caso do alcoólatra, veremos então formada uma bela dupla, “o visível e
o invisível”, bebendo, tropeçando, caindo.
Pensem nisso os viciados, peçam ajuda para receberem o devido tratamento
e orem, pedindo ao Pai, forças para vencerem o vício.
Já disse o Cristo em Mateus, capítulo VII, versículo 8:
“Porque aquele que pede, recebe; e, o que busca encontra; e, ao que bate se
abre”.(11)
O Espírito que não sabia que tinha
desencarnado

Num dos nossos trabalhos mediúnicos, nos aproximamos da mediunidade


e demos início à conversa com aquele espírito que chegava:
— Seja bem-vindo, amigo; você está num ambiente de paz e estamos
reunidos aqui em nome de Jesus.
— Não sei como é que eu vim parar aqui – falou ele surpreso.
Na verdade esse irmão não tinha a menor ideia do lugar onde estava e
menos ainda sabia ele, que conversava conosco através de um intermediário,
ou médium.
Procuramos tranquilizá-lo e quando percebemos que ele estava mais calmo,
então perguntamos:
— O que está acontecendo com você, amigo?
— Sou mecânico – disse ele e prosseguiu. – Na oficina onde trabalho, os
colegas não conversam comigo; se peço para me darem uma ferramenta,
fazem que não escutam. Parece que todos ali resolveram me deixar no “gelo”;
não sei por que estão agindo assim, afinal não ofendi ninguém e nem fiz nada
errado.
Conversamos mais algum tempo ainda com esse irmão, procurando fazer
ele mesmo chegar a conclusão de que já havia desencarnado. Isso aconteceu
sem nenhum grande trauma e ele foi levado em seguida pelos trabalhadores
espirituais.
É mais comum do que se imagina, pessoas desencarnarem, não perceberem
isso e pensarem que ainda estão vivendo no corpo de carne.
Por que isso acontece? “O livro dos Espíritos”, na questão número 165, em
comentário de Allan Kardec, diz:
“No momento da morte, tudo a princípio é confuso. A alma necessita de
algum tempo para se reconhecer. Ela se acha como aturdida e no estado de um
homem que despertando de um sono profundo procura orientar-se sobre sua
situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam à medida que
se apaga a influência da matéria da qual se libertou e se dissipe a espécie de
neblina que obscurece seus pensamentos”.
E prossegue “O livro dos Espíritos”:
“A duração da perturbação que se segue à morte do corpo varia muito;
pode ser de algumas horas, de muitos meses e mesmo de muitos anos. É
menos longa para aqueles que desde sua vida terrena se identificaram com seu
estado futuro, porque então, compreendem imediatamente a sua posição.
Essa perturbação apresenta circunstâncias particulares, segundo o caráter
dos indivíduos e, sobretudo, de acordo com o gênero de morte. Nas mortes
violentas, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos etc., o espírito
é surpreendido, espanta-se, não acredita que desencarnou e sustenta essa ideia
com obstinação. Entretanto vê seu corpo, sabe que esse corpo é seu e não
compreende por que está separado dele; acerca-se das pessoas a quem estima,
fala-lhes e não compreende por que elas não o ouvem. Essa ilusão perdura até
a inteira libertação do perispírito e, só então, o espírito se reconhece e
compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se
explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o espírito fica
aturdido com a brusca mudança que nele se operou. Para ele a morte é ainda
sinônimo de destruição, aniquilamento; ora, como ele pensa, vê e escuta, não
se considera morto. Sua ilusão é aumentada pelo fato de se ver com um corpo
de forma semelhante ao precedente”.(12)
Temos também conversado com espíritos que não acreditam estarem
desencarnados, porque aprenderam nas suas religiões, que, após a morte, um
sono profundo lhes dominariam e desse sono, só acordariam no dia do “juízo
final”.
Como esses espíritos se veem plenamente despertos e também se veem
como eram quando encarnados, então não acreditam estarem desencarnados.
Quando começam a desconfiar que não pertencem mais ao número dos
encarnados, são dominados por terrível pavor.
Recorrendo ainda a “O livro dos Espíritos”, na questão número 165, Allan
Kardec pergunta:
“O conhecimento do Espiritismo exerce influência sobre a duração mais ou
menos longa da perturbação?”
E os espíritos respondem:
“Uma influência muito grande, uma vez que o espírito já compreendia
antecipadamente a sua situação. Mas a prática do bem e a pureza da
consciência são os que exercem maior influência”.(13)
O Espiritismo, pelos conhecimentos que proporciona, permite, depois da
morte, uma adaptação mais rápida ao mundo espiritual. Ser Espírita no
entanto, não basta, pois se o indivíduo merecer, o fato de conhecer a doutrina
não o livrará de padecimentos no além-túmulo. Se quisermos realmente evitar
sofrimentos na vida espiritual, sejamos bons. Aliás, Jesus nos deixou a fórmula
da felicidade, quando disse em Mateus, capítulo V, versículo 48:
“Sede vós pois perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus”.
(14)
É claro que Jesus, nessas palavras, se referia a uma perfeição relativa, porque
a perfeição absoluta, essa todos nós bem sabemos, só ao Pai pertence.
Sejamos então perfeitos e seremos felizes muito antes mesmo de
adentrarmos pela morte no mundo dos espíritos, porque a felicidade reside
exatamente na prática das virtudes ensinadas pelo Cristo.
Bem aventurados os que são
misericordiosos

Ao abordarmos aquele espírito que gemendo acabava de chegar, jamais


imaginávamos que dali a pouco viveríamos uma das grandes emoções, dentre
as tantas que já vivemos dentro dos trabalhos mediúnicos.
Era esse irmão, na verdadeira acepção do termo, uma daquelas entidades
que, nos trabalhos de desobsessão, para diferenciar do “espírito obsessor”, ou
dos espíritos mais rebeldes, costumamos denominar “espírito sofredor”, cuja
presença é muito frequente nesses trabalhos.
Esses “espíritos sofredores”, normalmente não são maus. Como o próprio
nome diz, chegam eles trazendo consigo muitos sofrimentos, sejam de ordem
moral, sejam de ordem “física”. Esses sofrimentos, comumente, são oriundos
de quando ainda viviam na carne e que os acompanharam ao além túmulo.
O “sofredor moral” quando chega, vem em busca de uma palavra amiga,
vem em busca de uma orientação, de um conselho; enfim, o “sofredor moral”,
vem em busca de palavras que possam levantá-lo moralmente. Então,
presume-se que a conversa com esses irmãos, seja sempre um pouco mais
demorada.
O contrário acontece com o “sofredor físico”, onde o orientador deve ter o
bom-senso de procurar se informar apenas do estritamente necessário para
ajudá-lo; quer dizer, se o espírito está gemendo de dor, é uma tremenda falta
de caridade, o orientador ficar estendendo a conversa com esse irmão,
promovendo muitas vezes um verdadeiro inquérito, totalmente desnecessário.
A esses irmãos devemos sem delongas, rogar ao Pai que permita Ele que os
bons espíritos possam socorrê-los, aliviando seus sofrimentos. Normalmente
depois disso, aliviados, mas muito cansados eles adormecem e são levados.
A propósito, com respeito às dores “físicas” que os espíritos sentem, “O
livro dos Espíritos” na questão 257 e que traz por título: “Ensaio teórico sobre
a sensação nos espíritos”, diz:
“... A alma tem a percepção da dor, mas essa percepção é um efeito. A
lembrança que dela conserva pode ser muito penosa, contudo, não pode ter
ação física. ... Todo mundo sabe que as pessoas amputadas sentem dor no
membro que não existe mais. Seguramente, não é nesse membro que está a
sede ou o ponto de partida da dor; apenas o cérebro conservou a impressão da
dor. Pode-se, pois, crer que há alguma coisa de analogia com os sofrimentos
do espírito depois da morte.”(15)
O espírito desta nossa história, em meio a gemidos de dor, contou-nos que
desencarnara num hospital, após terríveis sofrimentos físicos que ainda
perduravam.
Informamos a ele que estava agora num pronto socorro espiritual e que
fora trazido até ali por espíritos bondosos, e finalizamos dizendo:
— Agora, amigo, vamos elevar o pensamento a Deus, rogando a Ele o
alívio que o irmão tanto necessita.
Antes que iniciássemos a prece, o que esse irmão falou foi uma grande lição
e nos tocou profundamente.
Com toda a sua dor, em meio aos seus gemidos, disse ele:
— Estou vendo muita gente aqui em sofrimento terrível, peça a Deus
primeiramente por eles.
Ele se referia é claro, aos outros tantos espíritos sofredores ali presentes,
que nós não estávamos vendo, mas ele sim.
Nunca mais iremos esquecer esse gesto tão nobre, esse verdadeiro ato
Cristão e de amor ao próximo que esse irmão praticou.
Com todo o seu sofrimento, ele foi capaz de pensar nos sofrimentos dos
seus semelhantes e abriu mão da prioridade que tinha na nossa prece, em favor
desses outros sofredores.
Em Mateus capítulo V, versículo 7, diz Jesus no sermão da montanha:
“Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia”.(16)
Diante da atitude desse nosso irmão e diante deste ensinamento tão belo do
Mestre Jesus, nós ficamos com a certeza absoluta, de que antes mesmo que
iniciássemos a prece, ele já estava sendo aliviado dos seus padecimentos,
porque quando terminamos de orar, ele já havia sido levado em sono
profundo pelos amigos espirituais, nos deixando ali com lágrimas nos olhos e
a meditar na lição que tivemos.
Um Espírito de bem com a vida

A entidade que vamos apresentar agora, chegou e assim que percebemos


que tomava a mediunidade, nos aproximamos para dar-lhe as boas-vindas:
— Seja bem vindo, amigo, você está num pronto socorro espiritual e
estamos aqui reunidos em nome de Jesus para ajudar se possível.
— Eu estou bem, sei que lugar é este; as pessoas que me trouxeram me
informaram – falou ele num tom amistoso, que demonstrava bom-humor.
Na medida que fomos conversando com esse irmão, pela desenvoltura que
exibia, pelo jeito alegre de falar, notamos que ele realmente estava bem. Além
disso, nos chamou também a atenção, algo que foi muito bem transmitido pela
mediunidade. Era o seu jeito um tanto extrovertido e até meio travesso na fala,
o que nos fez concluir, que estávamos diante de um jovem.
A nenhum espírito perguntamos seu nome, mas esse irmãozinho
espontaneamente nos disse o seu apelido e até sua idade e tratava-se realmente
de um moço.
Vamos esclarecer que a vida espiritual, é continuidade da vida terrena,
motivo pelo qual os espíritas repetem sempre aquela famosa frase: “A vida
continua”, querendo com isso dizer, que nós nos vemos do “lado de lá”,
exatamente como “saímos daqui”, ou seja, com os mesmos defeitos, com as
mesmas virtudes e também com o mesmo aspecto físico, pelo menos por
determinado período de tempo, que também é bastante variável, dependendo
de cada ser.
Em “O livro dos Espíritos”, na questão número 107, descrevendo os
caracteres gerais dos “bons espíritos”; entre outras coisas, diz ali:
“Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam, mais ou
menos, segundo sua categoria, os traços da existência corpórea, seja na forma
da linguagem, seja nos seus hábitos onde se descobrem mesmo algumas de
suas manias; de outro modo, seriam espíritos perfeitos”.(17)
Esse espírito com quem conversamos, revelou que já há algum tempo
deixara o corpo físico. Tinha sido ele assassinado num local ermo, por
indivíduos que o assaltaram.
Disse-nos também que não trazia ódio no coração, muito menos desejos de
vingança, o que demonstrava sua boa índole.
Durante nossa conversa, pudemos notar nesse jovem, que, além de falar
fácil, ele irradiava muita simpatia. Tratava-se realmente de uma pessoa muito
cativante e chamando-o pelo apelido, chegamos mesmo a dizer-lhe:
— Não é preciso vê-lo, amigo P... para saber que você é a simpatia em
pessoa.
Ele riu e terminada nossa conversa, se despediu feliz. Com certeza seria
conduzido pelos amigos espirituais, para aprendizados sempre necessários,
visando o incessante crescimento espiritual.
Muitas vezes por tão pouco, perdemos o bom-humor, a alegria de viver e
adentramos pelos caminhos do aborrecimento, da cólera , da mágoa.
Não esqueçamos que sentimentos como esses, além de prejudicar o espírito
dificultando nossa evolução, são também prejudiciais à saúde física e psíquica.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, falando da cólera, em determinado
trecho diz assim:
“Se o homem ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a
saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira
vítima”.(18)
Muitos no lugar desse espírito com quem conversamos, partiriam para a
vingança. Carregados de ódio, iriam perseguir e obsediar seus assassinos. No
entanto, esse irmão nos deixou uma grande lição, mostrando que o ódio, a
cólera, a vingança, não compensam, só prejudicam. Então, muito melhor
permanecermos de bem com a vida como ele.
Jesus em Mateus capítulo V, versículos 5 e 9, nos falou das compensações
que aguardam aqueles que não carregam ódio no coração:
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de
Deus”.(19)
Todos ainda somos orgulhosos

Habituados que estamos aos trabalhos mediúnicos e conhecendo há vários


anos os médiuns com quem trabalhamos, aprendemos ao menor sinal a
pressentir a presença de um irmão desencarnado junto a esses médiuns.
Dissemos isso para informar que esse espírito de quem vamos nos ocupar
agora, ao contrário da maioria das entidades que, ao se aproximarem,
manifestam de forma ostensiva sua presença; esse espírito chegou muito
discretamente, quase imperceptível, mas sabíamos que ele ali estava.
Como habitualmente fazemos, dando início a conversa dissemos:
— Seja bem vindo, amigo.
— Como se atreve a dirigir-se a mim? – falou ele seco e arrogante.
— Calma, amigo – respondemos. – Estamos aqui reunidos em nome de
Jesus e nossa intenção não é outra, senão a de ajudar.
— Você é muito atrevido mesmo – disse ele. – Saiba também que não é a
qualquer um, a quem eu me dirijo – completou.
Fizemos várias tentativas procurando entabular uma conversa com esse
irmão. Queríamos saber qual seu problema, pois logicamente ele não fora
conduzido até ali à toa, mas estava realmente difícil abordar essa entidade.
— Você sabe com quem está falando? Você sabe quem eu sou? – retrucava
ele a cada tentativa nossa.
Imaginamos que talvez, quando encarnado, esse irmão tenha sido algum
milionário muito orgulhoso. Quem sabe um intelectual, cujos títulos
acadêmicos o tornaram arrogante. Ou quem sabe, ainda, tenha ele ocupado
algum cargo de realce que o fizera prepotente demais. Não saberíamos dizer o
motivo de tanta soberba, mas o fato é que, diante de nós, tínhamos um irmão
difícil no trato e sinceramente ficamos penalizados.
Não temos certeza se a medida que tomamos foi recomendável, se foi
psicologicamente correta, mas dirigimo-nos a ele de forma muito serena e com
autoridade de um pai ao dirigir-se ao filho, ou com a liberdade que tem um
irmão consanguíneo de dirigir-se ao seu irmão, falamos sem rodeios:
— Amigo, seja mais humilde, ou como se costuma dizer “abaixe um pouco
a bola”, senão não dá para conversarmos.
Medida certa ou não, o fato é que surtiu efeito. Percebemos que ele ficou
um tanto chateado e daí por diante passou a conversar normalmente conosco.
Esse irmão não era mau, claro que não. Era um espírito sofredor, que nem
ao menos sabia que já tinha deixado seu corpo de carne.
Ao final oramos por ele, que em seguida se retirou, consciente agora da sua
nova situação e conformado com ela.
Longe de nós faltar com o respeito com quem quer que seja, mas apenas
para levar esta história para o lado da descontração; nunca antes na hierarquia
humana, pudemos alcançar progresso tão grande e em tão curto tempo. Da
condição de simples subalternos que esse irmão ao chegar nos colocava, ao
sair ele já nos guindava, ou nos tratava como alguém do seu mesmo nível.
Queremos deixar claro aqui, que quando chamamos a atenção desse irmão,
falando para que fosse ele um pouco mais humilde, o que nos moveu, não foi
autoridade moral, porque também infelizmente muito orgulhosos somos
ainda. Aquelas palavras brotaram no coração e de repente nos sentimos
encorajados, para tocados de emoção repreendê-lo, falando daquela forma.
A humildade é virtude que todos nós temos que lutar muito ainda para
conquistar e assim nos incluirmos entre aqueles:
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
céus”(20). Ensinamento que Jesus nos deixou em Mateus capítulo V, versículo
3.
Um Espírito inconformado com a
ingratidão

O espírito com quem conversávamos, agora, tinha sido retirado da sua


própria casa e chegou mostrando-se bastante indignado com o
comportamento dos filhos, que nem de longe poderiam imaginar, que o pai
presente no ambiente doméstico, a tudo presenciava.
— Ingratos, são todos ingratos – repetia esse irmão.
— Com quem você está bravo amigo? Quem são essas pessoas ingratas? –
perguntamos.
— Eu não estou bravo; estou decepcionado – respondeu ele. – A gente cria
os filhos com dedicação, procura dar a melhor educação possível, ensina bons
princípios e no final qual é a recompensa? Eu sei que já morri – continuou. –
Morri e permaneci na minha própria casa, e sabe o que está acontecendo lá?
— Não sei, amigo. O que está acontecendo lá?
— Na minha casa está acontecendo a maior briga por causa de herança.
Você acredita numa coisa dessas? E olha que eu não deixei grande coisa. De
mim mesmo, ninguém se lembra mais.
Essas últimas palavras do nosso irmão foram ditas com muita amargura.
Procuramos confortar e tranquilizar essa entidade que trazia o coração
bastante ferido. Dissemos ser a ingratidão um defeito grave, mas que essa
mazela não era patrimônio exclusivo dos seus filhos; infelizmente todos nós
trazemos conosco esse grande mal.
— Praticamos a ingratidão – dissemos. – Principalmente contra nosso Pai
Celestial. Quanta misericórdia tem Ele para conosco. Quantas oportunidades o
Senhor nos oferece para resgatarmos tantos erros praticados. Quantas bênçãos
o Pai eterno nos concede. Tudo isso sem falar da Sua proteção constante e do
Seu imenso amor que nunca nos falta. Será que nos lembramos de agradecer
tantas dádivas?
Prosseguimos:
— Amigo, observemos outra coisa, o Pai nos criou eternos, somos seres
imortais, você é prova disso. Que maravilha sabermos que não teremos fim. E
lhe perguntamos agora: Quantas vezes nos lembramos de agradecer ao Pai,
esse enorme presente que Ele nos deu da vida eterna?
— É verdade. – concordou esse espírito agora mais calmo.
— Então, amigo, não guarde mágoa dos seus filhos; pelo contrário,
continue amando-os, ore por eles, porque no caso da ingratidão, nenhum de
nós pode atirar a primeira pedra.
Conversamos mais algum tempo com esse irmão, depois ele se retirou e
poderíamos dizer que saiu dali até feliz. Nem poderia ser diferente, porque
qual pai consegue guardar mágoa dos filhos por muito tempo?
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo: “Honrai a vosso pai e
a vossa mãe”, diz:
“A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os
corações honestos. Mas a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda
mais odioso”.(21)
Portanto, aos que devemos obrigações, não sejamos mal agradecidos.
Quanto aos nossos pais, são imensos os deveres e a gratidão que temos para
com eles. Não esqueçamos o ensinamento de Jesus em Lucas capítulo XVIII,
versículo 20:
“Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não
dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe”.(22)
Aliás, Jesus nessa passagem está relembrando parte dos “Dez
mandamentos”; quer dizer, Moisés cerca de 1.500 anos antes de Cristo, já
ensinava:
“Honra a teu pai e a tua mãe, para que te prolonguem os teus dias na terra
que o Senhor teu Deus te dá”.(23)
Um irmão delinquente

Nos aproximamos da mediunidade e iniciamos o diálogo com esse irmão


que chegava com muito medo:
— Seja bem-vindo, amigo. Vamos conversar um pouco?
— Psiu! Fala baixo – respondeu ele.
— Por que devemos falar baixo? – indagamos.
— Aqui no mato onde estou escondido, eles não irão me encontrar –
respondeu sussurrando esse espírito.
— De quem você está se escondendo? – tornamos a perguntar.
— Fala baixo, já disse; estou me escondendo da polícia e eles estão vindo
até com cachorros para me procurar.
Tentando despertar a razão dessa entidade, então questionamos:
— Não parece estranho isso tudo, amigo? Você se esconde da polícia no
mato, e ao mesmo tempo conversa conosco sem ao menos nos conhecer.
Como se explica isso?
— Sim! É verdade mesmo! Quem é você? Como me encontrou?
— Calma amigo, devagar vai entender tudo. Você não está mais lá no mato.
Está agora num pronto socorro espiritual. Parece que a polícia o encontrou.
Não aconteceu isso?
— É, você tem razão, a polícia realmente me encontrou – confirmou ele.
— Não houve tiros? – arriscamos ainda.
— Sim, houve tiros, muitos tiros – confirmou ele.
Como ficou bastante claro nesse diálogo, conversamos com um foragido da
polícia e que localizado, acabou morrendo baleado por ela.
Assustado pela morte que o surpreendeu, esse irmão conversava conosco,
querendo parecer que ainda estivesse vivendo na carne. Pelo final da nossa
conversa, na qual ele reconhecia que a polícia o encontrara e também por se
lembrar de muitos tiros, esse irmão sabia que havia morrido nesse confronto;
apenas procurava dissimular, levado com certeza pelo medo que tinha de
enfrentar a morte.
Importante dizer, também, que em nenhum momento perguntamos a esse
irmão, que delito tinha ele cometido. Não ficamos sabendo se era ele
assaltante, sequestrador, ou assassino.
Ao orientador não cabe fazer interrogatórios, porque nenhum espírito
chega num trabalho mediúnico na condição de réu e muito menos tem, o
orientador, o papel de juiz.
Também não tem o orientador que estar curioso a respeito da vida do
espírito, nem antes e nem depois da sua morte.
Quando um espírito, através da mediunidade vem conversar conosco, quem
quer que seja ele, vem em busca de conforto, orientação, vem para que
possamos orar a Deus, pedindo misericórdia e a assistência dos bons espíritos
em nome de Jesus.
Se um delinquente é conduzido pelos bons espíritos a um trabalho
mediúnico, como qualquer outro, merece ele todo o nosso respeito.
Possivelmente houve a favor dele, a prece de um intercessor, ou esse espírito
de uma forma ou de outra, reuniu méritos para isso acontecer. Além disso,
também não sabemos desde quando está esse irmão na espiritualidade e quais
as situações pelas quais já passou. Então, não nos cabe preconceitos e nem
formar juízo de quem quer que seja.
Não esqueçamos: quem prejudica seus semelhantes, jamais ficará impune
perante as leis divinas. Portanto fiquemos tranquilos, porque essas leis se
cumprem automaticamente; quem lesa seu irmão, mais cedo ou mais tarde será
cobrado por isso.
Dessa forma, a ninguém façamos julgamentos; não conhecemos os
agravantes, nem tampouco os atenuantes que possam existir a seu favor. Na
verdade, não conhecemos a nós próprios. Não é raro, surpresos conosco
mesmos depois de uma atitude tomada, seja ela positiva ou negativa, dizermos
admirados: “Puxa! Eu não sabia que era capaz de fazer isso”.
Já nos ensinou Jesus em Mateus, capítulo VII, versículo 1:
“Não julgueis, para que não sejais julgados”.(24)
Espíritos que se transformam em animais

Nos aproximamos da mediunidade e ela bastante inquieta nos disse que não
era nada agradável o que estava sentindo. Logo, em seguida, tomada de medo,
embora experiente no campo mediúnico, nos disse que o que estava vendo não
tinha forma humana.
Procurando encorajá-la, respondemos que confiasse em Deus, fosse quem
fosse esse espírito, não podíamos esquecer que acima de tudo era um irmão
nosso e que ali estávamos para servir.
Pedimos a concentração de todos e em prece rogamos a proteção do Pai e
que também naquele momento fizesse Ele de nós, instrumentos em Suas mãos
em nome de Jesus.
Certamente sob o rigoroso controle dos mentores espirituais, os
verdadeiros condutores dos trabalhos mediúnicos, não precisamos esperar
muito e aquele espírito se apresentou violento e com certeza teria esmurrado a
mesa com muito mais vigor, não fosse a vigilância da mediunidade experiente.
Realmente é um quadro muito triste e de cortar o coração, ver criaturas se
apresentarem nas condições em que essa apresentava-se. Com amor sincero,
dissemos a essa entidade para se acalmar, pois não se encontrava ela entre
inimigos; pelo contrário, só queríamos ajudá-la.
A voz rouquenha e a extrema dificuldade em pronunciar palavras, tornava
quase impossível entender o que essa entidade queria dizer. Assim, com muito
sacrifício e a dedução nos auxiliando, percebemos que esse irmão fazia parte
de uma dessas falanges que se denominam “justiceiros”, que obsediam e
castigam duramente encarnados e desencarnados que esses grupos julgam
“devedores”.
Observando mais atentamente a postura da mediunidade nesse momento;
reparamos que ela mantinha os braços sobre a mesa, bastante retesados e
levemente curvados nos cotovelos. Reparando as mãos, seus dedos “mínimo”
e “anelar”, estavam dobrados, ou encolhidos, enquanto que os outros três
dedos permaneciam distendidos. Isso fazia-nos ver, que esse espírito possuía
“garras”, ou coisa semelhante.
Esse espírito foi se acalmando pouco a pouco, na medida que compreendeu
estar num ambiente amigo, onde realmente queríamos ajudá-lo. Na verdade,
apesar da aparência que trazia, tínhamos ali um irmão abatido, cansado de
causar tantos sofrimentos às suas vítimas, sem que isso fosse capaz de estancar
seus próprios padecimentos que de há muito carregava.
Oramos por esse irmão que, fazendo sinais com a cabeça, nos disse sentir-
se mais aliviado. Em seguida foi ele levado pelos amigos espirituais para o
devido tratamento.
Essa forma animalesca que certos espíritos adquirem e assim são levados
até com certa frequência em trabalhos mediúnicos, ocorre devido ao fato do
perispírito, envoltório do qual o espírito está revestido, ser bastante plasmável,
ou moldável e assim, através do pensamento, esses espíritos “se modelam” por
assim dizer, na forma que desejarem.
Na questão número 95, de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta:
“O envoltório semimaterial do espírito tem formas determinadas e pode ser
perceptível?”
E os espíritos respondem:
“Sim; tem uma forma que o espírito deseja, e é assim que eles se vos
apresenta algumas vezes, seja em sonho, seja em estado de vigília, podendo
tomar forma visível e mesmo palpável”.(25)
Já André Luiz, no livro: “Nos domínios da mediunidade”, referindo-se a
Castro, um médium que adormecido, seu espírito deslocava-se do corpo físico,
diz:
“Castro é ainda um iniciante no serviço. À medida que entesoure
experiência, manejará possibilidades mentais avançadas, assumindo os aspectos
que deseje, considerando que o perispírito é constituído de elementos
maleáveis, obedecendo ao comando do pensamento, seja nascido de nossa
própria imaginação, ou da imaginação de inteligências mais vigorosas que a
nossa, mormente quando a nossa vontade se rende, irrefletida, à dominação de
espíritos tirânicos, ou viciosos, encastelados na sombra”.(26)
Os espíritos que adquirem formas animalescas e que são interpretados
como demônios pelos nossos irmãos das outras religiões, quando não foram
outras entidades maléficas as causadoras dessas transformações, assim se
apresentam, para se imporem através do terrível pavor que causam às suas
vítimas.
Quem sabe sejam essas criaturas, as mais doentes da alma e, portanto, as
mais necessitadas das nossas preces e da misericórdia do Pai, como já disse
Jesus em Mateus capítulo IX, versículo12:
“Não necessitam de médicos os sãos, mas sim os doentes”.(27)
Uma mulher religiosa

— Eu preciso dormir, eu tenho que dormir.


Era só o que dizia aquela entidade que acabava de chegar. A princípio
pensamos que aquela necessidade urgente de dormir, embora não houvesse
sono, fosse causada pelo medo da morte, porque não é incomum
conversarmos com espíritos que só querem dormir, buscando no sono, a fuga
para não terem que enfrentar a realidade da morte que os apavora. Isso nos faz
lembrar muito aquela ave que procura esconder a cabeça na terra, pensando
com isso escapar do perigo iminente.
— Por que você deseja tanto dormir? Do que está fugindo? – indagamos.
— Não estou fugindo de nada, preciso dormir porque é assim que tem que
ser – respondeu ela. (Tratava-se de uma mulher)
— Não estamos entendendo. Por que você diz que é assim que tem que
ser? Por que obrigatoriamente tem que dormir? – tornamos a perguntar.
— Ora, é assim que eu aprendi. Quando a gente morre, tem que dormir
para esperar a chegada do dia do “juízo final” e você está tentando me impedir
de dormir – respondeu ela já um tanto irritada.
Entendemos que conversávamos com uma pessoa que tinha sido muito
apegada a sua religião e que também tinha plena consciência da sua condição
de desencarnada.
Dissemos a ela que se encontrava agora num pronto socorro espiritual e
não precisava ter medo, pois estávamos ali reunidos em nome de Jesus e nossa
intenção era somente ajudá-la.
Parece que essa entidade percebeu estar num Centro Espírita, porque agora
já demonstrava medo e dizia insistentemente que queria ir embora dali,
chegando mesmo a dizer:
— Eu sei muito bem! Você é um demônio e quer impedir que eu durma.
Estava realmente difícil convencer aquela criatura, de que não havia
necessidade de dormir se não tinha sono e também que se acalmasse, pois só
queríamos ajudá-la. Sendo o Espiritismo para as outras religiões coisa do
demônio e sabendo agora onde estava, para ela não passávamos do “capeta”,
procurando “tentá-la”.
De repente, feliz e ao mesmo tempo aliviada, ela quase aos gritos,
exclamou:
— Minha mãe! Eu estou vendo! Ela está dizendo que eu não preciso ter
medo.
Essa alegria pouco durou. Dali há pouco ela se refez e novamente tomada
de medo falou:
— Não! Vocês estão querendo me enganar. Eu sei muito bem que o
demônio tem poderes para se passar até por minha mãe e assim me ludibriar.
Nesse instante, sem mais argumentos, elevamos o pensamento a Deus e
pedimos para que de alguma forma aquela irmã se convencesse da verdade.
Parece que a prece possui poderes mágicos. O que Deus não faz, quando
Seus filhos elevam o pensamento a Ele? Quando terminamos a prece, essa
mulher tão arraigada aos seus princípios religiosos, além de ver que num
Centro Espírita as pessoas também oram, num relance compreendeu que
assim como em sua igreja, Deus ali também se faz presente, então ela
finalmente se tranquilizou e sua mãe pôde levá-la.
A bem da verdade, não podemos deixar de registrar aqui, que quando essa
entidade nos confundiu com o demônio, a princípio nos sentimos ofendidos e
isso chegou mesmo a doer por dentro. Mas imediatamente nos restabelecemos
ao pensar que, afinal, essa mulher nos confundiu com um ser que não existe,
uma vez que aquela criatura expulsa do céu porque se rebelou contra Deus,
habitando as profundezas do inferno e voltada para o mal, eternamente, sem
qualquer chance de recuperação, para nós Espíritas, essa criatura não existe.
Portanto, nenhuma razão havia para nos sentirmos ofendidos. Aliás, “O livro
dos Espíritos” diz:
“A palavra demônio não implica na ideia de espírito mau senão na sua
significação moderna, porque a palavra grega daimôn, da qual se origina,
significa gênio, inteligência, e se emprega para designar os seres incorpóreos,
bons ou maus, sem distinção”.(28)
Jesus em Lucas capítulo XV, versículo 4, diz:
“Que homem, de entre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não
deixa no deserto as noventa e nove e não vai, após, à perdida até que venha a
achá-la?”(29)
Essas palavras do Mestre mostram, claramente, que nenhuma ovelha do Pai
se perderá, ou seja, ninguém será condenado a penas eternas. Não havendo
condenados a penas eternas, qual a função do demônio? Um demônio sem
função, qual a razão da sua existência?
Um caso de obsessão

O que vamos narrar agora, logicamente não é caso a se repetir todo dia
num Centro Espírita; mas, também não é coisa tão rara assim de acontecer.
Com mais de trinta anos dentro do Espiritismo, já tivemos oportunidade de
nos defrontar com várias situações como essa.
Esses casos normalmente começam iguais. O carro estaciona em frente ao
Centro Espírita, alguém abre a porta desse veículo e do seu interior é retirada
uma pessoa, que sem qualquer firmeza nas pernas, é conduzida amparada e
aos gritos para dentro do Centro.
Até nesse ponto, os procedimentos da chegada ao Centro de pessoas
possuidoras de obsessões graves se assemelham. Daí por diante, cada caso é
um caso.
Essa pessoa acabava de ser conduzida ao Centro, exatamente nessas
condições que acabamos de descrever. Colocada numa cadeira, logicamente ela
forçava tentando se levantar para ir embora. Pedimos várias vezes para se
acalmar e com palavras amigas, procuramos fazê-la ver que estava entre
pessoas que desejavam unicamente ajudar.
Nesses casos, embora pareça que estamos falando com a pessoa encarnada,
ou obsediada, na verdade estamos nos dirigindo mais especificamente ao
espírito obsessor, porque é ele que está ali atuando; é ele, que cheio de ódio,
está no domínio da situação e promovendo todo constrangimento à pessoa
obsediada. Além disso, ao voltar ao normal, a pessoa obsediada muitas vezes
nem se lembrará do que ocorreu. Nesse momento, a obsediada nos serve de
médium para chegarmos ao espírito obsessor.
Elevamos o pensamento a Deus e em prece pedimos ajuda àquela entidade
tão necessitada.
Depois disso esse espírito obsessor se acalmou bastante, percebendo que
realmente queríamos ajudá-lo. Muitas vezes, o espírito obsessor pensa que só
queremos ajudar o obsediado e ele que “se dane”. No Espiritismo não é assim,
o obsessor, tal qual o encarnado, é um irmão que requer todo o nosso carinho
e respeito.
Às vezes também acontece que o espírito obsessor, além de odiar a pessoa a
quem obsedia, passa a odiar também aqueles que procuram intervir no
processo de vingança que ele executa. Nesse caso, é necessária a intervenção
mais severa dos nossos amigos espirituais.
Existe também aquele espírito obsessor, que só odeia a pessoa a quem ele
obsedia, porque foi essa pessoa que o prejudicou. Não tendo nada contra as
demais que nada lhe fizeram de mal, essas outras pessoas lhe são indiferentes,
podendo até mesmo vir a ganhar sua simpatia, se fizerem por merecer isso.
Esse espírito era dessa categoria.
Essa entidade foi levada pelos espíritos bondosos da nossa Casa Espírita e a
pessoa obsediada que chegou aos gritos e praticamente arrastada, depois do
passe e da água fluidificada, foi embora sem se lembrar de nada e também sem
que ninguém precisasse segurá-la.
Posteriormente, em trabalhos mediúnicos, tivemos oportunidade de
conversar com esse espírito obsessor, que compreendeu o erro que cometia e
abandonou sua vítima. A esse irmão poderíamos lembrar aquelas palavras do
Cristo em Mateus, capítulo VI, versículo 14:
“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
Celestial perdoará a vós”.(30)
Quanto a pessoa obsediada, teve ela ainda algumas recaídas, isso porque
dificilmente um espírito obsessor atua isoladamente. Se no passado a vítima de
hoje prejudicou a muitos, são muitos também aqueles que agora fazem a
cobrança. Se prejudicou somente a uma pessoa, nunca faltarão criaturas
devotadas ao mal, para se juntarem a esse vingador, ou obsessor.
Hoje, no entanto, essa pessoa que chegou obsediada ao Centro está bem e
se quiser permanecer assim, é preciso seguir o ensinamento de “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, no capítulo: “Amai os vossos inimigos”, em que diz:
“Não há coração tão perverso que mesmo a seu mau grado, não se mostre
sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se pelo menos,
todo pretexto as represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo,
antes e depois da sua morte”.(31)
A obsessão que mostra a reencarnação

Há tempos, iniciamos um tratamento espiritual com uma pessoa que se


encontrava bastante perturbada, ou obsediada.
Esse tratamento espiritual era feito nos dias de trabalhos mediúnicos. Essa
pessoa ia ao Centro pouco antes dos trabalhos começarem, recebia passe,
tomava água fluidificada e em seguida ia embora, sem participar, é claro, dos
trabalhos.
Em algumas ocasiões, tivemos oportunidade de conversar durante os
trabalhos mediúnicos, com espíritos que obsediavam essa pessoa que era do
sexo feminino. Alguns desses espíritos, faziam questão de frisar um detalhe
muito interessante. Diziam eles assim:
— Naquela ocasião, quando essa pessoa nos prejudicou, não era ela, era ele
– com medo que não pudéssemos entender. – Você está entendendo? – ainda
insistiam.
— Sim amigo, estamos entendendo perfeitamente – respondíamos. – Você
vem nos trazer mais uma prova de que a reencarnação existe, acrescentávamos.
Certo dia um desses espíritos, sem saber que somos reencarnacionistas e
com receio de que não o levássemos a sério, chegou mesmo a dizer:
— Não pense você que eu estou ficando louco, mas, ela naquele tempo era
ele.
Claro que acreditamos na reencarnação, caso contrário não seríamos
Espíritas, mas a beleza dessa informação, vinda diretamente de testemunhas
oculares e ditas de forma tão espontânea, nos pegando completamente de
surpresa, nos deixou simplesmente encantados.
No tocante à mudança de sexo, o que esses espíritos nos informaram, em
nada contraria nossa doutrina Espírita; pelo contrário, “O livro dos Espíritos”,
na questão número 201, quando Allan Kardec pergunta:
“O espírito que animou o corpo de um homem, em nova existência pode
animar o de uma mulher, e vice-versa?”
E os espíritos respondem:
“Sim, são os mesmos espíritos que animam os homens e as mulheres”.(32)
Quanto à reencarnação, Jesus já nos deixou claro que ela existe, basta
lermos João capítulo III, versículos 3, 4 e 7:
“Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer sendo velho? Por
ventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo”.(33)
Também em Mateus capítulo XVII, versículos 10 a 13, Jesus mais uma vez
fala da reencarnação:
“E os seus discípulos o interrogaram dizendo: Por que dizem então os
escribas que é mister que Elias venha primeiro?”
E Jesus respondendo, disse-lhes: “Em verdade Elias virá primeiro e
restaurará todas as coisas; mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram,
mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o
filho do homem”.
“Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista”.(34)
Ainda em Mateus capítulo XVIII, versículos 12, 13 e 14 diz Jesus:
“Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se
desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que
se desgarrou?”
“E se porventura a acha, em verdade vos digo que maior prazer tem por
aquela do que pelas noventa e nove que não se desgarraram.”
“Assim também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um
destes pequeninos se perca”.(35)
Então, como vemos, ninguém está condenado a penas eternas. Mesmo o
maior pecador um dia se redimirá e voltará ao aprisco do Pai, ainda que tenha
que reencarnar tantas vezes quantas forem necessárias sob condições
extremamente dolorosas. Aliás, já não é isso um verdadeiro inferno?
Com tantas evidências, como não acreditar ainda na reencarnação?
Respeitemos os mortos

Nos aproximamos da mediunidade, pois um espírito ali se manifestava e foi


justamente ele quem iniciou a conversa, de forma um tanto ríspida:
— Não venha me dizer que estou morto, porque eu já sei que morri.
— Calma, amigo – dissemos. – Não costumamos fazer isso.
Esse espírito estava nervoso, mas isso não o tornava calado; pelo contrário,
ele até falava com bastante desenvoltura.
— Você acha que está certo isso? – foi ele dizendo. – Eu acompanhei meu
próprio enterro, vi meu próprio velório e sabe mais o que vi?
— O que você viu, amigo? – perguntamos.
— Vi gente rindo, pessoas contando anedotas e sabe o que me deixou mais
indignado?
— Pode falar, estamos lhe ouvindo.
— Presenciei indivíduos se acercando da minha esposa com o pretexto de
confortá-la, mas que na verdade a estavam cobiçando e, pensava eu, que
fossem eles meus amigos. Você acha que está certo isso?
— Claro que não está certo, amigo – respondemos. – Você tem razão,
muitas pessoas, em vez de irem a velório, seria bem melhor que ficassem em
casa.
Conversamos mais algum tempo ainda com esse irmão procurando acalmá-
lo. Dissemos que não valia a pena ele ficar tão contrariado com o que tinha
presenciado no próprio velório; com certeza ele não era o primeiro e
tampouco seria o último a passar por situação tão triste como aquela.
Lembramos ainda ao amigo, que aos olhos de Deus nada escapa. Aqueles que
riram e contaram anedotas em seu velório, também iriam morrer e quem sabe
passar pela mesma situação desagradável.
Depois da nossa conversa ele se foi e deu para perceber que saiu dali bem
mais tranquilo.
É muito importante frisarmos aqui. Não é a forma primorosa no se
expressar, coisa que absolutamente não possuímos, que irá trazer tranquilidade
à esses irmãos conduzidos para conversar conosco. Confessamos mesmo, que
muitas vezes nesses momentos nos foge a palavra correta, a frase mais exata.
Na realidade o segredo para tranquilizar essas criaturas, está no saber ouvir,
está na atenção e sobretudo no carinho que se dedica a elas.
Precisamos também dizer, que as conversas mantidas com os espíritos,
estão narradas aqui de maneira muito resumida, mostrando desses diálogos
tão-somente a essência, que na realidade é o que nos importa.
Estamos dizendo isso para relatar que ao final da conversa com esse irmão,
quando já se mostrava ele bastante calmo, pudemos notar que diante de nós
tínhamos um homem bom, apenas chocado por presenciar atitudes que o
feriram muito e o deixaram indignado; diga-se de passagem com muita razão,
porque essas atitudes inconvenientes vinham dos seus próprios amigos.
Compreendamos que velório é lugar de respeito e recolhimento. O
desencarnado, cujo corpo ali está sendo velado, nesse momento difícil de
transição da vida material para a vida espiritual, necessita muito das nossas
preces.
Além disso, qualquer atitude menos digna da nossa parte, poderá não passar
despercebida pelo próprio desencarnado. Na questão 327 do “O livro dos
Espíritos”, Allan Kardec pergunta:
“O espírito assiste ao seu enterro”?
E os espíritos respondem:
“Muito frequentemente assiste, mas, algumas vezes, não compreende o que
se passa, se está ainda perturbado”.(36)
Então, ao marcarmos presença num velório, permaneçamos naquele local
pelo menos em silêncio. Se precisarmos conversar com alguém, façamos isso
em voz baixa, evitando a conversa fútil e prolongada.
Lembremo-nos de que um dia também iremos desencarnar e que o
desprendimento do perispírito do corpo físico, poderá vir acompanhado de
uma boa dose de perturbação. Nesse momento difícil de transição, com toda
certeza o que irá mesmo nos ajudar serão as preces e não as piadas.
Assim, não façamos aos outros o que não gostaríamos que os outros nos
fizessem, ou como disse o Cristo em Mateus capítulo VII, versículo 12:
“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós, porque esta é a lei e os profetas”.(37)
A dor do arrependimento

Esse espírito chegou e antes que pudéssemos falar alguma coisa foi logo
dizendo:
— Tenho sofrido muito – fazendo uma pausa. – Mas, eu mereço esse
sofrimento porque matei, matei muito – completou.
— Então perguntamos:
— Amigo, o que significa exatamente, “matei muito”?
— Sou mulher – corrigiu ela. – Fiz muitos abortos, me pagavam e eu fazia
isso sem medir as consequências do que estava fazendo.
Pelo tom de voz com que foram ditas essas palavras, podíamos perceber o
grande abatimento moral que trazia essa irmã e não era preciso vê-la para
saber que, diante de nós, ali estava um verdadeiro “farrapo humano”.
Conversamos mais um pouco com essa entidade e ela nos contou dos seus
terríveis padecimentos em regiões tenebrosas, onde se via perseguida
constantemente por figuras horrendas. Falou também das visões apavorantes,
nas quais criaturas revoltadas, que foram suas vítimas, não cessavam de
atormentá-la.
Percebendo o sentimento de culpa muito grande que a torturava e o
arrependimento sincero que trazia, então sugerimos:
— Amiga, porque você não eleva o pensamento a Deus e pede perdão a
Ele pelos erros cometidos?
— Será que Deus vai me perdoar? – perguntou ela.
— Claro que vai – respondemos. – Todos nós erramos, todos nós somos
grandes devedores perante as leis divinas. Não vamos dizer a você, que quando
pedimos perdão ao Pai, Ele simplesmente passa uma borracha sobre o que
fizemos de errado e fica tudo por isso mesmo como se nada tivesse
acontecido; não é assim. O perdão do Pai, consiste nas oportunidades que Ele
concede, de repararmos os erros e os prejuízos que causamos aos nossos
semelhantes.
Peça perdão a Deus minha amiga e deixe por conta Dele que possui
recursos inimagináveis, para podermos de um jeito ou de outro, no momento
exato, reparar as nossas graves faltas.
— Estou entendendo – falou ela resignada.
O arrependimento pelos erros cometidos, é sem sombra de dúvida um bom
sinal. Significa o primeiro grande passo para nos corrigirmos porque ninguém
se corrige, se antes não se arrependeu. Por outro lado é preciso ter muito
cuidado, porque o arrependimento traz sempre junto uma dor moral muito
grande, podendo levar o indivíduo a um círculo vicioso, ou ideia fixa, em que
ele fica o tempo todo remoendo o erro e os danos que causou, sem no
entanto, que esse sofrimento traga qualquer resultado prático, que seria o
conserto do erro e dos danos causados. É como derramar o leite e ficar
olhando para o chão se lamentando, em vez de pegar o pano e limpar.
Percebemos que essa nossa irmã estava nessa condição, porque o tempo
todo ela se autocondenava. Chamamos a atenção dela para esse fato e em
seguida os amigos espirituais a levaram.
Exceto nos casos em que a vida da mãe corre perigo, nessa situação, é
preferível sacrificar o ser que ainda não nasceu. O Espiritismo condena o
aborto, por ser isso um crime.
Vejamos o que diz “O livro dos Espíritos”, na questão número 358:
“O abortamento voluntário é um crime, qualquer que seja a época da
concepção”?
E os espíritos respondem:
“Existe sempre crime quando transgredis a lei de Deus. A mãe, ou qualquer
pessoa, cometerá sempre crime, tirando a vida à criança antes de nascer,
porque está impedindo a alma, de suportar as provas das quais o corpo deveria
ser o instrumento”.(38)
E Jesus em Mateus capítulo V, versículo 21, ensina:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar
será réu de juízo”.(39)
Suicídio? Nem pensar

Esse espírito mal incorporou e a agonia tomou conta da mediunidade que


se debatia desesperada, logicamente refletindo o estado em que se encontrava
essa entidade.
Com o dedo indicador apontando para o pescoço, com extrema dificuldade,
apenas sussurrou sufocante:
— Tira, tira a corda do meu pescoço.
Diante de tamanha aflição, não há como não se compadecer; elevamos o
pensamento a Deus, rogando permitisse Ele que os bons espíritos aliviassem
os sofrimentos daquela criatura.
Terminada nossa prece, esse espírito como quem de súbito sofresse um
desmaio, pendeu a cabeça bruscamente e caiu em sono profundo, sendo
levado em seguida pelos trabalhadores do plano espiritual.
Ao longo de vários anos participando de trabalhos mediúnicos, temos tido
a oportunidade de entrar em contato com muitos suicidas. Além do grande
sofrimento que trazem esses irmãos infelizes, o que também muito nos chama
a atenção, isso quando estão eles em condições de falar um pouco, é a grande
decepção que sentem, por se verem ainda vivos.
Ao buscarem a morte, tudo o que essas criaturas esperavam e desejavam
ardentemente, era desaparecer, evaporar-se, mergulhar no nada para sempre.
Mas daí vem a grande surpresa: tardiamente percebem elas, que continuam
existindo. Alguns desses espíritos chegam mesmo a pensar que não morreram
e continuam desejando morrer. Acham que a dose do veneno que tomaram foi
insuficiente, ou que o tiro de revolver, que dispararam contra si mesmos, não
foi fatal. É justamente aí que nós os lembramos: “Agora não é mais possível,
amigo. Não tem mais como você se matar. Deus nos criou eternos, você deu
cabo do seu corpo de carne, mas nós temos um espírito que sobrevive à morte
do corpo físico”.
Sejamos pacientes diante das aflições da vida. Não esqueçamos de que
neste Planeta de provas e de expiações em que vivemos, não existe criatura que
não sofra. Não esqueçamos, também, que Deus não permite sofrimentos
acima da nossa capacidade de suportá-los.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo: “Bem-aventurados os
aflitos”, diz:
“É incontestável que o suicídio tem sempre por causa um
descontentamento, quaisquer que sejam os motivos particulares que se lhe
apontem. Ora, aquele que está certo de que só é desventurado por um dia e
que melhores serão os dias que hão de vir, enche-se facilmente de paciência.
Só se desespera quando nenhum termo divisa para os seus sofrimentos. E que
é a vida humana, com relação a eternidade, senão bem menos que um dia”?
(40)
É importante lembrarmos, ainda, que o suicídio é uma falta muito grave
que cometemos contra as leis divinas e que, portanto, não ficaremos impunes
se cometermos essa falta.
Allan Kardec, em “O livro dos Espíritos”, na questão número 944,
pergunta:
“O homem tem o direito de dispor da sua própria vida”?
E os espíritos respondem:
“Não, só Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão
dessa lei”.(41)
Jesus disse em Mateus capítulo V, versículo 4:
“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”.(42)
Se buscarmos o suicídio, como forma de fugirmos das aflições desta vida,
com toda certeza estaremos jogando pela janela, a grande oportunidade de
estarmos ainda, nesta encarnação, incluídos entre esses bem-aventurados que
disse Jesus.
Não vim dar murros na mesa

Apresentando comportamento completamente oposto ao das entidades


semelhantes a essa, o espírito com quem iremos conversar, agora,
surpreendentemente chegou calmo e foi logo dizendo:
— Não sou como esses outros que chegam gritando e dando pancadas.
Não vim aqui berrar e nem dar murros na mesa; vim apenas trazer um recado.
Vocês estão mexendo conosco e não sabem com quem estão mexendo.
Entidades como essa, normalmente fazem parte de grupo, ou falange de
espíritos que montam verdadeiro império do mal nas regiões mais tenebrosas
da espiritualidade, de onde sentenciam e castigam sem piedade suas vítimas.
Então quando um espírito, como esse nosso irmão, chega e diz: “Vocês estão
mexendo conosco”, isso significa que alguma, ou algumas criaturas reféns
dessas falanges, foram socorridas pelos espíritos elevados e arrebatadas das
mãos, ou do reduto dessas entidades do mal. Logicamente eles ficam muito
enfurecidos com isso. Vem daí, aquela frase tão conhecida no meio espírita, de
que trabalho mediúnico, ou trabalho de desobsessão, é “mexer em vespeiro”.
Com todo respeito a esse espírito, porque todos sem exceção nenhuma são
dignos do nosso maior apreço, mas também, sem receios, respondemos a ele
que não tínhamos a menor intenção de provocá-lo, nem tampouco aos seus
companheiros. No entanto os espíritos do bem, vigilantes aos clamores
sinceros da misericórdia do Pai, iriam sempre em busca desses arrependidos,
estivessem eles aonde estivessem.
Não deixamos passar a oportunidade que tínhamos naquele momento e
dissemos ainda a esse irmão:
— Não sabemos quando, amigo; tomara que esse dia não esteja tão
distante, mas, cansado dessa vida infeliz que leva e do vazio enorme que ela
traz, um dia você também pedirá socorro ao Pai e Ele misericordioso com
todos os Seus filhos, imediatamente enviará emissários do amor, para também
resgatá-lo, esteja você aonde estiver.
— Isso nunca irá acontecer – retrucou ele.
— Nesses casos, meu amigo, “nunca” é uma palavra que não existe –
dissemos.
— Está dado o meu recado – disse ele e saiu sem tumultos, da mesma
forma como tinha chegado.
Não parecia que tínhamos conversado com um espírito ainda tão devotado
ao mal, não fosse a denunciá-lo, o péssimo estado em que deixou a
mediunidade com seus fluidos deletérios, precisando ela urgentemente de
passe e água fluidificada para se restabelecer.
Cabe perfeitamente nesse caso e por isso transcrevemos aqui, as palavras do
espírito Lammenais em sua mensagem em “O livro dos Espíritos”, no
capítulo: “Penas e gozos futuros”. Diz ele:
“Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir junto a vós o bom pastor que,
longe de vos querer banir para sempre de sua presença, vem ele mesmo ao
vosso reencontro para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, abandonai
vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna; o Pai vos
estende os braços e mantém-se pronto para festejar vosso retorno à família”.
(43)
E Jesus, que não veio a Terra para chamar os justos, mas sim os pecadores
ao arrependimento, diz em Lucas capítulo XV, versículo 7:
“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se
arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento”.(44)
Espíritos também se enganam

Vez ou outra aparecem nos trabalhos mediúnicos, espíritos tentando se


fazer passar por mensageiros do mais alto. Não é tão difícil assim identifiá-los.
Se não for pelos elogios que fazem a si mesmos, querendo com isso nos
convencer de que são bons, podemos identificá-los pelo conteúdo do que
falam, as vezes vazio, outras vezes contendo conselhos absurdos, ou ainda
demonstrando péssimo conhecimento da doutrina espírita. Podemos
identificá-los, também, pela postura inquieta, ou preocupante da mediunidade,
refletindo a falta de serenidade desses irmãos, temerosos que estão de serem
descobertos; serenidade essa, que os bons espíritos têm de sobra.
Não se trata de embuste o caso do espírito a quem vamos nos referir agora,
que chegou muito discreto. Disse que se sentia bastante feliz por ali estar e que
viera apenas de passagem, para trazer uma mensagem de carinho aos
presentes.
— Seja bem-vindo, amigo, fique a vontade – dissemos.
De início, ele se apresentou dando seu primeiro nome; em seguida falou
que se lembrava bem daquele ano em que perdera a vida num fatídico
incêndio, de famoso edifício localizado na capital paulista.
Prosseguindo, esse irmão deixou palavras de paz, otimismo e de muito
carinho a todos. Ele foi breve em sua mensagem. No final agradeceu, se
despediu e foi embora tão discreto como havia chegado, deixando bons
fluidos, fazendo com que a mediunidade se sentisse muito bem, sendo esse
fator, mais um indício positivo de que realmente ali estivera um espírito bom.
Terminado os trabalhos daquela noite, ao voltarmos para casa, em uma
breve pesquisa, pudemos ver que o edifício citado pelo nosso irmão, na
realidade havia incendiado dois anos após o ano informado por ele.
Agora vem a questão e o bom-senso é que decide: aquele espírito que nos
trouxe bela mensagem de amor, não deu nenhum conselho mau, ou duvidoso
que pudesse colocá-lo sob suspeita. Deixou bons fluidos e se retirou com a
mesma simplicidade que havia chegado. Seria justo julgá-lo impostor, maldoso,
ou zombeteiro, tão-somente por ter citado uma data errada, que
absolutamente em nada modificou sua mensagem carinhosa, deixada com
tanta boa-vontade?
“O livro dos médiuns”, no capítulo XXIV, que traz por título: “Identidade
dos espíritos”, diz assim no 17º item:
“Os bons espíritos não prescrevem senão o bem. Toda máxima, todo
conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade evangélica, não
pode ser obra dos bons espíritos”.(45)
E Jesus, em Lucas capítulo VI, versículos 43, 44 e 45, diz assim:
“Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom
fruto.
Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem
figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.
O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem
mau, do mau tesouro do seu coração tira o mau, porque da abundância do seu
coração fala a boca”.(46)
Portanto, nas mensagens que recebermos, vamos analisar com bastante
critério o seu conteúdo moral, porque precisamos estar atentos sim, para
diferenciar o certo do errado, o que é bom do que é mau, a verdade da
impostura.
É evidente que não devemos aceitar absolutamente nada que contrarie a
doutrina Espírita e os ensinamentos de Jesus. Mas, por outro lado, tenhamos
também o devido cuidado, para não nos precipitarmos em julgamentos que
nos levem a cometer injustiças e a faltar com a caridade e o respeito com
entidades que não mereçam isso. Apenas uma data errada, não deve ser para
nós, motivo para tanta preocupação, porque como pudemos ver, os espíritos
também estão sujeitos a lapsos de memória.
Um Espírito materialista

Por incrível que possa parecer, existem materialistas na espiritualidade.


Estávamos mais ou menos a meio dos nossos trabalhos, quando esse
espírito aproximou-se da mediunidade.
Percebendo sua presença, nos chegamos a ele e iniciamos a conversa:
— Seja bem-vindo; você está entre amigos.
— Você está me enxergando? – perguntou ele surpreso.
— Na verdade não – dissemos. – Não temos o dom da vidência –
acrescentamos.
— Mas, eu estou aqui presente – afirmou ele.
— Sim, disso nós temos absoluta certeza.
Na sequência da conversa, pudemos notar que esse irmão se encontrava um
tanto confuso e foi ele ainda quem disse:
— Recomendei tanto para minha família cremar meu corpo quando eu
morresse; não fizeram isso e olha só no que deu!
— No que deu? – perguntamos.
— Eu tenho um corpo, eu vejo esse corpo, é ele que está falando com você.
Se tivessem me cremado, nada disso estaria acontecendo, tudo estaria acabado,
tudo teria terminado em nada.
— Então, você não acredita que além do corpo físico, nós temos um
espírito que sobrevive à morte desse corpo? – perguntamos.
— Eu não acredito, porque sou materialista – respondeu ele.
— Você sabe que já morreu, pois como disse, não cremaram seu corpo.
Também não acredita no espírito. Então não é muito estranho um corpo sem
vida, que já foi sepultado, se movimentar, ouvir e falar?
Ele silenciou e então prosseguimos:
Amigo, é bem provável que sua família tenha realizado o seu desejo e
cremado seu corpo físico quando morreu, mas, nós temos um corpo idêntico
àquele e que sobrevive à morte. Permita ser claro: você está conversando
conosco num Centro Espírita e foi conduzido até aqui por espíritos bondosos
que querem ajudá-lo em nome de Jesus.
Nada mais tínhamos a acrescentar; então elevamos o pensamento a Deus,
agradecemos e rogamos que permitisse Ele o auxílio dos bons espíritos àquele
irmão.
Ao terminarmos a prece, percebemos que ele estava bastante emocionado
quando disse com a voz embargada:
— Lembro-me que eu também orava quando era pequeno.
— Vai voltar a orar, amigo; vai voltar a orar – dissemos.
Ele partiu, logicamente, sob os cuidados dos mentores espirituais.
Na verdade, não é de se estranhar que existam materialistas na
espiritualidade.
No livro: “O céu e o inferno” de Allan Kardec, o espírito de um
materialista que muito sofria, é evocado e questionado:
“Podereis dar-nos uma descrição mais precisa dos vossos sofrimentos”?
E esse espírito responde:
“Não sofreis aí na terra no vosso orgulho, no vosso amor próprio, quando
obrigados a reconhecer os vossos erros?
O vosso espírito não se revolta com a ideia de vos humilhardes a quem vos
demonstre o vosso erro? Pois bem! Julgai quanto deve sofrer o espírito que
durante toda a sua vida se persuadiu de que nada existia além dele, e que sobre
todos prevalecia sempre a sua razão. Encontrando-se de súbito em face da
verdade imponente, esse espírito sente-se aniquilado, humilhado. A isso vem
ainda juntar-se o remorso de haver por tanto tempo esquecido a existência de
um Deus tão bom, tão indulgente. A situação é insuportável; não há calma
nem repouso; não se encontra um pouco de tranquilidade senão no momento
em que a graça divina, isto é, o amor de Deus, nos toca, pois o orgulho de tal
modo se apossa de nós, que de todo nos embota, a ponto de ser preciso ainda
muito tempo para que nos despojemos completamente dessa roupagem fatal.
Só a prece dos nossos irmãos pode ajudar-nos nesses transes”.(47)
Quando surgiu o Espiritismo. em 1.857 com o lançamento de “O Livro dos
Espíritos”, o materialismo ganhava muita força e se expandia. O Espiritismo
veio combater o materialismo, mostrando ao homem através da comunicação
com os mortos, que o espírito existe, que a vida continua após a morte do
corpo físico e que o Pai nos criou eternos, imortais e não deseja Ele, que
nenhum dos Seus filhos se perca, mesmo os materialistas, que teimosamente
negam a existência de Deus e do espírito. Mesmo a esses, o Pai bondoso
concede oportunidades de reverem seus conceitos, aqui na terra, enquanto
ainda encarnados, ou na espiritualidade depois de mortos, quando
encurralados pelas evidências, não têm mais como continuarem materialistas,
pois eles mesmos, constrangidos, acabam vendo que são a própria prova da
imortalidade.
Jesus, em Lucas capítulo IX, versículo 56, novamente vem dizer, que
ninguém está condenado a penas eternas:
“Porque o filho do homem não veio para destruir as almas dos homens,
mas para salvá-las”.(48)
Portanto, todos se salvarão, inclusive os incrédulos, mas primeiro terão que
crer.
Deus não se vende

Nesta lição, gostaríamos de mostrar um exemplo daqueles que fazem a


caridade com o propósito único de comprar a Deus e assim garantirem um
“lugarzinho no céu” quando morrerem. Infelizmente não são poucos os que
têm essa intenção.
Vamos relatar aqui, uma história que teve início na época da escravidão.
Esse espírito chegou para conversar conosco e trazia a marca da dor e do
sofrimento.
Não precisava ele ser visível aos nossos olhos terrenos, para se perceber
claramente o seu estado lastimável.
Através da mediunidade, em suas primeiras palavras, em meio a revolta que
o dominava, dizia esse irmão desencarnado sentir-se muito injustiçado, isso
por ter encontrado depois da morte tanto infortúnio, tanto sofrimento, pois
achava ele não ter merecido.
Dizia também se ver em farrapos e a fugir constantemente em regiões
tenebrosas, de inimigos implacáveis que não lhe davam tréguas e terminava
dizendo que estava muito cansado, que desejava pelo menos um pouco de paz.
Ao percebê-lo mais calmo, perguntamos:
— Amigo! Afinal, o que levou você a todo esse sofrimento?
— Não sei – respondeu esse espírito sofredor. – A única coisa que sei, é
que na terra quando encarnado, fui homem muito poderoso. Tinha muitas
terras, muitos escravos, tinha muita autoridade e sei também, que todos
temiam a minha simples presença.
Foi aí que arriscamos:
— Será que você não abusou um pouco de toda essa autoridade, amigo?
— Escravo é escravo – respondeu ele. – Qualquer deslize e eu não
perdoava mesmo; punia rigorosamente.
— Será que não está justamente aí, a razão de tanta perseguição, a razão de
tanto sofrimento? – tornamos a perguntar.
— Eu não merecia todo esse sofrimento, eu não merecia – enfatizou o
espírito.
— Por que você insiste tanto em dizer que não merecia sofrer? –
indagamos.
— Porque acho injusto. Eu ajudei muito, eu dava muito dinheiro para a
Igreja – disse inconformado esse irmão.
— Permita dizer isso, amigo: você deu muito dinheiro para a Igreja sim,
mas, a caridade principal, essa infelizmente você deixou de fazer.
— Como assim? – questionou o espírito sem entender nossas palavras.
— Queremos dizer – esclarecemos. – Queremos dizer que a caridade
principal está em tratarmos com respeito, com amor, com fraternidade, todos
os nossos semelhantes, sejam eles quem forem.
— Mas? E todo aquele dinheiro que eu dava para a Igreja? – Tornou o
espírito a argumentar, como se estivesse agora cobrando a Deus.
— Amigo! – respondemos. – Quando você usava e abusava do seu poder,
quando você maltratava seus escravos, no fundo você sabia que não estava
agindo de forma Cristã; então, para compensar seus erros, você fazia fartas
doações para a Igreja e com isso tencionava comprar a Deus e assim livrar-se
do inferno quando morresse. Só que você se esqueceu de que Deus não se
deixa vender. Foi isso o que aconteceu.
E aconselhamos:
Peça perdão ao Pai pelas faltas praticadas, amigo, e peça também a Ele a
oportunidade de refazer os erros cometidos. O Pai que é todo misericórdia e
amor, certamente lhe atenderá.
Esse irmão sofredor, reconheceu por fim o erro que havia cometido e foi
levado pelos espíritos superiores.
Que a lição desse espírito nos sirva de exemplo e assim quando fizermos
caridade, façamos sem segundas intenções. Façamos a caridade de maneira
desprendida, sem desejarmos nada em troca.
Não esqueçamos, também, que a caridade deve ser feita de forma a “não
saber a mão esquerda, o que faz a mão direita”, conforme já ensinou Jesus(49),
quer dizer, no anonimato, sem exibições visando de volta aplausos e honrarias.
Agora, nas vezes que praticarmos a caridade, que nem nos passe pela
cabeça, a ingênua ideia de pretendermos subornar a Deus, para assegurarmos
um “lugarzinho no céu”, ou assegurarmos quando morrermos, que uma
falange de espíritos do Senhor, venham nos recepcionar e nos encaminhar à
espiritualidade superior.
Lembremo-nos do ensinamento que traz “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, no capítulo XXVI, quando ali fala dos “mercadores expulsos do
templo”:
“Deus não vende a sua bênção, nem o seu perdão, nem entrada no reino
dos céus”.(50)
Quem não perdoa, fica para trás

Conversávamos agora com um espírito que ali estava e se mostrava bastante


indignado e ao mesmo tempo inconformado.
Indignado, porque seu inimigo também se fazia presente e pedia perdão
pelo mal que lhe havia feito.
Inconformado, porque, na condição de vítima, aos seus olhos isso lhe dava
credencial mais do que suficiente, para receber na espiritualidade, quando ali
chegou, um acolhimento caloroso por parte dos espíritos bondosos e gozar
das recompensas do Pai, que afinal, através do seu filho Jesus, prometera bem-
aventurança aos aflitos da terra. No entanto, nada disso aconteceu; pelo
contrário, desde que havia deixado o corpo de carne de forma violenta, para
sua grande decepção, nenhuma recepção houvera e com uma agravante; seus
padecimentos ainda perduravam.
Por outro lado, seu agressor que merecia estar sendo severamente punido,
amaldiçoado, mergulhado nas profundezas do inferno pagando seus pecados,
ali se encontrava surpreendentemente em condições melhores do que ele e o
que é pior, recebendo atenção e tratamento amoroso por parte dos espíritos
elevados.
— Depois de tudo o que fez – dizia ele revoltado – está aí agora e me
pedindo perdão.
— Por que não o perdoa? – perguntamos. – Ele está realmente muito
arrependido do mal que lhe fez.
— Ele me assassinou e você vem me pedir para perdoar? Além disso, vocês
o cercam de cuidados, como se fosse ele inocente. Vocês estão cometendo um
terrível engano. O assassino é ele, não eu; a vítima sou eu, não ele.
Argumentamos que tratamos a todos com muito carinho e respeito e a
conversa com esse irmão se estendeu ainda por mais algum tempo, até que ele
foi se acalmando e com isso sentindo-se mais aliviado dos seus sofrimentos.
Elevamos o pensamento a Deus e oramos pelo agressor e pelo agredido. Esse
irmão foi levado em seguida pelos espíritos bondosos e ao sair, já víamos nele,
se não a disposição ainda para perdoar, pelo menos a convicção de que
precisava esquecer tudo aquilo e deixar para trás, os dias turbulentos e amargos
pelos quais passara. O perdão, acreditamos, vem depois disso.
Não é tão raro assim, depararmos com situações como essa em nossos
trabalhos mediúnicos.
Fica muito patente nesses casos, de que quem não perdoa, seja encarnado,
ou desencarnado, fica estacionado, não progride, não evolui.
Esses espíritos que não perdoaram seus agressores, seus assassinos, aqueles
enfim, que os prejudicaram de alguma forma quando estavam encarnados,
chegam trazendo no coração muito ódio e também sentimentos de vingança.
E aí, acontece essa situação curiosa que vimos e que chama muito a
atenção.
Os agressores, os assassinos, aqueles que prejudicaram, que judiaram,
depois que desencarnaram e passaram por longos e terríveis sofrimentos na
espiritualidade, se arrependeram do mal que praticaram, foram ajudados por
espíritos elevados e iniciaram novos rumos na busca da própria redenção. E,
agora, ansiosos pelo perdão, eles vêm ajudar, vem socorrer aqueles a quem
prejudicaram e que estão sofrendo, justamente porque não se dispuseram
ainda a perdoar.
Imaginem a surpresa, a cara desenxavida dessas vítimas de ontem, que
jamais imaginaram, que um dia receberiam ajuda, justamente daqueles que
tanto lhes prejudicaram. Normalmente se espera o contrário, quer dizer, as
vítimas socorrendo seus agressores que sofrem, porque prejudicaram seus
semelhantes. Isso acontece muito, é claro, mas, como vimos, o contrário
também acontece, porque quem não perdoa, fica para trás e retarda sua
evolução.
É bom lembrarmos ainda, que nós sempre pensamos que o perdão é muito
bom, é muito importante para a pessoa perdoada. Pode até ser que seja bom,
mas, com toda certeza, o perdão é muito melhor para a pessoa que perdoa.
A pessoa perdoada sente o alívio; ela tem o consolo de saber que foi
perdoada, nada mais do que isso, porque de qualquer forma ela vai ter que se
haver com a justiça divina, no sentido de reparar a falta, reparar a agressão
cometida; ao passo que a pessoa que perdoa, essa sim, mostra a grandeza da
alma que tem. A pessoa que perdoa, fica em paz com a sua própria consciência
e recebe as recompensas do Pai, pelo gesto nobre que praticou.
Por isso que Jesus, em Mateus, capítulo V, versículo 7, já disse:
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia”.(51)
O Mestre também disse, em Mateus, capítulo VI, versículos 14 e 15:
“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
Celestial vos perdoará.
Se porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
vos não perdoará as vossas ofensas”.(52)
E disse também Jesus em Mateus, capítulo XVIII, versículos 21 e 22:
“Então, Pedro aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará
meu irmão contra mim e eu lhe perdoarei? Até sete vezes?
Jesus lhe disse: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
(53)
Quem vive pela espada

A conversa com esse espírito não foi longa. Seu atraso espiritual, seus
pensamentos deletérios, seus fluidos extremamente pesados, negativos, faziam
muito mal à mediunidade que o recebia naquele momento. Diante de nós,
tínhamos uma criatura que, quando encarnada, fora assassino profissional.
— Desde que me paguem, eu vou e mato mesmo – dizia esse espírito com
muita frieza, sem dar mostras de qualquer arrependimento.
— Você sabe que deixou o corpo de carne, morreu como se diz. Como
aconteceu isso? – indagamos.
— Escondi-me no mato, mas não adiantou, a polícia me encontrou, houve
muita troca de tiros e agora estou aqui todo perfurado de balas.
Esse irmão se via ainda ferido pelas balas que o atingiram e com certeza
aquilo sangrava e doía muito; mesmo assim sua dureza de coração não
permitia de forma alguma dobrar-se, reconhecer as graves faltas praticadas,
pedir perdão ao Pai e oportunidades para refazer os erros cometidos.
Não havia muito o que conversar com esse irmão ainda tão embrutecido e
foi ele então levado pelos bons espíritos. Oramos por ele, lembrando que os
sãos, não precisam de médico e ficamos a imaginar qual seria o futuro dessa
criatura, verdadeira fera humana. Quem sabe uma nova encarnação
compulsória o aguardava e sabe Deus sob que condições expiatórias.
Muitas pessoas não compreendem o motivo de tantas aflições, de tantos
sofrimentos sobre a face da Terra. Aí está a resposta. A dor, o sofrimento, são
consequências dos nossos próprios desatinos e ao mesmo tempo funcionam
como lapidadores do nosso espírito. Sem a dor, sem o sofrimento, não haveria
corrigenda dos erros praticados. Se uma criança coloca a mão na chapa quente,
a dor a ensina e ela não tornará mais a cometer esse erro.
Aprendamos de uma vez por todas, que a violência, só gera violência. Esse
negócio de que “eu não levo desaforo prá casa”, muitas e muitas vezes acaba
muito mal, trazendo muito sofrimento para nós mesmos e sofrimentos
também para pais, mães, esposas, filhos, pessoas essas que, por nosso extremo
egoísmo, jamais pensamos na hora que estamos “tirando satisfação”.
Já diz “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo “Bem-
aventurados os que são misericordiosos”:
“O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza”. (54)
Diante disso, observemos como fica fácil fazermos uma análise, um juízo
de nós mesmos.
Se odiamos ainda, se carregamos rancor, se temos desejos de vingança e
diríamos mais, se somos daquele tipo que “não leva desaforo prá casa”,
daquele tipo encrenqueiro, “carne de cabeça” como se diz, esses defeitos
demonstram claramente que não somos pessoas elevadas. Se carregamos ainda
essas mazelas, mostramos que não temos grandeza espiritual, justamente
porque nos falta a mansidão, nos falta a humildade.
Por outro lado, aquele que esquece as ofensas, aquele que não fica
remoendo ódio, ou revolta pelos insultos que recebeu, aquele que evita se
desgastar com a ingratidão, que também é uma ofensa, esse mostra que é
pessoa elevada e que está acima das agressões que lhe foram dirigidas.
Portanto está mais do que na hora de deixarmos de ser aquela pessoa que
se irrita por qualquer coisa, de querermos levar tudo a “ferro e fogo”.
Está mais do que na hora, de deixarmos de estar sempre “em guarda” e
armados contra as pessoas. Esse armados a que nos referimos aqui, é em
todos os sentidos dessa palavra. Armado no sentido de arma mesmo e armado
também, no sentido da “língua afiada” para responder mal, “língua afiada”
para ofender, ironizar, desafiar, insultar e xingar nossos semelhantes.
Não podemos deixar de alertar ainda aqui, aliás, hoje muito em voga, os tais
“nervosinhos do trânsito”. Esses quando saem de carro, já vão com o vidro da
janela abaixado e com a boca para fora, prontos para vociferarem, xingarem o
primeiro motorista que eles acharem que está fazendo uma manobra errada,
mesmo que quem esteja fazendo a manobra errada, sejam eles mesmos.
Não esqueçamos, que as desavenças muitas vezes começam com pequenas
ofensas e vão se avolumando até chegarem às “vias dos fatos” e aí, quando
vemos, a “desgraça” já está feita.
Vamos viver em paz, lembrando sempre daquela passagem do Cristo, em
Mateus, capítulo XXVI, versículos 51 e 52:
“E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da
espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada; porque os que
lançarem mão da espada, à espada morrerão”.(55)
O Espírito que tinha medo de ser bom

Quando queremos nos referir à necessidade de disposição, ou de vontade


para a pessoa realizar uma mudança no próprio comportamento e essa
disposição ainda não existe, vindo só com o passar do tempo, então dizemos:
“O fruto só cai de maduro”.
O espírito com quem conversávamos, agora, estava mais do que “maduro”,
isto é, estava mais do que apto para empreender uma mudança no rumo da
própria vida, com relação à que vinha levando até agora.
Porém havia um entrave e esse era justamente o temor do seu passado
delituoso.
Esse espírito havia sido arrebatado pelas entidades elevadas, de uma falange
do mal a qual ele pertencia e que, na espiritualidade, perseguia e castigava
duramente outros espíritos que esse grupo em seus julgamentos achava que
eram “devedores”. Eram os tais “justiceiros”.
— Estou cansado disso tudo – dizia-nos esse espírito.
— Ora! Você pode mudar o rumo da sua vida no momento que desejar –
falamos.
— Não é bem assim – retrucou ele.
— O que você quer dizer? – perguntamos.
— O que quero dizer, é que se eu mudar de vida, como ficará meu
passado? Ou como dizem vocês, como ficam as minhas “dívidas”?
— Você tem medo de enfrentá-las? – perguntamos.
— Claro; o que já fiz de mal, você não imagina.
Continuamos a conversa com esse irmão e dissemos a ele que não precisava
ter medo de enfrentar as faltas praticadas, afinal, Deus não faz papel de
carrasco, a nos esperar com um porrete nas mãos, pronto a nos receber com
pancadas quando nos arrependemos do mal que praticamos e buscamos nos
enveredar pelo caminho do bem.
Também não vamos enganar você, realçamos a esse irmão, dizendo que o
Pai perdoa nossos erros, simplesmente deixando tudo por isso mesmo, como
se nunca tivéssemos feito mal algum. Definitivamente não é assim que
funciona a justiça e o perdão de Deus. A justiça e a misericórdia do Pai, estão
nas oportunidades que Ele concede para repararmos as faltas que cometemos,
livrando-nos assim de penas eternas, que absolutamente não existem. Não
esqueçamos ainda, que essas oportunidades concedidas pelo Pai, virão no
momento que estivermos devidamente preparados, ou seja, Deus não coloca
fardos pesados em ombros fracos.
É claro que os sofrimentos quer físicos, quer morais, ainda fazem parte
deste nosso planeta de provas e de expiações e deles ninguém escapa,
justamente por serem esses sofrimentos, consequências dos nossos erros
passados, ou recentes. Através dessas aflições, aprendemos à duras penas, que
não devemos praticar mais esses erros que nos custaram tantas dores e assim,
crescemos espiritualmente.
Agora, pensar que tão-somente com sofrimentos saldamos nossas dívidas,
isso é subestimar a inteligência do Pai, achando que Ele não possui mais
nenhum recurso, a não ser esse, para podermos evoluir. Ora, já não temos
aprendido com o apostolo Pedro, que “o amor cobre a multidão de pecados”?
Então, amemos, façamos o bem, ajudemos o quanto pudermos nossos
semelhantes e assim, estaremos certamente diminuindo em muito nossos
débitos espirituais.
Depois dessa nossa conversa, lembramos ainda muito bem, que esse irmão
partiu levado pelos bons espíritos. Saiu dali bastante animado e disposto a
reiniciar uma nova vida em busca da própria redenção.
Essa forma de pensar, ou esse medo de se tornar “bom” por ter que
enfrentar castigos pungentes pelas maldades praticadas, infelizmente não é tão
incomum assim em espíritos que desejam se melhorar.
Mesmo que não dispusesse de outras alternativas, se esse castigo divino
fatalmente acontecesse sem qualquer atenuante, essa forma de pensar, ainda
assim seria completamente destituída de lógica, uma vez que a justiça divina
tem o poder de nos alcançar aonde quer que estejamos. Seria o mesmo que a
criança, ao fazer uma peraltice qualquer, com medo do castigo do pai,
prolongasse indefinidamente a peraltice, para assim fugir à punição, como se o
pai não tivesse acesso a ela enquanto perdurasse a travessura.
É óbvio que quando praticamos o mal, de alguma forma precisamos
reparar esse mal que provocamos.
Então, assumamos a responsabilidade pelos nossos atos e deixemos por
conta do Pai que possui recursos ilimitados e conhece o íntimo de cada ser, a
forma do pagamento das nossas dívidas.
Confiemos em Deus, no seu amor infinito, na sua justiça perfeita.
Confiemos nas palavras de Jesus, em Mateus, capítulo XI, versículos 28, 29 e
30:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde
de coração e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.(12)
Conclusão

Quando começamos a escrever estas narrações e colocamos como título:


“Conversando com os espíritos”, já tínhamos em mente que estas histórias
vividas e relatadas por seus próprios personagens em reuniões mediúnicas,
obrigatoriamente precisavam conter como fundo, um ensinamento moral.
Em hipótese alguma iríamos trazer para fora do Centro, histórias pessoais,
que dizem respeito aos nossos irmãos desencarnados, simplesmente para
aguçar curiosidades.
Trabalhos mediúnicos realizam-se às portas fechadas, não são abertos ao
público; então, não temos nenhum direito de expor casos, dramas, aflições de
irmãos nossos despidos do corpo físico, se não for por um motivo muito justo
e que traga lições para todos.
Embora por si mesmas, as histórias não deixem de trazer ensinamentos
preciosos, além de pequenos comentários, ou algumas citações de livros
Espíritas, cada caso relatado teve como desfecho, um ensinamento deixado
por Jesus. Só assim nos demos por satisfeito, quanto ao objetivo deste
trabalho.
Um abraço fraternal a cada irmão, ou irmã que nos derem a honra da
leitura desta pequenina obra.
Obrigado Pai, pela vida eterna que nos concedestes.
Idnei
Referência bibliográfica

1. ESSES HOMENS MARAVILHOSOS E SUAS MÁQUINAS


VOADORAS – th Century Fox – filme lançado em 1.965 – dirigido por Ken
Annakin.
2. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMETO) – Sociedade Bíblica do
Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 21.
3. KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Federação
Espírita Brasileira – 81. Edição – Página 271.
4. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 73.
5. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 69.
6. XAVIER, Francisco Cândido e Espírito André Luiz – “No Mundo
Maior” – Federação Espírita Brasileira – 19. Edição – Páginas 229 a 235.
7. XAVIER, Francisco Cândido e Espírito André Luiz – “Nos Domínios da
Mediunidade” – Federação Espírita Brasileira – 17. Edição – Página 119.
8. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 7.
9. XAVIER, Francisco Cândido e Espírito André Luiz – “Nos Domínios da
Mediunidade” – Federação Espírita Brasileira – 17. Edição – Página 138.
10. XAVIER, Francisco Cândido e Espírito André Luiz – “Nos Domínios
da Mediunidade – Federação Espírita Brasileira – 17. Edição – Página 138.
11. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 8.
12. KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão
Espírita – 9. Edição – Página 102.
13. KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão
Espírita – 9. Edição – Página 102.
14. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 7.
15. KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão
Espírita – 9. Edição – Página 140.
16. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 5.
17. KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão
Espírita – 9. Edição – Página 81.
18. KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Federação
Espírita Brasileira – 81. Edição – Página 172.
19. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Páginas 5 e 6.
20. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 5.
21. KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Federação
Espírita Brasileira – 81. Edição – Página 249.
22. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 75.
23. A BÍBLIA SAGRADA (VELHO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 58.
24. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1955 – Página 8.
25. KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão
Espírita – 9. Edição – Páginas 74 e 75.
26. XAVIER, Francisco Cândido e Espírito André Luiz – Nos Domínios da
Mediunidade – Federação Espírita Brasileira – 17. Edição – Página 100.
27. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 10.
28. KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão
Espírita – 9. Edição – Página 87.
29. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1955 – Página 72.
30. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 7.
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Espírita – 9. Edição – Página 116.
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34. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
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47. KARDEC, Allan – O Céu e o Inferno – Federação Espírita Brasileira –
36. Edição – Página 316.
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do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 65.
49. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 7.
50. KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Federação
Espírita Brasileira – 81. Edição – Página 381.
51. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 5.
52. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 7.
53. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 20.
54. KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Federação
Espírita Brasileira – 81. Edição – Página 176.
55. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 30.
56. A BÍBLIA SAGRADA (NOVO TESTAMENTO) – Sociedade Bíblica
do Brasil – Rio de Janeiro – 1.955 – Página 13.
índice

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