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NEM ESCRITOR, NEM SUJEITO: APENAS AUTOR* Introdugao “Samba nao se aprende no colégio.” Este enunciado, quando situado no contexto de ensino de lingua por- tuguesa, tem significado, para mim, varias coisas aparentadas: a escola nao forma escritores; o escritor se faz na vida, sem receita; a arte nao admite pedagogia; a escola nao ultrapassa a formag4o da média; o essencial nao é aprendido na escola; escola e criacdo nao vivem juntas, etc. Mas como “vivendo é que se aprende”, a releitura recente de Foucault —em especial da Arqueologia do Saber (1972) — me fez retomar alguns as- pectos da relagao entre linguagem e sujeito, que talvez levem a pensar com mais acerto essa questao da escola de que estamos falando, Dessa releitura de Foucault resultou, entre outras coisas, um traba- Iho 1 do qual me interessa aqui — na reflexao sobre atividade discursiva e a vida escolar — ressaltar a seguinte afirmag&o: 0 texto é “uma dispersao do sujeito”. 2 Publicado originalmente em Leitura: teoria e praética, Porto Alegre, Mercado Aberto, ano 6, n? 9, Jun, 1987, . ‘Dispersdo @ unidade: uma questao do suieito e do discurso’, em colaboragao com Eduardo Guima- res, . Foucault (1972) define 0 sujeito como descontinuidade, 75 Por esta afirmagao éntendemos que o sujeito ocupa posicées diferen- tes no interior do mesmo texto: 0 sujeito se representa de maneiras bastante diversas num mesmo espaco textual, Isso nos leva a considerar 2 heteroge- neidade como forte caracteristica do universo discursivo. - A relagao do sujeito com 0 que diz, ou seja, com seu discurso, é com- plexa e nao podemos aborda-la de maneira mecanicista e automatica. Dessa forma, para encontrarmos as regularidades e a unidade no discurso é preci- so abrir mao de principios categéricos, de generalizagées abstratas. Ha re- gularidades e ha unidade, mas elas sao de outra natureza. Como diz Fou- cault (1972), no discurso, 0 que se encontram sao “sistemas de dispersao’ E 0 que tem a ver toda essa reflexao sobre sujeito e dispersao com o ensino da linguagem na escola? Tem tudo a ver; mesmo Foucault se deu conta de que, quando falava de poder e de instituigao, falava era do sujeito. Essa no¢gao, a de sujeito, na verdade esté suposta em toda reflexdo que procure problematizar qualquer pratica de conhecimento. Sem explorar as conseqiiéncias do que este autor diz, acerca de dis- ciplina, em Vigiar e punir (1977) ou mesmo em L’ordre du discours (1971), querfamos aqui apenas colocar como objeto de nossa atenc&o a relacao do Sujeito Com o texto que ele produz, tendo como contexto a escola e tomando como cerne da observagao o momento em que se ensina a escrever, Procuraremos assim trazer alguns esclarecimentos ao que temos unamado as condi¢6es de producao da leitura e da escrita, As formas de representacao do sujeito Vamos ent&o nos ocupar do fato de que o sujeito est, de alguma for- ma, inscrito no texto que produz. — Nao nos interessa, entretanto, falar das marcas que atestam essa ins- crigao do sujeito — elas existem e s&0 muitas —, mas do fato de que os dife- rentes modos pelos quais o Sujeito se inscreve no texto correspondem a di- ferentes representacdes que, por sua vez, indicam as suas diferentes fun- A partir do que diz Ducrot $ ,teriamos as seguintes fungdes enunciati- vas do sujeito: a de locutor, que @ aquela pela qual ele se representa como 3. Ct. Le dire et Je dit (1985), de O. Ducrot, também C. Vogi (1980) e Eduardo Guimaraes (1985), em um estudo de “nao s6 mas tambem’, 76 eu no discurso e a de enunciador que é (s40) a(s) perspectiva(s) que esse eu constréi. eg Scented @aglinae De nossa parte, e af esté nossa contribuigao especftica para esta re- flexao, gostarfamos de acrescentar, de acordo com o “principio da autoria” de Foucault (1971), uma outra fungao: a de autor. O principio de autoria de Foucault estabelece que 0 autor € 0 principio de ayrupamento do discurso, unidade e ongem de suas significagdes. O autor esta na base da coeréncia do discurso +. Nossa proposta é de colocar a fun¢ao (discursiva) autor junto as outras € na QT quia) estabelecida: locutor, enunciador e autor. Nessa ordem, terlamos variedade de fungées que vao em dire¢ao a0 Social. Dessa forma, esla ulti- ma, ade autor, 6 aquela (em nossa concep¢ao) em que 0 Stjelto falante est& mais afetado pelo contato com 0 social e suas coercoes. — Dirfamos que o autor é a fungao que 0 eu assume enquanto produtor de linguagem. Sendo a dimens&o ciscursiva do sujeito qué esta Mais dater- minada pela relacac na @x ntexto sdcio-hist6rico), ela esta mais submetida as regras das instituigdes, Nela Si dimentos discipinares. A nocao de sujeito é historica O sujeito se define hisioricamente: a relagao gem € diferente, por exemplo, na Idade Média, no sé — por isso que Pécheux (1975), ao pensar o discurso, fala em forma- sujeito (que € sempre historicamente determinada). A relagao_com a lingua- gem, da forma-sujeito caracteristica das nossas formagdes sociais, 6 cons- tituida da ilus&o (ideolégica) de que 6 Sujeito é a fonté do queé diz quando, na verdade, ele retoma senti critos em formagées discur- sivas determinadas. - lo sujeito com a lingua- forma-sujeitlo € a de_um_sujeito ao qual se imputam, tempo, autonomia € responsabilidade. O que & caracteristico dele @ que ele se define como sujeito-juridico (Haroche, 1984): tem direitos e deveres 5. lputam, ao mesmo 4, Para Foucault 0 principio da autoria nfo vale para qualquer discurso nem de forma constante. O modo come 0 estamos ulilizando aqui difere deste autor. Para nds, o principio é geral. O texto pode no ter um autor especitico, mas sempre se imputa uma autoria a ele. fi 5] Essa detinicao do autor, relerida & idéia de um sujeito jurfdico (que tem direitos e deveres, sujeito responsavel por seus feitos @ gestos), que & caracterfstica do nosso contexto histérico- social, tem uma hist6ria cujo momento decisivo localiza-se no perfodo que vai do século X ao século Xlil (Ha-0- che, 1984), Interessa-nos aqui lembrar que aquele perfodo & marcado por cruciais transtormagoes na economia (sedentarizagao do comércio, corporativismo dos comerciantes, reinvidicagdes de 7 “uma liberdade sem limite a uma submiss&o sem falhas” (Haroche, 1984), ele pode criar qualquer coisa, contanto que respeite rigorosamente as regras da linguagem, | Particularmente, em sua relagao com a linguagem, esse Sujeito 6 capaz de Identidade e identificagao A partir dessas consideragées, podemos ver, nas diferentes fungdes discursivo-enunciativas mencionadas acima — e que, do ponto de vista que aqui setainos assumindo, estao hierarquizadas — modos de de ° “apagamento” do sujeito, ———— ty Nessa perspe: © autor é a instancia em que haveria maior “apa- ( gamento” do sujei lo porque ue é nessa insta instancia — mais delerminada pela (( (representagao social — que mais se exerce a injuncao a um modo de dizer . padronizado e institucionalizado no qual se inscreve a responsabilidade dc do Sujeito por aquilo que diz . Eda representacao_do_sujeito como autor wutor_ que mais_se cobra sua ilusao de ser_origem ¢ fonte de seu discurso. E nes E nessa fung&o que ¢ sua rel lagao | com a linguagem esta | mais sujeita ao controle so- cial. Assim, do autor se exige: coeréncia; respeito aos padrées estabeleci- dos, tanto quanto & forma do discurso como as formas gramaticais; explici- tag&o; clareza; conhecimento das regras textuais; originalidade; relevancia e, entre varias coisas, “unidade”, “nao contradigao”, “progress&o’ e “duragao” do seu discurso. Essas exigéncias tém uma direcdo: procuram tornar o sujeito visfvel (enquanto autor, com suas intengdes, objetivos, direcao argumentativa), Um ) sujeito visivel é calculavel, controldvel, em uma palavra, identificavel. E, entre outras coisas, nesse “jogo” que o aluno entra quando comeca escrever, Para que 0 sujeito se coloque como autor, ele tem de estabelecer uma ‘emancipacao por parte dos camponeses) que estao ligadas aos prograssos da instrug&o, da escrita. | Esses progressos, por sua vez, se inscrevem no avango do aparelho juridico e refletom-se, de forma | importante, sobre'a questo do sujeito. Nao nos alongaremos sobre isso, nosso trabalho, mas vale a Pena uma retlexéo mais demorada, em termos histdricos, sobre @ ligacao entre a constituigao do autor, 0 progresso da escrita, em sua relacao com as estruturas econémico-sociais. 8 jor “apagamento” no tem um sentido negativo, pois; 1. ele é a propria possibilidade de transmuta- | po do sujeito em suas multiolas formas @ fungbes; © 2. ao colocar-se socialmente, o sujeito-autor se percebe subjetivamente. O apagamento é constitutive do sujeito. E um modo de existéncia do sujei- | to; um procedimento pelo qual ele se constitui, Em resumo: 0 apagamento faz parte das condicoes (de produgio do sujeito. 78 relago com a exterioridade, ao mesmo tempo em que ele se remete 4 sua pr6pria interioridade: ele constréi assim sua identidade como autor. Isto 6, ele aprende a assumir 0 papel de autor e aquilo que ele implica. O autor 6, pois, 0 Sujeito que, tendo o dominio de certos _mecanismos discursivos, representa, pela inguagem, esse papel, na ordem social ern que esta inserido. Nao basta “falar” para ser autor; falando, ele € apenas falante. Nao | basta “dizer” para ser autor; dizendo, ele 6 apenas locutor. Também nao basta enunciar algo para ser autor. Papel social e responsabilidade O que é preciso, ent4o, para ser autor? O que tem faltado, desse ponto de vista, quando se pensam as condi- des de produgao da escrita, na escola, 6 compreender 0 processo em que se da a assung&o, por parte do sujeito, de seu papel de autor. Essa assun- ¢&o_implica, segundo 0 que estamos procurando_mostrar, rar, uma insercao. (construgao) do sujeito na | cultura, uma posi¢ao dele no contexto histérico- social. OO } Aprender a se colocar — aqui: representar — como autor é assumir, /diante da instituigao-escola e fora dela (nas outras instancias institucionais) ( esse papel social, na sua relagao com a linguagem: constituir-se e mostrar- \ se autor. Aj esta uma tarefa importante da atividade pedagégica, na escola, em relagao a0 universo da escrita: responder 2 essa questao — 0 que, é ser au- tor — é atuar no que define a passagem da funcao de suj jeito- -enunciador para ade "sujeito~ autor. Eis onde deve incidir a reflexao lingiistico-pedagégica para que o professor de lingua possa atuar, dando a conhecer ao aluno a natureza des- Se processo no qual o “aprender a escrever” o engaja. E o momento é exa- tamente o da passagem do enunciador a autor. Como passar da multiplicidade de representagdes possiveis do sujei- | to, enquanto enunciador, para a organizagao dessa dispe.s&o num todo coe- rente (e consistente) com que se apresenta o autor, responsavel pela unida- \s € coeréncia do seu discurso? Pode-se pensar as varias caracteristicas que sao diferentes entre enunciado ¢ autor. Quer-nos parecer que, nessa reflexdo, basta conside- rarmos uma das mais, sendo a mais, importantes: a responsabilidade, 79 A responsabilidade do autor é cobrada em varias dimensées: quanto & unidade do texto, quanto a clareza, quanto & nao-contradi¢ao, quanto a cor- reco, etc. Exige-se uma relag€o institucional com a linguagem. Uma ilustra- Gao disso que estamos falando 6 a situagéo comum em que o professor considera certos textos de alunos, até compreensiveis mas inaceitaveis. O que o professor esta cobrando, e esta faltando, é que o aluno assuma a po- sicao de autor. 7 Em um mesmo texto, 0 enunciador pode se representar de varias ma- pill OL cdelldaaiiacial ot as << neiras. Por exemplo, na descricao de uma ponte, o enunciador pode-se re- presentar como estando debaixo dela, do interior de um barco que passa, € | ao mesmo tempo da margem do rio sobre o qual ele esta. Isso nao resulta em nenhuma inconsisténcia textual. Da mesma forma, em um texto sobre salario, podemos ter o enunciador falando da perspectiva, do patrao, ao mesmo tempo que, em outro lugar do texto, ele representa a posi¢ao de em- pregado. Isto também nao cria problema algum. Diriamos que cada posicao representa um enunciador, podendo, pois, o texto ter varios enunciadores. Mas, em um caso como no outro, é preciso que o autor faga isso de maneira que o texto apresente unidade. E dele que se cobra essa unidade, nao do enunciador. Escola e autoria Podemos, enfim, dizer que a escola deve propiciar essa passagem- enunciador/autor — de tal forma que o aprendiz possa experimentar praticas que fagam com que ele tenha 0 controle dos mecanismos com os quais est4 lidando quando escreve, Estes mecanismos s&o de duas ordens: | a) Mecanismos do dominio do processo discursivo, no qual ele se constitui como autor, | ; . b) Mecanismos do dominio dos processos textuais nos quais ele marca sua pratica de autor. Creio que af est configurada uma fungao da escola com respeito ao sujeito que escreve. 7.|Gostarfamos de lembrar, s6 de passagem, que essa representagao do sujeito, ou melhor, essa fun- ‘cdo enunciativo-ciscu‘siva, que & a do autor, tem seu pélo correspondente que € 0 de leitor. De tal forma isso se dé que nao é do ouvinte, ou de destinatério, mas do leitor que se cobra um modo leitura. O leitor etd, tal como o autor, afetado pela sua inse:cao no sccial. Assim, na preocupacao da leitura, 0 leit: entra com as conci¢des que o caracterizam s6cio-hisldricamente. Dessa forma, ele tera sua identidade de leitura cunfigurada pole seu lugar social e 6, em relagao a esse lugar qué se define a "sua" "loitur 80 Gostarlamos de lembrar que, em termos de funcionamento ideoldgico, 0 fato de se considerar como fonte do que diz 6, segundo Pécheux (1975), uma ilusdo necesséria do falanté. Quer dizer, é pelo funcionamento da ideo- logia que ele assim se “vé", quando na realidade seu discurso nao nasce (nem termina) nele. Também o principio da autoria faz parte, segundo Fou- cault (1971), dos processos internos de controle e delimitacao do discurso. S&o processos que vao domesticar (disciplinan conteci- mento € do-acaso do discurso. O que estamos procurando mostrar é a construgdo eo funcionamento dessa ilus&o necessaria e desse principio, na escola, na produgao de auio- res. Sujeito, escritor, autor Quanto & questo do sujeito e do escritor, tal como enunciamos no t tulo deste trabalho, gostarfamos de dizer que: a) N&o se trata, pois, de tematizar a nogao de sujeito em si, da sua li- berdade, etc., mas da manifestacao do problema da subjetividade na relag&o com a escrita, na escola (uma instituicao). Dirlamos que nao ha lugar, nessa reflex4o, para 0 sujeito em si. Para- lelamente, também quando se fala na realidade, ou melhor, no fato de que a escola nao tem relagéo com a realidade, se estA cometendo um equivoco. Nao hé realidade em_si, A idéia de realidade passa, nessa nossa proposta, Pela nogao de instituigao e, mais especificamente, instituigao de ensino. A realidade da escola, entao, é a realidade posstvel para uma instituigdo. No se trata, pois, aqui, nem da realidade em si, nem do sujeito em si, mas do sujeito na instituigaéo-escola. Ora, na realidade (institucional) escolar, quando se fala da escrita, esté-se falando da formagao do autor, de uma das formas de representagao do sujeito (e nao do sujeito em si). Se n&o se tem em mente essas diferengas, se fala monoliticamente do sujeito — assim como se tem ouvido falar em “métodos que resgatam (?) o sujeito” — sem se pensar as diferentes instancias de suas representagées, como é 0 caso a que estamos nos referindo no ensino da escrita. Nao levando em conta essas diferengas, a escola, por um processo ideolégico extremamente complexe, acaba por nao permitir a passagem do 81 enunciador para o autor. Confunde os seus papéis e cobra um pelo outro. Faz isso porque nao explicita sua prépria fungao. Quanto ao escritor, o que gostarfamos de dizer 6 0 seguinte: nao 6 a relacao com a escola que define o escritor. Ela podera ser titil, mas nao é nem necessaria, nem suficiente. Nao 6 sua tarefa especffica formar escrito- res. Ao contrario, para ser autor, sim: a escola é necessdria, embora nao suficiente, uma vez que a relag&o com o fora da escola também constitui a experiéncia da autoria. De toda forma, a escola, enquanto lugar de reflexdo, 6 um lugar fundamental para a elaborac4o dessa experiéncia, a da autoria, na relagao com a linguagem. Entim Estas reflexdes que aqui fazemos, do ponto de vista discursivo, sobre a relagao entre a escola e a escrita podem servir de subsidio para a ativida- de pedagégica que tem como objetivo o ensino da lingua. No entanto, essa reflexdo nao se coloca como um artefato para ser utilizado como tal no ensino. H& mediagées importantes entre a produgao de uma forma de conhe- cimento por determinado dom{nio de estudos, no contexto académico, e a aplicagéo desse conhecimento no ensino. Assim como, para o aluno, 0 conhecimento nao vem pronto, mas &, ao contrario, um processo (da elaboragao do qual ele faz parte fundamental), também para os que produzem conhecimento, programas e métodos de en- sino, existe um processo 6 uma divisdo de trabalho. Nessa divisdo de trabalho, cabe ao professor, que est diretamente comprometido com a atividade pedagégica, a elaboragao de uma etapa cru- cial da divis&o de trabalho: propiciar, pela ago pedagégica, a sua prépria transformagao e a do aprendiz, assim como da forma de conhecimento a que tem acesso. Nesse sentido, esse texto que escrevi, e que se coloca como um pro- duto na circulagaéo do saber, também no esté “pronto”. E sé parte do pro- cesso, 82 Referéncias bibliograficas DUCROT, O., Le dire et le ait. Paris, Minuit, 1284, FOUCAULT, M. L’ ordre du discours, Paris, Gallimard, 1971. ——. Arqueologia do saber. Petropolis, Vozes, 1972. --—. Vigiar e punir. Petrépolis, Vozes, 1977. GUIMARAES, E. R. J, ‘Nao sé mas também: polifonia e argumentagac’, in Cadernos de Estudos Linguisticos, n° 8, IEL, 1985. HAROCHE, Cl., Vouloir dire faire dire. P.U, de Lille, 1984. PECHEUX, M. Les vérités de /a palice. Paris, Maspero, 1975. VOGT, C. ‘Por uma pragmatica das representagdes’, in Linguagem, pragma- tica e ideologia. Sao Paulo, Hucitec, 1980.

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