You are on page 1of 27
52 PROCESSOS DE ESTAMPAGEM 4. Introdugao Por estampagem entende-se 0 processo de fabricagao de pecas, através do corte ou deformagao de chapas em operacao de prensagem a fri. Emprega-se a estampagem de chapas para fabricar-se pecas com paredes finas fellas de chapa ou fita de diversos melais e ligas. As operagdes de ‘estampagem podem ser resumidas em trés basicas: corte, dobramento ¢ embutimento ou repuxo. ’ dobraniento ‘A estampagem da chapa pode ser simples, quando se executa uma s6 operacdo, ou combinada. ‘Com a ajuda da estampagem de chapas, fabricam-se pegas de ago baixo carbono, acos inoxidaveis, aluminio, cobre e de diferentes ligas nao ferrosas. Devido as suas caracteristicas este processo de fabricagtio 6 apropriado, preferencialmente, para as grandes séries de pecas, oblendo-se grandes vantagens, tals como: + Alta producao + Reduzido custo por peca + Acabamento bom, ndo necessitando processamento posterior. + Maior resisténcia das pegas devido & conformagao, que causa 0 encruamento no material * Baixo custo de controle de qualidade devido uniformidade da produgao e a faciidade para a deteceao de desvios. ‘Como principal desvantagem deste processo, podemos destacar o alfo custo do ferramental, que s6 pode ser amortizado se a quantidade de pegas a produzir for elevada 2, Operagées de estampagem * Corte: Consiste em separar-se de uma chapa, mediante golpe de prensa, uma porgéio de material com contomo determinado, utiizando-se ferramental apropriado denominado estampo de corte * Dobra: Como seu nome indica, consiste em obter uma pega formada por uma ou mais dobras de uma chapa plana, Para isto, é utiizada uma ferramenta denominada estampo de dobra ‘+ Embutimento ou repuxo: Esta operagao tem como finalidade obter pegas em forma de recipientes, como canecas, caixas e tubos; obtidas pela deformacao da chapa, a golpes de prensa e empregando ferramental especial denominado estampo de repuxo. 3. Nomenclatura basica da ferramenta de estampagem Prof. Femando Penteado + Pungao: é 0 elemento da ferramenta que provoca a perfuragao através de movimento e forca transmitidos pela prensa Matriz: é 0 elemento da ferramenta que fica fixo na base da prensa e sob o qual se apdia a chapa Folga: é 0 espago existente entre o pungo e a matriz na parte paralela de corte. * Alivio de ferramenta: é 0 angulo dado a matriz, apés a parte paralela de corte, para permitir 0 ‘escape facil da parte cortada. — extrator — guia matriz 4, Operagées de corte ‘As operagées de corte de chapas de metal sao obtidas através de forcas de cisalhamento aplicadas na chapa pélos dois cantos da ferramenta criando tensées internas que, ullrapassando o limite de resisténcia ao cisalhamento do material, provocam a ruptura e finalmente a separagao. O corte é realizado fundamentalmente em trés etapas: a) Deformagao plastica b) Redugao de area ©) Fratura Quando 0 pungdo pressiona a chapa, o material comega a deformar-se até que o limite eldstico seja ultrapassado, entao o material deforma-se plasticamente e penetra na matriz, formando uma calota na parte inferior Com a manutengao da aplicagéo da forga pelo pungai reduzindo a drea na regiao do corte (extricgo). © metal continua a penetrar na matriz, Prof. Femando Penteado 53 Ai se inicia a fratura, que comega no canto de corte do pungo, para logo em seguida iniciar-se no canto de corte da matriz. Com 0 aumento da penetrago do puncdo, a fratura prolongar-se-4 e as duas fraturas, eventualmente, encontrar-se-do, quando, entéo, podemos dizer que o corte ocorreu por cisalhamento puro, Caso isto nao acontega, a parte compreendida entre as duas fraturas iniciadas por cisalhamento sera “rasgada’, por esforgo de tragao, ‘As partes rompidas por cisalhamento teréo um acabamento liso e brilhante, enquanto que a parte rasgada por tragdo teré um acabamento aspero e sem brilho. Pungao trineas = a “matriz — ee] | aia Ao }—~ cisalhamento 4,1,Folga entre o pungao e a matriz ‘Afolga entre 0 pungao e a matriz tem uma fungao muito importante, pois dela depende o aspecto da peca acabada, a forga necessaria para o corte eo desgaste da ferramenta. Quando a folga ¢ correta, os inicios das fraturas que comegam no canto de corte do pungao e da matriz, depois de prolongarem-se, encontrar-se-40 no mesmo ponto, produzindo uma pega sem rebarbas. Essa folga depende do material, bem como de sua espessura, ‘Segundo Oehler, a folga ideal pode ser obtida através das seguintes formulas empiricas: Para chapas de até 3 mm de espessura:| f =(0,01x e- 0,013) x VKs onde: sspessura da chapa e Ks = tensdo de ruptura ao cisalhamento do material 4.2.Forca necessaria para o corte O esforgo de corte é obtido multiplicando-se a area da segdo a ser cortada pela resisténcia ao cisalhamento do material Como a area da segdo a ser cortada é igual a espessura da chapa multiplicada pelo perimetro de corte, podemos dizer que: L FereL.ks = espessura da chapa (mm) — e L= perimetro de corte (mm) Ks = tensao de ruptura a0 — cisalhamento (Kgfimm2) ‘A seguir damos o valor de Ks para alguns metais. Prof. Femando Penteado Na falta do valor exato Ks pode ser tomado como sendo 0,8 da tensdo de ruptura a tragao do material. Metal. Ks (Kgfimm2) | Ks (Kgfimm2) recozido ‘encruado ‘Ago, 0.1%. 24 32, ‘Ago, 0.2%. 30, 40 ‘Ago, 0.3%. 36, 48 ‘Ago, 0.4%. 45 56, ‘Ago, 0.6%. 55, 72. ‘Ago, 0.8%. 70 90 Ago, inoxidavel 50, 56 ‘Aluminio 99 © 99,5, Tad 3a 16 Prata e Monel (liga de niquel) 28.2 36 45 a 56 Bronze 33.40 40-2 60 ‘Cobre. 18.422 25.a 30 Estanho. 03 04 Zinco 12, 20 ‘Chumbo, 02 03 4.3.Forga de sujeic¢éo Algumas vezes a tira a ser cortada fica presa através de um sujeltador ou prensa- chapa ligado ao ‘mecanismo do pungao e acionado pela pressdo dada por molas. Podemos considerar que, para condigdes médias de folga e afiagdo das ferramentas, 0 esforco de sujeigao varia de 5 a 12% do esforgo de corte e na pratica, quando nao se conhece o valor exato, utiliza-se 10%, Assim, nesse caso, a forga total de corte sera igual a 1,1.Fe _ sujeitador com molas Muitas vezes 6 interessante procurar-se diminuir 0 esforgo de corte, com o intuito de minimizar a necessidade de grandes prensas. Isto pode ser feito através de um angulo no pungao ou na matriz, de maneira a diminuir a area de resisténcia ao corte. ‘A redugo do esforco de corte pode ser demonstrada conforme segue: 4.4, Redugao da forga de corte trabalho requerido para cortar uma chapa de metal pode ser calculado pela formula basica: Trabalho = Forga x distancia em que a forca atua Prof. Femando Penteado 56 No caso do pungao de face reta, a distancia percorrida pelo pungo para executar o corte sera igual @ ‘espessura da chapa (e). Portanto: Tet = Fet xe No caso do pungo de face angular distancia percorrida pelo pungao para executar 0 corte completo sera igual a (e + €), conforme desenho Assim: Top = Fe x (e +c) Como o trabalho para executar 0 mesmo corte nao varia, (Te1 = Te2) e como a distancia percorrida pelo pungao com face angular 6 maior, para manter-se a igualdade, a forga de corte, neste caso, necessariamente, tera que ser menor. Ter=Fetxe | Te,=Fe,x(e+e) Tet =Te2 (e+c)>e Portanto: Fe2 < Ft 0 ngulo de inclinago dado na face do pungao nao deve ullrapassar a 18 graus. 4.5, Exercicios de aplicagéo a) Desejamos cortar,simultaneamente,dez discos de 30 mm de diametro, em chapa de ago carbono para estampagem, com 0,1% C, de 2 mm de espessura Calcular o valor da forga total de corte. Solugdo : Fe = 0x Lx Ks x 10 L=nxd_ da tabela Ks = 24 Kglimm2 Assim: Fe = 2x x 30x 24 x 10 = 45240kgf b) No problema anterior, calcular 0 Angulo que deveria ter a face do pungao para que pudéssemos cortar 10 discos, simultaneamente, usando-se uma prensa de 30tt. ‘Solugdo: Tel = Fel x €= 45240x 2 = 90480kgf.mm Tc2 = Fe2x(e+c) 30 Tel = Te2 = 90480 Fe2 = 30000kgf 402 a Portanto: 90480 = 30000x(2-+c). Assim: ¢ = 1,02 1,947 =o. = 1°56" 1,02 Portanto: tga. = — = tg0,03. tanto: tga, = “5 = 10,03 4,6, Estudo do “layout” para o melhor aproveitamento das chapas Podemos obter uma importante economia de material, particularmente quando se tratar de grandes séries de peas, se estudarmos, cuidadosamente, a posi¢ao que deve ocupar a pega na tira de chapa. Além do aspecto relativo a redugao de retalhos e sobras em geral, muitas vezes importante considerar-se também 0 sentido de laminagao da chapa, para obter-se uma resisténcia mecanica adequada da pega. Um bom arranjo da pega na tira também pode contribuir para um aumento de produtividade, bom acabamento das pegas, ao mesmo tempo que pode propiciar o uso de ferramentas mais simples. Para termos a melhor disposigo possivel da pega na tira devemos seguir as seguintes regras: + Separagao entre as pegas A separagao que deve deixar-se entre pegas ou entre essas e as bordas da tira varia de acordo com @ espessura da chapa e o formato da pega. E importante observar que o retalho de chapa deve manter sempre a rigidez, pois caso contrario haveré problemas de posicionamento da tira na ferramenta com conseqiientes interferéncias, produtos incompletos, engripamentos da ferramenta, ete. Normalmente adotam-se como distanciamentos minimos os que se seguem Prof. Femando Penteado 87 = S = distancia ou sobra de material espessura da chapa S = 2 xe: se 0s lados de duas pecas consecutivas ‘so paralelos, portanto a separagao das pecas & cconstante. S = e: quando a separado minima entre duas pecas é somente num ponto, (por exemplo, formatos circulares). © mesmo critério é empregado para distancia , minima entre as bordas da tira e a peca. Lael Qualquer que seja e, sempre devemos ter S > 0,5 mm, Em alguns casos, quando o formato da pega permite, pode-se conseguir um aproveitamento maximo nao se deixando retalho entre as pegas, conforme mostra a figura abaixo, Extrator EncBisto lateral ‘+ Modos de disposicao das pecas na tira A principio a disposigdo das pegas na tira é feita através de uma das seguintes formas: us ¢_Inclinada Prof. Femando Penteado 58 *_Invertida A disposigao invertida exige que a tira do metal passe duas vezes pela mesma ferramenta, sendo que da segunda vez a tira deve ser invertida. ‘utra alternativa ¢ dispor de uma ferramenta equipada com dois pungdes, para corte simultaneo das duas pecas. Essa solugéo acarretaré aumento no prego da ferramenta e na exigéncia de prensas mais potentes para execugao do corte, Maltipla Para descobrir-se qual a melhor disposigéo para determinada pega, 0 método mais pratico, se ndo tivermos acesso a um software adequado, é 0 de recortar-se modelos da pega em cartolina e distribui-los de varias formas sobre papel milimetrado, até encontrar-se a disposicao que soja a mais ‘econémica Para tanto devemos considerar: area efetiva ocupada pela pega, perdas nos extremos da tira, custo da ferramenta, produtividade, ete. Em determinados casos pode ser altamente vantajoso alterar-se 0 desenho da pega de forma a melhorar-se substancialmente 0 aproveitamento da tira. Veja 0 exemplo ao lado, onde uma pequena alteragdo, que nao influiu na aplicagao da pega resultou numa melhor utiizagao da chapa. Prof. Femando Penteado Outras vezes, as pegas sdo mais complexas e ha necessidade de operacées sucessivas para obtengao da pega. Ai também um bom estudo de layout pode levara uma economia expressiva de material, conforme mostra o exemplo a0 lado. Repare que a pega Testa sendo produzida a partir do retalho da pega 2. 4.7. Exercicios de aplicagao a) Calcular qual das disposigées: Paralela, obliqua ou invertida apresenta o melhor aproveitamento da tira de chapa (menor rea ocupada), para a fabricagao da pega abaixo. 45 3 e=Imm oe § w_|' ri © Solugao: e=Imm P=11+2 Prof. Femando Penteado Disposicao paralela 9mm L=2+30+2=34mm A=19% 34 = 646mm* 59 60 Disposicao inclinada a= V5 +5° =7,07mm=> P=2+7,07=9,07 d = 30x sen 45 = 21,21mm— f =17 x sen45 = 12,02mm J. L= 1421214 12,02 +1 = 35,23 A= Lx P= 35,23 x 9,07 = 319,54mm* Disposigao invertida q P=1742=19mm if] i L=243042454+2=4lmm 1 = ERP 9AM _ 389 Som? mf 2 2 if F Assim, nesse exercicio, © melhor aproveitamento dé-se na disposigao inclinada. 5. Operagées de dobramento Consiste na deformagao da chapa ou tira, de forma a obter-se uma ou mais curvaturas através da aplicagao de esforgos de flexo. Dizemos, entdo, que o material esta submetido a um estado duplo de tensao. Prof. Femando Penteado 61 5.1. Caracteristicas da operagao de dobramento ‘Como todo material submetido @ flexéo, a chapa dobrada ¢ solicitada por tragao no lado externo da dobra e por compressao no lado interno, caracterizando 0 estado duplo de tensao. Assim sendo, as tensées a que esté sujeito o material s4o decrescentes das faces exlernas em dirego ao niicleo da peca e, como as mesmas so de sentido inverso haveré uma linha onde essas tenses se anulam, que é chamada de linha neutra (L.N.) Sc A Esta linha é importante na operagao de dobramento, pois como ai a tensao 6 zero ola nao sofre alleracdo de comprimento durante @ deformagao, o que nao acontece com as parles que esto sendo tracionadas e comprimidas que, aumentam ou diminuem de comprimento, respectivamente, apés a ‘operagao, E através da linha neutra que se calculam as dimensdes do desenvolvimento (“blank”), ou seja, da tira antes do dobramento. Quando se inicia o dobramento, a linha neutra esta localizada no centro da espessura da tira e, conforme operacao vai sendo executada, sua tendéncia 6 deslocar-se em diregao ao lado interno da curvatura (lado da compressao). 5.2. Determinagao da posigao da linha neutra (LN). ‘Como valores praticos para localizagao da LN,em fungao da espessura da chapa, podemos citar: ‘espessura da chapa (e) | posi¢ao em relacao ao, lado interno da dobra até 2mm W2.e ‘acima de 2 mm até 4 mm Te acima de 4mm We ‘+ Determinagdo experimental da linha neutra: Para determinagéo exata da posigao da LN, é necessério fazer-se 0 dobramento de uma tira de chapa, de comprimento L e espessura g conhecidos, com um raio r de dobramento desejado, como mostra a figura abaixo, Ife Prof. Femando Penteado 62 Assim, teremos:L = a+ a +b b= onde:a R=raio na L.N. Mulliplicando a expresso por 2 vem: 2(L-a-b) T 2L=2a+nR+2b>R= ‘Chamando-se a distancia da linha neutra a face interna da dobra de x, vem: Rar+x>x=R-r> + Exemplo de aplicagao: Determinar a distdncia entre a LN e a face interna da dobra de uma tira de ago de 100 x 20 x 3 mm, que uma vez dobrada, ficard com as dimensées indicadas a seguir: 2aR a0 100=a+ 4 +b onde:a = 48—3-5=40 b=58-3-5=50 Re=raio na L.N. 8 2(100 — 40 — 50) = rat ) x= R-r,assim: 2{100~ 50-40) yo eee 13mm 5.3. Cdlculo do desenvolvimento Para obter-se uma pega dobrada temos que partir de um esboso plano, cortado com dimensées adequadas, denominado desenvolvimento da pega. Este desenvolvimento é calculado, baseado na linha neutra da pega, pois essa nao muda de comprimento apés a deformacao da chapa. ‘Assim, para 0 calculo do desenvolvimento, basta determinar 0 comprimento da mesma, + Exemplo de aplicagao Calcular 0 desenvolvimento da pega desenhada a seguir, construida em chapa de 2 mm de espessura. ‘Como a espessura da chapa é de 2 mm, podemos considerar a LN no centro da chapa (LN = 1/2.e) Prof. Femando Penteado Célculo do desenvolvimento: AB=8-(3+2)=3mm BC = 2nd = 12.n. (3 +1) = 6,28 mm CD =15-(6+5)=5mm DE = BC = 6,28 mm EF = 40-(3+2)= 35 mm FG = 2nRI2 = x. (5 + 1) = 18,84 mm Portanto, o desenvolvimento terd 0 seguinte comprimento: L=3+6,28 +5 +6,28 + 35 + 18,84 = 74,40 mm 5.4. Deformagao durante o dobramento No dobramento de tiras de segao retangular, os lados do reténgulo sao formados pela largura da tira e pela sua espessura. Quando chapas espessas séo dobradas com raios de curvatura pequenos, este retangulo é distorcido para um trapézio, onde o lado intemo & curvatura tem suas dimensdes aumentadas, devido aos esforgos de compressao e o lado externa tem suas dimensdes diminuidas, devido aos esforgos de tragao. lado Intemo Le lado extemo: 5.5. Raio minimo de dobramento Quanto menor o raio de dobramento maiores serdo as tensdes a que o material ficaré submetido. Para que nao haja inicio de trinca ou esmagamento, as tensdes maximas de tragao e compressao atingidas nas partes externas e internas da curvatura nunca devem atingir a tensao limite de ruptura. Assim, 0 raio minimo de dobramento deve ser limitado de forma a evitar esta ocorréncia Existem formulas empiricas para a determinagao do raio minimo, mas na pratica utilizam-se valores obtidos experimentalmente. Para 0 ago doce recomenda-se Rmin > e, onde ¢ é a espessura da chapa, Prof. Femando Penteado 63 64 5.6. Retorno elastico (Spring back) No dobramento sempre deve ser levado em conta o fato que, apés cessado 0 esforgo do puncao sobre 0 material, havera um certo retorno da pega dobrada, ficando a dobra com um Angulo maior que o obido no momento da pressdo da ferramenta Esse retorno é devido @ componente elastica do material, pois a deformacao plastica permanente é conseguida apenas nas fibras mais externas do material, permanecendo as préximas a linha neutra no estado elasstico. (0 Angulo de retorno depende, principalmente, do material, de sua espessura e do raio de curvatura Normaimente ele varia de 1°a 10° e, para ter-se uma idéia de seu valor, convém realizar-se um ‘ensaio prévio de dobra. Portanto, as ferramentas de dobra devem ser feitas com Angulo que compensem esse retomo. Nos dobramentos de perfis "U" o fundo é feito leveriente céncavo para compensar a acdo eldstica do material. 5.7. Folga entre pungao e matriz A folga entre o pungdo e a matriz deve ser igual a espessura da chapa, a menos que a chapa va ser submetida a um efeito de cunhagem, o que aumentard significativamente as forgas necessarias para (© dobramento, Como a espessura da chapa pode variar dentro das tolerdncias de usina, isto deve ser considerado no dimensionamento da folga. Normaimente costuma- se acrescentar 10% da espessura para compensar essas tolerancias. Usando-se esse critério a folga serd igual a 1,1 5.8. Forga de dobramento Para o calculo da forga necesséria para realizar-se um dobramento 6 preciso saber como serd realizado o mesmo pois, conforme 0 desenho da ferramenta, havera uma variagdo nessa forga, ‘Assim sendo apresentaremos trés tipos basicos de dobramento mostrando o roteiro que deve ser seguido para determinagao dessa forca. Para qualquer outro tipo de dobramento nao analisado aqui, 0 roteiro a ser seguido ¢ o mesmo. calculo da forca de dobramento é feito baseado nos carregamentos padrées de uma viga, conforme visto em resisténcia dos materials. Assim, para calcularmos a forga de dobramento devemos associar 0 tipo de dobramento com um correspondente carregamento de uma viga. A:seguir mostramos o calculo da forga de dobramento (Fp ) para dabras em "V" a Dobramento em "V" Prof. Femando Penteado 65 Fd 1 Fdxl Da resisténcia dos materiais vem: Mfmax = — x — = 2 4 Onde: Mfimax = momento fetor maximo Fd = forga de dobramento 1 = comprimento livre entre apoios na matrz Por outro lado sabemos também que: Mf = W.of Onde: W = médulo de resisténcia, que depende do formato da seco que esta sendo dobrada. of =tensao de flexdo do material, considerada normaimente como sendo duas vezes a tensao de ruptura & tragao do material bet Para 0 caso de segées retangulares, como a de uma chapa: W = < v onde: b = largura da tira = espessura da tira be? Substiuindo,temos: Mf = af Fd. be? be? Igualando-se teremos: * of — Portanto: a= Peo Dobramento em " Da resistencia dos maleriais vem: Mfmax = Fd. ‘Onde: | =comprimento livre entre o pungdo e o engastamento da tira na matriz. Da mesma forma que no exemplo anterior temos: be? be Mf =W.of e, para tiras de chapas: W = o Portanto: Mf = of be? b.e* Igualando-se teremos: Fd.1 < of Portanto: ra= Pet beof Quando I= e vem: Fd + Dobramento em "U" Prof. Femando Penteado 66 Este tipo de dobramento pode ser considerado como um duplo dobramento em “L", com. Assim: Fd = 2,229 |be.of Exemplos de aplicagao: a) Calcular a forga necessaria para 0 dobramento em de uma tira de chapa de ago de of = 50 kgf/mm” , de largura 120 mm e de espessura 2 mm. * Solugao: ra-© af = 120250 _ soo g4ey b) Calcular a forga necesséria para o dobramento em "V" de uma tira de chapa de ago de of = SO kgf/mm’ , de largura 120 mm e de espessura 2 mm. * Solugdo: Para executarmos este tipo de dobramento é necessério saber-se 0 comprimento livre entre apoios (I), que depende do projeto da ferramenta. Recomenda-se | entre 15 a 20 x e, onde e 6 a espessura da chapa. Para o presente problema adotaremos = 15 e, portando: |= 15 x b.e?.of _120x2? x50 Be of _120x2150 _ 555 3 3h@f 15.1 1,5%30 5.9. Sujeitador 30 mm. Assim: Fd = Nas operagées de dobramento podera haver a necessidade de manter-se a tira de chapa presa firmemente, para evitar que a mesma desloque-se durante a operagao. Sujeitador Para isso, podera ser usado um prensa-chapa ou sujeitador de ago por molas. Normalmente, o valor dessa forca de sujeigo pode ser considerado como sendo 0,3 Fd. Prof. Femando Penteado 6. Operagao de embutimento ou repuxo 6.1. Introdugao ‘A operagao de repuxar consiste em obter-se um sélido, de forma qualquer, partindo-se de um desenvolvimento de uma chapa plana estudo do fluxo do metal nesta operacdo é bastante complexo, pois aparecem estados duplos e triplos de tensao. As possibilidades de repuxar comegam no limite elastico terminam um pouco antes do limite de ruptura, Portanto, quanto maior for a diferenga entre o limite eldstico e 0 de ruptura, maiores serao as possibilidades de repuxar determinado aco. A chapa de ago para operagdes de repuxar deve ter um limite eldstico bastante baixo (18 a 21 kgf/mm?) uma carga de ruptura a mais elevada possivel (35 a 42kat/mm” ), com um coeficiente de alongamento em torno de 33 a 45%. Nesta operaco, ao contrario das precedentes, praticamente todo o volume da pega sofre tenses e & encruado, exceto 0 fundo da pega, que serviu de apoio & face do pungao. De forma geral, 0 encruamento melhora a qualidade do produto acabado, Por exemplo, partes de carroceria de automdvel, onde sao feitas deformagdes com a finalidade especifica de encruar a chapa, aumentando a resisténcia a rupturas, a deformagées. Por outro lado, encruamentos excessivos devem ser evitados, pois isso tomara a pega fragil A figura acima mostra as tensdes a que esté sujelta uma pega repuxada. Enquanto as paredes verticais estéo sendo tracionadas, a area plana do desenvolvimento esta tendo sua circunferéncia reduzida através da atuagao de forgas de compressao. Como, geralmente, a chapa é fina, as forgas de compressdo tendem a flambar a chapa na zona plana, 0 que origina ondulacdes e rugas nesta area. Para evitar-se este fenémeno utilizam-se prensa-chapas, o que implica no aparecimento de forgas de atrito entre este a chapa que esta sendo repuxada. 6.2. Determinagao do desenvolvimento de uma pega embutida Para esta determinagao & necessério conhecer-se tanto 0 formato como as dimensdes do desenvolvimento. Para pegas de segao circular sabe-se que o formato do desenvolvimento 6 um citculo, Caso contrério, sua determinagéo nem sempre é faci, exigindo célculos por computador ou sendo muitas vezes calculado por aproximagao ou de forma experimental. As dimensées do desenvolvimento, sao calculadas baseado na igualdade das areas superficiais do desenvolvimento © da pega. Como a espessura da chapa praticamente nao varia e o volume do material permanece constante durante 0 processo, podemos concluir que a area da superficie da pega & igual a do desenvolvimento. Assim temos: Spega ;desenvolvimento Prof. Femando Penteado 67 68 Para o caleulo da area da superficie da pega repuxada devem ser utlizadas as dimensdes na linha neutra, como visto para a operagao de dobramento. 6.3. Exemplos de aplicagao para pega com segées circulares a )Calcular 0 desenvolvimento da seguinte pega: Solugao’ Desprezando-se 0 raio de curvatura, a area da superficie da pega vale: nd? Sp =" —+ndh 4 Como a pega tem segaio circular 0 seu h desenvolvimento é um circulo de diametro D. nD? Assim: Sd 4 Igualando-se as reas _teremos: nD? 4 Portanto: D = Vd? + 4dh b) Calcular o desenvolvimento da seguinte pega: B70 — 6 Sa 75 + Solugao: Para a determinacao das areas de superficies complexas devemos decompé-las em uma série de reas simples. Assim, para a pega do problema teremos: nerd T Sl= -2nr = S2=n.d.h= 60.40 = 7539,82mm* S3= 2.0.7? = 2.0.30? = 5654,86mm* Sp = S1+ S2+S3 = 1570,10+ 7539,82 + 5654,86 = 14764,78mm* ‘Como a pega tem segées circulares, seu desenvolvimento seré um circulo TP 14764,18mm" => D = (a 78x 4 © Assim: Sd = = 137,1 1mm A seguir sao dadas algumas areas de superficie Prof. Femando Penteado 6 6.4, Exemplo de aplicagao para pega de secao retangular Para 0 calculo do desenvolvimento neste caso, a pega, desenhada abaixo, deve ser decomposta em rogibes com raios (cantos) ¢ regides de dobramentos om linhas retas. ‘Onde existem raios, a forma de célculo do desenvolvimento é similar a0 de uma pega cilindrica e nas partes retas calcula-se como se fosse 0 desenvolvimento de uma peca dobrada, a b | Bo) E Calculo do desenvolvimento Inicialmente é desenhado o retangulo ABCD de lados = ay = a - 2re by - 2 A partir de cada um dos lados deste retangulo devem ser marcadas as distancias Il.r/2 + hq, onde hy =h-r. Desta forma obtemos a seguinte figura: LAL B Para completar o desenvolvimento devemos tracar, a partir dos pontos ABCD quatro quartos de circulo com didmetro D, que corresponde ao diametro do desenvolvimento de um cilindro de raio R. ‘com cantos arredandados no fundo, de raio re altura h. R, —— Assim,teremos: D = J4R? + 8R(h, + 0,57r) onde: h- h h- Prof. Femando Penteado 70 \ f [- As concordancias necessarias para evitar-se cantos vivos, que ocasionariam defeitos nas pecas so feitas sem alteragao da area total do desenvolvimento, conforme mostra 0 croqui abaixo. 6.6. Forga de embutimento Nao é facil calcular 0 esforgo necessério para a operagdo de embutimento de uma pega, pois séo muitos os fatores que interferem, tais como: tipo de material, espessura da chapa, profundidade do ‘embutimento, raios da matriz e do pungao, acabamento superficial dos mesmos, lubrificago, etc. Porém, & certo que a forga de embutimento deve ser menor que a necessaria para o corte do fundo da pega. ‘Assim, praticamente, podemos dizer que a forga de embutimento (Fé) pode ser obtida multiplicando- 's0 a forga de corte (Fe) por um coeficiente m, menor que 1, tabelado em fungao da relagao d/D, Portanto, para corpos cilindricos teremos: Ww " Chapas de ago para repuxo profundo did. m 0,55 7,00 0,575 0,93 0,60 0.86 0,85 0,72 0,70 0,60 0,75 0,50 0.80 0.40 6.5. Embutimento progressivo Quando a pega a ser embutida possui a altura muito grande em relagao as dimensdes do fundo, nao 6 possivel obté-la em uma sé operagao, pois o esforgo de embutimento seria tao grande que a chapa seria rompida, Para contornarmos este problema devemos recorrer ao embutimento em etapas progressivas. No caso de pegas cilindricas, a seqléncia para determinagao do niimero de etapas e dos varios diametros intermediarios inicia-se pelo célculo do diametro do desenvolvimento (D) Prof. Femando Penteado 1 {A relagao entre 0 diémetro da pega (d) © 0 diémetro do desenvolvimento (D) & que ira determinar se a pega pode ser executada em uma Unica operagéo ou se seréo necessarios embutimentos intermediarios. A relagao d/D para que a pega possa ser obtida em uma Unica operagao varia com a resisténcia a tragao do material, com a espessura da chapa, com a pressao do prensa-chapa, com a forga de atrito fe com coeficiente de alongamento do material E claro, também, que foigas, raios © angulos da ferramenta, bem como seu acabamento séo de fundamental importancia para a operagao de repuxo. Para condigdes médias sao admitidos os fatores K1 e K2 relacionados abaixo, K1 é 0 fator que deve ser usado na primeira operago, quando o material ainda ndo sofreu qualquer encruamento © K2 6 0 fator que deve ser usado nas operagées subseqiientes. Assim, teremos: D1 = a1 1.2 = d2 d2.K2 = d3 (ne). K2 = dn Valores de K1 Kz para repuxo progressivo Material Ki KZ ‘Ago para repuxo 0,60.a0,65 | 0,80 ‘Aco para repuxo profundo | 0,55 a 0,60 | 0,75 20,80 ‘Ago inoxidavel 0,502 0,55 | 0,803 0,85 Aluminio 0.53.a0,60 | 0,80 Cobre 0,55.a0,60 | 0,85 Lato 0,50.20,55 | 0,75 a 0,80 Zinco 0.65.2 0,70 | 0,85. 0,90 6.7. Exemplo de aplicagao Desejamos obter um recipiente cilindrico, de ago para repuxo profundo, com 20 mm de diémetro por 30 mm de altura (ambas as medidas feltas na linha neutra da peca). Calcular o numero de embutimentos necessérios e os respectivos didmetros intermediarios. + Solugao: a) Célculo do didmetro de desenvolvimento D=Vd’ +4dh => D = 20 +4 x 20x 30 => D= 53mm b) Célculo da relagao d/D 7), TERA, AF Fei 7m ‘Como 0,38 menor do que 0,55 ha necessidade de embutimento progressivo. ) Da tabela vem: K1 = Assim: 0,56 x 53 = 30 mm = 0,75 x 30 = 22,5 mm 0,75 x 22,5 = 17 (diametro minimo) 56 e K2= 0,75 Portanto teremos um total de trés operagdes com d1 = 30 mm, d2= 22,5 mme d3 = 6.8, Forga no prensa - chapa ‘A pressao do prensa-chapa é fundamental para um bom embutimento, pois a presséo quando ‘excessiva provoca a ruptura do material e quando insuficiente favorece a formagao de rugas na pega. A pressao ideal depende do material e da espessura da chapa sendo que quanto menor for a ‘espessura maior devera ser a pressao, De forma geral podemos tomar a forga no prensa chapa como sendo 30% da forga de embutimento, Prof. Femando Penteado 72 6.9, Folga entre pungao e matriz ‘A folga deverd ser tal que permita o escoamento uniforme da chapa sem que haja formagao de rugas ‘ou diminuigdo na sua espessura Na pratica admite-se: para o ago: ‘Onde e é a espessura da chapa. ,2. @; para 0 cobre, latdo e aluminio: = (1,1 a 1,15). e. 7. Prensas para estampagem 7.1, Prensas mecanicas principio de acumulagao de energia que esta presente quando se levanta a massa de um martelo. pode também ser aplicado as prensas mecanicas. Neste caso a energia ¢ armazenada em um Volante e, a0 contrario do martelo onde toda energia acumulada é gasta de uma s6 vez, na prensa ela deve ser despendida apenas em parte, Uma redugao de velocidade do volante da ordem de 15% para operagdo continua e de 25% para uma Unica pancada, é estimada como a maxima permitida, sem que o motor elétrico que toca 0 volante seja afetado. A Forga maxima de projeto definida para uma determinada prensa 6 um valor compativel com os ‘esforgos que pode suportar sua estrutura e as pegas méveis que fazem a transmissdo de forcas. Forgas acima desta comecam por comprometer a rigidez estrutural causando desgastes prematuros @ perda de preciso das ferramentas e finalizam pelo aparecimento de fissuras e quebra de pecas da prensa, Para melhor entendimento analisemos o exemplo a seguir: ‘Suponhamos uma prensa excéntrica com carga maxima de placa - P = 100.000 Kgf e trabalho nominal - An = 560 m Kat. a) Se a forga P = 100,000 kgf for exercida numa distancia W = 5,6 mm teremos: Aq = 100.000 x 0,0056 = 560 m Kgf Assim estaremos solicitando a prensa nos seus limites maximos de forga e energia b) Se a forga P = 100.000 kgf for exercida numa disténcia W = 3,0 mm teremos: ‘Ag = 100.000 x 0,0030 = 300 m kgf Estamos usando o limite de forga, mas nao de energia. ©) Se usamos o limite de energia An 3 =560/0,003 = 186.700 kgf Neste caso como a méxima forca permitida 6 de 100,000 Kat, a prensa foi_ severamente sobrecarregada Na verdade a queda de velocidade do volante esté dentro do limite aceitavel pois no foi utrapassado o limite de energia e, portanto, nao ha sinais externos de sobrecarga Entretanto, todas as partes do sistema de transmissdo de forgas, bem como a estrutura da prensa ‘estdo Sob risco de falha, Sérias sobrecargas desta nalureza ocorrem com freqiléncia quando prensas so carregadas para uso de grandes forgas em pequenas distancias, tais como em trabalhos de cunhagem ou. timbramento (© mais grave é que esta sobrecarga néo é percebida, Por esta razo as prensas mecéinicas devem ser providas de mecanismos de seguranca tais. como embreagens e pinos que se partem quando determinada carga é atingida, desconectando o sistema motor da prensa e evitando a sobrecarga. COutra forma de sobrecarga da prensa aparece quando se usa mais energia do que o permitido. E claro que este tipo de sobrecarga pode estar associado com o anterior quando forgas muito grandes atuam em pequenas distancias e, neste caso, as conseqiiéncias séo bastante danosas. Entretanto, quando a forga permissivel nao é ultrapassada o problema é bem menor do que se costuma supor. ‘Admitamos que, no exemplo acima, o volante seja levado a uma parada durante a execugéo de um trabalho numa distancia W = 100 mm (0,1 m). O total de trabalho disponivel no volante (A = 1560 m.Kgf) teré sido consumido, mas a forga exercida neste periodo seré P=A/W = 1860 / 0,1 = 18.600 kgf, bem abaixo da maxima permissivel Neste caso apenas 0 motor elétrico que toca o volante foi sobrecarregado e, se 0 fato & esporddico, provavelmente néo sera comprometido, {60 m.kgf numa distancia W = 3,0 mm teremos: Prof. Femando Penteado 73 Em operagGes continuas, uma prensa de maior capacidade devera ser usada, embora a forca exigida seja pequena. Sobrecargas desta natureza acostumam ocorrer em operagdes de repuxe profundo e extrusao. 7.4.4, Prensas excéntricas Nestas prensas, o volante acumula uma quantidade de energia, que cede no momento em que 2 peca a cortar, dobrar ou embulir, opde resisténcia ao movimento. No eixo do volante ha um ‘excéntrico que funciona por meio de uma biela, transmitindo movimento alternativo ao cabegote, que destiza por guias regulaveis, onde se acopla 0 conjunto superior do estampo. © conjunto inferior & fixado a mesa, por meio de parafusos e placas de fixacdo. + Prensas excéntricas de simples efeito NOMENCLATURA 1 - Volante 2 Guias do cabegote 3 - Excéntrico, 4-Biela 5 + Mesa regulavel 6 - Volante regulador ‘So aquelas que possuem um Unico cabegote, onde é montada a ferramenta * Prensas de duplo efeito Prof. Femando Penteado NOMENCLATURA 41+ Excéntrico 2-Biela 3-Guias 4-Chapa a embutir 5 Matriz 6 - Prensa-chapa 7- Pungao 8 - Cabegote interno 9 = | Cabegole extemo 74 ‘S4o as que realizam ages distintas e sucessivas através do uso de dois cabegotes, O interno, cujo movimento 6 retardado, um quarto de volta do externo ¢ movido por um excéntrico, como nas prensas de simples efeito e nele é, geralmente, fixado 0 pungao de embutir. O extemo é movido por um excéntrico que aciona o prensa-chapa e o cortador, em alguns casos. + Prensas excéntricas inclinaveis Estes tipos de prensas sfo geralmente utlizados nos estampos de duplo efeito e sua mesa dispée de um disco central com agao de mola, permitindo o funcionamento do expulsor adaptado nos ‘estampos. O angulo de inclinagao da prensa varia de 25° a 302, para permitir uma boa viséo do ‘estampo ao operador e faciltar a saida das pecas, em combinagdo com um bico de ar comprimido que as dirige a uma calha, de onde caem num recipiente. NOMENCLATURA 1 - Conjunto do Estampo 2- Pedal Acionador 3—Motor 4-- Parafuso de Inclinago 5—Calha 6 - Recipiente ‘+ Pardmetros de funcionamento das prensas excéntricas E importante neste tipo de prensa a relagao entre a posigao do cabegote © 0 movimento angular do eixo do excéntrico. Na figura a posigo do cabegote em relagao a mesa da prensa (w') relacionada com o movimento angular do eixo do excéntrico. Para efeitos praticos podemos considerar w" = w Assim teremos: row cosa r r=— = w=r(1-cosa) I= cosa , rts w= - cose) 2 2 onde: r & 0 raio de giro do excéntrico; H 0 brago de manivela; P.M.S. é 0 ponto morto superior e P.M.L. € 0 z ponto morto inferior. Prof. Femando Penteado 75 ‘+ Exemplo de aplicagao: Um eixo-manivela com brago de 100 mm comanda uma prensa cujo cabegote faz contato com a peca 46,7 mm acima do ponto morto inferior (PMI) da manivela. Qual é o Angulo do eixo nesta posi¢ao? + Solugao: H/2-w _ 100/2—6,7 Hj2 100/2 cosa, + Velocidade do cabegote A velocidade © do cabecote esté relacionada com a velocidade periférica do ponto de conexao da biela com o eixo excéntrico, Assim: morn senca[ mm/s], endo ma rtago om pm + Exemplo de aplicacao: Determinar a velocidade do cabegote de uma prensa com: H = 100, W = 6,7 mm e n= 80 rpm. + Solugéo: H/2-w _ 100/2-6,7 Hi2 ‘1100/2 cosa, 0,8660 => a = 30°=> sena = 0,5 n.H/2.n 15080 —— sena = 30 30 x 0,5 C= 209mm is + Forgae capacidade No exemplo abaixo veremos como calcular a forga e o trabalho para determinada operacdo de ‘estampagem. a) Um disco de didmetro d = 165 mm deve ser cortado de uma chapa de ago para repuxo profundo com Ks = 29 Kgfimm2 ; e = 2mm © Solugao: Fo=ad.e.Ks=x.165.2.29=30t trabalho para executar-se este corte 6 dado por: A = X.Fe.e , onde X é um fator que relaciona a efetiva forga despendida durante o corte. X varia entre 0,4 a 0,7 para operago de corte. Para 0 aco X=0,6. Portanto: A = 0,6 x 30.000 x 0,002 => A 6 m.kgf b) Usaremos agora a mesma chapa para obtermos uma pega repuxada cilindrica com diametro d = 148 mm, e altura h = 82 mm, partindo-se de um desenvolvimento em forma de disco de D = 256 mm + Solugao: Prof. Femando Penteado 76 Fé=n.d.e.Ks. m aD 88, portanto m = 0,92 => Fé = x x 148 x 2 x 37 x 0,92= 31654 kgf Para repuxo : A= X Fé h, sendo que para o ago X= 0,75 Portanto : A = 0,75 x 31654 x 0,082 => A= 1947 mkfg Dos exemplos acima pademos observar que, embora para os dois trabalhos (corte repuxo) a forga seja a mesma, 0 trabalho necessario 6 $1 vezes maior no sequndo caso, 0 que exigira uma prensa de capacidade bem superior para a operagao de repuxo, ‘+ Momento ou torque da prensa Admitindo-se que a forga P age no ponto de conexao entre a biela © o girabrequim, a mesma esta a Pxrxsona uma distancia a do ponto ©, produzindo um momento no eixo » Md = Px a ou Mi Md Portanto: P = ———— r.seno As prensas so projetadas de forma que as maximas forcas aparegam entre a posi¢ao 30° e o PMI Neste espago (0° a 30°) a forga permissivel nao pode ser ultrapassada, entretanto, nao ha perigo se ‘0 momento 0 for. Porém, entre 30° @ 90° a forga sera limitada pelo maximo momento permissivel Para melhor compreensao vejamos o exemplo abaixo: Temos uma prensa com H = 180 mm e P = 50t (a= 30°) Qual seré o valor de P dispontvel para execugo de um trabalho numa distancia w = 60 mm? + Solugao: r—w_ 180/2-60 r 180/2 cosa >a =70 Mad = 50000 x 180/2 x sen 30° = 2.250.000kgf pe Md 2250 py ag op H/2xsen70° 90x 0,9397 Muitas vezes as prensas mecanicas excéntricas séo ajustaveis, podendo ter alterada a distancia a, adaptando-se melhor as exigéncias do servico a ser executado, Outras vezes a forca permissivel é dada a 20° ao invés de 30°. Neste caso a forga para um dado torque serd sempre superior a da prensa idéntica com P a 30° + Capacidade An A capacidade de armazenagem de energia de uma prensa é dada pelo peso G, pelo diametro de giro D € pela velocidade de rotagao n de seu volante, Como o volante ndo deve ser parado, mas apenas ter reduzida sua velocidade (no - ni), a energia disponivel para determinado servigo pode ser dado por: n= NO =i Gx p 7100 ‘Apés a execugao do trabalho, a energia remanescente seré: Ax + Exemplo de aplicacao: Prof. Femando Penteado Uma prensa com An = 800 mKgf tem um volante girando a 60 rpm. Apés determinado servigo a nova rotagao do volante é de 30 rpm. Qual a capacidade da prensa neste momento? + Solugao Ax = 2X x An Ax = 30.5 800 = Ax = 200mkgf no 7.1.2 Prensas de fricgdo ou parafuso Nesse tipo de prensa, om contraste com as excéniricas, o total da energia do Volante é usado em uma determinada operaco. Amagnitude da forga exercida fungao da distancia sobre a qual ela é aplicada, Grandes forgas podem ser exercidas quando as distancias a serem percorridas s4o extremamente pequenas. ‘A forga indicada na placa da prensa nao é a maxima possivel, mas ndo deve ser excedida sob risco de danos a estrutura © pecas méveis da prensa, bem como a ferramenta de estampo. Se, para a execugdo de determinada operago nao for consumida toda energia acumulada no volante, a energia remanescente sera convertida em deflexo da estrutura, do fuso e da ferramenta ‘A conseqiéncia poderd ser um repentino aumento da carga que, muitas vezes, causa danos de grande monta Por esta razdo & importante determinar-se o intervalo de tempo requerido p/ acelerar o volante, de forma que a energia acumulada seja compativel c/ a necessidade do servigo a ser realizado. (A descrigo do funcionamento dessa prensa encontra-se no capitulo de Forjamento) 7.2 Prensas hidraulicas Estas prensas tam seus movimentos feitos através de pressao de éleo e sao utilizadas, geralmente, para os estampos de grandes dimensées. Padem competir com as prensas mecdnicas, desde que tenham as mesmas vantagens (alta velocidade de trabalho e autonomia). A bomba de émbolo rotativo, de alimentagao variavel, apresenta a caracteristica de conferir ao curso da prensa, a velocidade maxima quando a pressao 6 minima e a velocidade minima quando a pressao 6 maxima, Portanto, o cabegote da prensa desce rapidamente, sem exercer nenhuma pressdo. Em seguida, inicia-se a estampagem da chapa previamente colocada sobre a matriz inferior e, como conseqtiéncia, a velocidade diminui e a prensa desenvolve toda a pressao requerida para execugao da estampagem. Terminada a ago, 0 cabegote retorna até a posicao superior em grande velocidade. E evidente, Portanto, que a bomba oferece meios capazes de conferir a0 curso do cabegote, varias velocidades, ‘em fungao da pressao necessaria. comum entre as prensas hidraulicas além das de simples efeito, as de duplo ¢ até triplo efeito. ‘+ Pardmetros de funcionamento das prensas hidrdulicas Para embutimentos pequenos, existem também prensas hidraulicas répidas. Em prensas hidrdulicas ¢ feito uso do principio da presso hidrostatica ou seja: Quando a pressao p age sobre uma superficie de area A, obtém -se a forca P, tal que: P= Prof. Femando Penteado 7 78 raat ‘As pressées empregadas nestas prensas podem alcangar até 300 Kgflem2 A fora exercida no cabegote da prensa depende do trabalho a ser executado, a Presséo p iré aumentando conforme a solicitagéo de maior carga. A forca maxima pode ser limitada conforme desejado através da regulagem de uma valvula de alivio que limita a pressao. Diferentemente das prensas mecénicas a forga nao depende da distancia (w) a ser percorrida pelo cabegote. Por outro lado ndo ha como exceder a forga maxima permissivel, devendo a mesma ser suficiente para a execugao da operagdo ou esta nao se completara A poténcia N requerida para uma prensa hidraulica depende do volume de fluido hidraulico que flui por segundo V, da pressao pe das perdas mecanicas, hidrdulicas e elétricas do sistema n. _VxP n Bibliografia Especifica FRANCO, Egberto, LINO, Jorge da Costa, KAMEI, Koyo et al. Estampagem dos Agos. Sao Paulo: ‘Associagao Brasileira de Metais, PROVENZA, Francesco. Estampos |, IV ¢ Ill. S40 Paulo: Pro-Tec, 1996. SCHULER, Louis. Metal Forming Handbook, 4, ed, Stuttgart: Emst Klett, YOSHIDA, Américo. Ferramenteiro (Corte-Dobra-Repuxo). S40 Paulo: Oren. BRITO, Osmar de, Estampos de Corte, Sao Paulo: Hemus, Prof. Femando Penteado

You might also like