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Biodiversidade, ou diversidade biológica, pode ser definida como a variabilidade entre

os seres vivos de todas as origens, a terrestre, a marinha e


outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte. Essa
variabilidade aparece apenas como resultado da natureza em si, sem sofrer intervenção
humana. Assim, ela pode variar de acordo com as diferentes regiões ecológicas. Refere-
se, portanto, à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro
das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna,
de fungos microscópicos e de micro-organismos.[1]
Pode-se compreender, do termo "conservação", a manutenção dos recursos que
constituem a terra, bem como os seres vivos que a compõem, dentre eles, o homem.
[2]
Difere-se da preservação (que exclui o fator humano para que seja possível a
manutenção supracitada), considerando que o homem, principal responsável pela
degradação do meio ambiente, é parte dele.
Em ecologia, a conservação se refere aos estudos direcionados à conservação de fauna e
flora de um ambiente, podendo ser à respeito de diversos grupos ou direcionado à
espécies individuais envolvendo seu nicho e habitat.[3] Ela se baseia em alguns
pressupostos, incluindo que a diversidade biológica e a evolução são positivas, e que a
diversidade biológica tem valor por si só.[4] A diversidade biológica, mesmo sem que haja
ação antrópica, não se mantém inalterada ao longo do tempo, ela muda e se adapta de
acordo com as variações do ambiente que a compõe.[5] No entanto, as ações antrópicas
podem agravar alguns problemas ambientais, como a alteração e perda de habitats,
exploração predatória de recursos, introdução de espécies exóticas em diferentes
ecossistemas, aumento de patógenos e tóxicos ambientais e as mudanças climáticas. [6]
Essa área de estudo tem como seus principais objetivos entender os efeitos dessas ações
antrópicas no ecossistema, além de também apresentar um papel muito importante na
reintrodução de espécies ameaçadas.[7] Um ambiente ecologicamente conservado
proporciona uma diversidade de recursos muito maior para ser consumida, assim, a busca
de um ecossistema equilibrado é vantajosa para todos os seres que dele usufruem direta
ou indiretamente.[8]
A biodiversidade refere-se tanto ao número de diferentes categorias biológicas quanto à
abundância relativa (equitatividade) dessas categorias. E inclui variabilidade ao nível local,
complementaridade biológica entre habitats e variabilidade entre paisagens. Ela inclui,
assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus
componentes. A espécie humana depende da biodiversidade para a sua sobrevivência.
A biologia de conservação busca integrar políticas de conservação com as teorias que
provêm de diversos campos científicos que dão alicerce para a biologia da conservação,
sendo elas, ecologia, demografia, biologia populacional, genética, taxonomia e também de
ciências de outros campos, como a economia, geografia, antropologia, sociologia e outras.
Essa união ocorre para que haja o estabelecimento de métodos efetivos para solucionar
alguns dos problemas que a biologia da conservação precisa resolver.[4][7] Um exemplo da
importância dessa interdisciplinaridade é a implementação de unidades de conservação,
que abrange muitos fatores além dos ecológicos, como o fator sociocultural dos moradores
das regiões que são implementadas como tais unidades.[9]
O termo foi criado por Thomas Lovejoy,[10] mas não há uma definição consensual de
biodiversidade. Uma definição é: "medida da diversidade relativa
entre organismos presentes em diferentes ecossistemas". Esta definição inclui diversidade
dentro da espécie, entre espécies e diversidade comparativa entre ecossistemas.
Outra definição, mais desafiante, é "totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de
uma região". Esta definição unifica os três níveis tradicionais de diversidade entre seres
vivos:

 diversidade genética - diversidade dos genes em uma espécie;


 diversidade de espécies - diversidade entre espécies;
diversidade de ecossistemas - diversidade em um nível mais alto de organização, incluindo
todos os níveis de variação desde o genético. Para os biólogos geneticistas, a
biodiversidade é a diversidade de genes e organismos. Eles estudam processos
como mutação, troca de genes e a dinâmica do genoma, que ocorrem ao nível do DNA e
constituem, talvez, a evolução.

 Para os biólogos zoólogos ou botânicos, a biodiversidade não é só apenas a


diversidade de populações de organismos e espécies, mas também a forma
como estes organismos funcionam. Organismos surgem e desaparecem.
Locais são colonizados por organismos da mesma espécie ou de outra.
Algumas espécies desenvolvem organização social ou outras adaptações com
vantagem evolutiva. As estratégias de reprodução dos organismos dependem
do ambiente.
 Para os ecólogos, a biodiversidade é também a diversidade
de interações duradouras entre espécies. Isto se aplica também ao biótipo, seu
ambiente imediato, e à ecorregião em que os organismos vivem. Em
cada ecossistema os organismos são parte de um todo, interagem uns com os
outros mas também com o ar, a água e o solo que a cultura humana tem sido
determinada pela biodiversidade, e ao mesmo tempo as comunidades
humanas têm dado forma à diversidade da natureza nos níveis genético, das
espécies e ecológico.
A biodiversidade é fonte primária de recursos, fornecendo comida (colheitas, animais
domésticos, recursos florestais e peixes), fibras para roupas, madeira para construções,
remédios e energia. Esta "diversidade de colheitas" é também chamada agro
biodiversidade.
Os ecossistemas também nos fornecem "suportes de produção" (fertilidade do
solo, polinizadores, decompositores de resíduos, etc.) e "serviços" como purificação do ar
e da água, moderação do clima, controle de inundações, secas e outros desastres
ambientais.
Se os recursos naturais são de interesse econômico para o Homem, a importância
econômica da biodiversidade é também crescentemente percebida. Novos produtos são
desenvolvidos graças a biotecnologias, criando novos mercados. Para a sociedade, a
biodiversidade é também um campo de trabalho e lucro. É necessário estabelecer
um manejo sustentável destes recursos.[11]

Pontos críticos da biodiversidade

Diversas espécies epífitas numa floresta úmida da América Central. Os ecossistemas da zona
intertropical albergam a maior parte da biodiversidade mundial actual.

Um "ponto crítico" (hot spot) de biodiversidade é um local com muitas espécies endêmicas.
Ocorrem geralmente em áreas de impacto humano crescente. Esses impactos estão
relacionados com atividades relevantes para a economia brasileira como a agropecuária,
as exportações e importações, extrativismo e pesca.[12]
A maioria deles está localizada nos trópicos.
Alguns deles:

 O Brasil tem 1/5 da biodiversidade mundial, com 50 000 espécies de plantas, 5


000 de vertebrados, 10-15 milhões de insetos, milhões de micro-organismos;
 A Índia apresenta 8% das espécies descritas, com 47 000 espécies de plantas
e 81 000 de animais.

Biodiversidade: tempo e espaço


A biodiversidade não é estática. É um sistema em constante evolução tanto do ponto de
vista das espécies como também de um só organismo. A meia-vida média de uma espécie
é de um milhão de anos e 99% das espécies que já viveram na Terra estão hoje extintas.
A biodiversidade não é distribuída igualmente na Terra. Ela é, sem dúvida, maior
nos trópicos. Quanto maior a latitude, menor é o número de espécies, contudo, as
populações tendem a ter maiores áreas de ocorrência. Este efeito que envolve
disponibilidade energética, mudanças climáticas em regiões de alta latitude é conhecido
como efeito Rapoport.
Existem regiões do globo onde há mais espécies que outras. A riqueza de espécies
tendem a variar de acordo com a disponibilidade energética, hídrica (clima, altitude) e
também pelas suas histórias evolutivas.

O valor econômico da biodiversidade

Floresta e exemplo de epifitismo.

Ecólogos e ambientalistas são os primeiros a insistir no aspecto econômico da protecção


da diversidade biológica. Deste modo, Edward Osborne Wilson escreveu em 1992 que a
biodiversidade é uma das maiores riquezas do planeta, e, entretanto, é a menos
reconhecida como tal (la biodiversité est l'une des plus grandes richesses de la planète, et
pourtant la moins reconnue comme telle).
A maioria das pessoas vê a biodiversidade como um reservatório de recursos que devem
ser utilizados para a produção de produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. Este
conceito do gerenciamento de recursos biológicos provavelmente explica a maior parte do
medo de se perderem estes recursos devido à redução da Biodiversidade. Entretanto, isso
é também a origem de novos conflitos envolvendo a negociação da divisão e apropriação
dos recursos naturais.
Uma estimativa do valor da biodiversidade é uma pré-condição necessária para qualquer
discussão sobre a distribuição da riqueza da Biodiversidade. Estes valores podem ser
divididos entre:

 valor intrínseco – todas as espécies são importantes intrinsecamente, por uma


questão de ética;
 valor funcional – cada espécie tem um papel funcional no ecossistema. Por
exemplo, predadores regulam a população de presas, plantas
fotossintetizantes participam do balanço de gás carbônico na atmosfera, etc.;
 valor de uso directo – muitas espécies são utilizadas directamente pela
sociedade humana, como alimentos ou como matérias primas para produção
de bens;
 valor de uso indirecto – outras espécies são indirectamente utilizadas
pela sociedade. Por exemplo criar abelhas em laranjais favorece a polinização
das flores de laranja, resultando numa melhor produção de frutos;
valor potencial – muitas espécies podem futuramente ter um uso directo, como por
exemplo espécies de plantas que possuem princípios activos a partir dos quais podem ser
desenvolvidos medicamentos. 1237976875967754960209575216


Em um trabalho publicado na Nature em 1997, Constanza e colaboradores estimaram o
valor dos serviços ecológicos prestados pela natureza. A ideia geral do trabalho era
contabilizar quanto custaria por ano para uma pessoa ou mais, por exemplo, polinizar as
plantas ou, ainda, quanto custaria para construir um aparato que servisse como mata ciliar,
a fim de evitar o assoreamento dos rios. O trabalho envolveu vários "serviços" ecológicos e
chegou a uma cifra média de 33 000 000 000 000 dólares estadunidenses por ano, duas
vezes o produto interno bruto mundial.

Como medir a biodiversidade?


Do ponto de vista previamente definido, nenhuma medida objectiva isolada de
biodiversidade é possível, apenas medidas relacionadas com propósitos particulares ou
aplicações.
Para os conservacionistas práticos, essa medida deveria quantificar um valor que é, ao
mesmo tempo, altamente compartilhado entre as pessoas localmente afetadas.
Para outros, uma definição mais abrangente e mais defensável economicamente, é aquela
cujas medidas deveriam permitir a assegurar possibilidades continuadas tanto para a
adaptação quanto para o uso futuro pelas pessoas, assegurando
uma sustentabilidade ambiental. Como consequência, os biólogos argumentaram que essa
medida é possivelmente associada à variedade de genes. Uma vez que não se pode dizer
sempre quais genes são mais prováveis de serem mais benéficos, a melhor escolha para
a conservação ambiental é assegurar a persistência do maior número possível de genes.
Para os ecólogos, essa abordagem às vezes é considerada inadequada e muito restrita.

Inventário de espécies
A sistemática mede a biodiversidade simplesmente pela distinção entre espécies. Pelo
menos 1,75 milhões de espécies foram descritas; entretanto, a estimativa do verdadeiro
número de espécies existentes varia de 3,6 para mais de 100 milhões. Diz-se que o
conhecimento das espécies e das famílias tornou-se insuficiente e deve ser suplementado
por uma maior compreensão das funções, interações e comunidades. Além disso, as
trocas de genes que ocorrem entre as espécies tendem a adicionar complexidade ao
inventário.[13]

A biodiversidade está ameaçada


Ver artigo principal: Declínio contemporâneo da biodiversidade mundial
Durante as últimas décadas, uma grande erosão da biodiversidade vem sendo observada.
A maioria dos biólogos acredita que uma extinção em massa está a caminho. Apesar de
divididos a respeito dos números, muitos cientistas acreditam que a taxa de perda de
espécies é maior agora do que em qualquer outra época da história da Terra.
Alguns estudos mostram que cerca de 12,5% das espécies de plantas conhecidas estão
sob ameaça de extinção.[14] Alguns dizem que cerca de 20% de todas as espécies viventes
podem desaparecer em 30 anos. Quase todos dizem que as perdas são decorrentes
das atividades humanas, em particular a destruição dos habitats de plantas e animais.
Alguns justificam a situação não tanto pelo sobre uso das espécies ou pela degradação do
ecossistema quanto pela conversão deles em ecossistemas muito padronizados
(exemplo: monocultura seguida de desmatamento). Antes de 1992, outros mostraram que
nenhum direito de propriedade ou nenhuma regulamentação de acesso aos recursos
necessariamente leva à diminuição dos processos de degradação, a menos que haja
apoio da comunidade.
Entre os dissidentes, alguns argumentam que não há dados suficientes para apoiar a visão
de extinção em massa, e dizem que extrapolações abusivas são responsáveis pela
destruição global de florestas tropicais, recifes de corais, mangues e outros habitats ricos.
No entanto, esses não encontram base científica sólida para suas alegações, diante da
acumulação de evidências sobre o intenso declínio na riqueza biológica do planeta e sobre
a destruição ou degradação de inúmeros ecossistemas. Apesar disso, há influentes grupos
de pressão econômica e política que alimentam uma ruidosa controvérsia artificial no
intuito deliberado de confundir a opinião pública.
A domesticação de animais e plantas em larga escala é um fator histórico de degradação
da biodiversidade, gerando a seleção artificial de espécies, onde alguns seres vivos são
selecionados e protegidos pelo homem em detrimento de outros.[15]

Manuseio da biodiversidade: ação, preservação e


proteção

Silo Global de Sementes de Svalbard, criado em 2008 para conservar ex-situ sementes de plantas
cultiváveis de todo o mundo.[16]

Nas últimas décadas observou-se uma preocupação crescente com questões ambientais
globais devido principalmente a degradação do meio ambiente e práticas não-
sustentáveis. Apesar de não haver consenso quanto ao tamanho e ao significado da
extinção atual, muitos consideram a biodiversidade essencial.[17]
Há basicamente dois tipos principais de opções de conservação, conservação in-
situ e conservação ex-situ. A in-situ é geralmente vista como uma estratégia de
conservação elementar. Entretanto, sua implementação é às vezes impossível. Por
exemplo, a destruição de hábitats de espécies raras ou ameaçadas de extinção às vezes
requer um esforço de conservação ex-situ. Além disso, a conservação ex-situ pode dar
uma solução reserva para projectos de conservação in-situ. Alguns acham que ambos os
tipos de conservação são necessários para assegurar uma preservação apropriada.
Um exemplo de um esforço de conservação in-situ é a construção de áreas de proteção.
Um exemplo de um esforço de conservação ex-situ, ao contrário, seria a plantação
de germoplasma em bancos de sementes. Tais esforços permitem a preservação de
grandes populações de plantas com o mínimo de erosão genética.
A ameaça da diversidade biológica estava entre os tópicos mais importantes discutidos na
Conferência Mundial da Organização das Nações Unidas para o desenvolvimento
sustentável, na esperança de ver a fundação da Global Conservation Trust para ajudar a
manter as coleções de plantas.[18]

Estatuto jurídico da biodiversidade


A biodiversidade deve ser avaliada e sua evolução, analisada (através de
observações, inventários, conservação...) e levada em consideração nas decisões
políticas. Está começando a receber uma direção jurídica:

 A relação "Leis e ecossistema" é muito antiga e tem consequências na


biodiversidade. Está relacionada aos direitos de propriedade pública e privada.
Pode definir a proteção de ecossistemas ameaçados, mas também alguns
direitos e deveres (por exemplo, direitos de pesca, direitos de caça);
 "Leis e espécies" é um tópico mais recente. Define espécies que devem ser
protegidas por causa da ameaça de extinção. Algumas pessoas questionam a
aplicação dessas leis;
 "Lei e genes" tem apenas um século. Enquanto a abordagem genética não é
nova (domesticação, métodos tradicionais de seleção de plantas), o progresso
realizado no campo da genética nos últimos 20 anos leva à obrigação de leis
mais rígidas. Com as novas tecnologias da genética e da engenharia genética,
as pessoas estão pensando sobre o patenteamento de genes, processos de
patenteamento, e um conceito totalmente novo sobre o recurso genético. Um
debate muito caloroso, hoje em dia, procura definir se o recurso é o gene, o
organismo, o DNA ou os processos.
A convenção de 1972 da UNESCO estabeleceu que os recursos biológicos, tais como
plantas, eram uma "herança comum da humanidade". Essas regras provavelmente
inspiraram a criação de grandes bancos públicos de recursos genéticos, localizados fora
dos países-recursos.
Novos acordos globais (Convenção sobre Diversidade Biológica), dão, agora, direito
nacional soberano sobre os recursos biológicos (não propriedade). A ideia de conservação
estática da biodiversidade está desaparecendo e sendo substituída pela ideia de uma
conservação dinâmica, através da noção de recurso e inovação.
Os novos acordos estabelecem que os países devem conservar a biodiversidade,
desenvolver recursos para sustentabilidade e partilhar os benefícios resultantes de seu
uso. Sob essas novas regras, é esperado que o bio prospecto ou coleção de produtos
naturais tem que ser permitido pelo país rico em biodiversidade, em troca da divisão dos
benefícios.
Princípios soberanos podem depender do que é melhor conhecido como Access and
Benefit Sharing Agreements (ABAs). O espírito da Convenção sobre Biodiversidade
implica num consenso informado prévio entre o país fonte e o colector, a fim de
estabelecer qual recurso será usado e para quê, e para decidir um acordo amigável sobre
a divisão de benefícios. O bio prospecto pode vir a se tornar um tipo
de Biopirataria quando esses princípios não são respeitados.

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