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    A ESCULTURA RELIGIOSA EM PORTUGAL NOS SECULOS XVII E XVIII: UM BREVE RELANCE* ‘linhado no campo da Conta-Reforma por ares poiticaserelgisas complexas, Portugal procede a essa escotha também por maivos de senibilidade propria. Nela ext cnvolvidauma concep de eiiosdade, vinds da dade Mea, er que culo da Virgeme dos sates ocupava um lugar de destague, ea autoridade do poaliice de Roma eraacatadae pestigiada. dentificande-se neste particular com o seu vizinbo ibeicn, as dois paises reconheciam mesmo 6 poder papa come Abita supremo da Cristandade em matéia de dhrito internacional. Iso verficase, por exemple, quanda da asinatura do Tratado de “ordesihas, em 1494, e subsequent divisio do lobo em daa reas de explorayo maritima, {actor diplomética que esteve na erigem da colonizago portuguesa no Beas E prossegue nas posigées dfendidas pelos prelads peninsulares no conetio de “Trento (1545.63), quando se fam as norma reguladoras da artovioxia eaten e a suas relages com a ate. A fangao das imagens, tanto as pintadas como a esculpdas,adguie nto uma importincia de tal modo fundamental que se converte nam des tpicos cena do Barro, las 0 stsultaneament objecto de devoroe contemplago mediaiva, no isenas, em detersinados contexts misticos, de uma cera aura visions. © que no € scompativl, «em amuitos cass, coma dimensie didetcaeeelebratva, particularmentedeseavalvida pela iconografa das ordens eligoss, tant as anigas quant as moderns. aqui que se opera, porém, uma separa ene as duas vertenessbsicas, que por sua vee condicionaram a suas zona de aflugcia no contseate ameriano, Sobrepondo-te <1. fundo comum, onde prevalecia 0 gosto pea refulgéncia das poliromias e a madeira dourada,defniram-te dois modos na itezamentecoincidentes de exprimirsenimentos © emog6es. Mais cantdos perante a realism de grande pare da exclraespanhoa do sculo XVI, os ats portagueses conservam uma tonalidadedifusamente arcaizane, que dard lugarno psiodosetecentita’ agitago barrocadecunbo talaniante. Ecumpeem programas iconogrdficns onde se reperctemasdirctvas nacionas dos dfetentessectoeseclesiésticos aque presidiam is espectivas encomensas ‘A esclrareligiosa representa poss, durante eta époea, o sector dominant da produsio portugues. Detrminadas 1580. 1610, a grande inluéncia do sector monsstice-conventual ea formula das questies culturais em termos essencialmentecligiosos, conibuiram para ura subaltemnizagao de ‘otros dominios possveis da criagdo escultérica, Oretratoa figura alegérica e mitolégica esto asim bastante areas ds iniciativas corentes,relecuindo-se tudo isto, numa artcslagosociolégica gue nf épossvel desenvolver ag, nainexistéciatrabém de um ate funerisia monumentalzada Prevalecem, deste modo, sss tpologas mais ou menos fxas que auavessam estes dois séculs, garantindo coma sua cantinuidad a satistagto da necessidade de desunadas an culo, Sadas ds oftcinaslcalizadas nos grandes centos, com Lishos tas também do Porte, Braga, Coimbra ou mesmo Faro, as escltrasdevocionaisencheram iatejase convenes sendo muitas delas enviaas para era da Europa designadaente para Brasil De estatuto humilde, muitos dos seus autores (pertencentes por veres a omens CARLOS ALBERTO MOURA” "Tet presetae om forma eign, de aon com ar armas artogriicasvgente om Porta + Profesor de trad Arte da veri Nova de Tabou/Portupal 10 religiosss) vivem uma exisncis de redurida notoriedade, sinda que um ou outro possa parecer referido como “insigne imaging" revelando-se a documentagio sobre eles ber {nfeioe& dos pintores, Daf também falta de uma reflex teériea, invidvel pela caréncia de ‘uma academia e das suas prétias de ensino. A gravidade desta lacuna nfo deixa todavia de ser sentida em diferentes momentos, tanto no século XVIL, como no seguinte, Mas é com Joaquim Machado de Castro (1731-1822), a0 encerrar-seo ciclo do Tado-Barroco setecenista, {que uma consciénecia mais aguda do problema se manifesta, Exacto representant da geragio A que, no Brasil, pertenceram Francisco Vieira Servas (¢.1730-1811} ¢ Ant6nio Franciseo Lisboa, o Aleiadinio (1738-1814), escultor portugués nao apenas procurou integrar a sua actvidade mum plana de maior dignidade social, como fundamenté-la noma pritica suscepivel de conceptualizago abstract. Néo obstante as limitagSes dessa tentaiva, patentes nos seus {extos figura do artista assumiu apesar de tudo uma projecgdo como nenhum outro eseultor cconheceta no Pais durante os séculos anceriozes. "Eno declinar do periedo medieval que encaniramos alguns dos ancecedentes marcantes esta escultura eligiosa. A proliferacio da pequena imagem devocional, colocadanos altaes, 6 um dado relevanteno século XV, prolongando-senaturalmente no XVI Para sso contrbuers diversosimpulsos clturais, entre os uais devemos ncluiro movimento da Devotio Moderna. A tadugio da Imitagdo de Cristo, de Tomas de Kempis, ¢ da Vite Christ de Ludolfo da Saxénia (esta, uma das primeiras obras a ser impressa em Portugal), sustentam uma cspirtuaidade interiorizada e uma relagio mais directa com a experiéncia do sagrado. O aspecto contemplative que lhe éinerente apelava, eno, paraa imagem enguanto representagio mental, estimulada pela leiturae a pereepgio visual. Numa orientagio andloga tomario formna ‘outras coxrentes posteriores. como os Exercfcios Espiritwais de Santo Inseio de Loiola, no Ambit jé da Reforma catélica, ou a Arce de Orar, publicada em 1630, emt Coimbra, pelo também jesuta Diogo Monteiro, Estacidade 6, tradicionalmente, um dos principaiscentros de atividade escultérica, Acxploragio da pedra de Ang, un calcio brando que se encontra nas suas imediagGes, € a ‘qualidade do mecenato atstice nel promovido,explicam a preseuga dos nisi signficatvos ‘mestres ene os séculos XIV e XVI Inimeras figura, sempre de amanho inferior ao natural, so al tabalhadase distibuidss pela rio central do Pais, havendo hoje exceletescolecp6es recolhidas no Museu de Arte Anliga de Lishoa ¢ no Museu Machado de Castzo de Coimbra. ‘A Virgem com o Menino, a Senhora da Piedade, ou santos isolados ¢ identificados pelo ‘ortespondenteatibuto, cantam-seentee os temas mais frequentes, com solugées por vezes {e grande simplicidade estrtural,Elesconsituem como qe um fundo nici ininteruptamente _mantido, aque teremos de acrescentar os crucifixes de madeira, mais raros devido is vicissitudes solridas pelo material. ‘Duas correntes de concepeioestéica diferenciada se sobrepuseram «este fundo 20

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