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As Mudangas no Ciclo de Vida Familiar: Uma Estrutura para a Terapia Familiar Betty Carter, M.S.W. ¢ Monica McGoldrick, M.S.W. © tempo presente e o tempo passado TTalver estejamambos,presentes no tempo futuro, Eo tempo futuro, contido no tempo passado, TS, Elliot mmuitas muciangas no campo da terapia familiar em relagio a esse t6pico, © nos proprios padres de ciclo de vida, Em primeiro lugar, existe uma flo- Teccente literatura discutindo as familias, com relagio & gua fase desenvolvimentaly ereferindo-se a0 divércio, recasamento e doen¢a crOnica ern termos desenvolvimen- fais, Em segundo luger, houve uma pequena revolucdo na percepgio das diferencas ho desenvolvimento masculino e feminino (Gilligan, 1982; Miller, 1976; etc.) ¢ em Juas implicagdes com o ciclo de vida famniliar. A posigao conservadora, ou mesmo feacionatia, que o campo da terapia familiar assumiu com zelacio a0 papel. ds wmalher fol fortemente criticada (Goldner, 1986; Taggert, 1986; Libow, 1964; Flare Mustin,1978,1980 & 1987; The Wonsens Project in Family Therapy, no prelo; McGol- Brick, Anderson & Walsh, no prelo, etc) e tequer uma cuidadosa reconsideragao cle rnossas suposigBes acerca da “normalidade” da nogio de “familia” — de quem ¢ responsivel por sua manutencéo — ¢ do papel do terapeuta ao responder as normas P reatidades® sociopoliticas em modificagao. Também ficamos mais conscientes da importincia dos padrbes étnicos e da variabilidade cultural nas definisdes da nor” muldade do ciclo de vida (McGoldrick, 1982). Nesta segunda edicio, tentamos reavaliare reformular nossa primeira edigao a luz. dessas perspectivas em modificasao, ‘Gostariamos de enfatizar dois cuidados que devemos ter em relacio arperspec- ‘iva de ciclo de vida, Uma aplicacio rigida das idéias psicoldgicas a0 ciclo de vida “normal” pode ter um efeito prejudicial, caso promova um ansioso autovescrutinio aque desperte o medo de que qualquer desvio das normas seja patologico, A armadi tha oposta, superenfatizar a primazia do “admirével mundo novo” enfrentado por cada nova geracio, pode criar um senso de descontinuidade historica ao desvalorizer © papel da paternidade e tirar o significado do relacionamento entre as geracdes, O nosso objetivo € o de oferecer uma visio do ciclo de vida em termos do relaciona mento intergeracional na familia, Acreditamos que este constitui um dos nossos naiores recursos humanos. Nao queremos supersimpliticar a complexidade das tran } Je poucos anos decorridos desde a primeira edigdo deste livro, ovorreram at Betty Carter & Moniea McGoldrick sdes de vida nem encorajar a estereotipia, promovendo classificagées de “normali- dade” que limitem nossa visdo da vida humana, Pelo contrario, nossa esperanga & & de que, ao sobrepormos a estrutura de ciclo de vida familiar aos fendmenos naturale da vida 20 longo do tempo, possamos aumentar a profundidade com que os tera, peutas consiceram os’problemas e as forcas familiares A perspeetiva do ciclo de vida familiar vé os sintomas e as disfungoes em relacio 20 funcionamento normal ao longo do tempo, e vé a terapia como ajudando a restabelecer 0 momento desenvolvimental da familia. Ela formula problemas acer ca do curso que a familia seguiu em seu passacto, sobre as tarefas que est tentando dominar e do futuro para o qual esta se dirigindo. Nossa opiniao é a de que a familia é mais do que a soma de suas partes, O ciclo de vida individual acontece dentro do ciclo de vida familiar, que € 0 contexto primério do desenvolvimento humano. Consicleramos crucial esta perspectiva para o entendimento dos problemas emmocio. nals que as pessoas desenvolvem na medida em que se movimentam juntas através da vida. F surpreendente como os terapeutas, até bem pouco tempo, prestaram pouca atencio estrutura do ciclo de vida. Talvez sejam as mudancas dramatices nos padrbes de ciclo de vida que estejam atrainco a nossa atencao para esta perspectiva De qualquer forma, esté ficando cada vez mais dificil determinar quais 380 03 padrdes “normais', e isso € muitas vezes causa de grande estresse para os membros da familia, que tém poucos modelos para as passagens que estio atravessando Neste livro, consideramos 0 ciclo de vida familiar em relagdo a trée aspectos: (1) 08 estigios prediziveis de desenvolvimento familiar “normal” na tradicional Classe média americana, conforme nos aproximamos do final do século XX, © as Uipicas disputas clinicas quando as familias tém problemas para negociar essag tran sigGes; (2) os padrdes do ciclo de vida familiar que estao se modificando em nossa Epoca e as mudancas naquilo que € considerado “normal”; e (3) uma perspectiva clinica que vé a terapia como ajudando as familias que descarrilaram no ciclo de vida familiar a voltarem a sua trilha desenvolvimental, e que convida voce, terapeuta, a incluir-se, e a seu proprio estégio de ciclo de vida, nesta equacdo (Capitulo 5) A FAMILIA COMO UM SISTEMA MOVENDO-SE ATRAVES DO TEMPO. Em nossa opinido, o estresse familiar é geralmente maior nos pontos de transi- S80 de um estagio para outro no processo clesenvolvimental familiar, e og sintomas tendem a aparecer mais quando ha uma interrupcio ou deslocamento no ciclo de vida familiar em desdobramento. Muitas vezes, & necessério dirigir os esforcos tera. peuticos para ajudar os membros da familia a se reorganizarem, de modo a poderem Prossegulr desenvolvimentalmente, Michael Solomon (1973), um dos primeiros tera- eutas a cliscutir a perspectiva do ciclo de vida familiar, delineou tarefas para um Ciclo de vida de cinco estigios, ¢ sugeriu a utilizacdo desta estrutura como uma Base diagnéstica sobre a qual planejar o tratamento. Outros autores dividiram o ciclo de vida familiar em diferentes némeros de estagios. A andlise mais amplamente aceita € a do socislogo Duvall (1977), que trabalhou muitos anos para definir 0 desenvol, vimento familiar normal, Duvall separou o ciclo de vida familiar em oito estagios, todos referentes aos eventos nodais relacionados as idas e vindas dos membros da familia: casamento, o nascimento ¢ a educacao dos filhos, a safda dos filhos do lar, aposentadoria e morte, A andlise mais complexa do ciclo de vida foi a proposta por Rodgers (1960), que expandiu seu esquema em 24 estigios separados que incluern © progresso dos varios filhos através dos eventos nodais do ciclo de vide, Hill (1970) enfatizou tres aspects geracionais do ciclo de vide, descrevendo os pais dos filhos casaclos como formando uma “ponte geracional” entre as geracées mais ‘As Mudlangus no Ciclo de Vida Familiar 9 velhas e as mais novas da familia, Sua opiniao ¢ a de que em cada estagio do ciclo de vida existe um complexo de papéis distinto para os membros dé familia, uns em relago aos outros. Combrinck-Graham (1985) sugeriu, uma énfase nas oscilagées entre perioclos centripetos e centrifugos no desenvolvimento familiar, enfatizando as experiéncias de vida, tais como o nascimento ot a enfermidade, que requerem um estreitamento e primazia dos relacionamentos, e outras experiéncias, tais como ini- iar a escola ou um novo emprego, que exigem um foco na individualidade. Obvia- mente, as muitas maneiras como os membros da familia dependem uns dos outros dentro da “espiral geracional”” (Duvall, 1977, pagina 153), numa mtitua interdepen- déncia, sfo parte da riqueza do contexto familiar conforme as geracbes se movem, através da vida O desenvolvimento de uma perspectiva de ciclo de vida para o individuo foi grandemente facilitado pelo criativo trabalho de Erikson (1950), Levinson (1978), Miller (1976), Gilligan (1982) e outros, ao definirem as transigées da vida adulta. Estudos recentes sobre 0 casal a0 longo do ciclo de vida ajudaram-nos a obter uma perspectiva temporal do sistema de duas-pessoas (Campbell, 1975; Gould, 1972; Harry, 1976; Schram, 1979; Nadelson e colaboradores, 1984). O modelo de trés pes- 5028, ou familiar, foi cuidadosamente elaborado por Duvall, que focaliza a educagao dos filhos como 0 elemento organizador da vida familiar. Nés gostariamos de considerar 0 movimento de todo o sistema geracional abrangendo trés ou quatro geragdes em seu movimento através do tempo. Os rela- ! cionamentos com os pais, irm&os (Cicirelli, 1985) e outros membros da familia pas- i sam por estégios, na medida em que a pessoa se move ao longo do ciclo de vida, ‘exatamente como acontece com os relacionamentos progenitor-filho e conjugal. Bn- tretanto, é extremamente dificil pensar na familia como um todo, em virtude da complexidade envolvida. Como um sistema movendo-se através do tempo, a familia possuii propriedades basicamente diferentes de todos os outros sistemas. Diferente- mente de todas as outras organizasies, as familias incorporam novos membros apenas pelo nascimento, adogao ou casamento, e os membros podem ir embora I somente pela morte, se € que entéo, Nenhum outro sistema esté sujeito a estas i limitagies, Uma oxganizasao comercial pode despedir aqueles membros que consi- era disfuncionais, ou, reciprocamente, os membros podem demitir-se se a estrutura € 08 valores da organizacéo ndo forem de seu agrado. Se no puder ser encontrada nenhuma maneira de funcionar dentro do sistema, as presses nos membros da familia sem nenhuma saida podem, em casos extremos, levar & psicose. Em sistemas nio-familiares, os papéis e fungées do sistema so executados de uma maneira mais ou menos estével, substituindo-se aqueles que partem por alguma razo, ou ento 0 sistema se dissolve e as pessoas vao para outras organizagdes. Embora as familias, também tenham papéis e fungbes, 0 seu principal valor so os relacionamentos, que so insubstituiveis. Se um progenitor vai embora ou morre, uma outra pessoa pode ser trazida para preencher uma funcio paterna, mas essa pessoa jamais substituird 0 Progenitor em seus aspectos emocionais ‘ ‘Nossa opinio é a de que a “familia” compreende todo 0 sistema emocional de pelo menos trés, e agora freqtientemente quatro, geragves. Esse € o campo emocional operative em qualquer momento dado. Nao achamos que a influencia da familia i esteja restrita aos membros de uma determinada estrutura doméstica ou a um dado amo familiar nuclear do sistema. Assim, embora reconhecamos 0 padrao americano dominante de familias nucleares separadamente domiciliadas, elas so, em nossa opinigo, subsistemas emocionais, reagindo aos relacionamentos passados, presentes e antecipando futuros, dentro do sistema familiar maior de tres geragbes. Nos insis- timnos em que voce inclua pelo menos essa parte do sistema em seu modo de pensar, € 0 capitulo 8 explica como utilizar efetivamente 0 genetograma para esse mapea- mento e investigacao clinica. ————————— Betty Carter & Monica McGoldrick Nossa perspectiva de trés geracdes nao deve ser confundida com aquilo & que Goode (1963) referiu-se como a “classica nostalgia da familia ocidental” — uma época mitolégica em que a familia ampliada reinava suprema, com miituos respeito e satisfacdo entre as geragées (Hess & Waring, 1984). O sexismo, classismo e racismo de tais arranjos patriarcais ndo devem ser subestimados. Entretanto, nbs pagamos tum prego pelo fato de a familia moderna ser caracterizada pela escolha nos relacio- namentos interpessoais: com quem casar, onde viver, quantos filhos ter e como dividir as tarefas familiares. Como Hess e Waring observaram, “Conforme nos movemos da familia de lacos obrigatérios para aquela de lacos voluntérios, os rela- cionamentos fora da unidade nuclear perdem igualmente qualquer certeza ou con- sistencia normativa que os governavam em épocas anteriores. Por exemplo, os rela- cionamentos entre itmaos, hoje em dia, s80 quase completamente voluntarios, sujei- tos a rompimento através da mobilidade ocupacional e geogréfica, como na verdade acontece com 0 proprio casamento” (pagina 303). No passado, 0 respeito pelos pais € a obrigacao de cuidar dos mais velhos estavam baseados em seu controle dos recursos, reforcado pela tradicio religiosa e pela sangao normativa, Atualmente, com a crescente capacidade dos membros mais jovens da familia de determinar seus proprios destinos no casamento € no trabalho, 0 poder dos mais velhos de exigir a piedade filial est reduzido, No passado, a manutencao dos relacionamentos fami- liares era compreendida como responsabilidade das mulheres: elas cuidavam das criangas, cuidavam dos homens, e cuidavam dos idosos e doentes. Isso esta mudan- do, Mas a nossa cultura ainda esta dedicada ao "individualismo” fronteirica e no fez atranjos adequados para que a sociedade assuma essas responsabilidades, € muitas pessoas, especialmente as pobres e as desamparadas, normalmente mulheres e criancas, estdo fracassando em suas tentativas. Nés ndo estamos, todavia, tentando encorajar 0 retorno a uma rigida familia de tr8s geragdes, injusta, patriarcal, mas, pelo contrario, queremos estimular o reconhecimento de nossa ligagao na vida — dentro de qualquer tipo de estrutura familiar — com aqueles que vieram antes de 1nés e com aqueles que vieram depois. Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que surgem muitos problemas quando as mudangas no nivel social do sistema n&o acompanham as mudancas no nivel familiar, e, conseqiientemente, deixar de vali- dar e apoiar as mudangas. Um dos aspectos mais complexos do status dos membros da familia é a confu- so que ocorre sobre a pessoa poder ou ndo escolher sua qualidade de membro ¢ consegiiente responsabilidade numa familia. Atualmente, as pessoas muitas vezes agem como se pudessem ter escolha nessa questo, quando de fato existe muito pouca. Os filhos, por exemplo, nfo tém escolha quanto a nascer dentro de um sistema, nem os pais, depois que os filhos nasceram, pocem optar quanto existen- cia das responsabilidades da paternidade, mesmo que negligenciem essas response- bilidades. De fato, nao se entra em nenhum relacionamento familiar por escolha, a no ser no casamento. Mesmo no caso do casamento, a liberdade de casar com quem a pessoa deseja € uma opedo bastante recente, e a decisdo de casar provavelménte € tomada com muito menos liberdade do que as pessoas normalmente reconhecem na época (veja 0 Capitulo 10). Embora os parceiros possam escolher nao continuar um elacionamento conjugal, eles permanecem co-progenitores de seus fillhos, e 0 fato de terem sido casados continua a ser reconhecido com a designacéo de “ex-cénjuge” As pessoas nao podem alterar o fato de serem relacionadas 2 quem s40_na complexa teia de lacos familiares ao longo de todas as geragdes. Obviamente, os membros da familia agem como se isso nao fosse assim — elas rompem relagées em virtude de seus conflitos ou porque acham que “ndo tém nada em comum” —, mas quando os membros da familia agem como se os relacionamentos familiares fossem opcionais, eles o fazem em detrimento de seu proprio senso de identidade e da riqueza de seu contexto emocional e social ‘As Mudangns no Ciclo de Vide Famitiar u Embora o processo familiar néo seja, de modo algum, linear, ele existe na dimen- séo linear do tempo. Disso jamais poderemos escapar. Trabalhos ahteriores sobre 0 ‘clo de vida raramente levaram em conta este complexo processo de modo adequado. ‘Talven isso aconteca assim porque, de uma perspectiva multigeracional, nao existe nenhuma tarefa unificadora como aquelas que podem ser descritas se os ciclos de vida fo limitados a descrigdes do desenvolvimento individual ou das tarefas de paterni- dade. Mas € dificil superestimar 0 tremendo impacto modelador de vida de uma geragdo sobre aquelas que a seguem. Em primeiro lugar, as tr®s ou quatro diferentes geragoes devern acomodar-se simultaneamente as transicdes do ciclo de vida. Enquan- to uma geracdo esta indo para uma idade mais avangada, a préxima esta lutando com © ninho vazio, a terceira com sua idade adulta jovem, estabelecendo carreiras e rela- cionamentos intimos adultos com seus iguais e tendo filhos, ¢ a quarta esta sendo introduzida no sistema. Existe naturalmente uma mistura das geragoes, ¢ os eventos em um determinado nivel tem um poderoso efeito nos relacionamentos em cada um dos outros niveis. © importante impacto dos eventos na geracdo de avés ¢ rotineira- ‘mente esquecido pelos terapeutas centrados na familia nuclear. Experiéncias dolorosas como doenca ¢ morte so particularmente dificeis de serem integradas pelas familias, , assim, provavelmente tém um impacto de longo alcance nos relacionamentos das geragées seguintes, como foi demonstrado no impressivo trabalho de Norman Paul (aul & Grosser, 1965; Paul & Paul, 1974; veja também o Capitulo 19) Atualmente, existem muitas evidéncias de que ,0s estresses familiares, que costumam ocorser nos pontes de transigao do ciclo de vida, freqtientemente rompimentos neste ciclo e produzem sintomas e disfungio. Hadley ¢ seus colegas (1974) descobriram que o inicio dos sintomas tinha uma significativa correlagio com as crises desenvolvimentais de acréscimo e perda de membros da familia. Walsh (1978) e Orfanidis (1977) descobriram que um evento significativo do ciclo de vida (morte de um av@), quando estreitamente relacionado temporalmente com um outro evento do cielo de vida (nascimento de uma crianga), correlacionava-se com padroes de desenvolvimento de sintomas em uma transigao bem mais tarciia no ciclo de vida familiar (0 langamento da geracio seguinte). Existem crescentes evidencias de que os eventos de ciclo de vida possuem um efeito continuado sobre o desenvolvimento familiar durante um longo perfodo de tempo. &, provavelmente, nossa propria pers- pectiva limitada, como terapeutas, que dificulta nossa percepgao desses padres. ‘Uma pesquisa raramente ¢ executada durante um perfodo maior do que alguns poucos anos, e assim pode-se perder facilmente as conexdes longitudinais, Um grupo Ge pesquisa, ditigido por Thomas, estudou 0s padrées familiares de alunos de medicina da Johns Hopkins, e depois os acompanhou durante muitos anos. Eles fencontraram nuimerosas conexdes de ciclo de vida entre padrdes familiares iniciais posterior desenvolvimento de sintomas (Thomas & Duszynski, 1974). Essa pesqui- sa apéia o método clinico de Bowen, que investiga os padres familiares através de seu ciclo de vida em varias geracbes, focalizando especialmente os eventos nodlais ¢ 0s pontos de transicdo no desenvolvimento familiar, tentando compreender a'disfun- io familiar no momento presente (Bowen, 1978). ‘Conforme ilustrado na Figura 1-1, nés consideramos o fluxo de ansiedade em ‘uma familia como sendo tanto “vertical” quanto “horizontal” (Carter, 1978). © fluxo vertical em um sistema inclui padr6es de relacionamento e funcionamento que sio transmitidos para as geragBes seguintes de uma familia principalmente através do mecanismo de triangulagdo emocional (Bowen, 1978). Ele inclui todas as atitudes, tabus, expectativas, rotulos e questées opressivas familiares com os quais nés cres- cemos. Poderfamos dizer que esses aspecios de nossa vida sao como a mo que nos maneja: eles so os dados. O que fazemos com eles ¢ problema nosso. © fluxo horizontal no sistema inclui a ansiedade produzida pelos estresses na familia conforme ela avanga no tempo, lidando com as mudancas ¢ transigées do ci- 2 Betty Carter & Monica MoGoldrick Estressores Vorticais a rivets Do sisTeMa Pass, mos, segredoso agacesfaliaes 1. Secil, Ctra, Potco,Econdion v (@inero, ais, etna, et) 2. Cameniéads, ooiogas do 2. Fait amps 4. Fama ruta 5. Indvidve Tempo > Estressores Horizontais -» |. DESENVOLVIMENTAIS Trasigdet do Cielo do Vide 2 IMPREDIIVeS Mort peecoce,dosnga ei, aconte Figura 1-1 .Estressores horizontaise vertcas, clo de vida familiar. Isso inclui tanto os estresses desenvolvimentais prediziveis uanto 0s eventos imprediaiveis, “os golpes de um destino ultrajante” que podem romper 0 processo de ciclo de vida (uma morte prematura, o nascimento de uma ctianga deficiente, uma enfermidade crénica, uma guerra, et). Dado um estreoe Suficiente no eixo horizontal, qualquer familia pareceré extremamente disfuncional Mesmo um pequeno estresse horizontal em uma familia em que 0 vixo vertical apresenta um estresse intenso iré criar um grande rompimento no sistema Em nossa opinio, o grau de ansiedade gerada pelo estresse nos eixes vertical Ehorizontal, nos pontos em que eles convergem, é o determinante-chave de quao bem a familia ira manejar suas transicdes ao longo da vida, Tornacse imperative, conseqitentemente, avaliar nfo apenas as dimensdes do estresee do ciclo de vidy atual, como também suas conexdes com temas, triangulos e rétulos familiares que acompanham a familia no tempo histérico (Carter, 1978). Embora toda mudasca formativa seja estressante até certo ponto, nds observamos que, quando o estresse horizontal (lesenvolvimental) faz uma intersegdo com o vertical (transgeracional), crate tm aumento importante da ansiedade no sistema. Se, para dar um exemplo global, os pais da pessoa tiveram prazer em ser pais e lidaram com a tarefa sem uaa ansiedade excessiva, 0 nascimento do primeiro filho produzira somente os estresses Rormais de um sistema expandindo suas fronteiras em nossa época. Se, por outro lado, a paternidade foi uma cause célebré de algum tipo na familia de origem de urn ou de ambos os cOnjuges, ¢ ndo foi mancjada, a transigGo para a paternidade porte Provocar uma ansiedace aumentada no casal. Quanto maior a ansiedade gerada na familia em qualquer ponto de transicfo, mais dificil ou disfuncional serd a transicao. Alem do estresse “herdado” de geracdes anteriores e daquele experenciado enquanto avancamos no ciclo de vida familiar, existe, ¢ claro, 0 estresse de viver neste lugar, neste momento. Nao pademos ignorar 0 contexto social, econdmico ¢ Politico e seu impacto sobre as familias movendo-se através de fases diferentes do Giclo de vida em cada momento na histéria, Precisamos entender que existem discre. Pancias imensas nas circunstancias sociais e econdmicas entre as famnlias na nossa cultura, e esta desigualdade tem aumentado. No presente, os primeiros 10% da Popuilacéo possuem 57% da riqueza tiquida do pais, enquanto os 30% inferiores da Populagso dividem 45% da iqueza liquida total (Thurow, 1987). Entreos homens que tra. | | As Mudangas no Ciclo de Vide Familiar B balham; somente 22% ganham $31,000, e, entre as mulheres que trabalham, somente 3% ganham esse valor. (O tratamento que a sociedade da as mulheres que trabalham ainda ¢ gritantemente desigual, sendo que elas no ganham mais do que 65% daqui- Jo que seus equivalentes masculinos ganham na forca de trabalho, e sendo que as mulheres e as criancas respondem por 17% dos que estéo na miséria.) Nos estamos rapidamente chegando ao ponto em que somente uma familia com ambos os pais trabalhando em tempo integral seré capaz de sustentar uma vida de classe média (Thurow, 1987), i Os fatores culturais também desempenham um papel maior na maneira pela qual as familias passam pelo ciclo de vida. Os grupos culturais ndo apenas variam imensamente em sua separacao dos estagios de ciclo de vida e definigdes das tarefas de cada estégio (Capitulo 3), como também esté claro que mesmo apés varias gera- Ses depois da imigracéo, os padrées de ciclo de vida familiar dos grupos diferem | acentuadamente (Woehrer, 1982; Gelfand é& Kutzik, 1979; Lieberman, 1974), Também devemos reconhecer a tensio que o indice de mudanca imensamente acelerado coloca nas familias hoje em dia, quer as mudangas sejam para melhor, quer para pior. Mesmo os estgios do ciclo de vida sto avaliacdes bastante arbitrarias. A nocéo de infancia foi descrita como uma invencio da sociedade ocidental do século dezoito ea de adolescéncia como uma invencio do século dezenove (Aries, 1962), relaciona- das aos contextos cultural, econdmico e politico daquelas épocas. A nogao de idade adulta jovem como uma fase independente poderia facilmente ser reclamada como uma invengao do século vinte, e a das mulheres como pessoas indepencentes, como do final do século vinte, se & que isso jé € aceito atualmente. As fases do ninho vazio ¢ da terceira idade também sio desenvolvimentos principalmente deste século, de- sencadeacias pelo menor nimero de fillhos e pelo periodo de vida mais prolongado de nossa época. Dados os atuais indices de divorcio e recasamento, o século vinte & um pode vir a ser conhecido por desenvolver a norma do casamento serial como parte do processo do ciclo de vida, A tendéncia da psicologia desenvolvimental term sido a de abordar historicamente o ciclo de vida. Em virtualmente todas as outras culturas contemporéneas e durante virtualmente todas as outras épocas hist6ricas, a anilise dos estagios de ciclo de vida slo diferentes das nossas atuais « finigdes. Para aumentar essa complexidade, os grupos de pessoas que nasceram e viveram em periodos diferentes diferem na fertilidade, mortalidade, papéis de género aceitaveis, padroes de migracio, educagio, necessidades © recursos, e atitudes em relacto a familia e ao envelhecimento, As familias, caracteristicamente, ndo possuern uma perspectiva temporal quan- do estio tendo problemas. Flas geralmente tendem a magnificar 0 momento presen- te, esmagadas e imobilizadas por seus sentimentos imediatos; ou elas passam a fixar- se num momento futuro que temem ou pelo qual anseiam. Elas perdem a conscién- cia de que a vida significa um continuo movimento desde 0 passado e para o futuro, com uma continua transformacao dos relacionamentos familiares. Quando,o senso de movimento € perdido ou distorcido, a terapia pode devolver o senso da vida ‘como um processo e movimento desde e rumo a. AS MUDANCAS NO CICLO DE VIDA FAMILIAR Na geracio passada, as mudangas nos padrées de ciclo de vida familiar aumen- taram dramaticamente, especialmente por causa do indice de natalidade menor, da expectativa de vida mais longa, da mudanga do papel teminino e do crescente indice de divércio e recasamento. Enquanto antigamente a criagdo dos filhos ocupava os adultos por todo o seu perfodo de vida ativa, ela agora ocupa menos da metade do periodo de vida adulta que antecece a terceira idade. O significado da familia lineata eee ee ere Ci “4 Betty Carter & Monica McGoldrick std mudando drasticamente, uma vez que ela no esta mais organizada primaria ‘mente em torno dessa atividade A mudanga do papel feminino nas familias é central nesses padres de ciclo de Vida familiar em modificagao. As mulheres sempre foram centrais no funcionamento da familia, Suas identidades eram determinadas primariamente por suas fungoes familiares como mae e esposa, Suas fases de ciclo de vida estavam ligadas quase que exclusivamente aos seus estagios nas atividades de criagdo dos filhos. Para os ho. mens, por outro lado, a idade cronoldgica era vista como uma variével-chave nas determinagies do ciclo de vida. Mas essa descricdo néo se ajusta mais, Atualmente, as mulheres esto pasando pelo ciclo de maternidade mais rapidamente do que suas avs; elas podem transferir o desenvolvimento de objetivos pessoais para alem do campo familiar, mas no podem mais ignorar esses objetivos, Mesmo as mulheres ue escolhem um papel principal de mae e cona de casa devem agora defrontar-se com uma fase de “ninho vazio” que iguala, em duracéo, os anos dedicados prima. riamente a cuidar dos filhos. Talvez 0 moderno movimento feminista fosse inevité. vel, na medida em que as mulheres passaram a precisar de uma idehtidade pessoal Tendo tido sempre a responsabilidade priméria pela casa, familia e cuidados as criancas, as mulheres necessariamente comecaram a debater-so sob suas cargas, conforme passaram a ter mais opgbes em suas propria vidas, Dado seu papel fundamental na familia ¢ sua dificuldade para estabelecer fungdes concortentes fora dela, talvez no surpreenda que as mulheres tenham sido as mais propensas a desenvolver sintomas nas transigbes de ciclo de vida. Para os homens, os objetivos de carreira e familia so paralelos. Para as mulheres, esses objetivos entram em conflito ¢ apresentam um grande dilema. Embora as mulheres sejam mais positivas do que os homens em relagéo ao prospecto de casamento, geralmente elas esti menos satisfeitas do que eles com a realidade do casamento (Bernard, 1972), As mulheres, no 05 homens, costumam ficar deprimides no momento do niascimentoy isso parece ter muito a ver com o dilema que essa mudanga cria em suas vidas. Av mulheres, mais do que os homens, buscam ajuda durante os anos em que educam 0s fithos, no momento em que seus filhos atingem a adolescéncia e sae de casa, ¢ quando seus maridos se aposentam ou morrem. E s4o as mulheres, ndo os homens, que tém a principal responsabilidade pelos parentes mais velhos, Certamente o fate de as mulheres buscarem ajuda quando tém problemas tem muito a ver com a ‘maneira diferente pela qual elas sdo socializadas, mas isso também reflete os eslres- Bes especiais de ciclo de vida sobre elas, cujo papel tem sido o de assumir a respon- sabilidade emocional por todos os relacionamentes familiares (Capitulo 2, Atualmente, num ritmo cada vez mais acelerado 20 longo das décadas deste século, as mulheres mudaram radicalmente — e ainda esto mudando — a face do tradicional ciclo de vida familiar que existiu durante séculos. De fato, a presente Beraco de mulheres jovens € a primeira na historia a insistir em seu direito a Primeira fase do ciclo de vida familiar — a fase em que o jovern adulto deixa a casa dos pais, estabelece objetivos de vida pessoais e comeca uma carreira, Hlistoricamen, fe, esse passo extremamente crucial no desenvolvimento adulto foi negado 48 mu- theres, ¢, em ver disso, elas eram passadas dos pais aos maridos. Na fase seguinte, a do casal recém-casado, as mulheres estao estabelecendo casamentos com diay carreiras, tendo filhos mais tarde, tendo menos filhos, ou simplesmente escolhendo ndo ter filhos. Na fase de “panela de pressao” do ciclo de vida familiar — aquela das familias com filhos pequenos — ocorre a maioria dos divércios, muitos deles iniciados pelas mulheres; na fase seguinte, a das familias com adolescentes, os casais apresentam o mais répido crescimento nos indices de divercio atualmente. & durante essa fase que a “crise do meio da vida” envia as escolas e ao trabalho um nimero de mulheres sem precedente. Finalmente, quando os filhos se foram, um casal casado- ~ se ainda esté casado — pode esperar uma média de vinte anos sozinho, junto, a ‘As Mudangas no Ciclo de Vida Faniliar 18 | mais nova e mais longa fase do ciclo de vida familiar. Em épocas anteriores, um dos | cOnjages, geralmente 0 marido, morria uns dois anos depois do casamento do filho mais jovem. A terceira idade, a fase final do ciclo de vida familiar, quase tornou-se ‘uma fase apenas para as mulheres, mais pot elas sobreviverem aos homens que por viverem mais do que costumavam viver. Nas idades de 75-79 anos, somente 24% das ‘ mulheres tém maridos, 20 passo que 61% dos homens tém esposas. Nas idades de 80-84 anos, 14 % das mulheres tém maridos e 49% dos homens ttm esposas. Na | idade de 85 anos, 6% das mulheres tem maridos e 34% dos homens tém esposas \ (Bianchi & Spain, 1986; Glick, 1984b; US. Senate Special Committee Report, 1985). [As recentes mudancas nesses padrées tornam ainda mais dificil a nossa tarefa de definir o ciclo de vida familiar “normal”, Uma porcentagem sempre crescente da populacéo est vivendo junto sem casar (3% dos casais em qualquer momento da vida) e um némero rapidamente crescente esté tendo filhos sem casar. No presente, 6% ou mais da populagdo € homosexual. As estimativas atuais so de que 12% das mulheres jovens jamais casario, trés vezes a porcentagem da geragao de seus pais; 25% jamais ter8o filhos; 50% terminaro seus casamentos em divorcio e 20% teréo ' dois divércios, Assim, as familias nko esto passando através das fases “normais” ; nos momentos “normais”. Se acrescentamos a isso o niimero de familias que expe- renciam a morte de um membro antes da terceira idade e aquelas que em um ; membro cronicamente doente, deficiente ov alcoolista, 0 que altera seu padrio de ciclo de vida, o niimero de familias “normais” ¢ ainda menot, Um outro fator maior {que afeta todas as familias numa 6poca ou noutra é a migraclo (Sluzkki, 1979; McGoldrick, 1982). A quebra na continuidade cultural e familiar criada pela migra- ‘cdo afeta os padres de ciclo de vida por varias geragdes. Dado 0 imenso niimero de lamericanos que imigraram nas duas xiltimas geragdes, a porcentagem de familias “normais” diminui ainda mais. . ‘essa forma, o nosso paradigma para as familias americanas de classe média é atualmente mais ou menos mitologico, embora estatisticamente exato, relacionando- se em parte com padrdes existentes, e, em parte, com os padrées ideais do passado, com 0s quais a maioria das familias se compara. iE imperativo que os terapeutas reconhecam, pelo menos, a extensfo da mudan- ca eas variagées em relagéo A norma, to comuns, € que ajudem as familias a parar Ge comparar sua estrutura e curso de ciclo de vida com aqueles da familia da década de cingiienta. Embora os padrées de relacionamento e os temas familiares continue 1a soar familiares, a estrutura, idades, estagios ¢ formas da familia americana muda- ram radicalmente. Chegou a hora de 0s profissionais desistirem do apego aos antigos ideais ¢ colocarem uma moldura conceitual mais positiva em volta daquilo que existe: casa- ‘mentos com dois salérios; estruturas domésticas permanentes de “progenitor soltei- 70"; casais ndo-casados e casais recasados, adogdes por progenitores solteiros; ¢ mulheres sozinhas de todas as idades. J& € hora de parar de pensar em crises transicionais como traumas permanentes, de tirar de nosso vocabulario palavras frases que nos vinculam as normas e preconceitos do passado: filhos do divércio, filho ilegitimo, lares sem pai, mae que trabalha, ¢ assim por diante. OS ESTAGIOS DO CICLO DE VIDA FAMILIAR DA CLASSE MEDIA AMERICANA INTACTA. Nossa classificagio dos estagios de ciclo de vida das familias americanas de classe iéclia, nos tiltimos vinte e cinco anos do século vinte, realga nossa opinide de que 0 processo subjacente central a ser negociado € a expansao,a contragio ¢ 0 realinhamento do sistema de relacionamentos, para suportar a entracta,a saida eo deser 16 Betty Carter & Monica McGoldrick Parente dos membros da familia de maneira funcionil. Nés-oferecemos suges- {Ges a respeito do processo de mudanga necessério nas familias em cada transicte, assim como hipéteses sobre as desavencas clinicas em cada fase © Lancamento do Jovem Adulto Solteizo {Ao delinearmos os estsgios do ciclo dle vida familiar, afastamo-nos da descricdo sociologica tradicional do ciclo de vida familiar como comecando no namoro ou no fasamento ¢ terminando na morte de um dos cOnjuges. Ao contratio, considerande + familia como sendo a unidade emocional operativa desde o berga até 0 tuimulo: née Caines um novo ciclo de vida familiar comegando no estigio de “jovens adultos” cujo Surerramento da tarefa primaria de chegar a um acordo com sua familia de origem influencia profundamente quem, quando, como e se eles vo casar, e como executeria {odes os outros estégis seguintes do ciclo de vida familir. Um encerramento ade do desta tarefa requer que o jovem adulto se separe da familia de origem sem romper Clases ou fugit reativamente para um refigio emacional substituto (Capitulo 9) Considerada desta maneira, a fase de “jovem adulto” 6 um marco. E © momento de estabelecer objetivos de vida pessoais e de se tornar umn “eu”, antes de juntar-se a uma Gutta pessoa para formar um novo subsistema familiar, Quanto mais adequadamente | os jovens adultos puderem se diferenciar do programa emecional da familia de otigem esta fase, menos estressores verticais os acompanharao no ciclo de vida de sua rove famflia. Essa é a sua chance de escolherem emocionalmente aquilo que levarto os familia de origem, aquilo que deixardo para trés e aquilo que ito criar sozinhos Como foi mencionado acima, & de imenso significado o fato de que até a presente | Bevasio esta fase crucial jamais foi considerada necesséria'para as mulheres, que no finham nenhum status individual nas familias. Obviamente, a tradicéo de catlan des filhos teve um profundo impacto no funcionamento das mulheres nas familias, como agora também est tendo a atual tentativa de mudar a tradicio. Nos consideramos proveitoso conceitualizar as transigées do ciclo de vida como j | Paquerendo uma mudanga de segunda ordem, ou uma mudanga do proprio sistema, Os problemas de cada fase muitas vezes podem ser resolvidos por uma mudanga de 1 | Primeira ordem, ou uma reorganizacao do sistema, envolvendo uma mudanga incre. | mental: Resumimos as mudancas no status necessérias para uma realizagao bern sucedida das transigdes de ciclo de vida na coluna 2 da Tabela 1-1, que delinein os | | estégios e tarefas do ciclo de vida. Em nossa opinigo, ¢ importante que o terapeuta. | ‘io Fique atolado com uma familia em detalhes de primeita ordem, quando ainda nido se fizeram as mudancas de segunda ordem necessérias, no status de releciona, ‘mento, para a realizacao das tarefas da fase. Na fase de jovern adulto, os problemas normalmente centram-se na falta de Zeconhecimento, seja do jovem adlulte, seja clos pais, da necessidade de mudlar para uma forma de relacionamento menos hierérquica, baseada no fato de agora todos Serem adultos. Os problemas em mudar o status podem assumir a forma de 08 pais encorajarem a dependéncia de seus filhos adultos jovens, ou de os jovens adultos Permanecerem dlependentes ou se rebelarem e se afastarem, num rompimento de relagdes pseudo-independente com seus pais e familias, Para as mulheres, 08 problemas nesse estégio esti mais freqiientemente em Gear de lado sua definigao de si mesmas em favor de encontrar um companheire Os omens, com maior freqincia, tém dificuldade em comprometer-se nos relacio. Ramentos, estabelecendo, em vez disso, uma identidade pseudo-independente cen | trada no trabalho. i Nossa opinido, seguindo Bowen (1978), € a de que os rompimentos de relagao jamais resolver relacionamentos emocionais e de que os jovens adultos que rompem i ‘Tabela 1-1, Os Estdgios do Ciclo de Vida Familiar So eee Tstagio de Ciclo de Processo_ Mudangas de Segunda Ordem no Siatus Familiar Vida Familiar Emocional de ‘Necessirias para se Prosseguir “Transigaor Desenvolvimentalmente Prinefpios-chave a {Saindodecasa:jo” Acellar a respon’ a, Diferenciagdo do eu em relagio a familia de vvens solteiros sabilidadeemocio- _ origem ralefinanceirape-b. Desenvolvimento de relacionamentos intimos loew com adultos iguais| «6, Estabelecimento do eu com relagio ao trabalho ¢ independéncia financeira 2. A unido de fami Comprometimen- a. Formacio do sistema marital Tias no easamento; f cam um nove _b. Realinhamento dos relacionamentos com as fa- O novo casal sistema anilias ampliadas ¢ 0s amigos para incluir 0 ednjuge 3, Familias comfilhos Aceitar novos a, Ajustar o sistema conjugal para criar espaco pequenos membrosnosiste- para of6)filho(s) ma ', Unir-se nas larefas cle educagio dos fithos, nas tarefas financeiras e domésticas « Realinhamento dos relacionamentos com a fa~ iilia ampliada para ineluir os popéis de pais eaves 4. Familias com ado- Aumentar a flexi- a, Modificar os relacionamentos progenitor-fllio lescentes bilidade das fron- para permitir aoadolescente movinientar-se pa- feiras familiares Ta dentro e para fora do sistema para incluir 2 in- b, Novo foco nas questées conjugais ¢ profissio- Gependéncia dos nais do meio da vida filhos e as fragili- ¢, Comegar a raucanga no sentido de cuidar da dadies dos aves geragdo mais velha 5. Langando os filhos Aceitar vérias eai- 9, Renegociar o sistema conjugal como diade e seguindo em dase entradas nob, Deservolvimento de relacionamentos de adul- frente sistema familiar to-para-adulto entre os filhos crescidos e seus pais c. Realinhamento dos relacionamentos para in- cluir parentes por afinidade e netos 4. Lidar com incapacidades.e morte clos pais (avés) 6, Famfliasnoestégio Aceiter a mudan- a. Manter 0 funcionamento e os interesses pr6- tardio da vida ca dos papéis ge-_prios e/ou do cesal em face do declinio fisio~ Facionais logico b, Apoiar um papel mais central da geragio do ‘c, Absir espaco no sistema para a sabedoria © experiencia dos idosos, apoiando a geragaio mais velha sem superfuncionar por ela 4. Lidar com a perda do cdnjge, imios e outros iguais e preparar-se para a prépria morte. Re- visio e integragio da vida relagdes com seus pais 0 fazem reativamente e, de fato, ainda estdo vinculados emocionalmente 20 “programa” familiar, e ndo independentes dele. A mudanga rumo ao status adulto-para-adulto requer uma forma de relacionar-se mutuamente respeitosa e pessoal, em que os jovens adultos podem apreciar os pais como eles $80, sem precisar transformé-los naquilo que eles nao s40 e sem culpd-los por aquilo que néo puderam ser. Os jovens adultos também nao precisam submeter-se As expecta- tivas e desejos paternos, as suas proprias custas. Nesta fase, a terapia freqtientemente busca ensinar os jovens adultos a se comprometerem com seus pais de uma maneira ova, que modifique seu satus no sistema. Quando sio os pais que buscam ajuda, 18 Betty Carter & Monica MoGoldrick A Unido das Familias no Casamento: Casal a terapia normalmente os ajuda a reconhecerom 0 novo slatus de seus filhos adultos © a se relacionarem com eles como tais, Os membros da familia freqiientemente ficam presos numa luta “sempre igual”, em que, quanto mais tentam, piores as coisas ficam. A terapia busca ajudé-los a fazerem a mudanga de segunda orem necesséria, Somente quando as geragies conseguem modificar suas relagbes de status € reconectar-se de uma maneira nova é que a familia pode prosseguir desenvolvi. ‘mentalmente, A mudanga do papel feminino, o freqiiente casamento de parceiros de meios cultusais muito diferentes e as distancias fisicas cada vez maiores entre os membros da familia estéo colocando uma carga muito maior sobre 0s casais, no sentido de definirem seu préprio relacionamento, do que costumava ocorrer nas estruturas familiares tradicionais, vinculadas &s anteriores (Capitulo 10). Embora dois sistemas | familiares quaisquer sejam sempre diferentes e pocsuam padres e expectativas conflituantes, na nossa cultura atual os casais estdo menos amarrados por tradicées familiares e mais livres do que nunca para desenvolverem relacionamentos homem- mulher diferentes daqueles que experenciaram em suas familias de arigem. O casa. mento tende a ser erroneamente compreendido como uma uniao de dois individuos. © que ele realmente representa é a modificacdo de dois sistemas inteiros e uma sobreposicao que desenvolve um terceiro subsistema. Como Jessie Bernard salientou hha muito tempo, o casamento representa um fendmeno tio diferente para os homens € para as mulheres, que na verdade deveriamos falar do casamento “dete” © do casamento “dela”, As mulheres tendem a antecipar o casamento com entusiasmo, embora estatisticamente ele nfo tenha sido um estado saudével para elas. Os ho- ‘mens, por outro lado, aproximam-se do casamento com uma tipica ambivaléncia € medo de ser “apanhado muima armadilha’, mas, de fato, eles se saem melhor no estado casado, ern termos psicologicos e fisicos, do que as mulheres, O casamento, tradicionalmente, significava que a mulher cuidava de marido e dos filhos, criando Para eles um reftigio em relagio a0 mundo exterior. O tradicional papel de “esposa” —_| signified um baixo status, nenhuma renda pessoal e muito trabalho para as mulheres, @, de modo tipico, ndo atende as suas necessidades de conforto emocional. Essa é parte da razfo para a recente reducio do indice de casamentos e para a idade mais tardia em que vém ocorrendo, assim como para a tendéncia feminina a adiar 0 nascimento dos filhos, ou até para escolher nao ter filhos. Uma elevacao no status das mulheres esta positivamente correlacionada com a instabilidade conjugal (Pearson & Hendrix, 1979) e com a insatistagao conjugal de seus maridos (Burke & Weir, 1976) Quando as mulheres costumavam adaptar-se automaticamente ao papel no casa~ mento, a probabilidade de divércio era muito menor. De fato, parece muito, dificil que os dois conjuges sejam igualmente bem-sucedidos e realizadores. De fato, ha evidéncias de que as realizagGes de um dos cénjuges podem correlacionar-se negati- vamente com o mesmo grau de realizagéo no outro (Ferber & Huber, 1979). Assim, ‘conseguir uma boa transico para 0 estado conjugal na nossa época, quando estamos tentando chegar a igualdade dos sexos (em termos educacionais e ocupacionais), pode ser extraordinariamente dificil (Capitulo 10). Embora a nossa hipétese seja a de que o fracasso em renegociar o status familiar constitua a principal razdo para o fracasso conjugal, parece que os casais nao costa: mam trazer esse tipo de problema com a familia ampliada. Os problemas que refletem a incapacidade de modificar o status familiar si0 normalmente indicados por fronteiras deficientes em tomo do novo subsistema. Os parentes por afinidade Podem ser intrusivos demais ¢ 0 novo casal ter medo de colocar limites, ou 0 casal | 7 ‘As Mudangas no Ciclo de Vide Familiar 19 i pode ter dificuldade em estabelecer conexSes adequadas com, os sistemas ampliados, separando-se em um grupo fechado de duas pessoas. As vezes, a-incapacidade de formalizar, no casamento, um relacionamento de casal, quando as duas pessoas esto ‘morando juntas, indica que elas ainda estao muito emaranhadas com suas prOprias familias para definirem um novo sistema e aceitarem as implicacGes desse realinhamento. Nessas situacées, € aconselhavel ajudar o sistema a mover-se para uma nova definicdo de si mesmo (mudanca de segunda ordem) em vez de perder-se nos detaihes das mudancas incrementais sobre as quais eles podem estar brigando (sexo, dinheiro, tempo, etc). ‘Tomandg-se Pais: Familias com Filhos Pequenos ‘A mudanca para este estégio do ciclo de vida familiar requer que os adultos avancem uma geragdo e se tornem cuidadores da geracio mais jovem. Problemas tipicos que ocorrem quando os pais nao conseguem fazer essa mudanca sfo as brigas entre eles sobre assumir responsabilidades, recusa ou incapacidade de comportar-se ‘como pais com seus filhos. Muitas vezes, 08 pais so incapazes de colocar limites exercer a autoridade necessaria, ou nao tem paciéncia para permitir que seus filhos se expressem na medida em que se desenvolvem, Freqiientemente, 0s pais que se apresentam clinicamente nesta fase, de alguma forma ndo estio aceitando a fronteira geracional entre eles e seus filhos. les podem queixar-se de que seu filho de quatro anos ¢ “impossivel de controlar”. Ou, por outro lado, podem esperar que seus filhos se compérlem mais como adultos, refletindo uma fronteira ou barreira geracional forte demais. Em qualquer caso, os problemas centrados na criana 880 tratados, de modo tipico, ajudando-se os pais a obterem uma viséo de si mesmos como parte de ‘um novo nivel geracional com responsabilidades e tarefaé especificas em relacdo ao préximo nivel da familia Entretanto, no moderno casamento com dois salérios (e as vezes duas carrei- as), a briga central nessa fase € quanto a disposicdo das responsabilidades e cuida- dos & crianca e pelas tarefas domésticas quando ambos os pais trabalham em tempo integral. O esforgo de tentar encontrar cuidados adequados para a crianga, quando nfo existe nenhuma provisio social satisfatGria para essa necessidade familiar, traz sérias conseqiiéncias: os dois trabalhos de tempo integral podem ficar com a mulher; a familia pode viver em conflito € no caos; os filhos podem ser negligenciados ou sexualmente abusados quando os arranjos para cuidados sto inadequados; a xecrea- ‘do e as férias podem ficar drasticamente reduzidas para se poder pagar os cuidados A crianga; ou a mulher pode desistir de sua carreira para ficar em casa ou trabalhar apenas parte do tempo. Esse problema é central na maioria dos conflitos conjugais apresentados nesse estagio, e freqtientemente leva a queixas de disfungio sexual € depressio. Nao € possivel trabalhar proveitosamente com os casais nesta fase sem lidar com as questdes de género e com o impacto do funcionamento de pape sexual que ainda é considerado como a norma pela maioria dos homens ¢ das mulheres. Realmente nao surpreende que esta seja a fase do ciclo de vida familiar que possui © indice mais elevado de divércios. © Capitulo 11 ocupa-se amplamente do impacto dessa transigao sobre 0 casal que trabalha, por causa de sua relevancia para a familia de hoje. Entretanto, os terapeutas também precisam informar-se a respeito do comportamento e desenvol- vimento da crianga, das suas dificuldades de aprendizagem, de sérios distirbios na Infancia, etc,, de modo a ndo negligenciarem esses aspectos quando focam © conflito progenitor-crianca ou 0 contflito conjugal. Para os avés, a mudanga nessa transigdo & a de passar para uma posicio secundaria, em que podem permitir aos filhos serem as autoridades paternas principais, Belty Carer & Monica McGoldrick © no chstante, estabelecerem um novo tipo de relacionamento carinhoso com seus Toe, Para muitos adultos, esta € uma transicéo particularmente gratificante, que {hes permite ter intimidade sem a responsabilidade que a paternidatie requet A Transformacio do Sistema Familiar na Adolescéncia Familias Embora muitos autores tenham separado os estagios das familias com filhos Pequenos em fases diferentes, na nossa opinio, as mudancas eéo inerementais até a adolescéncia, que introduz uma nova época, pois assinala uma nova definicio dos filhos dentro da familia e dos papéis dos pais em relacao aos seus filhos. As familias com adolescentes devem estabelecer fronteiras qualitativamente diferentes das fami, Hias com filhos mais jovens, um trabalho dificultado, em nossa época, pela auséncia de rituals que facilitem essa transicio (Quinn e colaboradores, 1985), As fronteiras, agora, devem ser permeaveis. Os pais nio podem mais impor uma autoridade completa. Os adolescentes podem ¢ realmente abrem a familia para um cortejo completo de novos valores, quando trazem seus amigos e novos ideais para a arena familiar. As familias que descarvilam nesse estigio podem estar muito fechadas a novos valores e ameacadas por eles, @ com freqiiéncia estéo fixadas numa visdo anterior de seus filhos. Pocem tentar controlar todos os aspectos de suas vides num momento em que, desenvolvimentaimente, € impossivel conseguir fazer isso. Ou 0 adolescente se retrai em relacdo aos envolvimentos apropriados a esse estagio desen volvimental, ou os pais ficam cada vez mais frustrados com aquilo que percebem como sua prépria impoténcia. Para esta fase, o velho adagio dos Alcodlatras Anoni. ‘mos ¢ particularmente adequado aos pais: “Que eu tenha a capacidade de aveitar as coisas que nao posso mudar, a forca para mudar as coisas que posso mudar, ¢ a sabedoria para perceber a diferenca.” Fronteiras flexiveis, que permitem aos adoles, Centes se aproximarem e serem dependentes nos momentos em que néo conseguem ‘manejar as coisas sozinhos, e se afastarem e experimentarem, com graus crescentes de independéncia, quando estéo prontos, exigem esforgos especiais de todos os membros da familia em seus novos status uns em relacdo aos outros, Esse tambem & tum momento em que os adolescentes comecam a estabelecer seus proprios relacio- namentos independentes com a familia ampliada, e slo necessérios ajustes especiais ‘entre os pais e 08 avés para permitir e estimular esses novos padroes A terapia, nessas situagbes, precisa ajudar as familias a modificarem apropria- damente sua visio de si mesmas, para possibilitarem a crescente independéncis da ova geracdo, embora mantendo as fronteiras e estrutura adequadas para favorecer © desenvolvimento familiar continuado. © evento central no relacionamento conjugal nessa fase geralmente & a “crise co meio da vida” de um ou de ambos os cOnjuges, com uma exploracio das satisfacoes ¢ insatisastes pessoas, profisionais © conjugais, Normalmente ocorre uta intensa re. negociacao do casamento, ¢ as vezes a decisdo de divorciar-se. O foco nas queixas dos Pais e do adolescente, tanto por parte da familia quanto do terapeuta, pode mactarar HI caso amoroso ou um divércio secretamente considerado, ou impedir que os pro- blemas conjugais venham a superficie. Isso nao significa que os sintomas adolescentes comiuns, tals como abuso de drogas ou alcool, graviclez adolescente, delingiiéncia ou comportamento psicético ndo devam ser cuidadosamente avaliados e manejados. no Meio da Vida: Lancando os Filhos e Seguindo em Frente Esta fase do ciclo de vida familiar € a mais nova e a mais longa, e por essas raztes € de muitas maneiras, a mais problemética de todas as fases (Capitulo 13). i ‘As Mudangns no Ciclo de Vida Familiar 2 [Ate uma geragdo airés, a maioria das familias ficava ocupaida com a criagio dos filhos durante toda a sua vida adulta até a velhice. Agora, em virtude do baixo indice de natalidade e do longo periodo de vida da maiorie dos adultos, os pais angam seus filhos quase vinte anos antes de aposentar-se, e devem entdo encontrar outves atividades de vida, As dificuldades dessa transigo podem levar as familias a se agarrarem 20s filhos ou conduzir a sentimentos paternos de vazio e depresséo, particularmente nas mulheres que centraram suas principais energias em seus filhos i Efggora se sentem despreparadas para enfrentar uma nova carreira no mundo do trabalho. O aspecto mais significativo desta fase € que nela ocorre o maior niimero de saidas ¢ entradas de membros da familia. Bla comeca com o lancamento dos filhos adultos e prossegue com a entrada de seus cOnjuges ¢ filhos. £ 0 momento em que be pais mais velhos esléo adoecendo ou morrendo, Isso, em conjuncio com as Gificuldades de encontrar novas atividades de vida significativas durante esca fase, pode torné-ia um periodo particularmente dificil. Os pais nfo apenas precisam lidar pom a mudanca em seu status conforme abrem espaco para a proxima geracko @ se preparam para avancar para @ posigao de avés, como também precisam lidar com iii tipo diferente de relacionamento com os proprios pais, que podem tornar-se dependientes, dando-Ihes (particularmente as mulheres) considerdveis responsabilt atles como cuidadores. Esse também pode ser um momento de liberagdo, no sent Go de que as financas podem estar mais faceis do que nos primeiros anos de responsabilidades familiares € de que existe o potencial de atingir areas novas © inexploradas — viagens, hobbies, novas catveiras. Em algumas familias, esse estégio € visto como um momento de fruigéo e conclusio, e como uma segunda oportuni- dade de consolidar ou expandir, explorando novas possibilidaces ¢ novos papéis. Em outras, cle conduz 20 rompimento, ao sentimento de vazio ¢ perda esmagaciora, depressao e desintegracéo geral. Essa fase necessita de uma nova estruturagéo do felacionamento conjugal, agora que nio S40 mais necessérias as responsabilidades pateznas. Como Solomon (1978) observou, se a solidificacdo do casamento nao ocor- : Fou e n&o é possivel um novo investimento, a familia muitas vezes se mobiliza para Aagarvar-ce ao fitho cagula, Quando isso nao acontece, casa pode seguit para o divorcio, A Familia no Estagio Tardio da Vida Conforme Walsch (Capitulo 14) salientou, poucas das visées existentes em nossa cultura nos fornecem perspectivas positivas para um ajustamento sadio na i terceira idade, seja dentro da familia ou no contexto social. Prevalecem as visbes pessimistas. Os mitos atuais so de que a maioria dos idosos ndo tem familias; que Equeles que as tém, pouco se relacionam com elas € normalmente 40 colocados de Jado em instituicdes; ou que todas as interacdes familiares com os membros mais velhos da familia so minimas. Pelo contrario, a vasta maioria dos adultos agima de 65 anos de idade nfo vive sozinha, mas com outros membros da familia. Mais de 80% vivem a uma hora de disténcia de pelo menos um dos filhos (Capitulo 14), ‘Um outro mito sobre os idosos € que eles so doentes, senis ¢ frageis, ¢ que podem ser manejados melhor em asilos ou hospitais. Somente 4% dos idosos vivem em instituigoes Gtreib, 1972), e a idade média de admissio € 80 anos. Ha indicagbes de que, se as pessoas nao estimulassem sua dependéncia ou os ignorassem como membros fancionais da familia, esse grau de dependéncia seria ainda menor Enive as tarefas das familias no estagio tardio da vida esto os ajustamentos a aposentadotia, que no apenas podem criar o ébvio vazio para 0 aposentado, mas também trazer uma tensdo especial a um casamento que até entdo estivera equilibra- do em esferas diferentes. A inseguranca ¢ a dependéncia financeira sto também dificuldades especiais, especialmente para os membros da familia que do valor a ad- Betty Carter & Monica MeGoldrick ‘ministrar as coisas sozinhos. E, embora a perda de amigos e parentes seja uma ificuldade especitica nessa fase, a perda de um cOnjuge ¢ o ajustamento mais difci, com seus problemas de reorganizar toda uma vida sozinho, depois de muitos anoy como casal, ¢ de ter menos relacionamentos para ajudar a substituir 0 que fol Perdido. Entretanto, a condicéo de avés pode proporcionar um renovado interesse pela vida, ¢ oportunidades de relacionamentos intimos especiais, sem as responsabi. lidades da paternidade A dificuldade em fazer as modificagies de status necessarias nessa fase da vida) refletem-se numa recusa, por parte dos membros mais velhos da familia, a desistir de alguns de seus poderes, como quando um av6 se recusa a passar o controle da companhia ou a fazer planos para a sua sucessdo. A incapacidade de mouificar o status aparece também quando os adultos mais velhos desistem e se tornam total. mente dependentes da geracao seguinte, ou quando esta ndo aceita que seus poderes estio diminuindo ou os trata como totalmente incompetentes ou irelevantes, As evidencias sugerem que os homens ¢ as mulheres respondem de forma muito dife. rente aos seus paptis no envelhecimento, e isto também deve ser cuidadosamente avaliado (Hesse-Biber & Williamson, 1984), Mesmo quando 03 membros da geragio mais velha esto muito debilitados, ndo existe realmente uma reversao de papeis entre uma geracdo e a proxima, pois oF Pais sempre tem muitos anos de experiencia extra e permanecem modelos para as Beracdes seguintes, nas fases de vida que esto por vir, Nao obstante, por ser a velhice totalmente desvalorizada em nossa cultura, os membros da familia da gera- $20 do meio muitas vezes ndo sabem como fazer a modificagio adequada no statis relacional com seus pais, Clinicamente, € raro que os membros mais velhos da familia busquem ajuda, embora eles realmente tenham muitos problemas clinios, principalmente depressae Com maior freqiiéncia, sto os membros da geracéo seguinte que buscam ajuda, ¢ mesmo eles muitas vezes ndo se aptesentam com seu problema definida como. Felacionando-se a um progenitor idoso. Geralmente é s6 apés um cuicadoso estude dda historia que ficamos sabendo que um avd idoso vai se mudar ou ser levado para um asilo, e que as questées de relacionamento referentes a essa modificagio ficaram totalmente submersas na familia Ajudar os membros da familia a reconhecerem as mudancas de status @ a necessidade de resolverem seus relacionamentos em um novo equilibrio pode aux liar as famflias a seguizem em frente desenvolvimentalmente, | | i VARIACOES MAIORES NO CICLO DE VIDA FAMILIAR Divorcio e Recasamento 7 Embora a maioria estattstica das classes média e alta americanas ainda atraves sem 08 tradicionais estagios de ciclo de vida familiar como delineado acima, a maior Variagao em relagdo a essa norma consiste nas familias em que ocorreu o divorcio. Com 0 indice de divércio atualmente em 50% e 0 de redivércio em 61% (Click, 1984a), 0 divércio na familia americana esté perto do ponto em que ocorterd na maioria das familias, ¢ ser entio consideracio cada vez mais como um evento normativo, Em nossa experiéncia como terapeutas e professores, julgamos inclicado conceitualizar o divércio como uma interrupcao ou deslocamento do tradicional cielo de vida familiar, que produz um tipo de profundo desequilibrio que esta associado, em todo 0 ciclo de vida familiar, a mudancas, ganhos e perdas no grupo familiar (Capitulo 15; Ahrons & Rodgers, 1987). Como em outras fases do ciclo de vida, existem modificagbes cruciais no status relacionel e importantes tarefas emocionais que ‘As Mndangas no Ciclo de Vida Familiar 2B preciaam ser completadas pelos membros da familia que se divorcla, para que cles i Poss prosseguir desenvolvimentalmente, Como em outrasfases af questbes emo- Pommais ndo-resolvidas nesta fase continuaréo como obstécules em relacionamentos futuros (Capitulo 15). Conseniientemente, nés conceitualizamos a necessidade, nas familias em que ccorre o divordo, de passar por uma ou duas fases adicionais do ciclo de vida familiar, de modo a se obter uma nova estabilizacko e a prosseguir desenvolvimen- Eeimente, mais uma vez, em um nivel mais complexo, Das mulheres que se divor- Gam, pelo menos 35% no casam novamente. Essas familias passam por uma fase dicional e podem reestabilizar-se permanentemente como familias pés-divércio (Ca pitulo 16) Os outros 65% das mulheres que se divoreiam casam novamente « esis Fimltas precisam negociar duas fases adicionais do ciclo de vida familiar antes de ‘uma reestabilizago permanente (Capitulo 17). Noss conceito do processo emocional da familia no divorcio e no pés-divércio pode ser visualizado como um grafico tipo montana russa, com picos de tensio Emocional em todos os pontos de transicao: 1. No momento da decisio de separar-se ou divorciar-se 2. Quando essa deciséo ¢ anunciada a familia ¢ aos amigos 3, Quando sao discutidos os arranjos financeiros e de cust6dia/visitacéo 4. Quando acontece a separacéo fisica 5, Quando acontece o divorcio legal real & Quando 08 cOnjuges separados ou ex-cOnjuges tém contato para conversar sobre dinheiro ou sobre os filltos 7. Quando cada filho se forma, casa, tem filhos ou adoece 8 Quando cada conjuge casa novamente, se muda, adoece ou more. A Esses picos de pressio emocional so encontrados em todas as familias que se e Fe ee era amnte na ordem acima —e mustos dele acontecem fe repetidas vezes, durante meses ou anos. Uma descrigéo mais detalhada do proceso . aparece na Tabela 1-2. a “As emogées liberadas durante o processo de divércio relacionam-se primaria- i: mente A elaboracdo do divércio emocional — isto é, a recuperagao do eu em relagao L no casamento, Cada parceiro deve recuperar esperangas, sonhos, planos e expectati- ‘vas que foram investidos nesse cOnjuge € nesse casamento. Isso requer um luto por laquilo que foi perdido e o manejo da mégoa, raiva, culpa, vergonha e perda em si ‘mesmo, no cénjuge, nos filhos e na familia ampliada, ‘Em nosso trabalho clfnico com familias que esto se divorciando, nés concor- damos com a visio bésica de sistema segundo a qual os rompimentos de relagoes S40 emocionalmente prejudiciais, ¢ trabalhamos para ajudar os conjuges em divércio ‘a manterem um relacionamento cooperative enquanto pais e a permitirem 0 maximo contato possivel entre 08 filhos e 05 pais e os avés naturais. Nossa experiencia apoia fa de outros autores (Hetherington e colaboradores, 1977; Ahrons, 1980), que desco- Driram ser necessério um mfnimo de dois anos e um grande esforco apés 0 divorcio para que uma familia se reajuste & sua nova estrutura e prossiga para o proximo estagio de ciclo de vida, que pode ou nao incluir o recasamento. 'As familias em que as questtes emocionais do divorcio nao estdo aclequadamente resolvidas podem permanecer emacionalmente paralisadas por anos, se nfo por geragbes. Os picos prediaiveis de tensao emocional na transigSo para 0 recasamento ocortem quay do ha umn sério comprometimento com um novo relacionamento; quando um plano de ‘casar novamente € anunciado as famlias e a0s amigos; quando ocorre realmente o recar samento e a formagao de uma familia por segundo casamento, que acontece simultanea- ee familia por segundo casamentoé colocada em pratica ~Betty Carter & Monica McGoldrick Tabela 1-2. Deslocamentos do Ciclo de Vida Familiar que Requerem Passos Adicionais para que as Pessoas Possam se Reestabilizar e Prosseguir Desenvolvimentalmente Fase Processo Bmocional ‘Questies de Transigéo Desenvolvimentais Atitude Essencial Divoire = means 1 A decisdo de di- Aceitagiodaincapacids- Aceitagiio da propria parti vorciar-se de de solucionar as ter-cipagio no fracasso do ca. soesconjugaisosuficien- samento te para manter 0 rela- cionamento 2 Plansandoasepa- polar aranjos vidveis a, Resolver cooperative: ragio do sistema para todas as partes do” mente os probiewee da Estema usta . Manejar a famiia am. pliada com selagdo asd Yereio 3 Separasio 2. Disposigio para con- a. Luto pela perda da fa- Ginuar un felaciona- aia facts mento co-paternal _b, Reesraturagso dos ola cooperative e 0 sus” Gonamentos conjugal ¢ tenlb financetro con. progenitor ffs ¢ des junto dos fos EnangasedaptecSo avi b. Enfasedrezolugéode ver separado! se dedicar esposac. Redlinkamentodoparen- tesco coma familia am plisda: relorgo da asso. Sasio com a einplageo do famnia da espose 4. O divorcio Mais elaboracio do di- ‘a. Luto pela perda da fa v6reio emocional: supe- mia intacta: abandonar rer mégoa,raiva, culpa, __fantasias de reuniao et, ». Recuperagdo deesperan: gas, sonhos,expectativas Aaquele casamento com as familias ampliadas ¢. Permanecer conectado ee 1 Progenitorsolteiro Disposigao para manter a, Fazer arranjos de visita (lar com custédia as responsabilidades fi-flexiveis com 0 ex-con. Suresidénciaprin- nanceiras, continuar 0 juge e sua familie pal) contato com 0 ex-cOnju- &, Reconstruir 03 proprios geeapoiarocontatodos recursos financeiros fihos com o ex-<énjuge ¢, Reconstruir a prépriare- fe sua familia de social 2 Progenitorsoltso Disposigdo para manter a, Descobrir maneiras de (em custédia) ocontato paternocomo " manter uma paterrida- excinjugeeapoiarore de efetiva lacionamento dos filhos b, Manter as responsabil com 0 progenitor que" dades financeiras com 0 tem a costodia ‘xccOnuge eos flhos «. Reconstruir a prépria re de social eos! © proceso emocional familiar na transicSo para 0 recasamento consiste em Iutar com os medos relativos 20 investimento em um novo casamento e numa nova familia: os préprios medos da pessoa, os medos do novo conjuge e os medos dos filhos (de um ou de ambos os cénjuges); lidar com as reacdes hostis ou de perturba- = \ © As Mudenens no Ciclo de Vida Familiar ea cio dos filhos, das familias ampliadas ¢ do ex-conjuge; lutai com a ambigitidade da nova estrutura, papéis e relacionamentos familiares; ressurgimento de intensa culpa e preocupacao dos pais em relacéo ao bem-estar dos filhos; e ressurgimento do antigo apego ao ex-conjuge (negativo ou positive). A Tabela 1-3 descreve o processo em maiores detalhes. ‘Tabela 1-3. Formagio da Familia Recasada: Um Suméri Desenvolvimental” Brapas, Alitade Bssencial Questées Desenvalvimentais [UTniciando o nove tela. Recuperagio em relagao Ape” Recomprometimento com 0 ca Gionamento dadoprimeirocasamento (“di- samantoecom a formagao de uma vorcio emocional” adequado) familia, com disposicéo para li- dar coin a complexidade e a am- Digtlidade. 2, Conceitualizandoe pla- Aceltar os préprios medos ea. Trabalhar a honestidade nos gjando © novo casa- 08 do novo conjuge e dos fi- novos. relacignamentos para mento e anova familia Ihosem relagio.ao recasomen- _evitar a pseudomutualidade. toe a formacdo de uma fami-b. Planejar a manutengio de re- lia por segundo casamento lacionamentos financeiros e de co-paternidade cooperatives Aceitar a necessidade de tem- com os &x-cénjuges. poe paciéncia para o ajusta- ¢. Planejar como ajudar os filhos mento & complexidade e am- a lidarem com seus medos, bigilidade de: conflitos de lealdade, e con 1. Mailiplos papeis novos digao de fazer parte de dois 2, Fronteiras: espago, tempo, _ sistemas. condigSo de fazer parte dad. Realinhamento dos relaciona- familia, autoridade ments com a familia amplia~ 3. Quest5es Afetivas: culpa, da para incluir 0 novo cCiju- conilites de lealdade, dese- ge e filhos. jo de mutualidade, magoas ¢. Flanojar a manutengao das co- passadas ndo-resolvidas nnexes das criancas com a fa- ilia do(s) &-conjuge(s) 3, Recasamento e recons- Resolucio final do apego a0 a. Reestruturagdo das fronteiras tituigio da familia cOnjuge anterior e a0 ideal da familiares para permitir a in- farnilia “intacta"; clusio donovo conjuge-padras- Aceitagio de um modelo di- to ou madrasta ferente de familia com fron b, Realinhamento dos relaciona- telras permeaveis mentos € arranjos financeiros fem todos 08 subsistemas para permitir 0 entrelagamento de \vatios sistemas, «. Criar espaco para os relacio- namentos de todos os filhos com os pais biologicos (sem custédia), aves eo restante da familia ampliada, 4, Compartithar lembrangas ehis- t6rias para aumentar a inte~ gragéo da familia por segur- do casamento. * Varlagio de um esquema desenvolvimental apreser ado por Ransom e colaboradores (1979) ‘A nossa sociedade oferece as familias por segundo casamento uma escolha entre dois modelos conceituais, sendo que nenhum deles funciona: famflias que agem como a familia intacta da porta ao lado, glorificada nos seriados de televisao; © 0s padrastos e madrastas malvados dos contos de fadas. O nosso primeiro passo dlinico, entdo, validar para as familias por segundo casamento a auséncia de apoio so- Betty Carter & Monica MeGolirick cial e clareza no paradigma de familia que Ihes é oferecido. Os terapeutas podem Ihes propor o desafio de ajudar a inventar uma nova forma de estrutura familiar com 2 seguinte orientagio, compensando 0 sentimento de sistema: abandonar o antigo modelo de familia e aceitar a complexidade da nova forma; manter fronteiras per- meaveis para permitir a modificagao da composicao da estrutura doméstica; e esfor- sar-se por canais abertos de comunicacio entre 0s grupos de pais e entre todos os Pais © avés biolégicos e seus filhos e netos (Capitulo 17). Na nossa experiéncia, 0 resfduo de um divércio zangado e vingativo pode bloquear a integracéo da familia por segundo casamento durante anos ou para sempre. O ressurgimento do antigo apego emocional a um ex-cnjuge, que emerge caracteristicamente no momento do recasamento e nas subseqiientes transicdes de ciclo de vida dos filhos, geralmente ndo ¢ compreendico como tum processo predizi- vel, e, portanto, leva negacio, interptetagées err6neas, rompimento de relagies indimeras dificuldades. Como no caso do ajustamento a uma nova estrutura familiar apés o divércio, a integraggo da famflia por segundo casamento também parece Tequerer um minimo de dois ou trés anos antes que uma nova estrutura utilizével permita aos membros da familia prosseguirem emocionalmente. | | | Ciclo de Vida Familiar dos Pobres A adaptacdo das familias pobres multiproblematicas a um rfgido contexto politico, social e econdmico produziu um padrao de ciclo de vida familiar que varia significativamente em relacéo ao paradigma de classe média tdo freqiiente e erronea- mente utilizado para conceitualizar a sua situagao. Hines (Capitulo 21) propde uma anélise do ciclo de vida familiar dos pobres em trés fases, analise essa que nos leva a refletir: 0 “jovern adulto sozinho” (que pode ter apenas 11 ou 12 anos), que esté virtualmente por conta prépria, sem que nenhum adulto se responsabilize por ele; familias com filhos - uma fase que ocupa a maior parte do periodo de vida ¢ comumente inclui estruturas domésticas com trés ou quatro geracbes; e a fase da avé que ndo evoluiu, ainda envolvida, na velhice, com um papel central de educar criangas - ainda cuidando ativamente das geracdes mais novas. Além do capitulo referido acima, sugere-se a leitura de Aponte (1974, 1976) e Minuchin ¢ colegas (1967), sobre abordagens clinicas das familias pobres, e a leitura do provocativo contraste de Fulmer do ciclo de vida familiar em duas classes socioe- condmicas diferentes (Capitulo 22). Tais polaridades tornaram-se um aspecto carac- teristico da vida americana na década de oitenta, particularmente nas reas urbanas, onde a classe média é freqiientemente superada em ntimero por uma combinagio de “yuppies”, de pobres e de desabrigados. Variacio Cultural A maioria das descrigoes do ciclo de vida familiar tipico (incluindo a nossa) deixa de transmitir os consideraveis efeitos da etnicidade e da religido em todos os aspectos de como, quancio e de que maneira uma familia faz suas transigdes de uma fase para outra. Embora possamos ignorar essas varidveis em favor da clareza tedrica do foco na pessoa comum, um terapeuita que trabalha com pessoas reais no mundo real no pode se dar ao luxo de ignorar isso. A definigao de “familia”, assim como © momento das fases do cicio ce vida e a importancia das diferentes transigdes, varia de acordo com 0 background cultural da familia. E essencial que os terapeutas consi- derem a maneira pela qual a etnicidade interfere no ciclo de vida e encorajem as fam(lias a assumirem uma ativa responsabilidade por cumprirem 0s rituais de | ‘As Mudangas no Cielo de Vida Familiar uy seus grapos étnicos ou religiosos, para assinalar cada fase (Capttule, 20). Também é fextremamente importante que nds, como terapeutas, ajudemos as familias a desen- volverem rituals que corespondam as transigbes reais em suas vidas, incluindo aquelas transigées que a cultura nao validou (Capftulo 8). CONCLUSOES Concluindo, ditigimos as reflexes do leitor as poderosas (e preventivas) impli- cages das celebracbes do ciclo de vida familiar: aqueles rituais, religiosos ou secu Tares, que foram desenvolviclos pelas familias em cada cultura para facilitar a passa- gem de seus membros de um status para 0 seguinte. Conforme Friedman (Capitulo 5) salienta, todos 08 relacionamentos familiares no sistema parecem abrir-se no jmomento imediatamente anterior e posterior a tais eventos, e muitas vezes ¢ possivel jnudar a¢ coisas com um esforco menor, durante esées perfodos intensivos, do que aquele que comumente seria dispendido em anos de luta, BIBLIOGRAFIA, ‘Abrons, C. H. (1980), Joint custody arrangements in the postdivorce family: Journal of Divorce, 3:187-205. ‘Abrons, C, R. (1980). Redefining the divorced family: A conceptual framework. Social Work, Nov: 437-441 ‘Abrons, C. R. (1983). Divoree: A crisis of family transition and change. In D. H. Olsen & B. Xt Milier (Eds), Family studies: Review yearbook, Vol. 1. Beverly Hills, Calif: Sage Publications. . Ahrons, C, R. H. & Rodgers, R. (1987). The divorced family. New York: Norton ‘Aponte, H (1974), Psychotherapy, for the poor: An eco-structural approach to treatment Delaware Medical Journal 46:15-23. 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