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CeacH Consulroria em Desenvolvimento Humano COACHING COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Marcelo Bravo Cassales Saldanha Leiter Lelia COACHING COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: Apresentagio do Modelo Marcelo Bravo Cassales Saldanha Ricardo Wainer Introdugio Na atualidade, as Cigneias Cognitivas vém sendo aplicadas de formas cada vez mais abrangentes. Suas postulagdes embasam diversas préticas nos campos académicos e profissionais, Na Psicologia, esses embasamentos teoricos sobre a cogni¢ao humana respaldam as atividades clinicas dos terapeutas que adotam os fundamentos das Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCCS). As TCCs, por sua vez, sio formadas por um leque de correntes e de praticas, orientadas por um entendimento comum dos processo cognitivos, sendo, na maioria das vezes, direcionadas a focos terapéuticos especificos, isto é, psicopatologias descritas nos manuai diagnésticos (ex: DSM- IV-TR) para as quais so elaborados modelos explicativos baseados no funcionamento comportamental ¢ cognitive comum aos portadores das mesmas. Peroebe-se ainda, que as informagdes ¢ os postulados dessas ciéncias extrapolam a aplicagzo na clinica médica ou psicoldgica. Seus fundamentos apoiam a compre jo no apenas da psicopatologia, mas também do desenvolvimento do potencial humano em toda sua extensio, visto que exploram os diversos Ambitos dos processos mais fundamentais da psique humana, por meio de anilise e descrigfo da forma como as pessoas processam cognitivamente sua relago com 0 mundo, com as outras pessoas e consigo mesmas. Prova disso é a utilizagdo de tais paradigmas nas organizagdes empresariais, para a gestio das pessoas no ambiente de trabalho. Mais © mais, os gestores das empresas aplicam es conhecimentos no dia a dia laboral, assim como surgem obras literdrias, muitas vezes elaboradas por autores de outras escolas académicas, que “langam” solugSes autoaplicaveis, mando como base os preceitos das neurociéneias e da Psicologia Cognitiva. T: obras so destinadas a gerentes € profissionais para serem empregadas no manejo das pessoas no contexto de produgdo profissional. Neste capitulo, contextualiza-se uma das mais modemas ferramentas de desenvolvimento humano na performance laboral: o Coaching, que foi elencado como uma das trés técnicas mais utiliz das pelas organizagbes americanas para desenvolver as competGncias relacionad: Tideranga (American Management Association, 2005). Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Os processos de Coaching, de uma forma geral, visam a promover o aprimoramento do profissional em um determinado contexto, que varia conforme as demandas, mas sempre esta Vinculado @ uma melhora de desempenho, Para isso, conta-se com no minimo dois participantes, que no Coaching tém a mesma condigao hierérquica: a pessoa que busca o proceso e procura os resultados deste, usualmente nomeado coachee, e © profissional que acompanha ¢ intervém no proceso como facilitador para serem alcangadas as metas esperadas, 0 coach. Assim, neste capitulo, € tragada a relagio entre os paradigmas das Terapias Cognitivo- Comportamentais aplicados no Coaching como forma de embasamento cientifico ao método, ExpOem-se os processos cognitivos de processamento representacional e aspectos da motivagao humana que estio diretamente envolvidos no Coaching. Ainda € descrita a metodologia de Coaching, bem como, seus modelos de trabalho. Encerrando este capitulo, € apresentada a metodologia de Coaching desenvolvida pelos autores € que vem sendo empregada em suas atividades laborais ~ a qual foi nomeada por eles de Modelo de Coaching Cognitivo-Comportamental, ‘Método Coaching © Coaching trata-se de um acompanhamento individual com 0 intuito de ajudar o ng e/ou pessoais a que este se propée. Acima de tudo, 0 Coaching é focado em agdes e resultados que participante, ou coachee, a identificar seus objetivos e valores, a fim de al metas profissionais agreguem competéneias ao coachee, tomando-o mais consciente sobre suas caracteristicas, de forma a utiliza-las habilmente para obter o que se propoe. Baseia-se em um sistema de parceria em que 0 coach desafia e apoia 0 coachee, para alcangar um novo patamar (Hargrove, 1995), podendo ser compreendido como uma forma de aprimorar a aprendizagem e 0 desempenho da pessoa por meio da utilizagao Gtima do potencial dela, para estimular a adaptagio e a geragio de novas alternativas de atuagio vélidas ao seu contexto (Gallwey, 1996). Awalmente 0 Co ing € empregado pelas empresas como uma ferramenta de desenvolvimento dos profissionais em posigdes chaves na organizagdo para desempenharem atividades de forma aprimorada, seja em relagdo a suas competéncias téenicas ou comportamentais Belasco (2003) descreve 0 Coaching como uma atividade em rapida expansio no mercado, pois cada vez mais as ssoramento qualificado para se tomarem pessoas esto buscando ass melhores, Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Dessa forma, podemos comparar 0 coaching com outras modalidades de acompanhamento que existem no mercado, tais como: a Psicoterapia, © Personal Training e a propria Consultoria Citam-se estes como alguns dos vs ios exemplos possiveis, em que a pessoa busca um profissional qualificado para ajudé-la empregando diversas técnicas que possibilitam o atingimento de seus objetivos. Da mesma forma que 0 personal trainner, 0 coach nao realiza os exereicios para 0 coachee, mas o ajuda a definir qu: is So os seus objetivos © entio, juntos, montam o programa de treinamento. Assim como na Psicoterapia, 0 coach foca-se na melhora do coachee, procurando que ele seja mais saudavel, adaptado e feliz, independentemente de ser a organiza: que tenha contratado os servigos. Assim, 0 coachee € 0 centro do trabalho, sendo respeitado o sigilo e a confidencialidade das informagSes abordadas. Quando comparamos o Coaching com a Consultoria, podemos entender que o coachee e sua empresa, buseam um profi onal capacitado, que jé tenha realizado essa atividade com outros h. Existe, porém, uma grande diferenga referente a relagdo estabelecida no Coaching, que, e idoneidade como c clientes, podendo ter atestadas suas competén: conforme mencionado, trata-se de uma parceria de posigdo igualitaria estabelecida entre coach e coachee, entendendo-se que ambos esto no mesmo nivel de poder. Diferentemente das outras abordagens citadas, no Coaching nfo existe um detentor do saber, isto é, 0 papel do coach € apoiar © coachee a encontrar as respostas, realizando © chamado “empowerment”, isto é, concedendo poder ao coachee para agir positivamente em direga0 a mudanga em seu contexte. Dessa forma, o coach no aponta erros nem diz o que deve ser feito para mudar, sendo isso que 0 diferencia do processo da Consultoria, tampouco existem diagnésticos do comportamento do coachee, pois no Coaching se trabalha com a sade, com as forgas © competéncias da pessoa a serem desenvolvidas, indo além de onde se encontra, O coach nfo elabora treinos, mas sim, acompanha 0 coachee na realizago as atividades que este definiu como importantes, A base de um programa de Coaching € um comprometimento maduro do coachee com os seus objetivos, sendo papel do coach ajudé-lo nese comprometimento (Kampa-Kokesch e Anderson 2001). Isso ni significa, contudo, que a atuagio do coach é passiva ou desprovida de método, mas que os métodos empregados so adaptados de forma a prover a andlise critica do contexto em que o coachee se encontra, de maneira ni diretiva, Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Demandas Tipicas do Coaching Como dito anteriormente, o processo de Coaching tem cardter individual ¢ foco no desenvolvimento das competéncias do coachee, A procura dessa metodologia, no entanto, pode ser consequéncia de uma necessidade empresarial, em que a organizagio contrata os servigos do coach, podendo, neste, haver diferente perspectivas de foco. Araujo (1999) menciona algumas demandas comuns que levam as empresas @ contratar programas de Coaching na preparagio de executives ao assumirem posigdes novas ou projetos de grandes desafios, tais como: gestio de equipes de alto desempenho; aprimoramento da habilidade de comunicagio e feedback; aprimoramento de competéncia interpessoal ou de relacionamento; coordenagio de equipes multiculturais e multiprofissionai coordenagiio de equipes virtuais; administragao de conflitos na equipe e negociar; transformagiio de ideias e intengdes em agdo prética; compreensio dos jogos de poder que acontecem na empresa reconhecimento das contribuigdes dos membros da equipe; desenvolvimento de estilos de lideranga cor strutivos e integradores; gestio do tempo proprio e da equipe: tomada de decisdes solugdo de problemas Alem dessas, existem demandas que dizem respeito as necessidades identificadas pelo proprio couchee, ou seja, as razdes pessoais que o levam o profissionall a procurar por conta propria 98 servigos de um coach profissional, tais como: dificuldade em resolver problemas e tomar decisdes; insatis facio com o prop desempenho; dificuldades de relacionamento no trabalho; estresse e sobrecarrega de trabalho; busca do aprimoramento de competéncias profi jonais; temor de nao estar preparado para enfrentar um novo cargo; equipe que coordena nio corresponde As expectativas; analisar seu estilo de gestio e delegagio; dificuldade em lidar com conflitos; Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresen jo do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piecoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. © dificuldade em criar e/ou manter network; © aprimorar a competéneia de lideranga; * administrar dificuldades com o superior hierdrquico; © decisdes de carreira Krausz, (2006) pondera que, no Congresso da International Coaching Federation (ICF) de 2004, a UCE - Origin Consulting Ltd. apresentou os achados de uma pesquisa que procurou verificar a percepgdo dos Coachees quanto aos resultados do Coaching. Dos participantes, 79% afirmam que desenvolveram capacidades individuais, 70% melhoraram a performance no trabalho e 39% administraram mudangas ¢ transigdes. Alem destas identificou-se como principais demandas que levaram os participantes a buscar © Coaching, 78% desenvolvimento de lideranca, 56% solicitagdes individuais ¢ 28% iniciativas estratégicas de carreira Em estudo realizado pela American Management Association (2005), com 1.561 pessoas que participaram de processos de Coaching, as trés competénei relacionadas a lideranga, consideradas como as mais importantes para serem foco do Coaching foram Desenvolvimento de Estratégias (11,45%), Habilidades de Comunie: (7.49%). clio (10,52) € Desenvolvimento dos Lideres Metodologias de Coaching Como colocado anteriormente, 0 Coaching & uma profissio nova, que surgiu com maior imtensidade no infcio da década de 90 (Goldshimit, 2003) e vem sendo aprimorada quase que em tempo real. Dessa forma, € necessario que os coaches profissionais definam a metodologia que utilizam em sua atividade. Tais métodos so comumente denominados “modelos” no meio profissional do Coaching. aestes, ‘Uma das principais caracteristicas desses modelos, que & também a principal criti 60 fato de serem criados por entidades e/ou profissionais, passando a serem aplicados sem que haja uma comprovacio cientifica de sua eficdcia ou validade. Dentre os diversos modelos de Coaching existentes, 0 GROW desponta como o mais empregado no mercado globalizado, sendo referéncia elissica como estruty de trabalho para 0 desenvolvimento de pessoas. Dembkowski e Eldridge (2003) do International Journal of Mentoring Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Coaching, mencionam que em 2002 a Work Fundation ¢ a Escola de Coaching realizaram uma pesquisa a qual indicou que 34% dos coaches respondentes adotavam esse modelo, O termo GROW, que na lingua inglesa significa crescer ou florecer, é uma abreviatura das : Goal (meta), Reality (realidade), Options (opgdes) e Wishes iniciais das palavras da lingua ingles (desejo). © GROW compde um passo a passo que pode ter sua ordem manejada conforme a demanda € 0 ritmo da sesso de Coaching, que concede tanto ao coach quanto ao coachee © conhecimento do que est sendo trabalhado e a compreensio do processo. A simplicidade da técnica é um ponto que auxilia a estruturagdo de um processo de Coaching, podendo ser aplicada a cada encontro ou como um programa de sessdes de Coaching. A qualidade do Coaching realizado por meio desse modelo, entretanto, refere-se mais a0 dominio ¢ expertise do coach, do que a técnica em si, permitindo que coaches inexperientes apliquem 0 modelo como uma “receita de bolo” pouco adaptada as necessidades dos coaches. Alem do GROW, podemos citar ainda como modelos mais empregados 0 Coaching ‘Transformacional, 0 Modelo Achieve e 0 Proceso de Coaching Goldsmith (The Goldsmith Coaching Process - GCP™). Robert Hargrove (1995) apresentou em sua obra 0 Masterful Coaching, 0 que no Brasil yeio “empoderar” a pessoa para aser conhecido como Coaching Transformacional, cujo propésito € 0 d que mude seu contexto e a percepedo de si propria, com o intuito de estimular seu desenvolvimento para conquistar seus objetivos. Para tanto, & fundamental que a pessoa aprenda coisas novas e reformule seus padres de pensamento, Assim, ela terd a oportunidades de aperfeigoar sua atuagdo no dia a dia, © Modelo Achieve foi elaborado a partir dos resultados de uma pesquisa que visava ao monitoramento dos processos de Coaching conduzidos pelos autores € seus colaboradores (Dembkowski e Eldridge, 2003). A anélise desses processos permitiu que os autores concebessem 0 modelo de sete etapas descrito a seguir: Avaliagdo da Realidade (1), Criagdo de Altemativas (2), Definigao de Metas (3), Geragio de Opgées (4), Avaliagdo das Opgdes (5), Elaboragdo de um Plano de Aco (6) e Estimulo 4 Agao (7), Os autores destacam que os coaches poderio utilizar esse modelo para estruturar suas sessGes, mas sem inibir a flexibilidade do process (Dembkovskki ¢ Eldridge, 2003). Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. © ponto crucial desse modelo € 0 fato de ter sido descrito partindo dos programas de coaching que vinham sendo empregados por coaches que ja eram colaboradores dos autores, 0 que gera um elevado grau de tendéncia amostral Finalmente, 0 modelo Proceso de Coaching Goldsmith (GCP™) foi desenvolvido empiricamente por Marshall Goldsmith, diretor-fundador da Keilty, Goldsmith e Company (KGC), apontada pela Penn State University como “uma das sete principais provedoras de desenvolvimento personalizado de lideranga dos Estados Unidos. Os processos desenvolvides pela KGC tiveram impacto significativo sobre mais de um milhio de pessoas de 70 destacadas organizagdes do mundo inteiro” (Goldsmith, 2003, p. 27). © GCP™ é focado em mudangas comportamentais, utilizando um 1 sto de avaliaglio de desempenho 360°, uma vez que 0 coachee elege pessoas chaves no processo, para avaliar o progresso, e parte de doi paradigmas fundamentai 0s comportamentos acarretario a maior mudanga positiva na elevagdo da eficdcia dos Iideres (1) € as pessoas em contato com os coaches silo os melhores avaliadores da ocorréncia de tal mudanga (2). Dessa forma, O GCP™ tem como foco a definigéo de comportamentos especificos que poderio ser utilizados pelos coachees © permitem mensuragao da melhoria do comportamento, consistindo em oito etapas a serem realizadas em um programa de um ano de duragio. (ittp://www .marshallgoldsmithlibrary.com) Esse modelo de Coaching foi confeccionado tendo como referéncia diferentes ferramentas jé empregadas pelas organizagdes para desenvolver os profissionais, tais como: Avaliaglo de Desempenho 360°, Reunides de Feedback Gerencial e a propria atividade de Consultoria em Gestio de Pessoas. O mérito do autor est em arranjar tais ferrament que habitualmente ja apoiam © Coaching, em um sistema proprio a ser empregado nos projetos que estabelece Analisando os quatro métodos descritos anteriormente, percebe-se uma linha de raciocinio comum, em que no inicio do proceso ocorre © assessment (anilise do perfil, do contexto profissional e dos objetivos do coachee), logo apés uma etapa de planejamento de agdes, seguida do acompanhamento destas. Esse raciocinio corrobora os achados de Kampa-Kokesch ¢ Anderson (2001). Os autores realizaram uma revisao sistem ica na PsycINFO, que contou com 96 referéneias sobre Coaching, entre 1996 e 2001, sendo estas compostas principalmente por artigos que fazem parte da American Psychological Association (APA). Dessa forma, os autores descreveram seis etapas presentes nos métodos de Coaching, as quais so constatadas nos quatro modelos abordados: construcio da relaeio Couch-Coachee (1), Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentacio do modelo, In: Ricardo Wainer, Neri Mauricio Piecoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. inerente a todos os modelos descritos, tendo em vista a natureza do Coacht ; avaliag’o do contexto em que 0 Coachee se encontra em comparagdo com seus objetivos de mudanga (2); planejamento (3), implementaco (4) ¢ avaliagio (5) de um plano de ago proprio e confeccionado pelo coachee diante de sua realidade ¢ follow-up ou sequéncia do Coaching (6) ap6s a conclusio do acompanhamento. Apesar da possibilidade de considerar que um modelo de coaching deve contar com essas etapas, faz-se necessirio também que ele tenha seus resultados validados ¢ aferidos, pois unicamente a presenga dos passos no certifica os resultados da metodologia, Exatamente por isso, mostra-se interessante € vantajoso alicergar os processos de Coaching com tecnologias ja validadas e que tenham seus paradigmas © pressupostos cientificamente embasados, como é 0 caso da Psicologia Cognitiva. Aspectos do Processamento Representacional Humano Relacionados ao Coaching A mnaneira como as pessoas representam 0 mundo € os eventos que vivenciam é 0 ceme da Psicologia Cognitiva, a qual busca compreender a forma como processamos os estimulos do ambiente, gerando representagdes mentais que permitem a compreensio do mundo ¢ a propria nogio de existéncia e consciéncia, Dessa forma, conhecer & dinmica de tais representagdes, a forma como sao concebidas & como influenciam as pessoas € imprescindivel para qualquer modelo de compreensio do ser humano e método de desenvolvimento deste que deseje aleangar o patamar ciemtifico, Eventos, Scripts e Esquemas Desde nossa tenra infancia, procuramos processar as informagées que 0 meio nos apresenta de forma a organizé-las para que possamos conhecer € compreender 0 mundo em que estamos inseridos. Flavell (1999) propde que, ao observar os eventos, estes passam a ser representados mentalmente, ¢ assim formamos o conhecimento a respeito dos eventos e do mundo Dada a frequéncia que determinados eventos ocorrem de forma semelhante em suas caracteristicas, torna-se possivel que nossas representagGes passem a ser generalizadas adotando um carter abstrato ¢ formulando os chamados scripts, que se constituem numa ferramenta poderosa para a compreensio e interacéio com o mundo que nos rod uma vez que possibilitam a economia cognitiva ao lidarmos com situa (Figura 1), es corriqueiras, para as quais ja tenhamos um script formado Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. sett a | Generalizacao | SCRIPTS Figura 1 - Elaboragdo dos scripts Tal economia se dé pelo fato de o script permitir a construgio de uma sequéncia generalizada, organizada temporal ¢ espacialmente, de eventos em uma rotina comum, com um objetivo, permitindo que nosso processamento de informagdes canalize energin para as novas aprendizagens, bem como viabilizando a construgio de nossa arquitetura cognitiva. Alm disso, os scripts formam modelos mentais genéricos que nos dizem como as coisas “devem acontecer” em uma rotina familiar. Consequentemente, os scripts proporcionam estabilidade & vida di: de nossa interago com o meio em diversos contextos, viabilizando para que as pessoas prevejam o que vai acontecer em uma sequéneia de eventos rotineiros, © que gera conforto, visto que a previsibilidade de nossa rotina diminui a ansiedade ¢ o estresse que seriam gerados pela necessidade de estar a postos para o processamento constante de informagées novas. Flavell (1999) destaca ainda que os scripts também sio importantes porque oferecem a base de informagies sociais compartilhadas necessérias & interago social bem-sucedida em uma cultura em particular. Adj Esquema apresentado por Eysenk (1994) que se refere ao agrupamento estruturado de conceitos que ente ao conceito de scripts proposto por Flavell (1999), € 0 construct teérico de envolvem conhecimento genérico a ser utilizado para representar eventos, sequéncia de eventos, preceitos, situagdes, relagdes € até mesmo objetos, tratando-se de uma estrutura que permite a concepgao de tempo, espago tridimensional ¢ outras concepdes mais sofisticadas, como a geometria, citada pelo autor (Eysenk, 1994) Como os scripts, 0 conceito de Esquema também se refere ao futo de tendermos a agrupar nossas vivéncias e aprendizagens de forma a criar uma representacdo mental da realidade e de nossa interagdo com ela, a fim de economizar a energia € 0 processamento cognitivo ao atuar no meio em que estamos inseridos. Assim, podemos propor que a base fundamental de nossa congruéncia cognitiva dé-se na medida em que nossos scripts € esquemas se mantém adaptados e obtendo 0 feedback esperado na relag%o com o ambiente, Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. No que se refere & Psicoterapia Cognitiva, pode-se também pensar um esquema como um plano cognitivo abstrato que serve de guia para interpretar informagdes e resolver problemas. Beck (1967) em seus primeiros trabalhos, referiu-se aos esquemas, em termos gerais, como qualquer principio organizativo amplo que um individuo use para entender a propria experiéncia de vida. Ja Young (1990) propoe que, estruturalmente, a cogni 10 € baseada em esquemas adaptativos ¢ desadaptativos, e que existem esquemas positivos ¢ negativos, mencionando ainda que para cada um dos nossos esquemas desadaptatives remotos, hi um esquema adaptativo correspondente (Young, 1990). Para esse autor, os esquemas comegam a ser elaborados no inicio da infancia e 10 se desenvolvendo até a adolescéncia, como representagdes do ambiente da crianga baseadas. na realidade, A natureza disfuncional dos esquemas tende a aparecer em momentos posteriores da vida, quando continuamos a perpetuar os esquemas nas interagdes com outras pessoas, mesmo que a validade destes e suas percepgdes no sejam mais isto 6, adequadas. Os esquemas sio dime: sionait tém diferentes niveis de gravidade e penetragdo. Quanto mais grave (no sentido de alta valéncia) © esquema, maior € 0 nimero de situagdes que podem ativa-to. Young (1990, 2008) se propés a estudar os esquemas desadaptativos, uma vez que seu intuito era postular um paradigma técnico para a compreens do das desordens cognitivas. Uma vez compreendendo o fendmeno dos Esquemas Desadaptativos Remotos (EDR), no entanto, pode-se compreender o funcionamento dos esquemas adaptados, visto que, em sua origem, todo esquema fora adaptado ao meio em que a pessoa estava inserida quando 0 concebeu. © autor formulou a hipdtese de que alguns desses esquemas — sobretudo os que se desenvolvem como resultados de experiéneias de inffincia nocivas — podem estar no centro de transtornos de personalidade e de problemas mais leves também. Para explorar essa ideia, ele desenvolveu o subconjunto jé mencionado EDR (Young 2008). Um EDR ¢ entendido como um tema ou padrio amplo ¢ difuso (a), formado por memsrias emogGes e sensagdes corporais (b), relacionado a si priprio ou aos relacionamentos com outras pessoas (c), desenvolvido durante a inffincia ou adolescéneia (d), elaborado ao longo da vida do individuo (e) e disfuncional em nivel significativo. Os EDRs sdo padres emocionais ¢ cognitivos iniciados em nosso desenvolvimento desde cedo e repetidos ao longo da vida. Embora os EDRs tenham sido adaptados a esse contexto inicial, assumem um funcionamento autoderrotista quando desadaptados, Alinhado ao pressuposto de Script de Flavell (1999) e de Esquema de Eysenk (1994), que pressupde o prinefpio da economia cognitiva, a teoria de Young (1990) diz que os comportamentos Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentagio do modelo, In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. desenvolvem-se como respostas 4 ativagio de um esquema; portanto, sio provocados pelos esquemas, mas no se constituem partes destes. Alsm disso, 0 conceito do autor afirma que os EDRs lutam para sobreviver, resultando na necessidade instintiva que o ser humano tem de coeréneia, uma vez que 0 esquema é 0 que o individuo conhece e, embora cause sofrimento, & confortavel e familiar (Young, 1990). Somos atraidos por eventos que ativam nossos esquemas (aqui extrapolando a questio de estes serem ou nio adaptados), e esse € um dos motives por que os esquemas sio tio dificeis de mudar, visto que consideramos nossas composigdes esquemiticas como verdades, que influenciam © processamento de experiéneias posteriores, cumprindo um papel crucial na forma como pensamos, senti nos, agimos € nos relacionamos com os outros. ‘Também em nosso contexto profissional claboramos uma gama de scripts como forma de organizar as interagdes com 0 ambi nte, scripts estes que sdo alicercados em nossa estrutura esquemética, Como consequéncia, seré a qualidade, flexibilidade © adaptabilidade dos nossos scripts e esquemas que viabilizardio 0 sucesso ou o fracasso profissional que teremos. Podemos postular também que mudangas em contexto, realinhamento ¢ redirecionamentos estratégicos assumidos pela empresa podem impactar diretamente a adaptabilidade desses seripts, gerando a necessidade de serem reconstruidos, afetando toda nossa arquitetura cognitiva, visto que acionam o funcionamento esquematico mais desadaptativo, gerando desgaste, inclusive no Ambito neurolsgico. Aspectos da Motivacaio Humana Relacionados ao Coaching A motivagdo € um requisito fundamental tanto para © Coaching, quanto para as TCCs, dado © carater participativo das abordagens, que almejam uma relago de parceria, de equipe de trabalho, em que a pessoa que procura o trabalho, seja ela coachee ou paciente, adote uma postura ativa em todo 0 proceso. As pessoas podem procurar o Coaching motivadas por um desejo de alcangar um patamar timo em relagdo a seu erescimento, o que s¢ enquadraria no conceito de motivagao intrinseca. Essa motivagdo surge espontaneamente nas pessoas, como um impulso alimentado pela curiosidade que resulta em un jo relacionada & razio externa, mas sim a ’t propensio inata ao desenvolvimento, busca pelos préprios objetivos e metas (Reeve, 2006). Também € comum que a procura por métodos de autodesenvolvimento tenha sua génese como consequéncia de demandas que as pessoas (8m em seu ambiente soci U. No lugar da procura ativa e espontnea destinada a uma satisfagdo pessoal, o que motiva so consequéncias, vistas como Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. positivas em relacZo a incentivos, ¢ até mesmo fatores aversivos, provenientes do meio. Esse padrio de motivagio extrinseca gera um impulso a adogdo de agdes que possum provocar 0 retorno desejado. Aos olhos do observador, porém, & imperceptivel se os comportamentos s jo intrinseca ou extrinsecamente motivados, podendo ser considerados por ele igualmente motivados (Reeve, 2006) 0 fato é que conseguimos gerar representagdes mentais de como seriam os estados ideais de nosso comportamento, dos objetos ambientais e dos eventos. Por outro lado, somos conscientes do estado real de nosso comportamento, ambiente e dos eventos que vivenciamos. Seja por origens intrinsecas ou extrinsecas, é a discrepincia entre nossa situagao presente eo estado ideal que geram a incongruéncia que assume um carster motivacional A incongruéneia é um principio motivacional fundamental que atua como fonte para a ago, para que, por meio de nossos recursos cognitivos, seja elaborado um plano para fazer com que 0 estado presente seja promovido a estado ideal. Reeve (2006) especifica que um dos mecanismos cognitivos que energizam e direcionam 0 comportamento € 0 modelo testar-operar-testar-sair: “Testar significa comparar o estado atual com o ideal, Um descompasso entre os doi estados leva 0 individuo a agir. Em outras palavras, 0 descompasso motiva 0 individuo a operar no ambiente através de uma sequéncia planejada de ago. Se o feedback revelar que a incongruéncia persiste, a pessoa continua a operar no ambiente. Enquanto a incongruéncia persistir, a ago (‘operar’) ira continuar. E sempre que o estado atua ficar conforme o ideal, a pessoa ‘sai’ do plano.” ( pp. 128-129). Segundo esta sequéncia plano-aco, o autor acrescenta o conceito de motivagio corretiva, destacando que as pessoas sio “capazes de (1) detectar inconsisténcias entre seu estado atual e seu estado ideal, (2) gerar um plano para eliminar a incongruéncia, (3) instigar um comportamento regulado por este plano ¢ (4) monitorar 0 feedback com o propésito de detectar qualquer possivel incongruéncia remanescente entre os estados atual ¢ 0 ideal” Outro aspecto motivacional importante € a definigdo de metas. Da mesma maneira que os planos, as metas também so fatores de discrepancia que nos motivam a alcangar padrdes étimos que definimos. Nossa motivagio e nosso desempenho na busca por nossas metas estio relacionados as caracteristicas de especificidade, dificuldade, aceitagao, prazo © critica destas. Tais fatores influenciam no esforgo pessoal que dedicamos para alcangar as metas a que nos propomos (Reeves, 2006), Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentacio do modelo, In: Ricardo Wainer, Neri Mauricio Piecoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Assim, eventos cognitivos como planos e metas nos permitem transformar pensamentos em agdes motivadas, que mantemos por meio de mecanismos metacognitivos autorreguladores. Tais mecanismos caracterizam-se como atos mentais de monitoramento, avali jo © regulago do esforgo necessério para atingir os resultados que idealizamos. Esse processo constitui um ciclo de autorregulagdo (Figura 2) diagramado por Reeves (2006, p14). DESEMPENHO | PENSAMENTO ANTECIPADO: AUTOREGULACAO: Estabelecimento de Metas Automonitoramento Intengo de implementag3o Auto-avaliscso, Figura 2 - Ciclo de Autorregulacao. ‘A principal relagdo entre as TCCs e Coaching € 0 fato das abordagens serem focadas no presente ¢ direcionadas por metas e objetivos bem definidos a serem trabalhados. O Coaching, entretanto, é um processo muito mais especifico, que nao visa a tratar disfungdes, mas aprimorar as competéncias ¢ alavancar as potencialidades, podendo ser visto como uma técnica de atuagio limitada quando comparado aos diversos contextos aprofundas pelas TCs. ‘Tragando um comparativo entre as abordagens, podemos perceber algumas afinidades entre elas, Da mesma forma que as TCCs utilizam o paradigma que os esquemas e seripts constituem filtros enviesadores da forma como os eventos sio percebidos pelo nosso sistema cognitivo, 0 Coaching busca “calibra” a percepgdo dos coaches, a fim de torné-los conscientes de seus processos cognitivos para definir opgdes, alternativas e planos de ago para alcangar o desempenho desejado. Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentagio do modelo, In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Nos modelos de Coaching, entretanto, percebe-se uma caréncia teGrico-cientifica para sustentar cada uma das metodologias de trabalho, 0 que © afusta suas intervengdes da validagao empirica, Assim, nada mais congruente do que utilizar os estudos jé validados das TCCs para sustentar um approach de Coaching Cognitivo-Comportamental ‘Modelo Cognitivo das TCCs A fim de compreender 0 Modelo Cognitive, deve-se considerar que na esséncia as TCCs sustentam-se em trés paradigmas fundamentais: nossas cognigdes afetam nossos comportamentos (1), nossas cognigdes podem ser monitoradas ¢ modificadas (2) ¢ € possivel aleangar mudangas comportamentais a partir de mudangas cognitivas (Dobson et al., 2006). As TCC’ fundamentam-se em principios filos6ficos descritos ha mais de dois mil anos, antes de serem introduzidas no campo das cigncias. Tém como referencial fil6sofos estéicos, como Epiteto © Cicero, além de prineipios coletados nas filosofias orientais, como 0 Taofsmo © 0 Budismo. Foram Albert Ellis e Aaron Beck, contudo, que os acrescentaram aos conhecimentos respeito da cognigaio ¢ propuseram aquilo que hoje é 0 Modelo Cognitivo. Albert Ellis (1962) fundou a Terapia-Racional-Emotiva-Comportamental (TREC), a qual estd focada na reestruturagio cognitiva por meio de confronto filoséfico a0 modelo ABC, onde “A” representa 0 contexto ativador, “B” seriam as crengas pessoais e “C” as consequéncias desse processo, isto &, as emogdes € os comportamentos. Segundo © modelo ABC, esse proceso influencia a maneira como percebemos os eventos, afetando diretamente no apenas nossa atuagio comportamental, mas também nossas reagdes fisioldgicas e emogoes. Complementar a este, 0 modelo cognitivo introduzido por Aaron Beck propde que o processamento cognitivo regula nossa percep¢do do mundo, dos outros e de nés mesmos. O autor descreve trés niveis de consciéncia que regram nossa interagio com o meio: os Pensamentos Automiticos, as Crencas Regras e as Crengas Centrais (Figura 3). Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Figura 3 — Modelo Cognitivo: PAs, Crencas Regras ¢ Crencas Centrais © modelo cognitive beckiano apresenta como centro de nossas cognigdes as Crencas Centrais ou Nucleares, as quais correspondem ao nfvel mais profundo de nossa psique. Estas compem noss: ideias e nossos conceitos mais enraizados a respeito de nds mesmos, das outras pessoas € do mundo. Esse grupo de crengas € originado em nossas primeiras vivéncias, sendo fortalecido ao longo do tempo, moklando nos: (Caminha et al., 2003 e Knapp, 2004) percepedo ¢ a forma como interpretamos os eventos Desta forma, é a partir das Crengas Centrais que formulamos os demais niveis, isto €, nossas Crengas Regras € nossos Pensamentos Automiticos, Se as Crengas Centrais sio 0 el mais profundo de nossa cognigio, os Pensamentos Automiticos (PAs) podem ser vistos como 0 mais raso; surgem de forma espontinea em nossa mente, sendo ativados pelas interag6es de nosso cotidiano. Sao eles que guiam nossas respostas & direcionam nossa interpretagio dos acontecimentos. Normalmente nao sio_ perceptiveis ou intencionalmente elaborados por nds, mas “pipocam” em reagio Aquilo que esta acontecendo no momento, Com treino de monitoramento proprio, entretanto, passamos a identifica-los com maior facilidade. Dentre as técnicas de monitoramento de PAs existentes, a mais conhecida é 0 Registro de Pensamentos Automaticos (Greenberger e Padesky, 1999). As Crengas-Regras, também chamadas de Crengas Intermedidrias, correspondem a0 conjunto de regras, padrOes, normas ¢ premissas, deseritas por nos como forma de guiar nossas indo de atitudes. Elas também sio ativadas em nosso dia a dia, mas pertencem a um nivel mais pro! cognigéo que os PAs, uma vez. que estes sio produzidos como consequéncia das interpretagées por nossas Crencas Regras. Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentacio do modelo, In: Ricardo Wainer, Neri Mauricio Piecoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Habitualmente, essas crengas se apresentam em praticamente todas as situagées de nosso cotidiano e podem ser identificadas por suas formulagdes condicionais, sendo a mais comum © composto “Se...,entdo...” (ex: “Sendo der o melhor de mim, entio serei exeluido”), Estes dois niveis de processamento cognitivo, os PAs e as Crengas Regras, esto presentes tanto no trabalho dos terapeutas cognitivo-comportamentais quanto no dia a dia dos coaches, uma ‘oas utilizam em seu vez que sio carregados pelos contetidos dos esquemas € scripts que as pes cotidiano. As TCCs, porém, se propéem a atuar em todos os niveis de processamento cognitivo, de forma a minimizar distorgdes significativas que geram modus operantes deticitarios ou patologicos, Visto que o trabalho do Terapeuta Cognitivo-Comportamental € dedicar-se a possibilitar aos seus pacientes © reconhecimento de suas disfuncionalidades, que na maior parte das vezes operam de forma auténoma, ou seja, 05 Pensamentos Autométicos e os Esquemas (Beck, ef al., 1982) Diferentemente das ‘TCCs, 0 Coaching no atua na patologia € sim na potencialidade humana, © que nio impede que inimeros coaches busquem esse proceso por encontrarem-se disfuncionais em relagao a seus objetivos e ideais de atuagao. De qualquer forma, nao € foco do Coaching aprofundar-se na identificagao das Crengas Centrais dos clientes, uma vez que este nio & 0 objetivo do método, tampouco o motivo da contratago do trabalho. Isso nfo significaentretanto, a inexisténcia de reestruturagio cognitiva no proceso. de Coaching, pois um dos paradigmas fundamentais das TCCs ¢ que mudangas na resposta comportamental motivada por ajuste nos PAs ¢ nas Crengas Regras necessariamente acarretam modifie: \gOes na estrutura e/ou na valencia das Crengas Centrais. Adicional ao fato das intervengdes atuarem nas estncias da consciéncia, outra similaridade entre TCs e Coaching € 0 fato de manejarem ativamente nossas distorgdes cognitivas durante a abordagem. Segundo Medeiros e Sougey (2010), 0 modelo cognitivo compreende que alteragdes no humor e no comportamento negative ~ nao condizentes com 0 estado eutimico dos individuos — seriam decorrentes de distorg6es cognitivas, as quais influenciam tanto no surgimento quanto na ‘manutencao de transtornos mentais. Considerando que elaborar distorgdes € uma caracteristica comum e “normal” dos individuos, € papel do Coaching minimizé-las na medida em que surgem no processo. Dentre as distorgdes mais comuns apresentadas pelos coachees, destaca-se a seguinte lista, produzida por Knapp (2004, p. 33): Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentacio do modelo, In: Ricardo Wainer, Neri Mauricio Piecoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. 1. Catastrofizago: pensar que 0 pior de uma situacZo iré ocorrer, sem levar em consideragao a possibilidade de outros desfechos. 2. Polarizago (pensamento tudo ou nada): ver a situa categorias, mutuamente exclusivas, em vez de um continuum, pereehendo eventos e pessoas Jo em duas tinic em termes absolutes. 3. Abstragdo Seletiva: focar a atengio em um aspecto de uma_situagio complexa, enquanto outros aspectos relevantes da situagiio sio ignorados. 4, Adivinhago: antecipar problemas que talvez nfo venham a existir. 5. _Leitura Mental; presumir, sem evidéncias, 0 que os outros estao pensando, desconsiderando outras hipsteses. 6. RotulacZo: colocar um rétulo global, rigido em si mesmo, numa pessoa ou situagdo, em ver de rotular a situago ou o comportamento especi 7. Desqualificago do Positive: desvalorizar experi€ncias p sitivas e qualidades que conflitam com a visio negativa da pessoa ou situagao, afirmando que estas “nao contam’” ou sao triviais. 8. Minimizacdo e Maximizacio: minimizar caracteristicas positivas de si mesmo ou de situagdes, enquanto aspectos negativos sio maximizados. 9, Personalizaeo: assumir culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, falhando em ver que outras pessoas ou fatores também esto envolvidos. 10, Vitimizagao; considerar-se injustigado ou nfo entendido, A fonte do sentimento negativo € algo ou alguém, havendo recusa ou dificuldade de se responsabilizar pelos proprios sentimentos e comportamentos I Imperativo (““Deveria” e “Tenho de”): interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, em vez de simplesmente consideré-las como se apresentam. Sdo afirmagdes absolutistas na tentativa de promover modificagdes ou modificar um comportamento, demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequéncias do ndo cumprimento das mesmas. 12, Questionalizagao (“E se”): focar o evento naquilo que poderia ter sido © no foi. Culpar-se pela escolhas do pasado e questionar-se por escolhas futuras. ais distorgdes so material comum no processo de Coaching, prineipalmente em suas fa ini is. Podemos considerar que a equalizagio das distorgoes cognitivas compde 0 objetivo do Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Coaching, mesmo que nio seja uma solicitago dos coachees, pois estas compéem barreiras importantes que, via de rega, os impedem de aleangar suas metas e aflorar as suas potencialidades. Assim, os coaches devem utilizar a compreensio da influéncia das cogni es nos processos de Coaching destinados a respaldar profissionais a encontrarem novas formas de lidarem com o meio, para aprimorar suas habilidades e performances. Isso explicita a afinidade © similaridades entre TCCs e Coaching na forma de compreensio do funcionamento das pessoas que as procuram. Assim como as TCs buscam motivar e estimular os pacientes ao crescimento pessoal por meio de psicoeducago sobre seu processamento cognitivo, treinando © automonitoramento para minimizar suas disfuncionalidades, 0 proceso Coaching almeja exatamente 0 mesmo, sob um enfoque circunscrito e direcionado a satide, e nfo a patologia. ‘Modelo de Coaching Cognitive-Comportamental O modelo que sera apresentado foi claborado pelos autores a partir de su: praticas como. coaches de executives ¢ terapeutas cognitivo-comportamentais, Sua concepgdo surgiu com a percepeio da necessidade de sustentar os processos de Coaching com uma base empirica consistente. Como visto anteriormente, 0 modelos cognitivas permitem ao coach um entendimento mais aprofundado dos processos cognitivos e auténomos das pessous, uma vez que, inevitavelmente, durante © processo, ele se depara com grande parte das instncias descritas pelas TCCs e as maneja. ‘Ao longo deste capitulo, também visitamos diferentes modelos de Coaching, seus propositos € suas estruturas, e constatamos a caréncia cientifica existente na maioria das metodologias. ‘Como mencionado anteriormente, o estudo de Kampa-Kokesch e Anderson (2001) contatou seis fases comuns nos processo de Coaching: a construgao da relagio Coach-Coachee (1); avaliagao do contexto em compara 10 aos objetivos (2); planejamento (3); implementagio de um plano de ago para aleangar os objetivos (4), seguido da avaliago dos resultados obtidos (5) e do follow-up ou sequéncia do Coaching (6) Tendo em mente essas fases, € possivel identificd-las em praticamente todos os modelos apresentados anteriormente, 0 que corrobora o estudo dos autores. Ainda assim, a natureza do estudo nao possibilita a valida dos métodos apurados. Existe no repertério das TCCs, contudo, uma intervengio de estrutura similar as apresentadas pelas outras vertentes das TCCs, com um nimero considerdvel de estudos que comprovam niio apenas a aplicabilidade do método, mas também a efetividade de seus resultados Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. quando comparado a outros diferentes tipos de intervenc’o. Essa intervenco é a Entrevista Motivacional (Miller e Rollnick, 2001). ‘A Entrevista Motivacional (EM) consiste em uma intervengio breve e estruturada cujo objetivo é apoiar as pessoas, diminuindo a ambivaléncia diante da mudanga. Foi elaborada por Miller ¢ Rollnick para tratamento de transtornos como dependéncia de alcool, tabaco, drogas em geral, jogo patol6gico ¢ demais comportamentos adictos (Sales e Figlie, 2009). Davidson (1997) estipula como principio fundamental para © sucesso da EM ¢ do processo de mudanga a redugio da ambivaléncia. Segundo o autor, este € um fator essencial para a redugo dos problemas comportamentais relacionados @ dependéneia, uma vez que ela € considerada fruto das ensdes wterpessoais e intrapessoais da interagio entre o dependente e meio. Segundo Bundy (2004) a EM baseia-se no entendimento dos problemas dos individuos e das reagdes emocionais que tais problemas causam, procurando estaelecer alternativas para modificar os padres cognitivos envolvidos no comportamento repetitivo e/ou aditivo, a fim de implementar agdes de mudanga. Tendo em vista as premissas da EM, em especial 0 conceito apresentado, percebe-se que esta se alinha perfeitamente com 0 conceito de Coaching ja apresentado. Complementarmente, Miller ¢ Rollnick (2001) citam como prineipios fundamentais da EM expressar empatia (1), evidenciar a discrepéncia entre as metas desejadas ¢ os comportamentos que devem ser modificados (2), evitar a confrontagio para diminuir a resisténcia (3), aceitar a resisténcia como um dos aspectos a serem trabalhados (4) e procurar facilitar a redugio da ambivaléneia, estimulando a autoeficaeia (5), para que o paciente acredite que possui recursos estratégias para lidar com situagdes dificeis, que inevitavelmente irdo existir, e assim obter éxito. Analisando os cinco prinejpios apresentados pelos autores, € possivel perceber que se tratam de fatores relacionados ao “empowerment” mencionado no inicio deste trabalho Além disso, os autores apresentam seis pontos a serem trabalhados durante a EM, representados pelo acrdnimo inglés. FRAMES: — Feedback (devolugio); Responsibility (responsabilidade); Advice (aconselhamento); Menu (alternativas); Empathy (empatia); Self- efficacy (autoeficdcia). A tradugdo literal de FRAMES para o portugués segundo 0 Dicionario Oxtord (2005) “estrutura’”, a qual, por si s6 ja faz sentido, uma vez que 0 acrénimo corresponde a estrutura da EM. Nesta, evidencia-se a similaridade entre a abordagem e 0 Coaching, vistos os modelos apresentados. Outra semelhanga com © Coaching esté no fato da EM combinar “elementos diretivos e nao diretivos e possuir estratégias que so mais persuasivas do que coercitivas, mais compreensivas que argumentativas” (Oliveira et al., 2003), Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B. C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentagio do modelo, In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. Channon et al. (apud Andretta e Oliveira, 2005), destaca que o cerne da EM é proporcionar a0 paciente um ambiente de confianga, para que este consiga se sentir acolhido, tomando mais facil para ele falar sobre seus problemas sem receio de softer eriticas. © autor menciona ainda que as determinagses das metas realistas ¢ executaveis devem ser feitas em conjunto, um dos prinespios basicos do Coaching. Diante de todas es: similaridades, propOe-se a seguinte estruturagdo para a abordagem de Coaching Cognitivo-Comportamental: 1. Assessment, Feedback e Vinculo Empatico; Nivel Motivacional e Comprometiment Cenarios, Checagens e Feedforwards; . Levantamento de Opgdes ¢ Plano de Agd Autoeficdcia e Empowerment; awry . Ajustes € Follow-up. Tal estrutura para um modelo de Coaching tem como diferencial dos que foram apresentados anteriormente o alicerce na EM que é, conforme jé mencionado, uma intervengao cientificamente validada. Além disso, obviamente parte-se do preceito que durante as etapas do Coaching Cognitive-Comportamental sejam aplicados os modelos cognitivos para a compreensio do fin ynamento do coachee, assim como nas intervengdes que forem realizadas. A formulagio das seis etapas € uma sugestio de protocolo que pode vir a ser validado, procurando estruturar @ que seria 0 Coaching Cognitive-Comportamental como um todo, ms niio s¢ limitando a uma deseriggo de temas para a sesso. Nesta considera-se como fase inicial a construgio do relacionamento entre 0 coach e seu coachee, em que © primeiro avalia (assessment) a demanda apresentada € buscar um feedback quanto a situagio atual que o coachee se encontra e quais os possiveis focos do trabalho. E importante ressaltar que a postura nao diretiva empregada nos demais modelos de Coaching deve ser mantida, Isso, contudo, nio impede que, assim como o terapeuta cognitivo- comportamentalista elabora um diagnéstico de seus pacientes, 0 coach analise 0 cendrio em que o coachee esti inserido, bem como © nivel de maturag de suas competéncias, para que juntos metas realistas e aleangaveis A etapa inicial de feedback deve ser conduzida de forma a gerar a vinculagdo empatica entre coach e coachee, condigo sine qua non para 0 adequado andamento do trabalho, demonstrando a0 Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114. coachee que as necessidades colocadas por ele so compreendidas pelo seu coach e que ele nao est ali para julgd-lo ou eriticé-lo, mas o aceita incondicionalmente. © passo seguinte € gerar 0 comprometimento com 0 processo & com seus objetivos de mudanga. O Coaching é um convite maduro ao autodesenvolvimento, que somente traz, resultado se for aceito e assumido pelo coachee. Assim como nas TCCs, no Coaching é esperada uma postura de empirismo colaborativo, em que 0 coachee & tio ou mais ativo no proceso que 0 coach. Assim, faz-se necessario que coach identifique o nivel da motivagio de seu coachee para adotar as ages necessérias, pois, muitas vezes, este busca © Coaching por querer muito estar em outra posig . © que nao significa estar disposto a mudar os scripts e esquemas necessdirios para que isso ocorra. Motivar 0 coachee para essa mudanga e perceber em que estagio de mudanga ele se encontra, também & papel do coach. Nesse ponto do proceso, o embasamento sobre estgios de mudanga propostos pelo modelo ‘Transtesrico (Proch a, DiClemente ¢ Norcross, 1992) so subsidios fundamentais para que 0 coach possa intervir adequadamente. Segundo Szupszynski © Oliveira (2008), © modelo transtesrico entende que mudangas comportamentais ocorrem ao longo de um processo no qual as pessoas passam por diferentes estigios motivacionais: Pré-contemplagdo (ndo ha intengio de mudar 0 padrio comportamental, negando-se a existénc de problemas decorrentes dele), a contemplagao (a pessoa ja identifica padro comportamental como problemitico ¢ avalia as possiveis vantagens em mudar, contudo ambivalente), a preparagdo (corre © planejamento para a mudanga, causado por uma maior conscigncia da necessidade desta, ao ponto de tornar puiblico esse desejo), a agiio ( perfodo em que a pessoa dedica-se ativamente a mudar seu padrdo comportamental) e a manutengdo ( estagio em que a mudanga passa a se estabilizar no comportamento). Dessa maneira, assim como nas TCCs, no Coaching Cognitivo-Comportamental é papel do coach motivar seu coachee & adesfio no processo, por meio da valorizaglio de todas as suas conquistas e de suas competéncias. Para isso, é imprescindivel o Empowerment e a estimulagio do aumento ou a manutengdo de sua autoefiedeia. A etapa seguinte seria reservada a andlise, na qual 0 coach estimula 0 coachee a autoandlise, confrontando sua percepgao com a percepgao de outras pessoas, escolhidas por ele e validadas em sessiio. Esse é 0 momento em que as técnicas cognitivo-comportamentais seriam mais empregadas, sendo que, via de regra, as cognigées seriam explicitadas. Wainer, R. ; Piccoloto, N. M. ; Pergher, G. K. ; SALDANHA, M. B.C. . Coaching Cognitivo- ‘Comportamental: apresentaciio do modelo. In: Ricardo Wainer; Neri Mauricio Piccoloto; Giovanni Kuckartz Pergher. (Org.). Novas tematicas em terapia cognitiva. 1ed.Novo Hamburgo: Sinopsys, 2011, v. 1, p. 82-114.

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