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Nalmagem abrica de James We seu sco, Malihew Bouton, na cidade de Birmingham centre da gle. ‘fabric prodizia molars epor no nal do sécula Ml. Grows francesa do soene wi Gelso Quando a indiistrie téxtl, tanto a de t& quanto a de algodso, utilzou @ {orca motriz do vapor para impulsionar as suas recém-criadas maquina. . ‘nas Ultimas décadas do século XVIII, houve um impressionante crescimento tmaerdomcities 89 produGdo de tecids. Foi uma evelucd, Depo, esca oneal fo atlood® uepessecsisse nas locomotivas,jé no inicio do século XIX, puxando vagdes de carga e, com pusprotagensigeda © €@MPO, Yagoes para passageiros. Em seguida, 0 vapor passou também Hsttianomundo a impulsionar navi. Foi uma outra reolugio, @ dos transpories.& tole cide subsitviodo _ essas transformagies comecaram na Inglaterra Eee Neste capitulo, vamos analisar 0 Proceso de transic3o do mundo ocidental pores oni em diresdo 20 captalismo, ocorrido a partir do fim do século XVI, que tev? ‘como pioneira a Inglaterra e sua Revolucao Industrial 2 ne Thomas Newco Thomas Newcomen cia primeira méquina a vapor com resultados satisttérios i >t O conceito de Revolucio Industrial Ficaram conhecidas como Revol ‘Gio Industrial as transformagdes econémicas ocorridas na Gra-Bretanha a ese if eae 2 Partir das iltimas décadas do século XVII, tempo em que a maquina a vapor passou a ser sistematicamente utilizada na produgio de rmercadorias, em especial na fabricagao de tecidos, na mineraggo e na metalurgia Tais transformagées levaram 3 implantagio da industria contemporanea. Cria- ram-se, ainda, novos mercados consumidores, muitos pela forga das armas. Afinal, A medida que se industrializavam, os paises pre rias partes do mundo, Essas mudangas nio foram répidas: ocorriam desde o inicio da Epoca Moder- ‘na, com a expansio maritima, que colocou em contato regides muito distantes. Mas foi na segunda metade do século XVIII c no inicio do XIX que as mudan- «as se aceleraram, configurando a Revolugdo Industrial, guns hstoriadoresdatinguem, na verdad, dois momentos da Revolugio Industral + Primeira Revolugio Industrial, compreendida entre fins do séeulo XVIII e a década de 1830. 0 foco foi a renovagio do sistema fabrilligado & producto de tecidos de algodio; + Segunda Revolugio Industrial, cujo apogen ocorren a partir de 1850 ¢ é ca- racterizada pelo avanco da metalurgia, sobretudo da indistria do ferro, e pela construcio de ferrovias. Cy aU Quando a Inglaterra virou Gra-Bretanha? savam ampliar mercados em vi- E comum os livros de Histéria tratarem os ter~ ‘mos “inglés” e “briténico" como sinénimos. Seisso no chega a ser errado, com certeza é inexato. ‘Anglaterra, na verdade, é o principal pats da Gra-Bretanha, mas née o tnico ‘Aunificagao da Gri-Bretanha deu seu primeiro passo ainda no século XVI, quando o rei Henrique ‘ill anexou o Pais de Gales & Coroa inglesa. Embo- ra a dinastia Stuart tenha reinado na Inglaterra © nna Escécia durante o século XVII, 0s reinos perma- neceram separados. [AGra-Bretanha propriamente dita somente sur- alu apés a Revolugao Gloriosa, oorrida em 1688, Em 1707, 0 Ato de Unido reuniu os parlament da Inglaterra e da Escécia. Um novo Ato de Unido, firmado em 1800, inluiu a Irlanda, @ assim, no sé- ‘culo XIX, surgiu 0 Reino Unido da Gr8-Bretanha e Irlanda, tendo Londres como sede da monarquia, Ainda assim, Escécia e Irlanda mantiveram elevado sgrau de autonomia, Com a independéncia do sul da Irlanda, reco- ‘nhecida pela Inglaterra em 1921-1922, a Gra-Bre- tanha passou a ser chamada de Reino Unido da Grd-Bretanha e Irlanda do Norte. Assim, o mais correto é usar os termos Gr8-Bretanha e briténi- os para 0s séculos XVII e sobretudo XIX. Antes ‘ndo havia briténicos, mas ingleses, escoceses e irlandeses. tentdo, de Império briténico. Esse império ainda existe? Pesquise 2 | sheave uname lot tt neta primera min se or cr) Pousto » técnica agricola fem que a tera édeixada tem culivo com o objetivo de recuperar os nutrients oslo. Aliendvel » passive! de ser vendido, Arrendatario » aquele que alga um pedago de terra, Pintura a éleo do inicio do culo vl retrtande os ‘Campos cefeados da ona Turalinglese, Ea est loealizada no Muceu Rest de Armas, em Leeds, (Gr Bretanna, >2 Pioneirismo britanico: explicagées ‘No final do século XVII, a Inglaterra era um pais rico, com a maioria da popu- lagio vivendo no campo. Em 1700, a populacao girava em torno: de 6 milhdes de pessoas, com cerca de 70% ocupadas nas atividades agrarias. A produgao agricola, entretanto, vinha sofrendo mudangas importantes. Nos campos ¢ pastos antes deixados em pousio, introduziu-se 0 plantio de ‘outras culturas, em especial a do nabo e da batata, que nao desgastavam 0 solo ¢ forneciam mais alimentos. Alguns estudiosos denominam essa etapa de “revolugio agricola”. Na pecusria, a estocagem de forragens, como 0 feno, melhorou a quali- dade do gado bovino e ovino, sendo este tiltimo a principal fonte de matéria-prima da manufatura inglesa: a la. Foi importante também o répido aumento no processo de cercamento das terras ccomuns, que ocorria ha séculos na Inglaterra, mas que sofreu enorme impulso na se- zgunda metade do século XVII e inicio do século XIX. As terras comuns eram aque- las que os camponeses ¢ os aldedes, embora nao fossem os proprietérios, tinham 0 direito de ut Ir para cagar, pescar, tetirar lenha e madeira ¢ usar como pasto, Por meio dos chamados cercamentos (enclosures), 0 governo inglés livrava os proprietarios de qualquer tipo de restrigo quanto ao uso de suas terras, incluindo as comuns, podendo vende-las ou arrendé-las. Houve, na verdade, uma redefinigio da propriedade agraria e das relagées de trabalho no campo. Como todas as terras, incluindo as comuns, passaram a ser aliendveis, os campone- ses no puderam mais uss-las em proveito proprio. Passaram a trabalhar por jornada para os proprictirios ou arrendatatios mais ricos ow migraram para outros lugares O rompimento da forma tradicional com a qual os trabalhadores rurais se relacionavam com a terra e as novas condigécs agrarias representaram um duro golpe ao campesinato: 0 contrato de trabalho passow a ser individual, ¢ nao mais. Por grupo familiar. Embora nao tenha sido um processo imediato,a verdade € que © “trabalho camponés familiar” desapareceu, Com o cercamento dos campos, os proprietrios ou os arrendatarios mais ri- cos puderam introduzir novos métodos agricolas ¢ de Jo de animais, como © rodizio de cultura, ¢ ampliar 0 uso do arado triangular (que reduziu o custo de preparacio do solo), da semeadeira mecinica e de adubos, Com o aumento dda produtividade das terras em decorréncia das novas técnicas, s6 acessivels 208 mais ricos, o prego do arrendamento subiu muito ¢ os pequenos arrendatarios ni0 puderam mais arcar com o aluguel. Acabaram expulsos da terra, assim como 0s ‘camponeses proprietarios de pequenos lotes, pressionados a vend=-los, Em 1700, estima-se que metade das terras cultivaveis inglesas zada por meio da exploracao dos campos comuns. Ao fim do século XVIII, eles praticamente ji no existiam. O fim das terras comuns e o cercamento dos campos ‘concentraram a propricdade fundiaria nas mos de cada ver menos pessoas. nda era util r James Hargreavesinventa spinning co Oe LL La YU) COTIDIANO Batata e industria A bata & um tubreuooriginiio do regiso sucameriana dos Andes, nde esto wane Peru e Boia. Fol trode na acon apis Comavst, no séeulo XVL mes sé ere ure para consume do anima, Hava grande preconceto em vii, pois a base da alimentocb europsa eram on creas Comoe ig eo cei e os ubérculs ramon sierados inignos para alimniagdo mana Fa pairando que anauro de btata se populares dead oséeuo XV mae samen no seule XI tia passou a ser um dos prinpais aliments das populaBes mois pobres ni 6 na ana, come try te 9 Grd-Brotanha. A grande vantage ca “Em grupo, discutam e respondam 85 4 ‘al Durante a “Grande Fore”, muitos in da alimentario, Era frequente ave Bs tlas tivessem acesso a uma atimentagdo falta de imunidade do organi ) Na época da “Grande Fé tendo Londres como set ands foram desastrosas tera do prépro pow irlandés dustrais da Gra-Bretanh, dual po ie pouco efi 2mnF. miuina que revlucionaris © procasse de fa¢30 do algodo. batata é seu alto grau de resisténcia, pois suas raizes ficam armazenadas e preservadas no solo, brotando sem necessidade de novo plantio. (O fato de a populagao pobre da Irlanda depen~ der quase que exclusivamente da batata foi, em certa ocasido, desastroso. Entre 1845 e 1847, um fungo destruiu praticamente toda a producao ir- landesa de batata, Surgiu entdo a “Grande Fome' fe mithares de pessoas se dirigiram para a Inglater~ ra, aumentando a oferta de trabathadores para a indistria ferroviria, em franca expansao, ou imi graram para a América. Nos anos que se seguiram "Grande Fame", a populacao da Irlanda diminuiu em cerca de 2 milhdes de pessoas. Apinture Comedores ‘an Gogh, de 188, Fetratacamponeses folandeses na memento Aarofoigan. Attala aparece como Unico ‘mento, evdeneando ‘ lgarieagao de Dopulaeo mats pobre Aaeuropa Mase Nn Gogh Amster, olan, estdes abairo: sivisuos morreram por doengas relacionadas & pobreza nutricional Yessoas sucumbissem @ doencas que seriam curadasfacilmente caso Tica em nutrients, Relacione, ra perspectiva da nutricéoatual, 2 aero ae consumo de somente um tip de alimento se toda a tha da Irianda fz pate do Reino Unio da Gri-Bretanha e ilanda ss teanarquie As paliticaslonrinas para resolver o problema da forme na tes. Alguns politicos ingleses chegaram a afirmar que a culpa ise concideravam um problema vé-lo rigrar para as grandes cidadesin- sera Logica econdmica dessa politica? 6 4 James Watt patenteia uma maquina @ vapor ecient, Richard Arkwright ciaaflandeira ideduliea, aoter frame Farta mao de obra 0 cercamento dos campos foi elemento decisivo para 0 desenvolvimento da industria. Com 0 aumento da produtividade por meio do avango técnico da ay cultura, permitiu-se a produgio de matéria-prima para as fabricas, As transforma- {es no campo também resultaram em mais alimentos para a populagao e, como Consequéncia, em menos mortalidade, o que representou aumento demogrifico, ‘Um grande contingente de trabalhadores passou a se ocupar de outras atividades, como nas minas de carvio e de ferro e nas fabricas nascentes. O excesso de pessoas sem trabalho fez com que surgissem, desde o século XVI, Leis Anti vadiagem, que podiam punir até com a morte pessoas que nao trabalhassem. E certo que essas mu- dangas transformaram profundamente 0 universo econdmico ¢ cultural dos antigos camponeses, que tiveram de se submeter a uma ordem nova: a do capital. Tornaram- -se assalariados no campo ¢ nas cidades. ‘A mio de obra das primeiras fibricas txtes inglesas, no final do séeulo XVII, resultava também do aumento demografico. Nessa época, houve um aumento da po- pulagio urbana e rural na Gri-Bretanha, que saltou dos 6 milhées para 10 milhdes de pessoas, em fins do século XVII e para impressionantes 18 milhdes na década de 1840. Redes fluviais © pioneirismo inglés na industrializacZo ocorreu, ainda, devido a existéncia de amplas vias fluviais. Eas viabilizaram um rapido e eficiente sistema de transportes entre o interior e os portos maritimos, além de serem mais econdmicas do que as terrestres no transporte de mercadorias pesadas ou volumosas, como 0 carvao. Desde o século XVI, os ingleses se preocuparam em melhorar as vias fluviais para fornecer carvdo aos moradores das cidades, que o utilizavam para cozinhar alimentos e se aquecer, ¢ As pequenas fabricas (panificagées, forjas, curtumes, re- finarias de agticar e cervejarias). Para isso, alteravam o curso dos rios ¢ abriam canais. Quando comecou a industrializagao, havia cerca de 2 mil quilémetros de ‘éguas navegiveis na Inglaterra. Até o final do século XVIII, foram construidos ‘outros mil quilémetros, o que criou boas condigies as novas fabricas para receber ‘matéria-prima e escoar mercadorias. Em resumo, a Revolugio In- dustrial ocorreu especialmente na Inglaterra por um conjunto de facores. Embora restrta a alguns produtos ¢ centralizada em certas regides, transformou a Inglaterra na principal economia do mundo. O.aquedle representade ne gravure a0 lade oi concirulge para que cs navas atravessassem oo rwel, entra a cidades de Manchester sgh, nalngltra o\encomendao parse transports de candoce mines em Worsley para Manchester einuguredo em V1 Colesio particular % = Adam Smit, tide como o paid iberalieme econdmico 3 Tecnologias: phe ogias: o papel da maquina a vaj Desde o século XVI, 0 vapor era visto como uma posi lidade de fonce de energia na exploracao do ferme ede see vy em especial para bombearasdguss que con feceaan jmundavam as minas. Nenhuma das maquinasa vapor criadas,posém, -seiciente. Somente em 1712, apos anos de trabalho, 6 in glés Thomas Newcomen aprimorou uma miguins por far gua das minase dstribuéla ds eidades O custo da méquina de Newcomen era muito elevado James Watt, em 1769, melhorou essa maquina, baisando os exstos produ. Com iso, cl adaprada para diversos usos industriais, alcancando sucesso num ramo especifico da indiistria inglesa: a fabricagio de fos = etecidos de i e de algodio, mage tie! Sir erage Os aprimoramentos na fia e tecelagem dala ocorriam havia muito tempo. urns hncorey Xe stelo XVI, Inglatra produc weds dH os ebm aos nome econorneamenite rel 2 cado externo. O mesmo nao ocorria com os tecidos de algodio, pois nao havia Paucun ees téenicas para produzir fios finos e resistentes. Para nio arrcbentar, fio de algodio oeBmagura ge vat era feito junto com o linho, o que resultava em um produto de qualidade inferior. ‘omsramvss stars 0 iguas que com frequéncia ‘Assim, 0 grande investimento tecnol6gico no setor txt se divigiu para a produ-_“fostrores para o> ms io de tecidos de algodio. sander ins tanenatine Paris, Fran, Inovagées mecanicas na fiasio ‘Até a Revolugdo Industrial, produzir fios que depois se transformariam em um tecido era tarefa demorada. As fiandeiras manuais faziam somence um fio de cada vez. O desafio tecnol6gico era o de fazer mais fios em menos tempo. Conseguiram. Tnventaram maquinas com mais fusos trabalhados por somente uma PESS02;CO™0 4 ser pane, de Rihard ade James Hargreaves, que desenvolveu a spinning jenn, em 1767, que consistia —“aatwght neh le Gm uma reda com ito fusos trabalhados com a mio. Com o tempo, essa méqui- _,,, Psteneouaméquine de ta fol apereigoadea ey no final do século XVII, as maiores mquinas desse tipo Nerds, dope apo possufam até 120 fusos. A spinning jenny foi um sucesso absoluto: por ser barata are funeinarcom 8 aie manuseio, acabou adotada por Sandeiras de toda a Inglaterra, que se “Trou asec XX mantinham trabalhando no espago doméstico. : rua geeedsXX Pouco tempo depois da invengio da spinning jen, em 1769, surgi uma fan- deica mais potente, movida pela forea da agua. Era a fiandeira hidréulica (wa- ter flame), eeada por Richard Arkwright, que permitia produzir fos de algodio redatenter com mistura com o linho. Essa maquina era de fécil manuscio e, por isso, nd requeria mao de obra especializada. Mas tinka alguns inconvenientes: cra mito cara e precisava ser instalada ao lado de um rio. Foi uma méquina industrial desde o inicio, principalmente na regio de Lancashire, no noroeste da Inglaterra ( grande desafio foi usar 0 vapor para impulsionar essas aquinas, tecnologia desenvolvida em 1785 pelos s6cios James Wart e Matthew Boulton. Ficaram muito mais re Pidas e eficienres. Akém do mais, as fabricas se libertaram dda necessidade de estar proximas a ris. Abriu-se definiiva- mente o caminho para um novo sistema de producio, dessa vezem grande escala. ‘Samuel Crompton patensia 9 mule, um fuso mecdnice que mescla as técicas da spinning enny Tecelagem do algodao Se a fabricacao de fos avansou a passos largos no séeulo XVIII, 0 mesmo io ocorren com 2s maquinas na tecelagem. Em outras palavras, a confecsio de fios era mais edpida que a producio dos tecidos. Em 1784, o reverendo Edmund Cartwright inovou com o tear mecinico. A méquina, porém, tina muitos proble- ‘mas, ¢ somente foi aprimorada no inicio do século XIX. Ccardar»desenredara Mas outros inventos do final do século XVIII melhoraram 0 fabrico de te- tama deumamatér- _¢idos de algodao. Foi o caso da introdugio de novos processos de cardar, de jprima para coneccionar Jimpar e de desfar 0 algodio. Aprimoraram-se 0 branqueamento § 08 Processes de tingi Nos anos 1790, a maquina de separar as sementes de algodao criada por Eli Whitney, nos Estados Unidos, diminuiu consideravelmente © preco da smatéria-prima. ‘Apesas dos avangos, nas duas iiltimas décadas do século XVII, a 18 ainda se mantinha como 0 principal produto téxtil inglés. Para se ter uma ideia, em 1800, 05 tecidos de algodao alcangavam apenas 5% dos valores das exportases britanicas. Mas 0 cendrio estava em mudanga acelerada. Em 1830, 0s produtos tEateis de algodo jé eram responséveis por mais da metade do valor total das exportagoes briténicas. ‘A matéria-prima vinha principalmente dos Estados Unidos e da {ndia. No in‘- cio da década de 1780, a quantidade de algodio importado equivalia a menos de 4600 toneladas. Na década de 1840, esse peso saltou para aproximadamente 227 mil toneladas. Plantacto de algodo na Geri, Estados Uniso,o principal lornecedor de algodde para a Ingle? ihando, em cerca de 1880. ColegSo particular, do periodo. Na ftograia, familia escrava | Reverendo Edmund Cartwright mena otesrmecbnico, im >4 Nova divisao do trabalho, proletariado fabril A fabricagio de tecidos era b luma atividade tradicional na Ing Pe rics es lade tradicional na Inglaterra. A maioria 2, de alguma forma, envolvida com 0 processo fare tecer A introducio de uma nova matéia pina e cede Sots XVIII, nfo mudou em principio essa organizagio, ‘A nova maquina de far de Hargreaves, ue se baseava no trabalho doméstico camponés, ainda manval, tomou possivel a fabricagdo doméstica de tecidos de algo io no mesmo sistema utilizado com os tecidos de If. Mesmo com o aparecimento das fabricas de fiagdo, nas primeiras décadas do século XIX, a maior parte da produ <0 ainda resultava do trabalho doméstco. O mesmo ocorria com a teclagem dos fos, entregue is oficinas de teceldes nas aldeias ou vilee A introduslo das méquinas no processo produtivo aumentou o montante dos in- vestimentos no setor téxtil,restringindo o mimero de empresirios com dinheito para ‘montarfabricas. A propriedade das maquinas concentrou-se na pessoa do industrial! capitalist, que contratava os operérios pagando salitos plas jomadas de trabalho. Na fabrica, os operdvios atuavam somente em uma etapa da produgio.~ uma mu- danga radical na forma de realizar seu trabalho. Em oxtas palavras,o processo prod tivo nas fabrcas tendia ase fragmentaresava em curso uma nova divisio do trabalho! No contexto fabril, ssa divisio do trabalho mostrava-se mais prodiutiva e ca- paz de atender ao aumento do consumo ~ o consumo em massa. Dessa forma, 05 trabalhadores cram tragados por um sistema em que a maquina era o centro do processo produtivo. Crescem as cidades Os tecidos de algodio da India jé eram conhecidos €aceitos na Europa, nego- ciados pelos britinicos através da Companhia das Indias Orientais. Quando os ingleses passaram a produzir tecidos de qualidade semelhante a dos indianos, jé havia um mercado consumidor estruturado. Os pregos mais baixos permitiram 20s tecidos ingleses competir nos mercados. 'Na Inglaterra, o centro da produsio estava na cidade de Manchester. Com a utili 1asio cada vez maior da fiandeira hidrdulica, inacessivel os camponeses, as fabricas de fiagio se multiplicaram, mantendo um ritmo de trabalho ditio e ininterrupto, Tradicionalmente, eram mulheres e eriancas os principais trabalhadores domésticos dda fagdo. Eos negociantes mantiveram o emprego dessa forga de trabalho em suas f- bricascuja disciplina era muito mais rigorosa do que no sistema de fiacio doméstico, Com as tcansformagies radicais no regi — ime de trabalho, entre os séculos XVIII e XIX, nilhares de trabalhadores passaram a se con- centrar em fabricas, sob um regime de servigo intenso ¢ rigoroso, Sem uma regulamentagso ‘specifica, caleula-se que a jornada didria de ttabalho era superior a 12 horas. Somente em 1847 apareceram regulamentagées que limita- vam a jornada a dez horas didrias. Em 1850, ‘outra lei estipulow um hordrio para encerrar atividade semanal: duas horas da tarde de sibado, com descanso no domingo ~ dia tradi- cionalmente reservado a religi: + Olver Twist. Dire Roman Polansi Estados Unidos, 2005, Olver Twist cresceu mum orfanatoe foi vendo para um amir. Por conta dos maus-ratos recebides, el foge pars Londres, onde | sojuntaa um grupo de menoresteinados pars roubar, tengo adult em que ‘confecgo de uma pega passive por varias mies, 2 produpae cada qual urmprindo uma aela spectios ne process. (Gravorapubieads om 1054 ‘ojormal The lstrated Landon News, de Londres, Coles particular Arkoright, revolucionando 8 James Wat tliza vapor par operara guna de ar de Ricard arovvede nt ce algeso. ves © sistema de fabrca impulsionou outras mudangas. Ampliou consideravelmene c “apanso desse sistema para OULras prod. 4 popuilagao urbana, especialmente com a exP: + 20UA mie Ges como as de chapéus,spatos,frraments alimentos, Diversfcoss oso de Germinal Séo Pal: | Servis, ebretudo 0 comércio. Também cresceu a oferta de empregos domésticns — a dasa. 2000, dag cozinhenasearrumadeiras ~nas casas dos novos ¢ rieos empresiris, cliesica da eratra ‘Na passagem do século XVIII para o XIX, aumento da populagio nas cidades, ‘rund pubiado que no estavam preparadas para receber tanta gente teve repercusslessocias sign fem 1685 Tata da vido fcaeivas, Em cidades como Londres, Manchester, Liverpool ¢ Leeds, multiplicavam se esmineradoes de rss pobres, ¢ os govemos loais no conseguiam arender 3 nova demands ¢ wees eeu promover cforms do espago urban, Haviaruas em calgamento, Iixo por todos os ‘BLomtorore urs | Caos, muitos pessoas morando numa mesma casa. A sitacHo era propica pars a | grevesangreniaeum fnacao de doencas, com epidemias frequentes de célera¢ tfo. Aprofundaram se | desente = as desigualdades socias entre ricos e pobres. INVESTIGANDO 0 DOCUMENTO Mutheres, criancas e a producdo fabrit ‘A maioria dos historiadores concorda que as relacSes de trabalho definem tracos essenciais de uma sociedade, Antes do chamada Revolucao Industral, a forma com que proprietarios e trabalhadores se relacionavam era muito diferente daquela estabelecida pela produgdo fabril, que a substitui Antes da Revolug3o Industral, mulheres e criancas jétrabalhavam na produgéo de tecidas. Porém, com 0 sistem fabril, elas se tornaram 2 mao de obra preferencial de quase toda atividade ligada ao vestudro, Nas imagens a seguir, mulheres e meninas trabalham na confecrao de tecidos e sapatos; na primeira, ainda predominava o sistema artesanal;na segunda, cada grupo de mulheres foi representado fazendo uma tarela ‘specifica, de acordo com a nova divisBo do trabalho, sob a supervisso de homens. ; i (i i i P| h Gravura do século XM representande atesis praduindo fis. Gravura do séclo XX epresentando uma fabric de sapate + Leia o depoimento a seguir e, com base na observacio das duas gravuras desta secio © no que voce ‘aprendeu no capitulo, responda: quais as principals diferencas entre o trabalho do camponés no sistema ‘doméstico e anova divisdo do trabalho em uma fabrica? ‘Na verdade nao hava horas regulares: patrOes e administradores faziam conosco o que queriem. Normal ‘mente os relégios des fabricas eram adiantados pela manha e atrasados 4 tarde e em lugar de serem instru ‘mentos de medida do tempo eram uiilzades para o engano ea opressdo ‘Anni. Captlesnavida de um menino opera de Dundee, na Eséci, em 1857 Cider urn Backs yploncto chr a5 clam VY Yes oe Srodrichbry PUA 100 - —— estadunidense EU Whitney venta ot I Toventa 0 descarogador de algodso, inst 5 Significados do livre-comércio ¥m meados do séeulo XVI relexdes dos Fisiocratas franenres a ake: aPateceram os primiros estudos ou ue crticavam as politicas mereantilstas dos Estados europeus. Entre os fiiocne édico 2 as estava 0 médico Francois Quesnay. A principal base do pensamentofiocraa ado dice aura todos Aircivo de usufruis a vida e de exercer suas faculdades, endo como limite 0 res- peito a eee a bens os outros. Os fisiocratas defendiam que a agricultura era a principal produtora de riquezas, e que era um erro privilegiar 0 comércio ea produgio manufatureira, pois estes nfo criay ow “| Pes passin fam produtos, s6 08 faziam circular gq Limb aeram vtias a proteconismo alfndepri,defendendoa iberdade le comércio como a nica saida para um bom desempenho econdmico Oliberalismo Contemporaneo dos fisiocratas e por eles influenciado, 0 escocés Adam Smith foi o mais prestigiado dos tedricos do liberalismo econdmico, em oposicio as teo- rias mercantilstas (que defendiam a intervencio do Estado na economia, sobre tudo coma fixasio de monopdlios, 0 controle ea taxacao do comércio exterior) ‘Adam Smith seguiu a linha dos fsiocratas franceses na critica a0 mercantilismo, considerado um grande problema para o desenvolvimento econémico. Os paises, segundo ele, nao tinham de promover o crescimento com politicas que arruinavam outros povos. Mas, se 0s fisiocratas defendiam a agricultura como fundamento do ‘rescimento econdmico, Adam Smith sustentava que a riqueza era essencialmente produto do trabalho humano. Mais ainda: “a opulencia nasce da divisto do traba- Iho” e da especializagao, seja na agricultura ou na indstia (0s fisiocratas e Adam Smith sio considerados os fundadores da Economia Po- | litica moderna. A frase “Laissez faire, laissez passer”, “Deinai fazer, deixai passar”, tornou-se um emblema do liberalismo econémico. Apesar de ser uma simplifica- so, ela reproduzia a ideia de que era necessério defender a liberdade econémica ‘em oposigao ao controle por parte do Estado ou de qualquer instituicio contraria A liberdade humana. (O principal livro de Adam Smith, A riqueaa das nacdes, foi sucesso imediato. mente em 1776, em 1800 ja estava na oitava edicio, publicado | fados Unidos, na Irlanda e na Suiga. Alguns anos depois, recebeu ' cedigdes em dinamarqués, holandés, francés, alemio, italiano ¢ russo. Estava cla~ ro que seus pressupostos foram muito bem accitos, em particular pelos grandes ios. Os governos, entretanto, insistiram no controle sobre as esferas da Langado ini produgio, até mesmo na Inglaterra. ‘A énfse na divis4o do trabalho foi considerada como acertada. Mas nao se péde fazer muito em relacdo a liberdade de comércio. As tarifas alfandegérias € protecionistas permaneceram, de alguma forma, em todas as grandes eco- homias europeias e nos Estados Unidos. Mas, em termos te6ricos, os ingleses foram os mais ardorosos defensores do livre-comércio, sobretudo porque suas mercadorias ~ principalmente os tecidos de algodio ~ nao encontravam con. correntes no mundo. Nio resta divida de que as teoria 6 grande estimulo 3 iniciativa privada na Inglaterra e & formago do futuro Im- do liberalismo econdmico foram um Pério britanico. 101 | berrota detinitiva de Napotede. Congresso de Viena e» Santa | Ranga 115 Sane ts Evolucao ou Revolucao Industrial? A origem do termo Revolucdo Industrial é bas tante controversa, Os que viveram na época, mesmo intelectuais do porte do escocés Adam Smith, no identiticaram seus sinais. O conceito comecou a ser utilizado no século XIX, e tudo indica que foi oalemao Friedrich Engels o primero a usé-lo nolivro Situacdo da classe trabalhadora na Inglaterra, de 1845. 0 termo aparece, também, no livro do inglés Stuart Mill Principios de economia politica |1848) e ro de Stanley Jevons A questao carbonitera (18651. alemao Karl Marx fei quem teorizou sobre esse processo, no primeiro volume do livro O Capital, de 1867, dedicado ao surgimento do capitalismo industrial, Mas 0 primeiro a tratar exclusivamente do tema foi Arnold Toynbee, numa série de conferén- cias proferidas em 1881, que resultaram no livro Conferéncias sobre a Revalucao Industrial do século Inauguracio do Eetrada de Ferro Stockton-Darlington, na Inglaterra ” sublinhando que, em economia, nao hé revolucdes, mas evolucdes. E certo que ha periodes, como © das duas tiltimas décadas do século XVIII, de mu- dancas tecnolégicas muito répidas. Para o historiador Eric Hobsbawm: ud chamar esse processo de revolucao industrial & ldgico e esté em conformidade com ume tradicao ‘bem estabelecid, embora tenha sido mods entre os historiadores conservadores ~ talvez devido a uma certa timidez face a conceitos incendidrios ~ negar ‘sua existéncia e substitul-la por termes banais como “evolucio acelerada”.Se a transformacao répida,fun- damental e qualitativa que se deu por volta da década de 1780 née foi uma revolucdo, entdo a palavra nao tem qualquer significado pratico. De fato, a revolucéo industrial ndo foi um episédio com um principio e um fim, [.} sua esséncia foi a de que a mudanca revolu- cionéria se tornou norma desde entdo. v7] xv. 2 longo do tempo, muitos historiadores eriti- ‘caram 0 uso do termo revolucdo para o fenémeno, HOBSBAWM, Eric A ora das roves: 1787-1848, Rio de Jancir: Paz e Terra, 1982p 4-45, + Em sua opiniéo, as transformacBes desse periado podem ser consideradas realmente uma revalucio? Podemos comparar o impacto dessas transformacées com o da Revolucgo Francesa, que todos concor- dam ter sido realmente uma revalucdo? de Alocomotiva domina o mundo No inicio do século XIX, a Inglaterra era a sociedade mais rica da Europa, com uma industrializagéo em franca expansio e uma s6lida monarquia parlamentar. Uma novidade, surgida na década de 1820, aumentou ainda mais 0 poder dos ingleses: a ferrovia. Em 1823, foi inaugurada a Estrada de Ferro Stockton-Darlington, mas a “Era das Ferrovias” comegou mesmo em 1829, com a linha entre 0 porto de Liverpool € © principal centro industrial inglés, a cidade de Manchester Foi o inicio da moderna industria pesada: a de bens de producio ou bens de capital. A ferrovia foi revolu- cionaria até pelo seu efeito multiplicador, estimulando diversos ramos industriais € comercias ligados ao novo sistema de transporte. _Emum ritmo impressionante,a Inglaterra passou a ser cortada por linhas ferrovi- firias, financiadas por capitais privados, sem participacio direta do governo. No ini cio, os vagées foram utilizados principalmente para o transporte de mercadorias, em particular as pesadas, com 05 comboios se movendo vagarosamente. O surgimento das locomotivas, mais possantes e velozes, diversificou o sistema e permitiu o trans porte de passagciros com custos hem menores do que o das carruagens dil len FerroManchester-Lverpoekmercoda era era error ingles Dominando essas tecnologi ra pode abrir ferrovias em varias part castear 4 construgio da malha ferro ras reas em que a Inglaterra exercia algun controle politico, como Egitoe india, Oni dustriais britanicos domintaram os mercados sundiais, eduziram custos e lucraram come nunca. Nasceu, assim, 0 “ledo” britinico, imagem de um império que se agigantava, ( desenvolvimento da ferrovia também mudou 0 quadro da composicio dos traba- Ihadores na Inglaterra. Nas indi trias de bens de consumo, como de tecidos, calgados, roupas e alimen- tos, a mio de obra predominante cra feminina ¢ infantil. Jé nas in- distrias de bens de producio e na construgio de estradas de ferro, a mio de obra era masculina. Enge- nheiros e técnicos, mais especiali- 2ados, tornaram-se fundamentai A procura por mio de obra tor- ‘nou-se intensa. Dos orans dig uma ds primes ecomelis vapor inventadas pelo engeniro Inglds Geege Stephenson, na deaca de 170 No Grasi le harm conherdas como "mara fumaea dei 3 densa nar de vapor epecra que explam pla chan a Fotgrain do sec 1 ile Ubon tte Th Ut) Um viajante destumbrado | io avanco fez com que pos- soas se maravilhassem. 0 historiador francés ias, a Inglater= {As ferrovias néo foram sempre recebidas com ale- aria naturadade, No ino da expansioferroviria aan ase nteve cou thatga ene o cetcimo Jules Michelet vajou de trem enire Londres ¢ | fea admiragao por aqueles vagies correr sobre tri- Liverpool, em meados do século XIX. Descreveu, thos, soltando espessas nuvens de fumaca. Houve os deslumbrado: | que se recusavam a viajar por julger que a velocida-—_Cinguentaléguas em quatro horas. Nada pode dar de do trem poderia causar cequeira. Quiros temiam 4 ideia da fulminant velocdade com que se desenrola, perder ojuizo se fxassem os alos nurn combo °™ coma mum conto de fad, este surpreendente panord Irate elaracto de coneidrarespataearenkez my’ No corremos, mos voames or cima des campos Seseuronment Parcs paresd8 622.2605 [7 Planymos sobre es abe. Beer rato de ra rapier oor 5a Me ee ames Verdade, a velocidade, na década de 1830, chegova sn HOBSBAKM Ex Are do cat: Soren 0h Cont, aata de 60,9 "SG rode es aera ie \locidade dos trens é passava dos 60 km/h ‘Michelet quis dizer com a expressio "Planamos sobre os abismos”? © 0 que o historiador francés Jules PA ee ac imagens que justifiquem essa descricao. Obtenha informacoes e, se possivel 103 Cringe da tiga aduaneiraatems sob alideranca da Prussia: 0 Zolveren 7 Expansio britanica nos trilhos do trem A hegemonia nos setores textile ferrovisrio permitiu que a Gri-Bretanha fi derasse com folga, entre os europeus, a corrida em direg4o a outros continentes, ‘A Nova Zelindia comegou a ser colonizada por ingleses em 1837, ¢ a Austrélia, até ent3o um lugar de desterro, foi povoada por massas de imigrantes britinicos 1 partir de 1840. O Canada também foi o destino escolhido por muitos colonos ingleses. O problema do desemprego, que comesava a aflgit 0s ingleses, foi par cialmente contornado por essas colonizacies O século XIX foi o tempo de consolidagao da classe operaria inglesa ~ 0 prole: tariado (ver segdo Reflexdes, na pagina 111). Cada vez mais afastados das formas domésticas de produgao, 0s trabalhadores se agrupavam nas grandes fabricas.Jé nas minas de carvao, apesar das bombas e guindastes mecanicos, era por meio do ‘tabalho bracal que se extraia 0 carvao mineral. ‘A Inglaterra tornou-se, no decorrer do século XIX, 0 pais com © maior e mais poderoso grupo de industriais, que de Longe empregavam o maior niimero de ope- ririos no mundo fabrl. Tornou-se, sem trocadilho, a locomotiva do mundo. Os demais paises tiveram de embarcar nesse processo de industrializacio, sob risco de cair na total dependéncia do ledo britanico. ‘Todos os paises do mundo interessados em implantar o sistema de transporte ferroviirio tiveram de apclar para a Inglaterra, nico pais capaz de um investi ‘mento de tamanha envergadura. Foi assim que os empréstimos, as empresas, 0s técnicos, as locomotivas € os ingleses comecaram a se espalhar pelo mundo. Nos Estados Unidos, apés 0 sucesso dos primeiros experimentos dos trens ingleses, um grupo de empresarios da Pensilvénia comprou uma locomotiva nna Inglaterra. Logo comegaram as construgées e os investimentos, num ritmo ainda mais répido do que na Europa. A rede ferrovisria estadunidense saltou de modestos 65 quilémetros, em 1830, para 4500 quilémetros, em 1840. Na década seguinte, os Estados Unidos contavam com uma malha ferrovidria de 14400 quilémetros, ‘AHistéria no seu lugar 0 Brasit nao ficou de fora da expansao fer- ‘ovisria inglesa, A Estrada de Ferro So Paulo Railway. inglesa,ligava 0 porto de Santos, ery So Paulo, & capital e a vila de Jundiai. Passou afuncionar em 1867. Seu tracado visava escoar 8 produgao de café e acdicar dessa regiao. Fel Construida com capital, técnica e mio de obra especializada lengenheiros)britanicos. 0 tra- jeto, que incluia a escarpa do planatt, impli= ‘cou a construcao de tineis, pontes e viedutos. Em 1946 foi encampada pelo governo brasile- ro e transformada na Estrada de Ferro San- tos-Jundia i ‘Sao Paulo Rallway 3 ‘Sho Paulo Railway, fotografia ge Mare Ferre, 1895: Cleeso particular, a Primsiee echo ferrovisrio no norte ale eee aca ar emo. ico da “coquluche terrors" na Franca ee »7 NagGes emergentes; Francae Alemanha capitalistas Inglaterra se industralizou sem vado. Os empresirios invest transformar a economia bri planejamento prévio,utilizando o capital pei- 0 eto nds mcs doo eno att nica. O mesmo nio ocorrea com os demas paises earopeus. Cada lgarteve de lidar com suas propres epecieideds rence, Foram, portato, industralizacies posterorese, por vey mais pias eecen- tes. Na passagem do século XIX para o XX, alguns paises jé podiam concorrer coma Inglaterra na economia mundial, prineipalmente Alemanha e Franga. AFranca [A Franga era um pais de grande extensio territorial, mas desprovido de meios de transporte adequados para formar tum mercado integrado. Prevaleciam 0s ne- g6cios locais ou regionais, em geral em torno de uma economia agréria. A Revo- lugio Francesa, embora tenha destrocado o poder da nobrezae do clero,aprofun- dou essa estrutura rural ao conceder ferras a0 eamponeses. ‘Assim, tudo contribufa para que os franceses nlo conseguissem deslanchar uma economia capitalsta similar inglesa apesar do cariter burgués da Revolugio. Enr- auecidos, os burgueses preferiram adquirr cargos nobiliérquicos ou artigos de luxo, Jmitando um estilo de vida aristocrético que a Revolugio de 1789 havia derrubado. "Asolugao encontrada pelos industiisfranceses 1 investir no que jd era tradi- cional no mercado interno: os artigos de luxo consumidos pela burguesia urbana e pelos proprietérios ruraisaristocraticos, como mobili, tecidos de seda, rendas, Toupas, chapéus, plumas, perfumes e aderecos variados. Grande parte dessa pro dlucio era executada por profisionais experientes¢ foi exportada para o mundo. Por volts de 1840, a expansio da economia francesa exigia maior exploragio das mings de ferro e de carvao, o que esbarrava na precaridade do sistema de transporte TTornouse urgente a construcao de uma rede ferovidea, Para tanto, era preciso onginizar um sistema bancéro, associarcapitais c construr uma rede comercial tm grande escala, Era uma empeitada dificil, Os poucos Pancos francesesinham Sie ctindos nas déeadas de 1820 c 1830 ¢ eram dominados por um pequeno gru- po de empresicios de Pars, ‘A introdugdo da ferrovia, fnanciads por inglses associados a uns poucos em presérios parisienses, contribuiu. um pow co para mudar 0 quadro. Isso s6 mudou de ato na segunda metade do séeulo XIX, com fatores politicos decorrentes da as censio ao poder de Napoleto Ill, sobri ho de Napoledo Bonaparte, em 1852. Entre os ans de 120 140, urgiam, em as ranes a de Sperry apni de noveaiés, Nees, eam vendo Siento state nas lott Bs areas rapelsem Par, no stl XX £8 ee eee no MunaudeAres Decora, ° eae de Pars na Fans Teeies, roupas, jolts, pee Na imagem, 2 gravure eee 105 Inicio da colonicagie da Nova Zlindiapotos inalses. ia Initia alimentia na Prussia, emcerea ge 1670 Homens fabrcando lsichos pre 9 exert, ‘ogravaraclorda Se 1870-1871, Calero particular. Obonapartismo [A partir da chegada ao poder de Napoledo Ill, os industriais franceses passaram ater reconhecimento piiblico, a ocupar posigdes no Estado e a influir nas decisdes ‘governamentais. Essa situagao levou a uma participagio decisiva do Estado na eco- rnomia, sobretudo nos anos 1850, em especial nos investimentos de infraestrutura, ‘Ao final do século XIX, a Franga se apresentava como um pais industrial, com suas instituigdes bancarias ¢ fnanceitas bastante desenvolvidas einvestindo em induistrias, cm particular nas de ferro e ago nas regides mineradoras, como na provincia de Lo- rena, e nas minas de carvio do norte. Em 1914, quando estourou a Primeira Guerra “Mundial, Franga ocupava a terceira posigo entre as economias capitalistas da Euro- pa. Na frente dos franceses, somente a pioneira Inglaterra ¢ a Alemanha, AAlemanha No inicio do século XIX, era consideravel a diversidade entre os Estados ger- ‘manicos. Mas havia tragos comuns que lembravam os pequenos reinos ou princi- pados dos séculos anteriores: uma politica de impostos elevadoss concentragio de recursos no financiamento de exéreitos; economia agréria, com forte presenga da servidio camponesa Na primeira metade do século XIX, os altos cargos nos Estados germanicos exam ocupados, em grande parte, por homens formados nos prineipios da llustra- %o (do Tluminismo}, ou seja, que compreendiam bem o sentido do liberalismo. Apesar do espirito conservador, varios Estados germanicos, em particular a Pnissia, apoiaram ou bancaram 0 estabelecimento de empresas capitalistas, na exploragio de minas e na eriagio de indkistrias. A Prissia havia saido fortalecida das guerras napolednicas, com 0 territrio intacto, ao contrario de varios outros Estados duramente atingidos. Iso facilitou a hegemonia prussiana sobre o terri- 16rio germinico. primeiro grande passo para essa hegemonia foi dado em 1834, com a criagio de uma unigo aduaneira, o Zollverein. Incluia 38 Estados do norte e do centro do territ6rio, aos quais aderiram os Estados do sul, cm 1867. A geadual eliminagio das barreiras alfandegarias e a centralizagio das decisdes criaram excelentes con- digdes para a industrializagio, segunda “coqueluche ferrovbia™ na Franca, ence Etivpa:» primavera dos pov: su raga em 1847 Seguindo a onda liberal que varreu a Europa na soot 3 Ep on icin mate oo balho assalariado. O territério da futura Alemanha possuia: ave, per vole de 1850, a0 menos o esbogo das condigBes fundamentns para o deerwolvimento capitalista: mercado interno e trabalho live. Aimplantacao dos trithos e a industrializacao No decorrer da década de 1840, favorecidos pela unio aduancira, os grandes proprietérios rurais da furura Alemanha passaram a apoiar a implantacio de ferro- vias, percebendo que poderiam aumentar suas vendas ¢ lucros. Os militares, por sua vez, perceberam a importincia da ferrovia para o transporte de matérias-primas, sol- dados ¢ armamentos. Com isso, estimularam o Estado a investir na malha ferrovidra, O sistema ferrovisrio foi um dos principais responsiveis por desenvolver sign ficativamente a economia dos Estados inseridos no Zollverein. A indiistria téxtil até entio incipiente, tomou novo impulso e, embora incapaz de concorrer com 08 téxteis ingleses, conseguiu se expandir no mercado interno. Os bancos tiveram papel de destaque no investimento de capitais em ferrovias, nas grandes indiistrias de base e na abertura de minas, em contraste com 0 que ocorreu na Inglaterra. A industria pesada de bens de capital, como a de metalur- sia foi o carro-chefe da industrializagio,alimentada pelo capital financeiro, com © apoio do Estado. Uma das principais inovagdes nesse processo de industralizacao foi o inves- timento dos diversos governos na educacio, especialmente nos niveis téenicos € cientificos, criando profissionais altamente qualificados. Os alemiies chegaram a desenvolver tecnologia de ponta que superava, em muitos aspectos, a dos ingleses, em especial no setor quimico. nv esuo, on Fatadongerminios reniram todas a condgin para um pro= cesso de industrializagao eficiente: grande mercado consumidor interno; grande oferta de mio de obra, alimentada por um crescimento demografico expressivos 4h tecnologia existente; empresas estrangeira interes- recursos minerais adequados educagdo técnica e cientifica. (© processo de indus- tializagio alemao, pot conta do grande investi mento do Estado, foi d nominado de “revolugio elo ao”. Recebeu ainda ‘nome de“modernizacio conservadora”, por ni0 ter removido, como na Franga,o poder da aristo- «tacia rural. Ao contrério, 8 aristocracia junker co- ‘mandou 6 pracesso. Fabrica de fro defer na regio do Stes, i ae Adoloh Menzel. 187 lor apresertou as vSras tapas dtrzathe 0 fans, ‘Feegueres,trabalnacores ‘thar sob luminasdoce a2 fornaihae edomelal incandescent no ‘conto 3 fundies do rr producaode iminas: 3 siete, pausa para a comida, 2 por uma menina sounds, rablnesores umpam pars en oo ones "Fesquerde, moldada pela luminesdade dos omainas, nape da isbricaobeena ode eprocease, Mencel suis demonstrar se curse ‘condibes detrabalha satnustiapetada do Alemanha recim-uniieada © ‘apidemente nausiaiceds cam 2apoio do Eeago ‘iio Gleria Nacional Berm, tlmanha [overs use Frnt ts 3 »>s Conceito de capitalismo termo capital era usado em latim com fungio de adjetivo. A expressio pars capitalis debiti, por exemplo, significava “a parte principal de um débito”. Com ‘0 tempo, a palavra passou a ser sindnimo de “conjunto dos bens em comércio ou na produeio”. No século XVII, comegou a ser usada como substantive sindnimo de “riqueza, valor; um cabedal, a maior expressdo da riqueza do homem”. © termo capitalista, por sua vez, jé era usado no século XVIIL Dele se origi- nou a palavra capitalismo, que define uma forma especifica de agir ccondmico, datado historicamente, e parte de um sistema politico e social maior. \Viirios pensadores elaboraram teorias sobre o capital ¢ 0 capitalismo, em es pecial os alemies Karl Marx (1818-1883) e Max Weber (1864-1920), Karl Marx deu maior importancia ao modo como se organizava a produgio, Para cle, s6 existia capitalismo nas sociedades em que predominava 0 pagamen- 10 de um salério a0 trabalhador. A condicio fundamental era o trabalhador ser livre para vender sua forca de trabalho ao proprietario dos meios de produgio (os instrumentos de trabalho, as maquinas,a terra etc.). Segundo Marx, o perio- do compreendido entre os séculos XV e XVIII nao pode ser caracterizado como cast da Alemanba | as Capitalismo industrial e financeiro Ao longo do século XIX, 0 capitalismo se tornou muito mais complexo. Embo- aa economia fabri, voltada para a produgio de bens de consumo (como tecidos, roupas ¢ alimentos), tenha se ampliado, no fim do século a economia capitalista era eminentemente produtora de bens de produgao ou bens de capital, como a aetalurgia, a8 méquinas, a energia c, em especial 0s transportes movidos a vapor: ferrovias € navios. © necessirio aumento do volume de investimentos para fazer funcionar esse capitalismo restringiu, cada vez mais, o nimero de empresirios que participavam do negécio. © capitalista individual e a empresa familiar perderam importancia. | Bo capitalismo tendew a se concentrar em grandes empresas, em geral associadas ao sistema bancéio, Ocorreu uma espécie de fusio entre o capital industrial ¢ 0 capital financeiro. Em resumo, no século XIX, nas regides mais dindmicas, consolidaram-se 0 c2- pitalismo e a sociedade industrial ~¢, com cles, a concentragio da populagio em zonas urbanas, a formacio de um mercado de trabalho assalariado, o predominio dos bens industrializados na economia, a concentragio da riqueza e do capital em grandes empresas e a venda desses produtos para um mereado mundial. : ves aaldade, de 1867, ota a hata, alrmando que elas repete: 0s ‘charge ed deae chara ries wus nia eon # Nel, anda ay das rept gar gos dono das ft ladrdes do pave da dade Média cram! ss do pov da lade M nee iia Coleeo porticlae Proprietirios rabalhadores: gorges ~ our a Roteiro de Estudos p> Para organizar 1. Em 1799, um proprietério rural de Cheshunt Park recebeu a seguinte carta anénima ‘Somes s Associados da Parquia de Cheshunt em dlesa de osses dros parva de que osenhor qurlegetnene 1s privar(.. Se 0 senhor pretender cercar noscts campos comuns, [.] e586 alo sanguinsrio egal vi dear sous en. res sem sangue(..Declarames que o senor no poderd ‘deer “estou seguro” quando for para a cama; estejaaleria para que, 20abriros ota, no se vejaenre cham 1 Ciado em: THOMPSON, Ednard A forma case pena inglsa Rade Jane: Pea Tera, WOT wo 9 0h, ‘al Contra o que os hatitantes de Cheshunt se rebelavam? I A que grupo social esses hebitantes pertenciarn? 6) 0 que eram “campos comuns” no sistema agrério. inglés? 2. Que relacao de trabatho passou a predominar depois da Revolucao Industrial? 3. Além do papel determinante da energia a vapor, que outras condicdes fizeram da Inglaterra a pioneira Burguesia e proletariado A palavra burgués se originou do termo fran- 8s bourgeois, que, até 0 século XVI, signfcava 0 habitante da cidade de Paris que gozave de direitos politicos. Depois, passou a designar 0 cidad0 com direitos politicos em qualquer parte da Franc também, o grupo mercantil, os comerciontes de ‘qualquer pals. Mas foi com as teorias de lta de classe marsistes que se tornou um conceit, No Manifesto Comunista, de 1848, Karl Marx € Friedrich Engels afirmavam que a burguesia “de senvalveu-se, aumentou seu capital e delzou pare tras todas as classes oriundas da Idade Média tanto camponeses quanto aristocratas. Para eles, 0 Estado representative modern tornau-se um “comité para administraros interesses comuns de toda a burguesia". Entrando no terreno do uta de classes, a burguesia “deu vida aos homens que v80 trmpunhar ess armas 2 classe trablhadora * Avalie a pertinéncia dos conceitos apr ‘al o procesto de industrializagio alero; fa criacao do complexo fabril conhecide como Revolugao Industrial? 4, Relacione o aprimoramento tecnolégico da industria tGatil a0 processo de concentracao de trabalhadores, etn fabricas. 5, No nove sistema de fabrica que se criava na Inglaterra do século XVIll, como se estruturou a visio do trabalho? 4, Estaboleca as principas diferencas entre a teoria ceconémica mercantlsta e a doliberalismo. 7. Comente a afirmativa:a Inglaterra converteu sua economia baseada na madeira e na gua para uma alicergada no carvdo e no ferro. 8. Estabeleca as principals dferencas entre a Inglaterra, a Franca e os Estados germénicos no que diz respeito& instalagdo do transporte ferroviario, rlacionando-as com o papel do Estado, | 9. Em que diferem as explicagdes de Max Weber e Karl Marx sobre o captalisme? moderns, os proletirios” Os burgueses, para eles, ram os que detinham a prpriedade da terra, das {dbricase dos instrumentos de trabatho~ do cap | tal em suma, Os trabalhadores £6 eram proprield- Fos de sua forga de rabotho ho terma prolatéri se orginou dolatim pro- lear, protetari,pertencente&camade mais bal | xada Roma antiga e considera cidade que nada | oferecia 8 socedade, excta fils. AU 0 século XIX, era poucacomum eusado com uma canatagio te despreze para indicar as condgses cos pobre, erm geral,gndos a ociosidade, 8 criminaidade, a6 {rabatho manual, 3 ignordnea, Fl também cam 0 | ManitestoComunista que o ermo assumiu um sg- | nilleadociferente, politico, referndo-se aes traba- Ihadoresassalriados industria e agricola ~o= {ue ndo possulam capital eprecisavam trabathar para sobreviver. resentados no texto em dois casos: a situacdo da classe operiria inglesa, m a

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