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Sistemas Dinâmicos e complexos

Trabalho 2 – Circuito RLC e modelo complexo


José Gonçalves

1.
a) Para reescrever esta equação como um sistema linear bidimensional,
basta fazer a seguinte mudança de variável:

𝑦 = 𝐼̇

Obtendo-se, então, o seguinte sistema:

𝑅 𝐼
𝐼 ̇ = 𝑦 ⋀ 𝑦̇ = − 𝑦−
𝐿 𝐿𝐶

b) Este sistema tem, evidentemente, um ponto fixo na origem, dado que


tanto 𝐼 ̇ como 𝑦̇ se anulam em (𝐼, 𝑦) = (0,0).

Para estudar a estabilidade deste ponto, é necessário calcular o Jacobiano


do sistema em (0,0) (na verdade, como o sistema é linear, o Jacobiano será
igual em todos os pontos):

0 1
𝐽=[ 1 𝑅]
− −
𝐿𝐶 𝐿

𝑅
Obtém-se, para este Jacobiano, um traço 𝜏 = − 𝐿 e um determinante Δ =
1
. Pode-se, então, distinguir 4 situações diferentes (embora duas delas
𝐿𝐶
sejam extremamente semelhantes). 3 destas situações distinguem-se
𝑅2 4 1 𝑅2 4
devido ao sinal da expressão 𝜏 2 − 4Δ = − = ( − ). Como 𝐿 >
𝐿2 𝐿𝐶 𝐿 𝐿 𝐶
1
0 (e, por conseguinte, também), então o sinal desta expressão depende
𝐿
𝑅 4
apenas do fator (𝐿 − 𝐶 ):

𝑅2 4
• Se este fator for positivo ( 𝐿 − 𝐶 ), então a origem será um
nó estável;
𝑅2 4
• Se este fator for negativo ( − ), então a origem será uma
𝐿 𝐶
espiral estável;

1
𝑅2 4
• Se este fator for nulo ( − ), então a origem será um nó
𝐿 𝐶
degenerado – esta situação é apenas um caso limite da
primeira, daí se ter dito que duas das possibilidades são
extremamente semelhantes. Não deixa, no entanto, de ser
importante salientá-la.

Um caso mais particular é 𝑅 = 0 – se tal acontecer, ter-se-á que 𝜏 = 0,


passando a origem a ser um centro.

c) Na execução desta alínea, para separar os 3 primeiros casos


explicitados, fixaram-se os valores de R e C a 100Ω e 1𝜇𝐹, respetivamente.
Posteriormente, usaram-se 3 valores de L: 1mH (nó estável), 2.5mH (nó
degenerado) e 10mH (espiral estável). À parte, construiu-se também um
retrato de fase para o caso 𝑅 = 0Ω, 𝐶 = 1𝜇𝐹 e 𝐿 = 1𝑚𝐻 (centro). Os
resultados obtidos foram os seguintes:

Figura 1: Nó estável no canto superior esquerdo, nó degenerado no canto superior


direito, espiral estável no canto inferior esquerdo e centro no canto inferior direito.
Note-se que os valores de I vêm em Coulomb, ao passo que os de y vêm em Ampere.

d) Tendo obtido os retratos de fase para cada uma das 4 possibilidades,


resta agora obter as trajetórias de cada um dos casos para certas condições
iniciais. Algumas observações preliminares a fazer acerca dos gráficos que
serão a seguir apresentados:

2
• Foram geradas 20 posições iniciais aleatórias com y entre -2000 e
2000 e I entre -0.1 e 0.1 (dado que estes foram os intervalos de
valores que permitiram uma melhor visualização do retrato de fase
na alínea anterior);
• Para cada um dos casos, os valores de R, L e C serão os mesmos
que os utilizados na alínea anterior;
• Em todos os exemplos, será usado um tempo de integração de 0.1
segundos, subdividido em 100000 passos.

Os resultados obtidos foram os seguintes:

Figura 2: Nó estável no canto superior esquerdo, nó degenerado no canto superior direito, espiral estável
no canto inferior esquerdo e centro no canto inferior direito.
2.
a) Consideraram-se 3 condições iniciais diferentes: (1, 1); (2, 3) e (0, 0),
todas com um tempo de integração de 100 (as unidades temporais não
foram especificadas), subdividido em 10000 passos. Os resultados obtidos
foram os seguintes:

3
Figura 3: Gráficos x(t) e y(t) para cada uma das condições iniciais consideradas.

b) Para as mesmas condições iniciais da alínea anterior, e com o mesmo tempo de


integração, obtiveram-se as seguintes trajetórias:

Figura 4: Trajetórias obtidas para cada uma das condições iniciais consideradas.

É possível observar que as trajetórias, de facto, se intersetam, o que supostamente


não deveria ocorrer – considerando que tanto (x, y) como as suas derivadas são
contínuas no domínio considerado e tendo em conta o teorema da existência e
unicidade da solução, deveria haver apenas uma trajetória possível a partir de um
dado ponto (x, y).

4
No entanto, devido à existência de uma dependência explícita no tempo na
expressão de 𝑦̇ , deixa de ser suficiente especificar como condição inicial apenas
o ponto (x0, y0) – é necessário também indicar qual o instante inicial para ter uma
descrição completa do problema e poder, assim, assegurar a existência de uma
solução única.

Por outras palavras, as trajetórias aqui representadas são projeções bidimensionais


de um espaço-fase que, na verdade, é tridimensional – se se acrescentasse um 3º
eixo que representasse a evolução do sistema no tempo, já não se observaria
interseções nas trajetórias, dado que a partir de um dado ponto (x, y, t), a solução
(e, por conseguinte, a trajetória) é única.

c) Para construir o mapa de Poincaré, seccionou-se a trajetória de período a


período, ou seja, utilizou-se a seguinte secção de Poincaré:

𝑃 = {(𝑥𝑛 , 𝑦𝑛 ) ∈ ℝ2 : 𝑡𝑛 = 4𝑛}

𝜋
Note-se que, como o argumento dentro do seno na expressão de 𝑦̇ é 2 𝑡, o período
deste mesmo termo será 4. Utilizou-se como ponto inicial (0, 0) e realizaram-se
10000 ciclos periódicos, tendo-se obtido o seguinte resultado:

Figura 5: Mapa de Poincaré.

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