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Poeeoe Limitagao da Deformagao no REBAP José N. Camara’ Joio Vinagre® Jiilio $. Appleton* SUMARIO Os aspectos mais relevantes dae limitac&#@ da deformacio no que diz respeito aos limites de deformagao aceitaveis, aos métodos simplificados de cAlculo e ao controlo indirecto da deformacio através da limitagao de esbelteza so analisados. Paralela- mente discutem-se as disposicées da regulamentac4o portuguesa nesta matéria. vil. Assistente do IST 2Bngembeivo Civil. Asaisvente E: Engenkeiro Civil. Professor Catedritica do IST. 1. Introdugao caeaes : sad aquelas,sio:concebidas? Esta matéria é tratada no REBAP [1] no seu art?72 suge- rindo-se no §1 que, para cada situacio, a limitagdo mais conveniente seja adoptada e definindo-se no §2 como estado limite de deformagao, para casos correntes de vigas ¢ lajes de edificios, uma flecha de 1/400 do vao e, se a deformabilidade puder afectar paredes divisérias, uma deformagdo maxima de 1.5 cm. Finalmente no §3 do mesmo artigo sao referidos os art’ $9, 102 ¢ 113 que permitem, para os casos correntes referidos anteriormente, e se respeitados determinados valores limites da esbelteza, a dispensa da verificacdo explicita dos estados limites em causa. Analisa-se de seguida as disposicdes referidas anteriormente chamando-se a aten- a0 para a pouca informagao referente aos valores aceitaveis de deformacao para as diferentes fungées do elemento estrutural ¢ para a incompatibilidade de algumas das disposigées regulamentares. Finalmente, a base de uma formulacao coerente para a garantia de limites de deformacao com base na limitagao de esbelteza é apresentada 2. Valores limites de deformagao A imposig&o de valores limites de deformagio admissiveis nas estruturas sob 0 ponto de vista das caracterfsticas de funcionalidade para que esto previstas é um dominio sobre o qual nao tem sido possivel encontrar um consenso generalizado. No entanto, as recomendagées da ISO 4356 [2| apresentam, para um leque bastante variado de situacdes, propostas de tais limites. Nos quadros 1 e 2 apresentam-se, respectivamente: * Os limites propostos pelo ACI [3,4] e pelo Manual do CEB (5 para evitar danos em elementos nao estruturais ‘# Os valores limites para outras condigées de funcionamento de acordo com 0 ACI [3] ACI | Paredes | Elemento | | z Tipo de | Deformagio Parcela da nko | material | Limite | deformagao estrutural { l + Deformagio | incremental depois | Alvenaria | 1/600 01 0.75 em | | | | da construsio das paredes Divisérias Deformagao Deformagao incremental apés construgio do tecto Deformagao i incremental depois | Paredes | Em geral | 1/5000u1cm | '™Te™ . | da construgio das paredes Quadro 1 - Limites de deformagao para evitar danos em elementos nao estruturais Condigées de i Tipo de Deformagao Parcela da | funcionamento | : : : utilizagio Limite deformagio coberturas, ae | tereagos | 1 1/360 | Pavimentos. Ginasios, : | neil conteaflecha | que dever’o | pavimentos de Def increm. apis | | ficar planos | jogos especiais | - fcr planos jogos coe 7 do per. | | Pavimentos | Equip. especiais, | Deformagao increm. | | Recomendagio om | suportando maquinaria, apés instalagéo | | eae do fabricante equip. sensivel ete do equipamento Quadro 2 - Indicacdes de limites de deformacao para condigées de funcionamento particulares © REBAP {1} indica como valores limites de deformacao em edificios para as combinagées frequentes de accdes o valor de 1/400 e, no caso de haver possibilidade de fendilhacao de paredes de alvenaria, define ainda 0 m4ximo absoluto de 1.5 em. Bste valor 6, portanto, condicionante para vaos superiores a 6.0 m. 3. Calculo de deformagées em elementos de betao armado A avaliagdo da deformacao das estruturas de betao armado deve ter em conside- taco a fendilhacdo ¢ os efeitos do comportamento diferide no tempo do betao. © método dos coeficientes globais proposto pelo Manual do CEB |5| é aquele que, de uma forma simples e com resultados testados experimental e analiticamente melhor permite ter em consideragdo aqueles efeitos: De uma forma genérica a deformagao 6 dada pela expressio seguinte (*) Kona Kae () Em que K, (4,ap, 4 = 1) tem em consideracao o nivel de fendilhagao e a quan- tidade de armadura (ver fig. La)) e n{ecor, o2/p:) avalia a influéncia da armadura de compressao (ver fig. 1 b)). Realce-se da expressdo a importancia do posicionamento da armadura na deformacao De acordo com o desenvolvimento de trabalho recente de inv para elementos estruturais com continuidade que K 2 Ky + Dh Kip 7 acao é proposto ja dado por (ver fig. 2) K= 2+n onde n & 0 mimero de apoios com continuidade e K, ¢ Kp Sao os coeficientes K determinados nas seccdes determinantes do vio e apoio, Assim é tido em consideracao, de uma forma realista, quer 0 comportamento na zona do vio quer sobre os apoios. 4, Limitacdo de deformacio através da esbelteza A esbelieza de um elemento estrutural é um factor fundamental da sua maior ou menor deformabilidade. Tal facto resulta claro da relagao deformacao eldstica/ vao: a, uy? 7 Vigoss 21k (;) (3) a. Lajes 12(1 i 1 ( Pa yh = 10. deo + 0.008 .a20 8 Ma /Mp Td 0$ 0.8 0-7 0.6 0.5 G8 0.9 0.2 01 0.0 t Figura 1: Indicagao dos coeficientes K; {a} en (b] do método dos coeficientes globais seccdes: vl. ap. ve coeficientes : K Figura 2; [lustragdo da aplicagio da expresso (2) a avaliagdo da deformagdo de elementos estruturais continuos em que k é uma constante dependente das condigdes de frontelra. Alguns regulamentos, como o REBAP 1), permitem a dispensa explicita da veri- ficagao do Estado Limite de Deformagao se forem respeitados determinados valores de esbelteza e se esliver verificada a seguranca em relacdo aos Estados Limites Ultim De acordo com o §3 do art°72 do REBAP /1/ os limites de deformacao referidos no §2 ficam garantidos se forem obedecidas as condicdes dos art 89 e 102 respecti- vamente para vigas e lajes. Assim, para garantir a deformacao limite |/400 impde-se que: L Para vigas : a5 $209 (3) Para lajes af <30n (6) i Por outro lado para que a deformagao maxima seja limitada a 1.5 cm sao indicadas as seguintes expressdes: 1B) " Para vigas 2 <7 Para lajes 7 (8) peso proprio = 3.75 KN/m? revestimento = 1.50 KN/m? sobrecarga = 2.00 K N/m? Figura 3: Representacao do painel de laje simplesmente apoiado considerado no exemplo Refira-se que, como exposto em comentario nos artigos mencionados, aquelas se baseiam nas expresses gerais: & & sooo % Para vigas + $8000 F'n (9) a Para lajes : 7 < 12000 7-n (10) apés substituicdo de a/l; por 1/400 e de @ por 1.5 cm. Saliente-se que nao é coerente a limitagao, pelo art’72, da relacao deformagao/vao a dg (7S gq) com a substituicao de a/l por 1/400 nas expressdes (9) a (10) para elementos estruturais que nao sejam simplesmente apoiados. A deformacio dos edificios é particularmente sentida nas lajes e é, portanto, para estes elementos que o seu controlo se torna na pratica mais importante. Tem sido constatado em alguns exemplos de lajes que, apesar de respeitados os limites de esbel- teza ¢ garantida a sua capacidade resistente. os limites de deformacao regulamentares nao sao verificados, Apresenta-se de seguida um exemple ilustrativo. 5. Exemplo ilustrativo Apresenta-se na fig. 3 um painel de laje simplesmente apoiado em vigas, submetido as cargas indicadas e dimensionado com B25 ¢ A400NR. A condigao (6) é verificada para esta geometri 4 _ 400 hs ibeom > ——~ = 13.33 em 307 30 Dimensionamento aos Estados Limites Ultimos 1.5 (3.75 + 1.50 + 2.0) 4.0 8 Mua = = 21.73 KNm/m w= 0114 + A, = 5.64 em? /m (610/0.125) Céleulo de deformagao para as combinagées frequentes de acgdes: 5.25 + 0.3 x 2.0 = 5.85 K N/m? 0.23 em eee 2 Ma = (Use «2 5103 KNmim; Mp = af 211.7 KNmjm Método dos coeficientes globais d = 10 S = 1) = 3.75 ” 0 (j 1) 7 (“) 15)? as 7 a= (a) Kene (sa) 3.75 x 10 x0 Este valor é claramente superior & deformagio limite l “* 400, = Lem 6. Formulacao para uma coerente limitacdo de de- formacao com base na esbelteza Formulagdes de limitagio de deformagées com base na esbelteza tém sido apre- sentadas por diversos autores como Beeby (6,7), Rangan '8!, Gilbert |9] e mais recen- ternente Camara {10) Apresentam-se seguidamente os principios para um correcto telacionamento de a/l com I/h ep (percentagem de armadura necessaria a garantia do E.L. Cltimo) Considere-se uma laje simplesmente apoiada armada numa s6 direcgdo ¢ consi- dere-se a parcela das cargas com cardcter de permanéncia. Assim (ver exps. (1) ¢ (4) a fh Mn d oy 59 (i) 7 i (4) 1 (ap. Mo’ h 2) (on?) 384 Bh (4) Como M, = got (12) Lye 7 Ma = 5h Sam (13) , se se adoptar 0 B25: fam 22 retin Ex 10) Obtém-se ix as) nee com Mn Considerando +, permanéncia é 1.5 v rotura é dado por: 1.35 e yy = 1.5 € admitindo que a carga com cardcter de es superior & sobrecarga q, 0 momento de dimensionamento & 2.35 M, (16) ©, portanto, My = 0.425 Mag (17) Por outro lado, definida a qualidade do aco e a percentagem de armadura 0 momento reduzido, tt+4, fica definido tendo-se: Mra ~ tra (a, Aco) d fea (18) Admitindo estar a peca correctamente dimensionada a rouura e fazendo Mpg = Muy tem-se: M, = 0425 ura d® (a9) e My, - 20) Mr aed pois para o B25 fa _ 133, fa _ 133 _ 6.95 Pace ooHeeL Se se atender as expressées (14), (15) ¢ (20) verifica-se que, para uma dada relacio dsh, coeficiente de fiuéncia 2 ¢ qualidade de ago, 0 coeficiente ¢ (exp. 15), auc relaciona a esbelteza com a relagao flecha/vao, fica unicamente dependente de percen- tagem de armadura. Figura 4: Representagao dos limites de esbelteza para a garantia de determinados niveis de deformagao 4 Para d/h = 0.9; = 2.5 representa-se na fig. 4 para 0 caso do A400 © do AGOO as esbeltezas limites fungao da percentagem de armadura para uma limitagao de deformacao com cardcter de permanéncia a 1/300 ¢ 1/500 nas hipdteses admiti- das anteriormente. § importante mencionar que esta percentagem de armadura 6 s6 aquela que ¢ estritamente necessiria & garantia de capacidade resistente. Evidente- mente que, com percentagens de armadura superiores as mencionadas, tais limites de deformagao poderiam ser garantidos com maiores esbeltezas. Admiti-se no tragado dos grificos da fig. 4 que, quando a estrutura nio esta fendilhada para as cargas permanentes (M,/My & 1), situagdo corrente em la Jes necessitando de baixas percentagens de armadura para a capacidade resistente, M,/Mp = 1. Tal procedimento justifica-se pois a fendilhagdo pode verificar-se por outros efeitos (actuacdo de sobrecargas, efeitos da retracgdo do betao ¢ variagbes de temperatura) ndo considerados nesta anélise. Nas curvas da fig. 4 verifica-se que a indicagao de um limite de esbelteza anico que garanta A partida um dado limite de deformagao seré sempre discutivel a menos que se definam valores de eshelteza conservativos. Isto deve-se ao facto de tal valor ser extremamente sensivel ao nivel de carga (expresso na figura pela percentage de armadura necesséria & capacidade resistente) 7. Conclusao Neste artigo discute-se a limitacao e caleulo das deformagées das estruturas de betao armado ¢ as disposigées do REBAP em relagao a esta matéria. Os limites de deformacio impostos na nossa regulamentagia sip pouco detalhados, correspondendo certamente a um objectivo de simplificagdo, mas deixando poucas indicagées em relagdo as situacdes em que é importante a sua consideragao. Por outzo lado, os limites de deformacdo impostos para edificios podem. em geral nao ser verificados em muitas situagdes correntes de lajes para as quais o REBAP permite a dispensa de verificacéo do Wstado Limite de Deformagéo. Chama-se a atengao, nesta comunicacio, para este aspecto através de um exemplo simples. Finalmente, apresenta-se com base no método dos coeficientes globais uma for- mulagdo que permite clarificar a dependéncia da garantia dos limites de deformacao za. 0 nivel de carga (representado pte). Flea de dois parametros importantes a saber: a esbelt pela percentagem de armadura nece: A garantia da capacidade resister assim realcado que a dispensa da verificacio de um Estado Limite de deformagao sé com base num limite de esbelteza ¢ discutivel, a menos que se tormem valores bastante conservativos. lo 10. Referéncias REBAP - “Regulamento de Estruturas de Betao Armado e Pré-estorcado” Maio 1983 Norme Internationale ISO 4356-1977 - "Base du caleu! des constructions - Déformations des Batiments a "Etat Limite d’Utilization” ACI 318.83 - "Building Code Requirements for Reinforced Concrete” 1983 . ACI Committee 435 - “Allowable Reflections (ACI 435.3R-68) (Reapproved 1984}. ACI - Detroit 1968 Bulletin n’158 CEB - ” Fissuration et Deformations” Lausanne 1983 Beeby, A.W. - "Span/ Effective Depth Ratios” Concrete - February 1979, pp. 29-31 Beeby. A.W. - “Modified Propo Ratios of Span to Effective Depth” C 1971, Technical Report 42-465 ‘or Controlling Defiections by Means of ient and Concrete Association, London Rangan, B.¥. - "Control of Beam Deflections by Allowable Span ' Depth Ra- tios” ACI Journal proceeding, Vol.79, No.5 Sept/Oct 1982. pp. 372-377 Gilbert, Rul. - “Deflection Control of Slabs using Allowable Span 10 Depth Ratios” ACI Journal, Jan/Feb 1985, pp. 67-72 Camara, J; Appleton, J.; Gomes, A. - *Verificagao dos Fstados Limites de Utilizagdo em Estruturas de Betéo Armado e Pré-esforgado", Vol.1. Curso de Rspecializacao no IST. Fevereiro 1986

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