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Biologia PROFESSOR FLÁVIO LANDIM

INTRODUÇÃO AO REINO VEGETAL

O Reino Plantae ou Vegetalia ou Metaphyta engloba organismos


conhecidos por vegetais ou plantas, possuindo características como:
- São organismos eucariontes pluricelulares dotados de or-
ganização tecidual; as algas pluricelulares (clorofíceas, rodofí-
ceas e feofíceas), anteriormente consideradas vegetais, passaram a
ser incluídas no Reino Protista por não apresentarem esta organi-
zação tecidual, além de haver representantes unicelulares no grupo.
- São autótrofas fotossintetizantes dotadas de clorofilas a e
b; as algas podem apresentar outros tipos de clorofila, mas como
já mencionado, são atualmente consideradas integrantes do Reino
Protista.
- São dotadas de células com parede celular à base de celulose,
ASSUNTOS DA AULA. e armazenam amido como substância de reserva.
Clique no assunto desejado e seja direcionado para o tema. - Não apresentam tecido nervoso, não possuindo, portanto,
sensibilidade.
• Introdução ao reino vegetal
- Não apresentam tecido muscular, não possuindo, portanto,
• Evolução das plantas capacidade de locomoção.
- Apresentam crescimento ilimitado, ou seja, mantêm o cresci-
mento por toda a vida, apesar de que, quando adultas, possuem um
menor ritmo de crescimento. A capacidade de continuar crescendo
por toda a vida é devida à existência de células meristemáticas, in-
diferenciadas, localizadas no ápice do caule e da raiz.
Em organismos animais, o crescimento limitado é benéfico
para evitar dimensões exageradas que dificultariam a loco-
moção e, consequentemente, a busca por alimento. Além disso,
grandes dimensões implicam em grande necessidade calórica,
o que é inadequado para o modo de vida desses organismos.
Em organismos vegetais, o crescimento pode ser ilimita-
do, porque, por não se locomoverem, não possuem restrições de
peso. Além disso, e principalmente, o crescimento ilimitado permite
maiores dimensões, o que facilita a captação de luz e, desse
modo, a fotossíntese.
Segundo a Taxionomia moderna, uma apomorfia (característica
comum e exclusiva do grupo) das plantas terrestres que pode ser
usado como critério de definição do Reino Plantae é a formação de
um embrião maciço e com nutrição dependente da planta mãe.
Esse embrião maciço diferencia plantas de animais, cujo embrião
(blástula) é oco devido à existência da blastocele. Esse embrião
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de nutrição matrotrófica (matro = mãe, trophos = alimentação) diferencia plantas de algas, que não formam embrião (a partir
do zigoto ou dos esporos forma-se diretamente um organismo adulto) ou formam um embrião clorofilado nutricionalmente
independente do talo da alga mãe. Usa-se, então, o nome Embryophyta (embriófitas) para descrever as plantas terrestres, o que
implica na existência do embrião sem nutrição independente e sem cavidade interna.

A EVOLUÇÃO DAS PLANTAS

ALGAS
Algas são organismos autótrofos fotossintetizantes sem organização tecidual, restritos a ambientes aquáticos ou
terrestres úmidos e dotados de clorofila como pigmento fotossintetizante. O termo phyceae vem do grego ‘alga’, de modo
que organismos com tal designação devem ter relação com as algas.
As algas pluricelulares são conhecidas como talófitas (corpo formado por um talo, uma massa de células não diferenciadas
em raiz, caule folhas). Uma vez que são aquáticas, não precisam de estruturas impermeabilizantes. São avasculares, pois não
apresentam vasos condutores de seiva, de modo que a distribuição de substâncias ocorre por difusão célula a célula.
A difusão célula a célula é um processo lento e bastante ineficaz, o que normalmente restringe bastante o tamanho do organis-
mo, por não permitir a condução de água ou gases das superfícies de absorção até o interior do corpo em tempo hábil para manter
o metabolismo das células. Para algas, entretanto, devido à ausência de estruturas impermeabilizantes e ao seu habitat aquático,
todo o corpo funciona como superfície de absorção de água. Como a pequena espessura do talo permite a difusão célula a célula
de modo bastante eficaz, em toda a extensão corporal, algumas algas podem atingir grandes comprimentos (até 100 metros, como
nas kelps, gênero Macrocystys), mesmo sem haver vasos condutores. Nessas algas maiores, podem ocorrer células condutoras, mas
não ainda caracterizados como vasos condutores.
A reprodução envolve gametas masculinos flagelados. O ambiente aquático possibilita a reprodução desse modo. Algas são
criptógamas (cryptós = escondido), ou seja, não possuem órgãos reprodutivos facilmente visíveis (ou seja, não possuem flores).

TRANSIÇÃO DO AMBIENTE AQUÁTICO PARA O TERRESTRE


Acredita-se, atualmente, que os vegetais terrestres tenham se originado a partir de grupos primitivos de algas verdes, que
deram origem, também, às atuais clorofíceas. Essa proximidade evolutiva é evidenciada por uma série de semelhanças, entre as
quais se destacam os mesmos tipos de clorofila (a e b), a mesma substância de reserva (amido) e a formação de lamela
média à base de fragmoplastos após a divisão celular (pelo menos em algumas formas de clorofíceas). As algas pardas e
vermelhas teriam sido originadas por outros grupos primitivos de organismos.
Considerando os ambientes aquáticos e terrestres, há vantagens e desvantagens a considerar em cada um deles.
O ambiente aquático oferece um meio adequado para o desenvolvimento (lembre-se que a maior parte da composição de
qualquer organismo vivo é a água), não havendo risco de ressecação. A água tem um alto calor específico, conferindo a esse
ambiente uma razoável estabilidade térmica.
Entretanto, há no ambiente aquático algumas limitações, em particular para atividades como fotossíntese e respiração.
- O ambiente aquático não tem muita luz disponível, uma vez que ela só penetra até um máximo de cerca de 400 metros de
profundidade no oceano.
- O gás carbônico necessário à fotossíntese e o gás oxigênio necessário à respiração não são muito solúveis em água, havendo
pois baixa disponibilidade de gases na água.
- Não há tampouco tantos sais minerais. Com exceção de NaCl, os teores de sais minerais são muito pequenos na água.
Desse modo, as primeiras “plantas”, as algas, apesar de aquáticas, preferem se instalar próximas ao litoral, onde há uma série
de benefícios: menores profundidades e consequentemente mais luz, mais gases devido à agitação das ondas que favorece
uma maior dissolução de gases na água e mais minerais, uma vez que os rios “lavam” os solos, transportando sais minerais para
as praias.
Algas capazes de se instalar nessas regiões costeiras apresentam pois vantagens em relação àquelas das regiões de mar aber-
to. O litoral, entretanto, oferece riscos. A turbulência da água gerada por ondas pode arrancar as algas do lugar onde estão

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instaladas, o que se torna desvantajoso, uma vez que elas já estão no litoral para se beneficiarem da maior disponibilidade de luz,
gases e sais. As variações dos níveis de água proporcionados pelas marés podem aprisionar algas em áreas secas, havendo
então riscos de ressecação.
As algas que resistiram às condições adversas das regiões litorâneas foram aquelas selecionadas por terem estruturas de
fixação para resistir à turbulência gerada pelas ondas (apressórios, que em grupos terrestres equivale à raiz) e estruturas imper-
meabilizantes para aumentar as chances de sobrevivência em casos de aprisionamento em áreas secas no caso de marés muito
baixas. Em algumas algas de maiores dimensões, houve seleção de células condutoras de matéria orgânica das porções supe-
riores iluminadas e fotossintetizantes para as porções de fixação instaladas em maiores profundidades e com menor disponibilidade
de luz, devido à sombra das demais partes do talo.
Essas algas instaladas no litoral são possivelmente aquelas que deram origem às plantas terrestres. Expostas ao ambiente de
terra firme, vantagens como a maior disponibilidade de luz, gases e nutrientes minerais começaram a ser percebidas, e a seleção
natural novamente favoreceu aqueles organismos com estruturas de fixação e absorção de água, impermeabilização e con-
dução cada vez mais eficientes.
Nessa transição evolutiva de “plantas” aquáticas (algas) para o ambiente terrestre, foram selecionadas transformações que sur-
giram ao acaso e que se mostraram adaptativas às novas condições ambientais.

ADAPTAÇÕES AO AMBIENTE TERRESTRE


No ambiente terrestre, os organismos enfrentam problemas diferentes dos que encontram no ambiente aquático, sendo o mais
importante deles a falta de água. No ambiente aquático, as plantas absorvem água diretamente do meio que as circunda, não
existindo células ou tecidos especializados na absorção e na condução de água. No ambiente terrestre, a quantidade de água sob a
forma líquida é bem menor, estando a maior parte dela acumulada no interior do solo. Estruturas como rizoides e raízes, exercendo
funções de absorção de água e de fixação da planta ao solo, foram positivamente selecionadas propiciando a expansão das plantas
para o ambiente terrestre.
Além do problema da obtenção de água, as plantas enfrentam, no ambiente terrestre, o problema da perda de água devido
à evapotranspiração. O surgimento de cutículas e súber impermeáveis e de estruturas denominadas estômatos, dotadas de
poros que podem abrir ou fechar de modo a controlar a saída de água das plantas, também contribuiu para o sucesso das plantas
no meio terrestre. Estruturas impermeáveis estão ausentes em plantas briófitas em geral, sendo os estômatos encontrados
em somente alguns grupos dessas plantas. A ausência dessas estruturas impermeabilizantes restringe as briófitas a ambientes
úmidos e sombrios, devido a sua grande tendência de desidratar. Em pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, essas es-
truturas são encontradas, sendo tais plantas capazes de habitar locais ensolarados.
Os estômatos também vêm compensar outra séria dificuldade do meio terrestre quando comparado ao meio aquático, que se
trata das temperaturas muito variáveis ao longo do tempo. A transpiração por estômatos auxilia o controle térmico.
Outra modificação que se mostrou altamente vantajosa foi o desenvolvimento de tecidos de sustentação e de trans-
porte, ausentes nas algas e nas briófitas. Os tecidos de sustentação permitiram que as plantas se mantivessem eretas,
buscando melhores condições de luminosidade, o que se tornou particularmente importante com o aumento da competição
entre as plantas terrestres por luz. Os tecidos condutores permitiram a condução de água e dos sais minerais, retirados do
solo pelas raízes (seiva bruta), para as partes superiores das plantas, de modo que a reposição de água se dá numa velocidade
maior do que as perdas por transpiração, o que dificulta a ressecação. A água é conduzida até as folhas, então, onde, através da fo-
tossíntese, são produzidas substâncias orgânicas. Estas, juntamente com a água (seiva elaborada), são transportadas pelos tecidos
condutores, das folhas até às raízes, distribuindo nutrientes às demais células da planta. Os tecidos de sustentação e de transporte
propiciaram o surgimento de plantas de grande porte. Os vasos condutores de seiva surgiram inicialmente nas pteridófitas, plantas
consideradas as primeiras entre as tipicamente terrestres.
Quanto à reprodução sexuada, o grande passo que favoreceu a exploração do ambiente terrestre pelas plantas foi a diminuição
da dependência da água para a reprodução. As algas reproduzem-se sexuadamente através de gametas móveis flagelados que
se deslocam no ambiente aquático. Tal mecanismo, obviamente, não é eficiente no meio terrestre. As briófitas e as pteridófitas ainda
são plantas que dependem de água para a reprodução, pois seus gametas masculinos são flagelados, havendo necessidade de

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gotas de chuva ou de orvalho para que eles entrem em contato com o gameta feminino. Em função disso, essas plantas ainda estão
restritas a ambientes úmidos. Nas gimnospermas e angiospermas, já não há mais essa dependência de água para a reprodução. Os
elementos reprodutores masculinos são imóveis, sendo levados por estruturas denominadas grãos de pólen até os elemen-
tos femininos através de diferentes agentes de polinização, como o vento, os pássaros e os insetos.

QUEM SURGIU PRIMEIRO: BRIÓFITAS OU PTERIDÓFITAS?


As briófitas são normalmente consideradas as primeiras plantas terrestres, devido à sua simplicidade quando compara-
das com as demais plantas, e à sua grande dependência de ambientes úmidos e sombrios para a sobrevivência. Segundo essa ideia,
as pteridófitas teriam surgido depois. Entretanto, registros fósseis levantam dúvidas, uma vez que os fósseis mais antigos de briófitas
e pteridófitas têm idades semelhantes.
Assim, para alguns autores, talvez as pteridófitas tenham sido a primeiras plantas terrestres. Além disso, se as briófitas
tivessem sido os primeiros vegetais terrestres, um questionamento poderia ser levantado: como elas estão restritas a ambientes
sombrios, como poderiam ter sobrevivido em terra sem cobertura vegetal nenhuma e consequente sem ambientes sombrios (talvez
por exceção da sombra de rochas e cavernas)?
Sendo as pteridófitas as primeiras plantas terrestres, essa pergunta não precisa ser feita, já que elas são dotadas de estruturas
impermeabilizantes que lhes permite habitar locais ensolarados. As pteridófitas então fariam sombra, e segundo essa ideia, nessa
sombra, as primeiras briófitas poderiam ter se desenvolvido.

BRIÓFITAS
As briófitas, representadas pelos musgos, são muitas vezes consideradas as primeiras plantas terrestres, sendo organismos,
ao contrário das algas, dotados de organização tecidual. Entretanto, não possuem ainda órgãos bem caracterizados, ou
seja, não possuem raiz, caule e folhas, mas estruturas mais simples e avasculares denominadas rizoides, cauloides e filoides.
Apesar de terrestres, sofrem duas sérias limitações: estão restritas a ambientes sombrios e úmidos.
Briófitas estão restritas a ambientes sombrios porque elas não possuem estruturas impermeabilizantes, estando facil-
mente sujeitas a ressecação.
Além disso, briófitas são avasculares, dependendo da difusão célula a célula para a condução de água. Ao contrário de
algas que absorvem água por todo a superfície de seu talo, em briófitas, a única região de absorção de água são os rizoides, e a
condução é mais lenta que a evaporação, reforçando a tendência a ressecação. Caso sejam muito altas, a água não consegue
atingir as regiões mais superiores, que ressecam. Assim, a ausência de vasos condutores e tecidos de sustentação justificam
o pequeno porte (até cerca de 20 cm de altura) dessas plantas.
Também são criptógamas e de gametas masculinos flagelados, o que justifica sua restrição a ambientes úmidos: há
dependência da água para a reprodução.
São plantas embriófitas, formando embrião no ciclo de vida (algas não são embriófitas, não possuindo um embrião caracteri-
zado).
Como já dito, alguns autores têm questionado nos últimos anos as briófitas serem as primeiras plantas terrestres, uma vez que
elas estão restritas a locais sombrios. Como haveria sombra num ambiente virgem e estéril de quando as plantas saíram da água?
Rochas não teriam como proporcionar sombra em tempo integral. Assim, talvez as pteridófitas tenham surgido primeiro, e sob sua
sombra, as briófitas teriam encontrado seu nicho ecológico.

PTERIDÓFITAS
As pteridófitas, representadas pelas samambaias, são consideradas as primeiras plantas realmente terrestres, já podendo
habitar locais ensolarados, desde que úmidos. Elas são as primeiras cormófitas: o corpo agora é um cormo, bem diferenciado em
órgãos como raízes, caule e folhas.
São as primeiras plantas com estruturas impermeabilizantes, daí a possibilidade de habitar locais ensolarados. São também
as primeiras plantas com tecidos vasculares (traqueófitas) e tecidos de sustentação, o que contribui para a diminuição de
risco de ressecação, bem como para maiores dimensões. Portes maiores são vantajosos para a melhor captação de luz.

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As limitações das pteridófitas em termos de habitat são reprodutivas: novamente são criptógamas e de gametas masculinos
flagelados, com dependência da água para a reprodução, o que novamente justifica sua restrição a ambientes úmidos. São
também embriófitas.

PTERIDOSPERMAS
As pteridospermas estão atualmente extintas, e seus órgãos vegetativos, raízes, caules e folhas, eram semelhantes aos das sa-
mambaias, apesar de já produzirem sementes. Elas seriam, portanto, “samambaias com sementes” e muito provavelmente foram as
precursoras das atuais gimnospermas.

GIMNOSPERMAS
Com a Terra ficando mais seca, o que ocorreu há alguns milhões de anos, a dificuldade de se reproduzir tornou-se um
problema para as então dominantes pteridófitas. Assim, a seleção natural favoreceu o surgimento de um novo grupo vegetal:
as gimnospermas, representadas pelos pinheiros. Como o grupo anterior, são cormófitas, dotadas de estruturas imperme-
abilizantes, traqueófitas e embriófitas, podendo pois facilmente se instalar em áreas ensolaradas. A maior novidade é a não
restrição a ambientes úmidos, devido a um a série de importantes inovações no campo reprodutivo.
A primeira inovação é o fato de serem plantas fanerógamas (fanerós = visível), com estruturas reprodutoras bem visíveis,
nesse caso chamados de estróbilos (para alguns autores, um tipo de flor). Esses produzem grãos de pólen, que carregam célu-
las que originarão os gametas masculinos (não flagelados nesse grupo vegetal). Os grãos de pólen são nesse caso dotados de
sacos aéreos, que funcionam como velas, sendo transportados pelo vento, sem necessidade da participação de água. Um
inconveniente é que o vento não é direcionado, não garantindo que o pólen vai para o estróbilo de outro membro da
espécie para haver a reprodução. As gimnospermas aumentam suas chances de polinização produzindo grandes quanti-
dades de pólen. (Se bem que a água também não oferece essa garantia: mesmo os gametas masculinos de criptógamas sendo
flagelados, eles não têm forças para vencer correntezas mínimas, dependendo da direção da água). O transporte do pólen é chama-
do de polinização, e no caso de gimnospermas, é chamado de polinização anemófila (proporcionada pelo vento).
Em gimnospermas inferiores, como as cicas e o ginkgo, o grão de pólen ao chegar libera os gametas masculinos flagelados, que
nadam num líquido encontrado no interior do estróbilo para fecundar o gameta feminino. Apesar de a água não ser necessária no
transporte do pólen de uma planta a outra, é necessária ao encontro dos gametas dentro do estróbilo.
A independência máxima em relação à água para a reprodução vem com o surgimento do tubo polínico, em gimnospermas
superiores, como os pinheiros. Quando o pólen chega ao estróbilo de outras plantas, forma um tubo polínico, que permite o
deslocamento do gameta masculino não flagelado até o gameta feminino sem necessidade da participação de água.
Gimnospermas são ditas, devido à presença de tubo polínico, sifonógamas.
Graças ao pólen e ao tubo polínico, gimnospermas são as primeiras plantas independentes da água para a repro-
dução.
Gimnospermas são também as primeiras plantas espermatófitas, plantas dotadas de sementes. Sementes são bem resistentes
a secas, mais uma interessante adaptação à vida terrestre. Apesar de dotadas de sementes, não ocorrem frutos em gimnospermas,
de modo que as sementes são expostas, o que origina o nome do grupo (gymnós = nu; spermatós = semente: “semente nua”).

ANGIOSPERMAS
O que há de mais moderno em termos de vegetais, entretanto, são as angiospermas. Elas correspondem a 90% da co-
bertura vegetal atual, com cerca de 285 mil espécies num total de 315 mil espécies do Reino Vegetal. A maior parte das
características de angiospermas é compartilhada com gimnospermas: ambas são cormófitas, com estruturas impermeabili-
zantes, traqueófitas, fanerógamas, sifonógamas, espermatófitas e, ufa, embriófitas. As novidades das angiospermas que
justificam sua ampla dominância nas paisagens vegetais do mundo atual são duas: flores verdadeiras e frutos.
Flores verdadeiras, ao contrário dos estróbilos das gimnospermas, possuem uma série de atrativos bem perceptíveis: pétalas
vistosas e coloridas, glândulas odoríferas ou osmóforos produtores de perfume e nectários produtores de secreções açu-
caradas conhecidas como néctar. Este néctar atrai animais que o utilizam como alimento. As cores e odores indicam aos animais

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onde há néctar. Quando os animais vão recolher o néctar, o pólen das angiospermas, dotado de uma parede espinhosa chamada
exina, adere aos animais. Como cada flor apresenta pequenas quantidades de néctar, estes animais precisam visitar várias flores
por dia para consegui-lo em quantidades satisfatórias. Assim, a polinização é feita por esses animais, que garantem que o pólen
vai para outras flores da mesma espécie, mesmo com uma mínima quantidade de pólen gerado. Essa polinização por ani-
mais é chamada de zoófila: entomófila por insetos, ornitófila por aves, quiropterófila por morcegos, malacófila por moluscos ou
artificial por humanos.
Em gimnospermas, a semente é desprotegida, não havendo frutos. Em angiospermas (angiós = urna), frutos são estruturas
derivadas do ovário da flor verdadeira, e consistem numa eficiente proteção para a semente. Além disso, são nutritivos e sabo-
rosos, atraindo animais que venham comê-lo. Como a semente tem sabor desagradável, normalmente é descartada, facilitando a
dispersão da planta. Às vezes, a semente é engolida, e tendo revestimentos de celulose, não digerível, atravessa intacta o tubo di-
gestivo do animal sendo descartada nas fezes. Novamente a dispersão é facilitada. Nesse caso, a dispersão é chamada de zoócora
(por animais). Alguns frutos secos aderem a animais, que o carregam, como ocorre no carrapicho. Outros frutos secos apresentam
projeções aladas para a dispersão anemócora (pelo vento), como ocorre no algodão e no dente-de-leão. Outros frutos secos
ainda são dotados de reservas de ar para flutuar na dispersão hidrócora (pela água), como ocorre no coco.

CLASSIFICAÇÃO TAXIONÔMICA EM VEGETAIS

A classificação taxionômica em vegetais é mais uma tradicional confusão em Biologia, em que cada autor utiliza uma classi-
ficação diferente. Principalmente para saber quais são os Filos no Reino Plantae. (Em Botânica, alguns autores preferem o termo
“Divisão” em vez de “Filo”).
A classificação atualmente mais aceita é apresentada a seguir:
- Briófitas hoje são consideradas um grupo de três Filos: Filo Hepatophyta (hepáticas), Filo Anthocerotes (antóceros) e Filo
Bryophyta (musgos).
- Pteridófitas hoje são consideradas um grupo de quatro Filos: Filo Pterophyta (pteridófitas ou filicíneas: samambaias e aven-
cas), Filo Lycophyta (licopodíneas: licopódios e selaginelas), Filo Arthrophyta ou Sphenophyta (cavalinhas ou equisetos) e Filo
Psilophyta (psilófitas).
- Gimnospermas hoje são consideradas um grupo de quatro Filos: Filo Ginkgophyta (Ginkgo biloba, 1 espécie), Filo Cicado-
phyta (cicadáceas), Filo Conyferophyta (coníferas: pinheiros) e Filo Gnetophyta (gnetófitas).
- Angiospermas correspondem a um único Filo, Filo Anthophyta ou Magnoliophyta, com duas classes: Classe Monocoty-
ledones ou Liliopsida e Classe Dicotyledones ou Magnoliopsida.

Tome nota:

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REINO PLANTAE (CERCA DE 325 MIL ESPÉCIES)

CRIPTÓGAMAS AVASCULARES (cerca de 23 mil espécies)


(plantas sem flores, sementes e vasos condutores)
- Filo Hepatophyta (hepáticas)
- Filo Anthocerotes (antóceros)
- Filo Bryophyta (musgos)

CRIPTÓGAMAS VASCULARES
(plantas sem flores e sementes e com vasos condutores)
- Filo Psilophyta (psilófitas, 8 espécies)
- Filo Arthrophyta ou Sphenophyta (cavalinhas ou equisetos, 40 espécies)
- Filo Pterophyta (pteridófitas ou filicíneas, 12 mil espécies)
- Filo Lycophyta (licopódios e selaginelas, 1 mil espécies)

FANERÓGAMAS OU ESPERMATÓFITAS
(plantas com flores, sementes e vasos condutores)
Gimnospermas (sem frutos)
- Filo Ginkgophyta (Ginkgo biloba, 1 espécie)
- Filo Cicadophyta (cicadáceas, 100 espécies)
- Filo Conyferophyta (coníferas, 550 espécies)
- Filo Gnetophyta (gnetófitas, 70 espécies)

Angiospermas (com frutos)


- Filo Anthophyta ou Magnoliophyta
Classe Monocotyledones ou Liliopsida (monocotiledôneas, 48.500 espécies)
Classe Dicotyledones ou Magnoliopsida (dicotiledôneas, 236.500 espécies)

Uma antiga classificação usava a terminologia Vegetais Inferiores para as Algas, Vegetais Intermediários para Briófitas e
Pteridófitas, e Vegetais Superiores para Gimnospermas e Angiospermas.

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