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© Copyrigth 2023 by Lili Marques

Capa: Lili Marques


Diagramação: Gervania Silva

Todos os direitos reservados,

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a produção de qualquer parte dessa


obra, através de quaisquer meios – tangíveis ou intangíveis – sem o
consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos direitos
autorias é crime estabelecido na lei nº.9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.


Fugindo à regra apenas nos diálogos e nas particularidades
apresentadas pelos personagens.

Edição Digital – Criado no Brasil


1°edição – 2023
Dedicatória
Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLV
Capítulo XLVI
Capítulo XLVII
Capítulo XLVIII
Epílogo
Bônus Patrick
Bônus Sophie
Dedico esse livro a todas as minhas leitoras maravilhosas que
fizeram esse livro ser um sucesso e meu maior orgulho.
Vocês são as melhores!
Sophie
Eu já estava pronta, enquanto esperava meu tio Charles conversando
com o seu advogado, ficava olhando meu primo brincando do lado de fora
da casa, Louis corria gritando e rindo com os amigos que eu não conhecia.
Fazia muito tempo que não os via, meu pai tinha brigado com tio
Charles e mesmo ele sendo irmão da mamãe nunca mais nos vimos, e agora
eu estava ali sendo entregue ao tio Charles, para que ele fosse meu guardião
até eu completar vinte e um anos. E tudo isso porque meus pais tinham
morrido em um acidente de barco.
Era difícil acreditar que eles haviam partido para sempre, há uma
semana eles tinham saído de férias para a Europa, para comemorar o
aniversário de casamento e eu fiquei com minha babá.
As pessoas achavam que eu ainda não entendia o que estava
acontecendo ali, que eu não sabia o motivo de me levarem para casa do meu
tio, mas eu tinha escutado as conversas, uma criança de dez anos escuta
muita coisa, disso eu tenho certeza.
— Sophie querida, você tem que comer um pouco. — minha babá
chegou insistindo pela décima vez, mas eu detestava peixe e tudo o que
tinha para o almoço era frutos-do-mar.
— Porque meus pais tinham que morrer, Jenny?
— Ai minha querida, eu lamento muito pelo que aconteceu aos seus
pais. Mas foi um acidente e acidentes acontecem, isso pode acontecer com
qualquer um. — ela tentou me confortar, mas não conseguiu.
— Mas não aconteceu com qualquer um, aconteceu comigo.
— Você ainda é uma menina de muita sorte, seu tio Charles vai cuidar
de você agora, até que possa tomar conta da empresa do seu pai. — eu
queria gritar, dizer que não queria meu tio, queria meus pais, mas ao invés
disso baixei a cabeça concordando com ela.
Eu não tinha muitas lembranças do tio Charles e não sabia porquê do
filho dele não chamava a tia Magie de mãe, nem sabia porque ela era tão
nova, mas agora teríamos que aprender a conviver já que eu estaria presa
ali.
— Querida, porque não vai brincar com seu primo? — ergui a cabeça
olhando para ela novamente. — Talvez você aprenda a gostar daqui.
Eu duvidava muito, mas para ser uma boa menina como ela tinha
repetido várias vezes eu me levantei e fui até o gramado. Eles estavam
atirando uma bola de futebol americano, que caiu bem perto de onde eu
estava.
— Joga a bola pirralha! — um dos meninos que estavam com meu
primo gritou sorrindo.
— Posso brincar com vocês? — perguntei acanhada quando peguei a
bola, estava tentando como Jenny falou, tudo começa com um primeiro
passo.
— Não! Porque você é menina e meninas são chatas e fracas! — foi
meu primo que gritou enquanto seu amigo correu até onde eu estava.
— Vai brincar de bonecas, sua idiota! — ele puxou a bola das minhas
mãos com força e por pouco eu não parti para bater nele.
Os outros começaram a rir e no mesmo instante eu corri para os
braços de Jenny, me escondendo no único lugar que ainda era familiar para
mim.
Mas ali era só o começo do meu inferno pessoal, o começo do meu
tormento.
Patrick
Estava terminando de arrumar minha gravata borboleta quando Cris
surgiu atrás de mim no reflexo do espelho.
— Você tem certeza que quer fazer isso? Ainda posso te ajudar a fugir
cara, de verdade, tenho um carro nos fundo só esperando sua ordem e te
tiramos daqui.
Empurrei meu melhor amigo para longe dando risada de sua
insistência em me fazer desistir do casamento.
— Emily é a melhor garota que eu podia conhecer, linda, rica,
gostosa, vem de uma boa família como a minha. O que mais eu podia
querer?
— Sei lá, cara. Quem sabe esperar uns dez anos mais? Você só tem
vinte e cinco anos, tem uma vida toda pela frente!
— Uma vida que eu quero dividir com a mulher mais perfeita que
conheci. — ele revirou os olhos se afastando e eu não consegui deixar de rir
da expressão idiota em seu rosto. — Um dia você vai entender Cris, te
garanto.
Ele fez o sinal da cruz se afastando em busca das alianças, que
estavam na cômoda.
— Te garanto que isso não vai acontecer. Mas não vou mais insistir
que fuja dessa loucura enquanto é tempo, você está meloso de mais para o
meu gosto, vai acabar dizendo mais bobagens românticas.
Me voltei para a janela encarando as pessoas no jardim, tudo ali tinha
sido escolha da minha futura esposa, ela não pediu minha opinião em nada,
mas acredito que todas as mulheres são assim, afinal é o dia delas.
Nunca imaginei que poderia ser tão feliz, não até esse dia, até o
momento em que colocaria o anel no dedo dela e declararia para o mundo
que ela era só minha!
— Vamos, está na hora. — foi a voz do meu pai que invadiu o quarto
me tirando do transe. — Ainda está certo disso, filho? Tenho certeza que ela
ainda te esperaria daqui há um ano ou mais.
— Até você pai? — perguntei conferindo minha aparência uma
última vez no espelho, gostando muito da imagem perfeita a minha frente.
— Estou mais do que certo, ela é a mulher que eu amo e não quero perder
mais nenhum dia sem tê-la como minha esposa.
Eu só não tinha ideia que estava cometendo o maior erro da minha
vida naquele dia.
— Você vai casar com o senhor Carter e não tem mais discussão,
Sophie! — aquela era a palavra final de Charles.
Eu já deveria ter desistido de discutir e tentar convencê-lo do
contrário, mas não podia desistir tão facilmente, era minha vida e eles já a
tinham destruído durante esses dez anos.
— Mas eu não posso me casar com um homem que nem conheço!
Não sei nem quem são os Carter’s.
— Isso só mostra o quanto você é desinformada queridinha. —
Magie, a esposa do meu tio, falou com puro deboche, jogando o cabelo
loiro para trás. — Eles são simplesmente a família mais rica do país, as
joias deles vendem ao redor do mundo todo.
Eu tinha pena dela, era tão nova quando foi forçada a casar com o
velho escroto do meu tio, mas às vezes me perguntava se eles não se
mereciam e agora era um desses momentos.
— Por que um homem assim iria querer se casar comigo? Ele pode
ter qualquer mulher no mundo! — bati o pé e Charles deu a volta na mesa,
ficando de frente para mim.
Eu tinha aprendido a temer o homem com o passar dos anos, aprendi
a baixar a cabeça e engolir as coisas que ele falava, pois isso significava
menos surras e castigos.
— Escuta aqui fedelha, te criamos esses dez anos mesmo depois que
aqueles seus pais ladrões fugiram e morreram no processo, te demos de
tudo, então agora é hora de você retribuir! — engoli em seco, querendo
gritar que não acreditava em suas palavras sobre meus pais, mas fiquei
quieta. — Vai casar com Patrick Carter, dar todos os herdeiros que ele
quiser e vai fazer isso sorrindo!
Justo agora quando faltava apenas um ano para que eu conseguisse
minha independência, isso não podia acontecer, logo quando eu finalmente
me veria livre daquele inferno, daquelas pessoas sem coração, agora eu
seria jogada nos braços de um homem que eu nem conhecia.
— Sim, senhor. — respondi a contragosto.
— Se anima priminha. — Louis disse rindo do sofá enquanto virava
mais um copo de whisky. — Ouvi dizer que ele é um deformado, que vive
recluso em uma casa nas montanhas, tenho certeza que vai ser como nos
seus livros bobos.
Queria socar e xingar, ou arranhar a cara daquele desgraçado como
fiz anos atrás, mas só de recordar as marcas em minhas costas um arrepio
gelado subia por minha coluna, me lembrando que manter a boca fechada
ali era questão de sobrevivência.
— O casamento é amanhã, o tabelião virá até aqui e você vai assinar
os papéis, depois disso eu e o pai dele resolveremos o restante dos detalhes.
— Ele não vem? Não vamos casar na igreja? — questionei perplexa
que até mesmo isso estivessem tirando de mim.
Meu sonho de entrar na igreja de véu e usando o vestido da minha
mãe estava mesmo indo por água a baixo e eu nem podia fazer nada.
— Não seja tola garota! Isso não é um casamento cheio de bobagens e
frescura, isso aqui é uma transação comercial.
Meus olhos se encheram de lágrimas com a constatação que eu era
uma mercadoria de troca, eles levavam uma mulher para dar herdeiros ao
filho e meu tio levava muito dinheiro para a empresa.
— Odeio vocês! — juntei toda minha raiva e coloquei um fim na
ideia de ser uma boa menina, se ele estava me vendendo não tinha porque
continuar com aquilo, tentando ser algo que eu nunca conseguiria, não com
ele.
Charles ergueu a mão pronto para me bater, mas Magie gritou o
parando.
— O casamento é amanhã, quer mesmo que ela tenha o rosto marcado
e eles desistam do acordo? — eu não sabia se a agradecia por isso ou não.
— Tem razão, linda, bem lembrado. — ele olhou para ela a comendo
com os olhos, antes de me dispensar com um aceno de mão. — Vá para o
seu quarto e não saia de lá até a hora de assinar os papéis, não quero ver
essa sua cara mais!
Sai de lá pisando duro, deixando que as lágrimas escorressem por
meu rosto e me tranquei no meu quarto.
Chorei por muito tempo, até pegar no sono, tinha me acostumado a
passar os dias trancada dentro do quarto lendo para fugir da minha realidade
e dormindo para esquecer a fome, eles sentiam prazer em me dar aquele
tipo de castigo.
Mas uma batida na porta me acordou e eu peguei a pequena faca que
deixava em baixo do meu travesseiro, com medo do pior. Tinha sido assim
desde o dia que acordei com meu primo em cima de mim me tocando.
— Quem é?
— Sou eu, menina. A Rosa, abre aqui. — suspirei aliviada quando
ouvi a voz familiar de uma das minhas pessoas preferidas naquele mundo.
— Rápido, fecha rápido para ninguém me ver.
A mulher baixinha e rechonchuda entrou carregando uma bandeja
com o que deveria ser meu jantar.
— Não deveria ter feito isso Rosa, não quero você se colocando em
problemas por minha causa. — lembrei a ela, mas já fui me sentando para
comer. — O que vai ser de mim se eles te colocarem para fora?
— Acho que agora não faz mais diferença, não é menina? Hugo me
contou tudo que ouviu os patrões conversando. — engoli rápido a comida
que ainda estava quente só para responder.
— Vai ser meu fim, Rosa, estou tentando nem pensar nisso.
Ela deu uns tapinhas na minha mão e sorriu de forma solidaria. Então
se levantou e abriu o guarda-roupa começando a tirar as poucas roupas que
eu tinha.
— Porque não tenta ver isso de outra forma, minha filha? — franzi a
testa em confusão. — Você finalmente está saindo dessa casa maldita, vai
poder ter sua vida, fazer o que quiser...
— Você não sabe como as coisas vão ser, não sei nem como é esse
homem. — mas boa coisa não deve ser, já que quer pagar para se casar
comigo e nem mesmo vai aparecer aqui para assinar os papéis.
— Tem que tentar ser feliz pela primeira vez na vida, apenas isso. —
Rosa fechou a mala e a colocou ao lado da cama, então se sentou
novamente e segurou minha mão. — Eu posso não conhecer esse homem,
mas conheço você, sei que é doce e capaz de tocar corações, tenho a certeza
que não vai se dar por vencida e deixar que ele te trate de qualquer jeito .
Quero que me prometa que vai lá e vai conquistar o coração daquele
homem!
Meus olhos se encheram lágrimas com as palavras dela, mesmo
sabendo que tudo poderia piorar ela estava me animando. Ela era minha
única figura materna que eu tinha desde os meus dez anos, quando meu tio
mandou Jenny embora.
— Rosa, eu te amo. — me agarrei a ela, sentindo que podia ser a
última vez.
Acordei no outro dia decidida a fazer o que ela me disse, eu
conquistaria meu marido, mesmo que esse casamento estivesse começando
da forma errada eu faria dar certo.
Coloquei o vestido que tinham escolhido para mim, era horrível e não
me valorizava em nada, eu parecia uma velha com um vestido dois números
maior, nem mesmo em um tom branco aquele desgraçado me deixou usar.
Para completar só me deixaram descer quando o tabelião chegou,
então eu tinha certeza que os pais do meu futuro marido também já estavam
ali. Entrei na sala de jantar e meu tio, o tabelião e um homem alto de
cabelos brancos me esperavam na ponta da mesa.
— Você é linda! — uma mulher exclamou surgindo a minha frente.
— Ai me desculpe querida, sou Audrey Carter, sua sogra.
— É um prazer conhecer a senhora. — murmurei ainda sem jeito, não
esperava uma pessoa tão animada e calorosa já que o acordo com meu tio
com certeza envolvia uma grande quantia em dinheiro.
— Oh linda, me chame de Audrey, logo seremos uma família.
Abri um sorriso maior tentando ser educada e entender toda aquela
situação.
— Viu só o que lhe falei, ela é uma menina calma, saudável e nova.
— Magie falou se aproximando, eu quis lhe dar um tapa e mostrar que não
tinha nada de calma como ela falava, mas não ia estragar minha chance de
ficar livre de todos daquela casa. — Sophie vai te dar muitos herdeiros.
— Tenho certeza de que vamos nos dar muito bem. — Audrey
envolveu meu ombro com o braço e me levou para longe da loira. — Esse
aqui é meu marido, James Carter.
O homem alto e de cabelos brancos, com mais rugas do que eu
poderia contar, abriu um sorriso largo, os olhos castanhos me encararam e
ele se curvou abraçando meu corpo me surpreendendo ainda mais.
— Olha, não me disseram que era tão bela essa menina. Estou muito
feliz em conhecê-la e mais ainda com essa união, tenho certeza que você e
meu filho serão muito felizes juntos.
Eu não queria nem pensar em como era esse filho de verdade, porque
eles estavam parecendo empenhados de mais em serem legais comigo, na
situação mais inusitada possível.
— Estou ansiosa para conhecê-lo. Por que mesmo Patrick não veio?
— Não liguem para a curiosidade da minha sobrinha, ela vai ter
tempo de conversar tudo isso com o marido quando se encontrarem!
É claro que meu tio iria intervir e tentar adiantar a cerimônia só para
poder assinar esse acordo. Assinei o papel, notando que a parte de Patrick já
tinha sido assinada, pelo visto ele não saía de casa mesmo.
Depois disso eles conversaram e almoçamos juntos, mas antes que eu
pudesse voltar a me esconder em meu quarto meu tio me mandou pegar
minha mala, pois o carro que Patrick mandou para me buscar tinha
chegado.
Segui sem reclamar, como uma ovelha indo para o matadouro. Foi
uma viagem de três horas até que eu alcançasse a cidadezinha e mais meia
hora até o topo da montanha onde ficava a mansão dele, a única construção
nas redondezas.
Parei na frente da casa sentindo o vento gelado me arrepiar inteira. O
lugar era lindo, cercado de flores e árvores, mas tinha algo de triste e
solitário ali, eu podia ver.
Olhei para cima e avistei alguém na janela, mas antes que pudesse ter
um vislumbre melhor a pessoa se afastou, sumindo nas sombras dentro da
casa.
Eu precisava de um herdeiro. Na verdade, meus pais precisavam de
um, a empresa da família tinha que ser mantida nas nossas mãos e foi por
isso que deixei que eles seguissem em frente e me arrumassem uma esposa.
Meus pais tentaram me animar com a ideia, minha mãe em especial,
ficou falando sobre a beleza da garota, o quanto era educada e doce. Mas
não podia ser boa pessoa, já que estava se vendendo para ser uma
incubadora ambulante.
Que tipo de mulher aceita se casar com um homem que não conhece e
assina um contrato dizendo que vai ter todos os filhos que esse homem
quisesse? Eu te respondo, um tipo bem interesseiro!
Desde o meu acidente de carro minha vida não foi a mesma, meu
rosto foi destruído, ou ao menos parte dele foi. Nem mesmo o cirurgião
mais caro foi capaz de consertar o que minha ex esposa causou, agora eu
era um homem deformado, ou como já ouvi dizerem: uma Fera.
Quando o carro entrou na propriedade, eu estava olhando a foto que
minha nova esposa havia tirado com meus pais no almoço mais cedo. O
vestido que ela usava não combinava com a ideia que formei sobre ela, não
a deixava atraente de forma nenhuma. Talvez por isso meus pais tenham se
iludido com ela, o rosto bonito e uma conversa suave e eles estavam caindo
na enganação.
Me ergui e fui até a janela esperando vê-la mais de perto e quando ela
parou em frente a casa, observando a enorme construção pude ver sua cara
de fascínio com tudo, ela era apenas mais uma interesseira.
— Sophie. — testei o nome dela em meus lábios e isso pareceu atraí-
la direto para mim.
Seu rosto se ergueu focando na janela do meu quarto e eu tive um
rápido vislumbre dos olhos castanhos curiosos, antes de me esconder nas
sombras.
Me sentei em frente ao computador e comecei a mexer no sistema de
câmeras, espiando onde ela estava e podendo ver de perto cada reação dela
ao conhecer o resto da casa.
Vi Holly, minha governanta, mostrar tudo para ela, as duas
conversaram como se já se conhecessem e a garota continuou com o teatro
de boa moça, mantendo as aparências, fazendo Holly cair na sua farsa assim
como os meus pais.
Mas quando notei estarem em frente a porta do meu escritório, eu
rosnei e me levantei, colocando a máscara em meu rosto e indo até a porta.
— Chefe! — ouvi a voz da mulher que praticamente me viu crescer,
seguida de batidas na madeira. — Sophie Carter já está aqui.
— Oh, não, por favor, me chame só de Sophie.
A voz doce me alcançou, mas meu sangue ferveu quando me dei
conta de que ela não queria ser chamada pelo meu sobrenome. Claro, o meu
dinheiro servia, mas o meu nome não.
— Boa tarde Senhora Carter! — rosnei as palavras quando abri a
porta rapidamente.
Os olhos surpresos dela se concentraram em meu rosto,
provavelmente se perguntando o que eu estaria escondendo por trás da
máscara.
— Boa tarde, hã... acho que podemos pular a parte do senhor e
senhora, já que somos marido e mulher agora. — ela falou com um sorriso
largo no rosto, que vacilou quando viu que eu não iria lhe responder. — É
ótimo conhecê-lo, seus pais me falaram muito de você.
Encarei a mão que ela estendeu para mim pensando seriamente em
recusar, mas Holly pigarreou mostrando sua indignação com meu
comportamento e eu cedi.
Deslizei minha mão sobre a sua, a pele macia e sedosa se arrepiou
com meu toque. Comparada a mim Sophie parecia estar congelando.
Encarei nossas mãos me dando conta do quão pequena ela era, pequena em
todos os sentidos.
— O jantar é servido as sete em ponto, não se atrase! — rosnei
tirando minha mão de perto dela. — E vista algo mais quente, ou vai
congelar.
Fechei a porta sem me importar em ser educado ou cordial, precisava
tirar meus olhos dela.
Retirei a máscara e encarei o objeto na minha mão, mesmo que
apenas metade do meu rosto estivessem destruídos, eu usava uma máscara
que o cobria por inteiro, mas apenas colocava quando era necessário, meus
funcionários já estavam acostumados com meu rosto e não ficavam me
encarando, porém, agora com Sophie em casa eu teria que passar longos
períodos com aquilo escondendo minha deformidade.
Tomei um banho e coloquei um terno caro, assim como os sapatos
italianos. Não costumava usar aquele tipo de roupa em casa e como
raramente saía, todas aquelas coisas estavam intocadas no meu closet.
— Holly, onde está aquela garota? — rosnei quando cheguei a mesa
no horário certo e ela não estava lá.
— Pelo amor de Deus, Patrick. Fale direito da menina, ela é sua
esposa e é um doce de garota. — revirei os olhos com aquela fala, sabendo
que já era algo esperado. — Não gostei de como a tratou mais cedo, sei que
tem seus receios, mas abra o seu coração e dê a Sophie uma chance.
Bufei com as palavras dela, Holly não podia estar mais equivocada.
— Ela aceitou se casar comigo para ter meus filhos e apenas isso, não
comece a criar ideias românticas. — me sentei a cabeceira da mesa e Holly
arregalou os olhos. — Não há nada de romance nesse casamento!
Quando a mulher a minha frente balançou a cabeça para mim, eu
entendi o porquê ela tinha arregalado os olhos, Sophie estava bem atrás de
mim.
— Boa noite Holly, boa noite Senhor Carter. — ela falou andando
tensa até a cadeira ao meu lado. — Desculpem o atraso.
— Já íamos começar sem você. — respondi mesmo que ela parecesse
desconfortável, não era minha função fazê-la se sentir bem.
— Hoje eu não vou jantar com vocês. — Holly murmurou servindo a
mesa e chamando minha atenção, ela sempre jantava comigo. — Vou deixar
que se conheçam melhor. Tenham uma boa noite.
Semicerrei os olhos acompanhando os passos rápidos da senhora que
estava na minha vida há muitos anos. Assim como meus pais, ela torcia
para que eu fosse feliz no casamento.
Sophie mordeu os lábios, incerta e eu não pude refrear o desejo que
me possuiu de tomar sua boca e sentir seu gosto quando deslizasse minha
língua naqueles lábios que pareciam tão macios.
— Humm... e então o que gosta de fazer Senhor Carter?
Comecei a comer ignorando a pergunta e brigando internamente por
ter tido um pensamento tão estúpido sobre ela. Logo ela se juntou a mim,
comendo sem dizer nada, mas enquanto ela ficava de cabeça baixa eu
observava cada pequena coisa em seu corpo.
Sophie estava com um vestido apertado de lã, mas ainda vi seus
mamilos endurecerem sobre o tecido quando John abriu a porta que dava
para o jardim.
— Boa noite, Senhor. — ele colocou um envelope ao meu lado, que
eu sabia conter o relatório sobre a vida dela.
Geralmente sentaríamos e beberíamos algo conversando, mas hoje eu
só queria que ele saísse dali antes que visse os mamilos dela marcados no
vestido.
— Boa noite, John. Obrigado. — como esperava ele nem sequer me
respondeu e já seguiu seu caminho. — Pensei ter dito para usar algo quente,
estamos em uma montanha, aqui o vento é gelado até mesmo no verão. —
praticamente rosnei as palavras e Sophie pareceu surpresa que eu estivesse
falando com ela.
— Não tenho muitas roupas de frio, era o vestido ou um suéter.
— Deveria ter colocado o suéter!
Vi ela engolir em seco com minhas palavras, mas era a única que
receberia de mim, se estava esperando ganhar mais dinheiro para compras
estava muito enganada, tinha arrancado uma bela quantia de mim com esse
acordo de casamento.
— Você é sempre assim, tão calado?
— Detesto jogar conversa fora...
— Isso tudo é novidade para mim, nunca tive um namorado ou coisa
parecida, mas acho que se vamos ficar casados deveríamos ao menos tentar
nos conhecer melhor!
Finalmente ela estava mostrando as garras, deixando claro que não
era a doce imaculada e boba que todos estavam pensando.
— Não leu o contrato? Você se casou comigo para me dar herdeiros,
não para me conhecer melhor e tentar ser minha amiga. — Sophie ergueu o
rosto e trincou os dentes, parecendo prestes a me bater. — Se quiser me
agradar pode aprender o que eu gosto na cama.
Sem eu esperar ela atirou todo o vinho de sua taça em minha cara, por
sorte a máscara e meu terno foram os únicos atingidos.
— Não sou uma prostituta! E se quisesse uma barriga de aluguel teria
contratado uma. — ela bateu as mãos na mesa e se levantou. — Mas você
quis uma esposa, um casamento, então eu acho melhor aprendermos a
conviver.
Meu sangue ferveu com a raiva, mas também pela excitação que ela
fez correr por minhas veias. Eu não consegui controlar o desejo de calar
aquela boca, minha vontade era segurá-la contra uma parede e só soltar
quando tudo o que ela fizesse era gemer.
Sem pensar em nada, eu apertei o botão no meu relógio que apagava
todas as luzes, arranquei minha máscara e a puxei pela cintura até que seu
corpo estivesse totalmente colado ao meu e tomei aquela boca esperta na
minha.
Sophie deixou escapar um suspiro fora de controle e eu deslizei a
língua sobre seus lábios exigindo passagem, assim que ela os separou
minha língua invadiu o interior de sua boca.
O sabor de algo doce em seus lábios invadiu meus sentidos,
provavelmente de seu batom, e aquilo me fez soltar um gemido contra seus
lábios. O beijo se tornou ainda mais quente quando ela me agarrou, suas
mãos seguraram meus bíceps enquanto eu a devorava.
Eu não me contive e apertei sua cintura puxando ela mais perto e senti
meu membro latejar de desejo. Um gemido baixo saiu de sua boca e eu só
pensei em jogá-la naquela mesa e me enterrar dentro dela.
Eu não conseguia acreditar que ele estava me beijando, em um
segundo eu estava gritando com ele e no outro tudo escureceu e ele me
agarrou.
Sua boca devorava a minha e a cada volta que nossas línguas davam
ele parecia ainda mais faminto. Subi meus dedos por suas costas, apertando
ele contra mim e sentindo o calor que emanava de seu corpo, mesmo com
toda aquela roupa.
Ele segurou minha nuca, tombando minha cabeça e aprofundando
ainda mais nosso beijo enquanto a outra mão desceu até minha bunda, meu
vestido deixava cada uma das minhas curvas marcadas e eu lembrei o que
ele falou da minha roupa mais cedo, uma fagulha ardeu em meu peito com
o pensamento de que ele já estava olhando meu corpo com luxúria.
Um gemido escapou de minha garganta quando ele sugou minha
língua e eu desviei meus lábios em busca de ar, meu coração estava
disparado, meu sangue fervia com um desejo que nunca senti antes. A boca
dele grudou em meu pescoço e eu gemi sentindo ele beijar minha pele,
subindo até o lóbulo da minha orelha.
— Por Deus, garota! — Patrick falou com a voz áspera e sua
respiração bateu contra mim. — Se não pararmos agora vou jogá-la nessa
mesa.
Me lembrei do lugar onde estávamos, a qualquer momento alguém
poderia aparecer e nos pegar daquele jeito, pior seria se ele me colocasse
sobre a mesa e fizesse o que sua voz prometia.
Foi a primeira vez que perdi a noção de tudo à minha volta e segurei
seu pescoço voltando a beijar sua boca, me sentia bêbada com a sensação
de nossas línguas se tocando, uma necessidade insana crescendo dentro de
mim a cada segundo.
Ele apertou minha bunda e eu segurei seu pulso que estava em meu
pescoço, foi aí que as luzes se acenderam e como se aquilo fosse um gatilho
ele se afastou de mim com rapidez.
— Está tudo bem? — foi o que consegui falar enquanto tentava
recuperar o fôlego, mas ele correu de mim como o diabo foge da cruz.
Pisquei várias vezes tentando entender o que tinha acabado de
acontecer, olhei em volta buscando qualquer coisa que pudesse me dar uma
resposta, então eu vi a máscara preta que ele usava esquecida na mesa.
Patrick apagou as luzes para poder tirar a máscara e me beijar, mas
correu assim que algo fez elas se acenderem. Ele não queria que eu visse
seu rosto!
Peguei nossos pratos começando a retirar a mesa e fui até a cozinha,
se ele não queria falar comigo sobre isso, só podia tentar com Holly.
— O que aconteceu? Pensei que estavam se entendendo quando não
ouvi mais nada.
— Ele me beijou. — falei em voz alta ainda atordoada com tudo o
que aquele beijo me fez sentir.
— Isso é bom, não é?
— É ótimo, mas quando as luzes se acenderam ele correu para longe.
O sorriso dela morreu e ela deixou os ombros caírem, me dizendo o
que eu temia.
— Aí menina, você vai precisar ter muita paciência. Patrick não gosta
que outros vejam seu rosto depois do acidente, demorou até deixar de usar a
máscara perto de mim e John, mas com pessoas de fora ele continua assim.
— Eu desconfiei disso, não sei porque ele correria assim, estamos
casados e eu vou acabar vendo alguma hora.
Respirei fundo lembrando do beijo, eu sabia que ele sentia tanto
desejo quanto eu, senti sua ereção e posso ser uma virgem, mas já li vários
livros de romance com cenas hot e sei o que senti. Todos os sinais estavam
lá, até mesmo ele ter apagado as luzes só para poder me beijar, e as palavras
dele, uma declaração desesperada do que queria fazer comigo.
Holly tinha razão, eu só precisava ter paciência e como prometi, não
ia me dar por vencida tão fácil.
Voltei para o meu quarto e não demorei a dormir, meus pensamentos
todos carregados com as sensações do nosso beijo.
Quando acordei pela manhã não havia nem sinal dele, atravessei a
casa e fui em direção a cozinha, mas parei quando avistei Patrick na sala de
jantar.
— Bom dia esposo. — entrei na sala me sentindo otimista, a máscara
cobria seu rosto e estava de dia, não teria como beijá-lo, mas tomada por
aquela vontade beijei sua bochecha coberta.
— O que pensa que está fazendo? Acha que isso é alguma piada? —
ele bradou irritado e eu travei antes de me sentar.
— Só estou lhe dando bom dia, qual é o problema nisso? Nós somos
casados e você me beijou ontem.
O ar estava carregado de energia sexual enquanto nos encarávamos e
eu estava pronta para brigar, podia ter paciência e continuar tentando, mas
se aprendi uma coisa vivendo com meu tio, foi a não baixar a cabeça ou as
coisas ficariam muito piores.
— Sim, beijei e vejo que foi um erro!
Estreitei o olhar sabendo que ele estava tentando me atacar só porque
o peguei desprevenido, mas eu não ia ceder.
— Um erro que está louco para repetir. — me sentei com o queixo
erguido e comecei a me servir. — Não sei como acha que vamos fazer
algum filho se continuar fugindo dos beijos.
Ele se levantou e capturou meu queixo, apertando e me obrigando a
encará-lo. Mas eu sorri, mesmo que meu coração galopasse de medo que
ele me batesse, eu sorri fingindo não estar afetada.
— Não brinque comigo, garota!
— Ou o quê? Vai me bater? Me devolver para o meu tio? Cancelar o
dinheiro? Acredite em mim, não há nada que possa fazer para me atingir.
Vi Patrick trincar a mandíbula, parecendo se controlar, então ele tirou
a mão do meu rosto e voltou a se sentar.
— Você não me conhece...
— Nem você me conhece! — gritei calando a boca dele e engolindo o
choro que ameaçava escapar de mim. — Se não queria uma esposa, deveria
ter feito um acordo diferente, mas você pediu por uma esposa e eu vou agir
como tal. — encarei os olhos que estavam quase totalmente escondidos na
máscara. — Mesmo que você não faça o mesmo.
Olhei para o prato, a minha frente, sentindo que todo o meu apetite
tinha ido embora, nem mesmo todas as frutas e bolos me fizeram querer
comer, por isso empurrei a cadeira e sai de lá.
Meu peito estava apertado e foi só eu virar o corredor longe dos olhos
dele para que meu queixo tremesse e eu me rendesse ao choro. Não sei se
foram todas as emoções dos últimos três dias, ou o medo de que ele fosse
me bater e que pudesse ser tão horrível quanto meu tio, mas tudo me
alcançou como uma avalanche.
Eu era um estorvo nas mãos do meu tio e fui trocada sem nem pensar
duas vezes, e agora só conseguia imaginar que tinha sido dada a alguém tão
ruim quanto ele.
Não importava o que Holly dizia, ou os pais de Patrick, ações valiam
mais do que palavras e ele estava mostrando quem era.
Andei pelos corredores da casa enorme até me deparar com uma porta
aberta e bastou uma espiada para ver as prateleiras, eu entrei rapidamente
me deparando com estantes e mais estantes, dois andares repletos de livros.
Ao menos aquilo me faria gostar daquele lugar, um refúgio no meio
de toda a tempestade.
Peguei um livro e me sentei na poltrona perto da janela, era como eu
me esquecia dos problemas desde pequena e foi o que fiz agora. Não sei por
quanto tempo fiquei ali até que a porta se abriu e eu dei de cara com
Patrick.
— O almoço está na mesa. — ele disse sério, mas ao invés de ir
embora ficou ali me encarando, esperando que eu me levantasse. — Vamos,
deixe de criancice e venha comer.
— Ou o quê? Vai se importar se eu cair de fome? Duvido muito.
Conversas doces podiam até servir, mas já tinha visto que ele
demonstrava mais humanidade quando eu o provocava. Voltei meus olhos
para o livro e os passos ecoaram pelo chão de madeira.
— Levante-se Sophie, ou vou jogá-la sobre o meu ombro!
— Talvez eu espere que faça isso, ser carregada pelo marido é o
sonho de qualquer mulher não é mesmo?
Talvez eu estivesse indo longe de mais, só não ia voltar atrás agora.
Duas mãos grandes me agarram pelo braço e me levantaram rapidamente,
nossos olhares se encontraram e eu achei que me jogaria sobre seu ombro,
mas ele empurrou meu corpo até me encostar contra uma estante.
O rosto dele se aproximou do meu e eu quis muito arrancar sua
máscara, mas ele manteve seus olhos conectados aos meus e as mãos dele
seguravam minha cintura com firmeza, me impedindo de fazer qualquer
coisa.
Eu dormi com aquela maldita na cabeça, por pouco ela não viu o meu
rosto, muito pouco. Sophie mexeu na droga do relógio e reacendeu as luzes,
do contrário teríamos transado na mesa sem nos importar com nada a nossa
volta.
Mas isso também foi bom, serviu para que eu abrisse meus olhos e
deixasse de ser um idiota levado pelo momento. Ela veio tão fácil para
mim, se derreteu tão rápido em meus braços, mostrando que estava fazendo
bem o que foi paga para fazer.
Acordei de mau humor e apesar daquilo não ser uma novidade, hoje o
motivo era novo, sonhar com uma mulher era algo que não acontecia
comigo há anos e pior ainda acordar com uma ereção dolorida graças a ela.
Estava tomando café quando os passos leves me alcançaram e ela
beijou meu rosto. Meu corpo todo ficou tenso por saber que se não fosse
pela máscara ela estaria beijando minha pele rasgada e coberta de cicatrizes.
Fui um escroto porque sua atitude me forçou a sair da zona de
conforto e eu reagi da forma como tinha aprendido nos últimos cinco anos,
com grosseria.
É claro que eu não ia bater nela, nunca tinha erguido a mão para uma
mulher, nem para as que mereceram. Mas ver nos olhos dela o medo de que
eu realmente fosse capaz de machucá-la me desarmou.
Sophie saiu da mesa marchando para longe de mim e eu quase me
arrependi da forma como falei com ela. Fiquei ali remoendo como eu a
tratei e o que ela disse sobre como nada do que eu fizesse iria atingi-la. O
que Sophie quis dizer com isso?
— Continue assim e nunca vai ter filhos com ela nem com ninguém!
— Holly exclamou entrando na sala de jantar e me tirando dos meus
pensamentos.
— O que foi agora?
— Não se faça de desentendido, porque você é esperto de mais para
isso. — ela pegou o prato de Sophie, mas antes de sair se virou para mim,
atirando dardos pelos olhos. — A menina saiu daqui chorando e tudo
porque ela beijou seu rosto, até imagino o que vai fazer se ela for para sua
cama.
— Holly, pare com isso. Sabe bem o que estamos fazendo aqui, ela se
casou comigo só por dinheiro!
— Sim, ela só quer seu dinheiro e se importou de beijar você só para
ouvir desaforos. — Holly bateu os pés saindo de lá.
Suspirei deixando meus ombros caírem, não deveria me importar com
isso, afinal ela tinha sido paga para transar comigo e me dar todos os filhos
que eu desejasse.
Mas eu cedi e abri o sistema de câmeras no meu celular só para ver
Sophie enfiada na biblioteca. Era a última coisa que eu esperava, imaginei
que ela iria procurar reclamar com as amigas, choramingar ou tentar sair
para a cidade, não esperei que ela iria preferir se rodear de livros.
— Bom dia, chefinho. — John entrou cantarolando e pelo sorriso no
rosto dele eu podia dizer que não tinha falado com Holly ainda.
— Não estou tendo um bom dia.
— E não parece que teve uma boa noite também. O que aconteceu?
Não leu o relatório que me pediu sobre sua esposa?
Fechei os olhos com força e bufei, fiquei tão ocupado me
recriminando ontem a noite que não me lembrei de ler o relatório.
— Não li e pelo visto já comecei o dia criando problemas. —
murmurei quando Holly voltou vindo buscar o restante dos pratos.
— O que ele fez agora? — John perguntou encarando a mulher que se
recusou a nos olhar. — Vamos lá Holly, me conta o que o garotão aqui
aprontou.
— Por que não conta ao seu amigo, Patrick? Porque não conta que fez
a menina se trancar na biblioteca por dar um beijo em você? — ela jogou as
palavras e saiu andando com as mãos cheias.
Sacudi minha cabeça sabendo que Holly iria dizer o que pensa, pois a
senhora me viu crescer e não hesitou em deixar sua vida para ir viver
comigo ali naquela montanha, então ela tinha todo o direito de falar o que
quisesse.
— Ela beijou você? Beijo na boca? — John parecia até um
adolescente comemorando. — Como com essa máscara?
— Não, John, ela beijou meu rosto por cima da máscara e acabamos
brigando...
— Eu não acredito que você brigou com ela por isso. Não me leva a
mau Patrick, mas você não tem contato com outra pessoa além dos seus
pais, eu e a Holly há cinco anos. Que dirá uma mulher! — pronto ele tinha
ganhado a munição necessária para começar com a história da minha
reclusão. — E cá entre nós, uma muito gata...
— Olha o que fala John! — grunhi o cortando antes que ele fosse
longe de mais, mas o idiota não pareceu entender o recado.
— Chefe, com todo o respeito, acha mesmo que tem garotas gostosas
como ela dando sopa por aí? Tem que tratar sua garota direito, sabe como
é?
Meu sangue ferveu e eu o puxei pelo colarinho até estarmos cara a
cara. John com certeza tinha passado tempo de mais observando ela na
estrada até aqui e enquanto levantava o relatório da vida dela que pedi.
— Se você gosta de ter todos os dentes, não vai voltar a falar da
minha esposa usando palavras como linda, gata ou gostosa! — rosnei com o
rosto bem junto ao dele, o forçando a encarar meus olhos.
— Desculpa chefe, só estava tentando ajudar.
Soltei o colarinho dele e sai dali antes que socasse o único amigo que
me restava, ainda mais por uma garota que tinha acabado de entrar na
minha vida. Me tranquei no escritório e me mantive ocupado trabalhando
em alguns contratos da empresa, mesmo de longe eu continuava sendo o
CEO da Carter’s joalheria.
Mas quando Holly avisou que o almoço estava servido, eu tive de ir
atrás dela, a garota ainda estava enfiada na biblioteca e não tinha tomado o
café.
— O almoço está na mesa. — falei esperando que ela saísse de lá e
me seguisse, mas só fui ignorado. — Vamos, deixe de criancice e venha
comer.
— Ou o quê? Vai se importar se eu cair de fome? Duvido muito.
— Levante-se Sophie, ou vou jogá-la sobre o meu ombro! — ameacei
sabendo que com o meu humor e as provocações dela iríamos acabar
brigando de novo.
— Talvez eu espere que faça isso, ser carregada pelo marido é o
sonho de qualquer mulher, não é mesmo?
Engoli em seco com as palavras desafiadoras dela, Sophie não tinha
mesmo a menor noção do que estava fazendo me provocando daquela
forma.
A segurei pelos braços tirando ela da maldita poltrona, minha
intenção era mesmo jogá-la sobre meus ombros e a levar até a sala de jantar,
mas quando nossos olhares se cruzaram e eu segurei seu corpo perto do
meu, algo mudou.
A fome e desejo se apossaram de mim e eu a empurrei contra a
estante mais próxima, mantendo seu corpo preso. Desci meu rosto perto do
seu, até que a respiração dela batesse contra a máscara.
Merda, o que eu não daria para estar de noite e poder beijá-la sem me
preocupar que ela visse meu rosto.
— Não sabe o que fala menina.
— Acho que eu sei bem o que quero! — ela suspirou vagando os
olhos por meu rosto. — Vai me beijar agora?
Sophie subiu as mãos por meu peito, fazendo uma corrente de calor se
espalhar por meu corpo, e entrelaçou os braços em meu pescoço.
Aquilo era um erro, mesmo assim meus dedos viajaram pela pele dos
seus braços e eu sorri ao ver ela se arrepiar. Me inclinei pressionando seus
seios contra meu peito, desci minhas mãos até segurar seus quadris e então
friccionei minha ereção em sua barriga.
Sophie fechou os olhos e arfou se empurrando contra mim. Porra,
como eu queria beijá-la agora, sentir os lábios macios e seus gemidos contra
minha boca.
Como se lesse meus pensamentos, ela mordeu o lábio inferior,
curvando a cabeça para trás e empurrando os seios em minha direção.
Minha mão agarrou sua bunda, em um último resquício de resistência
resmunguei e a virei com violência. Era isso ou iria beijá-la.
— Patrick... — ela praticamente gemeu meu nome em surpresa e
espalmou as mãos na estante a sua frente.
Subi uma mão até seu seio e com a ponta do polegar massageei seu
mamilo através do vestido, sentindo ela estremecer e se empurrar contra
mim. Eu estava tão excitado que meu pau se apertava dolorido dentro da
minha calça jeans, louco para sair e ter um pouco de atenção que não viesse
das minhas mãos.
Apertei o bico de seu seio e ela soltou um gritinho abafado,
esfregando a bunda em mim, me deixando ainda mais duro. Então tirei a
mão de seu quadril e desci até alcançar a barra do vestido, eu queria tocá-la
em todos os lugares, meus dedos deslizaram pelo centro de suas pernas até
alcançar sua calcinha.
Nós gememos juntos e eu apoiei o rosto sobre a curva do seu pescoço,
deixei que minha máscara erguesse um pouco e suguei sua pele macia,
sentindo os arrepios se espalharem.
— Tão quente, Sophie. — rosnei, parecendo um animal enjaulado,
sentindo o desejo de me enterrar nela crescer.
— Por favor, Patrick...
Esfreguei meus dedos sobre o tecido da calcinha, a ouvindo arfar e
gemer baixinho. Então puxei o elástico para o lado e pude sentir seu calor
ainda mais de perto, esfreguei meus dedos em sua carne, abrindo seus
lábios até sentir sua excitação contra meus dedos.
A provoquei com a ponta do dedo em sua entrada e girei seu mamilo,
esfregando até que estivesse duro em meus dedos.
— Relaxa, Sophie. Vou fazer você gozar como nenhum outro fez! —
soltei em um tom mais rouco que o normal.
Sentia que meu pau poderia estourar as calças a qualquer momento,
mas ainda estava totalmente focado nela, depois que a fizesse gozar em
meus dedos poderia me enterrar em sua boceta quente.
— Ninguém... nunca... — ela não conseguiu terminar a frase, mas eu
duvidava que fosse realmente sobre ninguém nunca tê-la feito gozar.
— Você está tão molhada que me faz querer te chupar para descobrir
seu gosto antes de deslizar meu pau para dentro de você. — murmurei,
ignorando suas palavras e circulei o lóbulo de sua orelha com a língua,
exatamente como queria fazer em seu clitóris.
Sophie tentou fechar as pernas, mas eu finalmente deslizei meu dedo
para dentro dela, sentindo as paredes apertadas de mais protestarem com
meu toque e o gemido dela sair mais alto do que os outros.
Porra, não! Não podia ser! Ela é virgem!
— Patrick? — ela virou um pouco o rosto e eu me afastei. —
Desculpa, eu não quis... não vou me virar, podemos continuar.
Mas era tarde de mais, eu já estava indo para longe dali, para longe
dela e da sua virgindade. Eu não ia tocar naquela garota nunca mais!
Eu já não entendia mais nada, em um minuto tudo estava bem,
parecíamos finalmente estar nos entendendo e no outro ele estava correndo
para longe de mim.
Tentei me virar quando ele parou e tirou os dedos de perto de mim,
mas me segurei e não me virei para confrontá-lo, não sei o que poderia ter
feito Patrick me largar ali naquela biblioteca. Eu estava de costas para ele e
sua máscara ainda cobria o rosto, não tinha a menor possibilidade de que eu
conseguisse vê-lo.
Ainda conseguia sentir os dedos dele sobre meu corpo, apertando,
massageando e me penetrando. Esfreguei a mão em meu pescoço sentindo o
calor subir só em pensar nos lábios dele ali.
Eu não podia deixar que ele fizesse isso de novo, me beijasse, me
tocasse, acendendo meu corpo por inteiro e sair correndo no minuto
seguinte, como se o inferno tivesse chegado a terra.
Sai de lá marchando decidida a fazê-lo me dar ao menos uma
explicação para o surto de hoje, mas foi só chegar ao corredor principal que
trombei com uma muralha e mãos fortes me seguraram para não cair.
— Cuidado Senhora. — a voz de John soou antes mesmo que ele me
erguesse. — Correndo assim pode acabar se machucando.
— Te disse para me chamar de Sophie e não de senhora.
John era quase da minha idade, ele me contou na viagem para cá que
tem só vinte e cinco anos, não tinha motivos para me chamar de senhora,
sem falar no quanto eu detestava ser chamada daquela forma.
— Se o chefe me escutar chamando a senhora assim, ele me mata. —
ele disse com um sorrisinho que não me permitia dizer se era uma
brincadeira ou verdade. — Ele ficou com raiva quando eu falei o quanto é
bonita e disse com todas as letras que eu ficaria sem os dentes se falasse
sobre você assim novamente.
— Ele não disse isso. — murmurei incrédula de que o mesmo homem
que jogava na minha cara que eu só estava ali para ter seus filhos cada vez
que tinha a chance, se importaria em ouvir outro homem me elogiar.
— Por que eu mentiria sobre isso? E para não arriscar é melhor eu
tirar as mãos da senhora também. — ele respondeu parecendo mais sério,
soltou meus braços e deu um passo para trás.
Eu já não estava entendendo nada, por que o homem ficaria fugindo
de mim assim e para os outros agia como um marido ciumento?
— O que está acontecendo aqui? — Holly apareceu nos pegando de
surpresa.
— Eu estou tentando dizer para Senhora Carter o quanto o patrão é
ciumento e que eu devo manter distância. — ele ergueu as mãos como se
quisesse comprovar que estava longe de mim. Mas a senhora era bem mais
esperta que ele e acertou um tapa em seu braço. — Ai, o que foi que fiz
agora?
— O que você não fez, dê o fora daqui e me deixe conversar a sós
com Sophie. — o homem não perdeu tempo, apesar do tamanho dele, Holly
colocava medo em qualquer um. — Agora vem aqui querida, me conta o
que aconteceu que você está com essa carinha de confusa?
Me deixei ser guiada até a cozinha e o cheiro da comida finalmente
abriu meu apetite, o ronco do meu estômago deve ter sido tão alto que até
ela ouviu, pois Holly se afastou e começou a me preparar um prato.
— O que aconteceu com Patrick? — joguei a pergunta na lata, não
era o principal motivo da minha expressão de confusão, mas me levaria até
o objetivo. — Porque ele se esconde nessa casa e usa aquela máscara. Eu
sei que foi um acidente, mas como? Como isso aconteceu?
Holly voltou com um prato cheio de uma lasanha que encheu minha
boca de água só em olhar.
— Essa história não é minha para eu te contar, na hora certa tenho
certeza que Patrick vai te dizer tudo o que quiser saber. — ela respondeu
com uma paciência de dar inveja, até mesmo a expressão dela era de
calmaria, quando tudo o que eu queria fazer era gritar com ele.
— E até lá eu faço o quê? Engulo os ataques dele, finjo que ele não
existe, relevo todas às vezes que me beija e corre? — eu sabia que não
deveria estar falando com ela sobre isso, para Holly ele era ótimo, mas eu
não tinha mais ninguém para desabafar ali.
— Às vezes? Ele te beijou de novo?
Mordi o lábio sem jeito, a euforia dela me dizia que aquilo
provavelmente era um milagre que não esperavam tão cedo.
— Ele foi até a biblioteca e nós... — como eu diria o que fizemos a
ela? — Nós não nos beijamos, ele não queria tirar a máscara, mas ele me
tocou e...
— Ok, eu já entendi menina. Posso ser velha, mas não sou uma
puritana. — ela balançou a mão como se quisesse dizer que aquilo era uma
bobagem, mas meu rosto em chamas deve ter dito a ela que não era uma
bobagem para mim. — Oh querida, você nunca... você é virgem Sophie?
Eu queria ser enterrada agora mesmo, ou ao menos voltar no tempo
até essa manhã e apagar tudo o que fiz desde que acordei.
— Sou sim, mas não é esse o caso, ele começou... e então correu para
longe de mim.
Ok, na minha cabeça eu era bem mais resolvida com essa coisa de
sexo do que agora falando com uma mulher que conheci ontem. Eu estava
com vergonha de mim mesma nesse instante, mas isso não era o foco ali.
A única pessoa com quem conversei sobre sexo foi com Rosa, ela
insistiu que eu precisava de instrução nesse assunto, mas isso foi quando eu
tinha quinze anos. E eu nunca tive realmente a chance de namorar vivendo
naquele manicômio de casa, os únicos garotos que eu já tinha beijado foram
da escola e nem de longe esses beijos se comparavam aos de Patrick.
— Minha filha, Patrick é um caminho longo e tortuoso, que pode te
levar a um paraíso, mas para isso tem que passar toda a dificuldade. —
franzi o cenho querendo que ela me desse algo mais que uns enigmas de
coisas que eu já sabia. — Ele sofreu muito no primeiro casamento e isso o
fez ter problemas em confiar nas pessoas, com o acidente isso piorou ainda
mais e esse é motivo para ele viver isolado aqui.
— Ele já foi casado antes? E o que aconteceu com a esposa dele? Eles
não tiveram filhos? Quanto tempo durou o casamento?
— Se acalme! — ela gritou parando a enxurrada de perguntas que eu
tinha na ponta da língua. — Isso é tudo o que eu posso te dizer agora.
— Mas como isso me ajuda a entender o motivo dele correr de mim?
— Vai ter que descobrir diretamente com ele. — lá se ia as minhas
esperanças. — Mas se você quer um caminho para o coração do seu marido
pense nisso, ele não teve um bom casamento, não confia facilmente e acha
que você veio aqui só pelo dinheiro. Patrick não vê nenhuma razão para
confiar em você, então dê a ele, faça essa ponte entre vocês dois e vai ver
como tudo irá ficar mais fácil.
Sorri pensando no quanto ela e Rosa se pareciam, meu coração se
apertou de saudade ao pensar nela e em como deveria estar naquela casa.
Sem conseguir me conter, eu joguei os braços em volta de Holly, a
abraçando forte, tentando sentir uma centelha de calor humano em todo
aquele gelo.
— Obrigada Holly, vou começar a fazer isso agora. — me levantei e
peguei um prato onde a vi pegar o meu. — Você me fala como ele gosta, eu
monto o prato dele e levo para ele.
Patrick tinha ido até a biblioteca me chamar para almoçarmos juntos,
então agora era a minha vez de fazer o mesmo.
Holly me indicou a porta do escritório que era onde ele estaria e eu
fui direto para lá, mas nem cheguei a bater, a porta estava entre aberta e as
vozes alteradas eram ouvidas do corredor.
— O que estavam pensando, pai?
— No seu bem-estar! Coisa que você não tem feito ultimamente. —
coloquei minha cabeça na fresta a procura do senhor James, mas só vi
Patrick virado para a janela. — Achou mesmo que iríamos ficar procurando
detalhes banais como esse?
— Banais? Eu pedi uma mulher para ter os meus filhos, já que vocês
não tiram isso da cabeça. Uma mulher que saberia o seu papel nessa farsa
toda! — ele bradou e se virou para o telefone na mesa. — Mas ao invés
disso me mandaram uma garota que não entende nada da vida, romântica e
ainda por cima virgem. O que eu devo fazer com isso?
Minhas pernas tremeram e eu quase deixei nossos pratos caírem no
chão quando ouvi aquilo. Então ele já sabia que eu era virgem, bastou me
tocar para saber e foi por isso que ele correu como um maluco, estava
fugindo da minha inexperiência.
E se isso não fosse o bastante agora estava contando ao pai, que
humilhação! Meu rosto queimou, mas dessa vez não era desejo e sim pura
vergonha.
— Já deve estar fazendo já que sabe que ela é virgem!
— Pai não me teste! Eu estou fazendo isso por vocês porque por mim
nunca daria meu sobrenome a outra mulher. — ele bufou e ouvi algo se
quebrando. — Ela não serve para isso, é virgem e inocente, vai criar ideias
românticas sobre esse casamento, vai criar planos para nós...
— E é o que ela deve fazer! — eu reconheci a voz de Audrey na hora
e mordi os lábios para segurar minha revolta e me encolhi no corredor. — É
isso o que esposas fazem e ela é a sua esposa. Patrick, você querendo ou
não, Sophie é sua mulher de agora em diante e você tem que tratá-la com
tal!
— Me recuso a tocá-la, a garota é quinze anos mais nova do que eu e
ainda deve estar sonhando com o príncipe encantado. — então a voz dele
ficou amedrontadoramente mais baixa. — Acham mesmo que vou fazer
filhos com uma tonta? É melhor arranjarem outra, muito promíscua de
preferência, ou nada de netos!
Meu queixo estremeceu com o choro e eu me contive para não fazer
barulho, deixei que as lágrimas escorregassem quentes por minhas
bochechas. Eu não conseguia acreditar que era o mesmo homem que me
beijou ontem ou que me tocou hoje.
Patrick parecia um monstro, estava longe de ser um príncipe
encantado, ele era uma fera por dentro.
Engoli em seco e ergui minha cabeça saindo de lá, mais uma vez eu
estava sendo renegada, jogada de lado, seria devolvida como uma
mercadoria inútil e tudo porque o maldito não queria uma mulher virgem.
O meu sonho de ter uma vida melhor longe dos meus tios estava indo
por água a baixo. Eu precisava fazer alguma coisa!
Fiquei o resto do dia enfiado no escritório e mesmo que dissesse estar
lendo um contrato, na verdade, ainda estava preso na primeira página
depois de horas.
E tudo era culpa de Sophie, eu não conseguia desviar meus
pensamentos dela, por mais que eu tentasse sempre acabava voltando ao
momento na biblioteca. Os gemidos dela invadiam meu pensamento, a
sensação de sua pele macia se arrepiando com meu toque e então o calor
que emanava de sua intimidade, molhada e apertada contra meu dedo e lá
estava eu de novo com uma ereção dolorida e perdido em pensamentos.
Eu não podia continuar com aquilo, tinha que tirar ela da cabeça ou
não conseguiria fazer nada até que me enterrasse em sua boceta apertada.
Não era minha intenção ligar para o meu pai só para reclamar disso,
mas tomado pelo desejo e a frustração de saber que não poderia tê-la, eu
acabei discando o número dele e colocando tudo para fora.
— Acham mesmo que vou fazer filhos com uma tonta? É melhor
arranjarem outra, muito promíscua de preferência, ou nada de netos!
A linha ficou em silêncio e eu torci para que eles estivessem
cogitando a ideia de cancelar tudo.
Mas parte de mim queria beijá-la de novo, até que nos esquecêssemos
do motivo para estarmos casados, até que só existisse nós dois. Meu corpo
queria fazer ela queimar por mim até que implorasse para que eu a fizesse
minha.
Porém, eu não podia ceder a isso, era apenas a necessidade de sexo
falando mais alto e quando passasse eu me arrependeria de ter tocado nela,
por trazer uma inocente para essa vida de merda a que eu estava preso.
— Bem, para uma tonta ela parece ter mesmo entrado em seu sistema.
— meu pai provocou, me pegando de surpresa.
— Eu estou irritado, apenas isso. Foram vocês que vieram com essa
ideia de casamento por contrato, mas não tiveram a noção de arrumar uma
mulher que soubesse o que estamos fazendo aqui. A garota vai acabar se
apaixonando e quebrando o coração quando ver que não é correspondida.
— Você parece se importar com ela, afinal. — a voz complacente do
meu pai dizia que ele não ia mesmo desistir de me fazer ficar feliz com ela.
— Então é isso? É o que vocês querem, que eu não só viva infeliz,
mas que também arraste uma garota com a vida pela frente para minha
infelicidade?
— Filho, porque você ao menos não tenta dar a essa jovem uma
chance? — mamãe questionou com a voz doce. — Por que não tenta se
entender com ela? Vocês podem ser felizes juntos se tentar.
Bufei ouvindo a ladainha sobre felicidade e amor que ela tentava me
fazer engolir. Mas a verdade é que desde Emily eu nunca mais seria capaz
de acreditar no amor, aquela vadia tinha feito um excelente trabalho em me
fazer rever tudo o que eu acreditava saber desde pequeno.
Eu tinha sido criado em um lar amoroso, tive uma vida regada do
bom e do melhor, dinheiro, viagens, carinho, tudo o que eu queria era
entregue em minhas mãos de forma fácil. Mas foi só casar com aquela
diaba para descobrir o que a vida era de verdade e então eu finalmente
acordei começando a ver fora da bolha.
Descobri da pior forma que, na verdade, as pessoas são mesquinhas e
egoísta, sanguessugas sedentas por dinheiro e querendo suprir seus próprios
desejos.
— Vocês me ouviram, cancelem esse contrato e arrumem outra
mulher se quiserem mesmo um neto!
Apertei o botão colocando um fim na ligação e me joguei na cadeira
novamente. Sophie e eu não podíamos nos envolver mais do que já nos
envolvemos, tinha sido um erro tremendo e teria sido bem pior se eu tivesse
levado ela para cama. A garota tinha que ir embora dessa casa e para longe
de mim.
Minha respiração ficou descompassada, com o mero pensamento de
Sophie indo embora. Logo ela encontraria um homem da idade dela que
poderia dar todas as baboseiras que ela sonhava, como John disse, não
tinham meninas como ela solteiras por aí e ela não demoraria a ocupar a
cama de alguém.
Voltei meus olhos para a tela do computador voltando a ler o contrato
e só no fim da tarde consegui finalizar aquela merda. Meus pensamentos
ficaram indo e vindo na conversa que tive com meus pais, em especial as
últimas palavras da minha mãe: "Porque não tenta se entender com ela?
Vocês podem ser felizes juntos se tentar."
Como eu poderia fazer alguém feliz se eu passava todos os dias me
sentindo infeliz por deixar uma mulher estragar minha vida.
Antes que me desse conta, eu abri o programa de vigilância e comecei
a olhar as câmeras procurando por ela. Passei cada uma delas tentando
encontrar os cabelos longos castanhos, o corpo pequeno escondido em
algum lugar, mas não a achei.
Onde ela podia ter ido? Tinha câmeras em todos os lugares, até
mesmo no quarto dela, onde ela poderia ter se escondido?
Sai de lá indo atrás de Holly, ela com certeza poderia me dizer onde
Sophie tinha se enfiado.
— Holly, você sabe onde Sophie está? Preciso ter uma conversa com
ela, mas não a encontrei em lugar nenhum. — perguntei quando entrei na
cozinha, mas a mulher não se virou, nem se dignou a responder, continuou
remexendo nas panelas. — Holly? O que foi agora?
— Senhor me diga a hora que deseja que o jantar seja servido, não vai
ter problemas em fazer a sua vontade já que é o único a jantar em casa essa
noite.
O deboche e a irritação no tom dela não passaram despercebidos, mas
o que chamou minha atenção foi ela dizer que eu seria o único a jantar hoje.
— Onde Sophie está? Para onde John foi que não me avisou nada? E
o que aconteceu para te deixar tão irritada? — perguntei, mas o que mais
me incomodava era a primeira coisa, onde Sophie estava.
— A resposta para todas elas é a mesma, você continua a destruir
suas chances de felicidade e não vê que está destruindo a de pessoas a sua
volta também.
Oh céus, do que ela estava falando agora? E por qual razão todos
tinham tirado o dia para falar sobre felicidade?
— Holly agora não é a hora de falar em enigmas, preciso saber onde
ela está!
— John a levou para a cidade. — não acreditava que ele tinha feito
isso sem me falar, minha expressão deve ter me entregado, pois ela
continuou. — Sophie implorou para que ele a levasse o mais rápido
possível.
— E por que isso? Porque ela implorou e mais importante, porque ele
a levou sem consultar? — rosnei as palavras já sentindo meu sangue ferver
só de imaginar o que poderiam estar fazendo longe daqui.
Não deveria sentir ciúmes, especialmente porque John não faria nada
com ela, mas isso não impedia que eu ficasse possesso imaginando ela
longe.
— Provavelmente porque ela se deu ao trabalho de preparar dois
pratos e subir até seu escritório para almoçar com você, mas voltou minutos
depois chorando. — Holly se virou para mim e cruzou os braços com os
olhos transbordando de raiva.
— Ela não foi até o escritório... — minhas palavras morreram quando
me dei conta que ela podia ter escutado toda a discussão com meus pais.
Porra, não podia ser isso! Se Sophie tivesse mesmo escutado o que
falei, ela com certeza já estaria muito longe dali, iria colocar a maior
distância entre nós dois e ainda daria um jeito de levar o dinheiro do
contrato.
Então meu pensamento formou a imagem dela com outro homem já,
se divertindo na cidade já que entendeu que eu não a queria. Um gosto
amargo preencheu minha boca no mesmo instante, meu dia não tinha
mesmo como piorar.
— Patrick! Patrick! — ouvi John gritando e fui em direção a ele,
antes mesmo que ele alcançasse a escada eu o parei.
— O que diabos estava pensando quando levou Sophie para fora
daqui sem me falar? — bradei sem deixar que ele dissesse nada.
— Chefe, eu te explico tudo depois, mas primeiro precisamos correr,
pois Sophie está perdida na montanha! — ele exclamou afobado e eu engoli
em seco, um frio se instaurou na boca do meu estômago quando medo me
tomou.
— Como isso aconteceu? Como foi que deixou ela se perder na
floresta?
— Ela... Nós estávamos... Sophie bebeu mais do que devia e quando
voltamos ela começou a falar umas coisas estranhas, ela tentou...
— Porra, John, fale de uma vez, seu idiota! — meu tom alto
reverberou pelas paredes da sala de estar.
— Ela queria transar comigo! — ele cuspiu as palavras e eu vi
vermelho, dei duas passadas largas e o puxei pelo colarinho. — Mas eu não
fiz, não fiz e ela correu! — John se apressou em dizer. — Sophie começou a
falar que precisava perder a virgindade, porque você não queria uma mulher
inocente e ela precisava dar um jeito nisso.
Ainda chorando eu levei os pratos de volta para cozinha, não me
importei se Holly me viu com o rosto coberto de lágrimas ou se John estava
me encarando de forma estranha, não ligava para nada a minha volta, só
queria sair daquela casa.
— John pode me levar até a cidade? Preciso fazer uma coisa e não
quero que Patrick saiba. — ele olhou incerto para Holly, como se pedisse
uma opinião. — Por favor, prometo não demorar.
— Por que Patrick não pode saber? Ele não vai gostar de saber que eu
te levei sem pedir permissão...
— Patrick não tem que saber de tudo! — a última coisa que eu
precisava agora era aquele monstro gritando que eu só sairia dali se fosse
para voltar para a casa do meu tio. — Se você não puder, eu vou sozinha.
Talvez John soubesse que aquilo era um blefe, eu não tinha ideia para
qual direção ficava a cidade, mas mesmo assim ele se levantou e me deu um
sorriso amigável.
— Vou pegar o carro, te espero no portão. — eu estava pronta para
correr, mas ele me parou. — Tente não chamar a atenção, se Patrick nos
ouvir não vamos a lugar nenhum.
Acenei rapidamente e me apressei subindo as escadas, peguei o
casaco mais grosso que eu tinha e coloquei uma calça, sabia que não seria o
suficiente para o frio do lado de fora, mas era o que eu tinha.
Quando estava no corredor olhei para a porta do escritório, ainda
estava entre aberta e eu ouvia a conversa de Patrick alterada, provavelmente
ainda tentando convencer seus pais a cancelarem o contrato.
Corri para fora e me apressei no caminho de cascalho até o portão na
entrada da propriedade, onde John já me esperava no carro.
— Podemos ir! — exclamei entrando no carro olhando pela janela,
torcendo para que não tivéssemos chamado atenção.
— Para onde quer ir? Shopping? Salão? — ele começou a dirigir
enquanto eu continuava a olhar para trás.
— Um bar! — falei o interrompendo, John me encarou pelo
retrovisor como se eu estivesse louca. — Não me julgue, eu só preciso de
uma distração.
Eu queria uma distração e também conseguir falar com Rosa, eu
necessitava ouvir uma voz amiga, escutar os conselhos e desabafar, a
mulher que me viu crescer era a única que eu podia confiar para isso.
John me levou sem reclamar, a estrada que cruzava a montanha nos
levando até a cidade estava vazia, mas bastou chegarmos ao centro para a
movimentação de pessoas e carros nos cercar.
Era uma cidade pequena, aconchegante e acolhedora, eu descobri
quando John me deixou na frente de um bar, que ficava aberto vinte e
quatro horas.
— Eu venho aqui às vezes, acho que vai gostar. — ele me informou
quando descemos do carro e ele me guiou para dentro.
O lugar tinha uma áurea completamente masculina, não era mesmo
um tipo de bar que eu gostaria de ir, mas o que eu sabia sobre bares? Nada,
eu não tinha ido a nenhum.
Pedi um drink qualquer antes mesmo que me sentasse na banqueta em
frente ao bar, não me preocupei em pegar uma das mesas, não era
necessário para ficar bêbada e ligar para contar meu fracasso a Rosa.
Bebi de uma vez o coquetel que o homem colocou na minha frente, o
álcool desceu queimando a minha garganta, esquentando meu corpo por
dentro e me fazendo esquecer um pouco do frio.
— É melhor ir com calma, você não almoçou. — ele me repreendeu,
se soubesse que eu também não tinha tomado café ficaria ainda mais
nervoso.
Aquela era uma péssima ideia, mas eu não me importei.
— Pega outra bebida para mim, vou usar o banheiro. — me levantei
indo direto em busca de um telefone ali.
Não ter celular dificultava minha vida e eu não queria correr o risco
que alguém da casa me ouvisse choramingando com Rosa.
Disquei o número que eu sabia de cor e chamou até cair na caixa
postal, pela hora ela com certeza estava ocupada, mas era urgente falar com
ela antes de decidir o que fazer. Por isso disquei mais uma vez e fiquei
esperando.
— Não quero comprar nada...
— Rosa, sou eu! Não desliga, sou eu Sophie! — gritei antes que ela
desligasse na minha cara.
— Sophie? Filha, que bom ouvir sua voz. — ela não ia pensar do
mesmo jeito quando soubesse o motivo da ligação. — Como estão as coisas
por aí? Seu marido lhe trata bem? Já está apaixonado? Aposto que está!
Senti o frio e a raiva se apoderar de mim quando as palavras dele
voltaram a invadir minha mente.
— Rosa, ele não me quer, não quer uma virgem! — o silêncio reinou
do outro lado da linha, me dizendo o quanto ela estava chocada, então eu
continuei. — Nós estávamos começando a nos entender e brigamos
também, mas faz parte. Porém hoje eu o ouvi mandando os pais arrumarem
outra mulher, pois ele nunca iria me tocar.
— Por quê? O que esse homem tem na cabeça? Você é linda, doce,
tem um corpo de dar inveja. — ela gritou com tanta indignação, que eu
conseguia sentir. — Qual é o problema dele?
Respirei fundo, me aprontando para falar o que me mataria de
vergonha, apenas por saber que essa besteira estava no meu caminho,
servindo de empecilho.
— Ele não quer uma virgem, Rosa. Quer uma mulher que saiba o que
está fazendo e que não seja uma tonta que vá se apaixonar.
— Tonta? O único tonto na história é ele! E quem disse que você vai
se apaixonar? Ele pode muito bem se apaixonar primeiro!
Mordi o lábio inferior e olhei em volta, tentando ver se John não
havia ido atrás de mim, só sosseguei quando o avistei no bar falando com o
garçom.
— Não sei o que fazer, Rosa. Se ele cancelar o contrato, vou ter que
voltar para aquele inferno por mais um ano, até que minha herança saia. —
soltei o ar e deixei que meus ombros caíssem em derrota com esse
pensamento. — E para não ser cancelado eu teria que ser outra Sophie, uma
não virgem e nenhum pouco tola.
— Escuta aqui menina, você não é tola, nunca foi! — Rosa soltou
uma torrente de palavrões, antes de se acalmar. — Você só precisa de um
pouco mais de experiência, isso vai ajudar a mostrar a ele o quanto está
errado. Ele só deve estar com medo, mostre que você é decidida, sexy, linda
e que não vai se apaixonar caso ele não se apaixone primeiro!
Soltei uma risada nervosa, agradecida pela voz familiar me dar forças,
mas nervosa porque não tinha ideia de como provaria isso a Patrick. Mas
foi só meus olhos encontrarem John no bar sorrindo para uma mulher
sozinha no bar, para que uma ideia cruzasse minha mente.
— Rosa, eu te amo, sabia?
— Sabia sim, mas vou saber mais se me ligar mais vezes. Não suma
menina, eu sinto sua falta. — o tom doce quase me fez querer fugir dali e ir
até ela, mas eu sabia que não podia. — Agora vá até lá e conquiste seu
homem.
Desliguei o telefone e voltei para o bar, me sentei ao lado de John
decidida a fazê-lo resolver esse problema da virgindade para mim. Eu só
precisava estar relaxada o suficiente para propor isso.
Enquanto conversávamos, eu bebia cada vez mais, esperando que
todo o álcool no meu sistema me ajudasse a criar coragem. Não me passava
despercebido que John não me tocava, ele evitava a todo custo chegar muito
perto de mim e não me saía da cabeça que era pela ameaça de Patrick.
— Já chega! Nós vamos embora agora, porque você já está bêbada de
mais e logo Patrick vai sentir a nossa falta. — ele afirmou já se levantando
e atirando algumas notas na mesa.
— Mas eu... — tentei protestar, mas bastou me levantar para que tudo
em volta girasse.
— Mas nada, você não está nem se mantendo em pé! Deus me ajude
que Patrick não a veja assim, ou vou perder bem mais que um dente.
John me levou de volta para o carro, me ajudou a sentar no bando da
frente e atar o cinto, antes de dar a volta e sair de lá. O sol já havia se posto,
a cidade estava escura de mais comparada ao momento em que chegamos.
Quanto mais longe ficamos da cidade, mais eu sabia que precisava
fazer algum movimento sobre ele. Tinha que tentar antes que chegássemos
perto de mais da casa, ou ele não faria nada comigo.
— John, você me acha bonita? Me acha atraente?
— Senhora, te disse hoje de manhã que seu marido me socaria se eu
falasse qualquer coisa desse tipo sobre a senhora. — ele respondeu sorrindo
e nem se dignou a me olhar.
Desatei o cinto tomada pela certeza de que não podia deixar essa
oportunidade passar.
— Patrick não vai me tocar, ele... ele não quer uma esposa virgem e
pura. — abri meu casaco e o joguei no chão do carro. — Preciso que me
ajude, John, preciso perder a virgindade... antes de voltar para ca… casa ou
ele vai me mandar embora. — abri o suéter que usava por baixo, ficando
apenas com a blusa fina de mangas longas.
— O que está fazendo? Sophie, coloque suas roupas ou vai congelar!
— Preciso que transe comigo, John... que tire esse empecilho do meu
caminho! — levei as mãos ao botão da calça e finalmente eu tinha sua
atenção.
Ele parou o carro e se virou para mim, suas mãos me impediram de
continuar a tentar tirar a calça e ele atirou o casaco de volta em minhas
mãos.
— Eu não vou fazer isso com você! Enlouqueceu? — ele
praticamente gritou me sacudindo pelos ombros, antes de tentar empurrar o
casaco em meus ombros. — Vamos voltar para casa e tenho certeza que
amanhã, quando estiver sóbria, vai conseguir conversar sobre isso com
Patrick.
Aquele idiota não entendia nada, ninguém entendia, eles não sabiam
nada sobre a minha vida.
John se virou para o volante e eu aproveitei o momento para abrir a
porta e correr para fora do carro. Abotoei o casaco em volta do meu corpo e
continuei correndo para dentro da floresta, deixando a voz de John me
chamando aos gritos, cada vez mais para trás.
Só não imaginei que iria me arrepender de não ter colocado o outro
suéter e quando o efeito do álcool passou ainda mais, eu me arrependi por
sair do carro e ter me enfiado em uma floresta no meio da noite.
Eu não tinha nada ali comigo e agora estava tremendo, meus pés
dentro dos tênis pareciam ter congelado, assim como minhas mãos. Já havia
cansado de andar tentando achar a estrada, meu estômago roncava, meu
corpo reclamava do frio e da fome.
Não sabia mais o que fazer, então só me encolhi contra uma árvore,
pronta para congelar até a morte. Ninguém iria se importar de qualquer
forma.
Meu sangue ferveu com as palavras de John e por mais que eu
quisesse ficar ali e socar a cara do babaca, tinha que encontrá-la primeiro,
Sophie estava congelando na noite lá fora, perdida em uma mata que não
conhecia nada.
— Que roupa ela estava? Quero que rastreei o celular dela. — bradei
subindo dois degraus a cada passo, enquanto apertava o contato de Chris.
— Ela estava com um casaco e suéter, mas acabou arrancando tudo,
consegui empurrar nela o casaco antes que ela fugisse. — parei meus passos
e respirei fundo, tentando ter um pouco de autocontrole ao pensar nela
tirando a roupa para ele. — E chefe, ela não tem celular.
— Como Sophie não tem celular? Em que século ela vive e por que
eu não sabia disso? — gritei me virando para ele esperando por uma
resposta e ignorando a voz do meu amigo do outro lado da linha.
— Está no relatório sobre ela, achei que o senhor teria lido a essa
altura.
Bufei me recriminando por não ler aquela porra de uma vez, fiquei
tão ocupado em colocar um fim naquele casamento que não pensei em ler o
que tinha pedido a ele.
— Rossi! — rosnei o sobrenome de Cris para ele entender que não
estava para brincadeiras. — Preciso de você aqui agora, com todos os seus
homens.
— Vou reunir a tropa. Pode me adiantar o assunto? — perguntou sem
rodeios, meu amigo era dono de uma agência de seguranças particulares, se
alguém tinha os recursos e homens treinados para encontrar Sophie o mais
rápido possível, era ele.
— Minha esposa se perdeu na montanha, ela não conhece nada aqui,
estava bêbada e com uma roupa que vai fazê-la congelar em minutos!
Eu só conseguia imaginar o que estava se passando na cabeça dele,
enquanto ouvia minhas palavras, já que Cris não tinha ideia de que eu havia
me casado novamente.
— Vamos encontrá-la, Patrick! — ele exclamou e desligou a
chamada. Tínhamos que encontrar Sophie rápido, só assim ela ficaria bem.
— Chame o médico, o quero aqui o mais depressa possível.
John saiu dali e eu me virei para o escritório, mas meus olhos se
prenderam na porta do quarto de Sophie, mesmo estando fechada uma
vontade imensa de entrar ali se apossou de mim.
Abri a porta enfiando a cabeça dentro do quarto, olhei em volta antes
de entrar de uma vez, como se ela fosse aparecer a qualquer momento e me
repreender por invadir seu quarto.
O cheiro do perfume dela tomou meus sentidos quando fechei a porta
atrás de mim, a cama estava impecavelmente arrumada, havia um livro na
mesa de cabeceira e nada mais que indicasse que alguém vivia ali.
Eu não sabia nada daquela garota e ainda sim meu coração se
apertava com medo de que eu não a visse outra vez, um gosto amargo
invadiu minha boca com esse pensamento. Mas tratei de sacudir a cabeça,
afastando aquela ideia de merda.
Sophie ia estar ali logo, e ia precisar de uma roupa quente quando a
encontrássemos. Andei até o closet dela e me choquei ao abrir e não
encontrar nada ali, apenas uma mala pequena.
— Mas que porra é essa? — me abaixei abrindo a mala e descobrindo
que as roupas ainda estavam ali, o vestido que ela tinha usado no outro dia,
a roupa dessa manhã, tudo estava dobrado e guardado naquele espaço
apertado.
Onde estavam as outras roupas e sapatos dela?
Sai dali descendo as pressas, corri para o andar de baixo já gritando
por Holly, não demorou para que ela me alcançasse na sala.
— O que aconteceu Patrick?
— Onde estão as roupas de Sophie? Ainda não chegaram ou o quê?
— ela baixou a cabeça parecendo desapontada, provavelmente estava
esperando que ela tivesse chegado em casa.
— A menina me disse que aquelas roupas são tudo o que ela tem e eu
insisti para arrumar no closet, mas ela me disse que colocaria quando se
sentisse em casa.
Como aquilo era tudo o que ela tinha? Meia dúzia de trocas de roupa
não eram um guarda-roupa. Que porra os tios faziam com ela? Sabia onde
encontraria as respostas, o relatório que John fez sobre sua vida me diria o
que eu precisava saber.
Mas antes que me virasse e subisse para o escritório, o barulho de
carros me chamou a atenção. Cris havia chegado! Sai de lá correndo, sem
nem esperar que eles entrassem, precisávamos ir o mais rápido possível.
— Cris! Que bom que chegou logo!
— Vamos rápido com isso, a noite só vai ficar cada vez mais gelada.
— peguei meu celular mostrando a ele uma foto dela, não sabia se seria
necessário, mas poderia ajudar.
— Sophie Carter, o nome dela. — murmurei me virando para os
outros, cerca de dez homens que vieram com ele.
Saímos de lá e os carros seguiram cada um para uma direção da
montanha, enquanto John nos levava até o lugar onde a tinha perdido.
Descemos do carro, todos equipados com roupas pesadas para o frio e Cris
me passou um binoculo para ver no escuro que se estendia a nossa frente.
Entramos na floresta chamando por ela, gritando seu nome cada vez
com mais desespero, enquanto entravamos mais ainda ao fundo no denso
das árvores.
A cada segundo que passava sentia meus dedos ficando gelados,
minhas bochechas estavam frias e eu só conseguia pensar em quanto frio
ela estaria sentindo.
— Sophie? Sophie, onde você está? — gritei de forma incessante, as
vozes dos homens em volta já conseguiam ser ouvidas, o que significava
que estávamos fechando o cerco. — Sophie fala comigo! Sou eu, Patrick.
Um gemido ao longe nos chamou atenção, todos pararam de falar e
andar para tentar ouvir novamente. Não tínhamos visão de nada, nenhum
movimento capturado com os olhos, nenhuma silhueta que não fosse as
árvores e galhos no nosso caminho.
— Fale de novo, parece que ela só quer responder a você. — Cris
ordenou e mesmo que achasse ser difícil, um calor invadiu meu coração
com a ideia.
— Sophie! É o Patrick, onde você está? — gritei me virando em
todos os lados e parando de falar para tentar ouvi-la. — Fala comigo
querida, me responde!
— Não é real... preciso ir, preciso continuar. — ouvi a voz mais nítida
agora e corremos para lá.
Sophie estava caída no chão, encolhida em posição fetal contra uma
árvore. Seu corpo tremia e ela falava consigo mesma, mas não parecia ter
força para nada.
— Sophie, Sophie, estou aqui! — me abaixei jogando meu casaco
sobre o corpo dela, antes de pegá-la em meu colo. — Estou aqui, vamos
para casa agora.
— Cuidado, se o sangue dela esquentar rápido de mais pode ter uma
parada cardíaca. — Cris gritou correndo a minha frente de volta para o
carro.
Entrei no banco de trás, deixando que ele e John fossem à frente
enquanto Sophie divagava no meu colo, os olhos lutando para se manterem
abertos e as falas sem sentido.
— Tio Charles... vai me matar... não, não posso voltar...
— Ela está delirando, temos que correr. Os batimentos estão muito
devagar e os tremores estão aumentando.
— O chicote... ele vai... — Sophie fechou ficou terrivelmente quieta e
eu bati em seu rosto desesperado, querendo que ela voltasse a si, que abrisse
os olhos e voltasse a falar besteiras novamente. — Patrick, — ela
murmurou quando os olhos se focaram em meu rosto por um segundo, antes
que as pupilas oscilassem. — Por que não me quer? Por que... virgem,
pura...
Ela repetia as minhas palavras em sua alucinação, era terrível, mas eu
estava mais preocupado com o estado dela naquele momento.
Quando o carro entrou nos portões da propriedade, eu avistei o doutor
de minha confiança, sair de dentro da casa com Holly. O olhar preocupado
dela se recaiu sobre a Sophie de olhos fechados, balbuciando, e eu sabia que
o mesmo olhar estava estampado em meu rosto.
Entrei direto indo para o quarto dela, a coloquei na cama já
começando a ajudá-la a se livrar das roupas frias.
— Preciso que me dê espaço para cuidar dela agora, senhor Carter. —
o doutor falou após arrumar os instrumentos e se aproximar dela.
Eu nem tinha me dado conta que estava debruçado sobre ela,
acariciando o rosto desacordado até que ele falasse. Então me afastei,
ficando de pé ao lado da cama e deixando que ele começasse a tratá-la.
Abri meus olhos sendo recebida pelo escuro, tudo estava um breu,
mas agora eu sentia algo fofo em baixo de mim e não um tronco duro e frio.
Meus músculos estavam doloridos, eu me sentia como se tivesse sido
atropelada ou corrido uma maratona, todo meu corpo doía e foi um
sacrifício até que eu conseguisse mexer uma mão e tocasse os lençóis.
Então me dei conta de que havia uma mão sobre a minha, tentei
ajustar meus olhos para conseguir ver naquele escuro, mas não consegui ver
nada.
Não conseguia me lembrar do que tinha acontecido, como consegui
sair daquela floresta congelante. A última coisa que eu me lembrava era de
estar muito frio e escuro, eu não conseguia ver muito a minha frente,
mesmo assim continuei andando até não aguentar o frio e a fome, então me
sentei esperando pelo pior.
— Sophie, você acordou? — a voz de Patrick soou em meio a
escuridão e eu travei.
O que ele estava fazendo ali? Provavelmente esperando que eu
acordasse para brigar comigo por minha estupidez, ou pior, me mandar
embora.
Céus, se John tivesse dito a ele o que pedi no carro eu estava ferrada,
Patrick já me detestava, se achasse que eu podia traí-lo ele com certeza me
mandaria embora. Mas se pensasse que eu estava mal, ele poderia me
deixar ficar, ao menos até eu me organizar e descobrir como fazer para
seduzi-lo. Como Rosa disse, eu precisava mostrar como era sexy, linda e
decidida.
— Estou com frio. — menti descaradamente, deixando minha voz
manhosa e fraca.
— Vou chamar o médico. — ele respondeu se levantando, mas
segurei firme em sua mão.
— Não, não vai. — tinha que fazê-lo ficar ali, o médico poderia lhe
dizer que eu estava bem e eu só queria mais um pouco de tempo com ele.
— Deita aqui comigo, me ajuda a me esquentar.
Foi aí que ele hesitou, ao invés de pular na cama ao meu lado ele
continuou de pé paralisado. Pelo menos não tinha corrido como das outras
vezes, então eu continuava a pensar que meu estado de doente me ajudaria
com ele.
— Sophie, você está fraca, precisa do médico.
— Só por um momento... Patrick, só fica um momento. — pedi
fazendo minha voz falhar, como se ainda estivesse sob os efeitos do frio.
Então quando eu já acreditava que ele me soltaria e sairia do quarto,
Patrick relaxou a mão e voltou a se sentar. Ele subiu na cama com cuidado,
até que as costas estivessem contra a cabeceira, nossas mãos continuaram
unidas e eu tomei a liberdade de me aproximar dele.
O cheiro de seu perfume invadiu meus sentidos, me levando a
lembrar dos seus beijos, dos toques. Mas eu não podia ir por esse caminho,
não agora e muito menos enquanto eu não estivesse pronta para seduzi-lo.
Se o “não” de John serviu para alguma coisa, foi para me mostrar que
eu não podia fazer isso com outra pessoa, Patrick era o meu marido e eu
não podia traí-lo, eu tinha que arrumar uma forma de conquistá-lo.
Fechei meus olhos com esse pensamento, podia não ter ficado feliz
com aquele casamento arranjado, mas agora eu não queria voltar para a casa
do meu tio, ou ele ia acabar me matando.
— Volte a dormir, você teve um dia muito longo. — ouvi a voz grossa
murmurar e com meu rosto quase colado no braço dele, eu fechei os olhos,
relaxando e deixando que o sono me dominasse.
Quando o sol nasceu invadiu as cortinas abertas, acertando meu rosto
e me fazendo despertar. Ainda estava dolorida e aparentemente gripada,
percebi quando meus olhos lacrimejaram e engolir foi difícil. Mas tudo isso
se ofuscou quando abri os olhos e dei de cara com Patrick.
Ele estava dormindo pacificamente e pela primeira vez eu o via sem a
máscara. As sobrancelhas grossas estavam relaxadas, as pálpebras fechadas
deixando apenas os cílios grossos a vista. Meus dedos coçaram com a
vontade de tocar a barba cheia que contornava os lábios grossos, eu
conseguia ver alguns fios brancos na barba que o deixam ainda mais
sensual.
O desejo de beijá-lo só cresceu ainda mais dentro de mim, mas sabia
que se eu fizesse isso Patrick iria acordar e surtaria quando visse que eu o
estava vendo sem a máscara.
Bem, ao menos parte dele, o lado esquerdo do rosto, estava escondido
contra o travesseiro, não me deixando ver qual eram os machucados dele.
Mas eu duvidava que qualquer que fosse o deixaria feio, Patrick era lindo e
aquela constatação me fez querer ainda mais seduzi-lo.
Ele ainda estava vestido com o jeans de ontem mais cedo, até os
mesmos sapatos no pé. Eu sabia que não os planos dele não eram de dormir
ali, mas eu tinha adorado acordar e descobrir que ele continuou ali, comigo,
a noite toda.
Me levantei com um cuidado redobrado, a dureza dos meus músculos
me ajudou a ser uma verdadeira lesma até eu alcançar o banheiro.
Estava lavando minhas mãos quando meus olhos se prenderam no
espelho a minha frente, eu estava um caco, minhas olheiras estavam mais
fundas e escura, e meu nariz e bochechas estavam terrivelmente vermelhos.
Joguei uma água no rosto e escovei os dentes, antes de arrumar os
cabelos, uma tentativa meio inútil de melhorar a minha aparência. Sai do
banheiro da maneira mais silenciosa que consegui, mas Patrick já estava
acordado, sentado na cama e com a máscara cobrindo todo o rosto.
— Bom dia. — a voz grossa retumbou em meu peito, me arrepiando
por completo.
— Bom dia, Patrick. — murmurei baixo, mas sai de onde estava,
mesmo que temesse a reação dele, e fui em direção a cama. — Não vi seu
rosto se é com o que está preocupado, estava escondido contra o
travesseiro.
Ele desviou o olhar de mim, virando o rosto mascarado para o outro
lado e se levantou antes que eu pudesse me sentar ao seu lado.
— Como está se sentindo?
— Não muito bem, meu corpo todo dói, acredito que estou gripada, e
minha garganta está inchada. — eu queria dizer que estava bem e agradecer
por ele ter me salvado, mas também sabia que se eu fizesse isso ele poderia
começar com os gritos e insultos.
— O médico ainda está aqui, vou pedir para que te examine antes de
ir.
— Não precisa se preocupar, eu nunca fico doente, então tenho
certeza que vai passar rápido.
Também não me lembrava a última vez que tinha ido a um médico,
com certeza não ia a um desde os meus doze ou treze anos.
— Não te quero doente e após ter chegado aqui hipotérmica, acho
melhor não arriscar. — ele falou indo até a porta da varando e abrindo,
deixando o sol entrar e o ar fresco invadir o quarto. Não estava quente, mas
era uma agradável brisa.
Eu não sabia se comemorava a parte dele não me querer doente, ou se
ficava desapontada com a parte sobre eu ter chegado ali hipotérmica,
porque isso queria dizer que ele não tinha ido ao meu encontro, John
provavelmente me procurou sozinho e me tirou de lá.
Teria que perguntar a ele que mentira contou a Patrick, para que eu
não acabasse falando besteira.
— Acho que antes vou descer e comer alguma coisa, estou morrendo
de fome. — poderia ser uma desculpa para encontrar John, mas não era uma
mentira, eu estava morrendo de fome.
— Vou pedir para Holly trazer seu café, você fica na cama
descansando até o doutor liberar. — ele mexeu no relógio em seu pulso e só
quando a voz de Holly passou por lá foi que entendi que ele tinha ligado
para ela.
— Sophie já acordou? — ela foi direta.
— Sim, ela acordou. Pode trazer o café para ela, sei que está ansiosa
para vê-la. — ele desligou a chamada e eu me lembrei de anotar que ele
fazia tudo com aquela coisinha em seu pulso. — Já que estávamos falando
de você congelar, onde estão as suas roupas?
— No closet, dentro da mala. — respondi ainda incerta do que ele
queria com aquilo. — Não desfiz as malas porque queria fazer quando me
sentisse mais em casa.
Patrick esfregou a nuca e eu podia jurar que o ouvi trincar os dentes.
— Por que não trouxe mais roupas? Preferiu deixá-las no seu tio para
o caso de voltar?
Do que ele estava falando? Não fazia sentido aquilo.
— Patrick, eu trouxe todas as minhas roupas. — respondi baixinho e
ele bufou, como se não acreditasse nas minhas palavras. — Não sei o que
você ouviu por aí, mas eu não sou rica, meu tio é e eu sempre vivi com o
que ele me dava. A empresa do meu pai, assim como as ações no meu nome
e as contas, eu só posso receber quando fizer vinte e um anos, até lá eu não
tenho nada.
— Como não tem nada? — ele bradou vindo mais perto da cama e
fechando os punhos com raiva. — Um milhão que foi para sua conta
deveria ser mais do que suficiente para comprar roupas para você! Ou é tão
amante do dinheiro que vai passar frio até que eu lhe compre um guarda-
roupa novo?
— De que porra está falando? — gritei, perdendo a paciência e me
esquecendo do que prometi. — E quem disse que eu quero que me compre
alguma coisa? Pode pegar seu dinheiro e enfiar no seu rabo, prefiro morrer
de frio do que ser tratada como uma interesseira!
Me alterei tanto com as palavras dele, que acabei ficando de pé na
cama só para poder gritar com o rosto próximo ao dele.
Nossas respirações estavam ruidosas, descompassadas e nossos olhos
trocavam farpas. Merda, eu não conseguia negar que queria que ele me
beijasse como no outro dia.
— Posso saber o que é isso? — Holly perguntou da porta. Tínhamos
ficado tão concentrados em gritar um com o outro que nem percebemos que
Holly, John e um homem estranho, estavam na porta do quarto nos
encarando.
Ela tinha acabado de acordar e já estávamos brigando. Como isso era
possível? Eu passei a noite ao lado dela, mesmo que cada parte da minha
sanidade mental me dissesse para correr daquele quarto.
Mesmo depois que Sophie abriu os olhos no meio da madrugada, não
consegui ir quando ela me pediu para ficar. Ficou claro quando subi na
cama que ela não estava com frio, senti o corpo quente se aconchegando no
meu. Mas ela estava tão vulnerável e frágil quando me pediu para ficar, que
eu não consegui ir embora.
Talvez fosse uma estupidez sem tamanho, mas não pareceu quando
ela se enrolou ao meu lado ressonando. Mas quando eu acordei medo me
tomou.
Estava tão relaxado do sono tranquilo que tive, que acabei me virando
e me espreguiçando de forma tranquila, não me importando com nada. Mas
quando me dei conta de onde estava foi que temi que Sophie tivesse visto a
abominação que eu era.
Ela não estava na cama, o lado onde a pequena tinha dormido estava
bagunçado, mas não havia sinal dela ali.
Merda! Me apressei pegando a máscara na mesa de cabeceira e
coloquei sobre meu rosto, se Sophie tivesse visto meu rosto já teria corrido
para o outro lado do país.
Um barulho no banheiro me chamou a atenção e eu tratei de arrumar
a cama enquanto esperava que ela saísse.
Sophie pareceu desapontada quando me viu ali, não sei se esperava
que eu estivesse dormindo ainda ou se era por já saber o que estava de
baixo da máscara. Mas ela tratou de me tranquilizar quanto aquilo, ela não
tinha visto a coisa horrenda ainda.
Tinha tudo para ser uma manhã tranquila e agradável, até estávamos
conversando como pessoas normais. Mas bastou eu perguntar das roupas
para que o pandemônio começasse.
— Como não tem nada? — questionei alterado, chegando ainda mais
perto dela. Não deixaria que ela usasse a carta de pobre coitada para
conseguir mais dinheiro, já tinha passado dessa fase. — Um milhão que foi
para sua conta deveria ser mais do suficiente para comprar roupas para
você! Ou é tão amante do dinheiro que vai passar frio até que eu lhe compre
um guarda-roupa novo?
— De que porra está falando? — ela gritou confusa e transtornada,
mas não duvidava que fosse só parte do show. — E quem disse que eu
quero que me compre alguma coisa? Pode pegar seu dinheiro e enfiar no
seu rabo, prefiro morrer de frio do que ser tratada como uma interesseira!
Ela não tinha apenas uma boca muito suja para alguém que queria
parecer tão doce, ela também era maluca, subiu na cama ficando da minha
altura e chegando tão perto que eu só precisava esticar o pescoço um
centímetro, para grudar nossas bocas.
Os olhos dela se desviaram para meus lábios, como se pudesse ler
meus pensamentos. Diabo de mulher! Eu queria beijá-la e nem conseguia
esconder direito.
— Posso saber o que é isso? — Holly chamou nossa atenção e só
então nos demos conta que estávamos sendo observados.
— Senhor Carter... Humm, sua mulher deveria estar descansando. —
o médico falou, mesmo com medo da minha reação. — Com todo respeito
senhor.
— Desculpe, nós acabamos nos alterando um pouco. — murmurei
sabendo que logo Holly daria um jeito de me censurar também. — Nós
podemos conversar depois, esposa.
Estendi a mão para ajudá-la a descer da cama, mas Sophie apenas
semicerrou os olhos, me fuzilando com os olhos antes de se deitar na cama
sozinha, ignorando minha ajuda.
Respirei fundo tentando não voltar a discutir com ela, tinha que me
lembrar que Holly estava perto e depois das três mancadas que dei ontem,
eu teria que bancar o bonzinho por alguns dias.
Sai do quarto deixando que eles se entendessem e fui direto para o
meu quarto, precisava de um longo banho para me acalmar e me tirá-la do
pensamento.
Entrei no box grande e liguei os jatos de água, me enfiando de baixo
do chuveiro recebendo o calor agradável me ajudando a relaxar os
músculos. Mas não teve nenhum efeito em me ajudar a esquecê-la.
Muito pelo contrário, eu comecei a pensar nos lábios carnudos da
garota petulante, a expressão altiva e então nos nossos beijos.
Como eu queria ter jogado ela naquela cama e a beijado, calando
aquela boca espertinha. Deveria ter subido minhas mãos por aquela
camisola fininha que Holly tinha colocado nela na noite passada, sentir cada
uma de suas curvas até que Sophie estivesse arfando e gemendo para mim.
Meu pau bateu continência com a mera lembrança dos sons dela.
Minha ereção dolorida batia contra o meu abdômen, a ideia de me deitar
sobre ela sentindo o corpo macio contra o meu.
Os mamilos apontando sobre o tecido fino com apenas um toque meu,
e então o calor, molhado e apertado de sua boceta.
Fechei meus olhos segurando minha ereção e lembrando da sensação
de ter meu dedo dentro dela. Subi e desci a mão me masturbando e
imaginando que era a doce e pequena Sophie, me apertando com suas
paredes, engolindo meu pau de forma deliciosa e dolorida.
O som de meu nome sendo gemido em sua boca me deixou ainda
mais louco e eu rosnei aumentando o ritmo e me segurando na parede com
a outra mão. A voz de Sophie com a respiração entrecortada me inebriava,
me levando mais perto da loucura, eu podia até mesmo sentir seu corpo
recebendo o meu e podia ver seus olhos se revirando de prazer, enquanto
ela abria a boca gritando, sendo reivindicada por mim.
— Sophie! — gritei explodindo, meu gozo tingiu as paredes pretas de
branco e eu continuava a me derramar imaginando tudo aquilo dentro dela,
dentro daquela boceta apertada e que logo teria meus bebês. — Porra, eu
estou fodido!
Sai do banheiro praguejando, mas sem conseguir pensar nela daquela
forma. Só podia ser falta de sexo, longos períodos de solidão faziam isso
com um homem, essa era a única explicação.
Desci para o andar de baixo e encontrei Cris a mesa, tomando café e
se sentindo muito confortável. Após nos deixar em casa eu achei que ele
iria embora, mas ao invés disso meu amigo se convidou para passar a noite.
— Bom dia, dorminhoco. Como está sua esposa? — eu conseguia
sentir o deboche na palavra esposa e já até imaginava o que viria a seguir.
— Bom dia. Achei que já teria ido embora a essa altura. —
resmunguei me sentando e começando a comer, ignorando a pergunta sobre
Sophie.
— Ah, não, eu não posso ir. Não quando me dei conta que não
conheço mais meu melhor amigo. — revirei os olhos bebericando meu café.
— Não fui nem convidado para o casamento dele.
Era isso, claro que Cris ia fazer um show sobre o assunto, ele não
sabia ficar quieto e tudo virava uma maldita fofoca.
— Não houve casamento.
— Como assim não teve casamento? Ela é a senhora Carter agora,
então teve um casamento.
— Assinamos os papéis separados e então ela veio para cá, apenas
isso, negócios. — ele me olhou incrédulo e confuso, então esclareci de uma
vez. — Meus pais queriam um herdeiro, a empresa precisa de um futuro e
blá, blá, blá. Sophie concordou em me dar os filhos em troca de um milhão
e aqui estamos, um casal feliz.
O silêncio reinou enquanto Cris me encarava como se yivesse um
alienígena saindo de mim. Aquilo seria chocante para muitas pessoas, já era
esperado, mas nada com o que eu já não estivesse acostumado.
— Não acredito que você fez isso! Casamento por contrato com uma
mulher que você nem conhece?
— Pois pode acreditar, faz três dias... Não, na verdade, quatro dias
hoje que minha nova esposa está aqui!
— O que te deu Patrick? Onde estava com a cabeça? — ele continuou
a berrar inconformado, se ao menos soubesse que nada daquilo tinha sido
ideia minha. — Você foi o homem que sempre falou que casamento deveria
ser por amor. E agora isso?
— Que amor, Cris? Por Deus, não venha com essa merda agora. —
bradei atirando o guardanapo na mesa. — Isso tudo era uma ideia errada de
um homem que não conhecia a vida.
— Pois é bom voltar a ser, pois você vai ficar casado com essa
menina! — a voz da minha mãe soou atrás de nós e eu me virei espantado.
Lá estava ela, dona Audrey vestida com elegância, sempre
acompanhada do fiel marido. Mas hoje sua expressão não era nenhum
pouco feliz.
— Deixa eu adivinhar, Holly ligou para você? — só podia ser, as duas
conversavam todos os dias, minha mãe estava ali com certeza por saber o
que aconteceu com Sophie.
— Não, vim aqui por sua história idiota de cancelar o contrato,
devolver a garota e arrumar outra! — ela falou colocando toda sua raiva e
desapontamento nas palavras.
Tinha me esquecido disso, toda a confusão tinha sido causada por
aquela ligação e agora minha casa, onde eu detestava receber visitas, estava
mais parecendo um hotel lotado.
— Que porra é essa, Patrick? Cancelar o contrato e devolver? Ela é
sua mercadoria agora, seu babaca? Foi por isso que ela fugiu ontem? —
Cris se levantou colocando toda sua indignação para fora.
— Sophie fugiu? — meu pai e minha mãe perguntaram ao mesmo
tempo.
Ótimo, agora eu teria que enfrentar a própria inquisição dentro da
minha própria casa e tudo isso por culpa daquela diaba!
Eu achei que meus piores dias tinham ficado para trás, naquela casa
maldita, mas pelo jeito eles só estavam começando. Desde que cheguei aqui
não tive nenhum dia de paz e Patrick era o responsável por isso.
Holly me encarava de forma engraçada, quase como se ela soubesse
de algo que eu ainda não havia me dado conta. Bem, se ela sabia de algo
que podia me animar, essa era a hora de contar, porque eu estava me
sentindo horrível.
— Olha só para você, mesmo depois de ontem ainda continua durona.
— John falou sorrindo entrando com o médico enquanto Holly colocava a
bandeja do meu lado na cama.
Eu queria poder enfiar minha cabeça na terra, ainda não conseguia
acreditar que tinha mesmo pedido para ele tirar minha virgindade.
— Você tem que comer querida, já basta o dia de fome ontem! —
Holly parecia decidida a me ver comer, pois empurrou um prato em minha
mão e se sentou ao meu lado.
— Desculpa por ontem, aquilo nunca deveria ter acontecido com
você. Se eu não tivesse sido tão estupido em destravar as portas...
— Nem começa, por favor. Se tem alguém aqui que deve pedir
desculpas sou eu. — Suspirei bebericando o café, antes de continuar. —
Tudo o que fiz foi ridículo, eu estava bêbada e não vai se repetir. E também
espero que o que aconteceu fique entre nós.
Os dois trocaram um olhar, Holly arregalou levemente os olhos e
John coçou a nuca de forma nervosa, antes de se virar para mim com um
sorriso amarelo estampado no rosto.
— Tarde de mais querida. Todo mundo já sabe. — aí meu Deus, não
podia ser. — Em minha defesa, eu precisava contar ao Patrick, ele nunca
acreditaria que você saiu correndo do carro sem algo ter acontecido.
— O Patrick sabe? — eu quase gritei, mas o incomodo em minha
garganta me impediu.
— Claro que sabe Sophie! — Holly respondeu antes que John
pudesse abrir a boca. — Patrick é seu marido, quem você acha que chamou
a cavalaria para te encontrar? Quem tirou o médico da cama no meio da
madrugada para que te esperasse chegar?
Eu olhei para o homem parado perto de John e parecendo confuso.
— Cavalaria? — questionei ainda atordoada com o que Holly tinha
dito.
— Sim, Patrick chamou um amigo dele que é dono de uma empresa
de segurança e o fez trazer os homens dele no meio da noite. — John
parecia animado de mais quando começou a contar, até se sentou na cama
ao meu lado, continuando a tagarelar. — Todos nós entramos na floresta,
com binóculos de visão noturna, chamando seu nome. Patrick estava
mesmo preocupado com você, nunca o vi daquele jeito.
O silêncio me tomou, eu não tinha palavras para tudo aquilo, não
sabia nem mesmo por onde começar a perguntar.
Se Patrick estava mesmo preocupado comigo, por que não disse nada
essa manhã? Ele moveu todo um grupo para me encontrar e entrou no meio
das árvores na noite gelada atrás de mim, mas hoje já começou a me chamar
de interesseira. Eu não conseguia entender aquele homem, qual era o
problema dele?
— Está bem John, já chega! Sai daí e deixa o doutor examinar a
menina, ela não está parecendo muito bem.
Ele fez exatamente o que Holly mandou, mas enquanto o doutor me
examinava, tudo o que eu conseguia pensar era: o que tinha passado pela
cabeça de Patrick quando John lhe contou o que pedi.
Uma batida na porta fez os dois homens se afastarem rapidamente de
mim, quase como se temessem que Patrick entrasse e desse um show por
vê-los perto de mais.
Mas ao invés do brutamontes ranzinza entrar, Audrey colocou a
cabeça para dentro, me surpreendendo.
O que ela estava fazendo aqui? Eu ia ter algum dia normal naquela
casa?
— Ouvi dizer que tinha alguém doente aqui. — ela foi entrando com
o sorriso largo no rosto. — Como você está menino? — ela cumprimentou
John com um abraço e ele logo saiu do quarto com o médico. Então ela se
virou para Holly, abraçando forte a mulher, como se fossem velhas
conhecidas. — Como você está? E nosso garoto continua aprontando, não
é?
— Você não tem ideia. — Holly respondeu dando batidinhas leves na
mão dela, pelo jeito as duas eram mesmo velhas conhecidas. — Estamos
torcendo para que uma certa pessoa consiga colocar um pouco de juízo na
cabeça dele.
As duas se viraram para mim com um sorriso cúmplice. Se elas
estavam falando de mim, sem dúvida aquela seria a parte impossível. Eu
não conseguia nem ao menos fazer o homem me ouvir sem que
começássemos a brigar como loucos.
— Oi senhora... — ela ergueu um dedo me repreendendo e eu parei a
frase no meio e a reformulei. — Audrey.
— Agora sim. Oi minha querida. Como você está? Soube do que
aconteceu ontem, ainda não acredito que Patrick a deixou sozinha para isso
acontecer.
— Ele não teve...
— Não, não, nem tente defendê-lo. — ela se sentou a minha frente e
segurou minhas mãos com cuidado. — Holly me conta tudo o que meu
filho apronta e eu sei que ele não tem sido um bom marido.
Eu quis rir, fazia apenas três dias, não éramos bons em nada, nem
mesmo em conversar. Mas eu não ia contar isso a ela, não agora ao menos,
não tínhamos a mesma relação que ela e Holly.
A intimidade que eu via entre as duas não era como nenhuma outra
que eu já tivesse visto entre uma patroa e empregada, Audrey não a tratava
assim e estava claro, as duas agiam como amigas. Até mesmo com John a
mulher foi amável.
Acho que tinha entendido errado e ela não havia me tratado bem só
porque eu estava casando com seu filho. Aquele era realmente o jeito dela,
amigável com todos.
— Mas cá entre nós, Patrick finalmente encontrou alguém a altura. —
Holly murmurou me tirando dos meus pensamentos. — Sophie pode ser
doce e delicada, mas quando o enfrenta é de igual para igual à briga.
Arregalei os olhos sentindo nossas bochechas queimarem de
vergonha. As duas explodiram em uma gargalhada me deixando com ainda
mais vergonha.
— Não fique assim querida, isso é bom. Os homens precisam de
mulheres que entrem em conflito com eles, baixar a cabeça e dizer sim
senhor para tudo os deixa entediados. — Audrey falou alegremente, sem se
importar de estar me dando conselhos para usar com o próprio filho.
— E aposto que está aqui porque já ficaram sabendo da minha
besteira em ficar perdida na mata.
— Oh, não. Só ficamos sabendo disso quando chegamos aqui. — ela
falou, me deixando confusa. — Nós viemos aqui porque nosso filho é um
idiota e estava precisando de ajuda para se acertar com você.
Então ela estava ali por conta da ligação dele ontem a tarde, eles
tinham ido ali falar com ele sobre o nosso contrato de casamento. As coisas
não estavam melhorando para o meu lado.
— Então é sobre a ligação? — um vinco se formou na testa dela e o
sorriso sumiu no mesmo instante. — Eu ouvi a conversa de vocês no
telefone. Não foi minha intensão no começo, mas eu não consegui ir
embora depois que o ouvi gritando.
— Aí meu Deus Sophie. Não era para você ter escutado aquelas
bobagens do meu filho. — a expressão dela mostrava o quanto estava
desapontada com a notícia, Holly era a única que não sabia do que
estávamos falando. — Foi por isso que você fugiu, não foi?
— Sim e não, esse foi o motivo para que eu fosse até a cidade e
bebesse um pouco. Foi a bebedeira que me fez fazer aquela besteira. —
nem morta eu ia contar a minha sogra que eu quase implorei para outro
homem tirar minha virgindade.
— Nós vamos dar um jeito nele, Patrick vai me ouvir...
— Não, acho melhor não brigarem com ele por isso. — a interrompi,
não queria ninguém brigando com ele para que ficasse comigo, tinha outro
jeito de conseguir o que eu queria. — Mas tem uma coisa que vocês podem
fazer para me ajudar.
Patrick tinha reclamado da minha pureza e Rosa me disse que deveria
seduzi-lo, eu só precisava saber como. Nunca tinha conversado sobre essas
coisas com amigas, ou feito nada disso, só o que eu sabia estavam nos
livros.
Mas aquelas duas mulheres a minha frente conheciam Patrick muito
bem e poderiam me ensinar o que fazer para acabar com a sanidade mental
dele, até que não lhe restasse outra saída a não ser me tomar como sua
mulher.
Patrick Carter, você não tem ideia do que te espera!
Ser julgado não só por meu amigo, mas por meus pais também, era a
pior coisa. Os três ficaram ali parados me julgando com o olhar enquanto eu
contava como foi a noite passada.
Claro que deixei de fora a ideia absurda de Sophie em pedir que John
tirasse sua virgindade, ninguém precisava saber daquilo.
Quando eu terminei de contar, minha mãe não esperou nem mais um
segundo antes de subir, soltando xingamentos até que estivesse longe o
bastante para não ser ouvida. Me sobrou meu pai e Cris me encarando,
prontos para começar as perguntas.
— Vamos lá, podem falar. — resmunguei sem muita vontade, mas já
sabendo que não teria para onde fugir, ter me livrado da minha mãe já era
um ótimo começo.
— Ok, eu vi a garota e ela é linda. Por que diabos você não ia querer
ficar casado com ela? Por que essa ideia idiota de cancelar o contrato?
Aquela altura a ideia parecia absurda até mesmo para mim. Teria que
tirar essa opção da mesa depois da loucura que ela fez ontem, só por ouvir
minha conversa com meus pais deixou Sophie desesperada para perder a
virgindade, isso significava que ela queria mesmo ficar casada comigo, eu
só tinha que descobrir o quanto de dinheiro estava relacionado a isso.
— Esquece isso, Cris. Pergunta alguma coisa que importe de verdade.
— Ah não, conta para ele, filho. Conta pro seu amigo sua reclamação
sobre como sua esposa é nova, tola, inocente e virgem. — meu pai abriu a
boca usando minhas palavras contra mim. — Que vai acabar colocando
esperanças e amor no meio desse casamento.
Para completar o circo, John resolveu se juntar a nós, o sorriso
estampado na cara do babaca dizia que ele tinha escutado o que meu pai
disse.
— Isso é porque vocês não sabem da discussão entre os dois, que
terminou com ela indo se trancar na biblioteca e tudo porque deu um beijo
no rosto dele. — o bocudo falou e eu o encarei diretamente nos olhos,
querendo que ele não fosse adiante com as fofocas, ou acabaria contando o
que Sophie lhe pediu.
Eu ainda não tinha tido uma conversa com ele sobre ontem, mas
assim que eu tivesse a chance ele ia me ouvir, colocar a vida de Sophie em
risco daquele jeito iria lhe custar mais do que o emprego se ele repetisse.
— Ela te beijou e você fez o que filho?
— E ele ainda estava com a máscara! — John era sem dúvida o maior
fofoqueiro dali, perdendo apenas para Holly.
— Não acredito que você fez isso. Quem é você e o que fez com meu
amigo? — Cris voltou a falar. — O Patrick que eu conheço jamais faria
algo assim.
É claro que ele não me conhecia, aquele cara não existia mais, nada
daquelas merdas que eu fazia antes existia mais.
Só em lembrar de Emily meu sangue fervia e o ódio de mim mesmo
me consumia. Talvez se eu não tivesse sido criado com tudo ao alcance das
mãos, eu fosse diferente, mais esperto e não teria caído no golpe barato
daquela vadia.
Mas uma parte de mim gritava que eu ainda era essa pessoa estúpida,
pois tinha deixado que meus pais me arrastassem para outro golpe.
— Esse homem que você conhecia morreu! — me levantei pronto
para sair dali e esquecer aquele assunto. — E não tem chances de ser
ressuscitado.
Subi os degraus de dois em dois, andando com pressa até meu
escritório e me tranquei lá com a desculpa de trabalhar. Ao menos isso me
restava, podiam ter me tirado o resto, mas isso continuava como deveria ser.
Mas não demorou para que vozes animadas invadissem o corredor.
Minha mãe, Holly e aparentemente Sophie estavam conversando animadas.
Foi a batida na porta que me fez endireitar a postura e voltar minha
atenção para a tela do computador. E foi bem a tempo, pois minha mãe não
esperou antes de enfiar a cabeça na porta.
— Oi filho, queríamos te ver antes de sair. — ela abriu a porta de uma
vez, me dando a visão de Sophie vestida e pronta para sair.
— Eu pensei que ela não podia sair da cama. — constatei o óbvio, ela
deveria estar deitada na cama tomando canja e os remédios que o médico
passou.
— Oh bobinho, o seu médico disse que não tem problema uma
voltinha no shopping. — minha mãe falou contornando a mesa e vindo para
onde eu estava. — Vai fazer bem para ela sair de casa.
— E para onde as duas moças lindas vão? — meu pai entrou no
escritório e parou para abraçar Sophie, antes de se sentar na cadeira a minha
frente.
— Nós vamos à cidade, fazer compras, Sophie, eu e Holly. — dona
Audrey falou entusiasmada como em muito tempo eu não a via. — Vai ser
perfeito.
Eu não consegui evitar encarar a pilantrinha. Ela não tinha
conseguido me enganar para comprar as roupas que queria, mas foi bem
rápida em fazer a cabeça da minha mãe para conseguir o que queria.
Era uma pena para ela, pois eu não daria um centavo se quer, ela teria
que usar o milhão que já tinha arrancado de mim.
Sophie estava usando uma calça jeans colada, que desenhava as
curvas de seu corpo e uma blusa de frio. Os olhos castanhos não se
desviavam dos meus, mesmo enquanto meus pais falavam sem parar.
Ela sorriu para alguma coisa que meu pai disse e minha vontade de
beijar aquela boca deliciosa cresceu de novo. Estava começando a parecer
que bastava que eu chegasse perto dela, para que o desejo crescesse dentro
de mim. Merda, eu tinha que dar um jeito nisso!
— Divirtam-se, aproveitem bem o dia. — meu pai falou antes de
segurar minha mãe pela cintura e plantar um beijo demorado em seus
lábios.
Sophie sorriu com a cena e se virou para mim novamente, eu peguei
me perguntando o que estaria passando na cabeça dela agora. Ela estava
esperando que eu fosse até lá e a beijasse assim? Ou estava apenas se
lembrando dos nossos beijos?
Meus pais também me olharam em expectativa, esperando que eu
fizesse algo, mas não ia cair no truque deles, não ia ceder a algo tão
supérfluo.
— Vamos querida, vamos indo. — dona Audrey a segurou pelo braço
e saiu puxando de lá.
— E você não podia se levantar e se despedir da garota por quê? —
meu pai questionou. A cara de decepção dele não surgia mais o efeito que
ele acreditava ter.
Eu não ia dar o que eles queriam e quanto antes entendessem, melhor
seria para todos.
— Porque eu não quero! Não vou ficar trocando beijos e carícias com
Sophie como um casal bobo. Nosso relacionamento é uma transação, ela
ganha o dinheiro e me dá os filhos. Se vocês não querem cancelar, tudo
bem, mas não esperem que eu a veja além disso.
— Você diz filhos, quero ver como pretende fazer isso sem tocar na
garota.
Era uma provocação baixa, mas eu não pretendia tocá-la. Poderia
dizer o quanto eu quisesse que ela era minha esposa e estava ali para me dar
os filhos que meus pais pediram, mas isso não significava que eu ia mesmo
consumir aquele casamento. Se Sophie e meus pais estavam tão
desesperados para manter o contrato, eu o faria, mas seria nos meus termos.
Foi com isso em mente que estabeleci um plano, aquela noite eu ia
aproveitar que Cris estava ali, pois ele me levaria ao lugar certo onde eu
poderia pagar para tirar esse tesão do meu sistema. Se eu podia pagar uma
esposa, uma garota de programa não seria um problema.
Ao menos foi o que pensei até que elas voltaram entrando em casa
pela porta da frente, com as conversas altas e risadas, dando vida a toda
casa novamente.
Meus olhos pousaram em Sophie, que tinha um sorriso largo nos
lábios pintados de rosa, a roupa que ela usava quando saiu daqui tinha sido
trocada por um vestido vinho que descia até o meio de suas coxas, que dava
lugar a botas de salto alto que a deixavam ainda mais sexy.
— Boa noite, meninos! — minha mãe cantarolou, mas eu estava
concentrado, não conseguia tirar os olhos das botas que subiam até envolver
as coxas dela. — Quais são os planos para hoje? Eu estava combinando
com a Sophie que deveríamos ir aquele restaurante que sempre vamos,
amor.
— Isso pode ser um problema, já que eles vão sair. — ouvi meu pai
responder, mas Sophie se curvou pegando uma sacola que caiu no chão e o
decote dela me deu uma boa visão do que tinha por baixo.
Olhei em volta querendo me certificar de que ninguém tinha visto
isso, mas Cris parecia tão interessado nos seios dela quanto eu. Porra, era só
o que me faltava agora!
— Vamos a uma... Balada na cidade. — ele falou chamando a atenção
de Sophie.
Os olhos surpresos não eram só dela, minha mãe, Holly e John me
olharam do mesmo jeito. Mas era a única forma de eu aguentar aquele
inferno de tentação sem tocá-la.
— Eu quero ir também! — Sophie exclamou me chocando. Porra,
isso não, não tinha a menor chance.
— Perfeito, saímos às dez! — ouvi Cris falando antes que eu pudesse
impedi-lo.
— Não ela não vai! Vamos só nós dois e John para dirigir, e ponto
final! — enfatizei o nome de cada um para que ela entendesse que não
estava incluída.
Sai andando em direção ao segundo andar, mas Sophie tinha outros
planos, aparentemente ela não ia mais bancar a garota boazinha na frente
dos meus pais novamente.
— Oh, tudo bem. Eu vou sozinha então. — me virei pronto para
discutir. — Não quero estragar a noite dos garotos, John pode me deixar em
outro lugar no caminho.
Inferno! Eu não acreditava que ia ter que levar aquela garota a uma
balada. Nem sequer era o lugar para onde íamos essa noite, mas claro,
graças a Cris eu teria que arrastá-la a uma casa noturna, cheia de homens,
dançando e bebendo.
Eu corri até meu quarto, pronta para escolher uma roupa que fosse
fazer Patrick perder a cabeça. Audrey tinha sido muito gentil em me dar
aquelas roupas de presente, do contrário eu não conseguiria comprar nada.
Tomei um longo banho, me certificando de estar bem depilada em
todos os lugares, se meus planos saíssem perfeitamente, até o fim da noite
Patrick estaria na minha cama.
— Vem aqui minha linda, vou te maquiar e arrumar seu cabelo. —
Audrey me pegou de surpresa quando sai do banheiro. — Hoje vamos
começar a colocar em prática nossas táticas.
Ela e Holly tinham passado o dia me dando dicas de como dobrar
aquele homem. Como eu já suspeitava não era sendo doce e amável que eu
conquistaria o coração do meu marido, segundo a mãe dele, desde o
primeiro casamento Patrick passou a acreditar que não tinha um coração
mais e desistiu do amor.
Ser doce e amável o lembraria como as mulheres manipulavam para
conseguir o que queriam, então eu ia continuar como fui desde o primeiro
dia, batendo de frente com ele, gritando as verdades até que ele enxergasse
o que estava na sua frente.
— Se lembra do que falamos, seja você mesma, mas brigue com ele,
faça meu filho correr atrás de você. Hoje é a oportunidade perfeita para
provar o quanto ele sente ciúmes de você.
Holly tinha contado a ela como Patrick mandou John não falar sobre
minha beleza ou nada relacionado ao meu corpo. E então essa ideia ficou
plantada na cabeça dela, eu torcia para que isso fosse verdade e não apenas
alguma bobagem de homem.
— Então eu devo dançar com outros homens? Deixar que cheguem
perto de mim? Eu não acho que consigo fazer isso. — essa era a verdade, eu
não conseguia ser tão ousada assim.
— Você nem vai precisar fazer isso querida, te garanto que todos os
homens no lugar vão babar em você e isso vai deixar meu filho maluco. —
ela garantiu com um sorriso nos lábios, nem parecia estar falando do
próprio filho. — Mas vou arrumar alguém para dançar com você, assim
você vai se divertir ainda mais enquanto o enlouquece.
— Mas quem? John?
— Oh não, Patrick ia acabar demitindo o pobre garoto. Vou jogar com
artilharia pesada, Cris é o único páreo para ele, os dois são melhores amigos
e Patrick vai ficar se roendo por dentro, especialmente depois de tudo o que
ele contou sobre como tem sido o casamento.
Cris, melhor amigo de Patrick e o mesmo homem que tinha ajudado a
me salvar. Talvez aquilo não fosse uma boa ideia, mas eu ia confiar nela, ao
menos Audrey conhecia o filho.
Coloquei o vestido que ela escolheu, um vestido prata brilhoso que
amarrava atrás do pescoço deixando minhas costas totalmente a mostra. Ele
vinha até dois palmos a cima do joelho, não era apertado, mas marcava
minhas curvas a cada passo que eu dava. Não teria sido algo que eu
escolheria, mas assim como na loja ela me convenceu de que era a roupa
que eu precisava.
Audrey fez um rabo de cavalo, não querendo que nada impedisse a
visão das minhas costas. Depois de uma maquiagem clara e uma sandália
prata de salto, eu estava pronta.
— Aqui, coloca esse sobretudo. Vai te manter quente até estarem no
lugar e impedir que Patrick surte até ser tarde de mais.
Eu não consegui segurar a risada, a mulher era terrivelmente boa
naquilo, estava começando a ter dó do marido dela, porque Audrey era uma
mestre em dobrar um homem.
— Você é de mais, não sei o que faria sem sua ajuda.
— Ah querida, iria se sair bem, como já estava se saindo. — ela se
afastou um pouco dando uma última olhada e então me apressou para fora.
— Vamos, eles já estão lá em baixo te esperando!
Eu desci as escadas, confiante, estava me sentindo linda e
determinada. Quando chegamos à sala, os olhares foram direto para nós
duas e mesmo que o sobretudo me cobrisse por inteiro, eu senti o calor do
olhar de Patrick em mim.
Ele também estava terrivelmente lindo, com uma camisa preta
marcando seus músculos, assim como a calça social, ele não estava de
terno, o que eu agradecia, pois me permitia olhar melhor seu corpo. E para
minha surpresa a máscara da vez era diferente, ao invés da que cobria o
rosto inteiro Patrick tinha colocado uma que só escondesse o lado esquerdo
do rosto, me dando a bela visão que tinha tido pela manhã.
— Já podemos ir. — murmurei com um sorriso, tudo o que meu
marido fez foi se afastar indo para fora da casa.
Cris, por outro lado, se aproximou de mim e colocou a mão na base
das minhas costas me levando para fora.
— Pronta para desestabilizar aquele velho ranzinza? — ele sorriu de
forma diabólica e eu nem soube como lhe responder.
O caminho até o lugar foi rápido, Patrick se sentou ao meu lado no
banco de trás, enquanto Cris e John iam à frente. Ele não fez nenhum
movimento ou menção de me tocar, nem mesmo quando chegamos no
lugar.
Entramos na casa noturna que já estava lotada, não esperamos na fila
do lado de fora e o dinheiro de Patrick nos levou direto a área VIP do lugar.
Garotas lindas passaram por nós atraindo o olhar de Patrick, mulheres
vestindo roupas muito menores que as minhas, mais provocantes, mulheres
que pareciam ter saído das capas de revista ou até das passarelas, lindas a
ponto de causar inveja.
E elas pareciam ser atraídas também pelo porte dele altivo, o andar de
Patrick exalava dinheiro, assim como as roupas e os acessórios. A máscara
só o deixava ainda mais sensual, com todo aquele ar de mistério.
Eu não duvidava que as garotas iriam se atirar contra ele sem
pestanejar, mas isso eu não podia deixar. Então, assim que alcançamos a
nossa área reservada, com os sofás de couro e a mesa, eu finalmente tirei
meu casaco.
— Que porra é essa que está vestindo? — o som gutural da voz dele
me arrepiou dos pés a cabeça, mas eu fingi não entender o que estava
acontecendo, mostrando que não estava afetada por ele.
— Ah esse vestido foi sua mãe que me ajudou a escolher. Você
gostou? — sorri docemente deslizando as mãos pelo vestido.
Assisti os olhos castanhos esquadrinharem meu corpo de baixo para
cima e a mandíbula se tencionar quando encontrou meu rosto.
— Isso não é um vestido, está mais para um pedaço de pano que
cobre muito pouco! — ele rosnou entre dentes.
— Eu gostei, está maravilhosa Sophie! — Cris exclamou com um
sorriso safado e Patrick o fuzilou com os olhos.
Audrey estava certa mais uma vez, eu só torcia para que o filho dela
não resolvesse brigar aqui.
Nós nos sentamos e o garçom apareceu sendo prestativo de mais,
enquanto eu observava o lugar deixei que Patrick pedisse minha bebida. As
mulheres pareciam estar de olho tentando descobrir qual deles estava me
acompanhando, já que os dois estavam se mantendo a uma certa distancia
de mim.
— Porque Sophie não pode beber? — a menção ao meu nome atraiu
minha atenção no mesmo segundo.
— Porque já basta todo maldito homem desse lugar olhando para ela,
não preciso dela tropeçando bêbada por aí. — ele me encarou prendendo
meu olhar ao seu. — Ou oferecendo coisas de mais a esses babacas aqui.
Engoli em seco sabendo exatamente do que ele estava se referindo,
mesmo que Cris parecesse não entender, eu entendia a indireta.
Aquilo era o que eu temia, que ele pensasse que eu era uma oferecida
e esse sentimento só me fez ficar incomodada com a roupa.
— Vamos dançar? — Cris estendeu a mão para mim, me chocando e
me tirando dos pensamentos.
Eu estava prestes a negar quando ele deu uma piscadela, me
lembrando do que Audrey me disse. Era isso o que eu precisava fazer, ser
confiante. Segurei a mão dele e vi Patrick se contorcer enquanto nos
movíamos para longe dali.
— Obrigada por me salvar, mas tem certeza que quer fazer isso? —
perguntei chegando mais perto dele e tentando ser ouvida apesar da música
alta.
Cris colocou um braço em volta da minha cintura e me puxou contra
seu corpo, então ele se curvou deixando a boca pairar sobre minha orelha
antes de falar.
— Está brincando? Vou adorar vê-lo perder a elegância e correr atrás
de você. Acredite, isso é tudo o que Patrick precisa.
Ele começou a embalar meu corpo na batida eletrônica, mas de forma
sensual, seu corpo se mantinha muito próximo ao meu, não nos dando outra
escolha a não ser nos tocarmos vez ou outra.
Nós dançávamos nos esquecendo de tudo, ao menos eu fiz, nunca
tinha me divertido assim, não me importava que pessoas suadas
esbarrassem em mim, ou que estivesse calor. Eu estava me divertindo, me
sentindo jovem pela primeira vez na vida.
Quando eu me virei ficando de costas para ele, suas mãos seguraram
minha cintura me parando no lugar, olhei em volta vendo que nós dois
atraímos muitos olhares, ou talvez Audrey tivesse acertado mais uma vez e
todos estivessem me olhando. Até que meus olhos focaram em Patrick.
Ele tinha uma expressão dura no rosto, os punhos cerrados e os olhos
focados em mim. Sorri para ele e me senti ainda mais ousada quando
rebolei e o vi se levantar do sofá.
Me movi em um ritmo mais lento, dançando totalmente para ele,
passeando as mãos em meu corpo e mordendo os lábios. Querendo que
Patrick viesse até mim, que saísse daquela pode altiva e viesse mostrar a
todos que era meu acompanhante.
— Vai enlouquecer o homem. — Cris sussurrou, mas eu estanquei no
lugar quando uma loira se aproximou dele e se sentou em seu colo,
ganhando sua atenção. Não podia acreditar naquilo. — Ei linda, não liga
para isso. Ele não quer...
A voz de Cris se perdeu em meus pensamentos quando a mulher
deslizou a mão pelo pescoço de Patrick e ele segurou a coxa dela, não só
aceitando suas carícias como retribuindo também.
— Eu vou ao banheiro. — resmunguei me desvencilhando dele. — E
obrigada pela dança.
Segurei o rosto de Cris pronta para plantar um beijo na bochecha dele,
mas o cafajeste se virou, fazendo nossas bocas se tocarem. Me soltei dele e
fui para o banheiro balançando a cabeça, mas não consegui sorrir pois sabia
que ele só queria me fazer sentir melhor.
Entrei em uma das cabines, ignorando as mulheres conversando
animadas e se maquiando, e me sentei sobre a tampa do vaso, eu só queria
respirar um pouco e processar que talvez não fosse ser eu a ir para casa com
Patrick hoje.
Estava tão perdida em pensamento que demorei para perceber que o
barulho tinha acabado, as conversas animadas não estavam mais ali, o
banheiro tinha caído em um estranho silêncio.
Me ergui rapidamente e sai de lá, não podia negar até um pouco
assustada. Estava lavando as mãos quando a voz dele me alcançou.
— Acha que pode beijar outro homem e sair assim?
Pulei no lugar, levando a mão ao peito com o choque, quando ergui
meu rosto, pude vê-lo pelo espelho. Patrick andou em minha direção com
os passos lentos.
— Não chamaria aquilo de beijo e não acho que você tem direito a
reclamar quando estava passando a mão naquela mulher. — respondi
secando as mãos e empinando o queixo.
Mas quando os dedos dele tocaram a base das minhas costas, eu não
consegui evitar o suspiro.
— Eu não estava tocando aquela mulher, mas sim mandando que ela
tirasse as mãos de mim. — ele disse me surpreendendo, enquanto suas
mãos continuavam a subir por minhas costas. — Mas não sabia que tinha
uma mulher ciumenta.
— É bom ficar ciente de agora em diante. — sussurrei as palavras
sem muita força, pois a mão dele envolve meu pescoço e ele se aproximou
ainda mais, me prendendo entre a bancada da pia e seu corpo quente.
— É bom que você aprenda Senhora, Carter, que seu marido é um
homem possessivo! — Patrick puxou meu rabo de cavalo me arrancando
um gemido e colocou a boca contra o meu pescoço. — Vou te mostrar que
você é minha!
Como eu imaginei, minha noite tinha se transformado em um
verdadeiro inferno. Sophie tinha colocado uma droga de vestidinho que
mais parecia um guardanapo, já que mostrava mais do que cobria.
Cada maldito homem naquele lugar estava de olho nela, até mesmo o
babaca do Cris estava comendo ela com os olhos. E eu estava começando a
acreditar que ele a tinha chamado para a balada de propósito, ele
provavelmente já tinha colocado os olhos nela quando a encontramos na
floresta. Aquele merdinha!
Então ela focou os olhos em mim, parecia uma deusa sensual
remexendo os quadris, me olhando com aqueles olhos. Porra, até mesmo a
jogada de cabelo dela estava me excitando aquela altura.
Cris se aproximou ainda mais, enfiando o rosto no pescoço dela e
meu sangue ferveu. Estava tão ligado na cena deles que não percebi a
mulher se jogando no meu colo.
— Oi lindo, está tão sozinho. — ela grasnou passando a mão no meu
peito e subindo pelo meu pescoço.
— Acho bom tirar as mãos de mim. — ela sorriu de forma sedutora e
eu cogitei jogá-la do meu colo. — Eu sou um homem casado e bem casado,
minha mulher está no meio da pista de dança.
Coloquei a mão na perna dela, a empurrando para longe, já que a
mulher não parecia ter entendido o recado. Ergui meu olhar não querendo
perder Sophie de vista, mas o que vi fez meu sangue ferver.
Cris estava colocando aquela boca imunda na boca da minha mulher.
Me levantei no mesmo instante, pouco me importando para a mulher que
caiu no chão e me amaldiçoou enquanto eu atravessava o lugar a passos
largos.
— Que porra estava fa... — as palavras do babaca se perderam
quando eu soquei seu rosto.
— Que porra você estava fazendo beijando a minha mulher? Perdeu
completamente o juízo? — gritei fervendo de ódio, querendo socá-lo até
que estivesse no chão estrebuchando.
O babaca começou a gargalhar, Cris ria tanto que se curvou. Eu ia
matá-lo e não me arrependeria disso.
— Você está morrendo de ciúmes — ele falou entre as risadas. —
Mas não a tocou desde que ela chegou. Sabe que todos estão olhando para
ela, por que não vai mostrar que ela é sua esposa para os caras que ainda
não sabem?
— Vá se ferrar, acha que vou ouvir seus conselhos do que devo fazer
com minha mulher!
— Bom, você pode ficar aqui gritando comigo e deixá-la no banheiro
pensando que você está com a loira peituda ou ir atrás dela. — Cris tinha
aquele sorriso irritante preso no rosto, e eu estava louco para arrancar.
Mas me fez olhar em direção ao banheiro, imaginando o que Sophie
estaria pensando trancada no banheiro.
Ele tinha me dado uma boa ideia e foi o que fiz, sai de lá indo direto
ao banheiro.
Foi rápido para colocar todas as mulheres para fora, nada como você
ser o dono do lugar. Entrei no banheiro e tranquei a porta principal, então
esperei que ela saísse de uma das cabines e fiquei a observando.
Sophie estava alheia a minha presença e eu aproveitei para
esquadrinhar o corpo dela por trás. A bunda empinada, as costas nuas, tinha
pensado a noite toda em passar as mãos naquela pele macia.
— Acha que pode beijar outro homem e sair assim? — perguntei
assustando Sophie, mas aproveitei e continuei meu caminho até ela.
— Não chamaria aquilo de beijo e não acho que você tem direito a
reclamar quando estava passando a mão naquela mulher.
Uma sensação poderosa se apossou de mim, ela estava mesmo com
ciúmes de mim. Não deveria, mas me fez sentir muito bem.
Coloquei meus dedos na base das costas dela e senti a pele macia se
arrepiar com meu toque.
— Eu não estava tocando nela, mas sim mandando que ela tirasse as
mãos de mim. — murmurei concentrado de mais nas reações dela. — Mas
não sabia que tinha uma mulher ciumenta.
Envolvi o pescoço dela, subindo até sua nuca e ouvi Sophie suspirar
antes de dizer.
— É bom ficar ciente de agora em diante.
— É bom que você aprenda Senhora Carter, que seu marido é um
homem possessivo! — quando enrolei o cabelo dela em meus dedos e
puxei, ela soltou um gemido delicioso. — Vou te mostrar que você é minha!
Colei minha boca no pescoço longo, espalhando beijos até alcançar o
lóbulo da sua orelha. Sophie fechou os olhos tombando a cabeça contra
minha mão e me dando ainda mais espaço.
Tracei o cordão que segurava a parte de cima de seu vestido e quando
cheguei ao laço o desfiz com os dentes. Sophie arfou quando o tecido caiu
para frente, deixando seus seios expostos para mim.
Rosnei vendo os seios perfeitos se sacudirem com a respiração
descompassada dela, os mamilos rosados endureceram antes mesmo que eu
a tocasse. Porra, ela era tão receptiva, ao menor toque já estava arfando ou
gemendo.
Soltei seu cabelo e deslizei minhas mãos pela lateral do corpo dela até
alcançar os seios. Os segurei firme, sentindo o peso deles antes de contornar
os mamilos com o polegar.
— Ohhh Patrick... — ela gemeu se contorcendo e esfregando a bunda
gostosa contra mim.
— Abra os olhos querida, veja seu marido te tocando. — raspei
minha barba contra o pescoço dela, arrancando mais um arquejo dela. —
Abra os olhos e me veja te enlouquecer.
Sophie abriu os olhos, me dando a visão do desejo brilhando em suas
íris. Empurrei meu corpo ainda mais perto do dela e torci um mamilo em
meus dedos, ela abriu a boca gemendo e apertou a bancada da pia com
força, me dando uma visão deliciosa.
Ela voltou a rebolar, dessa vez contra minha ereção dura. Tão linda e
tentadora, eu quis erguer a parte de baixo do vestido, empurrar a calcinha
dela de lado e me afundar dentro dela.
— Patrick... Por favor... — ela implorou com a respiração
entrecortada e eu sabia ela queria um alívio, mas precisava ouvir daquela
boquinha.
— O que você quer esposa? — usar aquela palavra era estranho, mas
eu sentia uma necessidade de declarar minha posse sobre Sophie.
— Me toque... — massageei os seios e então apertei os mamilos
duros e sensíveis, arrancando um som ainda mais alto dela.
— Já estou tocando querida. Estou tocando e adorando! — sussurrei
contra sua nuca e as pálpebras dela vibraram quase se fechando. — Me diga
onde quer que eu te toque!
Sophie resmungou baixinho e então apertou as coxas uma contra a
outra, sacudindo seu corpo em minha dureza.
— Me toque lá... Eu preciso de você, preciso que me toque lá em
baixo.
— Onde? Aqui? — perguntei descendo minha mão por sua barriga e
ouvi seus resmungos. — Aqui? — coloquei as mãos sobre sua bunda
apertando a carne macia e empinada. Mas ela sacudiu a cabeça com força,
subi as mãos por suas coxas até alcançar sua intimidade. — E que tal aqui?
— Si... Sim... Por favor, Patrick... — ela arfou abrindo ainda mais as
pernas.
Conseguia sentir o calor emanando de sua calcinha, o tecido estava
molhado e eu rosnei ao imaginar como estaria sua boceta.
Puxei o tecido para o lado e esfreguei meus dedos, me lambuzando
em sua excitação. Meu pau pulsou apertado dentro das calças, Sophie
estava escorrendo e agora mais do que nunca eu fantasiava em me afundar
dentro dela.
— Porra, tão molhada! — exclamei provocando sua entrada e ela
tomou e cabeça para frente, gemendo sem parar antes mesmo que eu
colocasse um dedo dentro dela.
Então eu deslizei, afundando o dedo médio nas paredes fodidamente
apertadas. O gemido dela reverberou pelas paredes do banheiro e seus olhos
se fecharam com força enquanto eu começava a bombear dentro dela.
— Ahh meu... Eu... Isso é tão... — ela repetia sem conseguir terminar
nenhuma das frases, deixando tudo sem sentido enquanto voltava a gemer.
O desejo de prová-la me tomou, eu precisava sentir o gosto dela,
desvendar o sabor daquela boceta e riscar aquilo da minha lista.
Tirei o dedo de dentro dela e levei até a boca, fechei meus olhos
sentindo o cheiro e o sabor delicioso dela. Senti meu pau babar na cueca
apenas com aquele gosto. Sophie encarava tudo com os olhos arregalados e
a boca aberta, atenta a cada movimento meu.
— Eu preciso de mais! — exclamei, a surpreendendo quando a girei
ficando de frente para mim.
Ela só teve tempo de segurar em meus ombros antes que eu a
erguesse pela bunda e a colocasse sentada na bancada. Ainda me encarando
em choque, eu deslizei as mãos pelas coxas dela até alcançar a calcinha,
segurei dos lados e tirei devagar.
Encarei o rosto de Sophie, as bochechas avermelhadas e a respiração
descompassada. Havia algumas marcas vermelhas no pescoço e eu
planejava colocar mais algumas ali.
Mas meus olhos se prenderam no espelho atrás dela e eu vi meu rosto
parcialmente coberto com a máscara, escondendo minha deformidade.
Aquele era um lembrete do por que eu não deveria estar ali e muito menos
tocando nela.
Antes que eu me afastasse, os dedos dela tocaram meu rosto, me
puxando para perto e colando nossas bocas. Sophie não se importou com a
máscara atrapalhando nosso beijo, ela apenas me beijou com desejo,
parecendo faminta e querendo mais de mim, reacendendo o desejo.
Desci minha boca por seu pescoço, lambendo e mordiscando cada
pedacinho de pele, até alcançar os seios com os mamilos entumecidos.
Abocanhei sugando com força, enquanto massageava o outro, o grito de
prazer dela invadiu meus ouvidos e eu fiz o mesmo com o outro, até que ela
estivesse gemendo e se contorcendo em baixo de mim.
Só então minha atenção se voltou para o mais importante. Desci
minha boca enquanto minhas mãos subiam o vestido para cima até que sua
boceta estivesse visível para mim.
Encarei os lábios grossos e a entrada brilhando, esfreguei meus dedos
antes de lamber meus lábios e enfiar minha cabeça entre suas pernas.
Um rugido estremeceu meu peito quando afundei minha língua nas
dobras dela e o sabor de sua excitação invadiu minha boca.
— Deliciosa! — lambi cada pedacinho dela. — Porra, vou ter que
fazer isso todos os dias!
Fechei os lábios em volta do clitóris inchado e voltei a deslizar um
dedo dentro dela, sendo recebido pelas paredes apertadas.
— Aaahhh... isso, Patrick! — Sophie gemeu mais alto, jogando a
cabeça para trás e se entregando.
Ela estava tão perdida, tão pronta para vir que não demorou para que
começasse a pulsar em volta do meu dedo. Molhada, quente e apertada
como um inferno. Caralho, eu estava prestes a explodir dentro das calças!
— Você quer vir querida? Quer gozar senhora Carter? — me afastei
dela o suficiente para falar isso, antes de voltar a lamber e sugar tudo dela.
As coxas dela se fecharam em volta da minha cabeça e o corpo todo
se tencionou antes dela gritar meu nome e explodir em um orgasmo. Os
olhos de Sophie reviraram nas órbitas e eu não parei de chupá-la enquanto a
observava estremecer dos pés a cabeça.
Eu estava ferrado, não tinha como eu ficar sem isso mais. Se tinha
esperanças de provar e esquecer, elas tinham se esvaído naquele momento.
Agora mais do que nunca eu estava desesperado para sentir cada
pulsação daquela boceta em volta do meu pau.
— Oh meu Deus, Patrick... — uni nossas testas enquanto ela tentava
recuperar o fôlego e assimilar tudo o que tinha acontecido.
Aparentemente não era só o único a tocá-la, também tinha acabado de
dar seu primeiro orgasmo.
— Vamos para casa antes que eu faça uma loucura!
Eu ainda não conseguia acreditar que aquilo tinha acontecido, Patrick
tinha mesmo me dado meu primeiro orgasmo e foi com a boca dele! Eu
estava no céu.
Ele me tirou da bancada e me ajudou a colocar o vestido no lugar,
dando um nó mais do que apertado em meu pescoço, com a desculpa que
era para não soltar.
Meus cabelos estavam uma bagunça, assim como nossas bocas e
roupas amassadas. Estava claro o que tinha acabado de acontecer ali, mas
eu nem me importava, estava feliz de mais para me importar com o que as
pessoas do lado de fora iam pensar.
— Como conseguiu entrar aqui e colocar todas para fora, sem que os
seguranças invadissem? — perguntei porque tinha ficado realmente curiosa
ao lembrar das mulheres que estavam ali quando eu entrei.
— Eu sou o dono daqui, pedi para uma garçonete que saía tirar as
outras mulheres do banheiro, porque queria um tempo a sós com a minha
esposa. — ele falou enquanto alinhava os cabelos, como se não fosse nada
de mais.
Meu coração disparou um pouco ao ouvir ele se referindo como
"minha esposa". Eu nunca tinha gostado daquelas afirmações de posse, mas
eu estava amando cada vez que ele falava.
— Então você é dono daqui? Pensei que só tivessem joalherias.
Patrick franziu o cenho e se afastou indo em direção a porta, voltando
a expressão fechada e dura.
— Joalherias é o negócio da família, eu tenho muitos outros negócios
só meu. — ele respondeu sem nem me olhar e colocou a mão na maçaneta.
— Vamos indo, quero chegar em casa o mais rápido possível.
A expressão em seu rosto não era a mesma de segundos atrás, mas eu
acreditei que ele estivesse erguendo a fachada que exibia para todos, Patrick
assumia aquele personagem para colocar medo nas outras pessoas.
Sai do banheiro com ele andando a minha frente, por um instante eu
achei que ele agiria como se nada tivesse acontecido entre nós, mas não
demorou para que ele se virasse para mim e me puxasse pela cintura.
— Andar com você vestida assim realmente é um perigo. — o ouvi
sussurrar enquanto andávamos para fora do lugar.
Não vi Cris em nenhum lugar, mas foi difícil enxergar qualquer
pessoa de verdade enquanto ele me puxava entre a multidão, empurrando a
todos no caminho até que estivéssemos fora de lá.
Acabamos saindo nos fundos do prédio e o carro já estava lá
esperando por nós.
— Cadê o Cris? Não vamos esperar por ele? — perguntei quando
Patrick praticamente me empurrou para o banco de trás.
— Aquele safado pode dar seu jeito. — ele respondeu se sentando ao
meu lado e ordenando que John seguisse direto para casa. — Se eu o visse
outra vez, acabaria socando ele de novo.
Olhei para John e para Patrick novamente, querendo saber se era
algum tipo de piadinha interna, mas ele estava falando a verdade.
— Você... Você socou seu amigo? Você brigou com Cris?
— Brigou é uma palavra muito forte, dei apenas um soco nele antes
de ir atrás de você, não foi nada de mais. — encarei o homem ao meu lado e
mesmo na penumbra dentro do carro eu conseguia ver a expressão tranquila
dele. — Fique tranquila, se um soco fosse impedir dele chegar perto de mim
não seríamos amigos há anos.
Era uma amizade estranha se os dois tinham o costume de trocar
socos, mas não disse nada, apenas me recostei contra o braço dele e envolvi
o tronco dele com meu braço.
As palavras que ele disse quando entrou no banheiro voltaram a
minha mente, "Acha que pode beijar outro homem e sair assim?", foi por
isso que ele tinha batido no amigo, eu não podia acreditar nisso.
Mas uma sensação gostosa cresceu em meu coração, saber que ele
sentia ciúmes de mim era ótimo. Mais uma coisa que Holly e Audrey
tinham acertado, eu ia ter que agradecer a elas depois, sem as duas nada
daquilo teria acontecido hoje.
Não sei em que momento eu peguei no sono, me rendi ao balanço do
carro e o aconchego dele. Mas acordei com Patrick me pegando no colo
antes de entrar em casa.
— Oh desculpa, não acredito que peguei no sono durante o caminho.
— murmurei jogando os braços em volta do pescoço dele.
Eu queria beijá-lo, mas não sabia qual seria a reação dele, no banheiro
o momento era diferente e agora ele podia surtar como quando o beijei na
mesa do café, e a última coisa que eu queria agora era estragar nossa noite e
o que estava prestes a acontecer.
Mas aparentemente eu era a única que tinha esse pensamento, pois
bastou chegarmos a porta do meu quarto para que ele me colocasse no chão.
— Boa noite, Sophie. — ele falou já se afastando.
— O quê? Como assim boa noite? — questionei confusa enquanto ele
ia em direção ao próprio quarto. — Eu pensei que nós... Que íamos...
Nem ao menos consegui terminar a frase. Patrick parou na porta do
seu quarto e se virou para mim, a expressão ainda fechada apesar de
estarmos sozinhos naquele corredor, não havia nenhum resquício de sorriso
ou de desejo como estava mais cedo.
— Foi um longo dia, é melhor ir dormir, podemos começar as
tentativas em ter um filho amanhã. — o meu queixo caiu quando o choque
me acertou. — Descanse hoje esposa.
Então ele entrou no quarto fechando a porta e me deixando plantada
ali no corredor sem entender nada do que tinha acabado de acontecer.
Em que parte tudo tinha ido de sensual e cheios de tesão, até aquele
desastre de frieza? Onde ele tinha voltado a ser aquele homem seco e
horrível?
Entrei no meu quarto me odiando, querendo ir até ele e fazer um
escândalo, mas não ia me rebaixar desse jeito, Patrick tinha voltado a me
tratar como se eu fosse apenas uma incubadora ambulante, então que se
dane, eu não ia me rebaixar indo atrás dele.
O sono parecia ter sumido enquanto eu ficava ali tentando descobrir o
que tinha acontecido. Quando perguntei se ele era o dono do lugar onde
estávamos, foi o momento que ele se afastou, indo para a porta e assumindo
aquela expressão dura, mas eu não tinha dito nada de mais.
Que merda tinha de errado com ele? Se foi mesmo a minha pergunta
que o deixou assim, eu precisava descobrir o porquê. Eu precisava descobrir
o que tinha de errado com ele e por que ele parecia me odiar em certos
momentos.
Algo me dizia que isso era sobre sua primeira esposa e eu sabia bem
quem poderia me contar o que aconteceu no antigo casamento dele!
Meus planos não envolviam eu estar dentro do meu quarto, deitado na
minha cama pensando naquela garota e na boceta doce que ela tinha. Mas
foi só ouvir aquela surpresa na voz dela, ao descobrir que eu também era o
dono da boate, para que todo meu tesão fosse por água a baixo.
A vozinha na minha cabeça que gritava “interesseira!” apareceu, me
lembrando como Emily era, a desgraçada que destruiu minha vida, e em
como eu tinha agido como o mesmo tolo que estava sendo com Sophie.
Se eu soubesse que ela diria algo daquele tipo, teria transado com ela
naquela bancada mesmo e saciado meu desejo. Mas claro que eu tinha que
ser bonzinho em me lembrar de que era a primeira vez e por isso não
deveríamos fazer ali, em um banheiro, dentro de uma balada lotada.
Meus planos eram trazê-la para casa, enquanto a provocava no banco
de trás do carro, me certificando de mantê-la molhada e quando eu chegasse
ao seu quarto lhe faria gozar mais uma vez antes de deslizar para dentro
daquela boceta apertada.
Mas agora ali estava eu, remoendo minha bondade e meu péssimo
gosto em mulheres, pois posso não ter escolhido Sophie, mas estava sendo
estúpido o bastante para gostar dela.
— Porra, Patrick! — rosnei comigo mesmo — Vá dormir e esqueça
essa garota!
Soquei o travesseiro me virando mais uma vez, tentando fazer o sono
chegar, mais nada veio. Não me orgulho de dizer que só consegui dormir
depois de me masturbar pensando em Sophie e nos seus gemidos chamando
meu nome.
Acordei de mau humor, mas tinha que fingir estar bem, pois sabia da
enxurrada de perguntas que minha mãe iria fazer assim que me visse.
— Como foi ontem? Não vi Cris chegar com vocês, aconteceu
alguma coisa?
Respirei fundo, me sentando a mesa e pensando se seria bom ignorar
Holly antes do café, ou fazê-la calar a boca para que eu pudesse comer em
paz.
— Bom dia para você também Holly. A noite foi ótima, deixei Cris
para trás depois de ele ter beijado minha mulher e adorei comprovar o quão
interesseira Sophie é. — sim, acabei optando por fazê-la calar a boca antes
do meu café.
A jarra com suco quase caiu da mesa com o choque dela e quando
acreditei que ela iria atrás de John para saber mais, ela simplesmente
chegou mais perto de mim.
— Do que está falando? Como assim Sophie e Cris se beijaram? —
ela sussurrou as perguntas, mesmo que estivéssemos apenas nós dois ali. —
E pare de dizer que a menina é interesseira, ela é a coisa mais doce que
você já conheceu!
Ah sim, com toda certeza ela tinha a coisa mais doce que eu já tinha
provado, doce, apertada e molhada. Porra! Seria difícil tirar aquilo da
cabeça.
— Pergunte a doce e inocente Sophie, ela vai saber melhor o porquê
estava se esfregando no meu amigo enquanto dançava e por que o beijou.
— resmunguei enchendo a xícara com café e querendo me esquecer dela.
— Claro, me esfreguei em Cris tanto quanto você se esfregou na loira
peituda que sentou no seu colo! — a voz dela soou atrás de mim me
chocando. — Bom dia Holly. Como foi a sua noite? — Sophie perguntou
andando calmamente até se sentar ao meu lado.
— Foi boa, querida...
— Que bom, porque a minha foi um tanto frustrante! — ela disse me
encarando. — Sabe quando alguém balança uma coisa grande, deliciosa,
que te faz ficar desejando ter aquilo para você e então retiram a oferta?
Bem, foi assim que me senti.
Filha da mãe! Ela tinha que colocar naquelas palavras só para
provocar, não é?
— Ao menos não fui o único a ter uma noite frustrante, é um
sentimento que podemos compartilhar! — rosnei levando a xícara a boca e
sorvendo do café preto e sem açúcar.
— Pelo visto, é a única coisa que vamos compartilhar! — ela fez o
mesmo, virando a xícara sem açúcar, creme ou leite.
— Desde quando você toma café puro?
— E desde quando você repara em alguma coisa que não seja você
mesmo? — Sophie rebateu sem nem pestanejar. — Gosto de tomar meu
café conforme o meu humor.
É, eu estava vendo o quanto ela estava amarga.
— O que aconteceu com vocês dois ontem? — Holly questionou
encarando a nós dois, esperando por uma resposta que não viria, ao menos
não da minha boca.
— Pensei que seu humor estaria melhor depois do orgasmo que te dei.
Acho que terei eu fazer melhor na próxima vez! — se era uma guerra de
insultos que ela queria, era isso o que ia ter.
— Quem disse que preciso de você para isso? Posso muito bem me
virar sozinha!
— Ou talvez vá ter ajuda de Cris, pareceu gostar muito dele ontem a
noite! — rebati sentindo minha raiva crescer enquanto discutíamos.
Mas não era apenas a raiva crescendo, sentia também o tesão
borbulhar em meu corpo, algo dentro de mim gritando para que eu a calasse
com um beijo.
— Talvez eu o chame! Ele parece não fugir das coisas como você! —
ela exclamou erguendo o queixo como se me desafiasse a fazer algo.
Garota petulante! Minha vontade foi levantá-la daquela cadeira, a
curvar sobre a mesa e bater naquela bunda até a pele estar vermelha, até que
ela só pudesse gemer e não conseguisse sentar por uma semana.
— Bom dia, bom dia! — foi a voz da minha mãe que me impediu de
fazer qualquer coisa ou sequer responder a petulantezinha.
— Bom dia meus queridos! Como dormiram essa noite? — a
animação do meu pai dizia muito sobre o que minha mãe provavelmente
ordenou que ele fizesse essa manhã.
Todos se sentaram e começaram a tomar café, minha mãe e Sophie
estavam em uma conversa animada, mas minha mente estava focada na
imagem dela curvada sobre a mesa.
Eu precisava dar um jeito de tirar Sophie do meu sistema, consumir
esse desejo que estava me deixando louco. Precisava colocar um fim nessa
maluquice, com ela ou com outra!
— E então filho, o que acha? — minha mãe falou mais alto, mas o
que me tirou dos meus pensamentos foi a mão de Sophie tocando meu
braço.
— O quê? Não ouvi o que disse mãe.
— Estávamos falando que vocês precisam de uma lua de mel. — meu
pai falou com naturalidade, me surpreendendo. — Uma mudança de cenário
vai ajudar vocês dois a se conhecerem melhor.
Olhei para os três ali na mesa, os minutos que fiquei distraído não
serviram para eles formarem aquela conspiração toda, com certeza minha
mãe já tinha vindo com aquela conversa pronta.
Eu queria entender a fixação dos meus pais em fazer com que eu me
acertasse com alguém, mas não entendia. A única coisa que eu ainda
compreendia era a necessidade deles em terem um neto, já que queriam
garantir o futuro da empresa.
Mas eu não estava pronto para transar com Sophie, ter as mãos dela
sobre meu braço, como uma esposa carinhosa e não alguém que estava
tentando me persuadir dizia isso. Eu cairia fácil na enganação que era ela,
isso ficou provado ontem a noite, então antes que pudesse cumprir a minha
parte patética no acordo e ter um filho com ela, eu precisava colocar outra
mulher na minha cama.
— Não posso! Tenho muito o que fazer na empresa, quem sabe na
próxima semana! — me levantei da mesa dando por encerrada a conversa.
— Se era só isso, tenham um bom dia.
Sai de lá o mais depressa possível antes que dona Audrey começasse
com as exigências ou chantagens emocionais.
Eu tinha que fazer o que planejei para ontem, o plano inicial para ser
mais específico, eu iria até a Lust e pagaria quantas mulheres fossem
preciso para me tirar Sophie da cabeça e todo o tesão que me tomava só em
pensar no seu corpo, gosto, ou até os gemidos.
Ia tirar a diabinha da cabeça e então eu poderia fazer um filho com
ela, quando ela não significasse nada mais do que mais uma mulher na
minha cama!
Não era nenhuma novidade já começar o dia brigando com Patrick,
estava se tornando um hábito e eu até chamaria de um tipo maluco de
preliminar, se no fim rolasse algo entre nós, mas tudo o que continuava a
acontecer era ele se afastar mais e mais.
Eu não achei que ele ia negar o que a mãe lhe pediu, ela dar uma
indicação nada discreta de que deveríamos ter uma lua de mel, me animou,
depois da noite que tivemos, um tempo longe e sozinhos poderia ajudar.
Mas para a minha surpresa, ele não só recusou como saiu da mesa no
mesmo segundo.
— Ele vai reconsiderar Sophie, assim que pensar melhor na proposta
ele vai aceitar essa ideia. — o pai dele foi o primeiro a falar, colocando um
fim ao silêncio incomodo que ficou.
— Claro que vai! Vou pedir para arrumarem a casa na ilha. — Audrey
complementou e eu me perdi naquelas palavras.
— Ilha? — não podia ser, eu acho que tinha entendido errado. Eles
eram donos de uma ilha?
— Ah sim querida, só mudar de lugar não é o suficiente, um lugar
quente e paradisíaco é o que vocês precisam! — ela continuou a falar, como
se fosse algo corriqueiro. — Patrick não vai lá há muito tempo e ele
costumava adorar, a saída dessa montanha vai fazer bem em vários sentidos.
Aquilo me trouxe de volta o pensamento da noite passada, eu
precisava descobrir o que tinha acontecido no passado dele, em especial
com a primeira esposa. Eu só conseguiria entender um pouco mais de
Patrick depois de saber sobre a vida dele.
— Tudo bem, eu vou dar uma saída para resolver algumas coisas e
vou deixar vocês duas sozinhas, me parece que tem muito a conversar. —
James se curvou ao lado da mulher e plantou um beijo rápido nos lábios
dela. — Volto a tempo para o almoço. Tenham um bom dia!
Observei a cena na minha frente, eles formavam um casal lindo e
ainda eram apaixonados mesmo depois de todos esses anos de casamento.
Não consegui evitar que a pergunta brotasse em minha mente: quando eu
teria isso?
Mas tinha prioridades ali, se queria ter um casamento daqueles, eu
precisava conhecer meu marido primeiro.
— Agora que estamos sozinhas, eu queria fazer umas perguntas a
você. — eu disse baixinho, para que só nós duas pudéssemos ouvir, não
queria ninguém, em especial meu maridinho, me ouvisse perguntando da
sua vida. — O que aconteceu com Patrick? E a esposa dele do primeiro
casamento, onde ela está?
As perguntas a surpreenderam, Audrey ficou ali do outro lado da
mesa, paralisada de boca aberta sem saber como me responder.
Eu não tinha ideia que o assunto era tão delicado assim, mas o som de
passos se aproximando pareceu fazê-la voltar a si. Audrey se levantou
dando a volta na mesa, e meu primeiro pensamento foi de que ela iria
embora como o filho, mas ao invés disso ela estendeu a mão para mim e eu
a segui.
Assim que entramos na biblioteca, Audrey fechou a porta e se virou
para mim, a expressão mais séria que já vi no rosto dela, e só me dizia que a
conversa não ia ser nada boa.
— O que eu vou te contar vai ficar aqui e somente aqui! Patrick não
pode sonhar que te contei sobre isso. — eu concordei com a cabeça antes
mesmo de saber o que era. — Patrick amava Emily, tanto que chegava a ser
cego a tudo o que ela fazia. Nós a conhecíamos, também acreditávamos
nela, só não sabíamos que a vagabunda estava aplicando um golpe com os
pais. Ela nunca gostou dele, só queria o dinheiro da nossa família e
começou a arrancar dele cada vez mais e mais.
Agora eu entendia a ficção dele em achar que eu era uma interesseira,
ele devia pensar que assim como ela eu só estava atrás do seu dinheiro. E eu
nem podia julgá-lo depois de eu ter me casado com ele por um contrato que
envolvia muito dinheiro, mesmo que esse dinheiro não tenha vindo para as
minhas mãos.
— Muita coisa fez mais sentido agora. — murmurei, dando a deixa
para ela continuar.
— Nós percebemos antes de Patrick, tentamos alertá-lo, mas foi
quando eles tiveram um filho. — minha boca caiu aberta em choque,
Patrick teve um filho, um filho com a esposa que não o amava? Mas onde
estava essa criança agora? E se ele já tinha um herdeiro porque se casou
comigo? — Posso ver nos seus olhos muitas dúvidas surgindo, mas te peço
que me deixe terminar de contar. O filho era tudo para ele, Patrick se tornou
ainda mais cego para as artimanhas daquela maldita, até que foi tarde de
mais, Emily armou uma emboscada para ele sabendo que se o marido
morresse ela ficaria com a casa, uma gorda pensão, as ações da empresa e o
seguro de vida dele. — meu estômago se revirou com aquelas palavras.
Quem era capaz disso? — Emily não se importou com ele e nem com o
filho que estava no carro, o menino só tinha dez meses de vida e...
Audrey perdeu a voz e o queixo dela tremeu com o esforço que ela
fazia para não chorar. Eu não me aguentei mais e a abracei, a apertei em
meus braços querendo arrancar aquela dor, querendo fazer não só ela, mas a
Patrick também esquecer essa dor.
— Eu sinto muito, sinto muito mesmo que tenham passado por isso.
— eu tinha perdido meus pais, mas era tão nova, que a dor tinha se tornado
uma companheira silenciosa ao longo dos anos. Mas perder um filho e um
neto daquela forma, sabendo que poderia ter evitado... não conseguia nem
pensar em como eles se sentiam.
— Ela estava tão obcecada pelo dinheiro que não se importou em
matar o próprio filho! — Audrey cuspiu sua revolta se afastando de mim.
— Patrick só sobreviveu porque não estava usando o cinto de segurança
como sempre, ele estava dirigindo e quando o caminhão atingiu o carro ele
foi arremessado para fora, a pancada foi tão grande que ele ficou em coma
por um mês, achávamos que ele não... que ele não fosse sobreviver. — ela
mordeu os lábios contendo o choro, mas eu estendi minhas mãos segurando
as dela e mostrando que não precisava se conter perto de mim. — O carro
capotou e explodiu, o bebê... foi planejado para que ninguém sobrevivesse,
se Patrick estivesse usando o cinto no momento da batida ele não teria
sobrevivido.
— Mas ele sobreviveu! Seu filho está vivo e bem! — a lembrei
apertando a mão dela, mas sentia como se estivesse tentando afirmar aquilo
para mim mesma também.
— Quando ele atravessou o vidro e foi arrastado no asfalto, seu rosto
foi rasgado ficando deformado, como ele insisti em dizer. — ela falou,
respondendo uma pergunta que eu nem tinha feito e mudando de assunto.
— Um lado conseguiu ser consertado com cirurgias, não era tão horrível
assim, mas o outro Patrick passou a detestar, mesmo com os enxertos de
pele e todas as cirurgias que se forçou a passar ele se sente um monstro,
uma besta deformada.
Agora eu entendia muito mais as atitudes dele, Patrick esteve em
tanto sofrimento, passando por um inferno por uma mulher que ele amava e
que só estava atrás do seu dinheiro.
Aquilo era uma coisa que ficaria gravada na minha mente,
especialmente a parte do bebê, não me surpreenderia se ele nunca mais
quisesse ter filhos, depois de perder um de forma tão horrível, deve ter
destroçado seu coração.
Mas enquanto eu repassava as coisas que Audrey disse, uma coisa me
veio a cabeça.
— Onde ela está depois disso? Emily está na cadeia? Morreu? O que
aconteceu com ela?
— Bem a vadia fugiu com o que conseguiu, me desculpe por xingar
querida, mas ela tirou muito dinheiro, mesmo que nós tenhamos conseguido
cancelar várias coisas que ela o fez assinar. Porém, nunca mais a vimos, ela
desapareceu do mapa, Patrick chegou a colocar investigadores atrás dela,
mas ela parece ter sumido do planeta.
Meu coração se apertou ainda mais, ele tinha que conviver com o
fantasma daquela mulher ainda presente, ela não pagou pelo mal que
causou, não estava nem sequer presa, ao contrário, a mulher que destruiu
sua vida estava vivendo por aí com o dinheiro dele, um dinheiro banhado
no sangue do próprio filho.
Aquilo ficou na minha cabeça pelo resto do dia, o fato de eu não ter
visto Patrick também não me ajudou a pensar em coisas boas. Foi um dia
longo, triste e frio.
Já estava dormindo quando um barulho na minha porta me despertou,
eu enfiei a mão em baixo do travesseiro, encontrando a mesma faca que
trouxe da casa do meu tio. Me virei pronta para atacar quando senti um peso
sobre minha cama, mas uma mão grande segurou meu pulso no ar antes que
eu conseguisse acertar em algo.
— Mas que porra é essa? — Patrick questionou quando as luzes se
acenderam e os olhos dele se focaram na minha mão. — Por que tem isso
nas mãos?
— Achei que... pudesse ser um ladrão ou algo assim. — era uma
desculpa bem ridícula, mas eu não estava pronta para compartilhar isso com
ele.
— Um bandido aqui? Vamos conversar depois sobre isso, eu só passei
aqui para lhe dizer que vamos sair amanhã de manhã. — ele se curvou e
plantou um beijo na minha testa, mas diferente do perfume que eu estava
acostumada, senti um cheiro feminino misturado a álcool e charutos.
— Aonde nós vamos? — perguntei quando ele chegou a porta, só lá
eu não sentia o cheiro do perfume estranho.
— Para nossa lua de mel!
Sophie ficou confusa com a minha aparição no quarto dela no meio
da noite, ainda mais para falar de uma Lua de Mel que eu tinha negado essa
manhã.
— Não vai agora, dorme aqui comigo. — ela pediu com a voz doce,
me impedindo de ir adiante.
Me virei a tempo de vê-la jogar o cobertor para o lado e me dar a
visão de seu corpo vestido com uma camisola de seda azul escura. Porra eu
não podia, não me controlaria perto dela vestida assim.
Eu também não queria me deitar com ela depois do que fiz hoje e
ainda cheirando a outras mulheres.
— Vamos ter muito tempo para dormir juntos a partir de amanhã. Por
hora descanse pequena. — fechei a porta antes que me rendesse aos grandes
olhos castanhos.
Nem mesmo as mulheres mais bonitas da Lust me fizeram tirá-la da
cabeça, ou até mesmo conseguiram fazer meu pau levantar. Foi uma longa
noite cercado de mulheres usando apenas calcinhas e ele só reagiu quando
fechei os olhos e pensei em Sophie.
Meu pau parecia ter vontade própria, e a única que ele queria era ela.
Foi pensando nela que consegui gozar enquanto outra mulher me chupava,
ainda por cima gozei chamando o nome daquela bruxa.
Então eu vim para casa, decidido a ir para essa viagem de uma vez, se
eu não ia conseguir tirá-la da cabeça, o jeito era me render ao desejo.
Tomei um longo banho, me esfregando até me certificar de que o
cheiro daquelas mulheres tinha sumido do meu corpo. Então fui para o
escritório querendo adiantar algumas coisas do trabalho e organizar tudo
para nossa viagem.
Minha mãe tinha razão quando disse que eu não ia à ilha há muitos
anos, desde que me casei pela primeira vez. Ao menos as lembranças
daquele paraíso não estavam consumidas pela imagem daquela vadia,
Emily nunca gostou do lugar, afinal não era vantajoso para ela estar em um
lugar onde não seria vista por outras pessoas.
Eu mal dormi aquela noite, pensando em como seria ter Sophie só
para mim naquela ilha, o calor a obrigaria a usar a menor quantidade de
roupa possível e eu estava ansioso por isso. Tão ansioso quanto para
finalmente consumir o nosso casamento!
Quando amanheceu eu já estava com as malas no andar de baixo e
John apostos, pronto para nos levar até o heliporto na cidade. Iríamos viajar
de helicóptero até a ilha e lá ficaremos só nós dois.
— Bom dia meu filho. Acordado tão cedo, está ansioso com a
viagem? — minha mãe perguntou me dando um abraço caloroso antes de se
sentar ao meu lado.
— Na verdade, nem consegui dormir, fiquei adiantando uns papéis e
depois organizei o resto para viagem. — beberiquei um gole do meu café
me virando a procura da mulher que habitava meus sonhos. — Espero que
Sophie tenha conseguido fazer as malas.
Eu estava ansioso, quanto antes ela estivesse pronta, mais rápido
poderíamos sair e eu conseguiria cumprir tudo o que tinha em mente.
— Filho, vou ter que te pedir para ter uma paciência com ela. Sophie
nunca teve um namorado e não entende muito de sexo, mesmo que e Holly
tenhamos dado alguns toques. — não acreditava que minha mãe tinha dado
dicas de sexo para minha mulher, meu Deus! — A primeira vez pode ser
bem dolorosa para algumas mulheres, então seja gentil com ela.
Sabia bem que poderia ser dolorosa, especialmente com o quão
apertada Sophie era.
— E quando eu não sou gentil? — perguntei sorrindo, tentando me
fazer de bom moço e minha mãe revirou os olhos.
Por sorte não demorou para que Sophie se juntasse a nós, ela tinha um
sorriso no rosto, mas nos seus olhos eu conseguia ver a insegurança.
— Bom dia a todos. — ela murmurou se sentando ao meu lado direito
e ficando de frente para minha mãe.
— Bom dia querida. Dormiu bem?
— Um pouco, fiquei meio que pensando sobre como seria a viagem,
eu nunca viajei, então digamos que estou bem ansiosa.
Eu estava perdido, observando cada movimento dela, quando suas
palavras me deixaram confuso.
— Como assim nunca viajou? — os tios dela eram ricos, eu sabia que
o primo dela viajava quase toda a semana. Como ela poderia nunca ter
viajado?
— Vir para essa casa, foi o mais longe que já fui. — ela falou levando
um pedaço de panqueca a boca. — Talvez tenha viajado com meus pais
quando eu era criança, mas não tenho nenhuma recordação disso.
— Seus tios? Nunca a levaram para viajar? — minha pergunta
arrancou uma gargalhada dela, como aquela fosse a piada do século.
— Meu tio só me deixava sair de casa se fosse para ajudar a
empregada. Quando eu era mais nova eu ia à escola, ainda sim era restrita a
escola e casa, quando terminei o ensino médio, fiquei confinada naquela
casa. — meu garfo bateu forte contra o prato quando eu fiquei ainda mais
intrigado com aquela história. — Mas Rosa sempre me deixava ir com ela
até o mercado ou a lavanderia, eram as minhas horas longe daquele
hospício.
Minha mente tinha dado um nó por completo. Como isso era possível
e porque Sophie não fez nada para sair de lá? Eu estava perdido naquele
assunto e isso me dizia o óbvio, eu a tinha julgado, mas não a conhecia
nenhum pouco.
— Oh querida, sinto muito por isso. Percebi de cara que aquelas
pessoas eram horríveis. — minha mãe falou me surpreendendo e
estendendo a mão para Sophie. — Pela forma como aquele homem falou de
você deu para ver e aquela mulher dele também.
— Ela é tão burrinha que não sei se sentia raiva ou pena. — as duas
explodiram em uma risada, eu não sabia de quem estavam falando e aquilo
me irritava. — Mas Magie foi forçada a se casar com meu tio então eu não
a julgava tanto.
Onde estava a porra do relatório que eu tinha pedido a John?
— O que importa é que tudo acabou, agora você vai poder viajar para
onde quiser. — ela sorriu e deu um tapinha na minha mão. — Seu marido
pode te mostrar o mundo todo!
— Já andou de helicóptero antes? — perguntei e o sorriso dela
cresceu ainda mais quando sacudiu a cabeça. — Pois hoje vai ser sua
primeira vez.
Seria a primeira vez dela em várias coisas e eu estava sedento por
isso!
Saímos de casa sem demora, minha mãe se despediu me lembrando
de ser gentil, enquanto meu pai me mandou aproveitar e só voltar quando
um herdeiro estivesse na barriga de Sophie. Tentativas não iam faltar!
O helicóptero já estava a nossa espera e a expressão de Sophie era
uma mistura de espanto e deslumbre. Mas se tornou em medo quando
saímos do terraço e começamos a sobrevoar a cidade.
— Isso é... Lindo e assustador ao mesmo tempo. — ela falou olhando
para fora, suas mãos agarraram as minhas e eu notei que ela estava
tremendo.
— Que tal uma brincadeira para te distrair do medo? — perguntei
pelo microfone esperando ganhar a atenção dela.
Quando Sophie se virou para mim, os olhos brilhavam com uma certa
curiosidade. Ela com certeza imaginava que tipo de brincadeira eu estava
falando.
Me aproximei dela e retirei os nossos fones, não queria que o piloto a
ouvisse gemer, não queria que ninguém ouvisse!
Ela me encarava em expectativa quando colei meus lábios em seu
pescoço, mesmo que eu estivesse usando a máscara que só cobria metade
do rosto, eu sabia que atrapalharia um beijo. Então só ia provocá-la, fazê-la
gozar enquanto estávamos no ar, garantir que Sophie estivesse molhada até
a nossa chegada.
— Olhe para fora Sophie, olhe a bela paisagem do lado de fora
enquanto eu te toco. — ordenei ao pé do ouvido e ela fez, virou o rosto para
a janela enquanto minha boca descia por seu pescoço.
Levei minha mão por dentro do casaco que ela usava, sabia que ela
tinha colocado aquilo para fugir do frio, mas que por baixo estaria usando
um vestido fino de verão. Subi minha mão até seus seios, sentindo o
mamilo dela ficar endurecido com meu toque.
Ela não costumava usar sutiã e eu adorava isso, assim que arrancasse
aquele vestido poderia grudar minha boca naqueles seios maravilhosos!
Assisti Sophie morder os lábios e arquear as costas, empurrando os
seios contra minha mão. Tão sensível e receptiva, tão desesperada por mais,
que me deixava duro facilmente.
Contornei o pontinho duro e então o segurei entre o polegar e o
indicador, torcendo ele e puxando entre os dedos. As pálpebras dela
vibraram quase se fechando e eu a vi esfregar as pernas uma contra a outra
tentando buscar alívio.
— Olhos abertos agora, senhora Carter, ou eu vou parar a brincadeira.
— ela abriu os olhos no mesmo instante, me arrancando um sorriso
presunçoso por saber que ela queria mais.
Desci mão por sua barriga e pulei da virilha para os joelhos de
propósito, querendo prolongar o desespero dela. Então afastei as pernas
dela apenas o suficiente para deslizar minha mão sobre a pele macia,
subindo em uma carícia lenta até seu centro emanando calor.
Quando pousei minha mão sobre a sua calcinha, ela gemeu, apertando
as mãos unidas.
Dedilhei os dedos sobre a renda macia da calcinha e senti a
lubrificação dela escorrer pelos entalhes do tecido, molhando meus dedos.
— Oh tão molhada. — rosnei contra sua orelha. — Sophie, Sophie
queria tanto poder te foder agora. — ela suspirou com minhas palavras e eu
puxei a renda para o lado. — Queira esfregar a cabeça do meu pau assim
em você. — demonstrei esfregando meus dedos entre as dobras e o clitóris
antes de descer mais os dedos até a entrada dela. — E então me enterrar
nesse paraíso.
Sophie agarrou meu pescoço, mantendo minha cabeça onde estava.
Ela gemeu mais alto quando eu coloquei dois dedos dentro dela e comecei
com o vai e vem, deixando meu polegar em seu clitóris pulsante. Ela arfou
e rebolou contra minha mão, afastando mais as pernas e me dando mais
espaço para bombear os dedos dentro dela.
Senti quando ela começou a ficar ainda mais apertada, não ia demorar
muito mais a gozar se eu continuasse assim. Então diminui a velocidade,
queria deixá-la mole e fazer isso durar.
— Patrick, por favor... — ela gemeu virando o rosto e encostando a
testa na minha. Nossas respirações batendo uma contra a outra e então ela
levou a mão a minha calça, começando a massagear meu pau.
— Não querida, isso era sobre você perder seu medo de voar. —
murmurei quase afastando sua mão.
— E eu perdi, agora eu estou queimando de tesão e preciso que me
faça gozar!
Um sorriso malicioso cresceu em meus lábios e eu olhei para fora,
vendo que já estávamos perto. Então fiz o que ela queria, aumentei a
velocidade, massageando seu clitóris com meu polegar.
Os dentes dela se fincaram nos lábios e o quadril se mexia como se
tivesse vontade própria. Ela estava gozando! Sophie cravou as unhas em
meu pescoço, enquanto os olhos se reviravam e ela tentava controlar os
gemidos.
— Bem-vinda a ilha do amor. — sussurrei ao pé do ouvido quando
avistamos a ilha.
Mesmo ainda estando sob os efeitos do orgasmo, Sophie abriu os
olhos encarando a paisagem tropical a nossa frente e eu esfreguei mais uma
vez aquele clitóris inchado e aquela doce boceta.
— Meu Deus... É... Lindo... — cada palavra foi entrecortada por um
gemido enquanto eu prolongava seu orgasmo.
— Pronta para ser tomada e gritar meu nome em cada lugar dessa
ilha?
Eu quis esconder meu rosto quando descemos do helicóptero, no
momento de desejo eu esqueci totalmente do piloto, mas quando finalmente
pousamos e Patrick me ajudou a descer eu morri de vergonha ao vê-lo se
afastar para falar algo com o homem.
Nos afastamos do helicóptero antes que eles voltassem a ligar as
hélices, partindo dali.
— Agora somos só nós dois. — Patrick murmurou segurando uma
mecha do meu cabelo e a prendendo atrás da minha orelha. — Vem, vou te
mostrar a ilha.
Não era exatamente o que eu queria que ele me mostrasse, mas
tínhamos acabado de ter um bom momento e eu não queria estragar as
coisas tão rápido assim.
Patrick me guiou pelo caminho de cascalho que levava até a casa, o
lugar era enorme, a casa era toda de vidro, ao invés de paredes eram janelas
do teto ao chão, que nos davam uma visão de tudo tanto dentro quanto do
lado de fora. Era lindo e um tanto exibicionista, mas não achava que
teríamos um problema com isso já que a casa estava em uma ilha deserta.
Todos os móveis dentro eram de madeira rustica, contrastando com os
vidros e a tecnologia que havia ali.
— E esse aqui é o nosso quarto. — Patrick se afastou indo abrir as
janelas que davam para a varanda.
Era estranho me sentir tão atraída por ele, mas eu me sentia e por todo
o caminho, enquanto ele me mostrava a casa, eu só conseguia pensar em
colocar minhas mãos em cima dele, beijá-lo, sentir suas mãos sobre mim.
E foi pensando nisso que eu me aproximei da porta da varanda
avistando Patrick olhando para a paisagem a nossa frente, então fui ousada
e me livrei do vestido, quando ele se virou deu de cara comigo usando
apenas o salto alto e a calcinha.
Eu estava insegura, não sabia como ser sensual ou nada do tipo, mas
isso não me impediu de tentar. Vinha aprendendo que um pouco de ousadia
era sempre bom!
— Acho que podemos deixar a visita ao resto da ilha para depois. —
ele falou me olhando da cabeça aos pés.
Os olhos dele não se desviaram do meu corpo enquanto ele dava
passadas lentas até mim. Não conseguia conter o pulsar entre minhas
pernas, nem minha respiração que se acelerou ainda mais quando ele parou
na minha frente.
— Tira a roupa... — consegui dizer mesmo com a voz baixa. — Eu
quero te ver também.
Ele pareceu surpreso, até eu estava chocada comigo mesma pela
ousadia, mas ele levou as mãos aos botões da camisa que usava e um por
um ele começou a abri-los, me dando a visão de sua pele branca e
impecável.
O peito largo e o abdômen definido eram mais do que eu esperava,
com uma camada fina de pelos escuros. Então ele arrancou a camisa, os
braços fortes se tencionaram quando ele levou as mãos ao botão da calça ao
mesmo passo que tirava os sapatos. E lá estava ele, uma ereção marcada
sobre a boxer preta, me mostrando o quanto ele me desejava.
Sem esperar mais nenhum segundo o toquei, deslizei minha mão por
seu peito, mesmo tremula eu passei os dedos por seu peito e subi aos
ombros dele em uma carícia lenta.
Patrick segurou minha cintura me puxando para perto dele e nossos
corpos se tocaram, ele desceu as mãos até minha bunda, apertando minha
carne antes de me puxar para perto até que sua ereção se apertasse contra
mim, tudo o que separava era aqueles tecidos.
Eu segurei o pescoço dele aproximando nossas bocas e o beijei,
suguei o lábio inferior dele, separando os lábios antes de deslizar minha
língua em sua boca. Gemi quando ele apertou minha bunda, me puxando
ainda mais para perto até que sua ereção estivesse me cutucando.
Ele me impulsionou para cima no mesmo segundo que cravei minhas
unhas em seus ombros, envolvi minhas pernas em volta da cintura dele,
enquanto ele me levava para dentro do quarto.
Senti o colchão macio em baixo de mim e logo o corpo de Patrick se
tornou mais pesado sobre o meu. Meus mamilos roçaram no peito dele me
deixando ainda mais excitada, eu enrolei as pernas atrás dele e senti a
ereção roçar sobre meu clitóris, enviando uma onda de prazer por meu
corpo e eu gemi.
— Ahh sim, você gosta disso, querida? — ele perguntou começando
um vai e vem, se esfregando contra mim até que eu estivesse me
contorcendo em baixo dele.
— Patrick... eu quero você... — as palavras saíram entre gemidos e
ele desceu os lábios por meu pescoço, espalhando beijos por minha pele, até
alcançar meus seios.
Patrick se afastou um pouco, apenas o suficiente para encarar meus
seios. Ele segurou os dois me arrancando um suspiro, então os uniu
apertando a carne sensível antes de descer a boca sobre eles, chupando,
lambendo e mordiscando o quanto cabia em sua boca.
Meu gemido saiu entrecortado e eu curvei minhas costas empurrando
ainda mais meus seios contra ele. Patrick parecia um animal faminto
rosnando enquanto sugava um mamilo, antes de se virar e fazer o mesmo
com o outro. Sentia o quanto estavam sensíveis, era de mais para aguentar,
a barba, a língua e os dentes, eu ia gozar rápido sem que ele fosse mais
longe que isso.
Segurei a lateral da minha calcinha e a puxei para baixo, sabendo que
se me livrasse dela o homem mudaria seu foco para o centro das minhas
pernas e era o que eu queria no momento.
— Está com pressa Sophie? Me diga o que quer e eu vou te dar! —
ele murmurou as palavras, descendo preguiçosamente os lábios por minha
barriga e voltando para os seios.
— Preciso da sua boca... lá em baixo...
— Aqui? — questionou com a boca descendo por meu umbigo.
— Não... para baixo Patrick! — vi um sorriso se abrir em seus lábios
quando eu ergui a cabeça olhando para ele.
Ele desceu um pouco mais, contornando minha virilha com a língua e
então plantou um beijo bem perto do meu clitóris, ante de segurou minhas
pernas as empurrando para os lados e me deixando escancarada para ele,
totalmente exposta.
— Aqui? Ou aqui? — perguntou mudando para uma das minhas
coxas.
— Por Deus... pare de me torturar e me chupe de uma vez!
— Vai ser um prazer querida! — ele exclamou afundando o rosto
entre minhas pernas e abocanhando minha boceta.
— Aaaaahhh! — gritei me contorcendo com os lábios impiedosos me
sugando e chupando tudo de mim.
Patrick ergueu a cabeça mantendo os olhos em mim enquanto
esfregava a língua em meu clitóris me fazendo assistir. Céus, ele parecia
determinado a me fazer perder a cabeça.
Ele desceu indo até minha entrada e eu senti sua língua me invadir ali,
tomando da minha excitação, me fodendo com a língua antes de subir
novamente, espalhando minha lubrificação por cada pedacinho meu.
Eu me contorci, meus gemidos saindo cada vez mais alto, enquanto
eu chegava cada vez mais perto de mais um orgasmo. Meu quadril se
ergueu involuntariamente tentando fugir da boca que me levava a perdição,
mas Patrick segurou uma panturrilha contra o colchão enquanto jogava
minha outra perna sobre seu ombro.
Não consegui mais resistir e explodi gozando, meu corpo todo
estremeceu e ele deslizou dois dedos para dentro de mim, me fazendo
queimar ainda mais com prazer. A cada estoca dos seus dedos o meu corpo
estremecia e eu choramingava, sensível de mais para aguentar qualquer
coisa.
— Tão pronta para mim! — ele rosnou finalmente se erguendo e se
livrando da cueca, meus olhos pousaram na ereção enorme que ele
ostentava, e só consegui pensar que aquilo não ia caber em mim. — Não se
preocupe, querida. — murmurou como se soubesse o que se passava na
minha mente. — Posso não ser tão delicado, mas é só pedir que eu paro.
Mordi meu lábio não sabendo o que imaginar com aquelas palavras,
mas sacudi a cabeça confirmando.
Ele segurou meu pescoço e voltou a me beijar, sua língua se
enroscando com a minha buscando minha redenção, enquanto ele se
encaixava entre minhas pernas.
Senti a cabeça larga contra minha entrada e gemi sem conseguir me
conter, Patrick se esfregou fazendo um vai e vem, até que estivesse
lambuzado com meu gozo, então colocou a cabeça contra minha entrada e
empurrou alguns centímetros para dentro de mim, me alargando e me
fazendo gemer contra sua boca.
Ele recuou saindo de mim, mas quando voltou enterrou mais
centímetros dentro de mim. O rosnado dele se misturou ao meu gemido e eu
o senti me alargando ainda mais. Patrick aprofundou o beijo e agarrou
minha coxa, seus dedos apertaram minha carne enquanto ele recuava, antes
de voltar a se afundar dentro de mim, entrando até o fim.
— AHHHH! — meu grito explodiu no quarto quando senti como se
tivesse sido rasgada ao meio.
Imaginei que poderia doer, mas não assim, ele estava mesmo se
segurando antes.
— Porra! Sinto muito linda. — ele disse com os dentes trincados e
desceu a mão entre nossos corpos começando a tocar meu clitóris. — Vai
ficar melhor, eu prometo.
Os lábios dele se desviaram para o meu pescoço enquanto os dedos
dele trabalhavam massageando meu clitóris, ele parecia não ter nenhuma
pressa no momento a não ser me fazer relaxar em seus braços.
Ele sugou o lóbulo da minha orelha enviando uma onda de prazer
direto para a minha boceta, meu corpo todo se arrepiou quando ele desceu a
boca um pouco mais e mordiscou meu queixo. Os dedos dele aumentaram o
ritmo, aumentando minha vontade dele, minha boceta pulsou em volta de
seu pau e eu cravei minhas unhas nos braços dele, como se entendesse o
recado, Patrick voltou a se mexer.
Devagar ele saiu de dentro de mim e voltou com o mesmo cuidado,
sentia como se estivesse queimando por dentro, minhas paredes se
esticando além do limite, mas dessa vez os dedos em meu clitóris se
certificavam que eu estivesse gemendo e me contorcendo de prazer
também.
— Ohhhh siiim... — a cada gemido mais alto, Patrick intensificava as
investidas.
— Tão apertada! — ele rosnou com os dentes trincados e eu ergui os
quadris querendo fazê-lo perder ainda mais a cabeça. — Caralho So! Não
faz isso, ou vou explodir dentro de você agora!
Era delicioso ouvir os rosnados dele e os palavrões, não tinha ideia
que meu marido tinha uma boca tão suja, mas estava adorando saber que eu
era a razão deles.
Joguei minhas pernas nas costas dele e as uni, a mudança de posição
o deixou ir ainda mais fundo me fazendo choramingar. Mordi o ombro
tentando conter meus gritos quando a sensação aterradora voltou com força.
Meu ventre se afundou e minhas paredes ficaram ainda mais apertadas,
então Patrick agarrou meu cabelo puxando minha cabeça para trás e aquela
brutalidade me deixou ainda mais excitada.
— Quero que olhe nos meus olhos enquanto goza comigo dentro de
você!
Ele segurou minha cabeça no lugar, grudando nossas testas sem nunca
parar com o vai e vem. Minhas unhas rasgaram a pele dele e eu gemi ainda
mais alto, com os olhos se revirando, então eu explodi, meu corpo todo
estremeceu e Patrick trincou a mandíbula com tanta força que consegui
ouvir os dentes rangerem.
— Ahhhh! — gritei gozando e me contorcendo.
— Oh porra! O maldito... paraíso! — ele rosnou estocando a cada
palavra antes de se derramar dentro de mim.
A cabeça dele tombou contra a curva do meu pescoço e eu abracei o
corpo pesado sobre o meu, deslizando meus dedos sobre as costas suadas
enquanto tentava recuperar a respiração.
É acho que eu podia me acostumar com isso!
Eu estava ali observando Sophie dormir pacificamente ao meu lado,
já não sabia quanto tempo tinha se passado, mas eu continuava observando
ela dormir.
Estar dentro dela foi melhor do que imaginei e eu queria mais, só
estava me contendo por imaginar o quão dolorida ela estava.
Desci meus olhos pela curvatura da coluna, desenhando cada
pedacinho dela, até que meus olhos pararam no bumbum perfeito,
arredondado e empinado. Se eu começasse com isso ia ter uma ereção em
segundos!
Me curvei sobre ela para cobri-la com o lençol e uma cicatriz do lado
direito do quadril me chamou a atenção. Era pequena e pálida, não se via ao
longe, mas ali de perto ficava bem nítida.
Deslizei meu dedo sobre ela, me perguntando como ela teria se
machucado, com quantos anos e quem cuidou dela. Pensar nisso me fez
lembrar que eu não a conhecia direito, nem tinha me dado o trabalho disso,
mas estava na hora disso mudar.
Plantei um beijo sobre a pequena cicatriz e me levantei da cama,
sendo cuidadoso para não acordá-la. Ler aquele relatório tinha ficado na
minha mente desde ontem e foi por isso que eu o enfiei dentro da mala,
agora era a hora perfeita para isso.
Coloquei uma cueca e peguei o envelope tirando as folhas de dentro
antes de ir para a varanda. A primeira página tinha nome, idade, parentes
vivos, os nomes dos pais dela e data da morte. Já na segunda estava o
histórico escolar dela, que surpreendentemente ia só até o ensino médio,
então vinha o histórico médico, que não tinha muito, apenas de quando ela
era criança e uma vez na adolescência.
Aquilo ficava mais estranho a cada página que eu lia, era como se
depois da morte dos pais Sophie tivesse vivido reclusa, sem nada além de
notas ótimas na escola.
Mas quando cheguei a parte que descrevia os bens dela, algo
começou a fazer sentido. A empresa dos pais de Sophie foi acusada de uma
grande fraude alguns meses depois da morte dos pais dela, eles perderam
muitos investidores e foram a falência com a quantidade de processos.
Quem estava no comando do lugar quando tudo aconteceu era o tio
dela, ele era responsável pela herança dela até que completasse vinte e um
anos. O que será daqui a um ano, mas tudo o que ela herdará será uma
empresa falida, com processos gigantescos.
Qualquer bem que ela tivesse quando assumisse a empresa seria
confiscado para pagamento dos processos.
O que me levou a procurar pelo extrato bancário dela. Mas não havia
essa informação em lugar nenhum e eu tinha certeza de ter pedido a John
isso.
Voltei ao quarto a passos largos em busca do meu celular. Mas meus
olhos se perderam na figura na cama, Sophie tinha se virado de lado e
estava tentadora mente exibindo os seios na minha direção.
Respirei fundo e peguei meu celular saindo de lá o mais rápido
possível antes que fizesse uma besteira.
O telefone chamou duas vezes antes que John atendesse a ligação.
— Onde estão os dados bancários dela? — questionei sem nem lhe
dar tempo de dizer nada.
— Eu estava esperando que lesse tudo e viesse me perguntar,
finalmente, já não era sem tempo. — ele debochou, mas eu não estava com
tempo para isso, queria descobrir a verdade de uma vez. — Sophie não tem
uma conta bancária, nunca teve. Até mesmo a conta milionária dos pais
dela e deveria ser passada a ela, foi limpa antes que a empresa caísse em
colapso.
— Como isso, John? Como pode ela não ter uma conta, quem gastou
o dinheiro se ela tinha dez anos quando tudo aconteceu? — questionei
inconformado, não tinha como eu me contentar com apenas aquelas
informações, eu precisava de mais!
— Estamos rastreando o dinheiro, Cris está me ajudando, pois o cara
que fez isso foi ótimo tentando não deixar rastros. Mas vamos conseguir,
logo vamos ter essa resposta para você.
— É bom mesmo! Quero saber quem destruiu o patrimônio e a
herança da minha mulher! — rosnei no celular amassando os papéis na
minha mão. — E o dinheiro do acordo? Onde ela colocou se não tem uma
conta? Como meus pais fizeram a transação?
— Posso enviar para o seu e-mail se quiser, mas tudo foi para uma
conta em um paraíso fiscal, no nome do primo dela. Seus pais fizeram o
pagamento direto nessa conta.
Que porra é essa? Por que meus pais fariam algo assim? Não tinha o
menor sentido.
— Tem algo por trás disso, descubra o que é! Meus pais jamais
dariam o dinheiro dela a outra pessoa, eles gostam da Sophie de verdade,
não iriam enganá-la assim!
Desliguei o celular sentindo meu sangue ferver. Não suporto a ideia
de pessoas enganando por dinheiro, gente gananciosa é a pior escória da
humanidade e o tipo que eu mais detestava.
Imaginar que todo esse tempo eu venho tratando Sophie assim,
quando possivelmente ela é apenas uma vítima de uma família mesquinha,
me fazia ter ainda mais raiva.
Senti mãos tocando meu peito me assustando e tirando daqueles
pensamentos. As mãos delicadas dela deslizaram por meu corpo até que ela
estivesse me abraçando, senti quando os seios redondos se apertaram contra
minhas costas me fazendo lembrar do gosto dela, o cheiro e em como era
estar dentro dela.
Segurei sua mão e a puxei para a minha frente, dei apenas uma olhada
em seu corpo antes de agarrá-la beijando sua boca de forma sedenta. Sophie
arfou contra meus lábios e esfregou o corpo pequeno contra o meu, fazendo
minha ereção crescer dura e necessitada.
A puxei pela bunda a erguendo e a coloquei sentada no parapeito da
varanda. O gemido dolorido dela ao sentar ali me lembrou o porquê eu não
tinha feito isso minutos atrás, ela estava dolorida de mais para uma segunda
rodada assim.
— Me fale mais sobre sua vida. — pedi desviando meus lábios do
dela.
Um vinco confuso se formou entre as sobrancelhas, com certeza
aquela era a última coisa que ela esperava, era a última coisa que eu
esperava fazer também, mas ia nos ajudar a manter a cabeça em outro lugar.
— Humm o que quer saber? Eu perdi meus pais aos dez, fui morar
com meu tio, mas não fiz muito da vida, não tenho o que te contar. — ela
disse mesmo parecendo incerta sobre o que falar exatamente.
— Como era a vida com seu tio? Ele te tratava bem? Cuidava de você
como uma filha ou não? E seu primo, como ele era com você? — despejei
as perguntas que estavam se formando na minha mente.
Sophie não pareceu apenas confusa, mas incomodada também. Ela
chegou a cruzar os braços sobre o corpo tentando se cobrir, então desceu do
parapeito sem a minha ajuda e voltou para dentro do quarto.
Aquilo mexia mesmo com ela e pela forma como ela reagiu eu não ia
gostar nenhum pouco. Respirei fundo, sabendo que também tinha meus
demônios escondidos, mas independente de como me sentia, eu queria
ouvi-la.
Quando entrei no quarto, ela terminava de colocar uma camisola
sobre o corpo. Sophie se sentou no canto da cama, apoiando as costas na
cabeceira e levando as pernas contra o peito, como uma menininha
assustada.
Vê-la desse jeito mexeu com uma parte em mim que já tinha
esquecido que existia. Não parecia em nada com a mulher sensual e
determinada de segundos atrás.
— Porque me perguntou aquilo? — a voz dela saiu fraca e triste.
— Porque quero saber mais sobre você. — me sentei na cama,
chegando perto, mas sem invadir o espaço pessoal dela. — Nós nos
casamos e eu não sei nada de você, apenas o básico. Não quero que seja
assim para sempre, quero que você saiba que pode confiar em mim Sophie.
— Eu confio! — ela exclamou sem pestanejar me surpreendendo com
a firmeza na voz, mas isso foi embora no segundo seguinte. — Quando
meus pais morreram fazia um bom tempo que eu não via o Charles, lembro
que ele e meus pais tinham brigado feio e por isso não nos víamos mais. Ele
não era uma má pessoa, ao menos não por um tempo até mandar embora
minha babá, porque dizia que eu já era grandinha para ter uma. Foi quando
tudo começou, ele me fazia ficar trancada no quarto sem comer por
qualquer coisinha, se eu ou Louis tivéssemos uma discussão era eu quem
levava a pior. — eu engoli em seco quando ela desviou o olhar par ao
colchão e um sorriso triste surgiu em seus lábios. — O problema é que eu
nunca fui uma garota de engolir desaforos, então quando ele começou a
chamar meus pais de ladrões, dizer que eles tinham me abandonado, eu
batia de frente, não aguenta ouvir aquelas mentiras porque sabia que meus
pais me amavam. Foi quando as surras começaram, surras seguidas de
longos períodos trancada no quarto sem comer.
— Eu sinto muito. Sinto muito que tenha passado por isso. — foi
tudo o que consegui dizer por cima do bolo que tinha se formado em minha
garganta.
— Mas sabe, Rosa sempre me levava um prato escondido. — ela
falou erguendo os olhos para mim novamente. — Ela era empregada lá e eu
sempre dizia que acabaria sendo demitida por minha causa, mas ela só
abanava a mão e me fazia devorar a comida. — Sophie começou a desenhar
padrões na palma da mão, como se tivesse contornando um desenho que
estava lá, e então eu vi a cicatriz. — A última vez que ela fez isso foi no dia
que fiquei sabendo do nosso casamento.
Meu sangue ferveu e choque me varreu em imaginar que isso
continuou mesmo ela sendo adulta.
— Como assim quando soube do casamento? — meus pais deveriam
ter dito a ela sobre o casamento, deveriam ter tratado e acordado
diretamente com Sophie!
— Meu tio me deu a notícia simplesmente dizendo que eu não tinha
opção, ia me casar e ponto. Então eu gritei e rebati, quando soube que não
teria casamento me irritei mais ainda. — ela falou com os olhos longe e o
sorriso morreu em seus lábios. — Ele quase me bateu, mas a mulher dele o
parou para não me marcar um dia antes, então Charles me mandou para o
quarto, ficaria lá até a hora de assinar o contrato. Horas depois, Rosa se
esgueirou em meu quarto com uma bandeja e me ajudou a fazer as malas.
Eu ia quebrar a cara do desgraçado! Não podia acreditar que aquilo
tinha acontecido com ela e mesmo assim quando chegou a minha casa,
depois de ser forçada com um desconhecido, ela soube me tratar de forma
amorosa, sendo recebida por minha grosseria.
— Você nunca saiu de casa, nunca fez faculdade, nem mesmo tem
uma conta no seu nome. Foi maltratada por anos dentro da casa onde
deveria ser amada. — não era uma pergunta, eu estava apenas constatando
os fatos. — O que é isso aqui? — perguntei segurando a mão dela e
deslizando o dedo pela marca na palma da mão.
— Essa é a única cicatriz que me dá uma lembrança feliz. Eu tinha
uns oito anos e estava brincando no parquinho perto de casa, minha mãe
estava lá e a babá e eu lembro de querer impressionar ela pulando de uma
barra para a outra, "minha macaquinha" era como ela me chamava. Mas
uma das barras desceu e um parafuso rasgou minha mão, eu caí no chão na
mesma hora e ganhei um galo enorme. Ela correu comigo pro hospital, nem
precisei de pontos, só um curativo pequeno. — os olhos de Sophie
encontraram os meus e eu vi refletida ali uma felicidade que não tinha
segundos antes. — Mas eu consegui o que queria, ganhei mais atenção do
que qualquer criança deveria ter especialmente depois que meu pai chegou,
naquela noite jantamos hambúrguer e tomamos sorvete.
— É uma linda memória. E essa aqui? — deslizei minha mão pelo
quadril dela, onde tinha visto a outra cicatriz, queria que ela sorrisse e me
contasse mais sobre os pais. — Vi que tem uma aí também.
Mas o sorriso dela sumiu, os olhos perderam aquele brilho inocente e
se tornaram tristeza e pesados de novo.
— Louis jogava bola dentro de casa e eu estava atrás dele, querendo
brincar, ele acabou quebrando um vaso e me empurrou me culpando, eu caí
em cima dos cacos e me cortei. Quando tentei falar com meu tio, acabei de
castigo o resto do dia sem comer, foi Rosa quem cuidou do corte para mim.
— ela contou de uma vez e meu estômago embrulhou. Droga eu tinha que
fazer a pergunta errada! — Essa aqui veio com um olho roxo, eu respondi
meu tio, dizendo que podia usar o dinheiro dos meus pais para ir à
faculdade e ele me deu um soco, eu acabei rolando na escada e quebrando o
braço feio, fratura exposta, foi a única vez que ele me levou ao hospital. E
eu ainda tive de dizer que a culpa era minha.
— Porra! Mas como ele pode? Como ninguém... Nem mesmo os
empregados denunciaram esse filho da puta? — esbravejei, recebendo o
olhar dela triste.
— As pessoas têm medo, mesmo pessoas como a Rosa, ela tinha
quatro filhos para dar de comer e era ilegal no país, não podia arriscar
perder os filhos quando fosse deportada. — Sophie suspirou, mostrando que
estava conformada que ninguém poderia salvá-la. — Ela fazia tudo o que
podia.
— Sinto muito querida. — a puxei para o meu colo e me sentei contra
a cabeceira da cama, embalando a doce Sophie e querendo poder voltar no
tempo e resgatar a versão criança dela.
Ela se aconchegou contra meu peito, esfregou o rosto de forma
engraçada contra minha pele, como se buscasse mais carinho e calor. E eu
lhe dei, apertei meus braços em volta dela e acariciei os longos cabelos.
Estava me sentindo um filho da puta, um tremendo pedaço de merda
pela forma como vinha agindo com ela e mesmo me revidando ela sempre
tentava apaziguar a situação entre nós.
Eu deveria ter escutado Holly e minha mãe, ela não era mesmo nada
do que eu imaginei!
— Quando você entrou no quarto ontem e eu puxei a faca... — ela fez
uma pausa e eu senti seu corpo se endurecer um pouco. — Eu guardo uma
em baixo do travesseiro desde que Louis invadiu meu quarto.
Meu sangue gelou e eu podia jurar que tinha até mesmo parado de
respirar.
— O que ele fez com você? — criei coragem para perguntar, mesmo
que algo me dissesse para não fazer isso.
— Ele se esfregou em mim, me prendeu contra a cama tentando tirar
minha roupa enquanto eu gritava e chamava por ajuda. Mas eu consegui
liberar uma mão antes que ele fizesse o que queria e arranhei a cara dele, o
grito do filhinho do papai foi o que atraiu meu tio até meu quarto. Ele
chegou e eu estava batendo, chutando e xingando o desgraçado. — senti
Sophie estremecer em meus braços e a apertei ainda mais. — Ele me deu
uma surra de cinta, minhas costas chegaram a sangrar, dali em diante eu
soube que se eu não me protegesse, Louis iria abusar de mim e ninguém iria
fazer nada, foi quando eu roubei a faca e passei a guardá-la em baixo do
travesseiro a espera dele, mas ele nunca mais voltou, bater nele foi eficaz!
Eu fiquei congelado sem saber o que dizer ou pensar. Sophie foi
privada de tudo, até do mínimo de segurança que um ser humano deve ter,
ela não teve nada disso, ninguém para se impor ou lutar por ela. Mas agora
ela tinha a mim e eu ia lutar por ela!
Eu ia encontrar esse filho da puta e ia rasgar a cara dele, ia torturar o
desgraçado como ele fez com minha mulher. E ele não seria o único a sofrer
com a minha ira, agora mais do que nunca eu queria ver o tio dela cair em
desgraça. Ia fazer o animal de rastejar implorando ajuda dela.
— Você nunca mais vai passar por isso, querida. — murmurei
beijando os cabelos dela e sentindo seu corpo relaxar contra o meu. Ergui
seu rosto querendo jurar aquilo olhando nos olhos dela. — De agora em
diante vai ser tratada como uma princesa, tudo o que quiser vai ser colocado
aos seus pés, ninguém vai ficar no seu caminho!
Sophie parecia estar em choque, com os olhos arregalados e a boca
aberta. Mas antes que eu fizesse algo, ela me beijou mostrando o que queria
agora.
Colocar tudo aquilo para fora foi ótimo, não só por ele ser a primeira
pessoa, fora da casa onde cresci, que ficava sabendo das tristezas que
enfrentei, mas também porque era uma parte de mim que Patrick se
interessou em saber, ele me perguntou sobre minha vida e ficou me ouvindo
até o fim.
Nem preciso dizer que aquele beijo nos levou a mais uma rodada de
sexo quente, ele parecia uma máquina e apesar de eu estar dolorida eu o
queria na mesma intensidade.
Cada toque dele me deixava queimando de desejo, me fazendo querer
mais dele. Por isso quase não saímos da cama pelo resto do dia, já era fim
de tarde quando eu me levantei da cama, tomando todo o cuidado para não
acordá-lo.
Patrick dormia profundamente apesar da hora e da máscara incomoda
que ele insistia em não tirar do rosto. Eu me perguntava quando ele ia
começar a se abrir comigo e finalmente me deixar ver seu rosto por
completo sem aquela coisa atrapalhando.
Comecei a preparar um almoço rápido, depois de uma olhada na
geladeira e nos armários eu decidi fazer massa e um bife, não sabia qual era
o gosto dele, mas já tinha o visto comer os dois.
Eu me sacudia mexendo a panela com o molho e com o balanço da
música que vinha da televisão que tinha ali na cozinha, o lugar exalava
dinheiro em cada cômodo. Rosa me ensinou a cozinhar, mas eu nunca
realmente tive essa liberdade de fazer o que quisesse, mas ali eu finalmente
estava começando a me sentir em casa, começando a ficar a vontade.
— Não sabia que você tinha esse gingado todo. — a voz grossa e
inconfundível me alcançou me fazendo dar um pulo.
— Não sabia que tinha acordado, nem te ouvi chegando. — murmurei
tirando um tempo para olhar o corpo dele.
Era maldade que ele estivesse exibindo o belo peitoral, abdômen e
braços, usando só aquela bermuda. Eu ainda estava me acostumando com a
beleza dele e o que me fazia sentir sempre que eu o via assim.
— Eu queria ver o que você estava aprontando, o cheiro está incrível.
— ele falou dando a volta no balcão da cozinha e chegando até onde eu
estava. — Acordei e minha esposa não estava na cama. — Patrick sussurrou
perto da minha pele, me arrepiando dos pés a cabeça. — Eu queria ter te
acordado.
As mãos dele deslizaram pela lateral do meu corpo, até pararem sobre
meu quadril. Ele estava tentando me seduzir mais uma vez, porém dessa
vez eu não podia ceder.
— Você vai ter outras chances de me acordar o quanto quiser, agora
porque não se senta ali e me deixa terminar nosso almoço? — falei tentando
ser firme e o empurrei com a bunda para longe.
— Se continuar fazendo isso, não vamos almoçar tão cedo. — ele
sussurrou contra minha orelha, antes de mordiscar o lóbulo e sair. — Vou
parar de te distrair e fazer umas ligações rápidas.
Patrick saiu e eu fiquei olhando as costas dele e pensando que a mãe
dele tinha estado certa, ficarmos isolados ali realmente nos ajudaria, já me
abri com ele, Patrick estava sendo um sonho de homem, cuidadoso,
interessado e cheio de desejo. Eu só esperava que as coisas não voltassem a
ser um inferno quando retornássemos para casa.
Terminei de fazer o molho, fiz uma salada e coloquei a mesa, mesmo
que fossemos só nós dois, eu queria tudo perfeito.
Fiquei esperando por Patrick, mas não tinha nem sinal dele, então
antes que tudo esfriasse eu me levantei e fui procurar por ele.
Entrei no escritório que tinha no andar de baixo, mas ele não estava
ali, subi até o nosso quarto, era o único lugar plausível que ele poderia estar.
O barulho vindo do chuveiro me atraiu imediatamente para lá, a porta
estava entre aberta e eu não hesitei em terminar de abri-la e olhar para
aquele corpo nu mais uma vez. Mas o que eu vi me parou no mesmo
instante.
Uma voz de mulher saía no viva voz do celular dele.
— Ok, se você não gostou, eu posso mudar isso. Vou só tomar um
banho para despertar, assim que mudar para o que você quer eu mando uma
foto para sua aprovação querido.
— Obrigada, e desculpe te acordar tão cedo, mas eu realmente
precisava disso, Suzie.
— Sem problemas, sabe que estou à sua disposição. — a mulher
respondeu com a voz suave e doce, antes de desligar a ligação.
Eu corri para fora do banheiro antes que ele me visse ali espiando.
Enquanto descia as escadas meu coração ficava mais apertado, a cada
degrau parecia que um pedacinho desabava enquanto as barreiras em volta
do meu coração cresciam novamente.
Fui muito burra em achar que Patrick seria fiel a mim, só porque
estávamos nos entendendo, aquilo não significava que ele ia encarar isso
como um casamento de verdade, ele tinha dito mais de uma vez que eu
estava ali apenas para lhe dar um filho.
Me sentei na mesa já me servindo e comecei a comer, eu não ia
esperar por ele, enquanto o infeliz ficava conversando com alguma vadia no
telefone.
— Ele que fique lá esperando a foto dela! — resmunguei comigo
mesma e enfiei uma garfada de massa na boca.
— Falando sozinha esposa? — a voz dele soou atrás de mim me
assustando, nem tinha escutado os passos dele. — E nem esperou por mim,
estava faminta, não é?
O sorrisinho dele me deixou ainda com mais raiva, quem ele pensava
ser para agir assim e ficar me chamando de esposa, quando não honrava
isso.
Semicerrei os olhos o encarando enquanto ele se servia com o ar de
inocência.
— Cuidado para não engasgar com o veneno. — ele parou o garfo a
meio caminho da boca e me encarou perplexo.
Os olhos de Patrick rapidamente de viraram para a travessa a sua
frente e para o molho, ele parecia estar calculando onde eu poderia te
colocado veneno.
— Do que está falando? — a voz baixa e sombria retumbou pela sala,
me chocando com a mudança repentina.
Ele se levantou pegando a travessa na mão com desconfiança. Mas eu
não ia envenená-lo, eu estava falando do veneno que escorria dele, com
toda aquela falsidade.
— Oh pergunte a você mesmo, querido marido. O que você fez
segundos atrás no banheiro falando com aquela mulher?
Assisti os músculos dos braços dele estremeceram na camisa, o peito
de Patrick subia e descia furiosamente, enquanto a boca permanecia
apertada em uma linha fina.
Então a realidade me atingiu, ele realmente achou que eu iria
envenená-lo, assim como a primeira esposa, ele achava que eu seria capaz
de matá-lo. Eu não estranhava isso, era difícil mesmo voltar a confiar nas
pessoas, imagine ele que quase morreu e ainda perdeu um filho.
— Por Deus, Sophie! — ele suspirou se sentando e colocando a
travessa de volta no lugar.
Ele não tinha direito de se sentir aliviado só por eu não estar tentando
matá-lo, eu não ia tolerar traições!
— Por Deus o quê? Quer que eu fique feliz, já que me deu um pouco
de atenção e carinho? Acha mesmo que vou me contentar com isso? — bati
o garfo no prato e me levantei bruscamente, querendo me sentir mais alta
do que ele naquele momento, ergui a mão bem perto do rosto dele e apontei
o dedo. — Você não tem o direito de me trair Patrick! Não tem dinheiro no
mundo que me faça aturar isso, eu deixo você no mesmo segundo que
sairmos dessa ilha...
Ele agarrou meu pulso e me puxou, antes que eu me desse conta já
estava sentada no seu colo.
— Não sabia que eu tinha ganhado uma esposa tão ciumenta assim.
— a proximidade repentina quase me fez perder o ar, para melhorar ele
começou a enrolar meus cabelos em sua mão. — Suzie, é uma amiga —
crispei meus olhos pronta para esganar o desgraçado. — Mas também é
advogada da família. — ele puxou meu cabelo com brutalidade, me
arrancando um arquejo, não sei se pela surpresa ou por saber quem era a
mulher. — Estava mandando ela reformular nosso contrato de casamento,
acho que as outras cláusulas não se aplicam mais a nós.
Ele deslizou a língua sobre minha pele exposta do pescoço e eu quase
esqueci do que estávamos falando.
— Que cláusulas? — perguntei quase sem fôlego.
— Você não leu o contrato? — ele questionou erguendo a cabeça e
parecendo perplexo. — Mas é claro que não, aquele desgraçado do seu tio.
Já estou dando um jeito nele.
Então de repente toda a sensualidade do momento foi embora e eu o
empurrei para olhar melhor seu rosto, ou parte dele ao menos.
— Como assim dando um jeito nele? O que você está fazendo
Patrick? — a última coisa que eu queria era mexer naquele vespeiro, eu só
queria paz e sossego agora que estava longe deles.
— Estou investigando sobre sua herança, a empresa de seus pais. —
ele deslizou a mão por meu rosto, acariciando minha bochecha. — Tudo o
que pertencia a você vai chegar nas suas mãos do jeito que seus pais
deixaram!
Um sorriso pequeno brotou em meus lábios, eu tinha contado as
coisas para ele essa manhã e ele já estava dando uma de super espião
investigando tudo.
Então eu o abracei, envolvi meus braços em volta do seu pescoço e
descansei meu rosto em seu ombro.
Ninguém nunca tinha cuidado de mim, ao menos não daquela forma e
aquilo me deixava ainda mais perto dele, meu coração parecia que ia saltar
pela boca enquanto meus membros pareciam estar se derretendo por ele.
— Obrigada por cuidar de mim. — murmurei sorrindo quando meu
beijo em seu pescoço o causou arrepios. Mas eu me afastei lembrando do
que nos levou ali. — Mas isso não significa que eu tolete traições, acho
bom deixarmos isso claro aqui, não importa se você me queira só para ter
seus filhos, vai ter que ser fiel a mim do mesmo jeito que sou a você! Pode
mandar a Suzie colocar isso no contrato.
Patrick gargalhou jogando a cabeça para trás e me apertando ainda
mais em seu colo.
— Você é um achado mesmo. — ele agarrou meu rosto, plantando um
beijo rápido em meus lábios. — Agora vamos comer antes que eu te jogue
nessa mesa e te faça de meu almoço!
Céus, como o homem podia mexer comigo só com algumas palavras?
Tentei me levantar, mas as mãos dele me impediram de ir a qualquer lugar.
— Não vai me deixar sair?
— Não mesmo, você vai comer sentadinha aqui. — ele falou
esticando o braço e puxando meu prato para perto do seu. — E se quiser
terminar esse almoço pare de balançar essa bunda.
Deus ele queria me enlouquecer, só podia ser isso!
Mas eu torcia agora para que meu coração não fosse despedaçado por
ele, pois eu estava começando a me apaixonar com Patrick!
Eu deveria ter contado a Sophie quando ela tocou no assunto, deveria
ter contado sobre a noite na boate, mas ao invés disso fiquei calado e deixei
o assunto para depois e já se passou uma semana.
As palavras dela sobre não perdoar uma traição mexeram comigo, eu
não queria destruir o que estava começando entre nós e nem queria ver ela
magoada.
Sophie já tinha passado por um inferno e quanto mais Suzie
investigava sobre os negócios dos pais dela e sobre o tio, mais eu tinha a
certeza de que ela ainda ia sofrer muito.
A última coisa que eu queria agora era causar mais dor e sofrimento a
ela. Não sei porque, mas depois de saber de sua história me enchi de uma
vontade de ser um alento para ela, de me tornar seu porto seguro, alguém
em quem ela pudesse se apegar.
Talvez fosse porque eu tive meus pais quando passei o inferno na
terra, e eu sabia que Sophie não tinha ninguém por ela. Ou talvez porque ela
causava a melhor resposta nas pessoas. Não sei dizer o porquê, mas essa
necessidade crescia dentro de mim a cada dia que passávamos naquela ilha.
— Anda logo! Pensei que estivesse animado para me mostrar a
piscina natural da ilha! — ela gritou entusiasmada andando a minha frente
mesmo sem saber o caminho.
Até parecia aquelas crianças ansiosas com tudo o que é novo, e eu
adorava isso nela, adorava como qualquer coisa que parecesse besteira para
mim fazia os grandes olhos dela brilharam em apreciação. Era como se
Sophie estivesse descobrindo o mundo agora e eu estava ansioso para
mostrar tudo a ela.
— Pode ir à frente, eu estou apreciando a vista! — murmurei olhando
o bumbum dela rebolando dentro daquele biquíni que não cobria muito.
— Eu tenho um marido muito tarado. — ela correu ainda mais rápido,
me obrigando a apressar os passos e acompanhá-la.
Por sorte estávamos perto e eu vi o exato momento em que ela parou
quando chegamos perto das pedras que cercavam a lagoa. Era um lugar
mais escondido na ilha, mas completamente lindo, as pedras formavam uma
espécie de banheira enorme e a água cristalina que caia da pequena
cachoeira deixava tudo ainda mais perfeito, uma piscina natural, com a água
transparente.
— E então, o que achou? — perguntei me aproximando e parando
atrás dela.
— É maravilhoso! Não faz jus ao que você falou, isso é... É perfeito
de mais!
— E o que está fazendo aqui parada ainda? Porque não entrou? —
segurei a cintura dela, me aproveitando totalmente do momento, não
conseguia manter minhas mãos longe dela.
— Eu não sei nadar. — ela murmurou baixinho, quase como se
estivesse com vergonha de admitir e eu a virei em meus braços.
— Nós fomos à praia dois dias seguidos, como eu não reparei nisso?
— um sorriso pequeno de formou nos lábios dela e as bochechas ficaram
vermelhas.
— Você parecia mais interessado em outra coisa e não nas minhas
habilidades aquáticas. — ela jogou os braços em volta do meu pescoço e
sorriso se abriu ainda mais. — Bem, talvez só em algumas delas. — falou,
me lembrando que passei mais tempo enterrado dentro dela na água, do que
nadando de verdade.
— Eu posso te ensinar a nadar. — deslizei minhas mãos por sua
cintura e desci pelo quadril até alcançar o bumbum. — Mas isso vai ter um
custo...
— Estou ansiosa para pagar! — Sophie exclamou me surpreendendo
e então correu para longe de mim. — Mas primeiro minhas aulas!
Pulei dentro da água mergulhando e saindo bem no meio da lagoa, a
água gelada era bem-vinda com todo o calor que estava fazendo,
especialmente com aquela garota sexy e ousada junto comigo.
Voltei com braçadas curtas até a borda, onde ela me esperava ansiosa.
— Vem, pula! — gritei estendendo os braços na direção dela. — Eu
pego você!
Em uma confiança de dar inveja, Sophie pulou bem em frente onde eu
estava, meus braços a agarraram no momento em que ela afundou quase
totalmente e eu a mantive na superfície.
Eu não tinha ideia de que ela confiava em mim assim, sem medo que
eu a deixasse escorregar e se afogar. Mesmo com todos os problemas que
ela tinha, Sophie ainda sabia confiar.
— Meu Deus, é mais fundo do que eu imaginava! E a água está
gelada! — ela reclamou me fazendo rir, sim, a água não era nada quente se
comparada a da praia.
— Você já se acostuma. Agora vem cá, — segurei a cintura dela a
puxando para cima até que ela estivesse deitada de barriga para cima. —
Vamos aprender primeiro a boiar. É só fechar os olhos e deixar ir.
— Promete que não vai me soltar? — ela perguntou encarando
profundamente meus olhos.
— Prometo, não vou te soltar. — eu realmente respondi com
sinceridade. Não ia soltá-la e deixar que mais traumas se somassem aos que
ela já tinha.
Só não sei ao certo se prometi isso sobre ensiná-la a nadar ou sobre
tudo na vida dela.
Afastei aquele pensamento e voltei a me concentrar no presente.
Sophie estava de olhos fechados, os braços e as pernas afastadas, enquanto
meus braços estavam atrás de suas costas servindo de apoio, que logo ela
não precisaria mais.
Assisti seu corpo flutuando na água enquanto a luz do sol iluminava
sua pele, o biquíni azul-escuro agora estava molhado e colado ao corpo
dela, marcando ainda mais cada detalhe sensual.
Desci meus braços, os deixando ali apenas por precaução, mas não a
segurando mais. Ela parecia uma sereia, flutuando na água daquele jeito,
seduzindo com a mesma facilidade com que respira.
— Agora se vire de barriga para baixo. — pedi e Sophie fez
exatamente o que mandei, se virando na água. — Vá abrindo os braços e as
pernas, como se fosse atravessar uma multidão.
E ela fez perfeitamente, Sophie abriu os braços e as pernas nadando
perfeitamente, enquanto eu descia meus braços deixando o corpo dela
descer aos poucos até que ela estivesse nadando sozinha.
Antes que eu pudesse tirar os braços de uma vez, ela mesma saiu para
o lado nadando. Ela atravessou a lagoa, mostrando que era bem mais
ousada do que eu pensava, sem nenhum medo de se afogar e então voltou
de pressa.
Quando Sophie emergiu da água, ela se jogou no meu colo. Os braços
apertados em volta do meu pescoço e as pernas envolvendo meu tronco
com desespero.
— Ei, ei. O que você viu lá em baixo? O que aconteceu? — perguntei
aturdido sem saber o que tinha acontecido.
— Eu lembrei! Eu lembrei deles! — ela murmurou com o rosto
apertado contra meu ombro. Mas eu precisava de mais respostas que aquela,
então segurei seu rosto e a afastei de perto de mim, olhando-a bem nos
olhos.
— Como isso... Seu cérebro escondeu essa memória, essa lembrança
e você achava que não sabia nadar. — murmurei ainda perplexo. Não sei se
ficava mais feliz por ela ter se lembrado dos pais ou pela empolgação dela
com tudo isso.
— Obrigada Patrick. Você não tem ideia do que acabou de me dar. —
Sophie agradeceu segurando meu rosto e me obrigando a olhá-la.
Eu senti algo dentro de mim se remexer, algo que jurei já ter
enterrado. Mas não podia ser, não tinha a menor chance dela ultrapassar
minhas barreiras e me fazer amar novamente, porque o amor não existe!
Colei nossos lábios, deslizando minha língua para dentro de sua boca
sem pedir permissão. Sophie arquejou e se remexeu em meu colo, seu corpo
se esfregando ao meu.
— Acho que está na hora do meu pagamento. — murmurei levando a
mão as tiras que amarravam o biquíni no pescoço dela.
Puxei uma das tiras desfazendo o laço e deixando que os seios
ficassem livres. Desci minha boca pelo pescoço dela, beijando e lambendo a
pele molhada pela água.
Enquanto isso tratei de puxar para o lado a parte de baixo do biquíni,
no mesmo instante que meus lábios capturaram um mamilo, meus dedos
tocaram o clitóris dela.
— Ahhhh Patrick... — Sophie gemeu jogando a cabeça para trás e me
deixando tocá-la.
Mas eu estava com pressa hoje, queria tirar aquela sensação esquisita
de dentro de mim. Tudo o que havia entre mim e Sophie era amizade e
desejo, e isso ficaria ainda mais claro quando eu gozasse dentro dela mais
uma vez.
Meus dedos deslizaram para dentro dela, estimulando, massageando
adentro, entrando fundo como eu faria em segundos com meu pau. Puxei
meus shorts e sunga para baixo, deixando minha ereção saltar livre entre
nossos corpos, mas sem nunca deixar de masturbá-la.
Os gemidos de Sophie ecoavam pela mata, se misturando ao cântaro
dos pássaros e ao barulho da cachoeira.
— Patrick... oh, Deus! — ela gritou enfiando as unhas em meus
ombros, eu podia ver o quanto ela estava perto apenas pelos pequenos
detalhes, perseguindo os movimentos dos seus dedos, as bochechas e o
pescoço vermelho, a voz sem fôlego assim como os gemidos. — Ahhhh
Patrick, eu vou...
Então eu tirei meus dedos de dentro dela, a deixando a beira do
precipício, eu sabia que assim não demoraria para ela gozar quando eu me
enterrasse em sua boceta e era o que eu precisava nesse momento
— Você já vai gozar querida, — rosnei segurando meu pau pela base
e esfregando a glande em sua entrada — Mas vai ser com meu pau dentro
de você!
Deslizei para dentro dela com brutalidade, sem delicadeza e era a
primeira vez que eu a invadia desse jeito. Os olhos dela se fecham com
força enquanto ela choraminga, eu continuo com minhas investidas, não
dando espaço para que ela pense em mais nada além do nosso momento
carnal na lagoa. Meu pau se afunda dentro dela, esticando as paredes
apertadas, enchendo ela completamente e exigindo por mais.
Meu coração acelera no meu peito e eu tremo violentamente quando
giro seu corpo de encontro as pedras frias. Sophie geme ainda mais alto
quando torce uma perna com a outra atrás de minhas costas, me dando
ainda mais espaço para ir mais um fundo. Tudo se intensifica, todos os
meus sentidos parecem estar focados naquele instante, me levando ao
limite.
— Oh porra! — rosnei investindo mais duro e fugindo dos meus
pensamentos.
Mas a cada pulsação de sua boceta em volta de mim, maior é a
vontade de gritar e declarar que eu a quero mais do que tudo! Declarar que
ela é minha, e só minha!
Porém, antes que eu faça essa estupidez, Sophie explode gritando e
gozando como nunca. Só consigo escutar seus gritos enquanto me perco em
sua expressão de puro prazer.
É a minha própria perdição, pois não demoro a jorrar dentro dela, a
enchendo com meu gozo enquanto eu torço para que ela já esteja grávida e
não vá a lugar nenhum.
O orgasmo parece acabar com as forças dela, pois ela se agarra ainda
mais a mim. Ainda sem folego, eu a abraço e mantenho apertada contra
meu corpo, enquanto sinto seus últimos espasmos ordenhando meu pau,
quase a ponto de me deixar duro novamente.
Céus, eu devo ter perdido completamente o juízo ou toda minha
sanidade estava sendo sugada por ela, pois a cada dia que passava Sophie
entrava ainda mais fundo em minha mente, bagunçando tudo o que eu
acreditava já estar resolvido.
Acordei com o sol atravessando a janela e batendo em meus olhos. A
imagem da praia ao longe enchia meus olhos enquanto o cheiro de maresia
preenchia o ar.
Me virei para o lado e não vi nenhum sinal de Patrick, apenas os
lençóis amassados. O calor do sol me dizia que já não era mais cedo e ele
provavelmente estava aproveitando meu sono para trabalhar um pouquinho.
Três semanas com ele naquele paraíso era maravilhoso, mas eu sabia
que Patrick precisava voltar para poder trabalhar direito, ele podia até negar,
mas eu duvidava que ele estivesse tão tranquilo estando longe do trabalho
daquele jeito.
Fui até o banheiro e tomei um longo banho, sem pressa nenhuma,
querendo dar a ele um pouco mais de tempo para trabalhar. Então antes de
me trocar, eu passei a loção que ele tanto amava, parei diante da minha
mala, olhando todas as roupas que estavam ali, quando meus olhos pararam
em uma lingerie vermelha que eu ainda não tinha usado.
Nós dificilmente estávamos nos mantendo vestidos, com todo aquele
fogo era difícil manter alguma peça de roupa por muito tempo perto dele.
Então eu peguei a lingerie e vesti rapidamente, o corpete todo
rendado marcava minha cintura e o aro deixava meus seios empinados,
enquanto a renda mal escondia meus seios e a calcinha tinha o mesmo
efeito, mal escondendo minhas partes.
Se eu saísse dali rápido o suficiente, conseguiria fazer uma surpresa
quente para Patrick, sendo ousada como as mocinhas dos meus livros e
fazer alguma loucura enquanto ele trabalha.
Desci as escadas correndo com essa ideia em mente, respirei fundo
quando parei de frente a porta do escritório, pela conversa do outro lado
Patrick estava em alguma ligação e isso tornava as coisas ainda mais
interessantes.
Sem bater na porta, eu a abri, os olhos dele saltaram da tela do
computador imediatamente para mim. Eu sorri inocente enquanto ele
desafrouxava a gravata me olhando de cima a baixo.
Os olhos ainda eram a única coisa que eu conseguia ver nele, já que a
máscara que estava usando hoje cobria o rosto por inteiro.
— Concordo plenamente senhores. — ouvi a voz dele soar mais
rouca do que o normal e por dentro eu dancei vitoriosa.
Mas estava apenas começando.
Andei devagar na direção dele, com o ar de inocência até que me
sentei na cadeira a frente dele, cruzando as pernas e chamando sua atenção.
Um dos homens tomou a fala, comentando algo sobre a fusão de duas
empresas e eu desci as mãos por meus seios, fingindo contornar os
desenhos da renda, eu toquei meus mamilos até que estivessem duros e
visíveis sobre a renda.
Meus olhos voaram para os dele quando eu deslizei um dedo em
minha coxa, com delicadeza subindo até que abri minhas pernas, dando a
ele a visão de que muito pouco estava me cobrindo ali. Com uma mão em
meu seio, eu deixei que a outra contornasse minha virilha, brincando com
as bordas da calcinha.
Patrick pigarreou quase me fazendo sorrir. Sobre o tampão de vidro
da mesa eu pude ver a ereção marcando o tecido do samba canção que ele
usava. Patrick tinha sido inteligente em só se arrumar da cintura para cima e
eu estava prestes a fazê-lo ficar ainda mais bagunçado.
Desci para o chão ficando de joelhos e vi ele se remexer na cadeira,
seus olhos nunca me deixando.
— O que está fazendo? — ele sussurrou quando fiquei de quatro e
engatinhei para dentro da mesa. — Sophie! — o rosnado entre dentes era de
aviso, mas eu continuei até deslizar minhas mãos por suas pernas, subindo
até alcançar sua ereção.
Patrick tentou me impedir, segurando minhas mãos, mas apenas sorri
e me curvei sobre ele beijando seu pau sobre o tecido.
Ele tinha me mostrado outra noite como gostava daquilo, mas me
tirou tão rápido de lá, dizendo que não conseguirá aguentar por muito
tempo aquilo.
Vamos ver quanto tempo ele vai aguentar hoje.
Senti as mãos perderem a força rapidamente enquanto eu ainda o
beijava sobre a seda do samba canção. Ele não demorou a desistir e me
deixou seguir meu caminho puxando a barra para baixo e deixando a bela
ereção saltar na minha cara.
Patrick era grande e eu não tinha nenhuma pretensão de o engolir por
inteiro, mas eu tinha adorado chupá-lo no outro dia e assistir a cada reação
de seu corpo.
Ergui o rosto buscando seu olhar quando o envolvi com as mãos
subindo e descendo em uma carícia lenta. Antes de abrir minha boca e
recebê-lo, senti a cabeça larga pesar em minha língua e o empurrei ainda
mais fundo.
— Porra... — ouvi ele praguejar baixinho e segurar o braço da cadeira
com mais força.
— Carter nos diga o que você acha? — um dos homens pediu e meu
sorriso cresceu ao ouvir ele respirar fundo antes de começar a falar.
Era minha hora de testar a resistência do homem. Envolvi minhas
mãos no comprimento que não cabia em minha boca e comecei um
movimento de vai e vem, combinando o ritmo com as mãos e a boca como
ele tinha me mostrado.
— A empresa KL não tem mais o mesmo peso... no mercado! Eles
perderam prestígio ao... longo dos anos e... — ele falou parando para tomar
ar durante a frase e me dando ainda mais animação para continuar. — Não
tem porque nos associarmos, seria vantagem apenas para eles... Podemos
tirar vantagem desse acordo de outra forma.
Deslizei por seu comprimento, envolvendo a base com os lábios e o
sugando até a cabeça.
Os dedos que já estavam brancos de segurar a cadeira voaram para
meus cabelos e ele me segurou firme, mas a pegada bruta não me impediu
de abocanhá-lo novamente.
— Concordo, devemos refazer esse contrato a nosso favor! — ouvir
algum dos homens concordar e aquilo acendeu um alerta em meu cérebro, a
reunião ia acabar logo.
Então intensifiquei meus movimentos ouvindo um rosnado escapar de
Patrick quando o levei ainda mais fundo, testando meu limite e quase me
engasgando com seu tamanho.
— Acho que já podemos encerrar a conferência, Patrick não parece
estar bem. — eu reconheci a voz do pai dele e quis morrer com isso.
Mas fingi que nada estava acontecendo e continuei o chupando
determinada a fazê-lo gozar.
— Vamos revisar o contrato e enviar a nova versão o mais rápido
possível! Um bom dia senhores!
Os outros responderam, assim como Patrick e o barulho de ligação
encerrada soou.
— Sophie! — ele rosnou, finalmente podendo falar. — Está querendo
me matar?
Mas eu não respondi, continuei o levando fundo na boca e
massageando o com minhas mãos. Senti seus dedos esse encaixar em meu
cabelo enquanto ele gemia e jogava a cabeça para trás, se perdendo como
eu queria.
Não demorou para que ele segurasse meu braço tentando me tirar
dali, mas hoje eu não ia ceder, ia ficar ali até que ele se derramasse em
minha boca.
— So... Porra, não vou aguentar muito mais... É melhor sair se não
quiser que eu goze nessa boquinha! — ele rosnou em aviso e eu rodeei
minha língua em volta dele mostrando que não ia a lugar nenhum.
Senti seus dedos se apertarem ainda mais em torno dos meus cabelos
e ele finalmente gozou. Patrick praguejou e gemeu, eu continuei ali
sentindo seus jatos no fundo da minha garganta até que não sobrasse mais
nada.
O suguei até a última gota, antes de lamber ele, mas suas mãos foram
mais rápidas dessa vez, me arrancando do chão e me fazendo sentar na
mesa.
— Quer me matar assim, não é? — ele jogou alguns papéis da mesa e
me deitou antes de vir sobre mim. — Agora é a minha vez de brincar!
E não demorou para que eu estivesse gemendo e gritando de prazer.
Quando terminamos, infelizmente, eu fiquei sabendo que
precisaríamos voltar, estava na hora de voltarmos a realidade.
Não demoramos a arrumar as malas e eu já estava pronta quando o
helicóptero chegou. Fui buscar Patrick no escritório, mas não tinha sinal
dele, apenas o celular.
— Patrick! Eles estão aqui, onde você se meteu? — gritei indo para a
porta principal onde nossas malas já estavam.
O aparelho vibrou em minhas mãos e eu bati meus olhos na
mensagem lendo as palavras que fizeram meu estômago se afundar.
— Já está com saudades minha linda? — ouvi ele falar, mas a nova
mensagem dessa vez com uma foto despertou um turbilhão de emoções
dentro de mim.
— Eu? Ou a loira que está te mandando foto pelada? — franzi a
sobrancelha e mostrei o celular para ele. — "Quando vai voltar chefinho?
Podemos repetir a dose da outra noite logo, estou com saudades!" — repeti
o conteúdo da mensagem. — Então quem é essa, Patrick?
— Porra! Eu posso explicar Sophie, não é como você pensa! —
joguei o celular contra seu peito, não me importando se iria quebrar o
aparelho ou machucá-lo.
— Não é? Você não me traiu com essa mulher, Patrick? Pelo visto seu
tipo são loiras de peitões, não entendo porque está casado comigo.
Peguei minha mala já a puxando para fora em direção ao heliporto.
Eu não acreditava que ele tinha feito isso, de repente nada do que vivemos
ali naquelas semanas parecia importar, apenas aquela mensagem e a foto
eram capazes de me levar de volta a realidade, a dura e fria realidade onde
eu não era a pessoa que ele amava, mas sim a mulher que ele pagou para ter
seus filhos.
— Sophie não diz isso! — ele exclamou me seguindo. — Isso foi
antes de estarmos realmente juntos, não significou nada para mim...
— Ela é a Suzie? — me virei rápido, o pegando de surpresa.
— O quê? Não, claro que não. Já te disse que Suzie é nossa advogada
e está ajudando com a questão dos seus bens.
— Então ela é sua secretária? Uma funcionária da empresa? Porque
ela te chamou de "chefinho". — falei com a voz fina, imitando o que
deveria ser o tom da mulher, mesmo que eu não a conhecesse.
— Ela trabalha em uma boate que eu sou dono...
— Você ficou com ela no dia que me levou a sua boate? — eu gritei
voltando subir os degraus, inconformada que ele tivesse tido a cara de pau
de fazer isso.
— Não, Sophie, por Deus se acalme! É outro lugar, onde oferecemos
entretenimento adulto! Eu jamais te levaria até lá.
Pelo jeito ele tinha mais negócios do que eu tinha imaginado. Mas eu
entendi o que ele quis dizer com entretenimento adulto.
— Você pagou a ela por sexo? Quando foi isso Patrick, quero saber
exatamente quando você pagou para ficar com essa mulher! — exigi
parando para olhar em seus olhos e ver o momento que ele responderia.
Patrick abriu e fechou a boca, sem conseguir dizer nada realmente. O
rosto dele estava me mostrando que eu não iria gostar nada da resposta.
— Na noite antes de virmos para cá. — minha boca caiu a aberta e eu
senti um aperto em meu peito me sufocando aos poucos. — Eu queria tentar
te tirar da minha cabeça, mas eu não consegui nem me excitar com as
mulheres lá Sophie, só quando pensei em você foi que consegui ter uma
ereção! Eu não fui além com nenhuma, ela só me fez um boquete, mas eu
só tinha você na cabeça!
— Isso é justificativa? Era para eu me sentir melhor em saber que
você esteve com outras mulheres pensando em mim? — respirei fundo,
fungando e me negando a chorar na frente dele.
Enfiei fundo minhas unhas na palma da mão para controlar o choro
que queria se derramar.
— Não, claro que não linda! Mas isso foi antes de estarmos realmente
juntos, Sophie, eu não me sentia realmente casado com você. — ele podia
até ter dito isso querendo me acalmar, mas as palavras dele só me feriram
ainda mais.
Me virei subindo de uma vez e entrando no helicóptero sem me
importar com mais nada. Eu estava sentindo como se estivesse com o corpo
adormecido, meu choque tinha sido tão grande quanto minha decepção.
Nós já tínhamos tido nosso momento na boate, ele ainda tinha se
negado a viajar comigo naquela mesma manhã e saiu de noite para ficar
com algumas prostitutas. Depois teve a cara de pau de chegar em casa e me
dizer que iríamos viajar na manhã seguinte.
Uma voz não parava de gritar no fundo da minha mente que eu tinha
sido burra em acreditar que poderia ser diferente, estava claro que apenas eu
estava levando aquele casamento a sério. Patrick só me via como uma
barriga para ter seus filhos.
Eu fui o caminho todo pensando sobre isso, pensando no que eu
deveria fazer. Não podia aceitar isso, não me importava o que ele dissesse,
ou como ele se sentia sobre isso, já éramos casados legalmente quando ele
fez isso e ele tinha me declarado dele para outras pessoas e para diretamente
para mim naquele banheiro.
Patrick soube dizer com todas as letras que eu era dele, ele impôs sua
posse sobre mim, mas aparentemente isso só se aplicava a minha pessoa,
ele não pertencia a mim e nem queria pertencer.
Me sentia uma tola por abrir meu coração para ele, ter contado sobre
meus problemas e pior, ter confiado nele e entregado meu coração.
— Sophie vamos conversar. Vamos resolver isso, não quero te ver
assim, você passou a viagem toda sem falar comigo. — ele tagarelou vindo
atrás de mim quando descemos do helicóptero e entramos em casa.
Mas eu já tinha tomado minha decisão.
— Não vai precisar lidar com isso por muito tempo, só vou pegar
minhas coisas e sair daqui. — falei indo em direção as escadas, mas ele me
parou segurando meu braço.
— Você não vai a lugar nenhum! Vamos conversa e resolver isso, por
favor Sophie! — ele se aproximou e envolveu meu rosto com as duas mãos,
me fazendo olhar para seu rosto coberto, aquilo só me dava ainda mais
tristeza, saber que eu me abri com ele na viagem, mas que em três semanas
sozinhos na ilha ele não me disse sequer uma coisa sobre o passado dele.
— O que aconteceu? Já voltaram brigando? — ouvi a voz de Audrey
e me virei vendo todos plantados ali, a mãe e o pai dele, Holly e John.
— Eu preciso ir Patrick, preciso ficar longe de você e pensar!
— Não faz assim! — tentei me afastar e ele segurou ainda mais firme
os dedos em volta do meu rosto e uniu nossas testas. — Porra, me deixa
compensar para você? Não me deixa assim Sophie!
Ele estava me tentando, tornando difícil para mim ir embora. Mas eu
precisava ser forte, se me dobrasse agora eu me dobraria sempre, nunca
teria voz e tudo continuaria do mesmo jeito entre nós, apenas eu me
entregando e o amando, enquanto ele me dava apenas migalhas.
— Eu te disse que não aceitaria traição, você podia ter me contado ali
e resolvido o assunto lá, você podia ter compensado ali na ilha! Mas não, se
eu não tivesse visto a mensagem, eu nunca ia saber que você esteve com
outra enquanto já estava comigo.
— Você fez o que Patrick? — o pai dele bradou e eu odiava fazer
aquilo na frente de todos, mas a culpa era dele por não me deixar ir de uma
vez.
— Eu preciso disso! Preciso de um tempo longe de você para pensar
no que fazer, quando eu decidir vamos conversar.
Puxei as mãos dele de meu rosto e sai de lá, subi correndo indo atrás
das minhas coisas, as coisas que eu tinha chegado ali. Precisava ficar longe
dele, pois tudo naquela casa me lembrava Patrick, cheirava como ele e faria
pensar apenas nele.
Ia para longe decidir se valia a pena continuar lutando por ele ou se
eu definitivamente deveria começar a pensar apenas em mim.
Eu ainda encarava a escada por onde Sophie subiu correndo segundos
atrás, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Tudo na nossa
viagem parecia um mar de rosas, cada dia que passamos juntos, casa
momento, todas às vezes que ela se abriu para mim contando seus traumas e
às vezes que a fiz rir por algo bobo, tudo tinha sido perfeito. Mas tinha que
acabar dando merda colossal ou não seria minha vida.
Porra, eu tinha vacilado feio em não contar a ela e por mais que eu lhe
explicasse que foi antes de consumirmos o casamento, isso não era
realmente uma justificativa, porque se ela tivesse sido tocada por qualquer
outro depois de eu tê-la tocado, eu não encararia isso tão pacificamente.
Mas agora minha mente martelava que ela poderia ser tocada por
qualquer um enquanto estivesse longe de mim e tudo graças a minha
estupidez. Sophie tinha razão, eu deveria ter confessado tudo de uma vez e
enquanto estivéssemos naquela ilha a foderia até que ela esquecesse o
assunto.
— O que diabos você fez? — ouvi a voz do meu pai atrás de mim,
mas nem estava com paciência para isso, minha mente estava trabalhando
rápido em descobrir para onde ela ia, com quem estaria e como eu poderia
protegê-la.
Sophie não tinha ninguém, não tinha amigos até onde eu sabia, a
única pessoa que ela fala com intimidade é Rosa, então um estalo me
ocorre, só pode ser para onde ela vai, pois sei que ela não voltaria para o tio,
não arriscaria ser machucada ou até mesmo que eles a enviasse de volta.
Dei um passo subindo no primeiro degrau, mas uma mão delicada e
forte me impediu de seguir. Me virei apenas para dar de cara com a
expressão determinada da minha mãe.
— Não vai a lugar nenhum antes de nos dizer o que aconteceu entre
vocês. — revirei meus olhos com a ordem dela, eu não estava com tempo
para isso, precisava ir falar com Cris e mandar um de seus homens segui-la.
— Mãe, não tenho que dar satisfação de tudo o que acontece na
minha vida...
— Tem sim! Tem toda a obrigação de nos dar satisfação porque eu
me importo com a garota! — ela exclamou me surpreendendo. — Eu não
vou deixar você machucá-la com suas grosserias. Te disse que Sophie é
uma garota doce e delicada, que era para você ter cuidado, então me diga o
que você fez?
Ela não ia desistir, não ia mesmo. E saber que ela se sentia apegada a
garota em tão pouco tempo, só me dizia que eu não era o único afetado por
aqueles grandes olhos castanhos.
— Não foi o que eu fiz, mas sim o que deixei de fazer. Sophie viu
uma mensagem de outra mulher no meu celular e uma foto nua, ela me
perguntou quando isso aconteceu e eu não pude mentir, já tinha guardado
isso dela por tempo de mais. — Suspirei sabendo que não tinha como
contornar a história. — Vocês ouviram o resto, ela disse que eu deveria ter
contado antes quando tive a oportunidade, mas eu não pretendia contar isso
a ela.
A verdade é que eu não queria machucar Sophie, eu quis evitar
justamente essa situação que estávamos agora, queria evitar que ela se
decepcionasse comigo, que se sentisse menos do que é e que quisesse ir
embora.
— Às vezes eu acho que te criei da forma errada. — meu pai falou
sacudindo a cabeça negativamente, como se estivesse desapontado comigo.
— Talvez se você não tivesse tido tudo sempre ao alcance da mão, saberia
agora dar valor ao que tem de precioso.
Bufei sabendo que era a única coisa que eu podia fazer, estava errado
e discutir só ia me tirar ainda mais da razão.
Me afastei dele pegando o celular e indo para a sala, fui rápido em
enviar uma mensagem para Cris, precisava colocar alguém rápido atrás dela
antes mesmo que ela saísse daqui, não me contentaria em tê-la longe e ficar
sem notícias. O mero pensamento em não saber onde ela possa estar faz
meu estômago dar um nó e um incomodo se alojar em meu peito.
Sophie não conhecia nada da vida, não tinha vivido no mundo real, e
mesmo que soubesse o quanto as pessoas poderiam ser cruéis, ela ainda
precisava ser cuidada, ser protegida e eu tinha dito que faria isso, não me
importava se ela estava aqui ou não, eu ia mantê-la segura.
Ignorando os xingamentos de Cris, ele foi rápido em me dizer que
homem estaria disponível e que eu deveria colocar John para levá-la. Isso
era indispensável, John ia acompanhá-la e ficar à disposição caso ela
precisasse.
O barulho de passos na escada e a voz baixa da minha mãe me
chamam a atenção. Eu me volto para os degraus bem a tempo de ver as
duas conversando baixinho.
Sophie carregava em uma das mãos a mesma mala com a qual chegou
aqui, e apenas isso, não tem nenhuma outra mala ou pede para que alguém a
ajude. Parte de mim se alegra em saber disso, porque se ela está deixando
para trás suas outras coisas é sinal de que vai voltar.
Porém, outro pensamento me tomou, se ela estiver indo embora e
deixando para trás as coisas, por que não quer levar nada meu com ela?
Não, eu não posso pensar assim, isso eu não aceitaria.
Sophie disse que ia pensar e quando se decidisse iríamos conversar.
Era nisso que eu deveria focar, em ajudá-la a se decidir que seu lugar era
aqui.
O olhar triste dela se encontrou e não tinha nem como esconder que
ela andou chorando, os outros se aproximaram dela se despedindo e
pedindo para que ela enviasse notícias, mas ela não tinha um celular, nem
isso eu tinha tido tempo de fazer por ela e agora ela estava indo embora por
minha estupidez.
Sophie se virou para a porta sem falar comigo ou fazer nenhuma
menção disso.
— John vai levar você! — eu exclamei alto a parando na porta e
fazendo com que ela se voltasse para mim.
— Não precisa, sua mãe chamou um carro para mim. — ela disse
com a voz firme, apesar do olhar magoado que me lançava. — Adeus
Patrick.
— Isso é um até logo Sophie, não esqueça! — gritei quando ela se
virou para ir embora. Eu ia fazer questão de lembrá-la todos os dias que ela
era minha.
Dessa vez ela não se virou nem falou nada, apenas continuou a andar
para fora, seguida dos meus pais e de Holly. Me deixando sozinho naquela
casa enorme, porra aquilo era muito errado depois de tudo o que vivemos
juntos.
— Você já avisou a Cris, não é? — John perguntou ao meu lado, me
surpreendendo que tivesse ficado ali e não ido atrás dos outros se despedir.
— É a única explicação para você estar aqui pensativo e não lá fora
gritando com ela.
— Porque eu gritaria com ela? — perguntei indo em direção ao andar
de cima, ia agilizar as coisas sobre o processo contra o tio de Sophie, isso
iria facilitar para que ela ficasse perto de mim.
— Porque você tem essa coisa... de homem das cavernas sabe, que
gosta de se impor. Eu pensei que você ia amarrá-la dentro de casa, ou
trancar as portas para ela não sair até que te perdoasse.
Semicerrei os olhos o encarando, podia até ser verdade e
provavelmente eu teria feito isso há três semanas. Mas agora parecia errado
tratar Sophie com minha loucura, quando ela já estava lutando com os
próprios demônios.
— Sophie já sofreu de mais e passou a vida toda presa, se ela me
disse que quer esse tempo para pensar longe de mim é o mínimo que posso
dar. — respondi de forma sincera e vi os olhos dele se arregalarem como se
eu tivesse dito a coisa mais maluca do mundo.
— Oh cara, ela te pegou de jeito, não foi? — ele murmurou e eu ouvi
um carro dando partida sendo totalmente atraído para a janela.
Ela acenou para os meus pais e entrou no carro, vi um vislumbre dela
olhando diretamente par aquela janela, onde ela sabia que era meu
escritório. Uma sensação de reconhecimento encheu meu peito, foi quase
como quando ela chegou e nossos olhares se encontraram ali.
Fui rápido em anotar a placa do carro e enviar para Cris, seu
segurança estava pronto para segui-la até onde ela ficaria.
— É cara, você está apaixonado. — John falou me fazendo virar, meu
pai estava entrando no escritório no mesmo instante e concordou com ele.
— Está e se ele não pretender perder ela para outro cara, é melhor
começar a agir de acordo.
— Não sei do que estão falando, Sophie é apenas minha esposa e
estou cuidando para isso permanecer assim. — respondi conciso voltando
meus olhos para a tela.
— Se você acredita mesmo nisso, então a deixe ir, tenho certeza que
ela vai poder viajar, conhecer o mundo e encontrar alguém que a valorize,
alguém que a trate como merece, alguém que a ame. — meu pai rosnou. —
Agora, se você gosta dela e não quer perdê-la, é hora de começar a lutar.
— Eu a trato bem, porra! — rosnei inconformado com a imagem dela
com outro homem, o chamando de amor e sendo cuidada por ele. — O que
acha que fiz essas três semanas?
— O quê? Arrumar um advogado, levar ela a um lugar bonito e
transar? Acha mesmo que isso é tudo o que ela merece? Que é o único
homem no planeta que pode fazer isso? — ele jogou todas as perguntas
sobre mim, parecendo furioso como eu nunca o tinha visto antes. — A
deixe sozinha por um mês que eu garanto que uma meia dúzia de homens
vão se jogar aos pés dela fazendo o mesmo.
— Ahhh sim! Definitivamente Sophie iria conseguir pretendentes
como abelhas em volta da colmeia. — John falou concordando com meu
pai.
Fechei minhas mãos em punho e rosnei sem conseguir controlar o
gosto amargo que se formou em minha boca.
— Se a quer lute contra seus demônios, deixe de ser um garoto
mimado e mostre que você é dela. Ou não, e perca a garota, tenho certeza
sua mãe já deve ter feito uma lista de pretendentes para ela, todos da alta
sociedade. — ele saiu dando de ombros como se não tivesse dito nada de
mais.
Mas minha mente já estava montando imagens dos ricos filhos da
puta a cercando como se ela fosse um maldito prêmio a ser conquistado.
Eu não ia deixar isso acontecer, nem por cima do meu cadáver eu
deixaria que outro homem chegasse perto da minha mulher. Se era isso o
que ela queria, eu ia dar, ia mostrar ao mundo que ela era minha!
Eu não precisei pensar para onde iria, o único lugar onde eu podia ir
era para a casa de Rosa, eu tinha certeza que ela não me deixaria na rua e
me deixaria em paz para pensar e tomar minhas decisões.
Ela tinha me aconselhado a dar uma chance a Patrick, para que eu
encontrasse um pouco de felicidade na vida, mas agora eu não tinha mais
certeza se eu encontraria isso algum dia. Tudo o que eu precisava agora era
ficar longe dele enquanto penso sobre minha vida, sobre todos os problemas
que me aconteceram ao longo dessa semana.
Enquanto o carro que Audrey chamou, me levava até a casa de Rosa,
eu só conseguia pensar o quanto fui boba, fui tola e me encantei facilmente.
Eu já estava fazendo o nosso casamento funcionar, enquanto ele estava
pagando para uma mulher transar com ele.
Cada vez que esse pensamento voltava a minha mente e a foto da bela
mulher nua preenchia meus pensamentos, eu tinha uma vontade de me
encolher e vomitar ao mesmo tempo. Nunca pensei que seria tão burra
assim na vida.
Eu repassei isso na minha mente por muito até que peguei no sono
encarando a paisagem do lado de fora, não sei por quanto tempo eu dormi,
mas quando o barulho da cidade grande me rodeou foi inevitável não
acordar. Despertei com calma, mas me assustei com a moto próxima ao
carro, um homem vestido todo de preto estava perigosamente perto da
janela onde eu estava.
Nada como a loucura habitual da cidade para me acordar. Mas foi só
cair sobre mim a realidade do porquê eu estava ali e não na casa de Patrick,
para que eu murchasse novamente.
— Já chegamos senhora. — o homem anunciou me tirando dos meus
pensamentos.
Olhei em volta vendo a casinha que Rosa tinha me mostrado apenas
por fotos, mas que eu nunca pude conhecer pessoalmente.
— Obrigada. — murmurei descendo do carro e mantendo meus olhos
na casa, o homem colocou a mala no chão ao meu lado, antes de entrar no
carro e ir embora.
A casinha laranja, com o jardim cheio de rosas na frente, era a coisa
mais linda que eu já tinha visto, mesmo olhando de fora eu já sabia que era
aconchegante, assim como os abraços dela.
— Procurando alguma coisa moça? — a voz masculina ao meu lado
me fez pular na calçada.
Eu olhei para o lado me deparando com um homem alto e forte, de
cabelo baixo e várias tatuagens espalhadas pelo corpo. Ele semicerrou os
olhos chamando a atenção para o tom entre esverdeado e mel, só tinha uma
pessoa que eu conhecia que tinha aquele mesmo par de olhos.
— Estou procurando a Rosa. — murmurei ainda incerta, mas quanto
mais eu olhava para o homem na minha frente, mais certeza eu tinha de que
ele era filho dela.
— O que quer com a minha mãe? — ele perguntou me encarando da
cabeça aos pés e parando os olhos na minha mala.
Ele estreitou os olhos parecendo ainda mais perigoso, quando cruzou
os braços a frente do corpo ressaltou ainda mais os braços fortes e as
tatuagens.
— Eu sou a Sophie, morava na casa que ela trabalha...
— Mãe! — ele gritou tão alto que quase fiquei surda, então abriu o
portão me olhando com um sorriso largo e caloroso. — Minha mãe falou
muito de você, por todos esses anos, é bom finalmente poder dar um rosto a
protegida dela.
Eu ainda estava atordoada sem saber o que dizer ou fazer, quando a
mulher que era minha figura materna, vó, amiga e minha confidente, surgiu
na porta.
— Menino para que está gritando assim... — ela parou de falar
quando né viu e levou as mãos a boca, não consegui conter meu sorriso e
ela não se conteve em correr em minha direção. — Aí minha menina, nem
acredito que está aqui! Porque não disse que vinha, eu teria preparado algo
especial, estaria te esperando no portão.
Ela jogou os braços em volta de mim e eu suspirei com aquela
sensação tão familiar. Até mesmo o cheiro dela né trazia conforto e eu a
apertei ainda mais forte, nunca tinha estado longe dela em todos esses anos,
era uma saudade imensa, misturada com a montanha-russa de emoções das
últimas semanas. Já fazia um mês que eu não a via.
— Aí Rosa, não sabe a saudade que eu estava de você e do seu
abraço. — eu funguei não me importando de parecer ridícula, Rosa não iria
me julgar.
— Anda filha, vamos entrar. — ela disse já me puxando para dentro
do portão. — Alejandro traz a mala dela agora!
Eu me virei para o homem que ainda estava parado ali com um
sorriso no rosto observando nosso reencontro. Ele pegou minha mala sem
pestanejar e entrou logo atrás de nós.
Rosa me puxou direto para a cozinha, onde eu já sabia que ela me
queria. Fazer as pessoas comerem era a coisa dela, se você estivesse de
barriga cheia estaria feliz, esse era o lema dela e eu não podia discordar
naquele momento.
Não quando o cheiro maravilhoso da comida dela estava flutuando na
cozinha pequena e muito menos quando eu não tinha comido nada além de
um café da manhã rápido na ilha.
Merda, eu já estava deslizando e pensando naquele lugar outra vez.
Nem parecia que tudo tinha acontecido naquela mesma manhã, meu estado
me fazia pensar que já haviam se passado dias.
— O que aconteceu que você não está no trabalho? — perguntei a ela
querendo mudar o rumo dos meus pensamentos. — Pensei que teria que
ficar sentada na porta até você chegar.
— Eu pedi demissão, querida. — ela me deu um sorriso fraco
enquanto choque me tomava. Nunca imaginei que ela sairia de lá algum dia.
— Meus filhos tem seus próprios negócios agora, e você saiu, era o único
motivo que ainda me mantinha lá. — meu coração se aqueceu com aquela
confissão. — Então quando você saiu, alguns dias depois eu finalmente
pedi demissão.
— Rosa, eu nem sei o que dizer, é maravilhoso com toda a certeza,
você está livre da corja de babacas!
Ela sorriu acenando e concordando comigo antes de colocar um prato
a minha frente.
— Ande e vá comer, você está muito magrinha! — eu não hesitei em
pegar o prato e me levantar para colocar minha comida. — Pensei que
morando na sua própria casa você finalmente iria estar comendo melhor,
ficando mais gordinha.
Eu dei uma risada forçada, querendo que ela não se aprofundasse no
assunto, a última coisa que eu queria agora era me lembrar de Patrick e
daquela casa, pois tudo me lembraria a foto e mensagens sensuais e uma
sensação de traição.
— Ela é linda assim mãe. — Alejandro falou atrás de mim. — Claro
que homens adoram uma carne para pegar, mas você está maravilhosa, não
mude nada!
Franzi minha testa inconformada que ele tinha tido a ousadia de me
encarar de cima a baixo e falar isso. Rosa tinha um filho pervertido!
— Alejandro! Coloque logo seu prato e se sente para fazer companhia
a Sophie. — ele se espremeu ao meu lado, sem se importar que nossos
corpos se tocavam enquanto montávamos cada um o seu prato. — É bom
você se comportar, ela é casada e não vai ouvir os seus papinhos.
Eu olhei para o homem ao meu lado, sentindo minhas bochechas
queimarem de vergonha. Se Rosa estava dizendo isso, é porque os elogios
dele eram cheios de outras intenções.
— Mas o que eu fiz agora, mãe? — ele perguntou abrindo um sorriso
largo e sedutor. — E se ela é tão bem casado assim cadê o marido dela?
Porque só vi um carro a deixando aqui na frente, nenhum bom marido atrás
dela. — Alejandro falou com tom de brincadeira, mas acertou em cheio,
fazendo meus ombros caírem em derrota.
— Oh Sophie, o que aconteceu? — Rosa perguntou me puxando para
a mesa ao seu lado.
— Foi só... Eu tentei Rosa, fiz tudo como você falou, eu fui sexy e
ousada, mas hoje descobri que ele ficou com outra na noite antes de me
levar para uma viagem de três semanas. — contei de uma vez, não tinha por
que contornar os motivos para eu estar ali.
— Filha, sinto muito saber disso...
— Não tem que sentir, se ele fez isso é um babaca que não te merece.
— Alejandro se meteu na nossa conversa, me fazendo franzir a testa. — Ele
ser fiel a você é apenas o mínimo.
— Você não conhece a nossa história, não sabe nada sobre nós dois.
— murmurei desviando os olhos para o meu prato, não queria parecer que
estava defendendo Patrick, mas também não deixaria um desconhecido
falar qualquer besteira sobre ele.
— Vamos lá, me conte sua história, eu tenho todo o tempo do mundo.
— ele parecia me desafiar a contar tudo a ele e abriu um sorriso de lado,
parecendo perigosamente sexy.
Tratei de sumir com aquele pensamento e comecei a contar para ele
sobre a nossa história, afinal ninguém sabia com tantos detalhes, nem
mesmo Rosa e no momento eu mais precisava era dos conselhos dela. Mas
tinha a leve noção de que teria os conselhos de Alejandro, mesmo que eu
não quisesse, pois ele parecia tão interessado nas minhas palavras quanto a
mãe dele.
Deus me ajude, tudo o que eu queria era clarear a mente e conseguir
tomar a melhor decisão sobre perdoar ou não Patrick.
Eu estava em agonia esperando pelas notícias do homem que Cris
tinha colocado atrás dela, Jason estava seguindo ela desde que o carro
deixou a montanha e por mais que eu tentasse me distrair enquanto
esperava as atualizações, eu não conseguia.
Nem mesmo o novo relatório que Suzie mandou sobre o babaca do tio
de Sophie, estava conseguindo me distrair, tudo o que eu queria era saber
onde minha mulher estava e como estava.
Aquela altura eu estava até querendo que minha mãe viesse aqui
encher meus ouvidos com seu sermão habitual. Mas ela não apareceu, nem
mesmo me direcionou um olhar torto desde que colocou Sophie naquele
carro, ela simplesmente decidiu me ignorar e aquilo de certa forma era
ainda pior do que se ela tivesse gritado comigo.
Meu celular tocou me distraindo dos meus pensamentos e eu fui
rápido em abrir as mensagens me deparando com Sophie conversando com
um homem que eu nunca tinha visto na vida, seguida de fotos dela
abraçando uma senhora e então entrando na casa com eles. A última delas
era do homem carregando a mala da minha mulher para dentro da casa e eu
não gostei nada.
Quem era aquele homem? E por que ele estava ali com ela? Eu não
sabia as respostas ainda, mas já não gostava nenhum pouco da forma como
ele tinha olhado para ela.
Enviei uma mensagem rápida para Jason, eu queria o histórico
daquele homem o mais rápido possível. Eu já esperava que ela fosse para a
casa de Rosa, mas não tinha ideia que havia algum homem lá, se fosse isso
mesmo eu iria buscar Sophie imediatamente.
— Patrick, você não respondeu Suzie ainda, ela precisa saber o que
você quer fazer a seguir agora. — meu pai entrou no escritório falando de
forma dura.
— Eu ainda não li o que ela me mandou. Sophie acabou de chegar no
lugar onde vai ficar e eu estou tentando descobrir mais sobre as pessoas que
estão com ela. — respondi sendo direto e voltando meus olhos para a foto,
procurando qualquer coisa que me dissesse como ela estava.
— Como você sabe... Me deixe adivinhar, colocou Cris atrás dela,
certo? — ele revirou os olhos, mas se aproximou de mim e encarou meu
celular observando a foto dela conversando com o homem desconhecido. —
Humm isso é interessante, acho que ela não vai precisar de um mês para
arrumar um substituto para você.
Bufei batendo na mesa e me afastando. Ele estava fazendo isso para
me punir, eu sabia disso, ainda sim o incomodo no meu peito não sumia.
— Pare com essa porra! Ela não vai me trocar, somos casados e
Sophie não é assim, ela nunca faria isso!
— Que bom que ao menos um de vocês é fiel! — ele alfinetou
voltando para a porta. Eu merecia isso, nem podia discutir. — Porque não
tira esse tempo que ela está longe e tenta descobrir o que está faltando, o
que não está dando a ela? Talvez isso fizesse melhor ao relacionamento de
vocês do que ficar vigiando cada passo dela.
Ele saiu fechando a porta e eu arranquei aquela máscara maldita a
atirando na parede do outro lado do escritório. Inferno de vida! Porque não
podia ser simples, porque tudo tinha que ser tão complicado para mim?
Mas as palavras do meu pai me fizeram sentar e pegar o relatório que
Suzie me mandou, se aquilo ia ajudá-la também a traria para perto de mim e
era tudo o que eu queria agora.
Li cada uma das folhas, Suzie tinha ido além na vida de Sophie, ela
tinha investigado sobre o histórico da empresa até quando os pais estavam
vivos. Era uma longa lista de bons contratos, negócios prósperos seguido de
uma onda de escândalo e péssimas coisas depois que os pais se foram.
No fim, ela colocou uma nota deixando claro que reunindo as
informações que Cris tinha descoberto com aquilo que ela tinha reunido,
ficava claro que todo o dinheiro de Sophie tinha sido sugado pelo tio, assim
como a empresa. Suzie falou ainda que eu deveria colocar alguém para
investigar o acidente de barco onde os pais de Sophie morreram, porque ela
desconfiava que isso poderia ter sido orquestrado pelo tio.
Joguei os papéis na mesa chocado de mais com a mera ideia, mesmo
que fossem apenas suspeitas dela, aquilo era grave, o tio dela já tinha se
mostrado um carrasco desgraçado e que apenas a usou para ter mais
dinheiro, então eu não duvidava que ele tivesse sido capaz de matar os pais
de So apenas para colocar as mãos na herança.
Mais do que nunca a vontade de protegê-la gritou dentro de mim, eu
precisava dela aqui comigo, onde eu podia garantir que ela não seria
machucada nunca mais.
Quase como se estivesse sincronizado, Cris me ligou no exato
momento.
— Eu preciso saber que porra você fez para fazer a garota sair
correndo de você desse jeito, mas antes acho bom abrir seu olho, porque o
homem que está com ela tem uma lista enorme de mulheres que já passou
na sua cama.
— Ela não está com ele cassete! — rosnei, só de ouvi-lo falar assim
meu sangue voltava a ferver. — Quem é o filho da puta?
— Alejandro Fontes, filho de Rosa Fontes, a mesma que trabalhou
todos esses na casa onde Sophie viveu. — isso já era de se esperar, mas eu
estava mais interessado na parte do filho dela. — Alejandro era gogoboy até
dois anos atrás, quando deixou os shows de stripper para abrir sua própria
oficina, que fica exatamente de frente a casa onde mora com a mãe.
Gogoboy? O desgraçado ganhava a vida tirando a roupa para
mulheres? Nem fodendo eu deixaria Sophie morando sob o mesmo teto que
ele.
— Eu vou buscar ela agora mesmo! Ela não vai ficar nem mais um
dia morando lá! — rosnei me levantando e já indo buscar minha máscara,
pronto para resgatar minha mulher.
— Antes me diga o que fez para ela fugir de você de novo? Qual a
merda colossal para colocar um fim na viagem perfeita?
Parei meus passos no mesmo instante, sendo lembrado do motivo dela
não estar aqui.
— Sophie viu uma mensagem de uma das meninas da LUX no meu
celular, falando para repetir o que fizemos na noite antes de eu levá-la para
a ilha. — confessei sem muitos rodeios, já me preparando para o que viria a
seguir.
— Você não fez isso! — ele bradou do outro lado da linha, parecendo
incrédulo de mais. — Não acredito que você foi canalha de ir transar com
outras depois de ter socado a minha cara por dar um selinho nela!
— Em primeiro lugar, nem me lembre disso, seu desgraçado! E em
segundo, eu achei que se transasse com outra mulher me livraria da
obsessão por ela, mas nem mesmo consegui ter uma ereção sem pensar nela
e não transei com nenhuma delas, apenas recebi um boquete.
Cris soltou uma infinidade de palavrões do outro lado, eu até acredito
ter ouvido algo se quebrando do outro lado da linha.
— Ahh claro, você é mesmo muito hipócrita em querer ir atrás dela
porque está com ciúmes de um cara! — ele gritou. — Porque ao invés disso
você não assume que está apaixonado por ela, se arrepende e deixa ela
entrar nesse seu coração de merda?
— Não sei do que você está falando, eu não estou apaixonado por
ela...
— Ahh não? Pois é bom estar ou não ir atrás dela, porque se Sophie
se importou com essa sua traição, é porque ela te ama, é porque a pobre
garota se apaixonou pela fera. Então se você não sente o mesmo nem vá
atrás dela, deixe ela para quem vá retribuir da forma que ela merece!
Ela estava apaixonada? Não, não podia ser, não tinha o menor sentido
que ela tivesse se apaixonado por mim do jeito que eu sou. Isso não podia
ter acontecido, se Sophie começasse a me amar seria o nosso fim, eu nunca
poderia amá-la de volta.
— Esqueça isso Cris, preciso que comece a investigar à morte dos
pais dela, Suzie acredita que o tio pode ter orquestrado tudo. — falei
mudando de assunto antes que começasse a ter as ideias erradas como ele.
— Porra, a última coisa que ela precisava era descobrir que o tio é o
assassino dos pais e que o marido é um traidor. — bufei soltando uma meia
dúzia de palavrões enquanto ouvia ele apertar algumas teclas. — Vou
começar a investigação, mas acabei de saber que Sophie está na oficina com
Alejandro. É bom que você pense que boquete não é sexo, já que Sophie
provavelmente vai receber vários do gogoboy porto-riquenho!
— Seu merdinha filho da puta... — ele desligou antes que eu pudesse
terminar a frase e eu atirei o celular contra a parede.
Inferno! Eu estava me arrependendo profundamente de ter dado o
meu número aquela garota e mais ainda por ir à boate aquele dia e ter feito
o que fiz. Mas tinha a leve sensação de que meus arrependimentos só
estavam começando.
Por que diabos não podia ser apenas um casal de velhinhos? Algo que
eu não precisasse me preocupar? E o desgraçado além de bonito, tinha que
ter sido a porra de um stripper!
Eu ia arrancar meus cabelos, não ia demorar muito. Precisava que
essa investigação andasse logo, qualquer desculpa para falar com Sophie
agora seria maravilhoso.
Após ouvir a revolta de Rosa e deixar que ela xingasse Patrick a
vontade, me virei para Alejandro que comia me encarando, não havia mais
o sorriso presunçoso em seus lábios, ele apenas comia a minha frente, me
analisando com aqueles olhos enigmáticos.
— Calma Rosa, eu ainda não o perdoei. — murmurei envergonhada
de mais com aquele homem me encarando sem falar nada, sem dúvida era
mais fácil quando ele abria aquela boca e dizia o que pensava de uma vez.
— Eu sai de lá dizendo precisar de um tempo para pensar no que faria,
ainda não sei o que vou fazer.
— Você pode ficar aqui o tempo que precisar e se decidir não voltar
vou adorar ter você morando comigo, sabe que eu sempre quis te tirar
daquele inferno e te criar, agora finalmente tenho condições para isso! —
ela falou parando atrás de mim e envolvendo meus ombros com os braços
calorosos.
— Obrigada Rosa, você sempre foi tudo o que tive. — senti o beijo
dela no topo da minha cabeça e os olhos de Alejandro se encontraram com
os meus, mais suaves e quase pude ver a sombra de um sorriso.
— Mas eu estou sentindo que você não está indecisa por não ter onde
morar, mas sim porque está apaixonada por aquele homem.
Meu corpo todo endureceu com esse pensamento, eu tinha entregado
meu coração para ele, entrei naquela relação disposta a tudo para conquistá-
lo, mas pelo jeito eu tinha sido a única a me apaixonar, mesmo com toda
grosseria e brutalidade eu tinha caído por ele, diferente de Patrick eu não
tinha erguido nenhuma barreira em volta do meu coração e talvez esse tenha
sido meu pior erro.
Alejandro bufou se levantando da mesa e levando seu prato vazio até
a pia, o segui com o olhar pensando no que ele finalmente teria para falar.
— Como ela pode estar apaixonada se foi simplesmente jogada no
colo desse homem? — suas palavras me chocaram.
— Alejandro!
— Ela nunca teve a oportunidade de se apaixonar por outra pessoa,
saiu da prisão para outra, casada com um homem que nunca viu antes a
quem tentou conquistar. — ele se virou para mim, não se importando com a
reprimenda da mãe. — Acha que teria se apaixonado por ele se estivessem
no mundo real e não presos naquela casa? A forma como ele te tratou te
faria suspirar e sentir borboletas no estômago? Você o escolheria no meio
de um monte de homens que a tratassem bem? Porque eu acho que não.
As palavras dele me calaram e a cada nova pergunta que ele me fazia
mais meu coração se apertava e a voz em minha cabeça gritava o quanto eu
era burra.
— Alejandro pare de perturbá-la, já basta tudo o que ela está
passando...
— Não Rosa, eu quero ouvir o que ele tem a dizer. — falei a
interrompendo, os olhos dele continuavam presos nos meus e um pequeno
sorriso brotou nos lábios grossos atraindo meu olhar.
Eu já tinha escutado conselhos sobre o que eu deveria fazer para
seduzir e conquistar Patrick, ouvi as conversas sobre como ele tinha sofrido
e o quanto eu precisava ser paciente, ouvi cada uma delas e segui isso. Mas
onde isso me levou? A ter um par de chifres na cabeça e um coração
dolorido? Talvez estava na hora de ouvir alguém dizer o que eu deveria
fazer por mim mesma e se Patrick me quisesse ele que viesse atrás de mim.
— Ótimo, preciso voltar para oficina, mas você pode vir comigo. —
ele falou encostando o quadril contra a bancada da pia. — Não se preocupe,
fica aqui na frente e eu não mordo.
Revirei os olhos me levantando e indo até onde ele estava, coloquei
meu prato na pia, não me importando com o roçar do meu braço em seu
corpo, ou fingindo não me importar. Encarei o olhar dele e dei um pequeno
sorriso, querendo por um fim naquela pose de lobo mal atrás da garotinha
inocente.
— Eu não tenho medo de você, sei me defender. — ele deixou que
um lado da boca se erguesse em um sorriso sensual enquanto Rosa
gargalhava e batia palmas. — Podemos ir?
Ele foi na frente me guiando, saímos pela porta da frente e ele me
apontou mostrando onde era sua oficina, bem em frente, não tinha nem
como não ver.
Outro homem apareceu na nossa frente, ele estava vestido com um
jeans rasgado e sujo de graxa assim como as mãos. Os braços fortes
estavam expostos na regata e quando eu encarei seu rosto me perguntei se
ser lindo era um requisito para trabalhar ali.
— E então já sabemos o nome da bela mulher? — ele perguntou, me
deixando confusa. — Nós vimos você encarando a casa e apostamos em
quem você seria.
— Sophie... — parei por um minuto pensando se seria adequado dizer
o sobrenome de Patrick ou não. — Só Sophie. — falei por fim estendendo
minha mão para ele.
— É um prazer te conhecer só Sophie! Sou Luke. — ele me deu um
sorriso fácil. — É minha vez de sair agora, mas quando eu voltar espero te
encontrar por aqui.
O homem me deu uma olhada dos pés a cabeça enquanto passava por
mim, não havia nenhuma sutileza no olhar que ele direcionou ao meu corpo
e Alejandro riu ao meu lado quando o amigo finalmente saiu.
— O que foi isso? — questionei ainda olhando o caminho que o
amigo dele tinha acabado de fazer.
— Só é difícil não olhar para você. — franzi minha testa com o
comentário dele, sim, eu era bonita, mas eles estavam começando a
exagerar. — Você ainda não tem noção da sua beleza, não é mesmo?
Ele entrou no banheiro e deixou a porta entre aberta, me virei de
costas para lhe dar privacidade, mesmo que ele estivesse deixando claro que
não se importava em ser espionado.
Acho que o filho de Rosa tinha um sério problema em ser descarado
de mais, sempre achei que ela era transparente, mas agora estava
começando a pensar que era um problema de família.
— Eu sei que sou bonita Alejandro, mas vocês dois também são, isso
não é uma coisa tão extraordinária assim.
Ele abriu a porta e parou na minha frente, respirei fundo absorvendo a
imagem dele vestido com um macacão de mecânico, Alejandro embolou a
parte de cima no quadril e agora amarrava as mangas ali, deixando todo o
torso nu.
Agora não era apenas os braços a mostra, o peitoral definido, assim
como o abdômen sarado, estavam ali sendo praticamente esfregados na
minha cara. Por que diabos ele ia trabalhar vestido assim?
— Então você me acha bonito? — a voz dele me fez perceber que
talvez eu tenha ficado tempo de mais encarando seu corpo.
— Não foi para isso que vim até aqui. Você ia me falar sobre o que
pensava da minha situação. — o lembrei, desviando do assunto assim como
desviei os olhos do corpo dele.
— Sim, vamos falar do seu marido babaca. — quase me virei para
retrucar, mas Alejandro estava só me provocando querendo que eu voltasse
meus olhos para ele, pois ele não tinha chamado Patrick assim enquanto eu
contava as coisas. — Você passou anos trancada com seu tio abusivo, em
uma casa sem amor e acabou sendo obrigada a casar com alguém que nunca
viu, e agora você acha que está apaixonada por ele, mas nunca teve tempo
de conhecer outras pessoas.
— Então você acha que se eu saísse por aí e conhecesse outros caras,
isso me faria deixar de amá-lo? Acho que não faz sentido. — me virei para
ele com o pensamento correndo em minha mente. — Patrick pode não ser o
homem mais fácil de lidar e sim, ele me magoou, mas isso não me fez
gostar menos dele.
Eu não sabia como eu lidaria com isso, estava tentando descobrir
longe dele, mas não era me enfiando na cama com outro que eu iria
descobrir o que fazer.
— Ainda sim você não sabe se vai voltar para ele, mesmo gostando
dele você está incerta se vai perdoá-lo ou não. — Alejandro deu um passo
em minha direção enquanto eu continuava pesando suas palavras. — Não
estou dizendo que você deve se envolver com outra pessoa. Mas já pensou
se estivessem no mundo aqui fora cercada de outros caras que pudessem te
dar mais do que ele deu? Te oferecer mais do que alguns orgasmos e
dinheiro. — eu ergui meu olhar vendo ele perigosamente perto de mim, dei
um passo para trás tentando me afastar dele, mas minha bunda bateu contra
o elevador de carros. — Alguém que te oferecesse atenção, carinho, um
homem de verdade que entregasse, não tivesse medo de te amar.
Minha respiração ficou descompassada no momento que a mão dele
tocou meu quadril, meu corpo se esquentou e eu nem tinha como negar isso
quando minhas bochechas deveriam estar vermelhas.
— O que você está...
— Mostrando que você tem outras opções. — ele sussurrou chegando
ainda mais perto, a outra mão dele se ergueu e ele enrolou uma mecha do
meu cabelo a prendendo atrás da minha orelha e acariciando
provocativamente minha pele. — Uma pequena amostra de como poderia
ter sido se não tivessem te jogado no colo dele.
Minha respiração ficou presa na garganta quando ele se curvou e tudo
o que eu conseguia focar eram aqueles olhos penetrantes e sedutores.
Merda, ele ia me beija e eu nem queria resistir! Fechei meus olhos e sua
mão segurou minha nuca com mais firmeza, fazendo meu corpo todo entrar
em combustão.
— Boa tarde! — a voz grossa invadiu a oficina nos afastando no
mesmo instante.
Alejandro deu apenas um passo para olhar para o homem, mas foi o
suficiente para eu sair de perto dele.
Como uma covarde, eu atravessei a rua enquanto eles conversavam,
entrei no portão de Rosa e quando me virei para fechar vi que os olhos dele
estavam em mim. Alejandro me encarava com os olhos semicerrados, como
se estivesse me chamando de fujona, enquanto isso ouvia o homem falar
sobre a moto.
Deus, ele era mesmo um problema como Rosa tinha me dito anos
atrás ou era apenas o meu estado perdido que estava me deixando tão
vulnerável e fácil de ser seduzida.
Mas não pude impedir que uma pontinha de incerteza crescesse em
meu coração. Eu me apaixonaria por Patrick se não estivéssemos
confinados dentro daquela casa?
Eu não podia acreditar no que estava vendo! Aquele filho da puta
estava tocando ela, tocando a minha Sophie! Porra, eu ia matar o
desgraçado!
— Antes que você quebre a tela do computador, volta tudo e escuta a
conversa deles. — a voz de Cris soou no alto-falante do celular.
Ele tinha me mandado imagens da câmera de segurança da oficina, e
graças a Deus meu amigo tinha sido rápido em rackear o sistema e me
mandar aquilo. Cris mandou os minutos exatos quando Sophie e o stripper
entraram na oficina e a cada segundo de vídeo meu sangue ferveu ainda
mais.
— Eu não quero saber que porra eles conversaram, o que me importa
é ele tocando nela!
— Bem, se você escutasse, entenderia o que tem que fazer para
reconquistá-la. — ele falou de forma condescendente. — Ou talvez apenas
deixe esse cara te chamar de babaca na frente da sua esposa e diga a ela o
quanto ele pode ser melhor que você.
Trinquei meu maxilar com tanta força que meus dentes rangeram
batendo um contra o outro. Tinha ficado tão absorto com a cena dele tão
perto dela, a encurralando em um canto e a tocando, que nem pensei em
aumentar o som.
Apertei a tecla dando voz a cena e voltei desde o começo. O outro
homem cumprimentou Sophie e devorou com os olhos como um maldito
pervertido, minha mulher estava cercada de tarados, só podia ser isso ou
alguma piada.
— Só é difícil não olhar para você. Você ainda não tem noção da sua
beleza, não é mesmo?
O prostituto falou e meu sangue ferveu. Sim, ela não sabia o quanto
era linda, mas não cabia a ele dizer isso a ela!
— Eu sei que sou bonita Alejandro, mas vocês dois também são, isso
não é uma coisa tão extraordinária assim.
Ela era extraordinária e nada para o bico daqueles dois, Sophie
merecia o mundo e não dois safados que não podem colocar os olhos na
mulher alheia que já estão babando como dois cachorros.
Aquele merdinha assanhado, não bastava a cercar e falar idiotices,
ainda saiu do banheiro pelado. E minha mulher não conseguiu se manter
indiferente a ele. O cara ganhava a vida tirando a roupa para mulheres, é
claro que eu não deveria esperar menos dele, ia tentar atraí-la com aquele
jogo sujo.
— Então você me acha bonito?
— Não foi para isso que vim até aqui. Você ia me falar sobre o que
pensava da minha situação.
Rosnei com a aproximação dele e intimidade que ele achava ter com
ela. Por Deus, ela tinha saído daqui por um único dia!
— Sim, vamos falar do seu marido babaca. — desgraçado de merda,
eu gritei dentro do meu escritório, enquanto minha vontade era dizer isso
direto na cara dele. — Você passou anos trancada com seu tio abusivo, em
uma casa sem amor e acabou sendo obrigada a casar com alguém que nunca
viu, e agora você acha que está apaixonada por ele, mas nunca teve tempo
de conhecer outras pessoas.
Ela não precisava de tempo para mais nada! Eu daria tudo o que ela
precisasse, ensinaria tudo o que ela quisesse, Sophie não estava em uma
prisão.
Mas foi a parte de estar apaixonada que atiçou meu peito. Ela estava
apaixonada por mim?
— Então você acha que se eu saísse por aí e conhecesse outros caras,
isso me faria deixar de amá-lo? Acho que não faz sentido. Patrick pode não
ser o homem mais fácil de lidar e sim, ele me magoou, mas isso não me fez
gostar menos dele.
Porra! Não acredito nas palavras dela, não podia ser verdade! Joguei
o celular sobre a mesa e pausei a cena vendo toda a sinceridade no olhar
dela. Como ela podia ter se apaixonado por mim em tão pouco tempo? Me
amar? O que ela tinha na cabeça?
Mas é claro que ela achava que me amava, Sophie não conhecia do
mundo e ainda tinha aquela ideia tola sobre amor fixada na cabeça. Até
mesmo eu demorei para entender que essa coisa de amor não existe,
precisei sofrer na vida para entender que amor era apenas uma invenção das
pessoas para se sentirem mais de felizes e para justificar duas idiotices.
— Ela te ama amigo! — Cris exclamou me trazendo de volta. —
Mesmo com toda a sua estupidez, você fez algo certo que conquistou o
coração dela.
— Não venha com essa ladainha, sabe bem que não acredito mais
nessas besteiras! — o interrompi voltando para o vídeo.
— Ainda sim você não sabe se vai voltar para ele, mesmo gostando
dele você está incerta se vai perdoá-lo ou não. Não estou dizendo que você
deve se envolver com outra pessoa. Mas já pensou se estivessem no mundo
aqui fora cercada de outros caras que pudessem te dar mais do que ele deu?
Te oferecer mais do que alguns orgasmos e dinheiro. Alguém que te
oferecesse atenção, carinho, um homem de verdade que entregasse, não
tivesse medo de te amar.
— Olha a audácia desse filho da puta! Eu vou rasgar a cara dele e
enfiar aquelas ferramentas na bunda dele, para que ele aprenda a se manter
longe da mulher dos outros! — me levantei, não aguentando ficar sentado
parado assistindo e ouvindo aquela merda toda. — Quem ele pensa que é
para falar assim com ela? Para sonhar que pode oferecer mais a Sophie do
que eu?
— O que você está...
— Mostrando que você tem outras opções. Uma pequena amostra de
como poderia ter sido se não tivessem te jogado no colo dele.
— Boa tarde! — foi Jason que entrou na hora interrompendo o
momento, antes que o desgraçado colocasse aquela boca imunda na minha
mulher.
— Me dê o endereço agora, vou buscá-la agora mesmo! — afirmei e
ouvi os xingamentos de Cris do outro lado da linha. — Ande logo, ou eu
arrumo de outro jeito!
— Você se escuta? Não está prestando atenção em nada do que está
acontecendo aqui! O cara que está louco para se enfiar no meio das pernas
dela está dizendo para ela que pode oferecer amor! AMOR Patrick, essa
coisa que você disse que não existe! É isso que você não pode oferecer a ela
e ele sim! — Cris gritou, mas eu não me importei, sai do escritório e
comecei a descer a passos largos já buscando por John. — Se você não
pode amá-la, deixa a ir, porque é exatamente isso o que ela quer: ser amada!
— Ela não sabe o que quer! — gritei do outro lado da linha,
chamando a atenção da minha mãe e de John que estavam no jardim. — Ela
está magoada e confusa, não está pensando direito e aquele merda está se
aproveitando disso!
Houve um minuto de silêncio, enquanto isso eu arrastei John direto
para o carro, ignorando os olhares de todos a nossa volta.
— Sophie disse a ele com todas as letras que te ama e por isso ainda
não sabe o que vai fazer após você ter colocado um par de chifres na cabeça
dela. — ele falou me lembrando das palavras dela. — Você pode até não
acreditar no amor, mas é a crença nele que a está impedindo de dar um
chute na sua bunda de merda. Continue assim, continue a negar que a ama e
agir como um ogro das cavernas para ver se ela vai voltar para você! Cada
ação sua a joga para os braços do mecânico e eu só posso lamentar que não
é para os meus braços que você a está empurrando.
— Seu filho...
— O endereço está no e-mail babaca, faça bom proveito e coloque um
ponto final no seu casamento!
Cria desligou me fazendo desejar que ele estivesse aqui, só para que
eu pudesse acertar mais socos naquela cara. O babaca tinha que parar de
achar que eu ouviria seus conselhos, ele nem mesmo tinha uma vida
amorosa, só pulava de cama em cama e vivia mais enfiado na LUST do que
eu, Cris não tinha nenhuma moral para dar conselhos sobre
relacionamentos.
Dei o endereço a John e me remexi no caminho até lá, só quando
avistei a casa e do outro lado da rua a oficina foi que sosseguei. Estava na
hora de levar ela de volta para casa e por um fim em toda essa bobagem.
Desci do carro, mas ao invés de ir direto para a casa chamar por ela
eu marchei até a oficina. Antes de ir era bom dar uma lição naquele tarado
de merda, entrei no lugar pequeno buscando por ele, mas foi a risada dela
que me fez ver vermelho.
Sem pensar em nada nem no que iria encontrar, eu abri uma das
portas do fundo dando de cara com Sophie e o desgraçado ali.
— Patrick? — ela perguntou surpresa, quase como se não acreditasse
que eu estava ali. — O que... o que está fazendo aqui?
Eu tinha entrado e tentado ajudar Rosa, manter minha cabeça ocupada
me livraria de pensar em Patrick ou no que quase tinha acontecido na
oficina.
Depois que terminamos tudo, Rosa fez meu bolo favorito e me
mandou para fora da cozinha, ela insistiu que eu precisava descansar um
pouco.
Ela me colocou no quarto do filho, o que insisti que não precisava,
podia muito bem ficar no sofá, mas ela não me ouviu, apenas me obrigou a
entrar ali e descansar. Eu tomei um banho e voltei para o quarto tentando
não pensar em como minha vida estava uma bagunça.
Há um mês eu ainda sonhava com o dia de completar vinte e um anos
e me ver livre do meu tio, podendo tomar minhas decisões e fazer minha
vida. Mas eu me casei com Patrick, me mudei para uma mansão na
montanha gelada e tanta aconteceu de lá para cá.
Fiquei bêbada pela primeira vez, me perdi em uma floresta, me
apaixonei, perdi a virgindade e fui traída. Agora estava ali sem saber se
colocava um ponto final no nosso casamento tão recente ou se dava uma
chance dele mostrar que estava arrependido.
E aparentemente agora eu também tinha que lidar com Alejandro por
perto, o homem quente que estava me deixando ainda mais confusa.
Me movi até a janela e avistei a oficina, Alejandro estava com a
cabeça enfiada no capô de um carro e a única coisa que eu conseguia ver
eram suas costas bronzeadas e o macacão se apertando no quadril e
marcando sua bunda.
Ele era um homem lindo e sensual, o pior mesmo era que ele sabia o
efeito que sua beleza tinha sobre as pessoas e não tinha medo de usar.
Me joguei na cama pensando em como seria o rosto de Patrick, eu já
tinha visto seu corpo nu por inteiro, mas seu rosto não, só tive a chance de
ver metade, ele nunca me mostrou suas marcas, aquilo que ele esconde de
todos, mesmo nas nossas semanas na ilha ele nunca vacilou e deixou que
nada aparecesse.
Isso me fazia sentir ainda pior, ele não tinha me contado nada sobre
seu passado, sobre sua vida, mesmo que eu tivesse perguntado como tinha
sido sua vida, quando criança e jovem, quais lugares ele tinha viajado e que
cursos ele já tinha feito. Ele respondeu a todas com facilidade e sorrindo,
mas não me contou nada sobre sua mulher, ou sobre os traumas que tinha.
O que deixava claro mais uma vez que eu era a única de coração
aberto ali, a única disposta a tornar nossa relação verdadeira.
Alejandro se virou olhando para a casa e como uma fujona eu me
escondi atrás da cortina, ele secou o rosto com a mão e continuou
encarando a janela. Ele era realmente lindo, mas eu sabia que essa atração
que eu estava sentindo não era apenas sobre beleza, mas sobre quem ele era
também.
— Ai meu Deus! — exclamei assustada e levei as mãos a boca me
dando conta do que tinha acabado de pensar. — Isso não pode acontecer!
Eu não posso estar atraída por ele!
Sai de perto daquela janela e me joguei na cama, talvez um cochilo ia
ajudar, depois de toda a loucura que foi aquele dia. Mas tudo o que fiz foi
me virar na cama, rodando nos lençóis que só cheiravam ao perfume de
Alejandro.
Me obriguei a pensar em Patrick e no que ele estaria fazendo agora,
se estaria sentindo minha falta ou quem sabe até pensando em como fazer
para que eu o perdoasse. Mas meus pensamentos voltaram para o que
Alejandro disse, eu realmente nunca tinha estado perto de outro homem, os
únicos com quem passei mais tempo era meu tio e o filho escroto dele e
nenhum dos dois prestava ou me despertou mais do que ódio.
Como eu podia saber que o que eu sentia por Patrick era amor? Eu
podia estar apenas reagindo à ideia de estar presa com ele, ou estava tão
encantada por ele se preocupar em resolver meus problemas que confundi
as coisas?
— Merda, como diabos eu ia descobrir isso? — afundei meu rosto
contra o travesseiro e o cheiro de Alejandro preencheu meus pulmões ainda
mais. — Acho que sei o que fazer!
Joguei o lençol para o lado e sai do quarto determinada a beijá-lo, se
eu não estava mesmo apaixonada por Patrick, tudo isso resolveria, ou ao
menos uma das minhas dúvidas, se eu descobrisse que não estava
apaixonada por ele, não precisaria me preocupar em perdoá-lo e dar mais
uma chance ao nosso casamento, mas se eu estivesse mesmo apaixonada
por Patrick minha confusão só ficaria ainda maior.
— Filha, para onde está indo? Pensei que você estava dormindo. — a
voz de Rosa me fez parar com o pé na porta. — Estava indo na oficina levar
um pedaço de bolo, mas já que vai lá você pode fazer isso.
Eu olhei para ela me perguntando como ela sabia, mas Rosa me
conhecia bem de mais, além de que não faria sentido eu sair correndo da
sua casa desse jeito sem conhecer nada aqui.
Peguei a vasilha da sua mão e sem dizer nada corri para fora,
precisava beijar Alejandro logo antes que desistisse dessa ideia maluca.
Do outro lado da rua eu o avistei, ainda estava mexendo no mesmo
carro, mas antes mesmo que eu chegasse ele ergueu o rosto me encarando.
Respirei fundo tomando coragem, mas olhar aqueles olhos
penetrantes fez meu corpo todo tremer e eu desviei, entrando na oficina e
indo direto para a sala que estava aberta.
Coloquei o bolo sobre a mesinha que tinha ali no mesmo instante que
ouvi as botas dele baterem contra o piso.
— Estou tendo a impressão que você está fugindo de mim. —
Alejandro murmurou me fazendo notar o quanto ele estava perto.
Eu não ia fugir, tinha que parar de ser uma garotinha medrosa! Me
virei rápido, ficando na ponta dos pés e grudando minha boca na dele.
Suguei seu lábio carnudo querendo que ele abrisse a boca e me desse
passagem, Alejandro parecia um tanto surpreso com o meu ataque, mas isso
só durou um segundo antes que ele colocasse as mãos grandes em minha
cintura, me puxando ainda mais para perto.
Seus lábios se abriram e nossas línguas se enroscaram com desespero,
quase como dois amantes que não se viam matando a saudade. Subi meus
dedos pelos braços fortes, sentindo a quentura de sua pele contra minha
mão até que alcancei sua nuca, puxei sua cabeça com ainda mais firmeza
sentido a maciez dos cabelos curtos.
Alejandro prendeu meu lábio com os dentes me arrancando um
gemido baixo e isso deve ter servido como combustível para ele, porque no
mesmo instante suas mãos agarraram minha bunda com força e me
colocaram sentada na mesa.
— Você estava errado, — eu murmurei desviando meus lábios para o
pescoço dele, enquanto sugava a pele sem me importar com o suor, porque
tudo nele parecia sexy. — Eu não estava fugindo.
Eu mordisquei sua orelha e ele estremeceu contra mim.
— Mas você também não sabe o que quer. — ele afastou o rosto o
suficiente para olhar em meus olhos. — Você não sabe se gosta dele, não é?
E está querendo tirar a prova comigo?
Engoli em seco sabendo que aquela era exatamente a verdade, mas
que quando saia da boca dele daquele jeito fazia parecer que eu o estava
usando e apenas isso.
— Eu... Tudo está confuso na minha cabeça e eu não sei mais o que é
real ou não.
Ao invés de me mandar sair dali, ele deu risada e puxou uma cadeira
se sentando de frente a mesa e me fazendo sentir falta de seu corpo contra o
meu.
Ele abriu o bote e pegou um pedaço de bolo, parecendo tão
despreocupado que chegava a dar inveja, já que na minha cabeça passava
um furacão de pensamentos.
— Eu estaria mais do que feliz em mostrar que você não gosta dele,
mas não quero que se machuque. Você está confusa e não só em relação a
ele, não posso me aproveitar disso e bagunçar ainda mais sua mente, em
especial porque minha mãe me mataria.
Nós dois sorrimos sabendo que era verdade, Rosa acabaria com a raça
dele se soubesse que ele me machucou.
— Não vai ficar com raiva de mim devido ao beijo? — perguntei e
ele gargalhou ainda mais alto.
— Você é mesmo uma coisa de outro mundo. Porque um beijo seu me
deixaria com raiva? — eu dei de ombros e ele se inclinou para frente
pegando mais um pedaço do bolo de limão que eu amava. — Eu vou te
contar o que eu fazia para ganhar a vida e você vai cair para trás.
Quando ele contou eu realmente não acreditei, precisei ver com meus
próprios olhos e depois de insistir muito Alejandro me mostrou alguns
vídeos que tinha no celular.
Eu estava gargalhando e dizendo como a mãe dele ficaria chocada se
visse aquilo, meus pés descansando no colo dele, que continuava sentado a
minha frente. Foi nesse exato momento que a porta se abriu e eu dei de cara
com Patrick Carter.
Meu coração disparou no mesmo instante, eu senti um friozinho no
estômago e parecia até mesmo que eu ia desmaiar sem ar só por vê-lo ali
depois de ter deixado sua casa.
— Patrick? — o nome dele saiu dos meus lábios em uma lufada de ar
e eu tive que respirar fundo para conseguir dizer o resto. — O que... o que
está fazendo aqui? — perguntei aos tropeços.
Uma parte de mim torceu para que ele tivesse vindo pedir perdão e
implorar para que eu voltasse, mesmo que eu não fosse ceder fácil eu queria
que ele fizesse, porque o fato dele implorar por mim mostrava que se
importava comigo.
— Eu vim aqui porque nós precisamos conversar! — a voz grossa e
potente atravessou a sala acertando meu peito em cheio e eu pulei da mesa
sem nem me importar, ansiosa para ouvir ele dizer que me queria, que
precisava de mim. — É sobre os negócios da sua família, surgiram mais
coisas na investigação e você precisa decidir o que quer fazer daqui em
diante.
E foi assim, um balde de água fria, em um segundo eu estava no topo
da torre Eiffel e no outro estava no fundo do poço. Eu não consegui
esconder meu desapontamento, mas se ele notou algo, não disse nada e isso
só serviu para me irritar ainda mais.
Porque Alejandro levantou no exato segundo que meu sorriso morreu
e envolveu meus ombros com um braço antes de estender a mão para
Patrick e se apresentar.
— Alejandro Fontes, amigo da Sophie. — ele disse me apertando
ainda mais contra o corpo e fazendo Patrick bufar e trincar os dentes com
ainda mais força.
— Eu vim aqui porque nós precisamos conversar! — eu menti, tinha
ido ali para levá-la de volta, mas olhando para a cena na minha frente, não
podia arrancá-la dali. — É sobre os negócios da sua família, surgiram mais
coisas na investigação e você precisa decidir o que quer fazer daqui em
diante.
Joguei a primeira coisa que veio a cabeça, porque vê-la ali tão a
vontade com aquele homem que conheceu recentemente acabou comigo.
Sophie parecia uma menina feliz e tranquila, com os pés no colo dele,
enquanto estava sentada na mesa, com um celular na mão e sorrindo de algo
que ele disse.
Porra, aquilo fez o incomodo no meu peito voltar e o gosto amargo na
boca. Como se eu estivesse vendo um casal apaixonado bem na minha
frente e eu fosse o único filho da puta que não tinha ninguém.
Mas não era essa a realidade, Sophie era minha mulher e nada
daquele merdinha ali. Porém, o fato dos papéis parecerem invertidos me
dizia que eu estava fazendo muita coisa errada com ela. Eu encarei ela com
o incômodo estampado no rosto, tão diferente de segundos atrás, então as
palavras do meu pai e Cris voltaram a minha mente com força total.
— Alejandro Fontes, amigo da Sophie. — o babaca disse se
levantando e estendendo a mão para mim, enquanto abraçava minha
mulher.
Porra de amigo, ele nem sequer a conhecia! Meu ódio por ele só
aumentava a cada segundo e eu só queria socar aquela cara até arrancar o
sorriso presunçoso dele
— Patrick Carter, marido da Sophia! — afirmei dando mais
entonação a palavra marido e apertando sua mão com mais força que o
necessário.
— Sophie me falou sobre você. — ele me encarou profundamente,
analisando a máscara que cobria meu rosto, me lembrando do meu rosto
fodido.
— Engraçado, ela não me falou nada de você. — soltei a mão dele e
me virei para Sophie. — Podemos ir querida?
Ela olhou de mim para ela, parecendo confusa ou estava apenas
estranhando minha fala, mas logo ela deslizou a mão delicada sobre a
minha, me deixando levá-la para fora dali.
— Podem conversar lá em casa. — a voz do verme soou atrás de nós
e ela parou no caminho parecendo pensativa. — Afinal, é onde Sophie está
morando agora.
Me virei sentindo meu sangue ferver e meu punho se fechou pronto
para acabar com a raça dele, mas Sophie escolheu esse minuto para abrir a
boca.
— Tem razão e eu quero que conheça Rosa, vai ser perfeito! — e com
toda animação que ela colocou nas palavras eu não podia mais uma vez
estragar nada ou negar qualquer coisa para ela.
Deixei que ela me guiasse para dentro da pequena casa, o cheio de
bolo invadia o lugar e Sophie abriu um sorriso enorme enquanto chamava a
mulher, os olhos dela estava tão iluminado de uma forma que eu nunca
tinha visto. Ela apertou minha mão com mais força quando a senhora surgiu
na porta da sala.
— Oi filha... Oh não me diga que esse é o seu marido? — ela
perguntou me analisando da cabeça aos pés, mas diferente de como a
maioria das pessoas fazia, não ficou encarando minha máscara com
estranhamento, ao invés disso ela sorriu para mim enquanto se aproximava.
— É sim, Rosa, esse é o Patrick. — ela olhou para mim parecendo
uma adolescente que apresenta o primeiro namorado aos pais e aquilo
mexeu comigo de uma forma que eu não esperava. — E essa é a mulher que
falei tanto sobre.
Inferno, o que Sophie estava fazendo comigo? Não lembro quando eu
tinha sentido algo assim, na verdade, acho que... Nunca me senti assim.
— É um prazer conhecer a senhora, não teve um só dia na nossa
viagem que Sophie não tenha falado sobre a senhora.
A mulher gargalhou e me deu um tapinha no ombro, antes de grudar o
braço no meu e me puxar para a cozinha. Aquilo me surpreendeu e, ao
mesmo tempo, me mostrou de onde Sophie tinha tirado toda o bom humor
apesar de viver em um inferno.
— Deixe esse negócio de senhora para lá, me chame de Rosa. — ela
não esperou que eu respondesse antes de me empurrar na primeira cadeira.
— E por que não avisou que vinha?
— Patrick me pegou de surpresa, veio aqui porque quer conversar
sobre algo da minha família. — Sophie respondeu por mim já se sentando
ao meu lado.
— Ahh sim, mas eu aposto que também veio porque já estava com
saudade da nossa menina, não é? — a senhora colocou um bolo na mesa
enquanto me olhava como se esperasse uma resposta de mim. — É o bolo
favorito da Sophie! — ela disse mais dura quando viu que eu não respondi
sobre estar com saudade.
A verdade é que eu não queria fazer com que Sophie achasse que não
tinha liberdade. Por mais que eu a quisesse comigo, não queria prendê-la e
aquele stripper babaca já tinha dito que ela tinha sido jogada em meu colo
sem ter opção. Bem, isso eu não podia mudar mais, mas podia tirar essa
ideia da cabeça de Sophie.
Se ela podia se sentir confortável e livre com esse merdinha, então era
minha vez de mostrar que podia ser igual para ela, na verdade, mostrar que
eu era melhor e que ela não se arrependeria por estar comigo.
— Pode dizer Patrick, o que Suzie descobriu? — Sophie perguntou
me servindo um pedaço de bolo e me olhando com expectativa.
Desviei meus olhos para a senhora em pé ao nosso lado, estava
prestes a pedir privacidade, mas se Sophie confiava nela, era melhor eu
começar a demonstrar a mesma confiança.
— A empresa dos seus pais é acusada de cometer várias fraudes...
— Meu pai não era ladrão! — ela bradou me interrompendo e
parecendo realmente pronta para brigar pela inocência do pai, era bom que
pensasse assim, porque brigar era exatamente o que faríamos.
— Não, ele não era! Em nenhum dos anos em que a empresa esteve
na mão do seu pai isso aconteceu. — falei a tranquilizando. — Mas depois
que seu pai se foi e a empresa ficou sobre a direção do seu tio, foi quando
começou a desandar. As fraudes vieram a tona e a culpa recaiu em seu pai
porque as datas dos relatórios foram alteradas e os balanços foram
alterados. Seu tio fez tudo para ficar claro que havia sido seu pai.
— Aquele desgraçado! — Sophie se ergueu e gritou batendo as mãos
na parede com tanta fúria que tive medo que ela se machucasse.
Me levantei indo abraçá-la e cuidar para que não machucasse as
mãos, mas Rosa me parou segurando meu braço.
Ela precisa disso. — a senhorinha sussurrou chamando minha
atenção. — Sophie ouviu por anos que os pais eram ladrões, que a tinham
abandonado e estavam fugindo quando morreram, por várias vezes ela
retrucou os tios e o primo com esse assunto e em muitas foi punida. Ela
precisa colocar isso para fora.
Meu peito doeu ainda mais por minha menina, tinha sofrido tanto nas
mãos daquele tio de merda e só ia sofrer mais enquanto os enfrentava no
tribunal e na investigação da morte dos pais dela.
Minha doce Sophie não tinha um minuto de sossego na vida e agora
eu também estava causando dor e mágoa a ela.
— Eu nunca pensei que poderia odiá-lo ainda mais! Aquele verme
sempre acusando meu pai, enquanto ele era o verdadeiro culpado! — ela
praticamente gritou quando se voltou para nós.
— E tem mais So. — murmurei, não tinha ido até ali por isso, mas
agora que tinha começado a contar, não ia parar na metade e deixar para
outro dia, só para vê-la sofrer de novo. — Ele limpou as contas dos seus
pais e a poupança que seus pais fizeram para você. Quando meus pais
falaram do casamento, eles cresceram o olho com a ideia de ganhar mais
um milhão as suas custas e colocaram tudo em uma conta no exterior.
— Eles o que... — os olhos dela se encheram de lágrimas e eu vi o
corpo dela vacilar, oscilando para frente, eu a segurei antes que caísse e me
sentei com ela em meu colo, mantendo seu corpo junto ao meu.
— Mas daqui a um ano Sophie ia finalmente poder assumir tudo. —
Rosa falou me lembrando de sua presença. — O que ela ganharia?
— As dívidas da família, a empresa quebrada e cheia de processos. A
casa de seus pais e mais alguns bens deles estão em seu nome, mas seriam
confiscados para pagamento dos processos. — Sophie explodiu em
lágrimas no meu colo e meu primeiro instinto foi beijar seus cabelos e tocar
seu rosto limpando as lágrimas. — Eu sinto muito amor. — murmurei
acariciando o rosto dela e a naturalidade com que as palavras saíram da
minha boca me chocaram.
Porra, eu estava fodido! O que estava acontecendo comigo? Que
merda toda era aquela? Eu não sabia as respostas para aquilo, mas não
queria deixar ela ir. Ela envolveu os braços em volta do meu pescoço e
afundou o rosto contra meu peito, chorando ali.
Não sei por quanto tempo ficamos ali, eu acalentando ela até que seus
soluços passassem. Mesmo que odiasse a situação, amei a sensação de tê-la
em meus braços.
Quando Sophie estava preparada, ela olhou para cima e me olhou
soltando um longo suspiro. Os dedos de ergueram com tanta rapidez que eu
não pude prever o que ela faria, até que seus dedos estavam em meu rosto,
me segurando firme.
Mas ao invés de me beijar, Sophie traçou o contorno da minha
máscara e me fazendo trancar a respiração na garganta. Ela deslizou os
dedos pela borda que dividia meu rosto e envolvia o restante do rosto,
enfiou os dedos em meus cabelos acariciando provocativamente, antes de
voltar para a máscara.
Os lábios dela pousaram sobre os meus e meus olhos se fecharam
involuntariamente. Porra, parecia que eu não a beijava há mil anos! Afundei
os dedos em seu quadril puxando ela ainda mais para mim enquanto
devorava seus lábios com voracidade, Sophie sugou minha língua me
arrancando um gemido.
— Me deixa te ver. — ela sussurrou contra meus lábios, meu corpo
todo endureceu quando os dedos dela seguraram a máscara e eu entendi o
que ela queria dizer quando um pedaço descobriu meu rosto.
Segurei seu pulso com tanta rapidez que ela se assustou e eu a afastei,
me levantando. Meu coração disparava com o turbilhão que passava dentro
de mim, em um minuto excitado com seus beijos e no outro em pânico com
a mera ideia de que ela visse meu rosto.
— Precisamos conversar sobre o que você quer fazer em relação ao
processo contra o seu tio... — eu murmurei depois de pigarrear e enquanto
arrumava minha máscara, apertando ainda mais contra o rosto.
— Pare de fugir de mim! — ela gritou e suas mãos agarraram meu
braço e ela me puxou para que virasse para ela.
— Por Deus, Sophie, o que você quer de mim? — perguntei,
deixando que minha voz saísse mais perturbadora, assim como eu me sentia
naquele momento.
Ela me lançou um olhar decepcionado, os olhos grandes perdendo
todo o brilho em segundos. Merda, eu quis tirar a máscara e deixar que ela
visse o homem quebrado que eu escondia do mundo, mas não queria correr
o risco que ela corresse de mim, não queria que essa merda do meu passado
a jogasse ainda mais nos braços do stripper perfeito.
— Nada, só vá embora. — foi a resposta dela e eu vi o queixo
perfeito estremecer enquanto ela piscava rapidamente para afastar as
lágrimas.
— O que você quer dizer? — ela tinha acabado de me beijar e agora
estava me mandando embora? Não ia voltar comigo para nossa casa?
— Só vá embora, saia da minha frente e me deixe em paz! — ela
gritou antes de colocar as duas mãos em meu peito e me empurrar. — Vá
embora e não volte até eu dizer que quero conversar com você, não quero
ver sua cara antes disso Patrick! — ela me dava um empurrão a cada nova
frase e eu só aguentei calada. — Estou cansada dos seus estouros de raiva,
dos seus gritos e ordens! Não vou ficar casada com uma versão mais nova
do meu tio.
Aquilo me acertou pior do que o empurrão. Porra eu nunca ia acertar
com ela?
— Vou te dar o que você quer, Sophie! — afirmei confiante e sai de lá
sabendo que quando ela quisesse conversar eu ia estar preparado para me
abrir com ela e dar tudo o que ela quisesse, tudo o que Sophie sonhava em
um relacionamento, ia ser a porra do marido perfeito e garantir que nunca
veria aquele olhar em seu rosto novamente.
"Vou te dar o que você quer Sophie!" Foi o que ele falou e as palavras
se repetiam em minha mente, eu o mandei embora e foi exatamente o que
ele fez. Patrick não ficou comigo e se abriu, não se negou a ir e me obrigou
a ouvir sobre o quanto gostava de mim e me queria. Ele não fez nada disso,
apenas me deu o que eu queria saindo dali.
— Você está bem? — ouvi a voz de Alejandro na porta do quarto. —
Minha mãe disse que você se trancou aqui depois que ele foi embora.
Eu não estava querendo papo, nem mesmo ver ninguém, só queria
ficar sozinha um pouco. Sentia como se minha cabeça estivesse ainda pior,
a confusão não tinha se resolvido e ter ido até a oficina aquela hora só fez
aumentar minhas dúvidas e inseguranças.
— Não estou no clima para conversar. — resmunguei torcendo para
que ele entendessem e me deixasse em paz.
— Estou achando que é mais do que isso. — ele retrucou escorando o
corpo na porta, mostrando que não cederia tão fácil. — O que ele falou foi
tão grave assim? Vi como ele saiu daqui totalmente transtornado, olhando
para trás até entrar no carro. Ele parecia preocupado com algo.
Não era o porquê Alejandro estava ali falando aquilo ao invés me
deixar em paz, eu não queria saber como Patrick tinha saído dali, ele ter ido
embora daquele jeito era a razão de eu estar enfiada naquela cama, me
corroendo.
— Só esqueça isso e me deixe dormir. — falei mentindo me virando
de costas para ele, pois era claro que eu não ia dormir.
— Se não quer conversar, tudo bem, podemos falar disso outra hora.
Só não pense que não vou falar sobre isso depois, vou querer saber o que te
deixou assim.
Bufei socando o travesseiro para não socar a cara de ninguém. Ele
não ia mesmo me deixar em paz, então me virei para ele e contei metade do
problema.
— Patrick está investigando as fraudes de que meu pai foi acusado,
mas descobriu que foi tudo coisa do meu tio, ele incriminou meu pai com
toda essa merda e deixou uma empresa falida para mim. — Patrick pareceu
ainda mais chocado e entrou no quarto querendo ouvir mais. — Era isso o
que eu iria herdar no próximo ano, dividas e processos.
— Sinto muito pequena.
— E eu tenho quase certeza de que ele tinha muito mais a dizer, mas
depois do meu surto socando a parede ele não disse mais nada...
— Você socou a parede? — ele questionou me interrompendo, mas eu
só ergui a mão em resposta. — Você ficou maluca?
Tinham alguns arranhões nos nós dos dedos e estavam vermelhos de
mais, mas não era nem de longe o pior que eu já tinha passado.
Alejandro alcançou a cama com duas passadas largas e pegou minhas
mãos, analisando os machucados e acariciando meus dedos, mas eu estava
querendo fugir daquela conversa e vê-lo longe dali, só precisava ficar
sozinha.
— Esquece isso, não foi nada de mais e eu só quero dormir e esquecer
que esse dia maluco existiu. — falei arrancando minha mão da dele.
Ele inda ficou ali um minuto me encarando antes de sair me deixando
em paz.
Eu me virei na cama suspirando e lembrando dos olhos castanhos
perturbadores, emoldurados por aquela sobrancelha grossa. Demorei a
pegar no sono enquanto pensava em tudo o que tinha acontecido em tão
pouco tempo, minha vida parecia um furacão sem hora para acabar.
Não foi nenhuma novidade que sonhei com Patrick a noite toda, só
tinha ele na minha mente e foi assim por uma semana inteira. Infelizmente
não tive nenhuma notícia dele, nenhuma mensagem, nem sinal de vida, era
como se ele não existe na minha vida, a não ser pelo incômodo no meu
peito que me lembrava sempre dele.
— Bom dia, filha. — Rosa falou quando eu entrei pela cozinha sem
dizer nada.
Eu vinha estando cansada nessa última semana e meu apetite tinha
sumido, mesmo com todas as coisas gostosas que Rosa fazia eu não me
sentia animada em comer.
— Bom dia, Rosa. Alguma novidade? — eu perguntava sempre isso
na esperança de que Patrick tivesse entrado em contato ou ido até lá.
Afinal, ele tinha me surpreendido da outra vez que chegou aqui, e eu
ainda nem sabia como ele tinha descoberto onde eu tinha ido e como ele
sabia que eu estava na oficina.
Mas também sabia que parte da culpa dele não aparecer era minha, eu
tinha dito para ele ir embora e só voltar quando eu estivesse pronta para
conversar sobre a traição. Agora precisamos conversar sobre bem mais
coisas do que só Patrick com aquela mulher.
— Está distraída de novo, menina. — Rosa me chamou de volta a
realidade colocando uma mão em meu ombro. — Pensando nele de novo,
não é?
— Eu não...
— Nem tente negar, seu rosto muda quando está pensando nele, seus
olhos ficam longe e tem um brilhinho triste neles. Mesmo que eu às vezes
eu ache que você está sonhando com algo bom e divertido acontecendo com
vocês dois.
Merda, ela me conhecia bem demais para eu sequer mentir. Rosa
sabia tudo de mim, ela estava comigo desde meus nove anos, me conhecia
melhor do que qualquer pessoa.
— Eu só queria que ele se abrisse comigo, me falasse do seu passado,
dos seus traumas... Que me deixasse ao menos ver seu rosto, já era um
começo, seria ele dizendo que gosta de mim e que vê como mais do que
uma mulher para ter seus filhos. — confessei depois de todos esses dias em
silêncio, acho que finalmente estava me cansando de toda aquela inércia.
— Então me parece que você já tem uma resolução, você já sabe o
que quer. Ou ele se abre e mostra que se importa ou te deixa ir, não é isso?
— ela simplificou todos os meus sentimentos naquelas poucas palavras, me
surpreendendo com a facilidade dela em resolver tudo. — E por que não
liga para ele?
Olhei para minhas mãos e para o café, a minha frente, me
perguntando o mesmo. Mas antes que eu pudesse encontrar uma resposta,
Alejandro entrou na cozinha, parecendo um furacão desgovernado.
— Que bom que acordou, mocinha. — ele pegou minha mão me
puxando da mesa. — Você vem comigo agora, cansei dessa tristeza toda em
seu rosto!
Ele me arrastou sem esperar que eu respondesse, me puxando para
fora da casa e direto para o seu carro.
— Onde está me levando Ale? Eu ainda estou de pijama, pelo amor
de Deus! — exclamei quando ele me empurrou para dentro do carro.
Por um instante meus olhos desviaram para o outro lado da rua,
enquanto ele dava a volta e tomava o volante, e eu avistei o mesmo homem
que tinha nos interrompido no outro dia, o homem com moto preta e então
me dei conta de que tinha sido o mesmo que seguiu o carro de perto quando
eu chegava até ali.
Quem diabos era esse homem? Ele estava me seguindo? Mas quem
colocaria alguém para me seguir? Meu tio não poderia se importar menos...
Então a minha mente trabalhou rápido me dando a resposta: Patrick! Com
certeza aquele era algum dos homens que trabalhavam para Cris ou alguém
que ele estava pagando para me vigiar.
— Grande cretino! — murmurei vendo a moto nos seguir mesmo de
longe.
Ele tinha coragem de mandar um homem me seguir para saber o que
eu estava fazendo, mas não tinha a coragem de se abrir comigo.
— Eu não sou um cretino, talvez só às vezes e provavelmente você
vai pensar isso de mim depois que eu fizer o que estou planejando.
— O que você está planejando? — o questionei, desconfiada se iria
gostar da resposta.
Mas Alejandro só sorriu em resposta, não demorou para pararmos em
frente ao que parecia uma casa noturna, o nome na fachada dizia XXL, mas
não tinha nenhuma indicação do que teria lá dentro.
O lugar parecia fechado, mas Ale me puxou para o beco ao lado e
tirou um monte de chaves. Ele abriu a porta lateral ali e me arrastou para
dentro da escuridão.
— Já volto, fique exatamente aqui. — ele falou antes de correr me
deixando sozinha.
Meu coração disparou no peito sem saber o que eu iria encontrar ali
dentro, com mil ideias passando pela minha cabeça do que ele estava
aprontando. Eu não queria estragar o momento dele, mas uma tontura
tomou meu corpo me forçando a respirar fundo para não desmaiar.
Uma luz acendeu o lugar bem onde eu estava, me dando a noção de
que estávamos em um palco, a frente tinha várias mesas e cadeiras
espalhadas e quando a música sensual soou nos alto-falantes eu entendi
onde estávamos. Aquela era a antiga boate onde ele costumava dançar e
Deus me ajude, o homem estava caminhando em minha direção com um
olhar diabólico.
— O que está fazendo?
— Dando a você algo a mais para pensar, querida. Agora sente nessa
cadeira e aprecie o show.
Eu me sentei agradecendo por um lugar onde colocar a minha bunda,
enquanto me arrependia por não comer hoje cedo.
Alejandro pulou no palco com um movimento rápido e já caiu com a
pélvis virada para o chão simulando um vai e vem, rebolando aquela bunda
redonda e me surpreendendo com a desenvoltura dele.
Ele girou até parar na minha frente e pegou minha mão deslizando
seus dedos por minha pele. Seus olhos confusos encararam os meus,
provavelmente sentindo o quanto eu estava gelada, mas logo ele se levantou
e começou a deslizar minha mão pelo abdômen sarado.
Ele requebrou colocando minha mão por dentro e se aproveitando
para subir a camisa. Eu tinha visto as danças dele, mas ver assim de perto
era outra coisa totalmente diferente.
Ele enfiou minha mão dentro da calça e aproveitou do meu choque
para colocar as pernas em volta de mim, me montando sem jogar seu peso,
apenas rebolando contra mim.
O peitoral dele ficou contra meu rosto e ele começou a retirar a
camisa, rebolando o quadril em cima de mim, se esfregando em uma dança
sensual, até que seu peito estivesse nu. Alejandro baixou o rosto próximo
do me, colando nossas testas e quase me beijando. As mãos dele seguraram
meu rosto e ele escorregou descendo do meu colo deslizando as mãos na
lateral do meu corpo enquanto seu rosto resvalava por meu corpo, seus
joelhos bateram no chão e seu rosto estava contra minha intimidade.
— Ale... — eu senti minha cabeça rodar ainda mais, só não sabia se
era pelo mal-estar ou se pela sensualidade da dança.
Ele ergueu minhas pernas, empurrando meus joelhos contra meu peito
e se sentou na cadeira, me colocando montada em seu colo. As reboladas
não pararam e dessa vez ele simulou como se estivesse me penetrando de
forma lenta e intensa, erguendo meu corpo aos poucos.
Em um pulou, Alejandro estava de pé comigo em seu colo, seus
braços fortes me segurando pelos joelhos, enquanto ele caminhava até me
colocar deitada no chão e vir sobre mim. Ele se esfregou contra mim e eu
senti a ereção contra minha intimidade me deixando surpresa, mas tudo isso
se foi quando ele ergueu minhas mãos a cima da cabeça, as prendendo
contra o chão de madeira e voltando a simular um vai e vem, dessa vez bem
mais rápido.
— Sophie, você está gelada. — ele murmurou, mas eu não consegui
responder, porque ele ergueu minha perna direita, deixando meu pé contra
seu ombro enquanto rebolava sobre mim.
Meu coração estava disparado e minhas mãos ficaram suadas. Aquilo
não estava certo, eu só não tinha ideia do que estava acontecendo comigo.
— O que você... — minhas palavras se perderam no ar quando ele
pegou minha outra perna e jogou contra seu ombro, descendo o rosto contra
minha intimidade.
Ele segurou firme em minha bunda e me ergueu rápido com o rosto
ainda entre minhas pernas. Mas minha visão escureceu e eu só consegui
apoiar as mãos na cabeça dele antes de apagar.
Depois que saí deixando Sophie naquela casa, eu fui direto conversar
com quem vinha me aconselhando a mudar. Eu tinha visto de perto que ela
estava apaixonada por mim e mais do que isso, Sophie estava querendo
mais de mim, queria que eu me abrisse com ela, que a deixasse entrar.
Logo eu, a pessoa que acreditava já anos que o amor não existia, que
meu coração tinha sido destroçado e que nada daquilo foi real. Mas ali
estava ela me mostrando que era diferente, que eu ainda tinha a porra de um
coração e que ele estava batendo por ela.
Percebi da pior forma isso, quando vi ela confortável com ele eu quis
aquilo, mas vê-la pulando da mesa e deixando ele lá só para conversar
comigo mexeu comigo, pois mesmo depois de tudo o que fiz Sophie estava
disposta a me perdoar. E quando ela tentou tirar minha máscara ficou claro
o que eu precisava fazer para tê-la de volta de vez.
Foi por isso que disse que daria o que ela queria, eu ia dar um jeito de
me abrir com ela, já que eu não conseguia ficar nem um mísero dia sem ela,
precisava trazê-la de volta para mim.
Fiquei diante de Cris, meu pai e minha mãe, disposto a ouvir todos os
conselhos que vinha me negando dar ouvidos. Coisas como: conte a ela da
Emily, diga porque ficou assim, conte de tudo o que sofreu, tire a máscara e
deixe de ser um grosso estúpido... Foi o que eles me disseram, mas quando
todos foram embora e minha mãe se aproximou de mim tivemos uma
conversa mais profunda.
Afinal meu problema não era em fazer essas coisas, mas passar por
cima de todo o ódio e raiva que destruíram meu coração, o mais difícil era
quebrar as barreiras que criei para tentar proteger o resto que sobrava de
mim.
— Sophie te ama filho, e mesmo que ela seja uma menina perdida
nesse mundo, ela quer muito fazer esse casamento dar certo.
— Eu sei, mãe, só demorei para ver isso ou não quis acreditar. — ela
acariciou meus cabelos e deu um sorriso largo. — Você e o papai vão ficar
radiantes com isso, não é mesmo? Já estou até me preparando para ouvir
todas as piadinhas de todos vocês nessa casa.
— Temos que comemorar, sem querer acabamos juntando o casal
perfeito! — ergui meu olhar encarando a mulher que me deu à luz. —
Sophie é perfeita para você, porque te fez correr atrás dela e você é perfeito
para ela porque vai fazer de tudo para dar o mundo aquela menina!
E ela não estava errada, eu queria fazer Sophie sorrir a qualquer
custo. Por isso me mantive longe aquela semana, mesmo morrendo de
vontade de ir atrás dela. Me contentei com as mensagens que Jason
mandava e o que Alejandro me contava.
Sim, Alejandro! Quando Sophie parou de sair da casa, eu precisei de
um aliado lá dentro par saber o que estava acontecendo com ela.
Não foi fácil procurar ele, mas não demoramos a nos entender já que
ele chegou dizendo com todas as letras que sabia que eu a amava e que ela
correspondia. Ao menos isso ele foi claro em me dizer e concordou em me
ajudar, foi o único motivo para eu não dar um soco na cara dele por dar em
cima da minha mulher. Mas nós dois queríamos o mesmo e isso nos uniu
por hora.
Porém, a cada dia que passava as notícias só se repetiam: Sophie
estava triste, não estava saindo de casa, comia cada vez menos e ficava mais
tempo sozinha.
Eu tinha prometido que ia esperar o tempo que ela quisesse e não
queria passar por cima disso. Então pedi que ele fizesse algo que animasse
ela, qualquer coisa que ajudasse ela sair daquela tristeza.
Mas a mensagem que Jason mandou fez meu sangue ferver no mesmo
instante. A faixada da boate de stripper e as palavras dizendo que ele tinha
levado Sophie até ali me fizeram ver vermelho. Aquele babaca estava
passando dos limites, mesmo sabendo que Sophie me amava ainda não
tinha desistido de conquistar minha garota.
Liguei para o infeliz, me controlando para não ir até lá e o arrancar
pelo pescoço. Quando não tive nenhuma resposta, joguei tudo para o ar.
— Tem certeza que vai fazer isso? E se ela não gostar? — meu pai
questionou enquanto eu entrava no carro pronto para ir atrás deles.
— E eu vou ficar aqui de braços cruzados deixando um safado se
esfregar pelado na minha mulher?
— Ele está mais do que certo! — minha mãe exclamou me
encorajando. — Está cuidando do que é dele!
Entrei no carro pensando mil e uma maneiras de arrancar a pele do
infeliz por ousar se esfregar nela. Aquele canalha me olhou nos olhos e
disse que ia me ajudar a reconquistá-la e é assim que ele faz isso?
Dançando pelado em cima dela?
Mas antes que eu conseguisse decidir a forma mais rápida de matá-lo,
o nome dele preencheu minha tela: prostituto!
— Seu desgraçado safado! Vou acabar com você por isso...
— Ah claro, seu homem já bateu com a língua nos dentes! — ele
falou com puro desdém. — Sophie está no hospital, então acho que você
tem outra prioridade que não seja me matar.
Meu coração se afundou no peito com o pânico dela estar machucada
ou coisa pior e ainda longe de mim.
— Que hospital? Me mande a localização agora! — ele não demorou
a enviar tudo o que eu precisava. — O que você fez com ela, seu cretino?
Eu juro...
— Eu não tenho medo de você, só venha para cá o mais rápido que
puder.
Desliguei a chamada sem esperar por mais nenhuma palavra dele e
ordenei que John pisasse fundo, eu precisava chegar lá depressa.
Na minha mente mil cenários se criaram e nenhum deles era bom,
todos eles começavam com Sophie machuca e acabavam com ela longe de
mim. Aquela sensação de estar impotente, de não poder fazer nada me
dominou e eu odiei cada segundo disso. Até que entrei no hospital e corri
para a recepção buscando por ela.
— Sophie Carter! — exclamei assustando a mulher com meu tom
desesperado. — Preciso saber onde ela está.
— Se acalme, senhor. Você é o que dela? — meu sangue ferveu ainda
mais com as palavras dela. Eu tinha uma mulher para cuida e um homem
para matar.
— Eu sou o marido dela! — rosnei com a voz assustadoramente
baixa. — Agora me diga onde minha esposa está antes que eu de um jeito
de fechar esse hospital!
— Senhor ameaças não funcionam aqui...
Deixei a mulher falando sozinha e atravessei o hospital gritando por
ela. Alguma maldita alma naquele lugar devia saber onde minha mulher
estava, nem que fosse o desgraçado que a levou até ali.
— Sophie! Sophie! — eu gritei pelos corredores e não demorou para
que o alvoroço estivesse formado. Seguranças atrás de mim, pessoas
assustadas, funcionários e médicos tentando me parar. — Eu só quero saber
onde está a minha mulher!
— Você não sabe entrar nos lugares de forma discreta, não é? — eu
ouvi a voz do babaca e logo ele surgiu entre as pessoas. — Sophie está
sendo atendida, ela ouviu os seus gritos e quer te ver.
Empurrei as pessoas tirando a todos do meu caminho, não me
importando se chamariam a polícia, se me processariam ou qualquer merda,
eu só precisava ter meus olhos nela.
Alejandro parou na porta da sala e eu não esperei, entrei de uma vez
vendo que Sophie estava sentada em uma cadeira tomando soro.
— Como você me achou aqui? — ela perguntou com um sorriso doce
nos lábios e os olhos brilhando.
— Eu te acho em qualquer lugar querida. — me ajoelhei na frente
dela, passando meus olhos por seu corpo, procurando qualquer coisa que
me desse a resposta do que tinha acontecido com ela. — O que aconteceu
com você? Alejandro fez alguma coisa? Você se machucou?
— Eu estou bem. — ela levou a mão ao meu rosto, me fazendo
encarar seu rosto enquanto falava. — Eu só tive um desmaio, mas estou
bem.
— Desmaio e está bem, Sophie? Por Deus, não diga besteira! Não
estaria tomando soro se estivesse bem. — olhei em volta procurando
alguém que pudesse responder minhas perguntas, mas só havia outros
pacientes tomando medicações assim como ela. — Onde está o médico?
— Estamos esperando, fiz um exame de sangue e tenho que esperar
até ser atendida novamente...
Eu ia dar um jeito nisso agora mesmo. Tirei o cateter que levava soro
até sua veia, enquanto todos me olhavam com dúvidas. Então me curvei e a
peguei no colo, pronto para tirá-la daquele lugar.
— O que você está fazendo cassete? — Alejandro me questionou
quando passamos por ele.
— Sophie não vai ficar esperando nada. — encarei os olhos surpresos
dela bem de perto, querendo apenas beijá-la e garantir que tudo ficaria bem.
— Você tem dinheiro suficiente para comprar seu próprio hospital.
John já estava aposto e quando me viu atravessando a rua com ela foi
rápido em abrir a porta nos dando passagem.
— Eu só tenho dívidas...
— Tudo o que é meu é seu, então acredite quando digo que você é
podre de rica! — dei as coordenadas para John e enfiei meus dedos nos
cabelos dela e apertei seu corpo ainda mais contra o meu. — Senti sua falta.
Minhas palavras pareceram acendê-la como uma árvore de natal e ela
encarou meus olhos parecendo incrédula.
— E por que não veio antes? Por que não veio atrás de mim?
— Eu te prometi que iria esperar e era o que estava tentando fazer.
Mesmo que fosse difícil como um inferno! — Sophie se aconchegou mais
contra mim e eu podia até dizer que ela estava mais magra e pálida, com
olheiras fundas e escuras marcando seus olhos.
— Mas eu não te queria longe, eu só estava confusa e achei que longe
de você conseguiria pensar melhor. — ela uniu nossas testas mostrando que
não se importava nenhum pouco com a máscara. — Só que eu não
consegui.
— Mulheres confusas! — apertei a nuca dela a mantendo presa contra
mim, eu sabia que ela queria entrar no assunto de querer que eu me abrisse,
mas eu não ia forçar agora, no momento eu queria descobrir o que dela
tinha.
— Chegamos senhor. — John avisou quando parou no
estacionamento do melhor hospital da cidade.
Desci do carro e entrei no hospital com ela no meu colo, por mais que
estivéssemos chamando a atenção de todos com a imagem da moça linda
nos braços de um homem estranho e mascarado, eu só queria tê-la um
pouco mais.
Não demorou nada para sermos atendidos e o exame de sangue de
Sophie foi rápido, ela explicou para o médico que havia desmaiado, mas
que acreditava ser devido à falta de alimentação e sono.
Ela contou sobre o cansaço que andava tendo e fome, aquilo só me
preocupou ainda mais, não me lembro dela dizendo que sentiu isso algum
dia da vida. Eu fiquei ali ao lado dela acariciando seu rosto, vendo ela
confortável e descansada ao meu lado.
— Nós temos que nos resolver. — Sophie murmurou encostando a
cabeça contra minha mão enquanto eu fazia cafuné.
— Eu sei e nós vamos, assim que descobrirmos o que você tem. —
beijei o topo da cabeça dela, aproveitando que não estava olhando para
aqueles olhos lindos e confessei. — Mas eu não renuncio a você mais, estou
disposto a qualquer coisa.
Sophie levantou a cabeça com tanta pressa que quase levei uma
cabeçada na boca. Mas a expressão no seu rosto valeu a pena, ela parecia
uma criança ganhando presentes de natal, a boca levemente aberta, os olhos
grandes brilhando com um pouco de lágrimas.
Eu só queria beijá-la, tomar aqueles lábios macios na minha boca e
esquecer que tudo isso aconteceu.
— Então vamos lá! — a doutora entrou falando e nos obrigando a nos
separar. — Seus exames estão bem ruins, você está com um começo de
anemia, está com muitas vitaminas baixas e tantas coisas que vamos ter que
melhorar para você ter esse bebê saudável.
— Bebê? — perguntamos ao mesmo tempo, e eu encarei Sophie
deitada ali na cama, frágil, delicada e com tanta coisa acontecendo, mas
meus olhos desceram até sua barriga e eu senti meu coração disparar quase
como se eu fosse morrer.
— Oh, vocês não sabiam. Então vamos voltar essas informações,
parabéns mamãe e papai! — a médica exclamou com entusiasmo enquanto
ainda tentávamos assimilar as palavras. — Pelo que eu vejo aqui, Sophie
está entre a segunda ou terceira semana de gestação, vamos fazer exames
mais detalhados, fazer um ultrassom e ver como está tudo aí dentro, mamãe,
não se preocupem...
A médica continuou falando e eu só conseguia encarar minha mulher,
os olhos dela iam e vinha entre mim e a médica, como se quisesse prestar a
atenção em tudo o que ela dizia e conversar algo comigo.
Eu ia ser pai de novo, Sophie estava grávida! Eu nem conseguia
acreditar, meu dia tinha acabado de ter uma mudança enorme. Sai de casa
pensando que Sophie estaria machucada e agora descubro que eu vou ser
pai!
Eu ainda estava chocada em saber que estava grávida, não tinha a
mínima ideia e se não tivesse passado mal hoje, eu iria continuar sem ter a
menor noção.
Sem falar na forma como eu estava agindo, sem comer, sair ao ar
livre e dormir direito, como se meu estado de saúde já não era dos melhores
graças aos anos de negligência enquanto eu crescia.
Mas agora eu ia fazer tudo certo, aquele bebê dependia de que eu
tomasse as decisões corretas por nós dois. E Patrick também estava ali para
garantir que eu ia andar na linha, ele já tinha feito um show no primeiro
hospital e não tinha se contido em querer dar ordens na médica aqui
também.
— Ei, você deveria se acalmar. — murmurei da varanda do hospital,
encarando ele andando de um lado para o outro do quarto, esperando pelos
para fazer nossa primeira ultrassom.
Ainda não tínhamos tido tempo para conversar sobre tudo o que
aconteceu, sobre esse tempo que ficamos longe e da confissão dele em dizer
que não me deixaria ir e que tinha sentido minha falta. Depois da notícia do
bebê, nossas prioridades mudaram e o fato dele pensar no bebê primeiro do
que na nossa briga me mostrava que não éramos assim tão diferentes.
— Eu vou ficar calmo quando ver nosso filho e confirmar que tudo
está perfeito. — ele disse parando de andar e me olhando por alguns
segundos.
Nosso filho, aquela duas palavrinhas mexeram comigo, fazendo meu
coração disparar no peito e me enchendo de ainda mais amor por ele.
Atravessei o quarto a passadas largas para alcançá-lo.
— O que você... — foi tudo o que ele teve tempo de dizer antes que
eu me jogasse contra ele beijando sua boca.
Nossas bocas se encaixaram com perfeição e foi impossível não
gemer quando ele separou os lábios e passou a língua em uma provocação
antes de deslizar para dentro da minha boca, seduzindo e dominando a
minha em uma dança sensual.
— Oh, Patrick... — gemi baixinho quando ele segurou firme minha
bunda, me trazendo para mais perto do seu corpo.
— Merda, não tem ideia como senti falta disso! — ele exclamou me
empurrando contra a parede mais próxima.
Mas eu fazia ideia sim, tinha sentido a mesma falta que ele todos
esses dias longe dele, senti falta do toque dele, dos beijos, do cheiro dele e
até das nossas brigas.
Patrick ergueu minha perna direita enlaçando seu quadril e a camisola
do hospital subiu ainda mais, dando a ele espaço entre minhas coxas.
— Alguém... pode aparecer... — o lembrei enquanto tentava recuperar
o fôlego, mas já me sentindo mole com seus beijos em meu pescoço.
— Não poderia me importar menos com os outros, só preciso de
você! — ele afirmou antes de sugar o lóbulo da minha orelha e me puxar
pela perna me encaixando perfeitamente em sua ereção.
Eu gemi jogando a cabeça para trás e encostando na parede, mas antes
que ele continuasse a porta foi aberta arrancando maldições dele.
— Opa, estamos prontos para fazer a ultrassom. Vamos esperar lá
fora. — a doutora podia até ser mais velha do que eu, mas saiu vermelha
dali depois de ver a cena e eu nem podia julgá-la, porque sentia todo meu
sangue queimando nas minhas bochechas.
— Droga! — ele esbravejou arrumando a ereção dentro das calças
tentando disfarçá-la da melhor maneira. — Deveria ter ficado de boca
fechada.
Eu não consegui controlar o riso com a revolta dele em termos sido
interrompidos daquele jeito. Desci minha camisola e andei de volta para a
cama para esperar a médica e agir como se nada daquilo tinha acabado de
ser presenciado por ela.
— Se te serve de consolo, minha calcinha está arruinada e eu vou ter
que fingir que está tudo normal... — Patrick se curvou sobre mim, ficando
com o rosto muito próximo de me beijar, mas não avançando nenhum
centímetro.
— Não me serve de consolo. — rosnou. — Sabe o que ter essa boceta
a minha disposição a qualquer hora do dia, por três semanas, me tornou?
Um tremendo de um viciado.
Fechei meus olhos e apertei uma perna contra a outra tentando
controlar minha pulsação. Ele estava acabado comigo daquele jeito.
— Então acho melhor sairmos logo daqui...
— Onde está minha nora e meu neto! — a voz de Audrey invadiu o
quarto. — Pare de tentar fazer coisas indecentes com ela, vocês já têm um
filho a caminho, se comportem!
Ele tinha ligado para a família avisando que iriamos demorar, mas
não esperávamos que eles viessem até aqui e tão depressa.
— Filhos, podem ser mais de um nessa barriguinha, não vamos
descartar a possibilidade! — o pai de Patrick entrou atrás da mulher com
um sorriso largo.
— O que estão fazendo aqui? Dizer que demoraríamos não era um
convite para virem até aqui! — dei um tapa na mão dele e o afastei.
— Deixe de ser grosso, eu senti a falta dos seus pais também essa
semana. — falei já sendo abraçada por Audrey e em seguida por James.
— Oh querida, também sentimos a sua falta. Como você está? E esse
bebê?
— Todos nós sentimos sua falta, mas em especial Patrick que quase
arrancou todos os cabelos da cabeça. — o pai dele falou e mesmo que eu já
soubesse que ele tinha sentido minha falta, não pude evitar as borboletas no
estômago e o coração batendo mais rápido.
— Eu estou bem e o bebê também, chegaram na hora certa para vê-lo
pela primeira vez...
— Sophie não está bem, vai ter que ser acompanhada de perto o
tempo todo agora. — Patrick abriu o bocão e eu revirei meus olhos, não
queria que todos ficassem sabendo, mas aparentemente a família era
fofoqueira e bem intrometida, e eu não podia amar menos.
— Não acredito! Mas pode ficar tranquila que vamos participar de
perto, nem que para isso eu me mude para sua casa.
Pela cara de pânico de Patrick, ele definitivamente não esperava por
essa resposta. Ele com certeza ia se arrepender depois, mas eu estava feliz
com toda aquela atenção e animação sobre o bebê porque mostrava o
quanto bem recebido ele seria.
— Vamos logo com a ultrassom antes que vocês me façam correr de
volta para ilha com ela.
A médica entrou e arrumou todos os aparelhos antes de começarmos,
Patrick estava ao meu lado mais inquieto do que eu, a todo momento ele
passava as mãos nos cabelos e trocava de um pé para o outro a todo minuto.
Não demorou para que ela apontasse na tela o pontinho, mas para o
choque de todos nós ela circulou dois pontinhos na tela. Patrick buscou
minha mão, a segurando apertada sem tirar os olhos da tela.
— O parabéns vai ser em dobro, parabéns estão grávidos de gêmeos!
— a médica confirmou e os pais dele explodiram em comemoração,
enquanto Patrick se curvou beijando minha cabeça várias vezes.
— Quando podemos ouvir o coraçãozinho? — Audrey perguntou
como uma vovó babona
Eu ainda nem tinha me recuperado da notícia de serem gêmeos,
Patrick me olhava parecendo extasiado, ele não parava de beijar minha
cabeça mantendo a mão em meu rosto com cuidado.
— Ainda está cedo, vamos conseguir ouvir lá para a sexta semana.
Mas até lá vamos ter muitas conversas e encontros. Ser gêmeos do fiz que
vamos precisar ter ainda mais cuidado com sua saúde Sophie!
— Pode deixar doutora, vamos seguir tudo a risca! — ele arrumou
antes mesmo que eu pudesse responder. — Pronta para ir para casa minha
pequena?
Meus olhos se encheram com as palavras dele e meu sorriso cresceu
ainda mais enquanto ele me ajudava a descer da cama. Não tinha ideia do
que havia acontecido com Patrick nessa última semana, mas sem dúvida ele
parecia totalmente diferente.
Mas isso me lembrou que tínhamos muito o que conversar e eu tinha
muito o que confessar também, agora não era só ele quem devia desculpas.
O caminho todo eu mantive seu corpo junto ao meu, não conseguia
tirar minhas mãos dela e saber que ela estava carregando meus filhos me
deixava ainda mais possessivo, como se eu fosse a porra de um animal
tentando proteger sua companheira.
E eu não me importava se iriam me chamar de maluco, de grosseiro
ou qualquer outra coisa, não ia sair do lado de Sophie nunca mais.
Quando chegamos a nossa casa foi a maior festa, Holly, John, mamãe
e papai comemorando, até mesmo Cris ligou dizendo que já sabia das
notícias. Foi uma tremenda bagunça, todos nós almoçamos juntos e eu
queria ter colocado Sophie no meu colo, como fazíamos na ilha, mas todos
me mandaram parar de sufocá-la e só por isso a deixe ficar na cadeira ao
meu lado.
Mas quando Sophie me deu um olhar sugestivo, apontando para cima,
eu soube que ela queria. Ela já não estava prestando atenção na conversa de
todos na mesa, ela queria que eu bancasse o ogro e a tirasse dali com
qualquer desculpa e a arrastasse para cima.
— Venha querida, vamos os deixar procurar o que fazer, você precisa
descansar. — resmunguei me levantando e a pegando no colo.
A safada sorriu contra o meu pescoço, ouvindo todos me xingarem
enquanto saíamos da sala de jantar.
— Você não podia ser mais delicado, não é? — o sorriso dela e os
olhos brilhantes mexem comigo terrivelmente.
— E você adora quando sou grosso. — constatei o óbvio desviando
os olhos para os lábios carnudos e assisti o momento que a língua dela
deslizou para fora, me seduzindo mesmo que não fosse sua intenção. —
Deus, como preciso ter você!
Entramos no meu quarto e eu coloquei Sophie na cama, me dando
conta de que era a primeira vez dela ali dentro, em nenhum outro momento
ela tinha entrado em meu quarto.
— Precisamos conversar antes, não quero mais nenhum segredo entre
nós. — ela me lembrou antes que eu tomasse seus lábios nos meus. Suspirei
me afastando sabendo que ela tinha razão. — Por onde quer começar?
Saber que ela estava me deixando liderar a conversa me mostrava que
ela não queria forçar a barra, Sophie queria me deixar a vontade para me
abrir quando sentisse bem.
— Aquela garota da foto. — murmurei a vendo fechar a cara com
raiva. — Eu fui atrás de outra mulher porque queria tirar você da cabeça,
porque me neguei a dar razão a atração que estava sentindo por você e a
toda confusão de sentimentos. Por isso que quando percebi que não ia
embora, eu finalmente me rendi e a levei para ilha. — segurei a mão dela,
precisando ter algum contato físico enquanto contava todas aquelas coisas.
— Não queria admitir que você era uma boa pessoa, que não era a mulher
fria e interesseira que imaginei, custei a entender que você foi usada, mas
quando li o relatório de John e sua história finalmente as peças se
encaixaram eu vi que vinha te tratando errado desde o começo.
Sophie me encarava com a boca aberta e os olhos concentrados em
mim. Não sei se ela está surpresa por eu contar tudo tão facilmente, ou se
por não ter se quer imaginado isso.
— Eu... Nem sei o que dizer. Imaginei que me via como uma
interesseira, mas todo o resto é... mais do que eu esperava.
— Sei que eu não deveria ter te julgado desse jeito, mas logo vamos
chegar lá e você vai entender meus motivos. Mas agora eu quero falar de
outra coisa, Alejandro. — os olhos de Sophie se arregalaram em choque,
mas ela não fugiu do assunto.
— Ele estava fazendo um stripper para mim quando desmaiei e fui
para o hospital. — ela foi rápida em confessar e a mera lembrança da
mensagem de Jason mostrando o lugar fez meu sangue ferver.
— Nem me lembre disso, aquele merdinha conversou comigo e disse
saber que nos amávamos e ia me ajudar a te trazer de volta para casa. Por
isso, quando eu pedi que ele fizesse algo para te alegrar, não esperei que ele
fosse inventar de tirar a roupa para você como um tarado...
— Vocês conversaram? Como assim? Quando e porque nenhum do
dois disse nada? — ela colocou para fora todas as perguntas, me lembrando
que havia mais coisas para conversar com quem imaginei.
— Eu fui até lá quando Jason me disse que você não estava mais
saindo de casa, então conversei com ele já que precisava de alguém de
dentro me dando notícias suas. — Sophie piscou várias vezes como se
tentasse processar a informação que havia acabado de ouvir. — O quê?
Achou que eu ia te deixar ir sem ter nenhuma garantia de que estava bem?
— Patrick! Você não sabe se controlar? Eu só me dei conta de que
podia ser um homem seu hoje, ele estava sempre por perto.
— Você me pediu para te dar um tempo para pensar, não disse que eu
não podia colocar alguém atrás de você. — murmurei plantando um beijo
na palma da mão dela para esconder meu sorriso cínico. — Cris deu um
jeito de rackear o celular de Alejandro e as câmeras da oficina, eu precisava
manter meus olhos em você ou enlouqueceria.
Segurei o queixo dela a puxando mais para perto e plantando um
beijo nos lábios dela, eu sentia a necessidade de beijá-la crescendo dentro
de mim a cada segundo e tinha certeza que se começássemos agora eu não
ia parar nem tão cedo. Levei minhas mãos a cintura dela a puxando contra
mim, mas Sophie apoiou as mãos em meus ombros me afastando.
— Então você sabe do nosso beijo? — senti minha testa se vincar em
ódio e confusão, eu queria ter entendido errado as palavras dela, porque se
fosse o que eu estava pensando, pessoas iam morrer. — Se tem as imagens
das câmeras da oficina sabe que eu e Alejandro nos beijamos.
Me afastei dela no mesmo segundo, me levantando da cama e
começando a andar no quarto de um lado para o outro.
— Não, não é possível! Aquele babaca estava testando minha
paciência, ou não tem mesmo medo de morrer!
— Patrick...
— Ele olhou na minha cara e disse que viu o quanto eu te amo e
decidiu respeitar isso! — rosnei querendo arrancar meus cabelos. — E
enquanto isso estava te beijando, aquele safado desgraçado!
— Patrick...
— Eu vou chutar aquela bunda porto riquenha dele até que aprenda a
manter as mãos e a boca imunda longe de você!
— Patrick Carter! — Sophie gritou me assustando e me fazendo por
um fim nos meus devaneios. — Você disse que me ama? — ela parecia
chocada com a minha confissão e eu nem tinha me dado conta que
confessei daquele jeito.
Não sei qual era a surpresa, já que eu andava atrás dela como um
maluco possessivo, marcando território e tentando afastar a todos.
— Demorei para me dar conta disso, não foi? — me sentei novamente
na frente dela, mas fazendo uma nota mental de matar Alejandro.
— Eu também te amo! — ela afirmou jogando os braços em volta do
meu pescoço e me puxando para um beijo. — Tem mais alguma coisa para
me confessar ou posso arrancar sua roupa agora?
Precisava falar sobre a investigação de assassinato dos pais dela, mas
não queria Sophie preocupada e sofrendo, especialmente depois de saber do
estado de saúde dela e dos nossos bebês. Eu queria agora fazê-la feliz, o que
me lembrou de outra coisa que ela queria.
Me afastei um pouco dela, para lhe dar uma melhor visão do que ela
estava prestes a ver. Respirei fundo, engolindo toda a minha insegurança,
encarei aqueles olhos castanhos buscando nela a certeza de que eu
precisava.
— Você pediu para me ver. — levei minhas mãos a máscara pronto
para mostrar a ela a fera deformada que eu realmente era.
Sophie arfou surpresa quando viu o que eu estava prestes a fazer e eu
não me surpreenderia se ela saísse correndo dali depois de ver meu rosto,
mas eu ia fazer isso de uma vez por todas, precisávamos superar essas
barreiras e deixar esses problemas para trás.
Puxei a máscara aos pouco revelando meu rosto e os olhos dela se
arregalaram levemente enquanto esquadrinhavam cada centímetro das
cicatrizes.
Quando fui arremessado pelo para-brisa do carro, os cacos de vidros
rasgaram minha pele e logo fui jogado no asfalto com brutalidade, meu
rosto bateu e meu corpo foi arrastado por alguns centímetros e os cacos
entraram ainda mais fundo. O tempo que fiquei lá foi crucial, assim como
quando fui resgatado a prioridade deles não era arrumar meu rosto, mas sim
salvar minha vida. O tecido em volta dos ferimentos acabou morrendo, os
médicos evitaram fazer cirurgias porque eu tive várias paradas cardíacas
enquanto estava, e então veio o coma.
Quando acordei e finalmente pude escolher passei por vários
processos de cirurgia, foi preciso vários enxertos de pele para melhorar a
aparência daquilo e nem mesmo os melhores cirurgiões plásticos do mundo
conseguiram arrumar meu rosto, ainda parecia que eu tinha sido rasgado
por um animal selvagem.
— Você pode correr agora se quiser. — a avisei diante de seu silêncio,
ser inspecionado assim já era esperado, mas mesmo assim me incomodava
como o inferno não saber o que ela estava pensando.
Mas ao invés de fazer o óbvio, Sophie subiu no meu colo, me
montando e envolvendo meu rosto com ambas as mãos.
— Eu não vou a lugar nenhum amor. — ela beijou minha bochecha e
eu tentei me afastar, mas ela me manteve ali enquanto beijava cada marca
em meu rosto. Uma lágrima escorreu por meu rosto e eu sentia que meu
coração ia explodir no peito, porque aquela era a última coisa que eu
esperava que Sophie fosse fazer. — Você é lindo como eu imaginei que
seria!
— Você é maluca. — murmurei rouco com o bolo que tinha se
formado em minha garganta.
— E você ama a maluca aqui. — ela traçou uma linha de beijos
pegando todas as cicatrizes até os lábios pairarem sobre minha orelha. —
Faz amor comigo, Patrick!
E ela não precisou pedir mais uma vez, porque eu já a estava jogando
na cama e tomando seus lábios. Sophie poderia me pedir para ir ao inferno e
voltar que eu iria sorrindo e foda-se se esse era o tamanho do seu poder
sobre mim, eu estava feliz e não queria que aquilo acabasse.
Minhas pernas envolveram o quadril de Patrick o puxando ainda mais
para mim, eu estava sedenta já há muito tempo e agora que ele me segurava
apertado contra sua cama, meu corpo parecia se incendiar.
Finalmente ele tinha mostrado o rosto para mim, me deixando ver as
marcas em seu rosto, mas não o deixava como um monstro deformado,
Patrick era lindo de qualquer jeito, aquilo nada mais eram do que marcas do
que ele já havia sofrido.
Ele não sabia que já tinham me contado sobre sua história e eu não
pedi que ele falasse, já tinha sido um grande passo para ele assumir que me
amava e me deixar ver seu rosto.
Deslizei meus dedos nos cabelos deles o segurando enquanto sua
boca devorava a minha. Mas ele começou a se afastar, descendo o rosto por
meu pescoço e seios, Patrick apertou meus seios me arrancando um gemido,
ele os esmagou apesar do bojo enquanto continuou a descer.
Suas mãos agarraram minha calça e ele puxou para fora do meu corpo
com puro desespero, arrancando em um segundo. Ele segurou firme em
meus joelhos e abriu minhas pernas enfiando o rosto entre elas.
— Porra, como senti falta do seu cheiro. — ele rosnou esfregando o
nariz sobre minha calcinha e me deixando ainda mais molhada. — Estou
faminto, desesperado por ficar uma semana sem poder te foder com minha
boca, sentir seu gozo na minha língua enquanto você estremece.
— Patrick... — seu nome saiu como uma súplica sem ar, porque eu já
estava perdendo a cabeça e ele nem ao menos tinha começado.
Ouvi o tecido se rasgando e com um puxão mais forte Patrick
arrebentou minha calcinha, arquejei chocada com a brutalidade e ele abriu
ainda mais minhas pernas, me deixando exposta.
— Preciso sentir seu gosto! — foi a última coisa que saiu de sua boca
antes dele deslizar a língua entre meus lábios, me abrindo e me degustando
como se fosse sua comida favorita.
Meus gemidos preencheram o quarto enquanto Patrick me chupava,
lambia e mordiscava, eu sentia que podia morrer com ele ali e não
demoraria se continuasse daquele jeito. Os lábios se fecharam em volta do
meu clitóris, sugando e levando toda minha sanidade com ele.
— Eu não... Patrick...
— Oh, você aguenta sim! — como se para provar sua fala, ele
esfregou os dedos em minhas dobras antes de deslizar dois dedos para
dentro de mim.
— Aaahhh! — gritei agarrando os lençóis com força.
— Tão molhada para mim, tão pronta. — ele falou com os lábios
próximos ao meu clitóris antes de começar a me chupar enquanto bombeava
os dedos dentro de mim.
Patrick parecia insaciável me chupando enquanto seus dedos
trabalhavam em minha boceta, me deixando cada vez mais perto do
precipício. Eu tentei fechar minhas pernas, mas ele usou a mão livre para
segurar uma das minhas pernas e me impedir de ir a qualquer lugar.
— Oooh Deus... Eu vou... — rebolei contra seus dedos precisando de
mais, necessitando do seu pau ali dentro de mim.
Quase como se soubesse que eu queria mais, Patrick curvou os dedos
dentro de mim pressionando o ponto certo e me fazendo ver estrelas. Eu já
não entendia mais o que falava ou quão alto eu gemia, tinha me tornado
uma poça de prazer sem forças para fazer nada que não fosse rebolar e
gemer.
Quando a língua dele circulou mais uma vez meu clitóris, eu explodi
gozando como louca em volta de seus dedos e gritando ainda mais alto.
Patrick se ergueu espalhando beijos por meu corpo e levantando
minha blusa junto. Eu ainda estava de olhos fechados sentindo as pulsações
se espalhando por meu corpo quando ele tirou minha blusa e meu sutiã.
Senti o corpo nu dele contra o meu e abri meus olhos encarando a sua
imagem, os lábios brilhando com meu gozo, um sorriso sacana no rosto e
seu olhar de fome em cima de mim.
— Está me olhando como se eu fosse sua presa e você estivesse
faminto. — sussurrei quando ele ergueu minhas pernas envolvendo seu
quadril e esfregou a cabeça de seu pau em minha entrada, lambuzando até
estar molhado.
— Ah minha querida, eu estou morrendo de fome! — ele ergueu
minha perna ainda mais alto enquanto se encaixava em minha boceta. —
Você deixou sua fera sem comer por uma semana, agora eu vou ter um
tremendo banquete!
Patrick estocou de uma vez indo fundo dentro de mim e nossos
gemidos preencheram o quarto. Ele não esperou mais do que um segundo
antes de recuar e voltar para dentro de mim, mantendo o ritmo e estocando
com intensidade, mas sem se apressar, apenas me tentando, me alargando
cada vez que entrava e me fazendo sentir sua falta quando recuava.
Era uma tortura lenta e deliciosa, que estava me deixando ainda mais
excitada, eu sentia minha boceta escorrendo descendo por minha bunda e
com certeza molhando os lençóis, mas eu não podia me importar menos
com isso, só queria que ele continuasse.
— Nunca vou me cansar dessa boceta me apertando assim! — ele
exclamou segurando firme meus quadris.
— Pat... Oohh eu preciso...
— Me diz o que você quer, pequena. Me fala que eu te dou. —
encarei os olhos dele brilhando com luxúria e desci por seu corpo de
movimentada casa estocada, os músculos rígidos enquanto ele ia e vinha
dentro de mim, até que meu olhar parou onde nossos corpos se uniam, o pai
grande e grosso, com as veias saltadas, se perdendo dentro de mim era a
coisa mais erótica que eu já tinha visto e não consegui evitar rebolar indo
contra ele o engolindo
Patrick gemeu e parou seus movimentos me deixando no controle,
movi meus quadris cada vez mais rápido concentrada no pau dele se
afundando entre minhas dobras, nunca imaginei que aquilo seria tão sexy de
se olhar, mas eu estava cada vez mais perdida em prazer.
Quando meus gemidos ficaram ainda mais altos, Patrick rosnou
jogando minhas pernas em seus ombros e se curvou sobre mim novamente.
A nova posição o deixou ir mais fundo e eu gritei quando ele se afundou
dentro de mim com brutalidade.
— Você gosta assim? — a pergunta foi sussurrada ao pé do ouvido,
me arrepiando e fazendo meus olhos reviraram. — Então diz para mim
Sophie, fala o quanto você gosta?
— Gos... Oh sim...
— O que Sophie? Quero ouvir da sua boca! — ele uniu nossas testas
e esfregou os dedos em meus lábios.
— Gosto quando... Quando você me fode com força! — exclamei,
sentindo minhas paredes se apertarem ainda mais em torno dele.
Meus olhos reviraram e Patrick segurou meu queixo tomando minha
boca, sua língua me invadindo de pressa e profundo, assim como seu pau
dentro de mim. Eu não conseguia mais aguentar, não tinha como me segurar
mais. Com as unhas fincadas nos braços dele, eu explodi em um orgasmo
que me fez ver estrelas enquanto todo o meu corpo estremecia.
Patrick praguejou se derramando dentro de mim, deixando escapar
um gemido gutural a cada jato do seu gozo em mim.
— Oh Deus... Isso foi... — falei tentando recuperar o fôlego, mas meu
cérebro parecia ainda estar em êxtase.
Movi minhas pernas e estava prestes a sair de cima dele, quando suas
mãos agarraram minha bunda me impedindo de ir longe. Seu corpo relaxou
sobre o meu, mas rapidamente ele se virou me levando junto e me deixando
por cima dele.
— Onde pensa que vai? Eu ainda não acabei com você!
— Acho que eu tenho um marido insaciável. — retruquei me jogando
em seu peito de bom grado.
Quando finalmente saímos do quarto, eu estava faminta, e não era
para menos depois de todo o exercício que fizemos no quarto.
— Está querendo matar sua mulher? — Audrey perguntou me
chocando quando entramos na cozinha. — A menina estava no hospital,
precisa descansar, não de uma sessão de sexo infinita.
Holly caiu na gargalhada com meu sogro, mas eu estava vermelha
como um pimentão e pronta para enterrar minha cara no chão.
— É claro que um de vocês ia falar alguma coisa, quem não transa só
reclama mesmo. — Patrick rebateu atrás de mim e eu arfei em choque.
— Patrick! — o repreendi, mas seu pai estava se aproximando
gargalhando ainda.
— Olha só, já está fazendo piadas, o bom humor até voltou. Viu só
querida, eu disse que ele precisava de uma mulher que batesse nele. —
James puxou a manga da camisa, mostrando as marcas das minhas unhas.
— O garoto só precisava de umas palmadas.
— Ok, acho que vou morrer de vergonha agora.
Mas Holly veio ao meu salvamento e me tirou de lá, me levando até a
mesa perguntando docemente o que eu queria comer.
— Bem-vinda a família querida, isso é só o começo. Vou preparar seu
prato já!
— E falando em bem-vinda a família, está mais do que na hora de
apresentar Sophie como sua mulher, não acha Patrick?
— Não só acho, como tenho o evento perfeito. — ele colocou as
mãos fortes sobre meus ombros e massageou me deixando mais calma
depois de toda a conversa maluca. — Vamos anunciar a alta sociedade e a
mídia no baile anual da Carter's!
O baile anual da Carter's reunia todos os figurões do país, atraia
pessoas de todos os lados, assim como a mídia, então eu soube que seria a
noite perfeita para anunciar que Sophie era minha esposa. Esse dia teria
sido no dia do nosso casamento, mas graças a toda a situação e minha
aversão a casar de novo, não tivemos uma cerimônia.
Essa era outra coisa que eu teria que consertar, Sophie já tinha sido
privada de tudo nessa vida, eu não ia tirar dela um casamento descente, com
um vestido e um anel. Mas para hoje eu tinha dado um jeito da minha
mulher ser propriamente apresentada.
Entrei no quarto de Sophie, me odiando por ainda não ter mandado
colocar todas as coisas dela no meu quarto, mas ia dar um jeito nisso o mais
rápido possível.
Sophie estava com um longo vestido verde, com as mangas longas no
mesmo tom, mas em um time que deixava transparente seus braços.
— Vai ficar aí parado me olhando? — ela murmurou se olhando mais
um segundo no espelho antes de se virar para mim.
— Estou aqui te admirando de longe, não sei se respondo por mim de
chegar perto de você. — falei não me importando se estava parecendo um
idiota completo, mas a casa dia que passava Sophie entrava ainda mais
fundo em meu coração.
— Bem, você vai ter que passar a noite ao meu lado, ao menos eu
espero que faça isso. — ela deu alguns passos em minha direção e eu
aproveitei ainda mais a imagem dela.
Os cabelos estavam presos e apenas duas mechas de cabelo
envolviam seu rosto. Agora de frente eu via que o vestido realçava ainda
mais a cor de seus olhos, os deixando parecendo de um verde lindo.
— Eu não vou a lugar nenhum, já sei o que acontece com você
quando te deixo sozinha. — ela sorriu docemente revirando os olhos e eu
dei os últimos passos até ela. Segurei as mechas do cabelo dela e contornei
o rosto dela, acariciando as bochechas dela até que meus dedos parassem
em seu queixo. — Você está linda. Mas acho que falta uma coisa.
Dei um passo para trás e me ajoelhei, enfiei a mão dentro do terno
puxando a caixinha de veludo do bolso de dentro. Quando ergui meus olhos
novamente para ela, Sophie me encarava com os olhos arregalados e
parecia paralisada.
— O que você...
— Sei que não fiz do jeito certo no começo, foi um início bem
inusitado, mas agora quero acertar com você. — abri a caixinha para ela e
os olhos de Sophie se desviaram por um instante, antes de se focarem nos
meus. — Sophie Carter, aceita ser minha esposa?
— Eu já sou sua esposa Pat. — ela respondeu sorrindo de forma boba,
mas já tinha os olhos cheios de lágrimas.
— Sim, você é e isso não vai mudar. — respirei fundo, engolindo o
sorriso e olhando sério para ela. — Sophie Carter, aceita esse como sinal do
amor do marido?
Ela suspirou e engoliu em seco antes de começar a acenar
concordando com a cabeça. As lágrimas correram pela bochecha maquiada
e ela correu com os dedos tentando limpá-las.
— Sim... sim, eu aceito! — segurei os dedos nervosos e beijei sua
mão, deslizando o solitário em seu dedo.
O anel único que eu tinha desenhado e mandado fazer nesse último
mês, ninguém nunca tinha usado um anel como aquele e ninguém nunca
usaria, eu fiz questão de que o designer fosse único, assim como ela.
Sophie mal olhou para o anel já se jogando nos meus braços e me
beijando.
— Acho que isso é um bom sinal. — murmurei afastando meus lábios
dos dela.
— Você está acabando com minha maquiagem. — Sophie resmungou
abanando seu rosto com desespero para diminuir as lágrimas.
— Então, vamos, antes que eu te jogue naquela cama e deixe esse
evento para lá!
Saímos de casa rápido, ou era exatamente o que eu iria fazer. Durante
todo o caminho eu podia ver o nervosismo dela, os dedos que não paravam
de mexer no vestido, o olhar indo e vindo procurando algo em volta. Ela até
se deu um tempo para olhar a aliança e rapidamente começou a mexer no
anel como se fosse um velho hábito e eu tenho que admitir que gostei
daquilo, até de mais.
Meus pais estariam lá para fazer companhia para Sophie, assim como
eu, mas eu entendia o nervosismo dela e sabia que seria ainda maior quando
chegássemos no baile, cercados de fotógrafos e jornalistas querendo uma
foto ou algumas palavras.
— Está pronta? — perguntei quando o carro virou e já podíamos
avistar a loucura na frente do lugar.
— Tem tantas pessoas ali e tão bem vestidas...
— Sophie, olhe para mim. — pedi e ela me encarou com os olhos
inseguros. — Você é linda, está ainda mais maravilhosa e eu estou louco
para apresentá-la a todos. Mas essa noite é sobre você e quero que se sinta
bem, no momento que quiser ir embora nós vamos!
Ela me abriu um sorriso radiante e então tocou o lado do meu rosto
onde a máscara estava. Não quis vir sem nada, não estava preparado para
que as outras pessoas me vissem, sabia bem como podiam ser horríveis, as
pessoas mais importantes da minha vida saberem como eu sou já me
bastava.
— Eu estou pronta! — Sophie afirmou antes de me dar um beijo
rápido.
Bati na porta avisando a John que ele podia abrir e desci primeiro, os
flashes quase me cegaram, os fotógrafos de amontoando um ao lado do
outro tentando ter o melhor clique, enquanto os jornalistas brigavam por um
espaço perto do carro.
Me vire para a porta e estendi a mão para Sophie, seus dedos
deslizaram sobre o meu e então ela saiu de dentro do carro. O falatório foi
grande e até mesmo pessoas em volta de nós, convidados que chegavam,
pararam para vê-la. Eu não saia acompanhado desde Emily, e agora estava
ali com uma mulher ao meu lado, seria notícia para muito tempo.
Apoiei a mão dela sobre meu braço e comecei a andar enquanto
ouvíamos os jornalistas perguntando quem ela era, como era seu nome, se
era uma namorada, uma nova sócia.
Assim que nossos pés alcançaram a entrada do baile, eu me virei para
todos e os microfones de viraram em minha direção.
— Essa é Sophie Carter, minha esposa! — as perguntas voltaram com
força total e os flashes não paravam, mas a minha garota estava se saindo
bem, sorrindo e respirando fundo enquanto apertava meu braço.
— Ela está usando uma peça da nova coleção da Carter's? — alguém
fez a pergunta e eu sorri largo, sabendo que era um dos raros momentos que
a mídia ia registrar isso.
— Não, Sophie está usando uma peça única em todo o mundo, assim
como ela! — respondi encarando minha mulher e o sorriso tímido dela e as
bochechas coradas me deixaram ainda mais felizes.
Me virei voltando ao nosso foco, estar no baile, os jornalistas fariam o
trabalho de espalhar pelo mundo que Patrick Carter não era mais um
solteirão recluso e cobiçado, mas sim um homem muito bem casado.
Quando nós entramos eu ouvi ela soltar o ar com força enquanto a
levava até nossa mesa, as pessoas nos cercavam, paravam a todo instante
querendo conversar, mas eu não queria cansá-la essa noite, ela estava se
cuidando perfeitamente, mas ainda era frágil seu estado e tinham os bebês.
Minha mãe não esperou para aparecer ao nosso lado, sendo seguida
pelo marido apaixonado. Sophie até pareceu respirar mais calma quando os
viu e logo começou a tagarelar com minha mãe.
Mas bastou que nós sentássemos a mesa para que a cor fugisse do
rosto dela. Sem entender nada, meus olhos seguiram para onde ela estava
focada e eu avistei seu tio se aproximando da mesa, com uma taça de
champanhe na mão e sendo acompanhado pela mulher.
— O que ele está fazendo aqui? — ela questionou baixo, mas seu
rosto não escondia o desconforto. Era uma boa pergunta e eu queria saber
imediatamente a resposta.
Me levantei para ir atrás dos seguranças, ou eu mesmo os arrancaria
dali e faria uma cena para todos. Mas uma voz as minhas costas me
paralisou.
— Como vai priminha? Tirou a sorte grande com o deformadinho ali,
mas se quiser um homem de verdade. — olhei de volta para a mesa a tempo
de ver o desgraçado deslizar a mão sobre o ombro da minha mulher a
tocando com intimidade e eu vi vermelho na minha frente.
Tudo estava perfeito, nem lembrava quando tinha sido a última vez
que tinha sido tão feliz. Patrick e eu estávamos cada vez mais unidos e
felizes, eu amava o cuidado que ele demonstrava com os nossos filhos já
mostrando o quanto eles eram amados antes mesmo de nascerem.
Eu estava ansiosa o mês todo com esse baile, todos de casa tentaram
me ajudar a perder esse medo, Audrey me ajudou a como me portar,
algumas regras de etiqueta, até mesmo John me falou como me sair bem
com os jornalistas e fotógrafos.
Mas quando paramos em frente aquela loucura de pessoas se
imprensando para ver quem tirava a melhor foto, eu tremi de medo. Parte de
mim estava insegura, mas o que me dava força para continuar sorrindo era
as mãos de Patrick que não paravam de me tocar a todo instante.
Depois que avistei Audrey e James até respirei mais aliviada, pois
sabia que todas as pessoas ali queriam um pouco da atenção de Patrick e
como anfitrião ele precisa dar, com os pais dele ali eu não ficaria sozinha.
Mas descobri rápido de mais que eles não eram os únicos que eu
conhecia ali. Avistei James e Magie vindo em nossa direção, o sorriso no
rosto enquanto acenavam para as pessoas no caminho.
— O que ele está fazendo aqui? — perguntei a Patrick sem tirar os
olhos dele. Eu ainda não tinha superado o fato dele ter mentido todos esses
anos e incriminado meu pai, muito menos com a investigação de
assassinato acontecendo.
Ouvi Audrey xingando e indo na direção deles, mostrando toda a sua
revolta com a ousadia de virem até aqui, Patrick apertou minha mão de
levantando no mesmo instante e por mais que algo dentro de mim me
falasse para segui-lo, eu só continuava paralisada olhando meu tio sorrir e
acenar.
— Como vai priminha? — a voz asquerosa chegou aos meus ouvidos,
congelando meu corpo por inteiro. — Tirou a sorte grande com o
deformadinho ali, mas se quiser um homem de verdade. — ele sugeriu e
senti os dedos dele deslizarem por meu ombro, subindo por meu pescoço
Senti meu estômago embrulhar e a bile subir por minha garganta, se
eu não fizesse algo ia acabar vomitando ali na mesa mesmo e não me
importava se aquilo não seria bem-visto. Fechei as mãos em volta de uma
das facas na mesa, pronta para me virar atacando.
Mas um rosnado animalesco me parou no mesmo instante que
levantei, foi nesse exato segundo que Louis foi arrancado do meu lado.
Patrick tinha uma das mãos fechada em seu colarinho, o puxando próximo,
até estarem com os rostos grudados.
Ouvi os arquejos e sussurros chocados das pessoas a nossa volta,
todos os olhos agora estavam focados em nós, todos chegando mais perto
para ouvir melhor o que falavam.
— Com quem pensa que está falando seu verme? — Patrick rosnou
erguendo o punho direito e acertando um soco no rosto dele. — Você acha
que pode colocar suas mãos imundas sobre a minha esposa como fez anos
atrás seu desgraçado? — e então outro soco o acertou, dessa vez Louis
gritou e sangue jorrou de seu nariz.
— Patrick! — ouvi James falar como um aviso, mas o filho parecia
ensandecido e continuava a golpear o rosto do homem, um segundo após o
outro.
Os seguranças apareceram em volta de nós e John parou ao nosso
lado, no mesmo instante senti a mão de Audrey tocar meu ombro tentando
me passar algum conforto.
— Que palhaçada é essa aqui! — meu tio gritou tentando
interrompendo tudo, mas minha raiva cresceu ainda mais e a vontade de
socá-lo era grande.
— É melhor vocês saírem daqui, a polícia já está a caminho! —
James exclamou empurrando meu tio dali, mas ele não cederia tão fácil, eu
já tinha visto aquele olhar dele, era de quem não tinha nenhuma boa
intensão dentro de si.
— Para prender o seu filho! Que o único que está agredindo a todos
aqui essa noite! — respirei fundo segurando mais firme na cadeira atrás de
mim para não cair. — Deveriam ter deixado esse animal preso em casa!
Ele estava atacando Patrick, tentando fazê-lo perder a cabeça ainda
mais, mas eu sabia que meu homem não se importava que falassem de sua
aparência, ele ainda se via como um monstro, não seria por isso que ele
brigaria com o infeliz do meu tio.
— Achou que seria o único a foder essa vagabunda... — Louis sorriu
com os dentes vermelhos com o sangue, mas não conseguiu terminar a
frase.
Era esse o ponto fraco dele, ouvir falar sobre mim, saber o que Louis
tentou fazer comigo quando eu era uma adolescente o tinha deixado louco e
ver ele hoje aqui e colocando as mãos em mim, o deixou naquele estado de
loucura e raiva. Patrick o derrubou no chão com um golpe e não se deu por
satisfeito. Subiu em cima do bastardo, o socando duas, três vezes, até que
perdi a conta. Meus olhos estavam ficando embaçados e minha respiração
ainda mais descompassada, era para ser uma noite linda, perfeita e mágica,
mas eles tinham que aparecer e destruir tudo, como sempre fizeram em
minha vida.
— Você pagou para se casar com minha sobrinha e agora é assim que
nos trata? — meus olhos se arregalaram encarando o falso, Magie ao lado
dele segurou seu ombro, como um pedido para que parasse, até ela sabia
que estava indo longe demais. Mas isso não o impediu de continuar. —
Comprou a garota para ter seus filhos e agora briga com meu filho como se
ele fosse culpado dela abrir as pernas para qualquer um?
Senti todo o sangue do meu corpo ser drenado e o chão aos meus pés
oscilou. Meu tio sempre gostou de distorcer a verdade, mas dessa vez ele
estava indo longe de mais, sim, eles tinham pagado o acordo, mas não do
jeito que ele falava.
Patrick jogou meu primo no chão, que caiu batendo a cabeça no chão
com um baque surdo, então se virou para o meu tio.
— Faça alguma coisa, James! — ouvi Audrey gritar com o marido e
no mesmo instante meu tio acertou um soco em Patrick, arrancando sua
máscara e fazendo mais exclamações de choque correr pelo salão.
Eu senti minha visão escurecer ainda mais e levei minhas mãos a
barriga preocupada com tudo, tudo aquilo era o que a médica tinha me
mandado evitar, fortes emoções, choques e surpresas, e eu estava tendo tudo
de uma vez só e em grandes doses.
Meu marido foi rápido em acertar dois socos no desgraçado com
quem eu tinha crescido, o fazendo cambalear para trás e cair sobre uma das
mesas.
— Oh céus, que merda aconteceu aqui? — uma mulher negra, alta e
linda chegou perto de nós e logo teve a atenção de John. — Patrick está
colocando tudo a perder com esse show! Tem ideia de que isso está em
vários sites e tabloides já? Isso vai afetar tanto o processo de Sophie contra
eles.
Foi então que eu me dei conta de que ela era Suzie, só podia ser e ela
estava completamente certa, Patrick estava arruinando tudo e não só para
mim, eu era desconhecida no meio da alta sociedade, mas ele e sua família
eram conhecidos no mundo todo, aquele escândalo acabaria com sua
reputação, ele não estava pensando, não estava vendo nada com clareza e eu
precisava ajudar.
Ele parecia uma fera ensandecida, decidido a fazer justiça com as
próprias mãos e fazê-los engolir tudo o que tinham dito, Patrick parecia um
animal feroz pronto para destroçar qualquer um que entrasse em seu
caminho ou falasse de mim e ninguém tinha coragem de se aproximar e
pará-lo, nenhum dos seguranças ou mesmo seu pai e John, todos só
assistiam à cena em choque.
— Patrick... — murmurei com a voz por um fio quando ele ergueu
meu tio pelo colarinho. — Patrick! — falei mais firme, atraindo sua
atenção, mas bastou nossos olhares se encontrarem para a sala inteira girar e
eu perder as forças das pernas, me deixando ser engolida pela escuridão.
Eu tinha perdido todo autocontrole que sempre acreditei ter, naquele
momento eu só queria quebrar a cara dos dois homens que fizeram minha
Sophie sofrer, dos dois babacas que estavam acabando com a nossa noite
perfeita.
Mas no meio de toda minha loucura uma voz se sobressaiu, eu soube
que era Sophie me tirando daquelas trevas e dos pensamentos assassinos e
trazendo de volta para ela.
— Patrick! — meu olhar focou nela e no mesmo instante eu soube
que tinha algo de errado com ela.
O rosto estava ainda mais pálido e o corpo dela parecia oscilar, foi o
tempo de meus dedos soltarem o colarinho do tio dela, para que Sophie
fechasse os olhos desmaiando. Por sorte, John estava perto dela e agarrou
seu corpo, impedindo ela de cair no chão.
Em dois passos eu estava ao seu lado a puxando para o meu colo
antes de correr entre as pessoas buscando a saída.
— Sophie! Amor, fala comigo! — repetia incessante enquanto o
incomodo no meu coração só crescia, eu sentia que ia sufocar se não visse
seus olhos abertos de uma vez.
— Por aqui Patrick! — meu pai gritou correndo pela lateral do salão,
que daria nos fundos. Ele estava certo, era o melhor, sairíamos muito mais
rápido sem enfrentar a horda de jornalistas.
Assim que alcançamos o lado de fora, eu avistei John chegando com
o carro. Meus pais nos seguiram com o motorista deles atrás de nós, o que
agradeci, pois nesse momento só queria ficar sozinho com Sophie.
Eu era culpado por isso também, me deixei levar pelo ódio que me
consumiu e esqueci que deu estado de saúde era crítico e que eu deveria
manter a calma e evitar que ela passasse por qualquer estresse.
Deslizei meus dedos pelo rosto delicado, sentindo a pele macia e fria,
os olhos fechados dela e a falta de movimentos me deixava ainda pior. Não
era assim que deveria acabar nossa noite, não foi isso o que planejei.
— Sophie, acorda querida. — murmurei pegando uma das mãos dela
e a levando até meus lábios.
Beijei repetidas vezes, sentindo o anel que tinha acabado de lhe dar
cutucar minha boca, como um lembrete irônico de que mesmo que eu
tentasse o certo, as coisas sempre davam errado. Mas Sophie era a única
coisa certa na minha vida.
Virei a palma da mão dela para cima e deslizei meus lábios por cada
pedacinho, descendo até alcançar seu pulso, os batimentos fracos eram um
conforto de que ela estava viva, mas, ao mesmo tempo, um soco no
estômago saber como ela estava.
Não demorou para que chegássemos ao hospital e logo Sophie foi
levada de mim, e eu fiquei lá paralisado na porta por onde a levaram. Não
sabia como ela estava, como nossos filhos estavam, meu estômago se
revirou de forma feroz e eu quase vomitei.
A única vez que tinha me sentido assim foi quando tiraram meu filho
de mim, me senti impotente, sem força, um inútil que deixou uma vida
inocente ser destruída.
— Filho, ela vai ficar bem. — mamãe deslizou a mão por minhas
costas tentando me confortar, mas não tinha nada que fosse me trazer
conforto a não ser ver os olhos de Sophie abertos e o sorriso em seus lábios.
— Porque não vamos até o banheiro Patrick? — a voz do meu pai
soou imperiosa atrás de mim e eu o olhei em confusão. — Suas mãos estão
cobertas de sangue.
Só então me dei conta de que o sangue dos dois vermes continuava
em minhas mãos, suspirei sabendo que não tinha para onde fugir e o segui
até o banheiro. Quanto mais eu lavava minhas mãos, menos efeito parecia
fazer, os nós dos dedos estavam esfolados mostrando o tamanho da minha
fúria. Ergui meus olhos para o espelho e me deparei com os olhos opacos,
totalmente sem brilho, me lembrando do estado miserável que eu estava
antes de Sophie aparecer na minha vida. Percebi só aí que minha máscara
tinha caído em algum momento durante a briga e eu nem tinha me
importado, só queria fazê-los pagar.
— Por que fez aquilo filho? Eu ouvi o que o babaca disse, mas antes
mesmo dele xingar Sophie você já estava o socando com ódio.
Meus pais não sabiam por tudo o que Sophie tinha passado naquela
casa, eu tinha me limitado em contar a eles sobre a fraude do tio. Mas talvez
esse foi meu erro, esconder deles o resto.
— Aqueles desgraçados não deveriam ter sido convidados para
começo de conversa. — falei lembrando o que eu precisaria dar um jeito,
riscar aqueles dois infelizes de qualquer evento que a Carter estivesse
envolvida. E pelo espelho vi meu pai acenar concordando. — Sabia que
Sophie dormia com uma faca em baixo do travesseiro? — a cara de confuso
dele me mostrou que não, ninguém sabia, é claro. — Ela passou a dormir
com uma faca depois que o desgraçado do primo tentou abusar dela quando
ela tinha quinze anos, ninguém na casa fez nada, só quando ela conseguiu
se virar e atacar o bastardo foi que apareceram.
— O quê? Isso não... Aquele merdinha filho da puta! — meu pai
rosnou esfregando os dedos no cabelo grisalho e saindo da pose de certinho.
— Sophie levou uma surra de cinta, que machucou as costas dela por
dias, tudo porque ela acertou a cara do babaca. — rosnei fechando minhas
mãos em punho com a lembrança de tudo o que ela me contou. — Ela tinha
que conviver com aquele demônio todos os dias, então decidiu se proteger.
Ela era só uma menina, pai! Ninguém tinha que passar por isso na vida! E
agora eles vêm como se nada tivesse acontecido e querem fingir ser uma
boa família porque ela tem dinheiro?
Abri o verbo contando tudo o que ela me contou, sobre cada vez que
foi espancada, deixada com fome e machucada, por todo abuso físico e
psicológico que ela passou, quando terminei vi o rosto transtornado e o
sangue nos olhos dele, o desejo de matar alguém gritando em sua
expressão.
— Então você fez pouco! Aquele verme tem que morrer e já sei quem
vai dar um jeito nisso...
— O que você vai fazer pai? — questionei quando ele abriu a porta
da parecendo ter uma missão nas mãos.
— Eles vão pagar filho! — ele sacou o celular do bolso e eu o segui,
surpreso por meu pai ter algum plano maluco de sequestrar alguém. — Vou
chamar Cris e vamos dar um jeito neles.
— Pegue o Louis! — afirmei sabendo que precisávamos do tio dela
vivo. — O velho vai responder todos os processos e devolver a dignidade
ao nome dos pais dela!
— Ela acordou! — minha mãe gritou para nós assim que chegamos a
sala de espera e eu não esperei que falasse de novo.
Corri para o quarto em que Sophie estava com desespero, meu
coração disparou no peito com a mera ideia de vê-la acordada e bem, saber
que nada de grave tinha acontecido a ela e aos nossos filhos. Era tudo o que
eu desejava.
Atravessei a porta assustando ela e a enfermeira que terminava de
arrumar o soro, meus olhos focaram nela abatida e pálida, encolhida
naquela cama, mais uma vez sendo furada e monitorada. Sophie abriu um
sorriso para mim e eu desmoronei ao lado da cama, caindo de joelhos e
pegando a mão dela.
— Me perdoa! Me perdoa por te fazer passar por isso! — beijei
incessantemente os dedos dela, enquanto deixava a lágrimas molharem sua
mão.
— Patrick? Do que você está falando? — ela questionou se mexendo
na cama e tentando me ver melhor. — Amor levanta! Você não tem que me
pedir perdão por nada.
— Tenho sim, se eu tivesse simplesmente chamado os seguranças e
ordenado que tirassem eles de lá, você não estaria nesse hospital agora. Eu
fiz aquela cena horrível na sua frente e te causei isso...
— Só cale a boca e levante daí antes que eu te arraste! — Sophie
ordenou perdendo a pose doce e delicada, me surpreendendo totalmente e
me fazendo levantar. — Eu amei o que você fez, você me defendeu. — a
mão dela envolveu meu rosto com delicadeza, acariciando a parte marcada
do acidente. — Eu estava prestes a cortar a mão do desgraçado que me
tocou quando você o pegou. Adorei ver que você me defendeu de todos
eles, não se importando com etiquetas e regras. Eles me causaram isso
quando apareceram, não você. Pelo contrário, eu ouvi Suzie dizer que você
está encrencado depois daquilo.
Coloquei minha testa contra a dela, encarando aqueles olhos
magníficos e beijando brevemente os lábios dela.
— Eu te amo tanto mulher! Você não tem ideia do quanto! — fiquei
feliz que ela pensasse assim, mesmo que eu não tirasse a minha culpa nisso,
saber que Sophie apreciou o que fiz me deixava mais relaxado ao lado dela.
— Boas notícias... que casal para se amar vocês dois, não é? — a
doutora entrou animada falando. — Mas vamos ao que interessa, nossa
mamãe está bem, os exames estão ótimos, foi só um desmaio por estresse,
muita emoção para um dia só.
— E os bebês? — Sophie fez a pergunta por nós dois, porque agora
eu não tinha coragem de perguntar mais nada.
— Era sobre isso que eu queria falar com vocês. — meu coração se
afundou no peito e eu sabia que não suportaria perder mais um filho, isso
arrebentaria minha alma e me lançaria naquele poço escuro de novo. —
Aparentemente está tudo ótimo, e a boa notícia é que vamos ouvir esses
coraçõezinhos.
— Porra...— suspirei soltando o ar e ouvi Sophie rir ao meu lado. —
Eu não tenho mais idade para isso, vou acabar enfartando desse jeito!
Mas eu finalmente estava respirando aliviado, saber que Sophie
estava bem e que com certeza nossos filhos também, tirava uma tonelada
das minhas costas e trouxe um alívio ao meu coração.
Não o demorou para que os aparelhos fossem colocados e nos
esperávamos em expectativa. Minha pequena agarrou minha mão com
firmeza, sorrindo de orelha a orelha e até nossos pais tinham invadido o
quarto aquela altura, a família estava reunida pronta para ouvi-los.
Então aquele som maravilhoso e duplicado preencheu a sala, olhei
para minha mulher não me importando se as lágrimas embaçavam a minha
visão, Sophie já estava se debulhando e soluçando. Aquele som preencheu
todas as lacunas escuras que ainda restavam dentro de mim, mudando
completamente tudo e enchendo com luz, amor, esperança.
Era um misto de coisas boas que eu estava sentindo naquele momento
e nada mais importava, nenhum problema, os escândalos, as brigas e
dificuldades que Sophie e eu enfrentamos e iríamos enfrentar. Nada mais
importava por que nós tínhamos um ao outro!
Algumas horas depois Sophie estava dormindo contra o meu peito,
ainda estávamos no hospital, pois ela precisava de muito descanso antes de
uma viagem. Eu respondia as últimas mensagens de Suzie, que estava
lidando com todo o escândalo que ocupava a boca do povo no mundo todo,
quando uma mensagem de um número desconhecido apareceu na tela.
"Vejo que está feliz, mas espero que esteja pronto para chutar essa
mulher ou os Carter vai perder mais herdeiros."
Estávamos voltando para casa e eu não via a hora de poder me
aconchegar na nossa cama, me enrolar com Patrick sem ficar pensando que
alguém podia aparecer e em especial comer a comida da Holly, aquele dia
inteiro no hospital me fez desejar mais do que nunca estar em casa.
Patrick agora estava aguentando toda a consequência daquela noite,
advogados, entrevistas com jornalista, reuniões com o conselho do
emprego, queda nas ações da empresa, era daí para a pior. O que me fazia
desejar que eu tivesse cortado a mão do meu primo naquela hora, se ao
menos eu tivesse feito isso seria uma briga de família, mas no momento em
que Patrick agrediu meu primo na frente de todos e meu tio gritou que ele
tinha me comprado, deu um circo completo para a mídia fazer o show que
quisesse.
A única parte boa daquela noite tinha sido ouvir o coração dos nossos
bebês, foi a coisa mais emocionante e linda que eu já tinha ouvido na minha
vida, e saber que eles estavam crescendo bem dentro de mim me deixava
ainda mais feliz.
— Sim, Suzie eu sei, vamos estar prontos para o tribunal na terça-
feira! — Patrick passava boa parte do tempo agora resolvendo os problemas
que causei e sempre estava por perto de mim.
Sua mão deslizou distraidamente sobre a minha barriga, acariciando a
pequena volta que começava a dar as caras. Três meses, mas ainda não
parecia haver duas crianças ali.
Me distrai com meus pensamentos enquanto olhava a chuva do lado
de fora, até que John parou em um semáforo e algo chamou minha atenção
do outro lado da rua. Sem pensar duas vezes, abri a porta do carro e sai sem
me importar com a chuva forte que caia.
— Sophie? Ficou maluca de sair assim? Sophie! — ouvi Patrick gritar
atrás de mim, mas não parei, continuei até atravessar as duas fileiras de
carro e chegar em frente a loja que eu queria. — O que você pensa que...
Me ajoelhei no chão diante da caixinha que estava escrito: para
adoção! Três filhotinhos de cachorro estavam se amontoando tentando se
proteger do vento gelado.
— Awnn, vocês são a coisa mais linda que eu já vi! — falei sem
conseguir conter a voz de bebê enquanto passava a mão neles, que
começavam a se animar. — Podemos levar? — olhei para Patrick que
esquadrinhavam o lugar em volta.
Ele vinha estando assim desde aquela noite, acredito que seja a
procura de possíveis jornalistas fuxicando ainda mais a nossa vida.
— Você podia ter se machucado correndo no meio dos carros daquele
jeito, podia ter caído ou pior... — me ergui vendo que ele estava realmente
preocupado e segurei seu rosto.
— Nada vai me acontecer porque eu tenho você. — beijei os lábios
dele, colocando um fim naqueles pensamentos malucos e mostrando o
quanto eu estava bem. — Agora olha isso! — exclamei pegando um dos
filhotinhos que tinha pulado da caixa e colocando bem perto do rosto.
— É claro que vamos levá-los para casa! — Patrick respondeu se
abaixando e pegando a caixa com os outros dois. — Você se arriscou
demais, então esse é o mínimo que eu posso fazer, não é?
Eram três bolinhas de pelo, chorando, tremendo e abandonados. Eu
jamais os deixaria ali largados, mesmo assim eu fiquei na ponta dos pés e
plantei um beijo na bochecha dele em agradecimento, antes de corrermos de
volta para o carro.
— Sempre quis ter um cachorrinho, nem acredito que agora vamos ter
três! — exclamei parecendo uma criança que tinha acabado de ganhar o
melhor presente de natal.
— O da mamãe e um para cada um dos gêmeos. — ele pontuou
apontando para cada um dos filhotinhos. — O que eu não faço para ver esse
sorriso no seu rosto. Eu não posso te perder Sophie, seria mais fácil arrancar
meu coração do peito do que viver longe de você. — as palavras dele me
pegaram desprevenida e quando encarei seus olhos vi estarem molhados e
não era da chuva.
— Patrick... — coloquei o cachorrinho com os outros na caixa e subi
no colo dele o montando, sem me importar com John no banco da frente, eu
só precisava tirar aquela dor dos olhos do meu homem. — Você não vai me
perder, eu não vou a lugar nenhum, nada vai me tirar de perto de você!
Segurei o rosto dele e plantei um longo beijo, deixando que suas mãos
subissem por meu vestido, desenhando minhas curvas.
— Você está molhada... acho melhor tirar isso! — Patrick falou entre
os beijos já começando a arrancar meu casaco.
— Acho que o vestido também... — murmurei descendo meus lábios
pelo pescoço dele. — Droga, será que um dia esse desejo louco vai passar?
Ou o barulho de um vidro subindo e quando olhei sobre meu ombro
vi que uma janela agora nos separava de John, ele não poderia ver nada do
que estava prestes a acontecer ali, embora eu tenha quase certeza de que iria
ouvir.
— Espero que não passe nunca! — ele rosnou antes de arrebentar
minha calcinha e se enfiar entre minhas pernas.
Quando chegamos a casa eu fui direto arrumar um cantinho para os
três pequenos, Patrick deu um jeito de enviar um dos seguranças buscar
tudo o que coloquei na lista e me prometeu que logo os levaríamos no
veterinário, mas que por hora ele me queria em casa. E eu não podia
reclamar, não sabendo que todos estavam bem e que eu precisava descansar
depois do sexo quente e maluco no carro.
— Descanse um pouco, vou estar no escritório se precisar de qualquer
coisa. — ele beijou minha testa, pronto para sair, mas não era o que eu
queria, só precisava dele ali.
— Você tem trabalhado muito, deveria descansar também. —
comentei na esperança de fazê-lo ceder e ficar ali comigo, mas não
adiantou, ele me deu um sorriso fraco e então se virou. — Isso é sobre todos
esses novos seguranças? Quando vai me contar o que está acontecendo?
Ouvi o suspiro resignado de Patrick, os ombros ficaram tensos com
minhas palavras e ele não se virou para olhar nos meus olhos enquanto
respondia.
— É só precaução, não quero que nada nos aconteça. — eu soube ali
que ele estava escondendo algo, Patrick não ficava desviando o rosto de
mim quando conversávamos.
Odiava que ele sentisse a necessidade de me esconder as coisas, eu
achava que tínhamos passado dessa fase nas nossas vidas, mas ele ainda não
tinha se aberto totalmente comigo, contado de Emily e do filho que perdeu,
então eu precisava ser razoável e dar um pouco de tempo a ele.
Fiquei remoendo aquilo por um tempo até pegar no sono, a chuva que
não parava de cair me fez dormir além do que imaginei que dormiria.
Acordei sobressaltada com um trovão que pareceu estrondar até a
mansão inteira. Meu coração bateu disparado e eu corri com as mãos na
barriga, sentindo uma necessidade de protegê-los crescendo dentro de mim.
— Calma, calma. Foi só um trovão. — murmurei para mim mesma
tentando né assegurar que não tinha sido nada de mais.
Mas o movimento na casa e as vozes alteradas chamaram minha
atenção, me levantei indo direto para o corredor e me deparei com homens
que eu nunca tinha visto andando de pressa para todos os lados.
Quando alcancei as escadas, tive um vislumbre melhor do que estava
acontecendo, a casa inteira parecia um caos e bem no centro dela estava
Patrick, gritando ordens para todo lado, segurando um celular na orelha e
parecendo possesso.
— Descubram como ela entrou aqui, porra! — Patrick bradou e Cris
surgiu mandando os homens fazerem outras coisas longe dali. — Eu disse
que deveríamos ter tirado Sophie daqui! Nunca deveria ter dado ouvido a
vocês, primeiro o cachorro, acham que eu vou esperar que ela faça o mesmo
com um dos meus filhos?
Meu sangue disparou e meu coração parecia prestes a subir pela boca,
mas dessa vez não tinha nenhum sinal de tontura, só uma trilha de raiva.
Raiva por Patrick estar me escondendo algo grande, por saber que algo
tinha acontecido com os filhotes e pior, descobrir assim que ele queria fazer
as exigências de alguém e me tirar de perto dele.
— Patrick! — gritei, atraindo a atenção dos dois no mesmo instante.
— O que está acontecendo? Onde estão os cachorros e que história é essa
de me tirar daqui?
— Sophie, querida, não era para você ter acordado... — ele subiu a
escada pulando os degraus, mas eu o parei antes mesmo que chegasse perto
de mim.
— Não adianta querer me enrolar agora, o que está acontecendo nessa
casa? Foi Emily, não foi? Ela apareceu querendo algo? — questionei de
uma vez, não dando tempo para que ele se esquivasse da pergunta.
— Como você sabe sobre a Emily? — eles questionou parecendo
chocado e só então eu me dei conta de que tinha falado demais. — O que
sabe sobre ela, Sophie? Ela chegou até você?
— Não, não, eu só descobri que você era casado e que o nome dela
era Emily. — menti parcialmente, afinal isso era informação que estava na
internet e eu não queria entregar Audrey que tinha né pedido segredo. — O
que ela fez com os filhotes? — Patrick olhou para Cris como se pedisse
ajuda e eu agradeci por ele não se importar com a informação de Emily,
mas já sentindo meu coração se apertar em imaginar o que ela teria feito.
— Um deles está morto, Sophie. — foi Cris quem abriu a boca me,
deixando em choque. — Encontramos um bilhete ao lado dizendo que o
próximo seria seu filho, se Patrick continuasse a negar o que ela pediu e não
lhe colocasse para fora.
Senti como se o chão fosse tirado dos meus pés e eu estivesse de novo
em uma montanha-russa de emoções. Eu não podia acreditar que alguém
era capaz de tudo isso, capaz de tanto só para causar dor e sofrimento.
Minha mente tinha subestimado a maldade que habitava dentro dessa
mulher.
Deixei Sophie na cama, mesmo depois do dia trancada no quarto de
hospital eu queria que ela repousasse e descansasse, o medo de vê-la caindo
desmaiada no baile ainda estava rondando minha mente, assim como a
mensagem de Emily.
Aquela mulher tinha vindo dos quintos dos infernos, apenas para
perturbar a minha paz. Eu convoquei toda a família enquanto estávamos no
hospital, todos precisavam estar cientes sobre o que estava acontecendo
assim como ter a segurança correta. Mas quando coloquei minha ideia de
levar Sophie para a ilha com os seguranças e meus pais, fui criticado por
todos.
Ninguém concordava que ceder as exigências dela seria a coisa certa
a fazer, pois se eu cedesse agora iria ceder sempre e não podia ceder para
aquela mulher. E eles estavam certos, eu não podia engolir o que ela queria,
Emily era uma chantagista de primeira e faria de tudo para não me deixar
ser feliz.
Tirando Sophie de perto de mim, ela não ganharia muito além da
minha tristeza, o que significava que ela viria atrás de mais. Por isso
concordei com todos, Sophie ficaria em casa onde era o seu lugar, ao meu
lado.
— Suzie tem novidades sobre o babaca do tio da Sophie, ela
encontrou uma cláusula no contrato para ferrar com ele por abrir a boca
grande. — meu pai falou indo comigo até o escritório. — A propósito sua
mãe está louca pelos cachorrinhos, com toda certeza ela vai arrumar um
filhote para nossa casa também.
— Se ela ficar tão feliz quanto Sophie, vale muito a pena. A maluca
correu no meio dos carros e na chuva para ver o que tinha na caixa, você
acredita?
— Acredito. Sophie é uma força da natureza. Por isso eu te pergunto,
quando vai contar para ela que a Emily apareceu novamente?
Ali estava a pergunta que eu não queria responder, tinha me
esquivado dela desde que recebi a mensagem. Porque contar sobre Emily de
volta na minha vida, significa que eu tenho que contar a ela sobre meu
primeiro casamento e eu nunca disse nada disso a Sophie.
— Sobre isso, eu ainda não contei a minha mulher que ela não foi a
primeira senhora Carter. — falei baixo demais, envergonhado até por
termos prometido não ter mais segredos entre nós e ainda sim, não ter
contado isso a ela.
— Sophie não sabe que você foi casado? — pelo tom dele, eu sabia
que vinha sermão por aí.
— O assunto não surgiu, eu não sei porque, só ainda não contei nada
sobre a Emily e dizer isso agora fazer parecer que só estou falando porque
ela reapareceu.
— Sophie não pode estar no escuro agora! Desse jeito Emily pode se
aproximar dela sem que ela saiba de quem se trata, não continue sendo
burro, não te criei assim. — ele gritou começando tudo de novo, mas eu
sabia que tudo estava certo, deixar Sophie sem saber era perigoso de mais.
— Chefe! Você tem que ver isso! — John exclamou entrando no
escritório de supetão e já saiu correndo de volta.
Respirei fundo saindo de lá, não conseguia imaginar nada que o
fizesse correr daquele jeito pela casa. Meu pai e eu seguimos atrás de John
até o andar de baixo, quando vi os homens de Cris se amontoando em volta
do quartinho onde tínhamos instalado os filhotes, eu soube que tinha algo
errado.
Sophie tinha organizado eles em um dos quartos do primeiro andar,
quando o segurança chegou com as coisas, minha mãe arrumou tudo como
se fossem já os netinhos.
— O que aconteceu? — perguntei e Cris saiu de lá com um olhar
furioso. — Digam logo!
— Alguém entrou aqui a mando da Emily e usou um dos filhotes
como aviso. — Meu amigo falou e eu empurrei todos na minha frente até
entrar lá.
A cena ali embrulhou meu estômago e eu me virei no mesmo instante,
saindo de lá. Alguém matou o filhote e espelhou sangue por todo lado em
uma cena horrível e macabra.
— Os outros dois estão com sua mãe lá em cima, o bilhete que
deixaram foi escrito a mão e com certeza é a letra dela. — John me
explicou enquanto eu ainda tentava digerir a cena.
"Sabe que eu não sou a criatura mais paciente, então é melhor me dar
o que pedi ou o próximo será seu filho."
Amassei o papel com raiva e rosnei sabendo que era minha culpa. Se
tudo aquilo tivesse sido resolvido quando ela exigiu aquele filhotinho não
testaria morto e isso é mais um sofrimento para Sophie.
— Descubram como ela entrou aqui, porra! Eu disse que deveríamos
ter tirado Sophie daqui! Nunca deveria ter dado ouvido a vocês, primeiro o
cachorro, acham que eu vou esperar que ela faça o mesmo com um dos
meus filhos?
Mas ela surgiu no andar de cima gritando comigo e afirmando que
não ia a lugar nenhum. E para o meu espanto ela já sabia de Emily, eu
deveria ter suspeitado que ela procuraria por mim na internet e descobriria
tudo.
— Não vou a lugar nenhum, ela não vai me tirar de perto de você e
destruir sua vida de novo! Eu não vou deixar. — minha garota falou firme.
— Amor, por mais que eu aprecie isso, nossa prioridade no momento
é você e os bebês. — murmurei chegando perto dela e segurando suas
mãos.
Mas o olhar que Sophie me deu mostrou que eu não a convenceria
com uma conversa e um sorriso.
— Precisamos descobrir como ela entrou aqui, ou quem fez isso para
ela, então poderemos tomar uma atitude. É só isso, só precisamos saber
quem aqui dentro está ajudando ela.
— É mais seguro se você e meus pais forem para ilha, ninguém vai ir
até lá...
— E ela ganha! Não vou deixar aquela mulher ganhar de novo,
porque eu seio o que ela quer, ela quer você! — Sophie exclamou e
começou a marchar para o andar de baixo, mas eu queria ela longe dali,
longe da sujeira que estava limpando no quarto. — Quando você me
apresentou a todos no baile, isso mexeu com ela porque de alguma forma só
quando me viu a vadia percebeu o que perdeu. E ela quer de volta!
Sophie entrou na cozinha procurando por algo e só quando ela abriu a
geladeira foi que entendi, ela estava atrás de comida e fez com que eu e Cris
a seguíssemos.
— Mesmo que ela me queira de volta, eu jamais faria isso, jamais a
aceitaria na minha vida!
— Aceitaria sim, você faria tudo por Sophie e por seus filhos! — Cris
constatou o óbvio.
— E ela sabe disso, ela te conhece bem e sabe seu ponto fraco. —
então antes que eu percebesse, ela arrancou o celular das mãos de Cris e
começou a digitar de forma rápida. — Ela me quer fora da sua vida, o
segundo passo é voltar para essa casa, para você e te forçar a levá-la de
volta a mídia. Todos esses anos ela ficou reclusa, se escondendo para
enquanto aproveitava o que roubou de você, mas agora ela cansou.
"Enquanto não sabemos em quem confiar, vamos manter isso entre
nós. Eu vou para a casa da Rosa, eles não são da família e Emily não vai
desconfiar de nada. Enquanto isso vocês vão ganhar a confiança dela e fazê-
la aparecer, esse é o único jeito de prendê-la."
— Aqui amor come! — Sophie empurrou uma almôndega na minha
boca quando eu estava prestes a protestar. — Eu não quero saber de uma
vadia me perseguindo Patrick, meus filhos estão em perigo, minha saúde já
está fraca e depois do seu show no baile ainda tenho que lidar com minha
família. Então eu vou para casa da minha amiga, ficar longe de você o
máximo possível até que resolva sua merda com ela!
Eu abri e fechei minha boca várias vezes, sem saber o que dizer ou
como responder aquilo. As palavras dela escrita no celular de Cris estavam
me mostrando o que ela queria fazer e as palavras dela em voz alta era para
quem quiser que fosse o nosso espião. E eu já tinha entendido, mas não
queria aceitar, muito menos que ela fosse ficar na casa daquele safado.
— Você está certa, temos que protegê-la a qualquer custo e isso
significa te mandar para longe! — Cris afirmou me surpreendendo, porque
quando sugeri ele foi contra.
"Tente ser o mais convincente possível, quanto antes aquela vadia se
apresentar para você, mais rápido poderemos prendê-la e viver em paz! Eu
te amo."
— É melhor assim, seu passado está explodindo e vai respingar em
nossos filhos, não podemos continuar com isso. — ela me disse entregando
novamente o celular.
E mesmo que as palavras dela fossem só para despistar quem
trabalhava para Emily, doeu como a verdade, porque se Emily tivesse sido
presa quando matou nosso filho e destruiu minha vida, nada disso estaria
acontecendo agora com a minha mulher.
Respirei fundo entrando no plano maluco dela, se Cris estava
concordando com isso é porque Sophie estaria segura.
Mas eu já estava me preparando para dar um recado a Alejandro, para
que dessa vez o infeliz se mantivesse longe e tentasse ajudar ao invés de
tentar um lugar dentro das calças da minha mulher.
— Eu te amo e sinto muito por isso! Mas se quer isso vou avisar a
John que está de saída.
Eu não queria deixar Patrick, especialmente nessas circunstâncias,
mas dessa vez o problema não era entre nós dois, não estávamos nos
afastando porque queríamos, mas sim porque estávamos sendo forçados a
ficar longe um do outro, tudo por culpa daquela maldita mulher que não
sabia deixar as pessoas a sua volta serem felizes.
Quando eu ouvi o que ela pediu a Patrick e o que fez ao filhotinho, eu
soube que ela não iria parar até ter o que queria. Mas ela estava muito
enganada se achava que eu iria entregar meu marido de mão beijada a ela!
Ela tinha jogado Patrick em um poço fundo e escuro, o abandonado lá
com o coração partido. Quando eu cheguei nessa casa, Patrick não era nada
além de uma pessoa machucada e amargurada com a vida, um homem que
não acreditava mais no amor. Eu gosto de pensar que o meu amor, minha
insistência e até mesmo minhas brigas com ele, o trouxeram de volta a luz,
mostraram para ele o que o amor de verdade é. E agora com nossos filhos,
eu sentia que Patrick finalmente estava se perdoando pelo que deixou
acontecer no passado.
Então não tinha a menor chance que eu fosse aceitar qualquer coisa
que aquela mulher tivesse enfiado naquela cabeça fodida dela. Emily ia ter
o que merecia, anos em uma cadeia!
John me levou até a casa de Alejandro, eu estava levando os
filhotinhos comigo, não ia correr o risco que algo acontecesse com aqueles
dois.
E eu já sabia que tinham encontrado o desgraçado infiltrado na nossa
casa, o motorista dos pais de Patrick infelizmente tinham se juntando com a
desgraçada, mas continuaria na nossa casa só para
Mas eu estava começando a desconfiar que ele não seria o único, meu
primo tinha sumido do mapa mesmo que eu acreditasse que a essa altura ele
estaria processando Patrick por agressão, mas o único que estava
processando era o infeliz do meu tio. Ele ainda parecia determinado a
conseguir tirar mais dinheiro de Patrick, pelo absurdo que ele causou no dia
do baile.
— Vamos dar um jeito em tudo, você vai ver. — foram as primeiras
palavras de John desde que saímos de casa. — Você e Patrick nasceram
para ficarem juntos e ninguém vai destruir isso.
Não consegui controlar o sorriso que brotou nos meus lábios. Quando
sai daquele inferno de casa eu não tinha ideia do que me esperava, mas foi
Rosa que me influenciou a manter a mente positiva, a fazer isso funcionar e
olhando agora com certeza tinha funcionado e muito bem, precisava
agradecer a ela por não me deixar desistir.
— Vai, sim, John. Vamos ser uma grande família feliz e unida, ela não
vai conseguir destruir isso. — essa era uma promessa que eu fazia, nem ela,
ou minha antiga família seria capaz de destruir minha felicidade mais, eu
tinha jurado isso.
— Chegamos! E parece que seu amigo já estava a nossa espera. —
olhei para fora quando John disse isso e dei de cara com Alejandro no
portão da casa com uma cara preocupada.
Desci do carro e rapidamente ele estava do meu lado, pegando um dos
filhotes do meu colo e minha bolsa. Rosa surgiu na porta sorrindo largo
como sempre fazia e eu tinha certeza que ela estava mais do que empolgada
em ficar perto dos meus filhos, já que tinha comemorado tanto no telefone
quando lhe dei a notícia.
— Como foi a viagem? Vamos entrar rápido. — Ale quase me puxou
para dentro da casa enquanto John ia embora.
— Ele falou com você, não foi? Patrick te ligou? — o questionei,
porque aquela era a única explicação para ele estar agindo daquela maneira
preocupada comigo ali ao ar livre.
— Oi, minha filha! — Rosa exclamou, interrompendo qualquer coisa
que Alejandro estivesse pronto para dizer. — Pensei que só ia ver você
quando tivesse com um barrigão, sua ingrata!
— Oi Rosa. — me joguei nos braços dela me aconchegando contra
ela. — Seus netos estão bem e não acho que vá demorar para eu estar com
uma barriga enorme.
Ela me empurrou encarando meu rosto com os olhos ficando cheios
de lágrimas.
— Do que está falando menina? — a voz dela fraca me mostrou o
quanto ficou comovida com o que falei.
— O quê? Achou que não seria a avó dos meus filhos? Você foi a
única pessoa que me tratou como família, como uma mãe, então acho bom
ir se acostumando a ser chamada de vovó. — ela me puxou com força, me
abraçando de novo e quase me fazendo chorar também com todo aquele
amor.
— Acho bom as duas choronas entrarem em casa logo. — Alejandro
nos lembrou do perigo a minha volta.
A última coisa que eu realmente queria era trazer problemas até eles,
mas eram as únicas pessoas que eu podia contar naquele momento,
enquanto aquela maluca estivesse com os dois olhos grudados na família
Carter, eu tinha que manter as aparências. Para todos os efeitos, eu tinha
brigado com Patrick e saído da casa.
— O que ele te contou afinal? Ele nem deveria ter ligado para você,
isso poderia colocar tudo a perder.
— Seu marido foi esperto, está usando um telefone que não pode ser
rastreado, ele deixou o número e me pediu para avisar que você pode ligar
qualquer hora que quiser. — Alejandro me contou sentando no chão a
minha frente e começando a brincar com um dos filhotes, não tinha como
não se apaixonar por eles. — Ele me mandou proteger você com minha
vida e ficar longe ao mesmo tempo.
— Só o Patrick mesmo para dizer algo assim! — eu e Rosa rimos de
mais, porque nós sabíamos bem como era aquele homem grosso do começo
do nosso casamento.
— Ele te ama, por isso parece um maluco possessivo quando o
assunto é você. — Ale me olhou e eu me arrependi de ter beijado ele, o
usando para descobrir quais eram os meus sentimentos pelo Patrick. — Eu
não o julgo, se eu tivesse uma mulher assim não deixaria ninguém chegar
perto. Mas ainda estou procurando essa mulher, se tiver uma amiga para me
apresentar.
Joguei uma almofada nele com o descaramento dele, mas eu torcia
para que ele conseguisse uma boa garota que o amasse como ele merecia,
porque Alejandro era uma ótima pessoa e um homem maravilhoso.
Depois que comi uma lasanha maravilhosa que Rosa fez, eu tomei um
longo banho e me tranquei no quarto, louca para falar com Patrick, mesmo
que tivéssemos nos visto pela manhã.
— Espero que você já esteja com saudade. — soltei assim que ele
atendeu. — Porque eu estou.
— Porra, não tem ideia de como estou com saudades. Ouvir a sua voz
é um bálsamo no meio de todo esse inferno. — ouvi um suspiro e o
farfalhar de papéis ao fundo.
— Ainda está trabalhando? Deveria ir descansar. Emily entrou em
contato? O espião ainda está aí? — tagarelei as perguntas querendo me
manter informada, eu sabia que se não fosse decidida sobre isso Patrick
voltaria a me deixar no escuro.
— Estamos trabalhando, Suzie está aqui e encontramos uma brecha
no contrato, que vai obrigar seu tio a recuar nesse processo. — então ele
deu uma longa pausa, se não fosse a respiração dele do outro lado, eu
acharia que ele teria desligado na minha cara. — Emily entrou em contato
pedindo dinheiro e joias, disse que quer estar apresentável quando for a
mídia junto comigo. Estamos tentando rastrear o celular dela, já que Cris
rackeou o aparelho do espião. E sim, ele está aqui e estamos mantendo os
olhos nele a todos os segundos.
— Oh uau. Quer dizer eu... Não estava esperando todas essas
informações.
— Cansei de manter segredo, precisamos conversar sobre a Emily,
sobre tudo o que ela causou na minha vida, o estrago que deixei ela causar.
— Sei que é um assunto delicado, amor, você não precisa falar se não
estiver...
— Eu quero! — ele exclamou me interrompendo. — Esse retorno
dela, logo quando tudo estava tão bem, quando… descobrimos sobre os
bebês, isso tudo mexeu muito comigo e eu preciso te contar, porque eu
confio em você e quero que saiba de tudo da minha vida. Eu amei a Emily,
desde o começo do nosso relacionamento e demorei tempo de mais para ver
que ela só queria mais dinheiro e poder, mais do que a família dela podia
dar. — ouvi a longa respiração do outro lado e esperei para que ele estivesse
pronto para continuar. — Ela queria dinheiro e tirou um por um, mas eu não
me importei e quando... Ela teve nosso primeiro filho, meu mundo todo se
transformou e eu não me importava mais com o nosso relacionamento
horrível, as brigas e problemas, tudo estava bem porque ele existia. Mas foi
quando ela...
— Pat, não precisa falar. Não quero que você sofra relembrando isso.
— Eu já estou sofrendo, porque o que ela fez com aquele filhote me
lembrou exatamente o que ela fez com meu filho. Ela matou ele, Sophie.
Emily matou nosso filho e nem se importou com nada. — a voz embargada
se transformando em choro acabou comigo.
Partia meu coração saber que Patrick sofria daquele jeito e eu não
estava lá com ele, para consolar e segurar seu corpo enquanto ele chorava
colocando tudo para fora.
— Eu queria estar aí com você. — me levantei começando a andar
pelo quarto, porque ouvir aquilo era demais para ficar quieta. — Droga,
aquela vaca está me fazendo odiá-la ainda mais!
— Só não entendo porque ela voltou agora, ela quis me matar com
nosso filho, só para que tudo ficasse para ela, todo dinheiro, empresas, tudo
e agora isso!
— Ela não conseguiu o que queria antes e com você vivo ela precisou
de esconder por anos. Quando me apresentou no baile, ela viu um motivo
para chantageá-lo e depois que o motorista disse sobre os bebês, ela ganhou
ainda mais munição. — murmurei, me dando conta do que seria a jogada
final dela. — Emily vai querer matar você quando achar que o tem na mão,
vai fazer você passar tudo para ela e então vai tentar te matar. Ela não
conseguiu da primeira vez e vai tentar agora, sabendo que você não tentar
nada porque tem dois filhos a caminho.
Meu coração se afundou e eu quis gritar e jogar as coisas contra a
parede. Aquela mulher era uma cobra maldita, uma infeliz que só pensava
no dinheiro e queria destruir tudo.
— Queria não ter te levado aquele baile, se tivesse te mantido em
segredo nós estaríamos juntos aproveitando sua gravidez e sendo felizes,
sem ninguém para atrapalhar. — a voz triste de Patrick fez meu coração
afundar ainda mais.
— Mas eu não! Não me arrependo de ter sido apresentada como sua
esposa, não tem ideia de como me fez feliz naquela noite, mesmo que tenha
tido consequências horríveis, ainda foi nossa noite, minha noite de princesa.
— Garota, não fala assim pequena ou eu vou deixar tudo aqui e ir até
aí. — ele rosnou me arrancando um sorriso. — Você me faz tão feliz, não
tenho nem como agradecer por tudo o que você me deu e dá todos os dias!
Eu estava prestes a responder com algo engraçado para aliviar o
clima, quando um grito de mulher no portão de Rosa me assustou. Corri até
a janela vendo uma mulher loira batendo desesperadamente, mas com a
chuva que caia eu quase não conseguia enxergar.
— Patrick, preciso desligar. Tem algo estranho...
— Sophie, você precisa descer aqui! — Alejandro gritou da porta
indo ao encontro da mulher e eu desci correndo as escadas com o celular
ainda na mão.
— O que aconteceu? Quem é... Magie? — encarei a mulher do meu
tio ali como eu nunca tinha visto antes, molhada e suja de sangue, o rosto
completamente machucado, os cabelos desgrenhado e a roupa rasgada. —
O que está fazendo aqui?
A voz de Sophie, dizendo precisar desligar porque algo estranho
estava acontecendo, ressoava em minha mente. Algo no fundo do meu ser
gritava que ela estava em perigo. Mas se algo tivesse acontecido com
Sophie ou na casa, o homem de Cris teria nos informado.
— Cris! Entra em contato com Jackson, quero saber o que está
acontecendo na casa.
— Você sabe que só podemos ficar contatando ele se necessário, não
queremos levantar suspeitas e que essa informação chegue a Emily.
— Sophie me ligou, mas enquanto estávamos conversando acabou
falando que algo de estranho estava acontecendo e que precisava desligar.
— mostrei o celular que ele tinha conseguido para mim. — Ela ainda está
na linha, mas não consigo ouvir mais do que alguns sussurros.
— Vou ver o que consigo descobrir. — ele se virou saindo de perto e
eu levei o celular de volta a orelha, tentando ouvir algo, mas as vozes
estavam baixas de mais.
Não sabia se isso deveria me tranquilizar, afinal não ter gritos do
outro lado deveria ser algo bom. Mas também me deixava mais nervoso,
não saber o que estava acontecendo fazia minha mente criar vários cenários
diferentes.
— Sophie? Sophie você está aí? Fala comigo? — perguntei repetidas
vezes, mas nada, ninguém falou nada.
— Descobri que Magie, a mulher do James, chegou na casa em um
táxi, desceu correndo pedindo ajuda, toda descabelada e machucada.
— Magie? Isso só pode ser armação do tio de Sophie, aquela mulher
nunca se importou muito com ela, nunca tentou ajudar. O que ela poderia
estar querendo agora?
— Vou ligar pro Jackson, você deveria desligar e retornar a ligação,
quem sabe assim Sophie atende e descobrimos o que a outra quer sem
estragar toda a farsa? — não gostava disso, ficar ali tendo minhas atitudes
controladas a casa segundo.
Por mim eu já teria saído dali correndo e ido atrás da minha mulher.
Mas fiz o que Cris aconselhou, porque se ter Sophie na casa de Alejandro já
era difícil, ter que mandá-la para outro lugar seria ainda pior.
— Sophie? Amor? O que aconteceu? Você não desligou o celular,
mas não fosse mais nada. — tagarelei assim que ela atendeu. — Sei que a
Magie está aí, o que ela quer?
— Patrick se acalma, respira. Está tudo bem aqui, não tem que se
preocupar. — ela disse de forma calma e doce. — Sim, a Magie está aqui.
Ela chegou desesperada e procurando abrigo, meu tio bateu nela, a
espancou quando a pegou ouvindo a conversa dele e de Emily...
— Emily? Eles estão juntos nisso? Aquela vagabunda e o desgraçado!
— rosnei já imaginando o pior, quando eu estava pensando ter me livrado
de um demônio eles dois se juntavam. — Inferno! Sophie, ela não pode
ficar aí, não deve confiar nela. Isso pode ser apenas um truque para
descobrir sobre tudo.
— Ela ouviu eles conversando sobre onde eu estava. Meu tio contou a
Emily quem Rosa era, que ela me viu crescer, contou tudo a Emily já sabe.
— inferno! Minha mulher nunca estaria segura, nunca ficaríamos em paz?
— Pat ela estava fugindo, mas passou aqui para nos alertar que os dois
planejavam invadir a casa e me pegar, apenas para conseguirem ter você na
palma da mão.
Meu coração se apertou e até respirar ficou difícil, imaginar Sophie
na mão daqueles desgraçados, sofrendo sabe Deus o que, ainda mais
estando grávida... Não, eu não podia imaginar esse cenário, iria acabar
comigo pensar naquilo.
— Sophie, você vem para casa já! Vamos enviar um batalhão para
escoltar vocês, traga Rosa e Alejandro com você, não quero mais ninguém
se machucando e sendo deixado na mira desses lunáticos.
— Mas isso vai acabar com o plano Patrick! Vamos por tudo a perder
e Emily vai continuar intocada, não podemos arriscar isso. — ela gritou
parecendo inconformada com a minha ideia, mas eu é que não me
conformaria com ela machucada.
— Sophie tem razão, se a trouxermos para sua casa Emily vai recuar
e voltar a se esconder, dessa vez até mesmo o tio dela...
— Mas estamos com Louis! — exclamei lembrando a ele.
Sophie ainda não sabia que tínhamos sequestrado o desgraçado do
primo dela e que ele estava sendo torturado lentamente, eu tinha estado do
lado dela a todo momento e deixei que meu pai e Cris cuidassem de quebrar
o bastardo abusador aos poucos.
— Como assim você está com o Louis? Que história é essa, Patrick?
O que vocês fizeram? — a voz desesperada me lembrou que eu tinha
prometido não mentir, nem esconder nada dela, eu deveria ter contado
quando isso aconteceu, mas foram tantas coisas desde o baile que eu
simplesmente não tive tempo.
— E você acha que o tio da Sophie vai se importar com o filho? —
Cris interveio me livrando das perguntas da minha esposa. — E mesmo que
ele se renda pelo merdinha do filho, o perigo maior é Emily, a psicopata vai
continuar livre porque não tem nada que ela se importe!
— Mas é claro que tem, ela se importa com dinheiro, tudo o que ela
sempre quis foi o dinheiro e a fama! — Sophie gritou nos lembrando da
verdade, Emily só se importava com o dinheiro, não hesitou em planejar a
minha morte e a do nosso filho simplesmente para ficar com o dinheiro. —
O único problema é que ela não quer uma única quantia, ela quer tudo!
— Eu não me importo de dar tudo a ela! Tudo o que me importa é o
seu bem-estar e o dos nossos filhos! — aquela era a única verdade que
importava, se eu precisasse dar até o último centavo aquela maldita eu daria
sorrindo se isso fosse uma garantia que Sophie e nossos filhos ficariam
bem.
O silêncio invadiu a linha, assim como Cris, que ficou na minha
frente calado. Estava claro que eles não concordavam com a minha ideia de
entregar toda a minha fortuna a uma vadia descontrolada, mas eu não estava
vendo outra saída, estávamos ficando sem opções e sem tempo.
Eu precisava ter Sophie por perto, tinha que garantir que ela e nossos
filhos teriam o melhor tratamento, o melhor cuidado, tudo o que
precisavam. A mísera ideia de ficar longe deles, de talvez nunca chegar a
conhecer nossos filhos, congelava meu corpo e me deixava sufocado.
Desde que Emily reapareceu com aquele bilhete ridículo, eu sentia
como se estivesse dentro daquele carro novamente, prestes a explodir e
matar aqueles que eu mais amava, só que dessa vez não era nosso filho que
estava no banco de trás, mas sim Sophie, nossos gêmeos.
— Mas eu não vou deixar você fazer isso! — foi a voz do meu pai
que me tirou dos meus pensamentos.
Me virei para olhar ele no fim do corredor e o avistei com John, que
segurava o espião algemado e com uma arma contra a cabeça.
— Esse babaca vai nos dar tudo o que precisamos em troca de se
manter vivo, afinal você tem muito a perder, não é mesmo Smith? — John o
questionou empurrando o homem de joelhos ao chão.
— Sim, eu faço o que vocês quiserem! Qualquer coisa e eu conto, só
preciso que me garantam que meus filhos e minha mulher vão estar a
salvos, longe daquela mulher! — ele correu com as palavras me olhando
com a expressão desesperada e sofrida.
Aquela desgraçada tinha feito o mesmo com ele, usando o amor pelos
filhos e a esposa para garantir que ele faria tudo o que ela quisesse. Emily
era criatura mais desalmada e sem coração que já conheci, ela sabia pegar a
coisa mais pura e usar a seu favor, para preencher seus desejos fúteis e
supérfluo.
— Vamos derrubar esses dois desgraçados! — afirmei, pela primeira
vez me sentindo confiante com aquilo. — Está na hora de aprenderem que
mexeram com as pessoas erradas!
— Seu tio, Charles, ele está fora de si desde que começou a falar com
uma tal de Emily. — Magie falou, me dando a resposta que eu já esperava.
— Aquilo que ele fez com vocês na noite do baile foi horrível, mas tudo
piorou depois que ela apareceu na nossa casa.
— Emily estava ficando lá? O que você sabe?
— Eles sempre ficavam conversando em segredo no escritório e
quando Louis sumiu ele ficou ainda mais agressivo. Eu já estava pronta
para deixá-lo, estava cansada de todas as agressões, eu estava prestes a
pegar algumas joias no cofre quando eles entraram no escritório. Foi
quando eu consegui me esconder e ouvi a conversa deles.
— Então você sabe? Sabe de tudo o que eles planejam? Se isso for
verdade, meu tio jamais teria te deixado ir, ele não arriscaria que você
contasse nada.
— Não, ele não sabe que eu estou viva. Depois que me pegou
ouvindo a conversa, ele me deu uma surra, me deu socos e tapas, até que eu
não tivesse mais forças, então pediu ao segurança para acabar comigo e
sumir com o corpo.
— Meu Deus! — ouvi Rosa sussurrar assustada quando entrou na sala
novamente, agora com um kit de primeiro socorros nas mãos. — Sempre
soube que seu tio era capaz disso, alguns dos antigos funcionários diziam
que ele fez isso com a primeira mulher. Ela tentou fugir com o Louis
quando ainda era pequeno, mas o Charles descobriu e matou ela.
— Como assim mãe? Como você trabalhou todos esses anos para esse
homem todos esses anos? — Alejandro já estava revoltado desde o segundo
que arrastou a mulher da chuva para dentro de casa.
Eu sabia que ele era muito cuidadoso e carinhoso com as mulheres,
Rosa tinha me dito isso várias vezes, como ele cuidava dos irmãos mais
novos, como era dedicado a cuidar dos outros, então eu entendia a revolta
dele ser ainda mais palpável que a nossa.
— Você queria que eu deixasse o emprego e deixar você e seus
irmãos na mão? E até onde eu sabia não passava de um boato entre os
funcionários.
— Eu também ouvi essas histórias sobre o Charles, mas não achei que
fosse verdade, até ele começar a me tratar mal e ver que ele tratava ainda
pior a própria sobrinha. — Magie confidenciou erguendo o olhar para mim
e me olhando com um pedido de desculpas pela primeira vez. — Mas o que
vim falar para vocês é para tomar cuidado, sei que nunca ajudei você, não
conseguia nem mesmo fazer isso por mim mesma, só que agora eu tinha
uma chance de impedir aquele desgraçado! Emily e Charles planejam
sequestrar você aqui, eles conversaram sobre você e Rosa, sabem que veio
buscar abrigo aqui e acham que está desprotegida...
— Mas não está! — Alejandro exclamou interrompendo ela. —
Nenhum desgraçado vai tocar em nenhuma de vocês.
— Mesmo assim, o melhor é saírem daqui, fujam enquanto podem
porque é exatamente o que eu vou fazer. — ela tentou se levantar, mas Rosa
a segurou pelo pulso e isso arrancou um grito de dor.
— Oh, meu Deus, não queria te machucar. Só sente aqui e me deixe
cuidar desse rosto.
— Eu tenho que ir, preciso arrumar uma passagem para qualquer
lugar longe daqui e torcer para ele nunca mais me encontrar. — ela parecia
realmente assustada, perturbada com a ideia de ser encontrada por ele.
Eu queria ter percebido isso antes, talvez se eu soubesse que Magie
sofria assim como eu poderia ter tido outra amiga, mas ficamos tão isoladas
no nosso próprio problema e agora eles colidiram graças ao desgraçado do
meu tio.
— Não vai a lugar nenhum, aquele homem está te caçando, tem um
temporal caindo e você está machucada! — Alejandro afirmou com tanta
convicção que não foi só Magie que ficou surpresa.
— Quem você pensa que é para falar comigo assim? Eu nem te
conheço, passei aqui apenas para alertar Sophie, apenas isso!
— Então está me dizendo que já sabe para onde vai? Que tem alguém
te esperando e que vai te proteger quando chegar lá? — ele questionou, não
se intimidando com o nariz altivo da loira e com a cara de durona. — Me
responda essas perguntas e eu mesmo a levo até a rodoviária, aeroporto, o
que quiser.
Mas tudo o que Magie fez foi encará-lo em silêncio, então seus dentes
prenderam o lábio inferior que tremia. Sem dizer nada, ela voltou a se
sentar, deixando que Rosa cuidasse de seu rosto.
Foi nessa hora que Patrick ligou e depois de uma discussão que
parecia não levar a lugar nenhum, o pai dele apareceu com o que poderia
ser a nossa salvação para esse pesadelo.
— Ok, vamos esperar novidades. Eu te amo. — falei antes de desligar
o telefone. — O motorista dos pais de Patrick vai atrair ela, e o fato de
estarem com Louis vai atrair Charles. — avisei a todos que me olhavam
com expectativa.
— Aquele garoto é a única coisa que vai fazer seu dia se render,
porque não importa o que aquele demônio faça, ele vai sempre querer
protegê-lo.
Ao menos isso ele fazia direito, eu acho, a devoção dele a Louis
poderia ser considerada doentia.
— Por que não tira essa blusa e me deixa ver o que tem aí de baixo?
— Rosa perguntou de forma doce, me lembrando dos machucados dela.
— Não precisa, eu estou bem...
— Não foi um pedido, Barbie. Tira logo essa blusa e deixa minha
mãe te ajudar, está na cara sua dor. — Alejandro estava me surpreendendo,
se ele não tivesse sido cuidadoso comigo eu até estranharia a forma que ele
estava agindo com ela.
— Meu nome é Magie, não Barbie. — ela o fuzilou com o olhar
enquanto se levantava e tirava a blusa ensopada e aos trapos. — Não te dei
o direito de me dar apelidos.
Eu engoli em seco e ouvi Alejandro praguejando quando viu o que
estava por baixo. As costelas e os braços dela estavam cheios de
hematomas, que agora tomavam um tom quase arroxeado, mas que na pele
branca dela estaria muito preto em poucos dias.
Meu tio não tinha poupado nos golpes, dava para ver ali todo a raiva
que ele estava sentindo e com certeza era um milagre que ela não tivesse
quebrado um braço ou costelas durante a agressão, não seria a primeira vez
que ele faria algo assim.
— Vai tomar um banho menina, vou te arrumar roupas secas e
quentes.
— Mas...
— Você vai tomar um chá quentinho e tomar uns analgésicos porque
isso está muito feio. — Rosa começou a guiá-la para o andar de cima,
mesmo que Magie relutasse um pouco. — Depois vai comer algo, antes de
descansar e dormir, foi um longo dia para você!
Depois que elas sumiram na escada, eu me joguei no sofá, respirando
fundo e tentando não pensar em tudo o que já passei nas mãos dele, queria
manter o passado no passado.
— Viu aquilo? Aquele merda tem que morrer apanhando! —
Alejandro rosnou andando de um lado para o outro em frente a janela. —
Desgraçado de merda, covarde que gosta de bater em mulheres.
— Sim, eu vi, sei bem do que aqueles punhos são capazes. Nem tenho
ideia de como deve ter sido para ela, apanhar e depois ter que sorrir e beijar
o mesmo homem, deixar ele tocar e...
— Chega Sophie! Não me faça pensar nisso, porque já quero matar o
desgraçado.
Sorri começando a acreditar que Magie tinha arrumado um protetor,
grande, sexy e muito cuidadoso.
— O reforço que Cris mandou está a caminho, logo vamos poder ficar
tranquilos, assim que os dois forem capturados vamos estar bem! —
murmurei tentando acalmá-lo.
Isso foi o que pensei, até o som de tiros invadirem a noite chuvosa, as
balas atravessando as paredes da casa de Rosa. Eu vi o segundo em que
uma das balas atravessou a janela e atingiu Alejandro o empurrando com o
impacto, mas mesmo machucado ele se abaixou e andou em minha direção,
me ajudando a engatinhar no chão até chegarmos a cozinha.
— Você está ferido! — exclamei vendo a camisa dele ficar empapada
com o sangue. — Precisamos fugir...
— Você tem que se esconder Sophie! É você quem ela quer!
Porém, a porta da frente se abriu com um baque alto e os tiros
cessaram.
— Boa noite, senhora Carter! — a voz feminina preencheu o silêncio
da casa. — Estou ansiosa para conhecê-la Sophie! Quero muito descobrir o
que o babaca do meu marido viu em você.
Depois que Sophie me contou o que Magie tinha escutado tivemos
que agir rápido, Cris separou seus homens em dois grupos, alguns estavam
disfarçados e eram o grupo que ia para a casa de Alejandro. Os outros
estavam indo com meu pai e Cris até o esconderijo daquela víbora, se ela
estivesse lá seria um ataque brutal, mas provavelmente ela ainda estaria na
casa do tio de Sophie, então seria surpreendida quando chegasse em casa.
— Você fica aqui Patrick, não queremos colocar você em risco ou
deixar aquela vadia sabendo o que está prestes a acontecer. — Cris falou
pela milésima vez, enquanto eu insistia em ir com o outro grupo até a casa
onde Sophie estava.
E eu tive de ficar ali, assistindo eles saírem indo proteger minha
mulher enquanto ficava em casa como um inútil.
— John já está indo com eles, tente não se preocupar tanto. — Holly
parou ao meu lado e tentou me animar.
John estava indo para a casa de Alejandro, mas aquilo não me
tranquilizava, nada me deixaria calmo enquanto eu não tivesse a minha
mulher nos meus braços.
Me virei para dentro bufando e sendo recebido pelas lembranças do
lugar, tudo ali me lembrava Sophie, ela tinha dado um jeito de preencher
cada cantinho daquela casa com alguma memória boa ou sexy.
Na verdade, não só a casa, minha vida toda tinha sido preenchida com
a luz daquela garota. Sophie conseguiu resgatar o homem dentro da
escuridão e trazer para luz, assim como domou a fera que habita em mim e
a fez devoto a ela.
— Não vou sossegar enquanto não a tiver aqui perto de mim, ela e
nossos filhos. — murmurei andando de um lado para o outro.
— Então por que não liga para ela? Vai ser mais eficiente do que ficar
andando de um lado para o outro desse jeito. — foi minha mãe quem
sugeriu e eu a encarei em silêncio.
Ia ser bom falar com ela e ouvir sua voz, mas também já estava tão
tarde que eu não queria acabar perturbando o sono dela.
— Só liga de uma vez garoto! — Holly exclamou parecendo tão
impaciente quanto eu.
Disquei o número de Alejandro e esperei na linha, mas apenas
chamou até cair na caixa postal, ninguém atendeu e meu coração disparou
no peito. Sophie poderia até ter ido dormir, mas Alejandro não iria
descansar antes de saber que os outros estavam apostos e que eles estariam
seguros, não depois de descobrirem sobre a ameaça de Emily.
— Alguma coisa está errada. — avisei ligando mais uma vez e tendo
a mesma resposta. — Ninguém atende o maldito celular, aconteceu alguma
coisa.
— Eu vou avisar ao John! — minha mãe foi rápida e eu continuei
tentando, até que uma respiração invadiu a linha me enchendo de alívio. —
Sophie? O que...
— Não querido, esposa errada. — a voz da maldita invadiu meus
ouvidos, congelando todo meu corpo e me fazendo paralisar. — Sabe, agora
eu entendo o que viu na sua nova mulher.
— O que está fazendo com ela, sua desgraçada? Deixe Sophie em
paz! — gritei, me sentindo ainda mais impotente do que minutos atrás.
— Tsc, tsc. — ela fez com a língua antes de sorrir. — Você sempre foi
muito sentimental, querido, tente diminuir isso, ok? Agora me deixe
terminar de falar.
— O que você quer? Diga o que quiser Emily e eu te dou, pode levar
todo o meu dinheiro, meus bens, meu nome! O que você quiser, só deixei
Sophie em paz!
A risada maligna explodiu do outro lado e eu ouvi ao fundo minha
esposa xingando a maluca, Sophie parecia ensandecida e cheia de raiva, não
tinha nem como esconder isso enquanto ela amaldiçoava Emily até o fim.
— É tão bonito ver você implorar pobrezinho, mas eu não vou deixar
Sophie ir, sua bela esposa é uma ótima vantagem para eu deixá-la por aí,
alguém poderia usá-la para te chantagear amorzinho. — ela disse com o
mesmo tom doce e falso que usava enquanto estávamos casados, aquele
som hoje me embrulhava o estômago e me deixava com vontade de jogá-la
do primeiro prédio que visse pela frente.
— Você pode levar tudo, não é isso o que você quer? Não me importo
com o dinheiro ou qualquer outro bem, leve tudo, só deixe a minha mulher
comigo! — implorei disposto a me humilhar se fosse preciso desde que eu a
tivesse de volta.
— Segurem essa vadia louca! — Emily gritou e o medo que Sophie
tivesse fazendo algo para colocar sua vida em risco me tomou. — Eu
descobri o que você viu nessa mulherzinha, nós duas somos muito iguais,
duas feras raivosas prontas para a luta. É isso que te excita Patrick?
— Sophie não é nada como você! — bradei querendo arrancar a
cabeça dela fora para que nunca mais fosse capaz de usar aquela boca
maldita e venenosa.
Eu posso até ter achado que Sophie era uma interesseira mesquinha
como ela quando nos conhecemos, mas a cada dia de convivência ela me
mostrou que eu estava errado. Enquanto Emily me mostrou o inferno depois
do nosso casamento, Sophie me mostrou o paraíso!
— Chegamos aqui atirando, arrebentando a casa toda, até mesmo o
amiguinho latino da sua mulher foi baleado. — cerrei o punho em ódio
enquanto meu coração congelava com aquela revelação. Alejandro tinha
sido morto? Sophie ficou na mira de armas? Meu Deus, nunca deveria ter
deixado ela ir! — Mas quando eu entrei na casa, sua mulher foi rápida em
me atacar com duas panelas, ela não se intimidou com o tiroteio, a vadia
quase arrebentou minha cabeça, você acredita?
É claro que eu acredito, essa era minha mulher que não se abatia por
nada, mas, ao mesmo tempo que sentia orgulho, eu tinha medo que Sophie
pudesse revidar e acabar sofrendo mais na mão daquela louca.
Ela não desistiu fácil da luta, mas isso não tem nada a ver com você,
sua desgraçada!
— Ai que você se engana, tem tudo a ver comigo. — ela afirmava
convicta com aquela voz enjoativa. Ela não desistiu da luta para ter o que
quer e ela quer você, eu não desisto de lutar pelo dinheiro.
— Eu já disse que te dou, entregue ela! — gritei desesperado e ouvi
Sophie gritar que não, que eu não deveria dar nada. Como ela podia pensar
que eu não daria todo meu dinheiro em troca dela? Faria isso mil vezes se
preciso!
— Meu advogado vai entrar em contato com você na segunda, até lá
sua mulherzinha fica comigo. AHHHH! Essa vadia me mordeu! — Emily
gritou e a próxima coisa que ouvi foi um tapa seguido do gemido de dor
vindo de Sophie. — É bom ela saber se comportar, ou vai apanhar muito!
— Sophie? Sophie? — gritei esperando uma resposta, mas ela tinha
encerrado a ligação.
— O que aconteceu? Era Emily? — minha mãe questionou
desesperada vendo meu estado de choque e eu só consegui concordar com a
cabeça. — O que ela fez filho?
— Ela a pegou, Emily baleou Alejandro e levou Sophie com ela! —
assumi com meu coração afundando no peito em imaginar o que minha
menina estava passando nas mãos daquela maluca.
— Ele não é seu marido, sua vaca! — gritei, mesmo que talvez a
melhor opção fosse me manter calada. — Você abriu mão de chamá-lo
assim quando tentou matá-lo!
A risada doentia dela explodiu dentro da casa seguida de passos. Rosa
e Magie estavam fazendo silêncio no andar de cima, o que eu queria, não
precisávamos de mais alvos para aquela maluca, já bastava Alejandro
machucado.
Engatinhei até chegar ao armário onde Rosa guardava as panelas, com
toda certeza havia uma panela grande o suficiente para derrubar aquela vaca
antes mesmo que ela soubesse o que a tinha atingido.
— Sophie se esconda! — Alejandro falou entre dentes enquanto
segurava o ferimento no peito. Apesar de todo o sangue que manchava sua
camisa e a mão, ele não parecia estar desfalecendo ou cuspindo sangue, o
que me garantia que a bala não tinha acertado seu pulmão ou alguma
artéria, contanto que a ajuda chegasse rápido ele ficaria bem.
— Aqui. — falei entregando um pano limpo a ele. — Pressiona na
ferida, logo a ajuda vai chegar, Patrick me disse que eles estavam a
caminho. — sussurrei enquanto pegava duas panelas grandes e pesadas,
meus olhos pousaram na mesa e eu avistei uma faca, não pensei duas vezes
antes de colocar no cós da calça e cobrir com a blusa.
— Oh pobre Patrick Carter, foi seduzido e enganado por uma mulher.
— ela usou uma voz doce e completamente falsa antes de voltar a sua
natural. — Me poupe dessa história triste, Patrick não era uma criança
ingênua. O erro dele foi confiar de mais, o erro de todos os Carter’s é
confiar de mais. — a voz dela chegou mais perto e eu me preparei
segurando firme a panela e ficando de pé.
Assim que o nariz empinado dela apareceu ao lado da porta, eu virei
jogando o fundo da panela em cheio naquela cara imunda. A vaca
cambaleou para trás quase indo ao chão, foi então que peguei a outra panela
pelo cabo e acertei a lateral de sua cabeça derrubando ela de uma vez,
estava prestes a acertar uma terceira vez quando o clique de uma arma soou
atrás de mim.
— Faça isso e eu estouro os miolos do seu amigo aqui. — um homem
avisou e eu me virei lentamente só para dar de cara com um homem alto e
forte com uma arma contra a cabeça de Alejandro. — Jogue a panela no
chão. Agora!
Eu fiz no mesmo segundo, larguei a panela ao lado de Emily, que já
começava a se erguer do chão com a ajuda de outro homem que tinha
acabado de entrar pela porta da frente.
— Demorou tempo de mais em dar a volta pelos fundos, Roger. —
ela rosnou para o homem que segurava Patrick. — E você garota, que porra
foi essa de me acertar com uma panela? Não ouviu que temos armas?
— Só me leve logo embora e deixe Alejandro em paz. — eu já tinha
que agradecer por Rosa e Magie continuarem intocadas, ou seriam mais
duas na mira daquelas pessoas e eu não suportaria. — Você me quer para
poder chantagear Patrick, então faça logo!
O celular de Alejandro começou a tocar em cima da mesa e isso
acendeu um alerta na minha cabeça, só podia ser Patrick ligando aquela
hora e isso não ia ser nada bom, os dois conversando era a última coisa que
eu queria agora, pior ainda com o reforço dele a caminho.
— Põe o bonitão no sofá. — Emily ordenou se virando para pegar o
celular, mas eu dei um passo a frente impedindo ela de ir adiante. — Vai
querer continuar testando a minha paciência bonitinha?
— Me leva de uma vez para onde quiser, Alejandro precisa de
cuidados. — insisti agradecendo pelo celular ter parado, mas no segundo
seguinte voltou a tocar. — Quanto antes formos embora, mais rápido vai
poder fazer suas exigências.
Emily sorriu ficando parada a minha frente, e pela primeira vez eu
reparei no quanto ela realmente era linda, os longos cabelos loiros, o corpo
de modelo, os olhos azuis e lábios cheios, ela era o retrato da perfeição, o
que me dizia que aquela mulher poderia ter tudo o que quisesse. Eu estava
agradecida de não me parecer em nada com ela, tanto fisicamente quanto na
forma de agir.
— Saia da minha frente, ratinha, antes que eu te esmague. — ela
chegou ainda mais perto quando o som voltou a preencher a sala, mas me
recusei a sair. — Tire ela da minha frente!
Eu só tive tempo desviar os olhos para um dos homens antes que meu
braço fosse agarrado e meu corpo puxado para o lado, me tirando do
caminho dela.
— Não querido, esposa errada. Sabe, agora eu entendo o que viu na
sua nova mulher. — foi a primeira coisa que ela disse quando atendeu o
celular.
Já que ela não tinha colocado o telefone no viva voz, eu só conseguia
ouvir o mínimo, uma voz distante.
— Tsc, tsc. Você sempre foi muito sentimental, querido, tente
diminuir isso, ok? Agora me deixe terminar de falar.
— O que você quer? Diga o que quiser Emily e eu te dou, pode levar
todo o meu dinheiro, meus bens, meu nome! O que você quiser, só deixei
Sophie em paz! — eu ouvi claramente ele dizer.
— Não Patrick! Você não vai dar nada para essa vaca dos infernos,
enviada de satã! Essa maníaca desalmada vai pagar por tudo, você vai ver
Emily, vai desejar ter deixado minha família em paz.
— É tão bonito ver você implorar pobrezinho, mas eu não vou deixar
Sophie ir, sua bela esposa é uma ótima vantagem para eu deixá-la por aí,
alguém poderia usá-la para te chantagear amorzinho. — ela me ignorou e
chegou perto começando a deslizar as mãos nojentas em meu rosto e foi na
distração dela em ouvir Patrick que agarrei o pulso dela a puxando prestes a
socá-la.
— Segurem essa vadia louca! — ela gritou e o homem que trabalhava
para ela segurou meus braços para trás, me impedindo de fazer muito. —
Eu descobri o que você viu nessa mulherzinha, nós duas somos muito
iguais, duas feras raivosas prontas para a luta. É isso que te excita Patrick?
— Sophie não é nada como você! — ouvi Patrick gritar do outro lado
e isso encheu meu coração, pensávamos igual.
— Chegamos aqui atirando, arrebentando a casa toda, até mesmo o
amiguinho latino da sua mulher foi baleado. Mas quando eu entrei na casa,
sua mulher foi rápida em me atacar com duas panelas, ela não se intimidou
com o tiroteio, a vadia quase arrebentou minha cabeça, você acredita?
— Ela não desistiu fácil de lutar, mas isso não tem nada a ver com
você, sua desgraçada!
— Ai que você se engana, tem tudo a ver comigo. Ela não desistiu da
luta para ter o que quer e ela quer você, eu não desisto de lutar pelo
dinheiro.
A vaca não estava apenas preocupando Patrick, mas também estava
chegando cada vez mais perto de mim e eu ia aproveitar a primeira
oportunidade que tivesse de machucá-la.
— Eu já disse que te dou, entregue ela! — essa conversa dele me
irritava além do normal, ele não podia dar nada mais a ela, nenhum centavo,
ou ela iria se safar disso outra vez.
— Meu advogado vai entrar em contato com você na segunda, até lá
sua mulherzinha fica comigo. — Emily tentou agarrar meu queixo e eu a
mordi no exato segundo. — AHHHH! Essa vadia me mordeu! — ela gritou
e então acertou um tapa na minha cara, antes de puxar meus cabelos com
força, quase os arrancando da cabeça. — É bom ela saber se comportar, ou
vai apanhar muito!
Então ela jogou o celular no chão e pisou várias vezes com a bota que
ela usava. Inferno! Aquilo dificultaria para Alejandro pedir ajuda e também
de conseguirem contato com Patrick.
— Está tudo pronto, senhora, podemos ir. — avisou o homem que
segurava a arma contra Alejandro.
— Ótimo, vamos tirar ela daqui e dar um jeito nisso!
Sem dizer mais nada, ela saiu de lá e seus homens me arrastaram para
fora da casa de Rosa, a chuva ainda caia incessantemente e não parecia
perto de acabar. Um carro estava parado bem em frente ao portão e eles me
jogaram para dentro no mesmo instante que o alcançamos.
Lá estava eu com um homem segurando uma arma contra a minha
cintura, bem perto de onde meus filhos estavam. Emily ia no banco da
frente com o outro homem, mas nenhum deles falava nada, todos já tinham
muito bem arquitetado algum plano e não iriam discutir na minha frente.
Enquanto isso, eu deslizava meu dedo sobre a faca que tinha
escondido na calça, como uma lembrança de que eu estava segura, só
precisava encontrar o momento perfeito para acertar Emily com ela.
Para minha surpresa não demoramos a chegar, Magie tinha razão em
dizer que ela tinha conversado com meu tio e sabia tudo sobre Rosa, pois
ela escolheu um lugar próximo o suficiente para chegarmos antes que a
polícia pudesse tomar as ruas.
O lugar parecia um armazém abandonado, uma grande porta de ferro
enferrujada em tantos lugares, apenas a luz da lua iluminando a frente do
prédio de tijolos. O homem que ela tinha chamado de Roger foi na frente e
entregou a arama a ela antes de abrir o portão, empurrando o ferro que
rangeu até nos dar espaço para passar.
Ela deixou que nós passássemos ficando por último, quase como se
desconfiasse que poderia ter algo de errado, eu só não esperava por aquilo.
As luzes do galpão foram acesas nos cegando por um segundo
enquanto os homens davam ordens para largarem as armas e deitarem no
chão. Quando meus olhos se acostumaram com a claridade, eu avistei
vários homens vestidos de preto e Cris bem na minha frente, todos muito
bem armados, como se fosse uma enorme força tarefa.
— Filhos da puta. — ouvi Emily rosnar atrás de mim quando os dois
homens obedeceram às ordens.
— Não vamos morrer por você! — um deles gritou já com o rosto
contra o chão.
Uma mão agarrou meus cabelos me puxando para trás e então eu senti
o cano gelado da arma contra minha têmpora. Senti como se o sangue
tivesse sido drenado do meu corpo, o ar a nossa volta ficou rarefeito, mas
dessa vez não era tontura, mas sim a adrenalina correndo por meu corpo.
Ouvi a voz de Cris ao longe gritando com Emily, mandando ela
abaixar a arma, mas eu me concentrei na faca na cintura. Deslizei os dedos
devagar pela lâmina e a puxei sem me importar com o corte, antes que me
desse conta estava virando a mão para trás e acertando a barriga de Emily,
uma, duas, três vezes.
Os braços dela cederam em volta de mim e eu consegui me livrar
deles a empurrando para longe. Emily cambaleou para trás e deixou a arma
cair no chão, Cris já estava ao meu lado me protegendo e tentando falar
comigo, mas eu só tinha os olhos vidrados nela, a mulher sangrando
incessantemente por minha causa.
Emily caiu de joelhos no chão tentando segurar os ferimentos na
barriga, mas quando seus olhos se ergueram para mim eu soube que aquilo
não resolveria nada, a boca dela estava cheia de sangue, os dentes
perfeitamente brancos agora estavam vermelhos e quando um fio longo
escorreu dos lábios dela, seu corpo desabou de vez no chão de concreto.
— Acabou Sophie, você está a salvo. — ouvi Cris repetir enquanto
tentava desviar meus olhos da cena.
Sim, tinha acabado aquele pesadelo, Emily não ia mais atormentar a
nenhum de nós, tinha acabado para sempre!
Eu estava em pura agonia, andando de um lado para o outro sabendo
que o telefone tinha sido desligado de alguma forma e tudo o que eu
conseguia era esperar por uma resposta de John, não me surpreenderia se
abrisse um buraco no chão de tanto andar de um lado ao outro.
Imaginar o que poderia estar acontecendo com Sophie e como isso ia
afetar ainda mais a saúde dela, era o que estava me matando. Sophie deveria
estar em casa, descansando, sendo bem cuidada, se tratando e cuidando dos
nossos filhos, não na mira de armas, sendo arrastada por uma lunática para
sabe Deus onde.
Mas meu celular tocou e eu atendi no primeiro toque, desesperado por
notícias.
— Onde ela está John? Me diz que está com ela? — perguntei em
desespero, mas o suspiro contido dele me dizia que não eram notícias boas.
— Não chefe, chegamos aqui e não tinha nenhum sinal deles.
Alejandro está sendo socorrido agora, Magie também está indo de
ambulância para examinar todos os machucados.
— Vá com eles, John, vá e garanta que tenham tudo do melhor pago.
Sophie iria querer isso... — minhas palavras morreram sem força ao pensar
nela presa com Emily.
— Chefe ela está bem, a garota é durona. — ele tinha razão, Sophie
era mais forte do que qualquer um de nós imaginava.
Desliguei o celular e deixe que meu corpo caísse no sofá, a dor de não
saber o que estava acontecendo, o medo do pior, tudo isso somado a noção
de que a culpa era minha por não caçar ela antes, me desmontava aos
poucos.
— Patrick! — minha mãe surgiu gritando ao meu lado e eu tratei de
limpar minhas lágrimas, queria parecer forte por nós, por toda a família. —
É o Cris! Ele achou a Sophie!
Aquelas poucas palavras tiveram o poder de me encher de vida
novamente, sentia como se meu coração tivesse recebido uma carga nova de
energia e meu corpo todo tivesse se iluminado novamente.
Pulei do sofá no mesmo segundo e puxei o celular da mão de minha
mãe, desesperado para ouvir a voz dela, necessitando daquela confirmação
para tranquilizar meu coração.
— Sophie? Meu amor é você? — questionei ansioso para ouvir
qualquer coisa, desde que saísse da boca dela.
— Pat, sou eu amor! Eu estou bem, está tudo bem! — ela afirmou
parecendo alegre apesar de toda a maldita situação. — Estamos no carro,
logo estaremos em casa.
— Sophie! — murmurei sentindo o alívio tomar meu corpo e desabei,
deixei que as lágrimas caíssem, não me importando mais em me fazer de
forte. — Não sabe o quanto queria estar aí, queria ter estado com você.
— Não ia querer estar aqui, não depois que tudo se tornou uma
bagunça de policiais, ambulância e legistas...
— Legistas? Quem morreu Sophie? — dessa vez meu coração não
disparou, pois eu sabia que ela estava bem e em segurança. — O que
aconteceu aí e como Cris conseguiu te tirar das mãos daquela maluca?
Sophie fez uma longa pausa, onde eu só conseguia ouvir a voz dela.
Não entendi o porquê do suspense, mas com certeza não era algo bom.
— Cris já estava lá quando chegamos, os dois comparsas de Emily se
renderam facilmente entregando as armas, mas ela me segurou colocando
uma arma contra minha cabeça e eu... eu só reagi, me defendi dela Patrick,
peguei a faca que tinha escondido e esfaqueei ela com desespero, querendo
me ver livre das mãos dela e longe da mira da arma. — ela soltou em uma
enxurrada. — Eu não pensei, não... não sei o que me deu de verdade,
quando dei por mim ela estava caindo no chão e eu só estava aliviada de
saber que ela havia morrido, não teria mais que me preocupar em sermos
perseguidos por ela.
— Emily está morta? — eu questiono mesmo que tivesse ficado claro
com as últimas palavras de Sophie, mas quase não da para acreditar na
notícia. — Morta de verdade?
— Eu... sinto muito. Sei que vocês dois tiveram uma vida, algo
complicado e que você não teve a chance de ter um desfecho.
— Eu não sinto! — exclamei, interrompendo qualquer remorso ou
sentimento de culpa que ela pudesse estar tendo nesse momento. — Não
tínhamos assuntos inacabados, qualquer assunto que eu tivesse com ela
morreu no dia que você entrou por aquela porta Sophie e mudou tudo,
qualquer coisa que ela fez me transformou em um homem amargo, vazio e
sem esperança. Foi você que me lembrou que a vida não era só isso, mesmo
sem perceber você me mostrou que eu podia lutar e sair daquela escuridão.
— confessei mais uma vez e não me cansaria de repetir isso. — Emily
merecia algo muito pior por todo sofrimento que causou e estava disposta a
continuar causando.
Ouvi um soluço vindo do outro e quis tanto estar lá para poder
consolá-la nesse momento, Sophie já estava sensível e depois do que
aconteceu eu nem consigo imaginar o que ela deve estar sentindo.
— Te amo tanto! — exclamou entre os soluços. — Ai meu Deus,
estou parecendo uma manteiga derretida. Preciso de você Patrick, preciso
do seu abraço agora mesmo.
— E eu preciso de você aqui, na nossa casa, nos meus braços!
Depois que Sophie desligou, eu corri pedindo que Holly fizesse a
comida favorita dela, hoje seria uma noite onde eu só iria me preocupar em
cuidar da minha esposa, amanhã eu poderia voltar a me importar com os
problemas, com o tio dela e o primo, os processos e o resto da merda, mas
hoje era sobre Sophie!
Quando o carro apareceu nos portões da propriedade, eu já estava
parado na porta esperando ansioso, parecia um maluco obcecado, mas
passar esse tempo de incertezas, sem saber como ela estaria me deixou
assim.
Sophie abriu a porta antes que John estacionasse direito o carro, mas
eu não posso dizer muito já que a puxei para mim no mesmo instante. Seu
corpo pequeno se moldou ao meu com perfeição enquanto eu a erguia do
chão pronto para levá-la para dentro. Até que latidos baixinhos me pegaram
e eu olhei para o chão vendo as duas bolas de pelos correndo atrás de nós,
enquanto latiam e abanavam os rabinhos intensamente.
— É bom se acostumar, logo serão duas crianças correndo atrás de
nós dois assim. — ela murmurou com um sorriso pequeno nos lábios e eu
encarei seu rosto, querendo gravar cada detalhe.
— Não vejo a hora disso acontecer. Sem sombra de dúvidas manterei
um sorriso largo todos os dias.
Sophie jogou as mãos em volta do meu pescoço e beijou minha
bochecha direita.
— Mesmo nas noites em claro? — eu concordei com a cabeça e ela
me deu um beijo do outro lado. — E com todas as fraldas sujas? — acenei
mais uma vez positivo, mostrando que isso não me intimidaria. — Acho
que vou mandar colocarem isso por escrito e fazer você assinar.
Beijei o pescoço dela, esfregando minha barba, fazendo cocegas só
para ouvir a risada dela se transformar em gargalhada enquanto ela jogava a
cabeça para trás.
— Oh, que felicidade ver vocês dois assim! — foi Holly quem
exclamou, pois minha mãe já estava brincando com os filhotes. — Fiz sua
lasanha favorita, Patrick insistiu.
— E eu agradeço, estou morrendo de fome. — coloquei Sophie no
chão e deixei que ela fosse abraçar as outras duas mulheres.
— Foi uma noite e tanto, não é menina?
— Você não tem ideia, Holly, só estou feliz que esse pesadelo acabou.
— Sophie se virou abraçando minha mãe, que tinha ficado mais do que
feliz em saber que Emily já não era mais uma ameaça para nós.
— Graças a Deus está em casa, agora precisa comer algo e descansar!
— minha mãe sugeriu enquanto envolvia as mãos na barriga de Sophie e a
acariciava.
— Para falar a verdade, estou louca por um banho. — ela me olhou
enquanto falava e eu não esperei antes de puxá-la para o meu colo e subir as
escadas com ela.
Imaginava que Sophie queria se livrar de todo sangue e sujeira,
mesmo que não houvesse nenhum sinal de sangue nela.
A coloquei em pé dentro do banheiro e comecei a tirar sua roupa, não
querendo que ela fizesse nada, eu só sentia a necessidade de cuidar dela
nesse momento.
Abri o chuveiro e a coloquei de baixo da água quente enquanto tirava
minhas roupas, mas mantendo os olhos nela. Eu era o filho da puta mais
sortudo da terra, olhando ela ali tomando banho e me encarando como se eu
fosse o homem mais perfeito do mundo, me enchia de confiança, tesão e
amor.
— Aqui, deixa eu cuidar de você. — murmurei pegando o sabonete
líquido e derramando em minhas mãos antes de começar a esfregar pelo
corpo.
Sophie ofegou piscando lentamente enquanto minhas mãos subiam
por suas coxas, contornando o bumbum e subindo até a cintura. Ela
resmungou sabendo que eu estava evitando de propósito as partes onde ela
estava necessitada de toques.
Esfreguei minhas mãos em sua barriga e antes de alcançar os seios eu
voltei a deslizar as mãos sobre nossos filhos, só para desviar direto para as
costas.
— Minha vez de brincar. — Sophie ergueu o olhar com um brilho
desafiador e sedutor.
Então ela encheu a mão com sabonete antes de tocar meus ombros,
deslizando preguiçosamente pelos braços, contornando meus músculos
antes de voltar para meu peitoral. Mas diferente de mim, Sophie não queria
evitar nada, ela esfregou meu peito sem pressa, então desceu por meu
abdômen antes de ir até minha bunda e apertar, me surpreendendo. Não
demorou para que ela me contornasse meu quadril até suas mãos parassem
em cima da minha ereção.
— Sophie! — rosnei como um aviso, não era hora de fazermos
aquilo, teríamos tempo para isso depois, mas ela continuou a me acariciar
deixando que a água lavasse toda a espuma. — Você precisa descansar, teve
uma noite... agitada. — quase me perdi no meio da fala quando as mãos
dela desceram até minhas bolas pesadas.
— Não estou cansada o suficiente para dormir. — ela me olhou nos
olhos, com as íris brilhando com algo sedutor e perigoso, então começou a
descer ficando de joelhos e me fazendo respirar fundo e pedir por força,
porque quando ela me chupava meu mundo inteiro perdia o rumo.
Sophie deslizou a língua pelos lábios, os deixando molhados e
brilhando antes de lamber a minha glande, girando a língua em volta da
cabeça antes de Levá-lo de vez em sua boca. Os lábios macios se fechando
em volta da minha grossura, sugando enquanto ela me engolia pouco a
pouco.
— Oh bom Deus. — murmurei apoiando uma mão contra o vidro do
box e a outra embrenhando entre os fios dela.
Sophie me engoliu até encostar em sua garganta, era como a porra do
paraíso, a melhor coisa depois da boceta apertada dela. Suas mãos
agarraram o que não cabia na boca macia e molhada, antes de começar
subir e descer, um vai e vem sugando meu pau e masturbando enquanto me
olhava por entre aqueles cílios enormes.
Joguei minha cabeça para trás gemendo, assistindo ela completamente
nua no chão, me levando em sua boca e parecendo completamente
desesperada por mais, chupando, lambendo e masturbando meu pau.
Ela era minha perdição, minha completa e deliciosa perdição. Os
barulhos da boca dela me chupando preenchiam o banheiro se misturando
com meus gemidos. Sophie levou meu pau além do limite, o forçando ainda
mais em sua garganta e foi o som dela se sufocando que me fez ficar a um
segundo de gozar naquela boquinha. Mas isso não ia acontecer, não hoje ao
menos, eu tinha outros planos.
A levantei com pressa segurando seu rosto apertado e empurrando seu
corpo contra o vidro.
— Você tem que parar com isso de me parar antes que eu consiga o
que eu quero. — Sophie resmungou me repreendendo com os olhos, mas
tratei de colocar sua reclamação em segundo plano quando tomei seus
lábios.
Enfiei minha mão entre as pernas dela, ficando mais do que feliz
quando encontrei a boceta escorrendo com excitação e eu mal tinha
começado.
— Tão molhada, tão pronta, querida! — rosnei mordendo o lábio
inferior e deslizando um dedo para dentro dela.
Sophie gemeu manhosa apoiando a cabeça contra o vidro e erguendo
a perna, me dando ainda mais espaço para tocá-la. A carne molhada e macia
sugava meus dedos, enquanto eu massageava o clitóris necessitado de
atenção.
Minha mulher agarrou meus ombros, pegando impulso e enrolando as
pernas em volta do meu quadril, deixando meu pau perigosamente perto de
sua intimidade, tão perto que eu conseguia sentir o calor emanando de sua
boceta a cada roçada inocente.
— Já chega disso, Patrick, eu preciso de você! Preciso do seu pau se
afundando dentro de mim!
Oh porra, aquele era o melhor pedido a se fazer para um homem. Sem
pensar duas vezes, retirei meus dedos de dentro dela e encaixei a cabeça do
meu pau em sua entrada. Agarrei o quadril dela com ambas as mãos e
encarei os olhos castanhos bem de perto enquanto entrava nela devagar.
Sophie bateu os cílios e abriu lindamente a boca gemendo enquanto
eu me enterrava nela até o talo. Fechei os olhos por um segundo, apreciando
estar dentro dela, tendo meu cacete apertado em todos os pontos por aquelas
paredes macias.
Recuei com a mesma velocidade, sem pressa nenhuma de sair dali,
mas quando voltei para dentro dela algo mudou no olhar de Sophie e eu vi
ali pura fome.
— Mais rápido... Pat me fode com força. — a voz ofegante e o pedido
dela fizeram meu sangue ferver com desejo.
Recuei rápido e voltei sem lhe dar tempo para respirar, atendendo ao
pedido dela, eu fui mais depressa, chocando nossas peles, segurando seu
corpo no lugar. Os seios dela tocavam meu peitoral, atiçando os mamilos e
os deixando duros, Sophie gemia mais alto a cada nova investida, nossos
corpos se comunicavam deliciosamente, em sintonia, buscando o prazer um
do outro, juntos.
As costas de Sophie começaram a deslizar sobre a parede do box, o
corpo molhado escorregando sobre o vidro a cada nova investida. Senti o
segundo exato em que ela cravou as unhas em mim, se segurando no lugar
enquanto eu dava exatamente o que aquela bocetinha queria, ser fodida com
força.
Quando as paredes dela se apertaram ainda mais e os olhos de So se
reviraram com o prazer, ela estava prestes a gozar, e isso nos fazia dois,
pois eu estava louco para me derramar dentro dela até a última gota.
— Ahhh Pat... eu vou... — sim, nós dois íamos gozar junto.
— Vem comigo, amor, goza junto comigo! — ordenei e no segundo
seguinte ela estava gozando, me apertando e sugando.
Sophie fechou os olhos com força, aproveitando cada segundo do seu
orgasmo enquanto seu corpo se sacudia, estremecendo nos meus braços.
— Oh, isso foi...
— Eu te machuquei? Fiz alguma coisa errada? — perguntei
preocupado, mas logo ela sorriu de forma preguiçosa, como alguém que
tinha acabado de ter o maior orgasmo da vida. — Acho que vamos ter que
pegar mais leve até os bebês nascerem. O que acha?
— Muito pelo contrário, agora é a hora de aproveitar e fazer todo o
sexo que queremos, antes que os bebês nasçam! — as mãos dela seguraram
meu rosto me puxando para um beijo rápido. — E eu ainda não terminei de
me divertir com você.
Mas eu a obriguei a comer, antes de qualquer gracinha sobre os
hormônios da gravidez a deixarem com ainda mais fogo, eu sabia que ela já
era assim antes mesmo de engravidar, tinha provado seu fogo de perto na
ilha e agora que mais uma preocupação estava fora do nosso caminho
podemos aproveitar ainda mais!
As coisas estavam finalmente se encaixando no lugar onde deveriam
estar, eram tantas coisas boas de uma vez só que eu nem conseguia
acreditar.
Depois que as câmeras da oficina comprovaram toda a loucura de
Emily, meu processo correu rapidamente, assim como o dos comparsas
dela, que foram condenados. O que nos levou ao meu tio, foi fácil arrastá-lo
para fora da casa e o levar para até onde estavam escondendo Louis.
Charles ficou tão mexido quando viu a situação do filho que aceitou fazer
tudo o que Patrick exigiu, isso é tudo o que eu sei, pois não me deixaram
ver nada sobre eles, nem mesmo detalhes de toda a situação com Louis eles
me contaram.
O que eu podia dizer, os homens daquela família eram muito
protetores com as suas mulheres. No fim meu tio assumiu todas as
falcatruas que cometeu contra os meus pais, os roubos da empresa, as
fraudes usando o nome do meu pai e no fim a morte deles.
Ele teve a cara de pau de assumir que sabia que eu iria para as mãos
dele e como menor ele seria o meu responsável, poderia cuidar de todo o
dinheiro até que eu atingisse a maioridade e quando o pai de Patrick
anunciou que ele estava procurando uma noiva, meu tio viu a oportunidade
perfeita de se livrar de mim e ainda conseguir mais dinheiro com isso.
A lista de crimes que ele foi acusado era enorme, como se não
bastasse o processo em meu nome pelos anos de abuso, no nome da
empresa, Patrick também o estava processando por inúmeras coisas, assim
como vários acionistas lesados pelos golpes na empresa da minha família.
O ponto é que ele não sairia da cadeia nunca mais, eu não precisaria
voltar a vê-lo na minha vida. Assim como Louis, eu ainda não entendia o
que tinham feito com ele, novamente Patrick não quis me dar nenhum
detalhe, apenas me garantiu que eu não teria que me preocupar com isso de
novo.
Então eu posso dizer, minha vida tinha finalmente voltado aos trilhos,
tudo estava em paz e eu não podia estar mais feliz, não depois que Patrick
decidiu fazer nossa festa de casamento. A primeira vez que ele falou eu
achei que estava apenas brincando, mas era real.
— Vamos nos casar. — Patrick murmurou enquanto estávamos
deitados na cama, minha cabeça descansando em seu peito enquanto eu
desenhava linhas aleatórias no abdômen dele.
— Já somos casados e você já fez oficial. — o lembrei erguendo
minha mão e mostrando o anel. — E anunciou para o mundo todo.
— Mas não tivemos um casamento de verdade, eu assinei os papéis,
você assinou e fim. — eu virei meu rosto olhando para ele com o queixo
apoiado em seu peitoral. — Quero uma festa, você em um vestido branco
caminhando na minha direção, nós dois recitando os votos.
— Pat... — foi tudo o que consegui dizer já ficando emocionada com
as palavras dele.
— Quero tudo perfeito, que você tenha tudo o que sempre idealizou,
tudo o que quiser, vai ser o casamento dos seus sonhos. — ele prometeu
levando as mãos ao meu rosto e secando uma lágrima que caiu, eu estava
ficando ainda mais chorona com o passar do tempo. — Só não chore, meu
amor.
Ele segurou meu corpo contra o dele e se virou, mudando nossa
posição e ficando por cima, o que já estava sendo muito difícil com minha
barriga de seis meses.
— Você é que fica falando coisas bonitas só para acabar comigo. —
resmunguei fungando, mas ele sorriu de forma cínica para mim e me beijou.
Patrick tomou meus lábios sem nenhuma pressa, degustando,
deslizando a língua contra a minha devagar, me seduzindo, antes de descer
as mãos pela lateral do meu corpo até alcançar meus joelhos. Ele se afastou
dando espaço para abrir minhas pernas e as envolvendo em seu quadril,
então voltou a se curvar colocando a boca diretamente em meu pescoço.
— Eu vou acabar com você de outra forma. — prometeu descendo os
lábios por meu corpo.
E foi assim que acabei tendo o último mês mais maluco, correndo
com o planejamento do casamento, porque eu já estava com sete meses
agora e não ia querer esperar mais e acabar correndo o risco dos bebês
nascerem no dia do casamento.
Audrey quase quis me matar quando eu disse que só teríamos um mês
para planejar tudo. Ao menos eu não quis um casamento grande, família,
amigos próximos, eram tudo o que me importava, afinal a mídia já sabia o
suficiente sobre nós.
E ali estava eu de frente ao espelho, com Rosa e Holly discutindo
sobre as tradições corretas de casamento, enquanto Magie continuava
sentada sorrindo de mim escondendo a expressão hilária atrás da taça de
champanhe.
Nós estávamos nos tornando boas amigas, o que eu agradecia porque
éramos quase da mesma idade e era bom poder conversar com alguém que
não tinha me criado ou criado meu marido.
Depois que ela rejeitou ficar na nossa casa até encontrar seu caminho,
ela continuou com Rosa, que estava ensinando a ela a fazer os bolos
maravilhosos que ela planejava vender. Eu também desconfiava que algo
poderia estar acontecendo entre ela e Alejandro, mas os dois continuavam a
negar.
— Está pronta, querida? — a voz entusiasmada de Audrey invadiu o
quarto me tirando dos meus pensamentos. — Está na hora!
Me virei de encontro a ela, todas as quatro mulheres ali a minha
frente estavam usando um longo vestido de cetim em tom lavanda, o
mesmo tom que os homens carregariam nas gravatas, e olhando para elas ali
me apoiando, sorrindo, me desejando toda a felicidade do mundo, eu
precisei respirar fundo para não acabar me emocionando antes da hora.
— Você está perfeita filha! — Rosa exclamou levando as mãos a
boca. — Nem consigo acreditar que isso está mesmo acontecendo.
— Está parecendo uma princesa querida. — Holly murmurou já
emocionada.
— Uma princesa muito grávida e linda. — minha sogra
complementou com as mãos no coração. — Você e Patrick merecem tanto
ser felizes, merecem muito isso.
— Mas eles já são. — Magie começou a empurrar as matronas para
fora dando uma piscadela para mim. — Aquele homem vai trazer o mundo
aos pés dela, vai ordenar que o sol mude de lugar com a lua se Sophie
quiser. — eu sorri mesmo que soubéssemos que era uma verdade. — Eles
têm o mais importante, amor! Agora vamos, temos que casar esses dois.
Eu insisti que o casamento fosse na nossa casa, eu queria ter aquela
memória comigo mesmo quando fossemos velhinhos e eu olhasse o jardim,
queria manter esse momento próximo a nós todo o tempo. E apesar de
Patrick ter outras mansões, como eu descobri me chocando um mês atrás,
era certo que fosse a nossa casa, onde passávamos todos os dias, o lugar em
que nos vimos pela primeira vez, tivemos nossa primeira discussão e nosso
primeiro beijo.
E olhando agora tudo maravilhosamente arrumado, eu sei que não
poderia ser mais perfeito. Escolhi toda a decoração em tons de lavanda, as
cadeiras estavam alinhadas, deixando um corredor enfeitado com arranjos
de lavandas, flores brancas e capim-dos-pampas, que levava até o arco com
os mesmos arranjos, mas com Patrick me esperando ali.
Ele abriu a boca parecendo chocado quando me viu e eu sorri, mesmo
que estivesse emocionada demais para fazer qualquer outra coisa a não ser
sorrir.
Patrick estava usando um terno com colete cinza e a camisa branca
por baixo, a gravata borboleta cor de lavanda combinando com as
madrinhas e padrinhos, mas ele era a pessoa mais linda naquele lugar. O
sorriso largo o deixava ainda mais perfeito e eu amava poder ver o rosto,
Pat não usava mais as máscaras, para dizer a verdade não acho que ele nem
lembre onde elas estão e isso só me faz amá-lo ainda mais.
— Você está... eu nem sei o que dizer. — quando ele falou foi que me
dei conta que tinha atravessado o corredor todo, ignorando todas as pessoas
ali, ficando focada em Patrick.
— É bom que isso seja um bom sinal. — ele me estendeu uma mão e
com a outra tocou na minha barriga.
Aquele vestido tinha sido modificado tantas vezes graças aquelas
duas gracinhas ali dentro, um casal, isso mesmo, Pat e eu tínhamos um
príncipe e uma princesinha a caminho.
Não preciso nem dizer que o avô, o tio Cris, John e Alejandro, assim
como o paizão, já estavam planejando para manter minha filha longe de
qualquer homem até os trinta.
— Estamos aqui reunidos nesse dia para celebrar o casamento de
Patrick e Sophie Carter. — o padre começou a falar e todas as palavras dele
se perderam quando um dos nossos filhos chutou, como se estivesse
comemorando e nós dois ficamos ali naquela bolha sentindo os movimentos
dos nossos pequenos.
— Os votos Patrick! — Cris gritou nos assustando e estourando nossa
bolha e nos trazendo de volta ao presente.
Todos os convidados estavam rindo e o padre esperando que
começássemos nossa troca de votos.
— Oh Deus, vocês estão vendo o quanto eu sou maluco por essa
mulher! — Patrick se virou completamente para mim, ainda segurando
minha mão e a outra sobre minha barriga. — Vamos começar por aí, quando
você chegou na minha vida eu não esperava que nada de bom fosse
acontecer, especialmente no nosso casamento. Mas desde o primeiro dia
aqui você me mostrou que eu tinha que lutar pelo que eu queria, e a cada
vez que tentei te fazer entender que a vida era triste você me mostrava o
contrário, me dava esperança, trazia algo bom de volta para dentro de mim.
Sem perceber, Sophie Carter, você me fez querer mais, me fez desejar ser
feliz de novo e com você!
— Pat... — tentei secar as lágrimas que escorriam por minhas
bochechas arruinando minha maquiagem, mas não teve efeito nenhum.
— E eu não podia estar mais feliz do que estou com vocês. — ele
beijou minha aliança e então se curvou beijando minha barriga.
— Como eu vou competir com isso? — soltei tentando sorrir e aliviar
minha choradeira, ou não sairia nada da minha boca. — Bem, quando eu
cheguei aqui não sabia o que esperar, a única certeza que eu tinha é que
queria fazer meu casamento dar certo, mas achei que os problemas iriam
destruir isso antes mesmo que pudéssemos ser felizes. E mesmo com todas
as dificuldades que enfrentamos, todos os conflitos, não deixamos de nos
querer, não nos separamos, isso só nos fez mais fortes e foi aí que você me
ensinou a amar, um amor que enfrenta tudo, que supera tudo, um amor
perfeito com todas as imperfeições. — ele beijou minha mão novamente,
mas dessa vez eu me aproximei ainda mais dele e segurei o seu rosto. —
Meus pais não estão aqui, mas onde quer que estejam eu sei que estão
felizes, porque tudo o que sempre desejaram era que eu amasse e fosse
amada e eu sou a mulher mais amada desse mundo!
Patrick se curvou me beijando e sussurrando contra meus lábios o
quanto ele me ama, pulando totalmente a vez do padre falar, ele intensificou
o nosso beijo acendendo meu corpo todo e mostrando o quão desesperado
ele estava para o que viria a seguir.
— Pronta para segunda lua de mel, querida? — eu precisei gargalhar
quando ele sussurrou isso ao pé do ouvido.
E eu sabia que isso era culpa das duas semanas sem sexo que
concordamos em fazer, eu confesso que quase desisti da ideia dois dias
depois, mas Magie me ajudou a ser forte, me lembrando de como seria
quente nossa lua de mel. E pela ansiedade que ele demonstrava eu sabia que
ela estava certa.
— Primeiro temos uma festa e convidados para receber. — ele não
escondeu a expressão de desânimo quando me ouviu dizer isso. — E então
pode se preparar para sua surpresa de noite de núpcias.
Pat abriu a boca sem conseguir dizer nada, ficando lá parado
observando cada movimento meu e com certeza tentando imaginar qual
seria a surpresa. É Patrick Carter, você não tem ideia do que te espera!
Tínhamos decidido passar nossa segunda lua de mel na ilha, eu
demorei a convencer a todos a deixar que Sophie e eu pudéssemos ir
sozinhos já que estavam preocupados conosco isolados na ilha com os
bebês, mas era nosso momento e não deixaria ninguém estragar isso.
Pouco depois que o helicóptero saiu, Sophie se virou para mim
tirando os meus fones e segurando o meu rosto. Ela me grudou nossos
lábios com delicadeza sem pressa nos movimentos enquanto deslizava a
língua contra a minha, os dedos dela desceram por meu pescoço,
contornando o colarinho da camisa que eu estava usando antes de descer
por meu peitoral.
Foi aí que lembrei que ela tinha ficado nervosa na primeira viagem e
eu a distrai masturbando ela, com toda a certeza era isso o que ela estava
tentando me lembrar, sem perder nem mais um segundo coloquei a mão
sobre a coxa dela e a joguei sobre minha perna, mas Sophie tinha outros
planos.
— O que você... — tentei questionar quando ela tirou a perna de cima
da minha e afastou minha mão.
— É a minha vez de brincar. — ela disse colocando um dedo sobre os
meus lábios e me calando.
Eu adorava esse lado ousado dela, essa mulher desinibida e decidida,
por isso me reclinei a posição anterior e ergui minhas mãos em rendição, ela
podia fazer o que quisesse comigo que eu continuaria sorrindo.
Sophie voltou a me beijar, dessa vez com mais desespero, fome até,
as mãos dela alcançaram minha calça e ela esfregou meu pau por cima da
calça, me fazendo endurecer contra seu toque. Não demorou para que eu
estivesse duro como pedra e no mesmo instante ela desviou os lábios dos
meus, beijando meu queixo, maxilar e descendo para o meu pescoço. Senti
quando ela abriu meu cinto e o botão antes de descer o zíper puxando meu
pau para fora.
Fechei os olhos aproveitando aquela sensação da língua dela
deslizando por meu pescoço enquanto os dedos envolviam minha ereção.
Sophie começou um vai e vem, me masturbando de forma deliciosa e
rápida, sabendo exatamente como eu gostava.
— Preciso que você goze antes de chegarmos a ilha. — ela sussurrou
me surpreendendo e eu abri meus olhos buscando o dela.
— Eu só vou gozar dentro de você.
— Oh não querido. — o polegar dela circulou a cabeça do meu pau
enquanto a língua dela contornava os próprios lábios. — Você tem que
seguir o plano, ou vai acabar com a surpresa que planejei.
Engoli em seco esperando por mais, detalhes dessa surpresa, afinal eu
já estava curioso de mais desde o momento em que ela tocou no assunto,
sem falar no quanto estava ansioso por esse momento depois de duas
semanas sem poder transar com a minha mulher, sem poder me enterrar
dentro dela.
— E eu vou gostar tanto assim dessa novidade? — murmurei já com a
respiração entrecortada quando ela adicionou mais uma mão e aumentou o
ritmo.
— Ahhh você vai, tenho certeza que vai adorar cada segundo. — ela
se curvou mordendo meu lábio e o puxando, enquanto descia e subia as
mãos girando torcendo meu pau.
Oh caralho, melhor do que aquilo e do que estar dentro dela, eu não
conseguia imaginar o que poderia ser, mas segui o que ela queria, ia dar
exatamente o que minha mulher sedenta estava buscando, meu gozo.
Quando ela girou uma última vez subindo, meu corpo todo se retesou
e meu pau inchou ainda mais pronto para se derramar. Sophie soube
exatamente o que estava prestes a acontecer e se curvou me colocando
dentro da sua boca.
— Porra! — rosnei entre dentes enquanto ela engolia cada gota sem
parar de me masturbar.
Quando ela deu uma última lambida na cabeça do meu pau e se
ergueu, eu soube que seria uma loucura de lua de mel, pois nos olhos dela
estava estampado o brilho da luxúria.
— Chegamos. — ela beijou meu lábio rapidamente e se afastou como
se nada tivesse acontecido. — Bem-vindo a ilha do amor. — debochou
usando as mesmas palavras que usei quando a levei ali.
Nós descemos do helicóptero com rapidez, eu estava mais apressado
que ela com toda certeza, porque gozar daquela forma não tinha saciado
minha sede e algo me dizia que era exatamente isso o que Sophie queria.
— E então, qual é a surpresa? — questionei quando entramos na casa
e eu só joguei as malas no canto e coloquei as minhas mãos sobre o corpo
dela.
Envolvi minhas mãos na barriga grande apertando seu corpo contra o
meu e ela tratou de esfregar a bunda contra meu pau. Sophie rebolou quase
como se estivesse dançando e aquilo fez o calor subir por meu corpo mais
do que o sol do lado de fora da casa.
— Que tal me ajudar a tirar esse vestido? — ela sugeriu soltando
meus braços e me deixando tirar o vestido branco de cetim que se moldava
as suas curvas.
Não era o vestido do casamento, ou eu sofreria com todos os botões,
aquele era um vestido transpassado que ela colocou depois da cerimônia e
quando eu desfiz o laço, deixando que as duas partes se afastassem,
mostrando o corpo dela, meu amigo voltou a bater a continência.
Sophie estava usando uma lingerie branca com cinta liga, o sutiã de
renda transparente segurava os seios que agora estavam ainda maiores. A
calcinha branca quase se perdia com a barriga, mas eu sabia que estava
cobrindo muito pouco do meu pote de mel. As tiras presas a meia davam o
toque final para ela ser uma deusa do sexo.
— Você está muito gostosa, porra! — rosnei, terminando de me livrar
do vestido e me afastando para ter uma visão ainda melhor.
— Essa não é a surpresa. — Sophie tirou os sapatos, pegou a bolsa e
começou a andar para o quarto.
O quadril largo balançava mostrando a calcinha de renda enterrada
naquele bumbum redondo e eu quase engasguei quando Sophie deu o
primeiro passo no degrau e eu avistei um brilho bem no meio daquela
bunda gostosa.
— Sophie, isso é o que eu estou pensando que é? — questionei indo
atrás dela, mas não houve nenhuma resposta. — Sophie! So, volta aqui!
Corri escada a cima seguindo ela, que apressou os passos e entrou no
quarto antes que eu a alcançasse. Ela se sentou na cama como uma moça
inocente, quase como se não estivesse vestida para matar um homem.
— Sophie, você está com um plug anal? Foi isso mesmo que eu vi?
Essa é a surpresa? — tagarelei andando devagar até ela.
Minha garota se jogou na cama e apoiou o pé no colchão, abrindo
bem as pernas e me dando a bela visão da calcinha transparente e então a
pedrinha rosa enfeitando a bunda dela.
Oh porra, eu não imaginei que ela ia fazer isso hoje, essa era a
surpresa.
Eu vinha brincando com sua outra entrada vez ou outra enquanto
transávamos, mas Sophie nunca demonstrou que estava preparada, mesmo
que me deixasse deslizar um dedo dentro daquele cuzinho apertado.
Ela deslizou uma mão pelos seios, estimulando os mamilos e então
desceu até o centro das pernas, no mesmo segundo ela colocou a mão na
bolsa tirando de lá um vibrador.
Minha nossa, ela tinha vindo mesmo preparada, pronta para acabar
com a minha sanidade e trancá-la ali até transarmos de todas as formas
possíveis.
— Vai me ajudar ou vai ficar aí parado me olhando? — ela
questionou diante da minha inércia, então ligou o aparelho e o colocou
sobre a calcinha, estimulando o clitóris e explodindo em gemidos. — Ahhh!
Isso... Nunca pensei que isso fosse tão bom!
Me ajoelhei na frente da cama e subi minhas mãos por suas pernas
ganhando sua atenção, comecei a beijar suas coxas levando minha mão as
tiras laterais da calcinha antes de tirá-la do seu corpo.
A boceta brilhando foi a primeira coisa que vi assim que voltei a
afastar as pernas dela, a pedra brilhou no seu bumbum com o movimento,
me lembrando exatamente o que Sophie queria hoje.
Segurei o vibrador em forma de golfinho deixando as mãos de Sophie
livres e o deslizei sobre suas dobras, abrindo a mais um pouco, estimulando
cada pedacinho daquela boceta, antes de colocar em sua entrada molhada.
Ela gemeu e se contorceu quando eu a penetrei, estoquei três vezes antes de
tirá-lo todo molhado e voltando a esfregar em cada pedacinho, desde os
lábios até o clitóris, deixando tudo nela escorrendo.
A cada gemido dela sua boceta se contorcia e a bunda dela fazia o
mesmo sugando o plug anal ainda mais. Tentado com aquela imagem eu
desci os beijos por sua coxa até alcançar sua bunda e lamber contornando a
pedra, sentindo a carne pulsar e ela se descontrolar com os gemidos.
— Ahhhh sim!!! Patrick... ohhhh, mais eu quero mais!
Ergui meu olhar tentando captar o dela, mas a barriga me impedia de
ver seu rosto, o que também a impedia de saber o que eu estava prestes a
fazer. Enfiei minha língua dentro dela, fodendo a doce boceta dela com a
língua enquanto levava meus dedos livres até o plug pronto para começar a
mexer.
O vibrador continuava sobre seu clitóris, estimulando, massageando,
garantindo que ela estivesse na beira de gozar para mim. Puxei o plug
apenas um pouco assistindo às pregas dela protestarem, então tirei minha
língua de dentro dela e contornei o metal, derramando ali sua excitação e
minha saliva, deixando aquele cuzinho apertado mais lubrificado.
Sophie ergueu o quadril gemendo alto e eu tirei devagar o plug, então
enfiei o vibrador dentro da boceta pingando enquanto lambia sua entrada
intocada, esfregados minha língua ali e fodendo aquela boceta com o
vibrador.
Ela se curvou e enfiou os dedos em meus cabelos, segurando minha
cabeça firme e rebolando contra minha boca. Sophie parecia ensandecida,
prestes a explodir e, ainda sim, querendo mais.
Então, antes que ela esperasse, eu coloquei um dedo sobre seu
cuzinho, esfregando e forçando a entrada aos poucos. Minha garota ofegou
e se jogou novamente na cama, relaxando aquela bunda gostosa e deixando
meu dedo se enterrar nela.
— Tão apertada, minha gostosa! — rosnei, começando um vai e vem
até que ela se acostumasse. — A melhor surpresa que podia me dar! —
beijei a coxa dela, mordiscando e lambendo a pele até alcançar o clitóris
inchado.
Quando esfreguei minha língua ali, ela cravou as unhas no lençol e
seu corpo todo se endureceu, e eu sabia que ela estava prestes a gozar.
— Ahhh Pat... Eu vou...
— Vem gostosa, goza! Goza para mim! — Sophie gritou explodindo,
com os olhos fechados com força, o corpo todo sacudindo com violência
enquanto eu continuava a fodê-la com minha boca, dedos e o vibrador.
Sophie resmungou e empurrou minhas mãos, querendo que eu
parasse, mas quando eu não parei ela agarrou meu cabelo e me puxou de lá.
Me ergui sorrindo e comecei a me livrar das minhas roupas
observando a imagem dela na cama, ela esparramada com as pernas abertas,
os cabelos bagunçados e o rosto vermelho com os olhos fechados, os seios
dela sacudindo com a respiração descompassada.
Então ela abriu os olhos me espiando sobre os cílios grandes, eu tinha
acabado de me livrar da cueca e os olhos dela pousaram sobre a minha
ereção e ela mordeu o lábio.
Me aproximei dela, me curvando e tomando os lábios carnudos,
sugando sua língua enquanto me encaixava entre suas pernas. Sophie
afastou ainda mais as pernas e eu me afastei segurando minha ereção e
esfregando em sua entrada antes de me enterrar naquela boceta.
— Caralho, como senti falta dela. — ela gemeu sorrindo de forma
diabólica para mim antes de contrair as paredes me apertando ainda mais.
— Sophie por Deus! Quer me fazer gozar em dois segundos?
A resposta dela foi mais uma contração que me engoliu e me prendeu
dentro dela. Rosnei e acertei um tapa na coxa dela antes de segurar as duas
abertas e começar a fodê-la com força.
— Aaaaa! Meu Deus… ahhh Patrick! — Sophie gritou segurando os
lençóis procurando algo em que se agarrar enquanto eu usava as pernas dela
para impulsionar as estocadas.
Nossas peles de chocando e os gemidos enlouquecidos eram tudo o
que se ouvia no quarto. Então meus olhos pousaram no vibrador e eu tratei
de ligá-lo deslizando sobre o clitóris dela, estimulando Sophie além do
limite e querendo que ela gozasse.
Ela se contorceu, os olhos se revirando nas órbitas e o corpo todo
estremecendo com o prazer. Mas foi quando eu coloquei um dedo dentro do
cuzinho apertado que ela se derramou gozando e gritando.
Dessa vez eu continuei socando dentro dela, meu pau invadindo a
boceta deliciosa, sendo apertado a cada novo espasmo de seu corpo e
adicionei mais um dedo dentro daquela bunda, socando dois querendo
alargá-la, deixar ela preparada para o meu pau que era muito maior do que
apenas dois dedos.
— Você não tem ideia de como estou louco para gozar dentro de você
agora. — murmurei, assistindo os seios sacudirem com violência a cada
nova investida, os lábios abertos gritando de prazer e os olhos perdidos em
desejo.
— Ainda vai querer gozar na minha boceta? — ela perguntou me
surpreendendo, minha mulher não costumava falar daquele jeito, mas eu
estava adorando toda essa ousadia.
— Quero gozar em você toda, na sua boceta, no seu cuzinho, nesses
peitos gostosos! — trinquei os dentes me segurando naquele segundo para
não explodir. — Merda! Vou pintar uma obra-prima de porra nesse
corpinho.
Então antes que eu gozasse, eu saí de dentro dela e retirei meus dedos.
Sophie estava ofegante quando eu posicionei a cabeça molhada com o gozo
dela na entrada do seu cuzinho e comecei a forçar aos poucos.
— Aí meu Deus! É mais grosso do que imaginei. — gemeu
constatando e eu coloquei o vibrador novamente sobre seu clitóris,
precisando que ela relaxasse todo o corpo e esquecesse de onde eu estava
me enfiando.
— Relaxa esse cuzinho para mim, So. — murmurei reunindo todas as
minhas forças para ir devagar, respeitando os limites dela, porque por mim
eu já teria me enterrado naquele buraco apertado.
Me afastei dela e virei as pernas dela para o lado, deixando uma em
cima da outra e a bunda dela perfeitamente exposta para mim, com toda
certeza seria mais fácil para ela relaxar assim e bem mais prazeroso.
— Oooh! — ela quase engasgou quando a cabeça deslizou para
dentro dela e nossos olhares se encontraram.
— Isso amor, relaxa e me deixa te foder como você quer. — empurrei
mais alguns centímetros para dentro dela e as pálpebras de Sophie tremeram
se fechando.
Esfreguei o vibrador com mais força sobre seu clitóris e ela gritou
relaxando a musculatura e me deixando entrar de vez naquele cuzinho.
Nós dois gememos e eu não me movi, fiquei ali parado esperando ela
se acostumar com meu tamanho enterrado, alargando sua bunda, enquanto o
vibrador maltratava o clitóris sensível.
Então comecei a me mexer, em um vai e vem devagar, deixando ela
se acostumar com o tamanho. Ela gemia alto cada vez que eu saia e ainda
mais alto quando eu voltava.
Desviei meus olhos dela e encarei onde nossos corpos se conectavam,
era a visão mais do que perfeita meu pau entrando e saindo daquela bunda
apertada e gulosa.
— A porra da perfeição! — rosnei segurando uma nádega e abrindo
ainda mais sua bunda enquanto aumentava a velocidade dos meus
movimentos.
— AHHHHH! SIIIIM. — Sophie agarrou meu pulso começando a se
mover junto comigo. — Aí assim, mais rápido. Cassete... dói, mas é... tão
bom Pat! — e eu dei exatamente o que ela queria, soquei mais rápido dentro
dela assistindo seu corpo se perder no prazer e em todas as novas sensações
enquanto ela pedia mais.
Sophie abriu a boca em um grito silencioso, os olhos apertados com
tanta força e as unhas cravando em meu pulso. Foi assim que ela gozou, as
pernas tremendo enquanto o corpo todo era tomado por espasmos.
E eu não consegui mais segurar ou iria morrer, explodi gozando com
ela enquanto os espasmos dela me ordenhavam até a última gota fazendo os
meus gemidos guturais tomarem todo o quarto.
Quando eu saí de dentro de Sophie, vi as gotas brancas escorrendo de
sua bunda e me joguei ao seu lado na cama, puxando o corpo cansado e a
mulher quase adormecida para o peito. Ela só resmungou com um sorriso
languido estampado no rosto.
— Caralho, como eu te amo pequena. — murmurei contra os cabelos
dela antes de me render ao sono.
Acordei sentindo uma contração, estava me acostumando com isso,
nas últimas semanas eu fui para o hospital algumas vezes, mas no fim
tinham sido apenas contrações falsas, nossos bebês não estavam prontos
para sair.
Me virei olhando para Patrick dormindo profundamente ao meu lado
com a mão sobre minha barriga, aquilo me tirou um sorriso. Não podia estar
mais feliz, até tinha medo de que toda aquela felicidade pudesse acabar,
mas ele me prometeu que não deixaria nunca acabar, seríamos felizes
mesmo com os problemas, mesmo quando Patrick e eu brigávamos, ou com
a loucura que eram os problemas da empresa do meu pai, ainda éramos
muito felizes, desde que meu tio tinha sido preso e Emily e Louis
desapareceram das nossas vidas eram dias de paz.
Me levantei devagar, me desvencilhando dele e tentando não acordá-
lo, pois cada vez que eu achava que era a hora o homem parecia prestes a
ter um infarto, ele acabaria tendo um qualquer hora dessas com outro
alarme falso.
O dia já estava começando a nascer, percebi quando cheguei a janela
foi que percebi, o sol já saia entre as árvores pintando o céu de um tom de
amarelo no meio de todo o azul-escuro.
— Parece que vai ser um dia... ai! — respirei fundo pelo nariz e
soltando pela boca quando uma nova contração me acertou. — Vai ser um
dia ensolarado.
Envolvi as mãos em minha barriga acariciando e tentando acalmar os
gêmeos, o dia nem tinha começado direito e pelo jeito eles iam agitar o dia
do papai.
Ainda não tínhamos escolhido os nomes, decidimos que seria
interessante conhecer os dois primeiro, olhar nos rostinhos deles, foi uma
verdadeira confusão em casa já que cada um queria dar um palpite, dizer
qual nome deveríamos escolher, mas só faríamos essa escolha quando o
víssemos.
— O que está fazendo acordada tão cedo? — a voz de Patrick me
pegou de surpresa e eu me virei assistindo ele se erguer na cama, se
esgueirando entre os lençóis.
Quando ele deu um passo para fora da cama, o cobertor caiu de seu
corpo, mostrando sua nudez. Eu não consegui evitar de encarar meu marido
da cabeça aos pés, não me cansava daquele visão dele completamente sem
nada, como se soubesse o efeito que tinha sobre mim Patrick tocou seu
membro, um toque despretensioso, mas totalmente para me provocar.
— Seus filhos me tiraram da cama. — respondi desviando os olhos da
imagem tentadora e de volta para a janela.
— Uhhh se está chamando de meus filhos é porque estão aprontando.
— Patrick me alcançou parando atrás de mim e envolvendo os braços
grandes em volta do meu corpo. — Crianças, o que falei sobre irritar a
mamãe? Depois o papai tem que acalmar a fera.
Eu não consegui segurar a risada enquanto ele acariciava minha
barriga prestes a explodir.
— Não comece com suas safadezas, eu não aguento nem mesmo
erguer um braço, não até esses dois saírem de dentro de mim. — falei e nem
era de brincadeira, eu me sentia mais cansada do que o normal nos últimos
dias.
Patrick jogou meu cabelo para o lado e plantou um beijo em minha
bochecha, antes de começar a descer os beijos pelo meu pescoço até meu
ombro.
— Porque você não fica quietinha e me deixa te fazer relaxar. — ele
mordiscou meu ombro enquanto as mãos dele trataram de desfazer o laço
do meu robe.
— Como pode me achar atraente quando eu estou desse tamanho?
Minha barriga parece que vai explodir a qualquer minuto, meus pés estão
inchados, minhas calcinhas nem me servem mais, isso sem falar com meu
humor do cão.
Foi só eu terminar de falar para que outra contração tomasse meu
corpo, me forçando a morder os lábios para que Patrick não percebesse
nada.
— Você é linda e sexy de qualquer jeito, meu amor. Sua barriga
enorme e os pés inchados só me fazem amá-la mais por carregar nossos
filhos, se suas calcinhas não servem é porque essa bunda está ainda maior e
eu adoro ainda mais. — ele sugou o lóbulo da minha orelha, tentando me
seduzir, mas no momento eu estava mais concentrada na dor. — Sobre seu
humor, ele nunca foi muito fácil, querida.
O empurrei com o quadril ainda sorrindo das besteiras que ele tinha
acabado de dizer, enquanto as mãos dele continuavam seu caminho, agora
descendo por minha barriga.
— Seus pais acabaram de chegar e vão ver essa baixaria toda da
janela! — exclamei quando vi o carro parando na entrada da casa, mas isso
não o intimidou.
— Não é como se eles não soubessem o que fazemos. — ele disse se
virando a minha frente e se ajoelhando. — E se me lembro bem, você me
chupou enquanto eu estava em reunião com meu pai e outros.
Mas foi só ele beijar minha barriga prestes a descer a boca para que
eu gritasse com a dor ainda mais forte.
— AAAAAAAI… que merda, acho que vamos ter que ir ao hospital
de novo. — respirei fundo tentando acalmar o desconforto e senti algo
escorrer entre minhas pernas me assustando.
— Sophie o que... sua bolsa acabou de estourar. — Patrick falou com
uma calma que não combinava com ele nesses momentos. — Chegou a
hora.
— Aí meu Deus, então é de verdade? Dessa vez é sério mesmo? — eu
nem conseguia acreditar que estava mesmo acontecendo.
Ele se levantou sem pressa e me levou até o banheiro segurando o
meu braço, então pegou algumas toalhas me ajudando a me trocar e me
limpar. Nem parecia o homem que tinha gritado com todos e corrido pela
casa toda quando eu senti as primeiras contrações falsas.
— Vou chamar mandar John ligar o carro, não saia daqui. — ele
murmurou me colocando sentada na cama, mas antes que ele saísse eu
segurei sua mão o impedindo de ir longe.
— Você está bem? — porque ele não parecia nada bem.
— Claro, claro. Só me espere aqui! — tão rápido quanto falou, ele
sumiu porta afora.
Eu respirei fundo e me levantei indo atrás da minha bolsa, sabia que
as bolsas dos gêmeos estavam preparadas e guardadas no andar de baixo,
então segurei a minha e sai do quarto querendo saber o que tinha de errado
com o meu marido.
— Só se acalme, já pegamos a bolsa e John...
— Me acalmar? Eu estou calmo! Muito calmo! — Patrick gritou
interrompendo a mãe. — Só preciso que andem logo, a bolsa dela estourou!
Sabem o que isso significa? Ninguém aqui sabe fazer um parto, então
andem com isso, a última coisa que eu quero é que meus filhos nasçam
dentro do carro.
Esse era ele, gritando com todos enquanto andava de um lado para o
outro arrancando os próprios cabelos, tinha sido assim todas as outras
vezes.
— Patrick? — chamei atraindo sua atenção, os olhos se arregalaram
quando me viu já na metade das escadas, então ele correu em minha
direção, pegou a bolsa das minhas mãos e tentou me amparar. — Pare com
essa loucura! Eu estou bem, temos tempo e está tudo pronto, pare de surtar
assim.
— Mas os bebês e...
Eu precisei segurar os dois lados do rosto dele para que o homem
parasse um pouco e me ouvisse.
— Vai dar tudo certo, só preciso que se acalme e venha comigo. —
usei o tom mais calmo que consegui e pareceu surtir efeito nele.
Nós saímos de casa no carro de sempre com John dirigindo, mas os
pais de Patrick e Holly nos seguiam no carro de trás, e quando chegamos lá
Rosa, Alejandro e Magie já estavam esperando. Era claro que nossos filhos
tinham que nascer cercados por malucos.
A calmaria de Patrick acabou no momento em que as enfermeiras me
levaram para a sala, então ele começou a gritar com todo mundo, exigindo
que minha doutora aparecesse no mesmo instante.
— Estou vendo que o papai aqui está mais desesperado do que a mãe,
não é? Mas isso é mais comum do que você pensa, se acalme, senhor
Carter, isso vai demorar mais do que você imagina. — ela falou se
colocando entre minhas pernas, erguendo o lençol para ver como
estávamos. — Ok, isso vai ser mais rápido do que pensei.
— Como assim? O que tem de errado com ela?
— Não tem nada de errado, sua mulher só está com uma ótima
dilatação, logo podemos começar a empurrar.
E ela estava certa, o tempo entre as contrações diminuiu e a dor foi
ficando cada vez pior, antes que ela me mandasse empurrar. O nervosismo
de Patrick me fez desejar que ele tivesse ficado do lado de fora, pois cada
vez que eu gritava o homem parecia ainda mais fora de si, mas logo à dor
me fez ficar ainda mais irritada do que o normal.
— Juro que nunca mais vai me tocar! — exclamei com os dentes
trincados enquanto ele continuava a me irritar me ensinando como respirar
e o que fazer.
— Amor, só respira. E então doutora, não vai ajudar?
— Cala a boca, Patrick! Cala a boca antes AAAAAAAA… que eu
soque a sua CARAAAAAA...
E então o primeiro chorinho invadiu a sala arrancando meu fôlego,
nossa menina chegou ao mundo primeiro mostrando o quanto o pai teria
problema enquanto ela se acaba de chorar.
— Ok mamãe, continue o bom trabalho, temos mais um a caminho.
E foi o que fiz, continuei empurrando, respirando e empurrando
novamente com ainda mais força, mesmo que me sentisse fraca e cansada, o
bebê enrolado na manta nos braços da enfermeira me faziam continuar,
assim como o que estava por vir.
Não demorou para que nosso garotão nascesse, calmo que nem quis
chorar, mas logo abriu o berreiro seguindo a irmã. Mas foi quando os dois
pacotinhos foram colocados em meus braços que meu mundo todo se
transformou.
Patrick se sentou ao meu lado, com os olhos cheios de lágrimas e não
se importando em derramar algumas.
— Mary e Sebastian. — ele falou ao meu lado, não era uma pergunta,
apenas uma afirmação e eu ergui meus olhos para ele, eram os nomes da
minha mãe e do meu pai e eu não consegui evitar de chorar ao ouvir. —
Eles estariam felizes e orgulhosos, também acho que seja uma bela forma
de homenageá-los.
— Você... você jura? — perguntei entre o choro e quando Pat
concordou com a cabeça passando os dedos na cabeça dos nossos filhos. —
Eu te amo! — foi tudo o que consegui dizer com o choro e emoção
explodindo em mim.
Eu nunca pensei que seria pai de novo na vida e grande parte de todo
o ódio que deixei crescer dentro de mim foi por perder meu menino, mas a
cada segundo que eu passava olhando meus filhos, cada vez que os
segurava em meus braços, que ouvia os choros deles, sentia como se meu
mundo se refizesse, totalmente ao redor dos dois.
— Vai ficar babando neles a noite toda? — meu pai perguntou, eu
tinha estado tão concentrado nos gêmeos no berço que nem me dei conta
dele ali.
— Vai dizer que você não ficaria no meu lugar?
— Claro que ficaria, por que acha que quero que você saia daqui? É a
vez do avô ficar velando o sono deles.
Soltei uma risada baixa, tomando cuidado para não acordar nenhum
dos dois, ou Sophie ia me matar com toda certeza.
— Dá para acreditar que já passou três meses que eles nasceram?
Para mim foi ontem. — amanhã já era dia do batismo dos dois e eu ainda
sentia como se não tivesse passado nenhum dia desde o nascimento.
— Ah meu filho, você vai se sentir do mesmo jeito quando os ver
andando, indo para faculdade. — ele falou me dando tapinhas nas costas. —
Já estou até vendo a sua expressão quando Mary aparecer com o primeiro
namorado.
Minha cara se fechou no mesmo instante, em toda oportunidade que
tinha ficavam me lembrando disso, especialmente meu pai e Cris.
— Nesse dia começaremos a abrir covas no quintal. Até parece que
vou deixar algum babaca chegar perto da minha princesa. — me curvei
sobre o berço dela e passei um dedo sobre a bochecha macia.
Ela se remexeu fazendo a careta mais linda que eu já tinha visto,
arrancando um sorriso bobo dos dois homens ali.
— Sabia que ia encontrar você aqui. — Sophie apareceu abrindo a
porta que ligava nosso quarto ao quarto dos gêmeos e nos tirando do nosso
momento. — Estão planejando o que dessa vez? Da última vez vocês já
tinham decidido onde eles iam estudar, que carros iam dirigir, até a carreira
deles já tinham sido escolhidas, o que foi agora?
— Estávamos conversando sobre como o tempo passa rápido e que
logo eles vão estar indo para escola e namorando. — claro que meu pai
tinha que voltar naquilo só para me irritar.
— Nem diz uma coisa dessas, quando se toca no assunto, tudo o que
Patrick faz é contar as diferentes formas que vai matar os garotos que
chegarem perto dela. — eu nem precisava me virar para saber que ela
estava revirando os olhos e sorrindo. — Agora anda, vamos dormir porque
eu não quero ninguém com olheiras amanhã nas fotos.
— E eu não estou errado. — murmurei me curvando e plantando um
beijo na testa dos dois. — Boa noite, pai.
— Boa noite para vocês dois. — ele resmungou acenando, mas não se
importando de verdade, os olhos já estavam grudados nos netos.
Fechei a porta atrás de nós e agarrei a cintura de Sophie andando com
o peito grudado nas costas dela até a nossa cama.
— Seu pai vai acabar dormindo ali, sabe disso, não é? — ela disse
enquanto subia na cama.
Sim eu sabia, mas não julgava, nas primeiras noites eu dormi do lado
do berço, mesmo que estivessem dentro do nosso quarto nunca parecia que
eu estava perto o suficiente.
— Deixa o velho aproveitar os gêmeos enquanto não chegam os
outros netos. — falei me deitando atrás dela e enfiando o rosto entre os seus
cabelos, respirando o perfume dela.
— É bom que você tenha uma irmã escondida, porque não vai ver
nenhum bebê na minha barriga nunca mais.
Ela vinha repetindo isso desde o fim da gravidez e eu adorava
provocá-la com isso, especialmente dizendo que na próxima seriam
trigêmeos. Mas eu estava feliz com nossos filhos, claro que se viessem mais
eu adoraria.
Afastei o cabelo dela do meu caminho e deslizei meu nariz na curva
do seu pescoço, sentindo ela se arrepiar. Sophie se aconchegou ainda mais
contra o meu corpo, suspirando antes de fechar os olhos de vez.
Sabia que tinha alguma coisa incomodando aquela cabecinha linda,
mas sempre que eu perguntava o que era ela desconversava e mudava de
assunto. Então eu continuava ali só esperando o momento que ela se abriria
e colocaria para fora.
Acordamos já com gritos, não era de surpreender naquela casa, a
mansão nas montanhas nunca mais foi quieta ou fria, era sempre cheia de
gente, risos, gritos, não importava a ocasião, qualquer desculpa atraia toda a
cavalaria direto para nossa casa.
— Acho que sua mãe está brigando com alguém. — Sophie constatou
com a voz sonolenta antes de se espreguiçar lançando um gemidinho
gostoso.
Ainda não tínhamos feito nada no quesito sexual desde o dia que os
bebês chegaram e eu estava sendo um perfeito cavalheiro respeitando o
tempo dela, mas era difícil não olhar para o corpo dela com desejo.
Os seios cheios quase pulando para fora da camisola e os mamilos
maiores marcando no tecido, porra era Sophie e tudo o que ela fazia era
terrivelmente sexy para mim.
Deslizei meus dedos sobre sua barriga deslizando pela seda,
contornando seu umbigo antes de subir mais um pouco, ganhando sua
atenção, ela acompanhou os movimentos da minha mão enquanto eu subia
até alcançar seu seio.
Sophie fechou os olhos quando o envolvi com minha mão e contornei
o mamilo com o polegar, ela soltou um suspiro baixo inclinando a cabeça
para trás e eu não aguentei mais, me curvei sobre ela sugando o lábio
inferior antes de tomar sua boca, a reivindicando com minha língua.
As mãos dela agarraram meu pescoço me puxando ainda mais para
perto. Puxei a alça da camisola para baixo querendo sentir a pele dela,
necessitando de mais contato, desci uma mão pela coxa macia e ela a jogou
sobre meu quadril, mais assim que subi o tecido da camisola ainda mais
Sophie se afastou pulando para longe de mim.
— Temos que ir, estão nos esperando lá em baixo. — foi tudo o que
ela disse antes de correr para o banheiro e se trancar lá.
Olhei em volta tentando entender o que tinha acabado de acontecer
ali, por que ela fugiu de mim daquele jeito? Me levantei ignorando minha
ereção e indo me arrumar para a sessão de fotos.
A casa já estava uma loucura, Alejandro, Rosa e Magie já estavam lá
babando meus filhos, e se minha mãe não estava por perto, significava que
Sophie tinha razão e ela estava gritando com alguém.
— Olhe só essas mãozinhas. — Rosa disse fazendo aquela voz
engraçadinha. — Dá uma vontade de morder.
— Porque vocês dois não dão mais um neto a dona Rosa? — joguei
como uma pergunta inocente, mas a verdade era que todos nós sabíamos
que Magie e Alejandro estavam em algum relacionamento secreto, algo
como amizade com benefícios, e tudo porque queriam negar o que sentiam
de verdade. — Esses dois vão precisar de primos.
Alejandro tirou os olhos de Sebastian em seu colo, me dando um
olhar mortal, mas eu vi a olhada longa que ele deu para Magie, quase como
se imaginasse como seria ela segurando o filho deles no colo.
— Seria ótimo. — Rosa entrou na minha provocação. — Eu com
certeza preciso de mais netos e seria lindo vê-los crescer todos juntos.
— Não sei do que vocês estão falando, eu nem suporto olhar para
cara desse idiota. — a loira rebateu jurando que alguém ainda acreditava
naquele ódio fingido. — Cadê a Sophie? Vou lá em cima ver se ela precisa
de ajuda.
E essa era a hora que Magie fugia, mas para o azar dela Sophie já
estava descendo as escadas.
— Ouvi meu nome por aqui, onde está todo mundo? Cris? Seus pais...
— Vai chover pessoal! Temos que fazer isso agora, quem chegou
ótimo, quem não está aqui vai ficar para próxima, o céu já está cheio de
nuvens! — minha mãe apareceu gritando assustando a todos, ela parecia um
general entrando na sala marchando e gritando ordens. — Vamos! O
fotografo está esperando.
E no mesmo instante todos nós corremos para fora, até o jardim onde
tudo estava arrumado para as fotos em família, nossa família grande e
maluca. Quando Sophie passou por mim, eu a puxei pela cintura, a virando
de frente para mim querendo ver seu rosto.
— Ei, você está bem?
— Claro, tudo ótimo. — ela me deu um sorriso largo, mas os olhos
inquietos me diziam que ela tinha algo em mente, só não estava pronta para
falar. — Onde está Cris? Ele é o padrinho e não vem?
— Vou ligar para ele, mas segundo a minha mãe ele vai ter que ficar
para próxima.
Nos juntamos todos, com os gêmeos nos nossos braços bem no centro
da família e eu sabia que eram só os primeiros da família, com toda certeza
Alejandro e Magie logo começariam a nos ajudar a encher esse mundo de
lindos bebês.
Depois da sessão de fotos mais maluca que eu já vi, a chuva
realmente começou a cair e todos fomos forçados a nos reunir dentro de
casa. Eu estava observando a bagunça na sala quando meu celular tocou, o
nome do babaca do padrinho do meu filho que tinha resolvido não aparecer.
— Ei, seu babaca. Por que não apareceu?
— Cara, me desculpa, eu esqueci de avisar. Mas estou trabalhando e
surgiu um imprevisto...
— Espera aí mesmo e volta essa conversa, desde quando você cuida
dos clientes pessoalmente? — Cris tinha parado de fazer segurança pessoal
a muitos anos, só para tomar conta da firma.
— Longa história, mas conhece a Elizabeth Wilson?
— Sim, eu sei. Meu pai tem algumas ações na empresa dela. Ela não
é aquela CEO que quase foi assassinada pelo marido? Oh, então foi por isso
que ela te contratou?
— É cara, foi por isso mesmo que ela exigiu que eu fosse o segurança
pessoal, vinte e quatro horas por dia. Eu estou vivendo aqui na casa dela e o
bebê passou a noite com febre, então eu acabei perdendo a hora.
— Mas você vai amanhã na igreja, certo? — Sophie o questionou
aparecendo do nada e se jogando no meu colo. — Meu filho não pode ficar
sem um padrinho!
— É claro que eu vou maluca, pode ficar tranquila, não quero levar
uma facada.
É isso tinha virado piada na família, qualquer momento que Sophie
parecesse nervosa alguém falava das facadas.
— Haha engraçadinho. Traga a moça, Elizabeth certo? Traga ela, vai
fazer bem para ela conhecer gente nova! — ela deu um ultimato.
— Acho que... é pode ser uma boa ideia. Vejo vocês amanhã!
Ele desligou antes que pudesse dizer qualquer coisa e me restou olhar
para minha esposa, sentada no meu colo relaxada. A vontade de tocá-la me
bateu, mas depois que ela fugiu de mim pela manhã o melhor era que eu
ficasse quieto.
Mas o olhar dela para os meus lábios, não era nada discreto, eu só
não entendia o que ela queria. O que estava dando errado entre nós quando
eu a tocava?
Quando cheguei naquela casa não imaginei que em tão pouco tempo
eu teria tudo aquilo, amigos, família, um marido amoroso e dois filhos
lindos. Mas olhando para minha vida agora isso era o que eu tinha e estava
mais do que feliz com isso.
Estava ansiosa para o batismo dos gêmeos hoje, por isso acordei antes
de Patrick para me arrumar, não queria nenhum atraso hoje, o dia tinha que
ser perfeito.
Me encarei no espelho enquanto prendia os fechos da cinta, desde o
parto eu vinha usando uma daquelas porque tudo parecia estar fora do lugar.
Eu sabia que era esperado isso, o corpo estava tentando se adaptar a nova
vida, mas a verdade é que eu me sentia horrível quando me olhava no
espelho.
Depois da minha barriga ter esticado tanto durante a gravidez e
estrias, celulites, e agora toda a flacidez, a última coisa que eu me sentia era
bonita. Por isso não deixava Patrick chegar perto de mim, aquele não era o
corpo que ele estava acostumado, não era nem mesmo o que eu estava
acostumada, e por mais que eu o quisesse, que sentisse falta do toque, do
sexo quente, eu não me sentia nenhum pouco sexy ou atraente.
Estava acabado de passar maquiagem quando ouvi o chorinho vindo
do quarto dos bebês, tinham acordado bem na hora para se arrumar. Mas
antes que eu saísse do banheiro os choros já tinham parado, eu corri direto
para lá, mas assim que passei pela porta dei de cara com Patrick
conversando com Mary enquanto começava a trocar a fralda do Sebastian.
Eu adorava ver ele assim, todo relaxado conversando com os filhos,
interagindo com eles, demonstrando amor nos pequenos detalhes, tão
diferente do homem que era quando eu cheguei aqui, fechado, recluso,
sofrendo e mantendo a todos longe.
— É garotinha, seu irmão fez uma bagunça nessa fralda. — ele falava
fazendo uma voz infantil. — E depois vamos arrumar vocês dois, temos um
dia importante meu... amor. — ele paralisou quando se virou se deparando
comigo na porta observando tudo. — Me espionando mocinha?
— Adoro ver você assim, bancando o paizão. — entrei no quarto indo
ajudar ele no trabalho duplo.
Patrick seguiu cada passo meu com o olhar em meu corpo, aquilo
dava uma sensação ótima, saber que ele ainda me desejava, mas logo eu me
lembrava que ele não estava vendo o que estava por baixo do vestido.
— Eu sempre estou bancando o paizão querida. — ele retrucou me
jogando uma fralda quando coloquei Mary no trocador. — Agora você está
merecendo ser observada. É realmente um perigo para minha sanidade.
Meu marido não poupou o olhar e então acertou um tapa na minha
bunda, me arrancando uma risada.
— Você é um tarado, isso sim. — ele ergueu o pequeno já trocado e
com a roupa de ir para o batizado. — Papai está se exibindo, querendo
fingir que trabalha mais rápido do que a mamãe.
Pat ergueu uma sobrancelha sorrindo de lado e me deixando ainda
mais apaixonada, ele se virou colocando nosso menino de volta no berço
enquanto eu começava a vestir Mary.
— O papai é tão bom no que faz quanto a mamãe. — as mãos dele
envolveram minha cintura por trás e ele plantou um beijo em meu ombro.
— Afinal fizemos essas duas crianças lindas. — Patrick subiu os lábios por
meu pescoço, me arrepiando.
Ah Deus, se ele soubesse o quanto eu estava necessitada, não ficaria
me provocando daquele jeito, mas é claro que ele queria exatamente isso,
me fazer perder a cabeça.
Ele só esperou que eu terminasse de colocar o vestido na nossa filha
antes de me puxar contra seu corpo, me afastando do trocador e me colando
contra seu peito.
— Pat, não temos tempo para isso. — murmurei, mas não era nem um
protesto direito, já que não me mexi para me afastar dele.
— Acho que temos um tempinho, um momento para que eu possa
apreciar minha mulher linda. — Ele deslizou a língua pelo lóbulo da minha
orelha e a mão dele começou a subir meu vestido.
Patrick sabia mesmo como me deixar sem forças para resistir a ele,
não tinha como pedir para que ele parasse quando os lábios dele beijavam
meu pescoço me arrepiando toda, ele sabia que a nuca era um ponto fraco.
— Patrick, o que você ahhh... — gemi quando a mão dele alcançou
minha calcinha, ele lentamente massageou meu clitóris, acordando o vulcão
dentro de mim.
— Estou prestes a dar um orgasmo para minha esposa. — ele
respondeu aumentando a velocidade dos dedos e me fazendo agarrar o
braço dele para me segurar enquanto minhas pernas fraquejavam. — Era
isso que você estava querendo linda? Me fala se era isso o que você queria?
Eu gemi baixinho ouvindo ele falar ao pé do ouvido me deixando
ainda mais excitada. Mas antes que as coisas aumentassem ainda mais, o
barulho dos pais dele do outro lado da porta me trouxeram de volta a
realidade.
— Eles vão entrar aqui. — murmurei empurrando a mão dele e me
afastando dele, mas ele continuou parado no meio do quarto com uma
ereção enorme marcando a calça do pijama. — Merda, você acaba comigo
desse jeito. — sussurrei ainda sem fôlego.
— Onde estão meus netos queridos? — Audrey perguntou abrindo a
porta e entrando no quarto. — Aí meu Deus, Patrick! Eu vou fingir que não
vi isso a essa hora da manhã. — ela gritou quando viu a ereção nada
discreta do filho.
— Não mandei vocês entrarem sem bater, mais um segundo e
estariam vendo uma coisa bem mais obscena! — ele rosnou voltando para o
nosso quarto e trancando a porta.
Eu sorri com o pai dele, mas eu entendia a irritação dele, não estava
sendo fácil ficar sem ter intimidade tanto para mim quanto para ele, era
difícil negar a conexão e o desejo que sentíamos sempre que nos
tocávamos, ainda sim, eu continuava mantendo essa lacuna entre nós.
— Olha só, já estão prontos! — o avô exclamou pegando Mary do
trocador. — Acho que só falta comer.
— Eu vou fazer isso agora. — peguei Sebastian nos braços pronta
para dar de mamar.
Ainda era um desafio dar mama a dois, por isso intercalávamos com
fórmula, mas eu gostava muito de poder alimentar meus filhos.
Quando terminei ali, Patrick apareceu já vestido com o terno
perfeitamente alinhado em seu corpo, segurando a minha bolsa e meus
sapatos.
— Pronto para ir? — perguntei com Mary no colo, Sebastian já tinha
descido com a avó.
— Estou. Vamos? — ele me puxou pela mão e plantou um beijo na
minha testa antes que saíssemos do quarto. — Desculpe ter saído irritado
daquele jeito. Sabe que eu te amo, não é?
Aí meu Deus, eu não aguentava aquele homem. Se ele ao menos
soubesse que eu estava tão frustrada quanto ele, irritada comigo mesma,
com meu corpo e inseguranças.
— Eu também te amo! Temos que ir, mas quando chegar vamos ter
uma conversar, acho que está na hora. — era melhor falar de uma vez o que
estava sentindo do que continuar mantendo ele no escuro.
Fiquei na ponta dos pés e dei um beijo na boca dele antes de
descermos. Todos já estavam esperando, Holly, John, assim como os pais de
Patrick.
Saímos naquele instante para não nos atrasarmos, Magie, Alejandro e
Rosa já tinham saído de casa, e eu torcia para que Cris também já tivesse
saído de casa também ou eu ia bater no desgraçado.
Mas para minha surpresa quando chegamos na igreja, a mesma onde
Patrick tinha sido batizado, Cris já estava lá, acompanhado de Elizabeth e
de uma menininha linda nos braços dela.
— Que bom que você veio, cara. Sophie já estava planejando sua
morte dentro do carro. — Patrick disse arrancando uma gargalhada do
amigo.
— É bom mesmo, tenho uma faca guardada, você sabe disso. — o
abracei deixando que ele pegasse o afilhado do meu colo. — E você deve
ser a Elizabeth, é um prazer te conhecer.
A mulher morena, de cabelos lisos longos e os olhos castanhos, me
deu um sorriso contido, como se não estivesse acostumada com muitas
pessoas em volta. Os olhos agitados, sempre olhando em volta, me diziam
que ela tinha medo que alguém aparecesse e eu sabia como era se sentir
assim.
— Sim, é prazer conhecê-la também. Obrigada por me convidar, Cris
me falou que foi ideia sua me chamar.
— Claro, é bom distrair a mente. E essa menina linda aqui? Como é o
nome dela?
— Angel, essa é a Angel, diz "oi" filha. — segurei a mão da neném
que parecia tímida se escondendo no pescoço da mãe.
— Agora a cavalaria está completa! — Ouvi alguém falando e
quando me virei e vi Alejandro, Magie e Rosa seguindo na nossa direção.
Alejandro tinha os olhos focados na loira que ia à frente dele, eu sabia
que eles estavam juntos, mas Magie não se rendia, não queria um
relacionamento por medo do que podia acontecer.
Estamos todos ali agora, prontos para começar o batismo. Então
entramos na igreja onde o padre já nos esperava.
Eu e Patrick entramos com nossos filhos no colo, sendo seguidos
pelos outros, até a bacia batismal onde o padre nos esperava.
Colocamos Mary primeiro, nos braços de Magie e Alejandro se
juntou ao lado dela, os dois seriam os padrinhos da nossa menininha.
— Eu te batizo em nome do Pai, do filho e do Espírito Santo. — o
padre falou derramando a água na cabeça dela e arrancando um chorinho da
nossa menina dramática.
Magie rapidamente a levantou, acalentando nossa princesa e se
afastando um pouco, enquanto Rosa tomava o lugar agora com Sebastian
nos braços e Cris ao lado dela como o padrinho.
O padre se aproximou e fez o mesmo com nosso menino, que
diferente da irmã não deu um pio.
Cris o pegou se afastando enquanto o fotógrafo começava a tirar as
fotos deles juntos.
— Onde está o Alejandro para fotografarmos os padrinhos juntos? —
Patrick perguntou e eu olhei em volta avistando Mary no colo de Holly, mas
nenhum sinal do padrinho ou da madrinha.
— Eu vou procurar ele. — sai dali rápido só tentando imaginar o que
Magie e Alejandro estavam fazendo.
Procurei na sala dos fundos e depois no banheiro, mas nenhum sinal
deles, mas bastou eu sair, nos fundos da igreja para descobrir.
Alejandro tinha colocado Magie contra a parede e as pernas dela
estavam em volta do quadril dele, ele tinha a mão na boca dela contendo os
gemidos, o vestido dela servia para cobrir o que estava acontecendo ali, mas
as calças dele não faziam o mesmo por ele.
— Aí meu Deus, vocês vão para o inferno por isso! — exclamei,
fazendo os dois me notarem no mesmo instante.
— Que merda! — Magie gritou com os olhos arregalados e Alejandro
tratou de descer ela para o chão. — Sophie não é...
— Isso acontecendo entre vocês não é novidade para ninguém, mas
vai ficar ainda mais na cara agora já que todos estão esperando vocês lá
dentro. — sai dando risada da cara de irritação de Alejandro.
Mas ver aquilo me deixou ainda mais agitada, Patrick e eu
costumávamos ter todo esse fogo, mas agora eu só estava fugindo do meu
marido cada vez mais.
Os dois não conseguiram esconder o que estavam fazendo do lado de
fora, todos perceberam quando entraram e foi piada atrás de piada. Por sorte
o padre pareceu não entender do que estavam falando, ou seríamos expulsos
daquela igreja para sempre.
— Vocês são uma família bem agitada, não é? — Elizabeth
murmurou encarando os quatro padrinhos se juntando para a foto.
— Você não tem ideia, isso é só o começo!
Depois disso fomos todos para casa, íamos comemorar todos com um
almoço, mas eu tinha planos mais urgentes com meu marido.
Esperei que todos estivessem distraídos no quintal, comendo e se
divertindo, brincando com os três bebês ali e ocupados em zombar de
Alejandro e Magie, para então puxar Patrick para dentro de casa.
— O que aconteceu? — ele questionou enquanto eu o arrastava pela
sala direto para as escadas.
— Ainda nada, mas vai! — bastaram essas palavras para que Pat me
tirasse do chão, me pegando no colo e colando nossas bocas.
A língua dele invadiu a minha boca sem pedir passagem, mostrando
toda a fome e desespero que sentimos nos últimos meses, ele subiu as
escadas com pressa pulando os degraus até alcançarmos o nosso quarto.
Assim que a porta se fechou, minhas costas acertaram a parede e as
mãos dele agarraram a minha bunda.
— Nossa, como senti sua falta! — ele rosnou, desviando os lábios
para o meu pescoço, mordiscando e lambendo cada pedaço de pele no seu
caminho.
Me apressei com os dedos puxando a camisa com força, arrebentando
todos os botões e liberando o peitoral dele. Patrick ergueu o rosto me
olhando com a expressão tomada de tesão, a respiração entrecortada assim
como a minha.
— Preciso de você. Preciso de você agora! — afirmei com a voz por
um fio e então ele segurou minha calcinha.
Senti seus dedos se enroscarem na renda antes que ele rasgasse minha
calcinha, a deixando em trapos. Seus dedos encontraram minha entrada,
esfregando e massageando antes de deslizar um dedo para dentro de mim.
— Porra Sophie, tão molhada! — eu gemi jogando minha cabeça para
trás e deixando que ele me masturbasse, terminando o que tinha começado
mais cedo.
Eu estava tão necessitada do contato dele que nem precisava de muito
e ele sabia exatamente como me dar o que eu precisava. Massageando o
polegar no meu clitóris, ele colocou mais um dedo dentro de mim,
aumentando a velocidade.
Fiquei minhas unhas nos ombros dele, enquanto meu corpo todo
entrava em combustão. Eu estava quase gozando, mas a merda da cinta
estava começando a me sufocar, eu estava gemendo com a respiração
descompassada e a cada vez parecia que eu estava mais sem ar.
Quando Patrick curvou os dedos dentro de mim, eu rebolei contra ele,
explodindo em um gozo desesperado e sufocante.
O desespero me tomou e eu comecei a tentar arrancar aquele vestido
de mim para alcançar a cinta ou eu ia morrer sem ar.
— Sophie? Sophie o que foi? — ele questionou me virando e abrindo
o vestido.
— Tira isso de mim! Só tira. — as mãos dele começaram a abrir os
fechos da cinta com desespero e assim que minhas costelas foram liberadas
eu finalmente respirei fundo.
— Meu Deus, Sophie! Está querendo se matar com uma coisa dessas?
— eu ainda sugava o ar com desespero enquanto ele me virou e me pegou
no colo, me levando até a cama.
O vestido assim como a cinta estavam cobrindo a parte da frente do
meu corpo, impedindo que Patrick visse qualquer parte, mas o olhar dele
sobre mim dizia que eu não ia escapar daquela conversa.
— Eu só queria ficar bonita de novo. — murmurei, sentindo um bolo
se formar na minha garanta e meus olhos se encherem de lágrimas. — Eu...
Não queria que você me visse sem roupa, não até que eu fosse eu mesma de
novo.
— O quê? — ele parecia atordoado, mexendo nos cabelos de forma
inquieta e me olhando confuso. — Então é por isso? Foi por isso que você
estava fugindo de mim todo esse tempo? Porque está com vergonha do seu
corpo? — eu não consegui responder em voz, apenas acenei com a cabeça.
— Você é linda de qualquer jeito, meu amor! E eu sei que seu corpo mudou,
não espero que esteja o mesmo, mas isso não significa que eu te acharia
menos linda, sexy e atraente.
Sacudi a cabeça com as palavras dele, eu tentava acreditar nisso,
tentava mesmo, mas era difícil pensar assim quando nem eu mesma estava
gostando do que via diante do espelho.
— Você fala isso porque não me viu, mas eu não estou bonita, nem
atraente, muito menos sexy. — murmurei deixando que as lágrimas caíssem
de uma vez, ao menos eu ia botar aquilo para fora. — Minha barriga esticou
horrivelmente, eu tenho estria e celulites em lugares que nem pensei poder
ter, os meus seios vazam leite, meus mamilos ainda estão machucados. Vai
por mim, nada aqui em baixo é sexy!
Patrick se sentou na minha frente e se aproximou ficando cara a cara
comigo, suas mãos envolveram meu rosto me puxando para perto e
grudando nossas testas.
— Meu amor, se você não se sente bem com seu corpo, eu vou
entender, quero estar do seu lado e te ajudar com tudo o que precisar, eu sou
seu marido e quero que divida tudo isso comigo. Lembra sobre se abrir um
com o outro? É isso o que um casal faz e eu não quero se afaste de mim.
Ele começou a puxar o tecido do vestido para baixo, tentando tirar as
minhas mãos do caminho para começar a me despir.
— Mas eu...
— Lembra que eu era um cara inseguro, me achando uma aberração,
até você me falar que eu era lindo de qualquer jeito, que você me amava.
Você beijou cada marca, cada cicatriz minha. — ele tinha tocado no ponto,
tinha tocado na coisa certa. — Por que não me deixa fazer o mesmo? Mas
eu não preciso ver você para saber que é linda e maravilhosa de qualquer
jeito, se não quiser que eu te veja ainda tudo bem, eu posso esperar seu
tempo.
Assim eu não conseguia resistir, não tinha como dizer não com aquela
declaração de amor dele, simples e pura e totalmente verdadeira.
Então eu tirei minhas mãos e deixei que ele me visse pela primeira
vez sem roupa desde o parto. Patrick desceu os olhos para o meu corpo, me
olhando com o mesmo desejo de sempre enquanto arrancava o vestido do
meu corpo e o jogava do outro lado do quarto.
— Você é perfeita! — ele exclamou me olhando de cima e a vontade
de me cobrir e me esconder era enorme, mas antes que eu o fizesse ele se
curvou começando a beijar meu pescoço, descendo por meus seios e dando
atenção a cada um.
Os lábios se fecharam em volta do mamilo e ele o rodeou com a
língua enquanto suas mãos desciam por meu corpo. Patrick afastou minhas
pernas descendo ainda mais e alcançado a minha barriga, ele ergueu o olhar
para mim enquanto beijava meu umbigo e descia por minhas estrias,
beijando e dando atenção a cada uma delas.
Aquilo só me fez amar ainda mais aquele homem, porque ele estava
amando e adorando o que eu achava imperfeito em meu corpo, assim como
eu tinha feito com ele.
— Patrick! — eu gemi quando seus lábios alcançaram minha boceta e
ele não teve piedade.
Sua língua, seus lábios, ele me lambeu e sugou cada centímetro,
mandando meu corpo em uma onda nova de prazer. Mas antes que eu
gozasse mais uma vez, eu o puxei de lá, agarrando seus cabelos e tomando
aquela boca.
— Com pressa esposa? — ele questionou com um sorriso sacana nos
lábios que sumiu no segundo em que agarrei sua ereção.
— Muita! Eu preciso do meu homem dentro de mim! — exclamei
ofegante encaixando seu pau na minha entrada.
Patrick deslizou para dentro de mim nos arrancando um gemido alto,
sentia como se fizesse anos que não transávamos, parecia uma verdadeira
eternidade.
Envolvi minhas pernas em volta dele o puxando para dentro de mim,
nossos gemidos se misturavam assim como o som de nossas peles se
chocando.
Eu sentia Patrick em meu corpo todo, o toque das mãos, os lábios
sobre minha pele, seu pau duro me reivindicando, os olhos focados em
mim. Não tinha um lugar que ele não estivesse tocando.
— Eu te amo! — ele exclamou se erguendo e me olhando de cima,
tendo a visão completa do meu corpo se sacudindo, meus seios pulando,
assim como a barriguinha que eu odiava.
Mas a expressão de desejo e luxúria dele me impediram de me fechar
na minha concha outra vez.
As mãos de Pat agarraram minhas coxas me abrindo ainda mais para
recebê-lo e ele estocou em mim sem dó, derramando todo a necessidade que
sentia, descontando todos os dias que ficamos sem nos tocar.
Meus gritos invadiram o quarto e eu agarrei a cabeceira da cama, me
entregando ao prazer e deixando que ele me tomasse com fúria.
— Pat eu… eu vou…
— Oh porra, o meu paraíso! — rosnou se derramando junto comigo e
se entregando ao gozo arrebatador. — Você é meu completo paraíso! — ele
afirmou unindo nossas testas e me beijando.
Ele era o meu paraíso, o meu porto seguro, o grande amor da minha
vida.

FIM.

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