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Ficha Portugues
Ficha Portugues
Felizmente Há Luar!
GRUPO I
70 pontos
MATILDE
É tão grande o desprezo que tenho por si, tão infinito o meu nojo, De entrada,
5 que só por caridade não traduzo em palavras o que sinto no Matilde fala com
lentidão, pesando
coração.
bem as palavras.
Judas, que traiu Cristo uma vez, acabou enforcado numa
figueira, mas Vossa Reverência, que O trai todos os dias, vai acabar
1
entre os seus com todas as honras que neste Reino se concedem
0 aos hipócritas e se negam aos justos.
O meu homem vai morrer lá em baixo, junto ao mar, com o som
do vento nos ouvidos, mas Vossa Reverência há de morrer, um dia,
ouvindo, por entre o latim, as suas pragas.
1 Alguma vez ouviu praguejar um homem, Reverência? Um
5 homem a sério, capaz de palmilhar as estradas da Galileia? Capaz
de passar 40 dias no deserto, ou 150 dias metido numa masmorra?
Então oiça!
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Ficha de avaliação 3
Entre Margens, 12.° ano | Caderno do Professor
[…]
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Explica os sentimentos que Matilde expressa pelo seu interlocutor, comprovando com
elementos textuais. 20 pontos
30 pontos
Na contracapa da edição da Areal Editores da obra Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro,
podem ler-se as seguintes palavras:
“[…] a peça Felizmente Há Luar!, publicada em 1961 […], esteve proibida pela censura durante
muitos anos. Só em 1978 foi pela primeira vez levada à cena, no Teatro Nacional […].”
Fazendo apelo à tua experiência de leitura, comenta, num texto de oitenta a cento e trinta palavras,
o enunciado acima transcrito, explicando as razões dos factos aí mencionados.
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Ficha de avaliação 3
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GRUPO II
50 pontos
Conhecemos a Guidinha num domingo à tarde, em casa da avó Paula, pela mão
do nosso Pai, aliás, pela voz dele porque, nessa altura, em 1969, quando a Guidinha
começou a escrever ainda a Clara e eu não sabíamos ler. Essa leitura em voz alta,
saboreada vezes três, tornou-se num ritual aguardado semanalmente com curiosidade
5 e entusiasmo. Mais tarde, aprendidas as letras, ganhámos desenvoltura e vocabulário
da melhor maneira: a sorrir!
Graças à Guidinha, soube pela primeira vez que existia um bairro chamado Graça,
onde fui parar em crescida e ainda moro radiante. Também por isso, vai para dez
anos, aprendi a descortinar sentidos na ausência deliberada de pontuação cultivada
1
0 com mestria pela língua afiada de Luís Sttau Monteiro (1926-93) e generosamente
posta ao serviço da sua lucidez crítica, em tempos de censura – o ignóbil lápis azul –
pude acei-tar trinta e tal anos mais tarde este saboroso desafio duplo: o do mergulho
retrospetivo numa infância feliz vivida em estereofonia e na atribulada história recente
de Portugal que a minha geração só pôde decifrar a posteriori.
[…]
1
5 A Guidinha com graça em plena Ditadura no tempo das Conversas em Família, de
Marcelo Caetano, do Se Bem Me Lembro, de Vitorino Nemésio, da pasta medicinal
Couto, do restaurador Olex, do creme desodorizante Bily, do Cartaz TV, do TV Rural,
dos pastéis de bacalhau sem bacalhau, do E a Vida Continua, do folclore popular e
televisivo, com ou sem Pedro Homem de Mello, do Museu de Cinema mudo com
2
0 Lopes Ribeiro e António Melo, à voz e ao piano muitos artistas de variedades, outras
tantas metáforas do país amordaçado […].
Entre 1969 e 1980, primeiro no suplemento “A Mosca” do Diário de Lisboa, pela
mão do “padrinho” Cardoso Pires, depois em O Jornal, pela mão afável de Afonso
Praça, graças ao talento de Luís Sttau Monteiro, antes a Guidinha emprestou a sua
2
5 voz infantil aos que não tinham voz, porque às crianças mais facilmente se perdoa o
não terem papas na língua… embora, nessa altura, nem sequer fosse permitido
festejar o Dia Mundial da Criança. Depois, quando as vozes se levantaram, e por
vezes se confundiram, a Guidinha em trânsito sobreviveu teimosamente, mostrando
que continuava atenta, sem condescendências...
3
0 Grata à Guidinha, pois, também porque, pelo caminho, encontrei outros “grilos”
desenhados que podiam ser primos dela, o Astérix, a Mafalda, o Calvin, mas só pude
reconhecê-los por a ter conhecido tão cedo...
Quase vinte e cinco anos depois da última “Redação da Guidinha”, muitas
3
5
idiossincrasias persistem, mas o sentido de oportunidade da partilha mantém-se, para
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que a Guidinha nos lembre sempre que a amargura e a deceção que os regimes mais
ou menos musculados suscitam pode ser transformada de maneira construtiva num
sarcasmo metódico que aposta em pôr-nos a nu através do ridículo tão temido,
quando muitos insistem em gabar-nos os fatos.
Antes e depois, como nas dietas, fora e dentro, como nas viagens... Abrir e fechar
4
0 os olhos e a boca... Resistir e acreditar, sorrindo!
1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a única opção que permite obter
uma afirmação correta. Escreve, na folha de respostas, o número de cada item e a letra que
identifica a opção escolhida.
1.2. A expressão “Graças à Guidinha […]” (l. 7 ) configura uma modalidade 5 pontos
(A) deôntica.
(B) apreciativa.
(C) epistémica.
(D) com valor de permissão.
1.3. Na linha 8, “onde”, em “[…] onde fui parar em crescida […]”, introduz uma oração 5 pontos
1.4. O segmento “[…] com mestria […]” (ll. 9-10) assume a função sintática de 5 pontos
1.5. Em “[…] posta ao serviço da sua lucidez crítica […]” (ll. 10-11), o segmento sublinhado
desempenha a função de 5 pontos
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1.6. Com a expressão “[…] outras tantas metáforas do país amordaçado […]” (ll. 20-21),
o autor pretende 5 pontos
2.1. Indica o valor da expressão indefinida “[…] numa infância feliz […]” (l. 13). 5 pontos
2.2. Classifica a oração “[…] embora, nessa altura, nem sequer fosse permitido
[…]” (l. 26). 5 pontos
2.3. Classifica o sujeito de “[…] e por vezes se confundiram […]” (ll. 27-28). 5 pontos
GRUPO III
50 pontos
“O nosso problema grande é estarmos convencidos que os problemas deles [dos vizinhos/dos
outros] não nos dizem respeito. A nossa tragédia é acharmos que não temos nada a ver com isso.”
José Luís Peixoto, “Somos a primeira pessoa do plural”, in revista Visão, 8 a 14 de dezembro de 2011
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras,
apresenta uma reflexão sobre o que é afirmado no excerto transcrito relativamente ao individualismo
do ser humano.
Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um
deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
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