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L ições Bíblicas

COMO ENSINAR
AS PRÓXIMAS
GERAÇÕES?
Professores cristãos estão encarregados de ensinar as próximas gerações
e ajudá-las a crescer em maturidade espiritual e em sabedoria e entendi­
mento da fé cristã (Rm 12.2; 2Pe 3.18). Em vez de desistir por conta das mu­
danças e desafios, os educadores cristãos comprometidos esforçam-se em
procurar entender melhor a dinâmica do ensino e seu papel na formação
espiritual cristã. Professores qualificados trabalham para descobrir níveis
maiores de eficácia para envolver as próximas gerações de alunos.
Mais do que nunca, a igreja precisa de bons professores, que:

• compreendam a formação espiritual,

• saibam como a aprendizagem ocorre em todas as faixas etárias,

• empreguem percepções advindas de teologias e teorias importantes,

• possuam um repertório pronto de métodos criativos,

• estejam comprometidos com a oração e, fazendo isto, testemunhem a


atuação do Espírito Santo por meio de suas vidas em prol da transformação
espiritual de seus alunos.

SAIBA S í J l H
MAIS
L içõ es Bíblicas

Io TRIMESTRE 2024

LIÇAO 1 BÍBLIA: A FONTE DA GENUÍNA DOUTRINA

LIÇÃO 2 A DOUTRINA DE MOISÉS

LIÇÃO 3 O CATIVEIRO MOTIVADO PELO DESPREZO AO ENSINO

LIÇÃO 4 OS JOVENS QUE SE MANTIVERAM FIRMES NA DOUTRINA

LIÇÃO 5 AS FALSAS DOUTRINAS

LIÇÃO 6 A DOUTRINA E O AMOR PELO SENHOR

A DOUTRINA QUE DÁ VIDA E EXPULSA DEMÔNIOS

A SÃ DOUTRINA

A DOUTRINA DOS APÓSTOLOS

O CUIDADO COM O VENTO DE DOUTRINA

A DOUTRINA DEVE FAZER PARTE DO CULTO

PERSEVERANDO NA DOUTRINA DE CRISTO

A IGREJA NÃO SOBREVIVE SEM DOUTRINA


CASA PUBLICADORA DAS
CBO ASSEMBLÉIAS DE DEUS
Presidente da Convenção Geral das
Assembléias de Deus no Brasil
O FUNDAMENTO
José Wellington Costa Junior
Presidente do Conselho Adm inistrativo DOS APÓSTOLOS E
José Wellington Bezerra da Costa
DOS PROFETAS
Diretor Executivo
Ronaldo Rodrigues de Souza A Doutrina Bíblica com o Base
Gerente de Publicações para um a Vida Vitoriosa
Alexandre Claudino Coelho .

Consultor Doutrinário e Teológico Com a graça de Deus, iniciaremos


Elienai CabraL o primeiro trimestre do ano. Estuda­
Gerente Financeiro remos um tema bem reLevante para
Josafá Franklin Santos Bomfim os nossos dias: Doutrina. 0 objetivo é
Gerente de Produção mostrar que as Escrituras Sagradas
Jarbas Ramires Silva são um a fonte genuína da doutrina
Gerente Com ercial de Deus. Sabem os que as doutrinas
Cícero da Silva têm três fontes: Deus, o hom em e
Gerente da Rede de Lojas os dem ônios.
João Batista Guilherme da Silva
A c a d a lição e stu d a d a, tem os
Gerente de TI
a ce rte z a d e q u e v o c ê v e rá q u e
Rodrigo Sobral
as doutrinas de D eus são m anuais
Gerente de Comunicação
que nos ensinam a viver conform e
Leandro Souza da Silva
a vontade do Senhor até que Je sus
Chefe do Setor de Educação Cristã
Marcelo Oliveira venha arrebatar a sua Igreja.
Chefe do Setor de Arte & Design V iv e m o s te m p o s tra b a lh o so s
Wagner de Almeida e não p o d em o s nos d e scu id a r da
Comentarista sã doutrina para q u e v e n h a m o s a
Elias Torralbo re c h a ç a r as m u itas h e re sia s q u e
Editora rondam a Igreja.
Telma Bueno
Projeto Gráfico, Designer e Capa Q ue D eus o(a) abençoe.
Suzane Barboza
Fotos Até o próximo trimestre.
shutterstock.com
O s editores.
RIO DE JANEIRO - CPAD MATRIZ
Av. Brasil, 34.401 - Bangu - CEP21852-002
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BÍBLIA: A FONTE DA
GENUÍNA DOUTRINA
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"To d a Escritura d iv in a m e n te SEGUNDA - 2 Pe 1.19-21


in sp ira d a é p ro veito sa para Inspirados pelo Espírito Santo
ensinar, para redarguir, para TERÇA - Jo 5.39
corrigir, para instruir em ju stiça ." A Palavra testifica acerca de Jesus
(2 Tm 3 . 16 ) QUARTA - SL 119.72
A Palavra de D eu s é preciosa
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA-SL 119.89
A Palavra perm anece para sem pre
SEXTA - SL 119.105
A B íb lia é a ú n ica fo nte g e n u ín a A Palavra é lâm pada para
d e d o u trin a para o cristão. os nossos pés
SÁBADO - Hb 4.12
A Palavra e o seu p o d er eficaz

JOVENS 3
OBJETIVOS
APRESENTAR a origem da Bíblia;
EXPLICAR a inspiração das Escrituras;
DESTACAR a Bíblia como fonte de doutrina.

INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), com a graça de Deus iniciamos o primeiro trimestre
do ano. Estudaremos treze lições a respeito do fundamento dos apóstolos e
profetas. Veremos que a Bíblia é a única fonte genuína de doutrina para o crente
de todos os tempos.
O comentarista das lições é o pastor Elias Torralbo, Mestre em Teologia
Sistemática e especialista em Gestão Escolar. Diretor Executivo da FAESP -
Faculdade Evangélica de São Paulo. Atua como pastor na Assembleia de Deus
Ministério do Belém, cidade de Mogi das Cruzes - SP.
Que o estudo de cada lição possa trazer a certeza, para você e seus alunos,
de que a Bíblia é a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Seus ensinos são luz
para o nosso caminho e se praticados vão nos oferecer uma vida vitoriosa.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), para a primeira aula do trimestre, sugerimos que você repro-
duza a tabela abaixo mostrando aos alunos que as Escrituras Sagradas são
uma confirmação de que Deus deseja ser conhecido pelos seres humanos.
Deus fala conosco de diferentes maneiras, mas a sua Palavra é a sua revelação
plena para nós.

Ele falou do Céu, direta e audivelmente. Lc 321,22

Ele escreveu em tábuas de pedra. Êx 31.18

Ele se tornou carne. o 1.14

Ele deu vívidos sonhos e visões. Gn 28.12; Mt 1.20; 2.19,29;

Ele utilizou paredes de palácios. Dn 5.5

Ele fez animais falarem. Nm 22.28

Ele expressou a verdade dos profetas. Ez 51.1; Am 2.1; Ag 1.7; Zc 8.3

Ele utilizou os anjos. Lc 1.11,28; At 10.3,4

Extraído do Manual de Ensino para o Educador Cristão, CPAD.

4 JOVENS
TEXTO BÍBLICO
' ' * , ' S M

2 Timóteo 3.14-17
14 Tu, porém, permanece naquilo que 16 Toda Escritura divinamente inspira­
aprendeste e de que fostes inteirado, da é proveitosa para ensinar, para
sabendo de quem o tens aprendido. redarguir, para corrigir, para instruir
15 E que, desde a tua meninice, sabe as em justiça,
sagradas letras, que podem fazer-te 17 Para que o homem de Deus seja
sábio para a salvação, pela fé que há perfeito e perfeitamente instruído
em Cristo Jesus. para toda boa obra.

INTRODUÇÃO diminutiva “biblion" (Lc 4.17) que sig­


Neste trimestre, estudaremos a nifica “pequeno livro”. O termo Bíblia
respeito do “Valor da Doutrina”. Este é relaciona-se com biblos, de onde vem
um tema de fundamental importância o nome dado à parte interna do papiro,
para o cristão, individualmente e para material usado na antiguidade para
a igreja. Quanto ao foco da primeira escrever os livros.
lição, abordaremos a Bíblia como fonte A Bíblia é também chamada de:
segura da doutrina. Escritura (Mc 12.10; 15.28); Santas
Certamente você concorda que a Escrituras (Rm 1.2) e Sagradas Letras
Bíblia é indispensável para uma vida (2 Tm 3.15).
cristã frutífera, saudável. Mas você 2. A origem literária da Bíblia. A
sabe qual é a sua origem e natureza? Bíblia é a Palavra de Deus aos homens
Nesta primeira lição, vamos responder e, como literatura, é um livro antigo. Seu
essas questões, discorrendo a respeito formato original era a de um rolo (Jr 36.2)
da origem da Bíblia, a sua inspiração (2 Tm 4.13). Inicialmente, a Bíblia não foi
divina e a sua elevada e inestimável formada de um livro só, mas cada livro
importância. compunha um rolo individual. A inven­
ção do papel no século II pelos chineses
I - A ORIGEM DA BÍBLIA e o desenvolvimento da imprensa, por
1. Definição do termo. As Escrituras Johannes Gutenberg, contribuíram com
Sagradas são uma confirmação de que a junção de seus livros.
Deus deseja ser conhecido pelos seres A Bíblia tem 66 livros que foram
humanos, por isso a revelação de si escritos por 40 homens de lugares e
mesmo foi preservada de forma escrita culturas diferentes. Originalmente foi
em um livro chamado Bíblia Sagrada. escrita em dois idiomas (hebraico e
Qual o significado da palavra Bíblia? grego) e um dialeto (aramaico), dentro
Como se deu o seu desenvolvimento de mais de 1600 anos, com os mais
dentro da história? variados temas, com uma unidade
O vocábulo Bíblia tem origem na admirável e inigualável. O centro de
expressão grega biblos (Mt 1.1), que sua mensagem não é o homem (an­
significa “um livro”, ou ainda, da forma tropológico), mas Deus (teocêntrico),

JOVENS 5
abordando o criacionismo (Deus é o Q PONTO IMPORTANTE!
Criador de todas as coisas), a teoLogia O desenvolvimento histórico da Bí­
(ênfase no conhecimento a respeito de blia atesta ser ela a Palavra de Deus.
Deus e a sua relação com o mundo), a
antropologia (exposição sobre o lugar
SUBSÍDIO [1)
do homem no plano de Deus), culmi­
Professor(a), inicie o tópico fazen­
nando na soteriologia e na escatologia
do a seguinte pergunta: “Você crê
(a doutrina da salvação e das últimas
na inspiração divina da Bíblia?” Ouça
coisas, respectivamente).
os alunos com atenção e incentive a
3 . A origem da Bíblia Sagrada. A
participação de todos. Explique que
Bíblia é um livro sagrado e a expres­
toda a Escritura é inspirada por Deus.
são dada a isso é “cânon sagrado”. A
Em seguida, aclare que a “palavra ‘bí­
palavra “cânon” é de origem cristã e
blia’ é derivada do latim, proveniente
vem do grego kanon e provavelmente
da palavra grega bíblia (livros), que diz
do hebraico “kaneh", que quer dizer
respeito especificamente aos Livros que
“junco”, “cana”ou “vara de medir”, com
são reconhecidos como canônicos pela
referência a uma regra ou uma norma a
Igreja cristã.
seguir. O cânon bíblico é uma referência
Um termo sinônimo de ‘a Bíblia' é
aos livros considerados como Palavra
‘os escritos' ou ‘as Escrituras' (em grego
de Deus, servindo como regra de fé e
hai graphai, ta gramata), frequente­
prática (Gl 6.16).
mente usado no Novo Testamento
A canonização dos livros da Bíblia
para designar, no todo ou parte, os
foi feita por concílios eclesiásticos nos
documentos do Antigo Testamento.
quais os livros eram considerados úteis
Por exemplo, Mateus 21.42 diz: ‘Nunca
para a fé e a adoração cristã. O Antigo
lestes nas Escrituras?' (em tais gra-
Testamento foi aceito como sagrado
pelos judeus e, nos dias de Jesus, a sua phais). A passagem paralela, Marcos
composição já existia. Quanto ao Novo 12.10, traz o singular, referindo-se ao
Testamento, a autoridade de seus livros particular texto citado: ‘A inda não
se confirmou pelos seguintes critérios: lestes esta Escrituras?' (ten graphen
a) deveriam ter sido escritos por um tauten). Em 2 Timóteo 3.15, temos ‘as
dos apóstolos ou por alguém bem sagradas letras' (ta hiera gramata), e
próximo a eles; b) o conteúdo deveria o versículo seguinte (ARA) diz: ‘Toda
ser coerente com os ensinos da igreja Escritura é inspirada por Deus' (passa
e os demais livros sagrados e c) deve­ grafe theopneustos). Em 2 Pedro 3.16,
riam ser conhecidos e reconhecidos na ‘todas' as epístolas de Paulo são in­
igreja. Os concílios não concederam cluídas junto com ‘as outras Escrituras'
autoridade divina às Escrituras, apenas (tas loipas graphas), as quais presu­
a reconheceu. m em -se que sejam os Escritos do
Antigo Testamento e provavelmente
@ PENSE! os evangelhos também.”
Qual a importância de se conhecer (BRUCE, F. F. A Origem da Bíblia. Rio de
a origem da Bíblia? Janeiro: CPAD, 1998, p.13.)

6 JOVENS
II - A INSPIRAÇÃO DAS ESCRI­ Novo Testamento, Deus se comunicou
TURAS oralmente com o homem (Gn 1.28-30),
1 . Uma breve definição. Termos e depois incumbiu pessoas a fazer o
como inspiração, iluminação, apLicação, registro, em sua Palavra (Êx 17.14).
convicção e testemunho compõem Os homens que escreveram a
a discussão acerca da fonte das Es­ Bíblia foram cham ados por Deus
crituras. A expressão “inspiração”é a para tal tarefa, servindo-lhes como
que coordena o funcionamento das instrumento divino (2 Pe 1.21). O “canal”
demais, pois atesta a origem da Bíblia, usado foi o humano, mas a autoridade
reafirmando assim a sua autoridade finaL é divina, o que faz da Bíblia a Palavra
Do latim inspiratio, que advém do de Deus para os homens de todos
verbo inspirare, inspiração quer dizer os tempos.
“soprar em ”, ou ainda, “insuflar”. Ao 3 . A natureza divina da Bíblia.
afirmar que a Escritura é “divinamen­ Como confirmar a natureza divina da
te inspirada”, o apóstolo Paulo está Bíblia? Há meios pelos quais a fonte
afirmando que ela foi idealizada e divina da Bíblia pode ser constatada
supervisionada pelo Espírito Santo (2 e aceita, tais como: a) sua unidade; b)
Tm 3.16), motivo pelo qual ela é “digna sua mensagem sem igual; c) o cum ­
de toda aceitação”(1 Tm 1.15). Portanto, primento de suas profecias e d) o seu
uma vez que o Espírito Santo é que testemunho próprio.
inspirou a Bíblia, é Ele quem também Mesmo tendo sido escrita por di­
ilumina o homem para que possa ferentes pessoas, nas mais variadas
entendê-la, além de operar os seus condições e em diferentes épocas, a
resultados exclusivos, atestando ser unidade doutrinária e estrutural da Bíblia
ela a verdade eterna de Deus. indica a inquestionável e necessária
2. A revelação especial da Bíblia. presença de um ideaüzador soberano,
Inicialmente veremos duas questões que conduziu a sua composição e es­
a serem consideradas: “Por que Deus truturação. A mensagem das Escrituras
usou homens como autores de sua também faz dela um livro divino, pois
Palavra?”e “Como aceitar a Bíblia como reafirma a perfeição de Deus, o estado
Palavra de Deus se ela foi escrita por de Queda do homem e os seus efeitos,
homens?” o amor de Deus revelado em Cristo,
Deus, inicialmente, se revelou ao bem como o chamado ao homem para
homem por meio de sua criação (SL 19.1­ a redenção e para a esperança de vida
6; Rm 1.18-20). Ele também se revelou eterna. A Bíblia contém profecias, das
pela Bíblia, e por intermédio de Jesus quais muitas já se cumpriram, outras
Cristo, “a quem constituiu herdeiro de estão em franco cumprimento e outras
tudo” (Hb 1.1-3), o qual denominamos que ainda se cumprirão, e somente
Revelação Especial. Portanto, a escolha Deus é capaz de anunciar antecipada­
de homens como autores da Bíblia é mente e, com precisão, a sua vontade.
justificada pela estratégia divina em A própria Bíblia dá testemunho de sua
dar-se a conhecer à humanidade. No­ natureza divina (2 Sm 23.1,2; 2 Tm 3.16;
ta-se que, tanto no Antigo quanto no 2 Pe 1.20,21).

JOVENS 7
Historicamente, as h u m a n id a d e . D e a c o rd o co m e s s a
doutrinas bíblicas surgiram d eclaração , fica evid ente se r a Bíblia
um p ro d u to tanto h u m a n o q u an to
e se consolidaram como
divino. V ere m o s a lg o do seu autor —
respostas às am eaças
sua perspectiva, estiLo, tem peram ento
e defesa aos ataques à e outros. M as toda e la traz o se lo do
unidade da fé da Igreja, im p u lso divino, para in d icar q u e por
Nesse ponto, a doutrina trás e no interior da obra do autor hu­
se reafirma como m ano está o próprio Deus. Portanto,
m ed ian te o p ro ce sso da in spiração ,
indispensável à vida da
D eus é o autor das Escrituras.
igreja, pois ela cumpre Um a das p assagen s que esp ecifi­
uma função delimitadora, cam a autoria divina: ‘Porque a profecia
mantendo assim a sua n un ca foi prod uzid a por vo n tad e de
integridade. homem aLgum, m as os hom ens santos
de Deus faLaram inspirados peLo Espírito
Santo' (2 Pe 1.21). E sse s autores foram
O s te stem u n h o s da arq u eo lo g ia, inspirados por uma influência especiaL
da própria B íb lia e d as m uitas v id as do Espírito Santo, q ue fez com q ue os
transform adas pela Palavra d e Deus, seu s escritos tam bém fossem inspira­
de forma conjunta, também confirmam dos pelo sopro de Deus.”
a natureza divina da Bíblia. (Manual do Estudante. Rio de Janeiro: CPAD,
1997 pp.122,123.)
@ PENSE!
Por que a Bíblia é um livro d iv in o ? III - A BÍBLIA COMO FONTE DA
DOUTRINA
Q PONTO IMPORTANTE! 1. Definição do termo. O significado
A B íblia é um livro divino, pois o do term o “d o u trin a” é am plo. A este
Esp írito Santo é a sua fonte. respeito, o Dicionário Teológico editado
peLa CPA D afirma: “[Do Lat. Doctrina, do
SUBSÍDIO O verbo docio, ensinar, instruir, educar.]
Professor(a), d ê in ício ao tó p ico Conjunto de princípios que form am a
co m a se g u in te pergunta: “O q u e é base d e um sistem a religioso”. Já em
in sp ira çã o b íb lic a ?” O u ça os a lu n o s um a an álise m ais específica, a referi­
co m aten ção . D ep o is, e x p liq u e que da obra dá a se g u in te exp licação : “A
“in sp ira çã o é o term o u sad o para a d outrin a cristã a c h a -s e b a se a d a na
a ção direta d e D eus sobre os escrito­ Bíblia S ag rad a - nossa única regra de
res bíbLicos. Em bora a individuaLidade fé e prática. Ela pode vir expressa em
de ca d a um fosse m antida, foram ao forma d e credos, decLarações de fé ou
m e sm o te m p o m o vid o s, g u ia d o s e d o g m áticas”.
g u ardados peLo Espírito Santo; d e sse A doutrina tam b ém pode se r e n ­
m odo , o q u e e s c re v e ra m co n stitu i tendida co m o ensinam ento. Portanto,
a su ficie n te P a lav ra d e D e u s para a doutrinar é ensinar com b ase em um

8 JOVENS
co n ju n to d e c re n ç a s p e rte n ce n te a o m undo (Mc 16.15), assim com o PauLo
u m a p e sso a , in d iv id u a lm e n te , m as afirmou que com partilharia o m esm o
p rin c ip a lm e n te a um d e te rm in a d o EvangeLho com os irmãos que estavam
grupo reLigioso, coLetivamente. Quanto em Rom a (Rm 1.15). O b e d e ce n d o os
ao uso do termo “doutrina" nesta Lição, respectivos propósitos, o EvangeLho a
e em todas as dem ais deste trimestre, ser pregado ao pecad or é o m esm o a
reLaciona-se com as bases da fé cristã, ser ensinado à Igreja, cuja fonte é uma
co nfo rm e expostas e e n sin a d a s nas só, a Palavra d e Deus, isto é, a Bíblia.
Escrituras Sagradas. C o n s id e ra n d o que, co n fo rm e já
2. A importância da doutrina bíblica. visto, doutrina é ensinam ento, as p a -
A su a estim a se co nfirm a d e m uitas Lavras d e PauLo confirmam que a BíbLia
formas, principaLmente se considerada é a fonte d e toda doutrina cristã: “Toda
a sua m issão de apontar o cam inho a Escritura divinam ente inspirada é pro­
ser seguido peLa Igreja, isto é, para onde veito sa para ensinar, para redarguir,
eLa deve ir, mas também d e protegê-La para corrigir, para in stru íre m ju s tiç a ”
dos ataqu es externos, e, nesse caso, (2 Tm 3.16).
a d v e rtin d o -a so b re o q u e não fazer
co m o m étodo d e m anutenção d e sua 0 PENSE!
sa ú d e espiritual. Q u al a relação en tre a B íb lia e a
H isto ricam e n te , as d o u trin as b í­ d o utrina?
b lic a s su rg ira m e se c o n s o lid a ra m
co m o respostas às a m e a ça s e defesa Q PONTO IMPORTANTE!
aos ataques à unidade da fé da Igreja. A Bíblia éa fonte de toda a doutrina
N e sse ponto, a doutrina se reafirm a cristã.
como indispensáveLà vida da igreja, pois
eLa cu m p re um a função deLimitadora, SUBSÍDIO O
m an ten d o a ssim a su a in te g rid ad e . Professor(a), d iga q u e doutrina é
Um a igreja sem as doutrinas b íblicas “d id a c h e no grego e d enota e n s in a ­
pode ser co m parada a uma ca sa sem mento, quer aquiLo que é ensinado (por
portas, cuja característica é a ausência exem plo, Mt 7.28; Tt 1.9; A p 2.14,15,24),
d e lim ites e a p re se n ça m arcan te e q u e r o ato do ensino , instrução (por
desastrosa da desordem . exem plo, M arcos 4.2; Rom anos 16.17).
A doutrina bíblica lan ça luz na tra­ D id a sk a lia, denota aquilo q ue é e n si­
jetória da igreja e fecha as portas para nado, doutrina (Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; 1
as a m e aça s externas. Tm 1.10). No mesmo tempo que o termo
3. Bíblia, verdadeira fonte doutriná­ d id a c h e é usad o a p e n a s d u as v ezes
ria. A esta aLtura deve estar cLaro que a nas Epístolas Pastorais (em 2 Tm 4.2 e
BíbLia é o instrumento de com unicação Tt 1.9), o termo didashalia é empregado
d e Deus com o homem, q ue se dá em quinze vezes. A m b o s são usado s nos
du as dim ensões: co m o hom em , em s e n tid o s ativo e p a ssiv o (ou se ja , o
g e ra l e co m a Igreja, em p articular. ato d e en sin a r e o q u e é ensinado).”
N ote q u e a o rd em d e J e s u s é para (Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD,
que o Evangelho seja pregado a todo 2016, p. 579 )

JOVENS 9
ESTANTE DO PROFESSOR
HORTON, Stanley M; MENZIES,
Willian W. Doutrinas Bíblicas. 2.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

O CONCLUSÃO
Nesta lição reafirmamos o lugar da
Bíblia como fonte genuína da doutrina
cristã. Vimos que ela é a inspirada Pa­
1 »

lavra de Deus, cujo desenvolvimento O HORA DA REVISÃO


histórico e estrutural comprova que, 1. Qualo significado do vocábulo Bíblia?
não obstante tenha sido escrita por O vocábuLo Bíblia tem origem na
homens falíveis, Deus é a sua fonte; o expressão grega biblos (Mt 1.1), que
que faz dela o Livro dos livros, pois é significa "um Livro”, ou ainda, de for­
o instrumento infalível e inerrante de ma diminutiva “biblion" (Lc 4.17) que
comunicação da mensagem de Deus significa “pequeno Livro"
aos seres humanos. 2. QuaL o significado da expressão
“Cânon Sagrado"?
A paLavra “cânon" é de origem cristã
e vem do grego kan o n e provaveL-
m en te do h e b ra ico 11k a n e h ", q u e
quer dizer "junco”, "cana" ou “vara de
m edir”, com referência a um a regra
AN O TAÇ ÃO ou um a norma a segu ir
3. Qual era o formato original da Bíblia?
Seu formato original era a de um rolo
(Jr 36.2), feito de papiro e pergaminho
(2 Tm 413),
4. Segundo a Lição, como confirmar
a natureza divina da BíbLia?
Há meios peLos quais a fonte divina
da BíbLia p o d e se r co n sta ta d a e
aceita, tais com o: a) sua unidade;
b) su a m en sag e m sem igual; c) o
cum prim ento de su as profecias e
d) o seu testem unho próprio,
5. Defina o termo ‘‘doutrina".
"Conjunto de princípios que formam
a base de um sistem a reLigioso."
LIÇAO 2
4 jan 2024

A DOUTRINA DE MOISÉS

TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"Então, disse o SENHOR a SEGUNDA - Êx 20.1


Moisés: Sobe a mim, ao monte, D e u s entregou os
e fica lá; e dar-te-ei tábuas de M andam entos a M oisés
pedra, e a lei, e os mandamentos TERÇA - Mt 5.17
que tenho escrito, para os Je su s cum priu toda a lei
ensinares." (Êx 24.12) QUARTA - Jr 31-31-34
O antigo concerto apontava
RESUMO DA LIÇÃO para o novo
QUINTA - G l 3.24
A lei nos conduziu a Cristo
Moisés recebeu a Lei SEXTA -L v 1.1-7
diretamente do Senhor. A s normas quanto aos holocaustos
SÁBADO - Êx 20.3-17
As leis morais

JOVENS 11
\
OBJETIVOS
S C O M P R E E N D E R o significado da Antiga Aliança;
• E X P L IC A R o que são as doutrinas litúrgicas;
• M O STR A R o que são as doutrinas morais.
V
INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo veremos o propósito e o valor
da doutrina bíblica. A proposta é fazer, juntamente com seus alunos, uma reflexão
a respeito da “Doutrina de Moisés”, uma referência à lei que Deus entregou ao seu
servo, bem como as suas aplicações. É importante ressaltar, no decorrer da lição,
que a expressão “Antiga Aliança”se refere a uma parte importante do plano divino
na história, e não deve ser negligenciada e nem declinada pelos crentes da atua­
lidade. Veremos que tanto na individualidade de pessoas quanto na coletividade
de seu povo, Deus estabeleceu importantes e eternas alianças, um exemplo é
a aliança que Ele fez com Israel e que é denominada de "os Dez Mandamentos".
Esse acordo foi entregue a Moisés no Monte Sinai (Êx 34.28). Assim como a Nova
Aliança, a Antiga, cumpriu o propósito de Deus.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), depois de orar para iniciar a aula e fazer as atividades rotineiras,
converse com seus alunos explicando quais eram os propósitos da Lei que
Deus entregou a Moisés. Diga que o termo Decálogo significa, literalmente, dez
enunciados ou declarações (Êx 34.28; Dt 413). Deus proferiu suas declarações de
forma audível no monte Sinai para Moisés, porém elas também foram escritas
em duas tábuas de pedra (Êx 31.18). Os Dez Mandamentos exprimem a vontade
de Deus em relação ao ser humano e são um resumo da lei moral do Senhor. Em
seguida, escreva no quadro os três propósitos dos Mandamentos relacionados
abaixo. Discuta esses propósitos com seus alunos.1

1. Prover um p a d rã o d e ju s tiç a . A Lei entregue pelo Senhor a Moisés é um


padrão de moralidade não só para os judeus, mas para os seres humanos
(Dt 4.8; Rm 712).
2. Id en tifica r e ex p o r o p e ca d o . “Pela lei vem o conhecimento do pecado",
ou seja, o pleno conhecimento dele (Rm 3.20).
3. R e v e la r a s a n t id a d e d e D e u s. A santidade do Senhor foi revelada por
intermédio da Lei Mosaica (Êx 24.15-17; Lv 19.1,2), assim como na Nova
Aliança, Ele revela ao mundo o seu amor através de Jesus Uo 3.16; Rm 5.8).

12 JOVENS
VL •
vH t ,

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 3 23-26 para nos conduzir a Cristo, para que,


23 Mas, antes que a fé viesse, estávamos pela fé, fôssemos justificados.
guardados debaixo da lei e encerrados 25 Mas, depois que a fé veio, já não esta­
para aquela fé que se havia de mani­ mos debaixo de aio.
festar. 26 Porque todos sois filhos de Deus pela
24 De maneira que a lei nos serviu de aio, fé em Cristo Jesus.

INTRODUÇÃO à luz da Nova Aliança. Esse exercício


Nesta lição vamos tratar a respeito passa por identificar o que o Novo
do propósito e o valor da doutrina. Testamento tem a dizer a respeito de
Faremos uma reflexão a respeito da suas características e de seu propósito.
“Doutrina de Moisés”, uma referência A abordagem neotestamentária sobre
à lei que Deus entregou ao seu servo, a Antiga Aliança é feita por meio da
bem como as suas aplicações. comparação entre ambas, tornando
assim os seus respectivos significados
I - A ANTIGA ALIANÇA conhecidos e compreensíveis.
1. C o m p re e n d e n d o o term o. A ex­ A Carta aos Hebreus nos apresenta
pressão “Antiga Aliança”se refere a uma uma comparação entre a Antiga e a
parte importante do plano divino na his­ Nova Aliança. Na introdução, o autor
tória e não deve ser negligenciada e nem nos apresenta como Deus tem se co­
desvalorizada. Tanto na individualidade municado com o seu povo na história,
de pessoas quanto na coletividade de tanto na Antiga quanto na Nova Aliança
seu povo, Deus estabeleceu importantes (Hb 1.1). Acerca da Antiga Aliança, esse
e eternas alianças (Gn 9.8-19; 173-14; Êx mesmo texto apresenta as suas princi­
34.10). Um exemplo é a aliança que Deus pais características: os homens foram
fez com Israel e que é denominada de os seus instrumentos; ela foi externa;
“os Dez Mandamentos”. Esse concerto ela dependeu de tomar uma forma por
foi entregue a Moisés no Monte Sinai meio de cerimoniais e foi representada
(Êx 34.28), e como resumo da aliança por símbolos. Sendo assim, por meio
de Deus com Israel, é possível afirmar da Antiga Aliança, Deus firmou um
que a expressão “Antiga Aliança" faz relacionamento com o seu povo, pre­
referência à forma pela qual o povo de servando-o de possíveis contaminações
Israel foi tratado por Deus no Antigo enquanto os israelitas aguardavam uma
Testamento. Em síntese, assim como Nova Aliança a partir do que viam e
a Nova Aliança, a Antiga cumpriu o experimentavam na Antiga.
propósito de Deus em se conectar e 3. A reLação entre a A ntiga A lia n ç a
falar com os homens. e a Nova. A relação entre as duas alian­
2. C a ra c t e r ís t ic a s e p ro p ó sito d a ças começa com a indicação de que,
A n t ig a A lia n ç a . A com preensão da embora cada uma delas tenha suas
Antiga Aliança depende de analisá-la peculiaridades e propósitos, é possível

JOVENS 13
identificar a advertência para que haja sangue dos animais substitutos sacri­
dedicação em fazer o bem, em claro ficados era espargido na cerimônia de
alinhamento com o ensinamento de ratificação da aliança, para representar
Jesus (Êx 234,5; Mt 5.38-48). O escri­ a 'morte' das partes (Êx 24.3-8)."
tor aos Hebreus informa que a Antiga
(Dicionário Bíblico Wyclitfe. Rio d e Janeiro:
Aliança serviu de sombra para a Nova e CPAD, 206, p.63■>
que esta é superior àquela, pois possui
“melhores promessas” (Hb 8.5-7). Em II - DOUTRINAS LITÚRGICAS
ambos os casos, existe a presença da 1 .0 q u e e ra m ? As “doutrinas litúrgi-
promessa, visto que, qualquer aliança cas" também são identificadas como “leis
depende da existência de uma pro­ cerimoniais”. Essas leis regulamentaram 0
messa que, nesse caso, é confirmada sistema de ritos, ordenanças e cerimônias,
por sinais exteriores, como o arco nas inclusive na oferta de animais em sacrifí­
nuvens e a circuncisão, além da Ceia cio a Deus, inicialmente no Tabernáculo
do Senhor, As promessas que Deus e depois no Templo. Além dos sacrifícios
fez na Antiga Aliança foram cumpridas de animais, as leis cerimoniais consistiram
perfeitamente em Cristo (Hb 9.11-28). As em holocaustos e observâncias de festas
que pertencem à Nova Aliança também religiosas, O ato de sacrificar animais
se cumprirão, pois quem prometeu não está implícito na ação de Deus em vestir
muda (Hb 13.8). Fica evidente, tanto Adão e Eva logo que pecaram (Gn 3.21),
pela essência como pela presença da e pode ser identificado explicitamente
promessa, que as duas alianças estão nos dias de Caim e Abel, além de outros
intimamente ligadas. casos (Gn 4.3-5; Hb 11.4). Portanto, elas se
constituem tanto de ordenanças como
SUBSÍDIO O de sacrifícios de animais, e com elas a
Professor(a), inicie 0 tópico expli­ intenção de Deus foi a de normatizá-las,
cando que “a confirmação bíblica ou o que ocorreu enquanto Israel peregri­
a certeza de que uma promessa seria nava no deserto e momentos antes da
mantida era um juramento ou ainda a constituição do Tabernáculo, com vistas à
morte daquele que fez a aliança. Os organização das ações que ali ocorreríam
termosjuram ento e a lia n ça são sempre (Êx 25.8,9). Portanto, por meio dos ritos,
usados como sinônimo, Uma Aliança no das ordenanças e das cerimônias que
Antigo Testamento era, em sua essência, juntos formaram as “doutrinas litúrgicas",
um juramento, um acordo solene. Deus Deus revelou o seu caráter santo e exigiu
confirmou a aliança Mosaica através o mesmo de seu povo.
de um juram ento m encionado em 2. O se u propósito. A liturgia ceri­
Deuteronômio 29.12.0 juramento 'que monial tinha o propósito fazer com que
o Senhor, teu Deus, hoje faz contigo'. As o povo concentrasse a sua atenção
partes que faziam a aliança deveriam em Deus. Ela poderia ser dividida da
se tornar como os mortos, de maneira seguinte maneira: em relação a Ele:
que não poderíam mais mudar de ideia diante da história; com respeito aos
e revogá-la, assim como os mortos outros povos e quanto ao futuro. Os
também não poderíam fazer. Assim, o sacrifícios e as cerimônias que envol­

14 JOVENS
viam o combate à impureza tiveram o lei cerimonial e lei civil. Os preceitos
propósito de indicar o meio do resgate morais estão resumidos nos Dez Man­
da posição do homem diante do Criador. damentos. São os que tratam dos prin­
Historicamente, as festas e os festivais cípios básicos morais (alguns chegam
cumpriam o desígnio de Lembrar o povo a considerar erroneamente o sábado
sobre as grandes obras realizadas por como preceito morat).
Deus ao Longo de sua trajetória. Na A lei cerimonial é parte que trata das
reLação com outros povos, o objetivo festividades religiosas, do sistema de
foi o de distinguir o povo de Deus dos sacrifícios e da adoração, no santuário,
demais povos por meio de restrições dos alimentos limpos e imundos e das
alimentares e o uso de roupas dife­ instruções sobre a pureza ritual, entre
rentes. FinaLmente, Leis como a guarda outros. A lei civil diz respeito à respon­
do sábado, a circuncisão, a Páscoa e a sabilidade do israelita como cidadão;
redenção do primogênito projetavam são regulamentos jurídicos e instruções
o futuro, indicando a vinda do Messias que regiam a nação de Israel. Há uma
(Hb 9.9-11). interpretação entre os cristãos de que
3. T e m p o d e o p e ração . A proposta a lei moral é eterna, portanto, para a
deste subtópico é refletir sobre o prazo atualidade. A lei cerimonial se cumpriu
de validade das “doutrinas litúrgicas". na vida e na obra de Jesus Cristo. A lei
Ao cham á-las de “sombras das coisas civil cumpriu sua função até que Israel
futuras”(Cl 2.17), a Biblia sugere um tem­ deixou de ser um estado teocrático, e
po limite de atuação determinado pela a igreja não é um estado."* I
chegada daquilo que ansiosamente se
(SOARES, Esequias. Os D ez Mandamentos:
aguardava. Por isso, até quando essas Valores Divinos para uma So cied ad e em
doutrinas vigoraram, quando e por que Constante Mudança. Rio d e Janeiro: CPAD,
deixaram de existir? Essas doutrinas 2014, p.141.)
litúrgicas trabalharam com símbolos e
tipos que apontaram para aquilo que III - DOUTRINAS MORAIS
haveria de vir, com referência a um novo 1. U m a a n á lis e in tro d u tó ria . As
tempo inaugurado por Cristo, motivo “doutrinas morais" são parte da aliança
pelo qual é possível afirmar que essas de Deus com o seu povo (Êx 6.1-8; 19.5-
doutrinas foram válidas até a morte de 8). Embora sejam importantes, essas
Cristo (Gl 5.1-12; Hb 10,8-10). Houve o que doutrinas não possuem propósitos de
pode ser chamado de substituição, cuja salvação, pois esta é obra da graça
estrutura é essa: Cristo é o verdadeiro de Deus, e somente pela fé em Jesus
sacrifício (Jo 1.29), e os crentes cumprem pode ser alcançada (Ef 2.8,9). Essas
a função sacerdotal (1 Pe 2.5,9), à medi­ doutrinas evidenciam a natureza e a
da que oferecem sacrifícios aceitáveis vontade de Deus, que as entregou a
diante de Deus (Rm 12.1). Moisés (Êx 20.1). Sendo assim, elas são
perfeitas, eternas e imutáveis, e por
S U B S ÍD IO O meio da obediência a elas que Israel
Prezado(a) professor(a), explique foi mantido como povo de Deus (Êx
que “é comum ouvir falar de lei moral, 19.5), e pôde refletir a santidade divi-

JOVENS 15
0 principal propósito das SUBSÍDIO @
doutrinas morais é advertir o “Em geral, a Torá (Lei) pode ser sub­
povo de Deus a não pecar (Êx dividida em três categorias: judicial,
cerimonial e moral, embora cada uma
20.20), princípio repetido pelo
delas possa influenciar ou se sobrepor
apóstolo João: ‘‘vos escrevo
à outras. O Antigo Testamento associa a
para que não pequeis" ti Jo 2.1). 'entrega da Torá' com o primeiro encontro
divino de Moisés no monte Sinais (Êx
19—23) após a libertação dos israelitas
na. Essas doutrinas têm relação direta da terra do Egito, embora algum corpo
com os Dez Mandamentos e, juntos de legislação consuetudinária existisse
regulamentam 0 exercício dajustiça, o antes dessa época (Êx 18). Essas instru­
respeito mútuo entre as pessoas. Em ções encontram expansão e elucidação
síntese, as doutrinas morais exprimem noutros textos do Pentateuco, como
parte da lei de Deus, que nas palavras Levítico e Deuteronômio 12—24, indi­
do apóstolo Paulo é “santa”(Rm 7.12) e cando que os ensinos de Deus foram
como expressão da vontade divina, ela concebidos como código de conduta e
é “boa, agradável e perfeita" (Rm 12.2). adoração para Israel não só durante as
2 . 0 se u propósito. O principal pro­ peregrinações no deserto, mas também
pósito das doutrinas morais é advertir quando se estabeleceu na terra de Canaã
o povo de Deus a não pecar (Êx 20.20), após a conquista. Mais especificamente, a
princípio repetido pelo apóstolo João: palavra 'lei' denota os Dez Mandamentos
“vos escrevo para que não pequeis”(1 Jo que foram entregues a Moisés. Esses
2.1). No texto de Êxodo está a expressão mandamentos refletem uma declaração
"provar-vos”, que aparece também no resumida da aliança e podem ser dividi­
episódio em que Deus provou Abraão dos em duas partes, consistentes com
(Gn 22.1-24). Enquanto as doutrinas as duas tábuas de pedra em que foram
cerimoniais apontavam para Cristo, as registrados pela primeira vez: os quatro
morais lembram o ser humano sobre a primeiros tratam do relacionamento do
sua condição de pecador e convidam- indivíduo com Deus, e os seis últimos
-no a buscar a solução em Deus. As concentram-se em instruções relativas
doutrinas morais visam também guiar aos relacionamentos humanos.”
o crente ao conhecimento da vontade (Dicionário Bíblico Baker. Rio d e Janeiro.
de Deus e a viver em santidade. CPAD. 2023, p. 301.)

PROFESSOR(A), “0 que é a Bíblia? É a revelação de Deus à


humanidade. Seu Autor é Deus mesmo. Seu real intérprete é o Espirito ^
Santo. Seu assunto central é 0 Senhor Jesus Cristo, 0 homem deve ler a
Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo e praticar a Bíblia para ser
santo ou santificado” (Antonio Gilberto, Manual da Escola Dominical. CPAD).

16 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
LO N GM AN , Trem per (Ed.).
Dicionário Bíblico Baher.
Rio d e Janeiro: CPA D , 2023.

DICIONÁRIO
BÍBLICO
BAKER & CONCLUSÃO
Nesta lição reafirmamos o lugar da
Bíblia como fonte genuína da doutrina
cristã. Vimos que ela é a inspirada Pa­
O HORA DA REVISÃO lavra de Deus, cujo desenvolvimento
1. A q u e se refere a expressão “A ntiga histórico e estrutural comprova que,
ALiança"? não obstante tenha sido escrita por
A expressão “Antiga Aliança" se refere homens falíveis, Deus é a sua fonte;
a u m a parte im portante do p lan o
o que faz dela o Livro dos livros, pois
d iv in o na h istória e n ão d e v e se r
negligenciada e nem desvalorizada.
é o instrumento infalível e inerrante
de comunicação da mensagem de
2. C ite um e x e m p lo d e a lia n ç a q u e
Deus aos seres humanos.
D e u s fez co m Israel.
U m exem p lo é a a lian ça q u e D eus
fez co m IsraeLe q u e é d enom inad a
d e “os D ez Mandamentos."
3. Segundo a lição, quais são as princi­
pais características da Antiga Aliança?
Acerca da Antiga Aliança, as suas prin­ r .
cipais características são: os hom ens A N O TA Ç A O
foram o s se u s instrum entos: ela foi
externa; ela dependeu d e tomar um a
forma por m eio d e cerim oniais e foi
representada por sím bolos.
4. O q u e o escrito r ao s H e b re u s fala
a re sp e ito d a A n tig a A lia n ç a em
re la çã o à N o va?
O escritor aos Hebreus informa que a
Antiga Aliança serviu d e sombra para a
Nova e que esta é superior àquela, pois
possuí "melhores promessas" (Hb 8.5-7).
5. Q ual é o principal propósito das dou­
trinas morais no Antigo Testam ento?
O principal propósito d as doutrinas
morais é advertir o povo d e D e u s a
não pecar (Êx 20.20).
O CATIVEIRO MOTIVADO
PELO DESPREZO AO
ENSINO
TEXTO PRiNCiPAL LEITURA SEMANAL
SEGUNDA - Jr 18.1-6
O Senh o r é livre para fazer o
"E sede cumpridores da palavra
q ue e com o quiser
e não somente ouvintes, TERÇA - Hb 12.6
enganando-vos com falsos A correção divina
discursos." (Tg 1.22) QUARTA - Mt 7 24-27
A segurança d aq u eles que
praticam a Palavra
RESUMO DA LIÇÃO QUIN TA-At 8.14-24
O espírito do engano é vencido
p elo Espírito de D eus
Muitas são as consequências SEXTA - 2 Co 4.1,2
decorrentes do abandono N ã o n e g o cie e nem altere as
do ensino das Escrituras, Escrituras Sagradas
por isso precisamos priorizar SÁBADO - Ne 8.1-12
Em tem pos de apostasia,
o estudo bíblico.
d evem os nos voltar para a Palavra

18 JOVENS
OBJETIVOS
l CONSCIENTIZAR do perigo de se esquecer da Lei do Senhor;
I EXPLICAR porque não podemos deixar de ouvir as Escrituras;
B COMPREENDER o perigo dos falsos ensinos.

INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), nesta lição veremos as duas naturezas do cativeiro
babilônico. Sabemos que um dos motivos que fizeram com que o povo de
Deus fosse levado cativo para a Babilônia, foi ter negligenciado os ensinos
do Senhor. Utilize a temática da lição para advertir seus alunos a respeito dos
grandes prejuízos oriundos do desprezo à Palavra de Deus. Precisamos estar
conscientes dos perigos que nos cercam se descuidarmos em ouvir e obedecer
a lei divina. Vivemos na Nova Aliança, um tempo de graça e misericórdia, mas
jam ais podemos deixar de ouvir e praticar o que está revelado nas Escrituras
Sagradas. Precisamos também estar vigilantes quanto aos falsos ensinos na
atualidade, disseminado pelos falsos profetas.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), converse com seus alunos explicando que a “transgressão
irrestrita acabé levando a um estado de impudência (falta de vergonha) onde
o indivíduo é incapaz de se importar. Isso agora pode ser visto em relação
ao povo de Deus, no tempo do profeta Jeremias. Embora apanhado em seu
pecado como um ladrão e envergonhado por causa de sua conduta, seus
reis [...) príncipes 1...1 e os seus profetas continuaram praticando a prostituição
espiritual. Apesar do fato de Deus permitir o sofrimento para afastá-los do
seu pecado, eles não aprenderam da sua experiência. Eles não aceitaram a
correção, mas mataram os verdadeiros profetas com a espada, na sua loucura
em servir outros deuses. Essas pessoas tinham um espírito indisciplinado;
elas não tinham consideração pelas leis de Deus ou dos homens. Imaturas
e inconstantes como crianças, insistiam em vir a Deus somente quando lhes
agradava”(Adaptado de Comentário Bibtico Beacon. Vol. 4: Isaías a Daniel. Rio
de Janeiro, CPAD, 2005, pp. 268,269).

JOVENS 19
TEXTO BÍBLICO

Jeremias 27.4-11
4 E lhes darás uma mensagem para seus donosor, rei da Babilônia, e não puserem
senhores, dizendo: Assim diz o SENHOR o pescoço debaixo do jugo do rei da
dos Exércitos, o Deus de Israel: Assim Babilônia, visitarei com espada, e com
direis a vossos senhores: fome, e com peste essa nação, diz o
5 Eu fiz a terra, o homem e os animais SENHOR, até que a consum a pelas
que estão sobre a face da terra, pelo suas mãos.
meu grande poder e com o meu braço 9 E não deis ouvidos aos vossos profetas,
estendido, e os dou a quem me agrada. e aos vossos adivinhos, e aos vossos
6 E, agora, eu entreguei todas estas terras sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos
nas mãos de Nabucodonosor, rei da vossos encantadores, que vos falam,
Babilônia, meu servo, e até os animais dizendo: Não servireis ao rei da Babilônia.
do campo lhe dei, para que o sirvam, 10 Porque mentiras vos profetizam, para
7 E todas as nações servirão a ele, e a vos mandarem para longe da vossa
seu filho, e ao filho de seu filho, até que terra, e para que eu vos lance dela, e
também venha o tempo da sua própria vós pereçais,
terra, quando muitas nações e grandes 11 Mas a nação que meter o pescoço sob
reis se servirão dele. o jugo do rei da Babilônia e o servir, eu
8 E acontecerá que, se alguma nação e a deixarei na sua terra, diz o SENHOR,
reino não servirem o mesmo Nabuco­ e lavrá-la-á e habitará neta.

INTRODUÇÃO I - O PERIGO DE SE ESQUECER


Nesta lição, vamos ver duas natu­ DA LEI DO SENHOR
rezas do cativeiro babilônico: histórica 1. O povo d e D eu s e o cativeiro na
Babilônia. Por ocasião de seu chamado,
e exortativa. No aspecto histórico,
Jeremias teve duas visões da parte de
veremos o período em que o povo de
Deus. A primeira foi a de uma vara de
Deus estava prestes a ser levado cativo
amendoeira como clara referência à
para a Babilônia, principalmente por ter
infalibilidade da Palavra de Deus (Jr
negligenciado 0 ensino de Deus; quanto
1.11,12), enquanto a segunda foi a de uma
à ação exortativa, esta lição assume a
panela a ferver inclinada para o norte,
responsabilidade de advertir a todos indicando a mensagem de juizo que ele
os crentes sobre os grandes prejuízos teria de transmitir e que viria da região do
oriundos do desprezo à Palavra de norte (Jr 1.13,14). Portanto, desde o inicio,
Deus. Com base nessas duas linhas de o ministério e a mensagem de Jeremias
abordagem, inicialmente, a lição trata estiveram relacionados com a convo­
sobre os perigos que cercam o crente cação divina para o arrependimento de
no sentido de se esquecerem da lei do seu povo com vistas ao escape dojuizo.
Senhor, seguido do alerta para que não No livro de 2 Reis, nos capítulos 24
se deixe de ouvir a Palavra de Deus, e 25, encontramos detalhes sobre o
culminando assim com uma denúncia processo pelo qual o povo de Deus foi
sobre os falsos ensinos na atualidade. levado para a Babilônia. Antes disso,

20 JOVENS
Deus comunicou através de Jeremias pelo Senhor para a restauração de seu
que o cativeiro teria a duração de seten­ povo (Ed 1.1-4; Ne 8.1-18).
ta anos (Jr 25.9,11). Segundo a Palavra
de Deus, o cativeiro faria desaparecer SUBSIDIO 0
“dentre eles a voz de folguedo e a voz “Jeremias foi nomeado profeta para
de alegria" (Jr 25.10). Como era de es­ Judá, mas também para as nações. Ele
perar, essa mensagem fez de Jeremias é comissionado por Deus. Sua tarefa
um perseguido e odiado pela maioria consistia em se apresentar na íntima
de seus irmãos em seus dias que, in­ assembléia divina e então ir e procla­
clusive, projetaram matá-lo (Jr 26.7-24). mar o que havia visto e ouvido. Ele
No entanto, o profeta não desfaleceu e foi comissionado com estas palavras:
cumpriu a missão de anunciar a men­ “tudo quanto te mandar dirás. Eis que
sagem (Jr 271-11). ponho as minhas palavras na tua boca".
2. Propósito e causa do cativeiro. Além A fidelidade de Jeremias em relação
de avisar sobre o que seu povo sofreria, a essa tarefa resultou em oposição
Deus informou também que o propósito feroz da sua própria família, dos seus
disso era de que seu povo se arrepen­ vizinhos, do seu rei e de seus amigos.
desse, se convertesse e, então, pudesse Embora vacilasse às vezes, ele nunca
habitar na terra que deu a vossos pais (Jr falhou na sua comissão divina.
25.5). Note, portanto, que o propósito do Qual é a mensagem recebida por
cativeiro não foi o de destruir e nem de Jeremias para o seu povo? U Todos os
humilhar, mas o de disciplinar e corrigir homens são culpados e responsáveis
(Hb 12.11). Além disso, o Senhor apresentou diante de Deus (1.5,10). Judá é responsável
também o que o levou a permitir seu povo porque abandonou o Senhor para servir
sofrer durante longos 70 anos nas mãos a falsos deuses (1.10,15,16). As nações
dos babilônios: “Todavia, não me destes estão debaixo do juízo divino porque sua
ouvidos, diz o SENHOR [...]. Portanto, assim conduta está abaixo da justiça humana
diz o SENHOR dos Exércitos: Visto que não comum. Os culpados sofrerão destruição
escutastes as minhas palavras”(Jr 25.7,8). e dificuldade, porque Deus certamente
O cativeiro foi uma oportunidade para virá para julgar. Quando Ele vier, os reinos
que o povo pudesse reconhecer o erro e povos serão arrancados e derribados.
de ter rejeitado ao Senhor e seus ensinos. Deus não está dormindo como supõem
3. A saída do cativeiro. Depois do que os homens, mas está alerta para cumprir
foi abordado até aqui, é momento de sua palavra (1.11,12). U Essa advertência
conhecer a saída que Deus providenciou oportuna é seguida por uma palavra de
e apontou para que seu povo pudesse esperança: O castigo e ojulgamento de
evitar o cativeiro, ou sair dele, já que Deus são redentores; isto é, Ele aflige para
a rejeição à lei de Deus foi a principal curar. Além do julgamento há esperança
causa do cativeiro. O desejo de Deus foi de uma restauração —um povo redimido
de que seu povo se submetesse à sua e um dia novo.”
vontade, a fim de preservá-lo e aben-
(Comentário Bíblico Beacon. Vol. 4: Isaías
çoá-lo (Jr 27.6,11). A submissão a Deus a Daniel. Rio de Janeiro, CPAD, 2005. pp.
e à sua Palavra foi o caminho proposto 261.262.)

JOVENS 21
II - NÃO SE PODE DEIXAR DE vencid o através do com prom isso
OUVIRAS ESCRITURAS renovado e resoluto com os ensinos
1. C a u s a s d a in d ife re n ça à s E s c ri­ divinos (Sl 119.11).
tu ras. Na atualidade, temos visto um 3 .0 cam inh o d e volta à s Escrituras.
esfriamento espiritual que tem causado Que caminho é este? Esta questão pode
desinteresse, afastamento e aversão ser respondida de diferentes formas, e
aos ensinos de Deus. O homem tomou, aqui será utilizado o texto de Neemias
erradamente, a decisão de viver indepen­ 8.1-12. Em um contexto de contraste entre
dente do Criador, como Adão e Eva (Gn a realidade da destruição e o trabalho
3.5), O conhecimento sobre o Senhor e de restauração, o texto mostra a atitude
sua vontade passa pelas Escrituras Uo do povo de Israel diante da lei de Deus,
539), pois por meio delas a humanidade indicando o caminho aos que desejam
é informada a respeito do plano divino. reencontrar-se com a Palavra de Deus,
O ser humano é, por natureza, inclinado como podemos ver: o povo solicitou
aos seus próprios desejos e a ser inde­ que o livro da Lei de Moisés pudesse
pendente de Deus, sendo tendencioso a estar entre eles para ser lido; o povo
negligenciar e a desprezar as Escrituras deu atenção aos ensinos do livro e se
(Jr 6.16,17). Portanto, a principal e maior dispôs a ouvir longamente sua leitura;
causa da indiferença às Escrituras ad­ o livro da Lei de Moisés foi colocado
vêm da natureza humana que, além de acima do povo, que o reverenciou (v.
contrária a Deus e à sua vontade, traz 5); a mensagem foi centrada em Deus
a rebeldia. e o povo se quebrantou e adorou; o
2. C o n seq u ê n cias d a indiferença às povo desejou aprender; quebrantado
Escritu ra s. Ao pecar, o primeiro casal e arrependido, o povo chorou (v. 9) e a
negligenciou e desobedeceu a ordem vida do povo melhorou porque entendeu
de Deus (Gn 2.15-17; 3,6,7). Os aconteci­ a palavra explicada (v. 12). Portanto, o
mentos sucedentes mostram a tragédia caminho de volta às Escrituras é pavi­
oriunda do desprezo à Palavra de Deus, mentado através do temor a Deus, da
pois tudo o que o ser humano precisa consciência do próprio estado espiritual
para viver bem está em sua submissão e do arrependimento sincero.
a ela (Sl 1.1-3).
As terríveis consequências da deso­ SUBSÍDIO ©
bediência aos ensinos divinos ocorrem Professor(a), inicie o tópico fazendo a
em três dimensões, isto é, na relação seguinte pergunta: “Porque não podemos
do homem com Deus, consigo mesmo deixar de ouvir, estudar e praticar as Escri­
e com as outras pessoas. Adão e Eva turas?”Incentive a participação de todos e
tentaram se esconder de Deus quando ouça os alunos com atenção. Em seguida,
pecaram (Gn 3.8), perceberam que es­ explique que um dos motivos porque não
tavam nus (Gn 3.7) e o homem culpou devemos negligenciar 0 estudo da Palavra
à mulher por sua atitude (Gn 3.12). A de Deus está no fato de que ela oferece
fonte de toda insatisfação individual e luz para o nosso caminho (Sl 119.105).
dos conflitos interpessoais é a rejeição Ela é lâmpada para os nossos pés. Sem
da vontade de Deus e de sua Palavra a Palavra de Deus nos tornamos uma
(Tg 4.1-7), e o pecado só poderá ser preza fácil para o Inimigo e acabamos

22 JOVENS
sucumbindo em meio às falsas doutrinas sendo o critério final de verificação (vv.
da atualidade. Precisamos fazer como 2,3). É também importante ressaltar que
o salmista, Ele fez dos testemunhos de aqueles que conhecem a voz de seu
Deus o seu tesouro, e se regozija neles. Senhor não serão enganados (vv. 4-6).
Em Gálatas 1,6-11, Paulo fala sobre esse
III - O PERIGO DOS FALSOS espírito de engano, que ele chamou de
ENSINOS “outro evangelho”. Paulo mostra que o
1. A triste reatid ade d o s fa lso s e n ­ “veneno" do engano deve ser rejeitado
sinos. O primeiro passo é reconhecer a pela igreja e essa rejeição se dá por meio
realidade dos falsos ensinos em todas do conhecimento do verdadeiro Evan­
as épocas da história. Paulo mostra gelho (Rm 1.16,17). Portanto, no combate
que os falsos ensinos são suscitados e aos faLsos ensinos sempre deve ter o
disseminados por espíritos enganadores ensino do verdadeiro Evangelho como
(1 Tm 4.1). A Bíblia mostra que o Diabo é referência e ponto de partida.
enganador (Jo 844). Ele enganou Adão 3. V en ce n d o os falso s ensinos. Im­
e Eva no jardim do Éden, levando-os à põe-se a necessidade de uma saída pela
desobediência, cujas consequências qual a igreja possa enfrentar e vencer o
atormentam os homens até hoje. O problema dos falsos ensinos. No texto
Inimigo continua operando mediante base dessa lição é possível identificar a
os ensinos enganosos a fim de trazer orientação de Deus para o seu povo e
confusão e o enfraquecimento espiritual pode ser dividido em dois pontos: ouça a
para a igreja. Nos dias de Elias, falsos Palavra de Deus (Jr 274.5,11) e identifique
profetas enganavam o povo de Deus os falsos profetas e não dê ouvidos aos
(1 Rs 18.20-22), assim como nos dias de seus ensinos, que contrariam à mensa­
Jeremias, 0 espírito de engano atuava gem de Deus (Jr 27.9,10).
abertamente (Jr 5.30,31). bem como no Paulo teve de lidar com a astúcia dos
período dos apóstolos (1 Jo 4.5). Sendo falsos mestres que aproveitaram a sua
assim, a igreja da atualidade deve re­ ausência da igreja em Corinto para destilar
conhecer que o espírito de engano que o veneno dos falsos ensinos, questjo-
atua na disseminação de falsos ensinos nando a autenticidade do ministério do
ainda opera, e que os seus frutos são apóstolo, com base principalmente em
amargos e prejudiciais. suas limitações físicas e na simplicidade
2. Id en tifican do os fa lso s ensinos, de sua mensagem. O enfrentamento
Diante da realidade dos falsos ensinos de Paulo aos ataques daqueles falsos
e de seus males, é preciso identificá-los, mestres passou pela confirmação de
por meio da própria Bíblia. Conforme que o serviço é o principal objetivo do
analisado, a fonte dos falsos ensinos é ministério, e mesmo que em meio às
0 espírito de engano, e de acordo com mais terríveis adversidades, o importante
1 João 4.1-6, é possível identificá-los e é que a igreja desfrute da obra de Deus
resisti-los. A igreja não deve acreditar realizada em Cristo (2 Co 3). O apóstolo
em tudo, mas deve provar os espíritos e mostrou também que diante dos falsos
reconhecera existência do engano, pois ensinos ele não desfalecería, não agiria
somente pelo Espírito é que Cristo pode com interesses pessoais e não falsificaria
ser confessado como vindo de Deus, a Palavra de Deus (2 Co 4.1,2). Portanto,

JOVENS 23
podemos afirmar que a forma mais eficaz é que Timóteo já as conhecia bem. Por
de enfrentar e vencer os falsos ensinos isso, era desnecessário ao apóstolo
é manter viva a confiança na verdade detalhá-las na carta, A segunda é que
do Evangelho, pregando-o em todo não interessaria ao jovem pastor anali­
o tempo sem adulterá-lo (2 Tm 4.2-4). sar os falsos ensinos, mas transmitir o
ensino verdadeiro, o que bastaria para
© PENSE! prevenir a igreja de qualquer falsifica­
Como identificar e vencer os falsos ção doutrinária. Há, ainda, uma terceira
ensinos? observação que geratmente é feita
quanto a esse ponto, que é o fato de
© PONTO IMPORTANTE!
Paulo preocupar-se mais em estampar
Reconhecera realidade dos falsos
os desvios de caráter dos falsos mestres,
ensinos e perseverar na verdade de
na linha do que Jesus já havia dito: “Por
Deus são os meios de vencê-los.
seus frutos os conhecereis" (Mt 716). No
caso dos falsos mestres de Éfeso, as
S U B SÍD IO O suas heresias seriam detectadas pelo
“A missão de Timóteo em Éfeso era resuLtado produzido: questões, debates
combater os falsos mestres e zelar pela e litigiosidade em vez de edificação na
pureza do ensino na igreja, o que Paulo fé (1 Tm 1.4). Se isso já era perceptível
chama seguidas vezes de “sã doutrina” naqueles dias — o que exigia, segu­
nas Pastorais (íTm 1.10; 2 Tm 43 ; Tt 1.9; ramente, um contato muito próximo
2.1); "boa doutrina" (íTm 4.6) e “sãs pala­ com a comunidade cristã local —, o que
vras”(1 Tm 6.3; 2 Tm 1.13). Hoje, de forma dizer hoje, com o advento da Internet,
semelhante, precisamos estar cada vez quando todos os dias são produzidas
mais apegados ao detido estudo das novas polêmicas, alimentadas de um
Escrituras em nossa vida devocional e ciclo doentio de contendas e debates!
valorizar o genuíno ensino bíblico em O combate às heresias é necessá­
nossas Escolas Bíblicas Dominicais, rio, só que é preciso refletir quando,
cultos de ensino e outras oportunidades como e onde isso reatmente deve ser
que temos em nossa igreja local. Assim feito. Fomentar o debate em torno
fazendo, estaremos bem fundamentados de declarações ou ensinos heréticos
para discernir entre o certo e o errado, pode representar, na verdade, um
o verdadeiro e o falso, no turbilhão de verdadeiro desserviço ao Reino de
informações e opiniões teológicas que Deus. Sim! Irás redes sociais para fazer
estão ao nosso alcance, especialmente críticas ou fomentar confrontos a toda
na Web, a rede mundial de computa­ e qualquer declaração que destoe da
dores, e em todos os demais recursos ortodoxia bíblica pode não passar de
da Internet. Fica claro no texto de Paulo mais um sinal pecaminoso, qual seja,
a sua pouca preocupação com a des­ a revanche contra o irmão para ganhar
crição da natureza em si das heresias visualizações, likes e mais seguidores'.
que estavam sendo pregadas. Ele não
(QUEIROZ. Silas. Sejam Firmes: Ensino Sadio
as expõe em detalhes. Duas explicações e Caráter Santo nas Cartas Pastorais. Rio de
podem ser dadas para isso: a primeira Janeiro: CPAD. 2023J

24 JOVENS
0 HORA DA REVISÃO
1. Por ocasiã o do se u cham ado, Je re ­
m ias teve duas visões. Q uais foram ?
A p rim e ira foi a d e u m a v a ra d e
am endoeira com o d a ra referência à
infalibilidade da Palavra d e D eus (Jr
1.11,12), enquanto a segund a foi a de
0 CONCLUSÃO
u m a p an ela a ferver inclinada para
o norte, ind ican do a m en sag e m d e Partindo do exemplo histórico do
juízo que ele teria d e transmitir e que
cativeiro babilônico que o povo de
viria da região do norte (Jr 1.13,14).
Deus sofreu, essa lição é um alerta
à Igreja e aos crentes da atualidade
2. Q u an to te m p o d u ra ria o cativ e iro
acerca dos perigos e das terríveis
se g u n d o o profeta J e re m ia s ? m
consequências advindas do desprezo
Duraria 70 anos. aos ensinos divinos. Precisamos reco­
3. Q u a l era o pro pó sito do C a tiv e iro nhecer a realidade dos falsos ensinos,
B a b ilô n ic o ? identificando-os e combatendo-os
O propósito era d e q u e s e u povo com a verdade de Deus.
s e a rre p e n d e sse , s e c o n v e rte s s e
e, então, p u d e sse habitar na terra
q u e d e u a v o s s o s p a is (Jr 25.5). O
propósito do cativeiro não foi o d e
destruir e nem d e hum ilhar, m as o
d e disciplin ar e corrigir (Hb 12.11).
4. S e g u n d o a lição , q u a l foi o c a m i­
A N O TA Ç Ã O
nho proposto p e lo S e n h o r p ara a
re sta u ra çã o ?
O ca m in h o d e volta à s Escrituras,
p a v im e n ta d o a tra v é s d o te m o r a
D e u s, d a c o n s c iê n c ia do p róp rio
e s ta d o e sp iritu a l e d o a rre p e n d i­
m ento sincero.
5. S e g u n d o a lição , c o m o p o d e m o s
v e n c e r o s fa lso s e n s in o s?
A forma mais eficaz de enfrentar e
vencer os falsos ensinos é manter viva
a confiança na verdade do Evangelho,
pregando-o em todo o tempo sem
adulterá-lo (2 Tm 4.2-4).
28 jan 2024

OS JOVENS QUE SE
MANTIVERAM FIRMES
NA DOUTRINA
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"E, se não, fica sabendo, ó SEGUNDA - Gn 397-9


rei, que não serviremos a teus A oportunidade não deve
deuses nem adoraremos a p revalecer sobre os princípios
estátua de ouro que levantaste." TERÇA - Dn 17 -9
(Dn 3. 18) Honrar a D eus é uma sábia decisão
QUARTA - Dn 5.IO-16
A decisão de honrar a D e u s
RESUMO DA LIÇÃO
QUINTA - Mt 5 13 -16
A igreja deve se distinguir do mundo
A confiança em Deus e o SEXTA - Fp 2 .12 -1 8
compromisso com a sua Palavra Vivendo de m odo irrepreensível
contribuem com a manutenção
SÁBADO - 2 Tm 3-14-17
da fidelidade do crente. Um convite à firmeza

26 JOVENS
OBJETIVOS
» CONSCIENTIZAR da importância da firmeza doutrinária;
• SABER que é preciso identificar e confrontar as falsas doutrinas;
• COMPREENDER o que é viver a verdadeira doutrina.

INTERAÇAO
Na lição deste domingo, discorreremos a respeito dos conflitos do crente
diante dos ataques à verdadeira doutrina. Vamos tomar como exemplo a vida
de Daniel e seus amigos. Eles foram inseridos na cultura babilônica, uma cultura
idólatra, mas permaneceram firmes no propósito de honrar a Deus. A temática
da lição é uma oportunidade para você tratar a respeito da firmeza doutrinária,
os ataques das falsas doutrinas e como viver a verdade da Palavra de Deus. Os
jovens precisam saber que vale a pena ser fiel a Deus e à sua Palavra em meio
a uma geração perversa.
Daniel e seus amigos recebem o merecido destaque nas Escrituras, não
somente pelos livramentos, mas principalmente pela firmeza na verdade de
Deus que demonstraram ter, mesmo vivendo na Babilônia, uma sociedade hostil
e aversa aos princípios divinos. A fé desses jovens tornou-se conhecida diante
dos “ventos contrários”a que foram submetidos. Longe de casa e distante dos
referenciais divinos que receberam, esses jovens foram testados de todas as
formas, mas decidiram não se prostrar diante da estátua do rei Nabucodonosor
(Dn 3.16-18). Essa decisão nos mostra que é preciso saber fazer escolhas corre­
tas, pautadas na Palavra de Deus. Não há dúvida de que a decisão tomada por
esses jovens, que colocou em risco suas vidas, foi fruto da firmeza doutrinária
que possuíam.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), converse com seus alunos explicando que “quando Deus per­
mitiu a Nabucodonosor a vitória sobre Jeoaquim em 605 a.C., o monarca babi-
lônico levou alguns vasos do templo e alguns escolhidos dentre os príncipes e
nobres. Depois da destruição de Nínive, sete anos antes, o império babilônico
começou a crescer tão rapidamente que não dispunha de números suficientes
de babilônios cultos para a cúpula governamental. Por isso, Nabucodonosor
levou para a Babilônia jovens saudáveis de boa aparência e de alto nível cultural
a fim de ensinar-lhes a cultura e a língua dos caldeus e, assim, torná-los úteis
no serviço real. Entre eles estavam Daniel e seus três amigos”(Bíblia de Estudo
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995P1244)-

JOVENS 27
Daniel 3.7-12 10 Tu, ó rei, fizeste um decreto que todo o
7 Portanto, no mesmo instante em que homem que ouvir o som da corneta, da
todos os povos ouviram o som da bu­ flauta, da harpa, da sacabuxa, do saltério,
zina, do pífaro, da harpa, da sambuca, da sinfonia e de toda sorte de música se
do saltério e de toda a esp écie de prostrasse e adorasse a imagem de ouro.
música, prostram-se todos os povos, 11 Todo aquele que não se prostrar a
nações e línguas e adoraram a estátua adorar seja lançado no meio duma
de ouro que o rei Nabucodonosor tinha fornalha de fogo ardente.
levantado. 12 Há uns judeus, que constituíste sobre os
8 Ora, no mesmo instante, se chegaram negócios da província de Babilônia: Sa-
alguns homens caldeus e acusaram os draque, Mesaque e Abede-Nego; esses
judeus. homens, ó rei, não fizeram caso de ti; não
9 Disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, servem aos teus deuses, nem adoram
vive eternamente. a imagem de ouro que levantaste.

INTRODUÇÃO “ventos contrários”a que esses jovens


Na Lição deste domingo, vamos dis­ foram submetidos.
correr a respeito dos conflitos do cristão Longe de casa, distante dos refe­
com os ataques à verdadeira doutrina. renciais familiares e religiosos, diante
Tomaremos 0 exempLo de vida dosjovens do triste quadro de deportação para a
judeus Sadraque, Mesaque e Abede- Babilônia, esses jovens hebreus foram
-Nego. Inseridos na cultura babilônica, testados de todas as formas, incluindo a
permaneceram firmes no propósito de crença, convicções e até mesmo o risco
honrar a Deus. de perder a própria vida, enfim, foram
A lição também trata sobre a firmeza testados no que aprenderam a respeito
doutrinária, os ataques das falsas doutrinas de Deus e de seu povo.
e como viver a verdade da Palavra de 2. Três jo v e n s e u m a sáb ia decisão.
Deus. O objetivo é fazer você perceber A decisão dos jovens de não se prostrar
que vale a pena ser fiel a Deus e à sua diante da estátua do rei Nabucodonosor
Palavra em meio a uma geração inimiga. (Dn 3.16-18), foi o ápice de uma vida pau­
tada em boas e sábias decisões. Junto
I - F I R M E Z A D O U T R IN Á R IA de Daniel, eles haviam resolvido não se
1. Jo ve n s sob pressão. Ao lado decontaminar com as iguarias do rei, con­
Daniel, os jovens Sadraque, Mesaque e trariando assim o curso normal da vida
Abede-Nego recebem merecido desta­ em Babilônia, fazendo-os diferente dos
que nas Escrituras, não somente pelos demais (Dn 1.8-20), Essa decisão oferece
livramentos da cova dos leões e da for­ importantes lições, das quais duas se
nalha de fogo ardente, respectivamente, destacam: é preciso saber tomar decisões
mas principalmente pela firmeza de fé na corretas, inclusive em situações simples,
verdade de Deus que demonstraram, em para que em outras mais complexas isso
uma Babilônia hostil, aversa aos princípios ocorra naturalmente. Não há dúvida de
divinos. A profundidade das raízes de que a decisão tomada por esses jovens,
sua fé tornou-se conhecida diante dos que colocou em risco a manutenção de

28 JOVENS
suas vidas, foi fruto da firmeza doutrinária nomes que serviam de testemunho ao
que tinham, principalmente, na adoração Deus que serviam: Daniel significava:
somente a Deus (Êx 20.3-5; Dn 31718). ‘Deus é meu juiz'; Hananias significava: ‘O
Portanto, a firmeza doutrinária dá condi­ Senhor tem sido gracioso ou bondoso';
ções e permite que o cristão tome sábias Misaelsignificava: “Ele é alguém que vem
e corretas decisões. de Deus’e Azarias declarava: 'O Senhor é
3. Firm e za d o u trin ária re co m p e nmeu
­ Ajudador'. A continuação da história
sada. A história dos jovens hebreus não claramente indica que, embora outros
é um relato só de pressão e testes à fé, pais em Judá pudessem ter falhado em
mas também de confirmação da justiça relação à educação dos seus filhos, os pais
de Deus em recompensar aos que o desses meninos tinham dado a eles uma
honram, especialmente em contextos base sólida em relação às convicções e
que contrariam os seus princípios, Esses responsabilidades dignas dos seus nomes.
jovens foram recompensados, pois tive­ Seu treinamento piedoso havia cultivado
ram a garantia da presença do próprio profundas raízes de caráter."*
I
Senhor com eles desde o momento em (Comentário Bíblico Beacon. Vol 4 .1 ed. Rio
que foram lançados na fornalha (Dn 3.25). de Janeiro: CPAD, 2005.p. 503).
Eles viram a confissão do rei acerca da
grandeza inigualável de Deus (Dn 3,26,28) II - CONFRONTANDO A FALSA
e presenciaram a determinação da alteza DOUTRINA
de que todos os moradores da babilônia 1. A falsa doutrina. O que é uma falsa
deveríam respeitar o Deus de Sadraque, doutrina e como ela se manifesta? A falsa
Mesaque e Abede-Nego. Osjovens foram doutrina se caracteriza principalmente
recompensados pelo rei com prosperidade por contrariar e, em alguns casos, em
e destaque especial (Dn 3.30). De tal modo, negar os fundamentos da fé cristã, con­
percebemos que a fidelidade refletida na forme se vê na advertência de Pauto a
firmeza doutrinária desses jovens fez os Timóteo sobre a distorção que fizeram
olhos do rei e de todo o povo se voltarem sobre a ressurreição, ponto doutrinário
para Deus, e em seguida, levou-os a serem considerado vital à fé do crente (2 Tm 218).
recompensados, em questões pessoais. Com o engano como principal aliado, a
Definitivamente, vale a pena manter-se falsa doutrina se manifesta de maneiras
firme na doutrina em todo tempo. distintas e surpreendentes, que podem
ser resumidas do seguinte modo: pela
SU BSÍD IO O astúcia dos que a disseminam, somada
“Os quatro heróis de Daniel se so­ à ingenuidade dos meninos na fé (Ef
bressaíram entre todos os vencedores 4.14); como meios de tropeços ao povo
do rigoroso exame, Esses pertenciam aos de Deus (Ap 2.14,15), de maneira a tentar
filhos de Judá e tinham a reputação de tornar normal a valorização dos interesses
serem da linguagem de Davi. Eles eram pessoais em detrimento aos interesses
Daniel, Hananias, Misaele Azarias. Esses espirituais (Hb 13.9); pela propagação
quatrojovens de Judá, por intermédio dos de dissensões e porfias, o que causa
seus nomes, testemunhavam do único divisões (Rm 16.17,18). Portanto, a falsa
e verdadeiro Deus. Quaisquer que tives­ doutrina contraria a verdade de Deus e
sem sido as Limitações do seu ambiente se manifesta por vias que desonram os
religioso em Judá, seus pais Lhe deram princípios divinos.

IOVENS 29
2. A fa lsa doutrina e os se u s m ales. que sustentam a vida da igreja, sendo ap­
A falsa doutrina traz consigo o veneno tas para o enfrentamento à falsa doutrina.
que destrói a vitalidade e a saúde espi­ A divisão de entendimento e de crença
ritual da igreja, comprometendo assim traz danos terríveis à igreja. Paulo lamen­
que esta cumpra eficazmente a sua tou a forma com que a igreja em Corinto
missão. Mas, por que a falsa doutrina estava lidando com a celebração da ceia
é tão danosa assim e quais seriam os (1 Co 11.18) e por essa razão, ao escrever
males que ela causa à igreja? Paulo à igreja em Éfeso, o apóstolo enfatizou
advertiu que a falsa doutrina deve ser veementemente sobre a unidade, inclusive
considerada maldita (Gl 1.8-11). Observe a doutrinária (Ef 4.3-6). Portanto, a forma
que 0 apóstolo afirma que o crente deve mais segura e eficaz que a igreja tem de
viver para agradar a Deus (v. 10) e que a confrontar as falsas doutrinas é fortale­
doutrina por ele ensinada veio do próprio cendo a unidade doutrinária, cumprindo
Deus (vv. 11,12). Nesse caso, adulterar assim o desejo de Jesus, demonstrado
ou aceitar uma doutrina adulterada em sua oração: “que eles sejam um”(Jo
é — em certa medida — afirmar que 17.21), A unidade doutrinária é o muro de
a mensagem e o ensino deixado por contenção às ações sorrateiras e maldosas
Deus não são suficientes para satisfazer da falsa doutrina.
a necessidade humana, e carece de
alterações, sendo uma desonra a Deus SUBSÍDIO 0
e à sua natureza perfeita. Professor(a), explique que “a melhor
Além de desonrar a Deus, a falsa maneira de identificar os falsos ensinos
doutrina traz confusão, divide a igreja em continua sendo conhecer o verdadeiro.
grupos e impede que haja a dissemina­ Para isso, temos em nossas mãos as Sa­
ção da seiva vivificadora do verdadeiro gradas Escrituras e farta literatura teológica
Evangelho de Cristo (1 Tm 6.3-5), capaz ortodoxa. Em 2017, 0 Pentecostatismo
de salvar o perdido (Rm 1.16) e consolidar Clássico brasileiro ganhou um documento
a sua Igreja (Rm 1.15). oficial que reúne sinteticamente todas as
3. 0 doutrinas fundamentais da Bíblia. Trata-se
confronto à falsa doutrina. Está
claro que a falsa doutrina e os seus males da Declaração de Fé das Assembléias
são uma realidade e que, gostando ou de Deus. Amplamente fundamentada
não, o cristão - em algum momento - nas Escrituras, a obra apresenta 0 mais
terá de enfrentá-la, daí surge a pergunta: genuíno pensamento teológico dos
"Como confrontar a falsa doutrina?" O cristãos bíblicos pentecostais. o cremos
aprofundamento dos conhecimentos assembleiano foi elaborado por uma
bíblicos, a intensificação da vida de oração, Comissão Especial composta por vários
a promoção de encontros saudáveis de teólogos da denominação, liderados
ensino da Palavra e a ampla distribuição pelo pastor Esequias Soares. O texto foi
de literaturas com a verdadeira doutrina apreciado e aprovado na 43aAssembléia
são meios eficazes de confronto à falsa Geral Ordinária da Convenção Geral das
doutrina. No entanto, tanto essas como Assembléias de Deus no Brasil (CGADB)
outras atitudes que podem ser tomadas, em 27 de abril de 2017."
dependem diretamente da unidade
(QUEIROZ. Silas. Sejam Firmes; Ensino Sadio
doutrinária da igreja, pois ela dá clareza e Caráter Santo nas Cartas Pastorais. Rio de
e firmeza sobre as crenças fundamentais Janeiro: CPAD. 2023.)

30 IOVENS
III - VIVENDO A VERDADEIRA doutrinas e o incentivo para que a igreja
DOUTRINA honrasse e vivesse a verdadeira doutri­
1. A verdadeira doutrina. A verdadeira na, ocuparam posição de destaque na
doutrina procede de Deus (Tt 2.10) e está agenda dos apóstolos, o que confirma
de acordo com a piedade (íTm 6.3). Note que isso é vital à igreja de Cristo. Os falsos
que a natureza da verdadeira doutrina ensinos não são um desafio enfrentado
é divina, cujos frutos sempre são bons, somente pela Igreja Primitiva, mas a igreja
santos e piedosos; e juntos, capacitam da atualidade também os enfrenta, e,
o cristão a manter uma vida cristã firme como os apóstolos, a liderança e a igreja,
e a refletir o caráter santo de Deus. devem se ocupar no combate a este
Sendo de natureza divina, o conte­ mal, formando uma frente de incentivo
údo da sã doutrina é composto, tanto para que a geração atual viva intensa e
de elementos quanto de propósitos plenamente a verdadeira doutrina.
divinos, como por exemplo: a exaltação A sã doutrina trabalha na manutenção
a Deus, o Justo Criador; a triste realidade da comunhão com Deus, no fortaleci­
do estado de pecado da humanidade mento das bases da fé e a sua constante
e a sua necessidade de um Salvador; preservação, além de promover saúde
a gloriosa mensagem da redenção em espiritual. Diante de tudo isso, resta
Cristo e a consumação de todas as coi­ fazer um importante e inadiável convite:
sas. Sendo assim, a verdadeira doutrina "Conheça e viva a verdadeira doutrina."
procede de Deus e tem como objetivo
a glória dEle, a salvação do perdido e a SUBSÍDIO O
edificação da igreja. Professor(a), qxplique que "Paulo
2. O s benefícios d a verdadeira d o u ­ não se preocupou em detalhar as he­
trina. Uma igreja que vive a verdadeira resias, mas em insistir com Timóteo e
doutrina se beneficia em todos os as­ Tito para que estes batalhassem pela
pectos, O apóstolo Paulo mostra que preservação da sã doutrina. Ao que se
a verdade da Palavra de Deus ensina, observa, assim como havia ocorrido em
repreende, corrige, instrui e capacita o outras igrejas desde os primeiros anos
crente a praticar boas obras, agradan­ da fé cristã, muitos judeus insistiam em
do e honrando a Deus (2 Tm 3.16,17). misturara doutrina do Caminho —como
Ao escrever para Tito, Paulo diz que a o cristianismo era conhecido nos seus
doutrina verdadeira é fonte encorajadora primórdios, cf. At 9.2 (NAA); 24,14 — com
aos crentes, e muro de proteção contra elementosjudaicos. 0 que, aliás, motivou
os falsos ensinamentos (Tt 1.9). Paulo, a ida de Paulo com Barnabé e outros a
ao escrever a Timóteo, mostrou que a Jerusalém, para o conhecido Concilio
boa doutrina oferece nutrientes à vida de Atos 15. Pior ainda se dava quando
espiritual da igreja, dando-lhe saúde e judeus místicos, influenciados pelo pa­
vigor espirituais (íTm 4.6,7). Finalmente, ganismo grego, buscavam trazer as suas
o apóstolo João afirma que a sã doutrina religiosidades para o seio do cristianismo,
garante as condições necessárias para a o que produzia um sincretismo ainda
permanência de Deus na vida do cristão mais agudo, corrompendo a fé cristã,"
(2 Jo 9). (QUEIROZ, Silas. Sejam Firmes: Ensino Sadio
3. V iv e n d o a verd ad eira doutrina. É e Caráter Santo nas Cartas Pastorais, Rio de
possível notar que o combate às falsas Janeiro: CPAD, 2023.)

JOVENS 31
© HORA DA REVISÃO
1. S e g u n d o a lição, q u a l foi a m aior
re c o m p e n s a q u e o s a m ig o s d e
D a n ie l re ce b e ra m ?

© CONCLUSÃO A m aior re co m p e n sa foi a garantia


da presença do próprio Senhor com
Nesta lição, aprendemos que Sa-
e le s d e s d e o m o m e n to e m q u e
draque, Mesaque e Abede-Nego,
foram lançados na fornalha (Dn 3,25).
diante da pressão babilónica e sob o
risco de morte, decidiram manter-se 2. O q u e é u m a fa lsa d o u trin a?
firmes na fé em Deus e no propósito A falsa doutrina se caracteriza princi­
de honrá-lo até o fim. Com isso, vimos palmente por contrariar e, em alguns
a necessidade de a igreja, por meio caso s, e m n egar o s fu n d am en to s
da verdadeira doutrina, confrontar d a fé cristã.
a falsa, sempre com o objetivo de, 3 Q u a l é o p rin c ip a l a lia d o d a falsa
à semelhança dos jovens hebreus,
d o u trin a?
honrar a Deus acima de tudo.
O e n g a n o é o p rin cip a l a lia d o da
falsa doutrina.
4 C ite , c o n fo r m e a liç ã o , u m d o s
m a le s q u e a fa lsa d o utrina traz.
A lém d e d e so n rar a D eus. a falsa
d o u trin a traz c o n fu s ã o , d iv id e a
ANOTAÇAO igreja em grupos e im pede que haja
a dissem inação da seiva vivificadora
do verdadeiro Evangelho d e Cristo (1
Tm 6.3-5), capaz de salvar o perdido
e co n so lid ar a su a Igreja,
5. C o m o confrontar a fa lsa doutrina?
O a p ro fu n d am e n to d o s c o n h e c i­
m en to s b íb lico s, a in te n sificação
da vida d e oração, a p rom oção d e
encontros sau d áveis d e ensino da
Palavra e a a m p la d istrib u ição d e
literaturas com a verdadeira doutrina
são m eio s eficazes d e confronto à
falsa doutrina.
AS FALSAS DOUTRINAS

TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"Nós somos de Deus; aquele SEGUN DA-M l 3.18


que conhece a Deus ouve-nos; A diferença entre o justo e o ímpio
TERÇA - At 5.1-11
aquele que não é de Deus não
A mentira não prosperará em uma
nos ouve. Nisto conhecemos nós igreja doutrinariam ente saudável
o espírito da verdade e o espírito QUARTA - 2 Ts 2.1-6
do erro." (1 Jo 4.6) O falso ensino é uma
característica do Anticristo
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - Rm 1.18-32
O abandono da verdade de D eu s
Na atualidade encontramos resulta em depravação
muitas ideologias e falsas SEXTA - Mt 7.15-23
doutrinas, por isso precisamos O castigo dos falsos profetas
conhecer a Palavra de Deus para SÁBADO - Jd 1-7
O cuid ad o com os ím pios
não ser enganados por elas.
e os falsos m estres

JOVENS 33
OBJETIVOS
• EXPLICAR o que é doutrina de demônios;
• CONSCIENTIZAR da sedução das falsas doutrinas;
• COMPREENDER que não podemos deixar nos enganar pelas astutas
ciladas de Satanás.

INTERAÇÃO
Professor(a). na lição deste domingo estudaremos a respeito das “doutrinas
de demônios". Veremos que o termo “demônios" aparece somente uma vez
na Primeira Carta a Timóteo e indica tudo aquilo que se opõe a Deus, à sua
Palavra e aos seus princípios (1 Tm 4.1). Paulo já havia falado a respeito do que
ele chamou de “mistério da injustiça" ao escrever para os tessalonicenses (2 Ts
2.7). A expressão “doutrinas de demônios" é uma referência a todo ensino que
influência as pessoas a se posicionarem contra Deus e a sua Palavra.
Que venhamos ensinar as Escrituras Sagradas com sabedoria, pois a "dou­
trina de demônios" é uma leitura errada da Bíblia, promovida e produzida por
Satanás (1 Tm 4.1) com o propósito de fazer o crente apostatar da fé e se tornar
um hipócrita.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), inicie a lição com as seguintes perguntas? “O que é doutrina?"
“Quais as três formas de doutrinas?”Ouça os alunos com atenção. Explique que
doutrina “é o conjunto de preceitos fundamentais que compõem um sistema
religioso, filosófico, político, social ou econômico. As três formas da doutrina são:
a doutrina de Deus, a doutrina dos homens e a doutrina de demônios. Diga que
no campo das religiões, cada uma tem a sua doutrina, os dogmas ou conjunto
de crenças. O cristianismo tem suas doutrinas fundamentadas na Bíblia Sagrada,
nossa única regra infalível de fé e prática (2 Tm 3.14-17). O Novo Testamento usa
dois termos gregos para doutrina: didache e didashalia. ambos com dois sentidos:
0 ato de ensinar e o conteúdo do ensino (Mt 7.28; Mc 4.2: Rm 16.17; iT m 4.13,16;
Tt 1.9; 2,1). A boa doutrina ou a “sã doutrina" (1 Tm 1.10; Tt 2.1), é o ensino correto
(ortodoxo), de acordo com as Escrituras, fruto de uma exegese que considera
o que realmente está no texto. Busca, portanto, a intenção do autor sagrado,
que escreveu inspirado pelo Espírito Santo (2 Pei.20,21). Não se orienta por pen­
samentos, sentimentos ou desejos do leitor, que, como destinatário do texto,
deve crer nas Escrituras como infalível, completa e inerrante Palavra de Deus,
amoldando-se a ela e aplicando-a em seu viver (Sl 119.9; Rm 12.2)" (QUEIROZ,
Silas. Lições Bíblicas Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023).

34 JOVENS
1 Timóteo 4,1-5 a abstinência dos manjares que Deus
1 Mas o Espírito expressamente diz que, criou para os fiéis e para os que conhe­
nos últimos tempos, apostatarão alguns cem a verdade, a fim de usarem deles
da fé, dando ouvidos a espíritos enga­ com ações de graças.
nadores e a doutrinas de demônios. 4 Porque toda criatura de Deus é boa, e
2 Pela hipocrisia de homens que falam não há nada que rejeitar, sendo rece­
mentiras, tendo cauterizada a sua bido com ações de graças.
própria consciência, 5 Porque, pela palavra de Deus e pela
3 Proibindo o casamento e ordenando oração, é santificada.

INTRODUÇÃO inimizade contra Deus. Seus resulta­


Esta lição tem como objetivo res­ dos apontam para isso, conforme a
saltar que não podemos nos deixar advertência de Paulo a Timóteo a esse
enganar pela sutileza das falsas doutri­ respeito. A “doutrina de demônios" é
nas. O apóstolo Paulo chama essas de promovida e produzida por Satanás
"doutrinas de demônios”, identificando (1 Tm 4.1) com o propósito de fazer o
o espírito do Anticristo que atua por crente apostatar da fé e se tomar um
detrás dessas falsas doutrinas.I hipócrita (v. 2).
3 .0 enfrentamento às doutrinas de
I - DOUTRINA DE DEMÔNIOS demônios. O texto no qual Paulo trata
1. Doutrinas de demônios, o que sobre “doutrina de demônios”oferece
são? Dentre as muitas expressões que a forma pela qual a Igreja é orientada
as Escrituras Sagradas utilizam para se a enfrentá-la e vencê-la. O texto foi es­
referir ao falso ensino, está “doutrinas de crito enquanto a igreja em Éfeso estava
demônios". Mas, afinal, o que significa sofrendo com os ataques e os danos
“doutrinas de demônios”? O termo “de­ das falsas doutrinas. Paulo incentiva
mônios”aparece somente esta vez nesta Timóteo a pregar, viver e se desenvol­
Carta e indica, claramente, tudo aquilo ver na Palavra. Logo, a referência feita
que se opõe a Deus, à sua Palavra e aos às “doutrinas de demônios" é parte da
seus princípios (1 Tm 4,1). Na Segunda seção em que o jovem pastor foi desa­
Carta aos Tessalonicenses, Paulo já havia fiado a pregar diante da avalanche de
falado a respeito do que ele chamou de falsos ensinamentos que a igreja estava
“mistério da injustiça" (2 Ts 2.7). Portanto, recebendo. Observe atentamente as
a expressão "doutrinas de demônios” palavras de Paulo: “Propondo estas
é uma referência a todo ensino que coisas aos irmãos, serás bom ministro de
influencia as pessoas a se posicionarem Jesus Cristo, criado com as palavras da
contra Deus e à sua Palavra. fé e da boa doutrina que tens seguido (v.
2. A doutrina de demônios e as suas 6). A expressão “propondo" tem relação
produções. A “doutrina de demônios” direta com “pregar", enquanto “criado"
é o ato de se ler de forma errada as se refere a “alimento”, ou seja, a forma
Escrituras Sagradas, promovendo a de enfrentar a denominada "doutrinas

JOVENS 35
de demônios”é pela pregação do Evan­ o lugar de Deus em nossas vidas. Por
gelho e da boa doutrina, pois é isso que isso, Jesus afirmou que o coração do
alimenta e preserva o rebanho de Deus. homem sempre se voltará para o seu
tesouro (Mt 6.21). O que domina o cora­
SUBSÍDIO O
ção humano torna-se um objeto de sua
adoração. Conclui-se, portanto, que as
Professor(a), “uma das maiores ne­
falsas doutrinas — que trabalham para
cessidades da presente hora, no seio
desonrar a Deus — são sedutoras, pois
da Igreja é uma sólida base bíblica
elas sugerem que 0 homem seja o centro
doutrinária para a fé. Doutrina significa
da existência e não o Todo-Poderoso.
literalmente ensino normativo, termi-
2. A sedução do relativismo. O rela-
nante, como regra de fé e prática. É
tivismo é a crença que afirma não existir
coisa séria. É fator altamente influente
verdades absolutas, pois a verdade
para o bem e o mal. A sã doutrina é uma
depende do ponto de vista de cada
bênção para o crente e para a Igreja,
pessoa. Por exemplo, no que se refere
mas a falsa — corrompe, contamina,
aos princípios morais, o relativismo pro­
ilude e destrói.
põe que não há princípio moral imutável
O plano de Deus é que depois de
e nem absoluto. O relativismo prega a
salvos, ‘todos cheguem ao pleno co­
inexistência de uma verdade absoluta,
nhecimento da verdade' (i Tm 2.4). A
e os seus adeptos defendem crenças
tragédia espiritual de inúmeros crentes,
relativas e flexíveis, sempre obedecendo
é que não atentam para isso. Podemos
à circunstância, ao ambiente e à neces­
pagar muito caro por uma só ignorância
sidade dos envolvidos. O relativismo
espirituaL Há pelo menos três formas de
ataca frontalmente a verdade única e
doutrinas. Uma é sublime e santa. Duas
absoluta da Palavra de Deus, e é aqui
são perniciosas e deletérias.
que ele se coloca como uma importante
a. A d o u trin a d e D e u s (Pv 4.2; Mt
sedução da falsa doutrina e que precisa
7.28; Lc 4.32). ser rechaçada e enfrentada, pois a Bíblia
b. A do utrina d e h o m en s (Jr 23.16;
é a genuína fonte doutrinária deixada
Mt 15.9; 16.12). para a Igreja de Cristo.
c. A doutrina d e dem ônios (1 Tm 4.1).
3. A sedução do hedonismo. O he­
Há, pois, demônios cuja atividade é donismo é outro importante fenômeno
espalhar violência e outros males osten­ da pós-modernidade, caracterizando-se
sivos, mas ocupar-se com o maléfico, pela busca desenfreada e sem critério do
falso, errôneo e enganoso."* I prazer. A cultura pós-moderna incentiva
(GILBERTO. Antonio. Manual da Escola Domi­ e patrocina o sentir-se bem, que traduz
nical. 23.ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2013.P. 92). muito bem a famosa frase “o importante
é ser feliz", ou ainda, “Deus quer o seu
II - A SEDUÇÃO DAS FALSAS bem e não o seu mal, portanto, faça o
DOUTRINAS que quiser para que você seja feliz e se
1. A sedução da idolatria. A idola­ sinta bem”. Deus quer o bem das pes­
tria é a fonte da sedução das falsas soas e que elas desfrutem da felicidade
doutrinas. A idolatria é mais do que a verdadeira, mas o caminho para isso é
adoração a ídoLos; é tudo o que ocupa obedecer aos princípios absolutos da

36 JOVENS
Palavra de Deus (Sl 1.1-6). O hedonismo ser uma surpresa para Igreja, que deve
é 0 termo técnico e atual para aquilo estar vigilante, preparada e não se dei­
que Tiago chamou de “deleites" que xar ser enganada. A advertência que
são os responsáveis pelas “guerras”que Timóteo recebeu, enquanto pastoreava
há entre os homens. Os “deleites" desse a igreja em Éfeso dTm 4-1-5), havia sido
mundo não são capazes de satisfazer predita peto próprio Paulo. Ele sabia
o anseio da alma do homem; somente que depois de sua partida, lobos cruéis
o temor e a entrega a Deus levam iam aparecer para atacar o rebanho (At
o homem a desfrutar da verdadeira 20.29,30), togo, o surgimento e a ação
felicidade. Portanto, a idolatria, o rela- de falsos mestres, no seio da igreja,
tivismo e o hedonismo são elementos não era uma novidade para aqueles
bases para toda sorte de falsa doutrina. irmãos. A Igreja pode até sofrer com
Vencê-los é desfazer não somente das os ataques dos falsos mestres, mas o
consequências dos falsos ensinos, mas nosso Deus conhece todas as coisas e
principalmente a sua raiz, Ele bondosamente nos alerta, mediante
a sua Palavra, sobre os perigos que nos
SUBSÍDIO © cercam. A Igreja tem todas as condições
Professor(a), explique que “uma necessárias para que não venha a ser
das atividades prediLetas do Diabo é enganada pelas seduções dos falsos
subtrair a Palavra de Deus (Mt 13.19), ensinos.
inclusive no púlpito, onde, muitas vezes 2. Desmascarando o engano dou­
ela é substituída por outras coisas vãs. trinário. Em sua despedida da igreja
O Diabo è o autor ou inspirador de todo em Éfeso, o apóstolo Paulo indicou
ensino falso (1 Tm 4.1) e perversão dos uma característica dos que, com a sua
verdadeiros (2 Pe 3.16). A arma exata partida, trabalhariam para disseminar
contra o erro e a mentira, é a verdade falsos ensinos: a crueldade (At 20.29,30).
divina quando conhecida e aplicada. É Em outra ocasião, esses falsos mestres
por ela, mediante o Espírito Santo, que aparecem como “homens que, com
discernimos entre a verdade e 0 erro. astúcia, enganam fraudulosamente" (Ef
Entre o falso e o verdadeiro. A admo- 4.14). O termo “astúcia”tem o sentido de
estação bíblica para nós outros, neste “fazer algo que vise benefícios próprios”,
particular é Efésios 4.14)"* I e ele aparece em outro texto no qual
indica a decisão do apóstolo em não
(GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Domi­
nical. 23.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 93) agir dessa forma, mesmo diante das
muitas pressões que sofria em seus
III - NÃO SE DEIXE ENGANAR dias. Sendo assim, os que disseminam
1. A falsa doutrina não pode ser uma engano são desmascarados à medida
surpresa para a Igreja. A Igreja sempre que são descobertos em sua maldade.
foi alertada sobre a realidade, os perigos 3. Como se proteger do engano. A
e a ação dos falsos ensinadores, pois recomendação de Paulo aos líderes da
Jesus e aLguns de seus servos adver- igreja em Éfeso foi para que, ao contrário
tiram-na a este respeito. Portanto, as dos enganadores que só pensam em si e
falsas doutrinas não são e nem podem não amam a Igreja de Deus. eles —com

JOVENS 37
vigilância — cuidassem do rebanho do e educadores modernistas encontrará
Senhor, pois ele é formado por pessoas pouca resistência em muitas igrejas. A
que custaram o preço do sangue de popularidade dos ensinos antibíblicos
Jesus Cristo. Uma outra recomendação vem, sobretudo pela ação de Satanás,
de Paulo para que a Igreja não seja le­ conduzindo suas hostes numa posição
vada pelo engano de falsas doutrinas cerrada à obra de Deus. A segunda vinda
é o estimulo ao verdadeiro crescimento de Cristo será precedida de uma maior
espiritual que só pode ocorrer por meio atividade de satanismo, espiritismos,
do equilíbrio entre a verdade e o amor, ocultismos, possessão e engano de­
que também promove a unidade sau­ moníacos, no mundo e na igreja,
dável do Corpo de Cristo (Ef 4.15,16). A proteção do crente contra tais
Finalmente, 0 apóstolo dos gentios enganos e ilusões consiste na lealdade
oferece uma outra arma eficaz contra total a Deus e à sua Palavra inspirada, e
os ataques dos enganos doutrinários, a conscientização de que os homens de
que é a não falsificação da Palavra de grandes dons e unção espirituais podem
Deus (2 Co 4.1,2). A expressão “falsificar" enganar-se, e enganar os outros com
nos tempos de Paulo era usada para suas misturas de verdade e falsidade.
se referir aos que - desonestamente Essa conscientização deve estar aliada
- diluíam vinho com água, enganando a um desejo sincero do crente praticar
assim aos seus compradores. Desse a vontade de Deus (Jo 717) e de andar
modo, a Lição aqui é de que somente na justiça e no temor dEle.
pela mensagem pura a Igreja poderá Os crentes fiéis não devem pensar
não ser levada pelo engano da falsa que pelo fato de a apostasia predominar
doutrina. dentro do cristianismo nesses últimos
dias, não poderá ocorrer reavivamento
SUBSÍDIO © autêntico, nem que o evangelismo se­
Professor(a), explique que “o Espírito gundo o padrão do Novo Testamento
Santo revelou explicitamente que ha­ não será bem-sucedido. Deus prometeu
verá, nos últimos tempos, uma rebeldia que nos 'últimos dias' salvará todos
organizada contra a fé pessoal em Jesus quanto invocarem o seu nome e que
Cristo. Muitos crentes se desviarão da se separem dessa geração perversa,
fé porque deixarão de amara verdade e que Ele derramará sobre eles o seu
(2 Ts 2.10) e de resistir às tendências Espírito Santo.”
pecam inosas dos últimos dias. Por (Bíblia de Estudo PentecostaL Rio de Janeiro:
isso, o evangelho liberal dos ministros CPAD, p. 1870.)

PROFESSOR(A), “no decorrer da lição, enfatize que a Bíblia difere de


outros livros. Sabe por que? Pela sua inerrãncia e infabilidade. Aquele que
crê na inspiração das Escrituras acredita que ela é inerrante e infalível." Você
crê nessa verdade?

38 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
GILBERTO, Antonio.
Manuaí da Escola Dominical, 23.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 93.

© CONCLUSÃO
As falsas doutrinas são uma realidade,
e Deus sem pre alertou o seu povo
acerca disso, oferecendo recursos
poderosos e eficazes para resisti-las,
enfrentá-las e não se deixar levar por
© HORA DA REVISÃO
elas. Esta lição reafirmou 0 compro­
1. O que são doutrinas de demônios?
m isso que a Igreja deve ter com 0
A "doutrina de demônios" é uma
ensino e propagação da sã doutrina.
leitura errada das Escrituras Sagra­
das, capaz de promover a inimizade
contra Deus,
2. Quem produz e promove as falsas
doutrinas?
A "doutrina de demônios" é promo­
vida e produzida por Satanás,
3. Como enfrentar a chamada “doutrina
de demônios1'? r
A forma de enfrentar a denomina­ A N O TA Ç A O
da "doutrinas de demônios" é pela
pregação do Evangelho e da boa
doutrina, pois é isso que alimenta e
preserva 0 rebanho de Deus.
4. Segundo a lição, o que é relativismo?
O relativismo é a crença que afirma
não existir verdades absolutas, pois a
verdade depende do ponto de vista
de cada pessoa.
5. O que é hedonismo?
O hedonismo é um fenômeno da
pós-modernídade, caracterizando-
-se pela busca desenfreada e sem
critério do prazer.
A DOUTRINA E O
AMOR PELO SENHOR
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"E perseveravam na doutrina dos


SEGUNDA - l J o 48,8
apóstolos, e na comunhão, e no O amor é uma evidência de que
partir do pão, e nas orações. Em somos nascidos de Deus
cada alma havia temor, e muitas
TERÇA - Mt 22.37,38
maravilhas e sinais se faziam pelos O grande mandamento
apóstolos." (At 2.42,43)
QUARTA - Jo 15.12
É preciso amar como Ele nos amou
RESUMO DA LIÇÃO
QUINTA - 1 Co 13.1-7
A suma do amor
É necessário que haja doutrina
S E X T A -lP e 48
e fervor espiritual para que O amor ao próximo
os crentes tenham uma
SÁBADO - 1 Jo 3.14
espiritualidade saudável. Quem ama o irmão encontra vida

40 JOVENS
OBJETIVOS
S MOSTRAR que a igreja de Éfeso era firme na doutrina;
• CONSCIENTIZAR do perigo de se perder o primeiro amor pelo Senhor;
• COMPREENDER que não há contradição entre doutrina e fervor
espiritual.

INTERAÇAO
Professor(a), nesta lição trataremos a respeito da igreja de Éfeso, pois ela é
um exemplo de como os crentes podem se distanciar do amor de Deus e de
sua vontade, Este é um perigo que cerca as igrejas na atualidade. Do ponto de
vista comercial, Éfeso era a cidade mais importante da Ásia Menor e nos dias de
Pauto, essa cidade abrigava o suntuoso templo da deusa Diana, que atraía turistas
e peregrinos. Em sua segunda viagem missionária, o apóstolo Paulo anunciou
ali o Evangelho, mas não ficou muito tempo e somente em sua terceira viagem
missionária é que ele pôde evangelizar efetivamente a cidade, tendo ficado três
anos (At 19.1). A igreja de Éfeso foi pastoreada por Paulo que ensinou, com zelo
e dedicação, “todo o conselho de Deus”. Entretanto a igreja ouviu do Senhor
Jesus a seguinte sentença: 'tenho contra ti’ (Ap 2,4). Esta parecia ser uma igreja
perfeita, mas aquEle que tudo sabe e tudo vê conhecia os crentes e sabia que
eles abandonaram o primeiro amor (Ap 2.1-4). Seu exemplo, como igreja, serve
de alerta para nós, principalmente no excesso de trabalho e zelo doutrinário, mas
sem 0 genuíno amor.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), para esta lição sugerimos que você converse com seus alunos
explicando que ‘deixastes ao teu primeiro amor' (Ap 2.4) “se refere ao primeiro e
profundo amor e dedicação que os efésios tinham por Cristo e sua Palavra (Jo
14.15). (1) Esta advertência nos ensina que conhecer a doutrina correta, obedecer
a aLguns dos mandamentos e ir aos cultos na igreja não bastam. A igreja deve
ter, acima de tudo, amor sincero a Jesus Cristo e a sua Palavra como um todo (2
Co 11.3; cf. Dt 10.12). (2) O amor sincero a Cristo resulta em devoção sincera a Ele,
em pureza de vida e em amor à verdade (2 Co 11.3)" (Bíblia de Estudo Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, p. 1982).

JOVENS 41
TEXTO BÍBLICO

Apocalipse 2.1-7
1 Escreve ao anjo da igreja que está em 5 Lem bra-te, pois, de onde caiste, e
Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua arrepende-te, e pratica as primeiras
destra as sete estrelas, que anda no obras; quando não, brevemente a ti
meio dos sete castiçais de ouro. virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal,
2 Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, se não te arrependeres.
e a tua paciência, e que não podes
6 Tens, porém, isto: que aborreces as
sofrer os maus; e pusestes à prova os
que dizem ser apóstolos e o não são obras dos nicolaitas, as quais eu tam­
e tu o achastes mentirosos. bém aborreço.
3 E sofrestes e tens paciência; e traba­ 7 Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito
lhaste pelo meu nome e não cansaste. diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei
4 Tenho, porém, contra ti que deixaste a comer da árvore da vida que está no
0 teu primeiro amor. meio do paraíso de Deus.

INTRODUÇÃO Somente em sua terceira viagem missio­


A falta de doutrina produz muitos nária é que o apóstolo pôde evangelizar
males e um deles é a mornidão espiritual. efetivamente a cidade, tendo ficado três
Quando não há ensino biblico, a missão anos ali (At 19.1). Provavelmente, Priscila e
da igreja é comprometida. Utilizando a Áquila desempenharam importante papel
igreja de Éfeso como exemplo, nesta na implantação dessa igreja e cederam
lição, estudaremos a respeito de como a própria casa onde ela foi estabelecida
os crentes se distanciaram do amor de (At 18.18,19; 1 Co 16.19). O casal também
Deus e de sua vontade. Veremos 0 perigo contribuiu com o desenvolvimento da
que cerca as igrejas na atualidade neste vida cristã e do ministério de Apoio (At
aspecto. Esta lição também ressaltará que 18.24-28).
é necessário que a igreja fundamente 2. A igreja de Éfeso e os seus princi­
suas ações no zelo doutrinário e no amor pais desafios. A Carta aos Efésios indica
fervoroso por Deus. os desafios que a igreja enfrentou no
início. A deusa Diana era o centro da
1- A IGREJA DE ÉFESO ERA FIRME estrutura religiosa e econômica de Éfeso,
NA DOUTRINA que de acordo com a mitologia grega,
1. A igreja de Éfeso. Do ponto de era virgem, e contrária ao casamento,
vista comercial, Éfeso era a cidade mais razão pela qual a estrutura familiar da
importante da Ásia Menor. Nos dias de sociedade efésia era fragilizada, tornando
Paulo, essa cidade tinha cerca de 250 mil o divórcio algo comum e banalizado. Por
habitantes e abrigava o suntuoso templo isso, Paulo exortou os irmãos efésios a
da deusa Diana, o que atraía turistas e confiar na graça salvadora de Cristo, se
peregrinos, aquecendo assim a economia. preparar espiritualmente para a batalha,
Em sua segunda viagem missionária, o manter-se unidos na fé doutrinária, con­
apóstolo Paulo anunciou o Evangelho ali, servar a vida em santidade e a nutrirem
mas não ficou muito tempo (At 18.19-21). uma família sadia.

42 JOVENS
3. A firm e z a d o u trin á ria d a ig re ja(Ef 3.1), bem como a Timóteo em Éfeso
d e Éfeso. Historicamente, a igreja de (1 Tm 3.1), Em apocalipse 2.1-7, a igreja
Éfeso era uma das mais importantes e de Éfeso é elogiada pela sua presença,
conhecidas da igreja do primeiro século. porém castigada por ter perdido o seu
Isso não é mera casualidade, mas é fruto primeiro amor.”
de seu vigor espiritual, de seu compro­
(D icionário B íb lico B aker Rio d e Janeiro:
metimento doutrinário e de sua relação CPAD, 2023. p. 59 >
com alguns dos principais líderes, que
fizeram dela um referencial. II - O PERIGO DE SE PERDER O
A igreja de Éfeso foi pastoreada por PRIMEIRO AMOR PELO SENHOR
Pauto que, além de ter ensinado “todo 1. Boas obras, porém sem amor. É
o conselho de Deus" (At 20.27), foi usado trágico uma igreja ter de ouvir a seguinte
como instrumento para a realização de sentença: “tenho contra ti". Foi o que a
grandes milagres (At 19.11,12). Foi pasto­ igreja em Éfeso ouviu do Senhor Jesus
reada também por Timóteo, tão elogiado (Ap 24). Antes disso, essa igreja foi elo­
por Paulo (Fp 2.19-23) e deixado em Éfeso giada, pois era dedicada no trabalho, no
justamente para “advertires a alguns que combate à maldade, no zelo pela dou­
não ensinem outra doutrina”(1 Tm 1.3). trina e na perseverança nas tribulações.
Finalmente, essa igreja pôde desfrutar Parecia ser uma igreja perfeita, mas havia
do pastoreio do apóstolo João que, de abandonado o primeiro amor (Ap 2.1-4).
Éfeso, liderou as igrejas daquela região Além dos bons exemplos oferecidos
e de onde escreveu o Evangelho que por essa igreja, eLa também nos serve
leva o seu nome, além de suas Epistolas. de alerta para o excesso de trabalho e
Certamente a igreja de Éfeso foi bem o zelo doutrinário, mas sem o genuíno
instruída e teve seus alicerces doutrinários amor. A igreja de Éfeso é uma prova
bem estabelecidos. de que é possível realizar grandes e
boas obras sem amor. Por isso Jesus
SUBSÍDIO O diz: “Lembra-te, pois de onde caístes,
“Éfeso, conhecida hoje como Selçuk, e arrepende-te, e pratica as primeiras
a antiga Éfeso está localizada na costa obras: quando não, brevemente a ti virei
do mar Egeu da Ásia Menor, na foz do e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se
rio Castro. Paulo parou brevemente em não te arrependeres" (Ap 2.5).
Éfeso na sua segunda viagem missio­ 2. O valor das boas lembranças. A
nária, deixando Priscila e Áquila. Mais igreja de Éfeso foi orientada por Jesus a
tarde, encontraram e orientaram Apoio se lembrar de onde caiu, a fim de que se
em Éfeso (At 18.19-26). Na sua terceira arrependesse (Ap 2.5). A recomendação
viagem, Paulo permaneceu em Éfeso por é: lembrar-se, arrepender-se e praticar. A
três anos, ensinando, realizando milagres igreja deveria se lembrar de onde havia
e curando enfermos (At 19.1-22) até o caído, ou seja, deveria considerar o que
tumulto incitado pelo ouvinte Demétrio havia perdido, advindo o arrependimen­
(At 20.1). ELe escreveu 1 Coríntios em to como demonstração de tristeza e
Éfeso (1 Co 16.8) e, mais tarde, escreveu voltar às primeiras obras, confirmando
aos efésios da sua cela na prisão romana o arrependimento e a consciência trans­

JOVENS 43
formada. A igreja de Éfeso recebeu a II! - NAO HA CONTRADIÇÃO
oportunidade de recomeçar e resgatar ENTRE DOUTRINA E FERVOR
a sua saúde espiritual ESPIRITUAL
3. De volta ao prim eiro amor. O que 1 .0 problem a dos extremos. A igreja
Jesus quis dizer com “primeiro amor"? de Éfeso valorizou a doutrina, mas não
Deus é a fonte de todo amor, Ele é o permaneceu no amor a Deus. A igreja de
próprio amor (1 Jo 4.8). Portanto, deixar Corinto, que tinha vários dons espirituais
o primeiro amor é o mesmo que se (1 Co 1.7), negligenciou os ensinos bíbli­
afastar de Deus, e isso implica que a cos e Paulo afirmou que os crentes dali
igreja de Éfeso praticava boas obras, eram carnais (1 Co 3.1-3). Os extremos
mas ao mesmo tempo, estava distante impedem o desenvolvimento saudável
de Deus. O convite para que voltasse da vida espiritual da igreja.
ao primeiro amor indica o interesse do 2. A im p o rtân cia d o eq uilíbrio. Ao
Senhor de que a sua Igreja permaneça criar o homem, Deus o constituiu de
em sua presença. Paciência e trabalho espírito, alma e corpo. Não por acaso,
não faltavam a igreja de Éfeso, mas ela Paulo rogou aos irmãos da igreja em
foi orientada a voltar “às primeiras obras", Roma que apresentassem a Deus os seus
pois estas foram praticadas com o amor “corpos”(externo e visível) e renovassem
genuíno. Sendo assim, ela foi convidada o “entendimento" (interno e invisível), e
a restaurar a sua comunhão com Deus. isso é evidência de que o ser humano
integral tem valor para Deus. Equilíbrio,
SUBSÍDIO 0 e não os extremos, reflete o caráter de
Professor(a), explique que “Cristo Deus e é o que Ele espera de seus filhos
elogiou a igreja em Éfeso por(i) trabalhar (Dt 5.32; Js 1.7. Pv 4 27).
com afinco, (2) perseverarcom paciência, O Senhor não disse à igreja de Éfeso
(3) não tolerar pessoas más, (4) examinar que o “primeiro amor" é mais importante
com cuidado as alegações dos falsos que o zelo doutrinário, mas que o pro­
apóstolos e (5) sofrer sem desistir. Toda blema consistia no fato de ter deixado
a igreja deveria ter essas características. 0 primeiro em função do segundo. O
Mas esses louváveis esforços devem desejo de Jesus é o equilíbrio.
nascer de nosso amor por Jesus Cristo. 3. D o u trin a e fe rv o r e s p iritu a l, a
Tanto Jesus como João enfatizaram o co m b in a çã o perfeita. Uma vida cristã
amor ao próximo como uma autêntica genuína se define pelo equilíbrio entre
prova das Boas Novas (Jo 13 34). Na a compreensão do significado das Escri­
batalha que enfrentamos para manter turas e a sua prática. A compreensão da
um ensino sadio e a pureza moral e doutrina bíbLica e a sua prática permite
doutrinária, é possível perder esse espírito ao crente desfrutar de uma relação real e
amoroso. Um conflito prolongado pode pessoal com o Senhor, que é o que faltou
enfraquecer ou destruir nossa paciência à igreja de Éfeso, embora ela tenha sido
e nosso afeto. Ao defender a fé, procure bem instruída pelos seus líderes.
proteger-se contra qualquer estrutura ou Uma igreja que valoriza, busca e
rigidez que possam enfraquecer o amor." trabalha pelo equilíbrio entre a doutrina
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
e o fervor espiritual se protege de uma
Janeiro: CPAD, 2013. p. 1806.) falsa religiosidade.

44 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
Manual da Bíblia de
Aplicação PessoaL
Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

. m

© CONCLUSÃO
0 exemplo da igreja de Éfeso reafir­
ma que. por mais bem estruturada
que possa ser, a igreja sempre terá
problemas e pendências a serem
corrigidos, Essa igreja incorreu no erro
da falta de equilíbrio entre o com­
promisso com a doutrina e 0 fervor
espiritual, causado pelo abandono do
“primeiro amor" e 0 afastamento de
Deus. Sendo assim, vimos os perigos
que a igreja corre quando lhe falta
O HORA DA REVISÃO equilíbrio entre o preparo intelectual
1. Q u al era a c id a d e m ais im portante e 0 fervor espiritual.
da Á sia M enor?
Éfeso era a cidade mais importante
da Ásia Menor.
2. O que atraia os peregrinos à cid ad e
r r
A N O TA Ç A O
d e Éfeso ?
O suntuoso templo da deusa Diana.
3. Q u al ca sa l contribuiu para o d e se n ­
volvim ento d e A p o io ?
O casal Priscila e Áquila.
4. Q u a l a exortação do S e n h o r J e s u s
para a igreja d e Éfe so ?
A igreja de Éfeso foi exortada por
Jesus a se lembrar de onde caiu, a
fim de que se arrependesse (Ap 2.5).
5. O que a igreja d e Éfeso havia ab an ­
donado?
Às primeiras obras, pois estas foram
praticadas com o amor genuino.
A DOUTRINA QUE DA VIDA
E EXPULSA DEMÔNIOS
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"Eu sou a porta; se alguém entrar SEGUN DA-Rm 13.1,2


por mim, salvar-se-á, e entrará, Deus ordena as autoridades
e sairá, e achará pastagens. O TERÇA - Mt 728,29
ladrão não vem senão a roubar, Jesus ensinava com autoridade
a matar e a destruir; eu vim para QUARTA - Lc 7 1-10
que tenham vida e a tenham com
A autoridade de Jesus sobre
abundância." (Jo 10.9,10)
as enfermidades
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - Mc 5-1-15
A autoridade de Jesus
sobre os demônios
A doutrina de Jesus reflete o SEXTA - Jo 11.25-27
seu caráter, razão pela qual Jesus tem poder sobre a morte
ela liberta e dá vida aos que SÁBADO - Jo 171,2
creem e a obedecem. O poder de Jesus
sobre os homens

46 JOVENS
f .............. N
OBJETIVOS
• COMPREENDER a autoridade da doutrina de Cristo;
• CONSCIENTIZAR de que a doutrina de Cristo dá vida ao homem;
fí SABER a respeito da doutrina de Cristo e os demônios.
/

INTERAÇÃO
Professor(a), nesta lição estudaremos a respeito da doutrina de Jesus Cristo.
Veremos que ela dá vida ao crente e autoridade para expulsar os demônios. É
importante que seus alunos compreendam que o sentido de autoridade utilizado
nessa lição diz respeito à doutrina de Cristo, referindo-se à sua fonte divina, o
que faz dela digna de toda aceitação (1 Tm 1,15).
A autoridade de Jesus tem o propósito de habilitar os seus discípulos a cum­
prirem a sua missão (Lc 10.19). No decorrer a lição, enfatize que a autoridade
tem relação direta com a representação da pessoa de Jesus, e isso por meio
da exposição da mensagem do Evangelho.
Sabemos que a autoridade de Jesus é a principal marca do seu ensino, di­
ferente dos escribas, cujos discursos eram vazios e desconexos da verdadeira
autoridade.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professor(a), inicie o primeiro tópico da lição fazendo a seguinte
pergunta: "Quais são as nossas atitudes que proclamam a Cristo?” Incentive a
participação dos alunos e ouça a todos com atenção. Em seguida, explique que
podemos proclamar a Jesus Cristo da seguinte forma:
*Com o nosso testemunho de vida:
*Com uma vida íntegra que não faz o mal para o próximo;
*Com uma vida que expresse amor e bondade com o poder e a autoridade
de Jesus Cristo,
Conclua enfatizando que a Igreja precisa anunciar a Cristo com poder e
autoridade.

JOVENS 47
TEXTO BÍBLICO
-.Jt.nm <swr*üna*&

Marcos 1.21-28 25 E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te


21 Entraram em Cafarnaum, e, logo no e sai dete,
sábado, indo ele à sinagoga, ali ensinava. 26 Então, o espírito imundo, agitando-o e
22 E maravilhavam-se da sua doutrina, clamando com grande voz, saiu dele.
porque os ensinava como tendo auto­ 27 E todos se adm iraram , a ponto de
ridade e não como osescribas. perguntarem entre si, dizendo: Que é
23 E estava na sinagoga deles um homem isto? Que nova doutrina é esta? Pois
com um espirito imundo, o qual excla­ com autoridade ordena aos espíritos
mou, dizendo: imundos, e eles lhe obedecem!

24 Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? 28 E logo correu a sua fama por toda a
Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: província da Galileia.
o Santo de Deus,

INTRODUÇÃO Pedro estava afirmando a autoridade da


doutrina que procede de Jesus. Portanto,
Por intermédio do ministério terreno
a autoridade da doutrina de Cristo está
de Jesus, podemos ver que doutrina e
relacionada ao fato de Ele ser Deus, e
obras caminham unidas. As obras re­
a fonte de toda autoridade (Rm 13.1-4).
alizadas pelo Senhor Jesus revelam o
2. Autoridade que habilita. A au­
seu caráter e a natureza da sua doutrina.
toridade de Jesus tem o propósito de
Portanto, além de relacionar a doutrina
habilitar os seus discípulos a cumprirem
de Cristo com suas obras, esta lição
a sua missão (Lc 10.19). No texto de
mostrará que ambas são inseparáveis
Lucas 9.1-6 o Senhor Jesus designa
e que as obras do Senhor são firmadas
os seus discípulos a representá-lo em
em quem Ele é. expedições missionárias. O poder pro­
metido seria para habilitar os discípulos
I - A AUTORIDADE DA DOUTRINA a realizarem milagres no nome de Jesus.
DE CRISTO A autoridade tem relação direta com a
1 .0 conceito de autoridade. Autori­representação da pessoa de Jesus e isso
dade é um termo amplo e abrangente, por meio da exposição da mensagem
motivo peto qual precisamos defini-lo. do Evangelho.
O sentido de autoridade utilizado aqui A autoridade é uma resolução a
diz respeito à doutrina de Cristo, refe- fim de que possamos representar uma
rindo-se à sua fonte divina, o que faz pessoa, razão pela qualJesus mostra aos
dela ser digna de toda aceitação (1 Tm discípulos que eles não deveríam desfa­
1.15). Certa vez, os discípulos de Jesus lecer quando fossem rejeitados, pois na
recuaram e já não andavam mais com verdade, as pessoas estariam rejeitando
Ele (Jo 6.66). Então, o Mestre indagou ao próprio Senhor que os enviou. Sendo
aos 12 discípulos dizendo: “Quereis vós assim, a autoridade de Cristo confere
também retirar-vos?”(v. 67). Pedro então todas as condições necessárias em
disse: “Senhor, para quem iremos nós? favor do avanço de seu Reino, inclusive
Tu tens as palavras da vida eterna”(v. 68). na difusão de sua doutrina.

48 (OVENS
3. A u to rid ad e confirm ad a. A auto­ II - A DOUTRINA DE CRISTO DÁ
ridade exercida no ministério de Jesus VIDA AO HOMEM
contribuiu para que suas palavras e ações 1. Morte espiritual. O pecado tornou
fossem confirmadas pelo povo. Na con­ a morte e os seus danos uma triste re­
clusão do Sermão do Monte, vemos que alidade, inclusive a morte espiritual, já
os ouvintes ficaram maravilhados, pois que biblicamente, o homem sem Deus
o Mestre "os ensinava com autoridade e é descrito como morto espiritualmente,
não como os escribas" (Mt 7.29). Nesse caso, qual o sentido de morte
A autoridade de Jesus 0 distingue dos espiritual? Em Efésios 2.1-3, Paulo ensina
escribas, cujos discursos eram vazios e que o homem sem Deus se encontra
desconexos da verdadeira autoridade, morto em suas ofensas e pecados e nos
enquanto o Senhor a possui, como mostra algumas características dessa
explica Mattew Henry: “Cristo, sobre a condição, como por exemplo: cometer
montanha mostrava mais autoridade práticas ilícitas deliberadamente; viver
que os escribas na cadeira de Moisés. de acordo com os padrões deste mundo
Dessa forma, quando Cristo ensina às que é inimigo de Deus; desobediência e
almas através do seu Espirito, Ele ensina seguir os desejos da carne. Sendo assim,
com autoridade. Ele disse: 'Haja luz. E a morte espiritual faz do homem inimigo
houve luz’". A autoridade de Jesus faz de Deus (Tg 44). que pratica tudo o que
dEle digno de ser ouvido e a sua doutrina desonra e contraria ao Senhor (Rm 1.29-
digna de toda aceitação, haja vista ser 31). e somente o Espírito pode reverter
ela de natureza divina. tal situação (Gl 5.16,17).
2. A vida de Cristo, Jesus é o bom
© PENSE! Pastor que "dá a vida pelas suas ovelhas”
Em que consiste a autoridade da (Jo 10.11). Mas, afinal de contas, que vida
doutrina de Cristo? é esta? Há muito o que dizer sobre a vida
de Cristo, afinal, Ele é a própria vida (Jo
© PONTO IMPORTANTE! 14.6). Esta vida contrasta com a morte
A autoridade de Cristo é divina, e esta espiritual conforme descrita anterior­
é a razão peia qual os seus ensinos mente. Paulo afirma que o homem é
são dignos de toda aceitação. salvo por meio da vida de Cristo como
fruto da reconciliação adquirida pelo
SUBSÍDIO O seu sofrimento na cruz (Rm 5.10), que faz
Professoría), inicie 0 tópico explicando do reconciliado uma nova criatura tanto
que ‘muitas vezes, os mestres judeus em suas práticas como em sua posição
citavam palavras de rabinos famosos, diante de Deus e dos homens (Cl 1.21-23).
para conferir mais autoridade a seus Jesus disse a Nicodemos sobre a
ensinamentos. Mas Jesus não precisava nova vida que Ele dá e que somente
disso. Jesus é Deus; sabia exatamente por ela é que o homem pode ver e fazer
as Escrituras e o seu significado. Ele é a parte do Reino de Deus (Jo 3,3),
suprema Autoridade." 3. Doutrina de vida. Jesus é a vida,
(Bíblia de Estudo A plicação Pessoal. Rio de
logo suas palavras e os seus ensina­
Janeiro: CPAD. 2013. p, 1289.) mentos também são vida. O conceito

JOVENS 49
de vida pode ser encontrado em vários materna (1 Rs 3.26, ‘entranhas’), e hesed,
ensinos de Jesus, como na conclusão da que significa força permanente (Sl 59,16)
parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32), ou ‘mútua obrigação ou solidariedade
no diálogo com a mulher Samaritana (Jo das partes relacionadas" — portanto,
4.14), na mensagem que pregou após a lealdade, A primeira forma expressa a
multiplicação dos pães e peixes (Jo 6.1- bondade de Deus, partícularmente em
15), na conversa com Marta enquanto a relação àqueles que estão em dificuldade
consolava pela morte de Lázaro (Jo 11.25), (Gn 43.14: Éx 34,6). A segunda expressa
além de tantos outros textos bíblicos que a fidelidade do Senhor, ou Laços pelos
confirmam essa verdade, quais ‘pertencemos’ ou 'fazemos parte’
Jesus disse que as suas palavras do grupo de seus filhos, Seu permanente
são “espirito e vida" (Jo 6,63). Esse texto e imutável amor está subentendido, e
reafirma a natureza espiritual e divina se expressa através do termo berit, que
das palavras de Jesus e o fato de que as significa ‘aliança' ou ‘testamento”*I
suas palavras produzem vida. Portanto, a
lAdaptado de Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio
resposta à pergunta: “que nova doutrina de Janeiro: CPAD, 2010, p, 1290.)
é esta?" É uma doutrina de vida.
III - A DOUTRINA DE CRISTO E
@ PEN SE! OS DEMÔNIOS
Qual a relação entre a doutrina de 1. A doutrina de Cristo e suas obras.
Cristo com a vida? Jesus se manifestou "para desfazer as
obras do diabo" (1 Jo 3.8). Ele percorreu
© PO N TO IM PORTAN TE! vários lugares anunciando “o evangelho
Sendo Ele a própria vida, 0 Senhor do Reino" e “fazendo o bem e curan­
Jesus é quem pode, tanto por palavras do a todos os oprimidos do diabo" e
como por obras, ressuscitar 0 homem anunciando “o evangelho do Reino”(Mt
de seu estado de morte espiritual. 9.35; At 10.38). Observe que as obras de
Jesus sempre estiveram conectadas
SU B SÍD IO O à sua mensagem e aos seus ensinos.
Professor(a), para iniciar 0 tópico Suas obras nunca estão separadas de
faça a seguinte indagação: "O que mo­ sua doutrina, inclusive o seu poder de
via Jesus a ensinar?”Ouça os alunos e expulsar demônios. A doutrina de Cristo
explique que Jesus era movido pela é ampla e tem como propósito: “[...] que
compaixão e misericórdia. “No Novo conheçam a ti só por único Deus verda­
Testamento, a palavra 'misericórdia' deiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste"
é a tradução da palavra grega eleos (Jo 17.3). Ela se fundamenta em quem
ou 'piedade, compaixão, misericórdia’ Ele é, conforme a declaração de Pedro
(veja seu uso em Lucas 10.37), e oihtir- (Mt 16.16-18).
mos, isto é, ‘companheirismo em meio 2. O s dem ônios reconhecem Jesus.
ao sofrimento'. No Antigo Testamento Os demônios conhecem a Jesus, sabem
representa duas raízes distintas: rehem, de sua natureza, reconhecem a sua
(que pode significar maciez), ‘o ventre’, divindade e se encurvam diante do seu
referindo-se, portanto, à compaixão poderio (Mt 8.28-34).

50 JOVENS
Os Evangelhos relatam que quando Q PONTO IMPORTANTE!
a legião que aprisionava e atormentava As obras de Jesus não estão separadas
o Gadareno viu a Jesus de longe, se de quem Ele é, assim como de seus
prostrou e o adorou ( Mc 5,6). O reco­ ensinos, 0 que confere autoridade à sua
nhecimento dos demônios em relação doutrina sobre todo 0 mal inclusive
a Jesus pode parecer um ato de adora­ sobre os demônios.
ção, mas segundo Lawrence Richards
“este não foi em absoluto um ato de SUBSÍDIO O
adoração, mas um reconhecimento “Os demônios aparecem com fre­
forçado dos espíritos imundos diante quência no Novo Testamento como
de um homem com a superioridade “espírito imundo" (Mt 12.43; Mc 1.23,26;
de Jesus”. Os demônios se submetem 3.30; 5.2,8; 725: 9-25; Lc 8.29; 9.42; Lc
e respeitam tanto a Jesus como à sua 11.24); "espírito mudo”(Mc 9.17); “espírito"
autoridade. (Mc 9.20); “um espírito" (Lc 9.39); “espírito
3. Os demônios são expulsos. Depois
de demônios" (Lc 4.33); “espírito de adivi­
de uma expedição missionária, os discí­ nhação" (At 16.16) e “espírito maligno”(At
pulos com entusiasmo deram o seguinte 19.15,16). Já nos Evangelhos e em Atos,
relato a Jesus: “Senhor, pelo teu nome, os demônios aparecem em oposição a
até os demônios se nos sujeitam”(Lc Jesus, com ênfase na superioridade de
10.17). Os discípulos estavam corretos, Cristo sobre eles. Nos escritos paulinos,
pois o Mestre, ao realizar milagres, in­ são principados, dominações e potesta-
clusive libertando pessoas de espíritos des (1 Co 15 24,27: Cl 1,15-20; Ef 1.20-22).
imundos, mandou que os discípulos de No Apocalipse os demônios com o Diabo
João Batista —que estava preso —tes­ estão presentes na luta final contra Jesus
temunhassem acerca disso (Lc 7.21,22). e a igreja. Apesar da sua presença nos
O domínio de Jesus sobre os demônios relatos dos Evangelhos Sinóticos e em
advém de sua natureza e autoridade Atos dos Apóstolos, a origem deles é
divinas, bem conhecidas pelos espíritos considerada obscura por alguns. A melhor
maus que o reconhecem (At 19.13-16). compreensão de como esses espíritos
Embora tenha sido reconhecido surgiram depende também da origem de
pelos demônios, o Senhor Jesus não Satanás, pois ele é chamado de Belzebu,
interrogou ou estabeleceu qualquer “o príncipe dos demônios" (Mt 12.24; Mc
diálogo com eles. Jesus não dependia 3,22; Lc 11,25). Jesus fez menção do “diabo
que a sua identidade fosse confirmada e seus anjos" (Mt 25.41). Quem são esses
pelo Diabo. O que fica claro é a au­ anjos e qual a origem deles e do seu chefe?
toridade de Jesus e de seus ensinos O Novo Testamento faz menção de anjos
ser reconhecido até mesmo entre os rebeldes que foram expulsos do céu (2 Pe
demônios. 24; Jd 6). Muitos consideram Isaías 14.12-
15 e Ezequiel 28.12-15 como referência à
0 PENSE! origem e à queda de Satanás."
De que forma a autoridade dos en­
(SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. Batalha
sinos de Jesus se relaciona com a Espiritual: O povo de Deus e a guerra contra as
expulsão de demônios? potestades do m al Rio de Janeiro: CPAD, p. 54.)

JOVENS 51
ESTANTE DO PROFESSOR
SO A R ES, Esequias; SO ARES, Daniele.
Batalha Espiritual: O povo de Deus e
a guerra contra as potestades do mal.
Rio d e Janeiro: CPAD.

© CONCLUSÃO
Infelizmente. é muito comum tratar
as obras de Jesus sem que se leve
em consideração os seus ensinos,
e isso tem causado danos dos mais
variados à sua igreja. Por isso, essa © HORA DA REVISÃO
lição buscou apresentar a inabalável
1, Qual o sentido da palavra "autoridade"
verdade de que a doutrina de Cristo
utilizado na liçã o ?
também reflete o seu poder, razão pela
O sentido de autoridade utilizado
qual ela também dá vida e expulsa
diz respeito à doutrina de Cristo,
os demônios, A doutrina de Cristo é referindo-se à sua fonte divina, o
fonte de vida e de poder para todos que faz dela digna de toda aceitação
os crentes, (i Tm 1.15).
z. A a u to rid a d e d a doutrina d e Cristo
está re la cio n ad a a q u e fato?
A autoridade tem relação direta
com a representação da pessoa de
_ ^
Jesus, e isso por meio da exposição
A N O TA Ç A O da mensagem do Evangelho.
3. Q u a l o propósito d a au to rid ad e d e
Jesu s?
A autoridade de Jesus tem o propó­
sito de habilitar os seus discípulos a
cumprirem a sua missão (Lc 10.19).
4. C o m o é d escrito em Efésio s o ho­
m em sem D e u s ?
Em Efésios 2.1-3, Paulo ensina que
o homem sem Deus se encontra
morto em suas ofensas e pecados.
5. Para q ue Jesu s se m an ifestou?
Jesus se manifestou “para desfazer
as obras do diabo' (1 Jo 3.8).
A SÃ DOUTRINA

TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL


"Mas, vós, amados, edificando-vos a
vós mesmos sobre a vossa santíssima SEGUNDA-Sl 3 3 4 ,5
A Palavra de Deus é reta e fiel
fé, orando no Espírito Santo,
conservai a vós mesmos no amor de TERÇA - 2 Tm 4.3,4
Deus, esperando a misericórdia de A sã doutrina é para os fiéis
nosso Senhor Jesus Cristo, para a Q U A RTA -G l 1.11,12
vida eterna." (Jd 20,21) Deus é a fonte da sã doutrina
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - J o 16.13,14
O Espírito Santo conduz à
doutrina verdadeira
A sã doutrina vem
S E X T A -E f 5 1
de Deus e deve nortear Vivendo segundo a sã doutrina
a vida do crente.
SÁBADO - 1 Pe 1.13-25
Viver a sã doutrina é honrar a Deus

JOVENS 53
OBJETIVOS
• COMPREENDER o que é doutrina;
* CONSCIENTIZAR de que a doutrina biblica vem de Deus para os
homens;
# SABER que a doutrina é a base da conduta do crente.

INTERAÇÃO
Professor(a), na lição deste domingo veremos o que a Bíblia chama de “sã
doutrina”. Vamos refletir a respeito da importância dela. O propósito é que os
alunos compreendam que a verdadeira doutrina é aquela que procede de Deus
e esta deve ser o padrão de vida de todo cristão.
0 termo doutrina advém do latim doctrina e indica ensino, o que implica
em dizer que o ato de ensinar, em certa medida, se refere à tarefa de doutrinar,
quer seja uma pessoa, ou ainda, um grupo de pessoas. Quanto ao termo “sã
doutrina”, significa uma doutrina saudável, em conformidade com as Escrituras.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professor(a), inicie a lição explicando os alunos que “toda a Bíblia é
a Palavra de Deus. Como ela é inspirada e confiável, devemos ler a Bíblia e aplicar
o seu conteúdo à nossa vida. A Bíblia é o nosso padrão para testar tudo o que
afirma ser verdade. Ela é a nossa salvaguarda contra os falsos ensinamentos e a
nossa fonte de orientação a respeito da maneira como devemos viver. É a nossa
única fonte de conhecimento a respeito de como podemos ser salvos. Deus lhe
quer mostrar o que é verdade, e o equipar para viver por Ele e para Ele. Quanto
tempo você dedica à Palavra de Deus? Leia a Bíblia para descobrir a verdade de
Deus, e permanecer confiante na sua vida e fé. Planeje ler a Bíblia toda, e não
apenas as passagens mais conhecidas”(Manual da Bíblia de A plicação Pessoal.
Rio de Janeiro; CPAD, 2013, p. 273)-

54 JOVENS
Tito 2.1-10
1 Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina 6 Exorta semelhantemente os jovens a
2 Os velhos que sejam sóbrios, graves, que sejam moderados,
prudentes, sãos na fé, no amor e na 7 Em tudo, te dá por exemplo de boas
paciência. obras; na doutrina, mostra incorrupção,
3 As mulheres idosas, semelhantemente, gravidade, sinceridade,
que sejam sérias no seu viver, como 8 Linguagem sã e irrepreensível, para
convém a santas, não caluniadoras, não que o adversário se envergonhe, não
dadas a muito vinho, mestras no bem, tendo nenhum mal que dizer de nós.
4 Para que ensinem as mulheres novas g Exorta os servos a que se sujeitem a
a serem prudentes, a amarem seus seu senhor e em tudo agradem, não
maridos, a amarem seus filhos, contradizendo.
5 A serem moderadas, castas, boas donas 10 Não defraudando; antes, mostrando
de casa, sujeitas a seus maridos, a fim toda a boa lealdade, para que, em tudo
de que a palavra de Deus não seja sejam ornamento da doutrina de Deus,
blasfemada. nosso Salvador.

INTRODUÇÃO com as Escrituras. Biblicamente, há três


Nesta lição veremos que doutrina é tipos de doutrinas: a doutrina de Deus;
um termo amplo e precisa ser compre­ a doutrina de demônios e a doutrina de
endido dentro de um aspecto específico, homens. A doutrina de Deus é encontrada
e aqui a análise será em torno do que exclusivamente na Bíblia Sagrada, e pode
a Bíblia chama de "sã doutrina". Vamos ser compreendida como a expressão da
discorrer sobre o que se quer dizer com vontade de Deus ao seu povo por meio
doutrina e sã doutrina, além de enfatizar de sua Palavra (Tt 2.10). Quanto à doutrina
que a verdadeira doutrina é aquela que de demônios, é preciso dizer que os de­
procede de Deus e esta deve ser o padrão mônios são mentirosos e enganadores
de vida de todo cristão. e eles atuam no sentido de confundir e
desviar os crentes, Levando-os a aposta-
I - O QUE É DOUTRINA tarem da fé (íTm 4.1). Finalmente, a Bíblia
1. O significado de doutrina. Na fala também da "doutrina de homens”,
primeira Lição estudamos a respeito do tão letal como a de demônios, pois serve
conceito de doutrina e, nesta, vamos como instrumento de disseminação de
ampliara compreensão a este respeito. heresias e engano (2 Co 11.14,15).
Em linhas gerais, doutrina é um termo 2, Doutrina no Antigo Testamento.
que advém do latim doctrina e indica Tendo em vista que 0 conceito de doutrina
ensino, o que implica dizer que o ato diz respeito a ensino, qual seria a com­
de ensinar, em certa medida, se refere à preensão disso no Antigo Testamento? A
tarefa de doutrinar, quer seja uma pessoa, expressão “doutrina”aparece em Deute-
quer seja um grupo de pessoas. Quanto ronômio 32,2 como algo que “goteja”da
ao termo “sã doutrina", indica para uma parte de Deus, e isso no sentido de que
doutrina saudável, em conformidade os ensinos divinos são recebidos - do

JOVENS 55
hebraico leqach - pelo seu povo. Outra clusivamente aos ensinos de Jesus. É
palavra que faz alusão à “doutrina" no An­ importante destacar que a Bíblia fala
tigo Testamento é torah, referindo-se em sobre a “doutrina de Jesus" (Jo 716,17),
particular ao Pentateuco, isto é, os cinco afinal de contas, Ele é o Verbo de Deus
primeiros livros da Biblia. O significado de (Jo 1.1-14). Jesus foi Mestre por excelência
torah é corpo de ensino do qual advém e ensinou como nenhum outro (Mc 4.2)
a lei de Deus, indicando os padrões que e o conteúdo do que ensinou causou
o seu povo deve adotar para a sua vida, admiração e atraiu multidões (Mc 1.27).
e por meio do qual vem as instruções e
as direções a serem seguidas. Além de SUBSÍDIO O
apresentar a fonte divina da doutrina e de “Professor(a), inicie o tópico pedindo
seu papel instrutivo, o Antigo Testamento que um aluno(a) leia Tito 2.1. Depois da
apresenta também algumas caracte­ leitura, chame a atenção dos alunos para
rísticas essenciais desse conjunto de a “ênfase que Paulo dá a expressão 'sã
ensino, tais como: a doutrina é pura (Jó doutrina’ ou 'sãos na fé' nas instruções a
114); a doutrina é boa (Pv 42) e a doutrina Tito. Este é 0 conteúdo de nossa fé. Os
é transformadora (Is 29.24). Sendo assim, crentes devem estar fundamentados nas
a doutrina no texto veterotestamentário verdades da Bíblia, para que não sejam
assume o papel de ser uma dádiva de influenciados pela poderosa oratória
Deus a seu povo. É por meio dela que
dos falsos ensinadores, com possíveis
Ele nos guia por caminhos de pureza, de
devastação de trágicas consequência,
bondade e de transformação.
ou seja levados pela emoção, Aprenda
3, Doutrina no Novo Testam ento. A
com a Bíblia, estude teologia, aplique os
presença da doutrina no Novo Testamen­
princípios bíblicos e coloque em prática
to é ainda mais forte, e assim como no
aquilo que você aprender.”* I
Antigo Testamento, há dois termos que
são usados a seu respeito, A primeira (Bíblia de Estudo A plicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013, p. 1721.)
expressão é didashalía cujo significa­
do é duplo, podendo indicar o ato de
ensinar ou 0 conteúdo a ser ensinado, II - A DOUTRINA VEM DE DEUS
como também a referência a quem se PARA OS CRENTES
propõe a ensinar e àquilo que se deve 1. A doutrina vem de Deus. A doutrina
ensinar. A respeito dos que ensinam, tem as Escrituras Sagradas como a sua
Paulo advertiu sobre a necessidade de fonte, mesmo porque a Bíblia é a Palavra
que haja dedicação nesse ofício como de Deus, que cumpre o papel de testificar
demonstração da elevada importância a respeito de tudo aquilo que o homem
da transmissão da sã doutrina (Rm 12.7). precisa e é capaz de saber a respeito do
O mesmo apóstolo aborda ainda sobre Criador (2 Tm 3.16). Diante dessa afirmativa,
o conteúdo doutrinário a ser transmitido surge a pergunta: “A doutrina vem de
e ensinado à igreja de Deus (1 Tm 4.6:2 quem?" Há doutrina de homens, doutri­
Tm 3.10; Tt 1.9). na de demônios e a doutrina de Deus.
A segunda palavra é didaquê, cujo Quanto à doutrina de Deus, ela também
significado é o mesmo da anterior, com tem sido chamada de doutrina bíblica,
a diferença de que essa se aplica ex­ pois conforme o termo indica, todo o

56 JOVENS
seu conteúdo é apresentado pela Bíblia fim de preservar a santidade do povo
Sagrada, que, além de ser a Palavra de (Lv 10.8-11): os levitas também tinham a
Deus, toda ela é aplicável para o ensino função de ensinar a lei de Deus (2 Cr 35.3):
dos homens em todas as áreas de sua os profetas que receberam a mensagem
vida, além de atuar na preservação da de Deus e as transmitiram ao povo (Hb
perseverança e da esperança no Senhor 1.1) e os pais que receberam a respon­
(Rm 154). Portanto, a doutrina cristã tem sabilidade de transmitir os ensinos da Lei
Deus como a sua fonte. aos filhos (Dt 6.5-9), O Novo Testamento
2. A doutrina é para os crentes. 0 apresenta alguns instrumentos por
apóstolo Paulo afirma que “o Senhor meio dos quais a doutrina foi difundida,
conhece os que são seus”(2 Tm 2.19). 0 como por exemplo: os apóstolos (2 Pe
que faz de uma pessoa ser considerada 3.2) , os obreiros chamados por Deus
propriedade de Deus e outra não? Jesus e reconhecidos pela igreja (2 Tm 2.1,2)
garantiu aos seus discípulos que eles e os discípulos de Cristo, em geral (At
seriam os seus amigos à medida que obe­ 8,4). Portanto, uma vez que a doutrina
decessem aos seus ensinos (Jo 15,14,15). pertence a Deus, ela vem dEle por meio
A verdade eterna desses ensinos não foi de instrumentos escolhidos pelo Senhor
revelada a todas as pessoas, mas àquelas para que seja entregue aos crentes.
que, na condição de discípulos de Jesus,
se interessaram em conhecê-lo (Mt 13.1- SUBSÍDIO ô
23). A distinção entre os que amam a lei de "Paulo advertiu Tito a ficar atento às
Deus e os que não amam está presente pessoas que ensinavam doutrinas erradas
também no Antigo Testamento (Sl 1.1-6), e induziam outros ao erro. Alguns falsos
Se considerar apenas 0 tema da santidade, ensinadores são simplesmente confusos:
que é parte da doutrina bíblica, é possível expressam suas opiniões enganosas sem
perceber que ela é uma exigência apenas as confrontarem com a Bíblia. Outros tem
ao povo de Deus (1 Ts 5.23; Hb 12.14), ao motivos malignos: fingem ser cristãos
passo que dos pecadores é exigido que somente porque podem conseguir
se arrependam de seus pecados (Mt 3.2; mais dinheiro, um negócio adicional ou
At 3.19). Portanto, a doutrina bíblica é um sentimento com o fato de ser um líder na
conjunto de ensinos divinos, destinados, igreja. Jesus e os apóstolos advertiram
exclusivamente, aos que amam a Deus repetidamente contra os falsos mes­
e pertencem ao seu povo. tres (Mc 13.22) porque os fatos ensinos
3. A entrega da doutrina. Aqui é atacam os fundamentos da verdade e
importante pensar sobre os meios usa­ da integridade sobre a qual a fé cristã
dos por Deus para que a sua doutrina está edificada. Você pode reconhecer
fosse entregue ao seu povo ao longo da os falsos ensinadores porque estes (1)
história, tanto no Antigo como no Novo concentrarão mais sua atenção em si
Testamento. No Antigo Testamento é mesmos do que em Cristo: (2) pedirão
possível encontrar os seguintes instru­ para você fazer algo que comprometa ou
mentos pelos quais Deus difundiu os enfraqueça sua fé; (3) não enfatizarão a
princípios doutrinários a seu povo: os natureza divina de Cristo ou a inspiração
sacerdotes com a responsabilidade de da Biblia; ou (4) incentivarão os crentes
ensinar os princípios de Deus a Israel a a tomarem decisões baseados mais no

JOVENS 57
julgamento humano do que na oração forma de viver como demonstração de
e nas diretrizes bíblicas." verdadeira transformação (2 Co 5.17). Essa
responsabilidade é bem compreendida
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD. 2013. p. 1721). se considerar o fato de que os cristãos
são denominados de “sal da terra" e “Luz
III - A DOUTRINA É A BASE DA do mundo" (Mt 5.13-16). Assim como 0 sal
CONDUTA DO CRENTE e a luz, o crente deve buscar beneficiar
1. A doutrina com o referência para o outras pessoas em detrimento de si
crente. O ser humano sempre vai buscar mesmo. Se o crente deixar de cumprir
uma referência, quer seja no exempLo de o seu propósito ele perde a razão de
alguma pessoa, quer seja um conjunto sua própria existência. O cristão deve ter
de princípios pelo qual ele possa ser uma vida vivida na Luz para que as suas
guiado. Este é um dos motivos por que obras sejam vistas e conhecidas dos
o escritor da Carta aos Hebreus orientou homens com a finalidade de que Deus
os seus leitores a olharem para Jesus seja glorificado (Mt 5.16), e isso só será
Cristo (Hb 12.2). Nesse caso, qual deve alcançado mediante a preservação da
ser o ponto de referência do crente no “palavra da vida" (Fp 2.13-16).
que se refere ao conjunto de princípios 3. A c o n d u ta d o c re n te em s e u s
pelo qual ele deve nortear os seus pen­ relacio nam ento s. A sã doutrina indica
samentos, as suas decisões e as suas o caminho ao crente quanto à sua con­
ações? O salmista testemunhou que a duta, mas não é só isso, ela também dá
Palavra de Deus é luz para o caminho as condições necessárias para que isso
dos que se submetem a Deus (Sl 119,105). seja possível principalmente no que se
Sendo assim, uma vez que doutrina é refere aos relacionamentos. É importante
o conjunto de ensinamentos bíblicos e destacar que a qualidade de vida cristã
que deve ser obedecido pelo crente, ela é medida pelas ações e reações diante
serve como um referencial e cumpre um dos obstáculos e dificuldades da vida.
papel semelhante ao da luz que ilumina Os principais testes que podem revelar
o caminho, evitando acidentes, erros e a qualidade da vida espiritual de um
permitindo correções quando necessário. crente ocorrem em seus relacionamentos
Deste modo, a doutrina bíblica serve de interpessoais, nas mais variadas áreas
referência ao crente diante da escuridão da vida. Seguindo nessa mesma linha,
do pecado que marca este tempo, assim ao escrever a Tito, o apóstolo Paulo
como é a fonte preservadora de sua fé demonstra que a sã doutrina orienta e
no enfrentamento de seus mais variados capacita o crente a desenvolver bons
conflitos. relacionamentos, fazendo com que
2. A vida cristã e su a s resp o nsab ili­ os mais jovens tenham os mais velhos
dades. A vida cristã pode ser analisada como ponto de boa referência e fonte
sob diferentes aspectos, inclusive sobre a de ensino, no bom uso das palavras para
expectativa que há em relação à vida de com as pessoas, na relação amistosa
um cristão, que o torna responsável diante que deve haver entre líderes e liderados,
de Deus, de si mesmo e da sociedade. visando, sobretudo, que o Diabo não
O cristão tem que refletir o caráter de encontre o que possa usar como arma
Cristo, principalmente por meio de sua contra o crente.

58 JOVENS
© HORA DA REVISÃO
1. O que indica o vo cáb ulo ‘‘doutrina’?
Em linhas gerais, doutrina é um © CONCLUSÃO
termo que advém do latim doctri- A sã doutrina serve ao crente como
na e indica ensino, o que implica “luz" para 0 seu caminho e escudo de
em dizer que o ato de ensinar, em proteção contra os ataques do Inimigo
certa medida, se refere á tarefa de Por isso, aprendemos a respeito da
doutrinar, quer seja uma pessoa, ou importância da sã doutrina, pois ela
ainda, um grupo de pessoas. vem de Deus, cujos princípios são
destinados aos que pertencem ao
2. Q uais são os três tipos de doutrina?
Senhor e que visam oferecer-lhes
Biblicamente, há três tipos de dou­
direção e condições para 0 honrarem
trinas: doutrina de Deus; doutrina de
em tudo 0 que faz e em todas as áreas
demônios e doutrina de homens.
de sua vida.
3. O q u e é a doutrina d e D e u s?
A doutrina de Deus é encontrada
exclusivamente na Bíblia Sagrada,
e pode ser compreendida como a
expressão da vontade de Deus ao
seu povo por meio de sua Palavra r r
(Tt 2.10). A N O TA Ç A O
4. Segundo a lição, quais os instrumen­
tos por meio dos quais a doutrina foi
difundida no Novo Testam ento?
O Novo Testamento apresenta alguns
instrumentos por meio dos quais
a doutrina foi difundida, como por
exemplo, os apóstolos, por obreiros
chamados por Deus e reconhecidos
pela igreja e os discípulos de Cristo,
em geral.
5. Co m o são denom inados os cristãos
em M ateus 5 ,13 -16 ?
“Sal" da terra e "luz" do mundo.
3 mar 2024

A DOUTRINA DOS
APÓSTOLOS
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
SEGUNDA - Lv 22.31,32
"Edificados sobre o fundamento A p rática d e gu ard ar os
dos apóstolos e dos profetas, m andam entos do Senhor
de que Jesus Cristo é a principal TERÇA - Is 1.10-17
pedra da esquina." (Ef 2.20) Viver em santid ad e é co lo car
em prática a Palavra D eus
QUARTA-Gl 6.9
S er incan sável em fazer o bem
RESUMO DA LIÇÃO Q U IN T A -R m 138
Q uem am a o próxim o, cum pre a lei
SEXTA - 1 Pe 4 8
A Igreja deve preservar o
O am or que cobrirá
compromisso de manter e m ultidão d e p ecad o s
ensinar a doutrina dos apóstolos, SÁBADO - l Co 15 57,58
que é a doutrina de Deus. O serviço cristão será
recom pensad o p elo Senh or

60 JOVENS
OBJETIVOS
• COMPREENDER que o ensino dos apóstolos era prático;
■ CONSCIENTIZAR de que a doutrina suscita amor;
• SABER que a doutrina gera serviço.

INTERAÇAO
Professor(a), a Igreja está firmada sobre a doutrina dos apóstolos, que está
firmada em Cristo, o fundamento da Igreja. Por esta razão, a lição se dedica a
esta temática, com o objetivo de mostrar a importância do nosso compromisso
com a doutrina dos apóstolos. Estudaremos a respeito da praticidade do ensino
dos apóstolos, mostrando que tal ensino produz o verdadeiro amor e conduz o
crente a uma vida de serviço a Deus e ao próximo.
É importante que os alunos compreendam o significado do vocábuLo apóstolo.
Esse termo vem do latim apostolus e do grego apóstolos, cujo significado vai além
de simplesmente "mensageiro”, e aponta para “o enviado". É importante ressaltar
que, embora tenham desempenhado importante papel na edificação da igreja, os
apóstolos não tinham autoridade em si mesmos, pois o que fizeram e ensinaram
foi na autoridade de Jesus Cristo, quem os escolheu e os enviou.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professoría), inicie a lição explicando aos alunos que "a igreja
somente poderá ser genuina se for alicerçada na revelação infalível, inspirada
por Cristo aos primeiros apóstolos. Os apóstolos do Novo Testamento foram os
mensageiros originais, testemunhas e representantes autorizados do Senhor
crucificado e ressurreto (Ef 2.20). Foram as pedras fundamentais da Igreja, e sua
mensagem encontra-se nos escritos do Novo Testamento, como o testemunho
original e fundamental do Evangelho de Cristo, válido para todas as épocas"
(Manual da Bíblia de Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 1811).

JOVENS 61
TEXTO BÍBLICO

Atos 2.42-47
42 E perseveravam na doutrina dos após­ e repartiam com todos, segundo cada
tolos, e na comunhão, e no partir do um tinha necessidade.
pão, e nas orações. 46 E, perseverando unânimes todos os
dias no templo e partindo o pão em
43 Em cada alma havia temor, e muitas
casa. com iam juntos com alegria e
maravilhas e sinais se faziam pelos
singeleza de coração
apóstolos.
47 Louvando a Deus e caindo na graça
44 Todos os que criam estavam juntos e de todo o povo. E todos os dias acres­
tinham tudo em comum. centava 0 Senhor à igreja aqueles que
45 Vendiam suas propriedades e fazendas se haviam de salvar.

INTRODUÇÃO As palavras de alguns dos apósto­


los nas apresentações de suas cartas
A doutrina dos apóstolos deve ser
atestam isso, já que elas deveriam ser
estudada e praticada pelos crentes,
lidas e obedecidas, não porque eles
pois consiste em Cristo, o fundamento
as estavam escrevendo, mas porque
da Igreja. Esta lição tem como objetivo
foram chamados pelo Senhor Jesus
mostrar que precisamos manter o com­
(Rm 1.1; 1 Pe 1.1). Portanto, falar sobre a
promisso de não negligenciar a doutrina
doutrina dos apóstolos refere-se aos
dos apóstolos. Vamos discorrer a res­
peito do ensino prático dos apóstolos, ensinos dos que receberam 0 chamado
mostrando que ele produz o verdadeiro e a autoridade necessária para isso, o
amor e conduz o crente a uma vida de que faz dessa doutrina “digna de toda
serviço a Deus e ao próximo,I aceitação" (1 Tm 1.15).
2 . A doutrina dos apóstolos. Paulo
I - O ENSINO DOS APÓSTOLOS afirma que os crentes em Cristo estão
“edificados sobre o fundamento dos
ERA PRÁTICO
apóstolos" (Ef 2.20), que é 0 mesmo que
1. Os apóstolos. O vocábulo após­
“doutrina dos apóstolos" (At 2.42), pois
tolo vem do latim apostotus e do grego
a eles foi dada a missão de lançar as
apóstotos, cujo significado vai além de
“mensageiro”. 0 termo significa também bases doutrinárias da Igreja de Cristo. No
“o enviado", e nas Escrituras Sagradas a entanto, essas duas expressões fazem
ênfase é mais sobre aquEle que envia referência ao ensino dos apóstotos e não
do que quem é enviado. É importante aos apóstolos em si, ou seja, a Igreja não
destacar que, embora tenham d e ­ está fundamentada nestes homens, mas
sem penhado um importante papel na doutrina que receberam de Cristo e
na edificação da igreja, os apóstolos repassaram à Igreja do Senhor.
não tinham autoridade em si mesmos, A validade do que eles ensinaram
pois o que fizeram e ensinaram foi na está no fato de que “Jesus Cristo é a
autoridade de Jesus Cristo, quem os principal pedra de esquina”, ou seja, o
escolheu e os enviou. Senhor é a base e o sustento de toda

62 JOVENS
doutrina ensinada pelos apóstolos. Sem vada no Novo Testamento. As gerações
Cristo, esses ensinos não existiríam ou posteriores da igreja têm o dever de
não teriam valor nenhum, pois Cristo é obedecer à revelação apostólica e dar
o insubstituível. testemunho da sua verdade. O Evange­
3. A p ra tic id a d e d a d o u trin a d o slho concedido aos apóstolos do Novo
apóstolos. Um aspecto importante da Testamento, mediante o Espírito Santo,
doutrina dos apóstolos é o seu aspecto é a fonte permanente de vida, verdade
prático. Embora, do ponto de vista teóri­ e orientação à igreja.”*
I
co, fossem bem fundamentados, esses
(Bíblia de Estudo A plicação P esso al Rio de
ensinamentos evocam a necessidade Janeiro: CPAD, 2013. p, 1721.)
de práticas que refletem a fé genuína
(Tg 1.21,22). No Evangelho Segundo II - A DOUTRINA SUSCITA AMOR
João, somos exortados à produção de 1. O am or na doutrina d e Pedro. O
frutos que evidenciem o verdadeiro amor é a virtude que evidencia a prática
arrependimento (Jo 15.16). da doutrina (Jo 15.10). A fé e os ensinos
O livro de Atos registra a conversão de Pedro foram moldados pelo seu
de milhares de pessoas e 0 fato de que relacionamento com Jesus, e o que
elas “perseveravam na doutrina dos ensinou sobre o amor foi influenciado
apóstolos", como demonstração de uma pelas marcas de seu último diálogo com
verdadeira conversão, compreensão o Mestre (Jo 21,15-17). Em sua Primeira
e obediência aos princípios ensinados Carta, Pedro adverte os crentes a amarem
pelos apóstolos. Quem ama a Cristo uns aos outros ardentemente (1 Pe 4.8).
e ao próximo, guarda e pratica toda a Este versículo é a chave para a compre­
doutrina de Deus. ensão de seu ensino sobre o amor. Pedro
aponta para a transformação e mudança
^ P EN S E! que Cristo operou nos crentes pelo seu
Qual foi a missão dos apóstolos e amor demonstrado na cruz. Ele diz que
que relação isso tem com a doutrina o amor é a maior das virtudes, e a que
que ensinaram? valida todas as demais.
2. O am o r na d o u trin a d e João. O
® P O N TO IM PO RTAN TE! amor é um tema central nos ensinos de
Os apóstolos foram enviados pelo João. Por isso, ele tem sido chamado de
Senhor para Lançaras bases sólidas “o apóstolo do amor”. Parte do conteúdo
da doutrina cristã, que deve ser com­ do capítulo 4 de sua Primeira Epístola
preendida e praticada pelos crentes. identifica o quão essencial é o amor
para João. Os versículos 10,11 e 19 do
SUBSÍDIO O capítulo 4 podem ser considerados o
“Professor(a), todos os crentes e eixo central do ensino sobre o amor. João
igrejas locais dependem das palavras, afirma que Deus é que amou e ama 0 ser
da mensagem e da fé dos primeiros humano primeiro e nós respondemos
apóstolos, conforme estão registradas adequadamente ou não a este amor.
historicamente em Atos e nos seus João defende que o amor evidencia a
escritos. A autoridade deles é conser­ nova vida em Cristo e 0 fato de conhecer

JOVENS 63
a Deus (1 Jo 4.7-9). Embora Ele não possa que evidencia a prática da doutrina. Peça
ser visto, todavia, por meio do seu amor q u e um aluno(a), leia João 15.10. Em
a sua presença é revelada e percebida. seguida, explique que “o crente deve
O amor de Deus faz com que venhamos viver na atm osfera d o am or de Cristo.
a desfrutar da comunhão com o Senhor Jesus, declarou que isso se dá quando
e com o Espírito Santo. O amor testifica guardam os os seus mandamentos.
a obra realizada por Cristo na cruz do Todos os cre n te s e igrejas serão
Calvário em nosso favor, verdadeiros somente à medida em que
3. 0 am or na doutrina d e Paulo, Nofizerem 0 seguinte; (a) Aceitar 0 ensino
capítulo dois da Carta aos Filipenses, o e revelação originais dos apóstolos a
apóstolo Paulo fala de alguns pontos respeito do evangelho, conforme o Novo
do u trin á rio s a respeito do amor, Ele Testamento registra, e procurar manter-se
e n fa tiza q u e o a m o r é: um a v irtu d e fiéis a eles (At 2.42). Rejeitar os ensinos
a ser com partilhada entre os irmãos; dos apóstolos é rejeitar o próprio Senhor
que a hum ildade é uma face genuína (Jo 16.13-15; 1 Co 14.36-38). (b) Continuar a
do amor, e leva o crente a celebrar as missão e ministério apostólico, comuni­
qualidades uns dos outros, e que Cristo cando continuamente sua mensagem ao
é o m odelo maior de amor, hum ildade mundo e à igreja, através da proclamação
e serviço (Fp 2.5-10). e ensino fiéis, no poder do Espírito (At
Paulo tam bém ensina que o amor 18), (c) Não somente crer na mensagem
não é som ente um sentim ento, mas apostólica, mas tam bém a defender e
um a ação, atitude. No capítulo 13 da guardá-la contra todas as distorções ou
Primeira Carta aos Coríntios ele mostra atíterações, A revelação dos apóstolos,
que o am or tudo sofre, é benigno, não conform e tem os no Novo Testamento,
invejoso, não leviano e que ele “tu d o nunca poderá ser substituída ou anulada
sofre, tu d o crê, tu d o espera e tu d o por revelação, testemunho ou profecia
suporta" (1 Co 13.7). Sendo assim, não posterior (At 20,27-31) "*I
há doutrina aprovada por Deus que não (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
produza o verdadeiro amor. Janeiro: CPAD. 2013- p. 1721)

@ P EN S E! III - A DOUTRINA GERA SERVIÇO


Qual a relação da doutrina com 1. Jesus, o servo por excelência. O An­
o amor? tigo Testamento anunciou a chegada de
Jesus em suas mais diferentes condições,
@ P O N TO IM PO R TAN TE! inclusive como Servo (Is 531-12). Os textos
0 amor é a base e 0 resultado e do Antigo Testamento apontavam para 0
autêntico da verdadeira doutrina. caráter de servo que Jesus assumiría em
seu ministério terreno, com o propósito
SUBSÍDIO 0 de atender aos necessitados (Is 61.1-3).
Professorla), inicie o tópico fazendo O apóstolo Paulo fu n d a m e n to u o
a seguinte pergunta: “O que é o amor?" seu argum ento sobre o dever cristão
Incentive a participação de todos, Em de auxiliar os enfermos em suas neces­
seguida explique que o amor é a virtude sidades nas palavras de Jesus de que

64 JOVENS
“mais bem-aventurada coisa é dar do 3. 0 serviço na v id a cristã. Jesus é
que receber”(At 20.35), Esse princípio o alicerce da doutrina cristã, o modelo
está alinhado ao que 0 Senhor ensinou de servo a ser seguido pelos seus dis­
- em palavras e obras - aos seus discí­ cípulos e todos os crentes,
pulos sobre servirem aos outros e não Pauto rogou aos irmãos da igreja em
a si mesmos (Mt 20.26,27). Jesus disse Roma para que não se amoldassem aos
que “não veio para ser servido, mas padrões deste mundo, mas que mudas­
para servir e dar a sua vida em resgate sem a forma (Rm 12.2). Segundo a forma
de muitos" (Mc 10.45). Ele entrega a de pensar deste mundo, maior é o que
própria vida em favor de outros, razão é servido, aquele que está assentado à
pela qual o Pai 0 exaltou e lhe deu um mesa. Entretanto, Jesus Cristo ensinou
nome sobre todos os nomes (Fp 2.9). que no Reino de Deus maior é o que
Jesus é o servo por excelência. serve (Lc 22.26,27). Portanto, uma vida
2. O s e r v iç o c r is t ã o n a d o u trin acristã bíblica e madura é marcada pelo
d o s apóstolos. Os apóstolos lançaram serviço a Deus e ao próximo,
as bases da doutrina cristã, e Cristo é
o fundamento central. Uma vez que @ PENSE!
o serviço foi uma das características Como relacionar a doutrina dos
fundamentais do ministério de Jesus, apóstolos com o serviço cristão?
essa virtude não poderia estar fora dos
ensinos apostólicos. Historicamente, © PONTO IMPORTANTE!
o serviço a Deus e ao próximo é visto Jesus é 0 servo por excelência e 0 ser­
como fruto da doutrina dos apóstolos viço cristão éum dos meios pelos quais
a partir do registro no livro dos Atos, a doutrina dos apóstolos é confirmada
Doutrinariamente, o apóstolo Pedro
ensina que os dons espirituais devem SUBSÍDIO O
ser usados em favor do Corpo de Cristo, “Servir os outros é um sinal carac­
tratando-os como um serviço. No mes­ terístico dos cristãos no mundo. Jesus
mo contexto, ele indica que o cristão iniciou o seu sermão com palavras que
é chamado a sofrer à semelhança de parecem contradizer uma à outra, Mas
Cristo, ou seja, trabalhar em favor da o modo de vida prescrito e exigido por
Igreja, do Reino de Deus. Deus normalmente contradiz o do mun­
No ensino de João, o cristão deve do. Se você quer viver para Deus, deve
estar pronto a servir o seu próximo com estar pronto a dizer e fazer o que parece
os seus bens e com a sua própria vida estranho para o mundo. Você deve estar
(1 Jo 3.16,17). disposto a dar. quando os outros tomam;
Paulo ensinou também que o crente a amar, quando os outros odeiam; a
deve considerar o outro superior a si ajudar, quando os outros maltratam. Ao
mesmo, e reafirma a sua alegria em renunciar aos seus próprios direitos para
se entregar no serviço em favor dos servir os outros, um dia você receberá
outros (Fp 2.3,17). A verdadeira doutrina tudo o que Deus reservou para você.'
faz com que os crentes desejem servir (Manual da Bíblia d e A plicação Pessoal. Rio
a Deus e ao próximo. de Janeiro: CPAD, 2013. p. 776)

JOVENS 65
ESTANTE DO PROFESSOR
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural
do Novo Testamento.
Rio de Janeiro: CPAD, 2007

O CONCLUSÃO
A doutrina dos apóstolos está funda­
mentada em Jesus Cristo, e tal verdade
implica aspectos teóricos e práticos. A
doutrina dos apóstolos revela o que os
crentes de todos os tempos, precisam
crer e praticar Aprendemos a respeito
da pratícidade dos ensinos apostólicos, 0 HORA DA REVISÃO
indicando a expectativa de Deus e 1 Qual a origem do vocábulo “após­
das pessoas em relação a Igreja. Isso tolo”e qual o seu significado?
se dá em dois aspectos na doutrina O vocábulo apóstolo vem do latim
dos apóstolos: o primeiro é o amor, apostolus e do grego apóstolos,
como fruto da verdadeira doutrina, cujo significado aponta para “o
o segundo é o serviço abnegado, do enviado”, e a ênfase é mais sobre
qual o Senhor Jesus é o exemplo maior. aquele que envia do que em quem
é enviado.
2. De acordo com a lição, quem é a
base e o sustento de toda doutrina
A N O TA Ç A O ensinada pelos apóstolos?
Jesus Cristo.
3. Qual virtude é evidenciada pela
prática da doutrina (Jo 15.10)?
0 amor.
4. Qual é o tema central nos ensinos
de João?
0 amor é 0 tema central nos ensinos
de João.
5. No Reino de Deus, o maior é o que
serve à mesa ou o que é servido (Lc
22.26,27)?
Segundo Jesus Cristo, maior é 0
que serve (Lc 22.26,27).
O CUIDADO COM O
VENTO DE DOUTRINA
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"Jesus respondeu e disse-lhes: SEG UN DA-2 Tm 3 -1,2
A minha doutrina não é minha, Tempos trabalhosos
mas daquele que me enviou. Se
TERÇA - 1 Pe 5 .6 -8
alguém quiser fazer a vontade
Hum ildade e vigilância
dele, pela mesma doutrina,
conhecerá se ela é de Deus ou se QUARTA - Jo 16.33
falo de mim mesmo." (Jo 7.16,17) Bom ânimo para vencer o mundo
QUINTA- E f 6.10-13
RESUMO DA LIÇÃO A armadura de Deus
SEXTA - Mt 2 2 .34-40
As Escrituras Sagradas O amor a Deus e à sua Palavra é
nos ajudam a identificar os proteção contra o engano doutrinário
falsos ensinos, nos preparando SÁBADO - Sl 119-97-99
para resisti-los. O amor à Palavra de Deus torna
o homem mais sábio

JOVENS 67
------------------------------------------------------------------------------

OBJETIVOS
• MOSTRAR as tendências atuais das falsas doutrinas;
• CONSCIENTIZAR da resistência do crente contra as falsas doutrinas;
• SABER que o crente deve amar a Deus e a sua Palavra.
V ------------------------------------------- /

INTERAÇÃO
Na lição deste domingo estudaremos a respeito da preciosidade da doutrina
bíblica e os perigos das falsas. Veremos o que a Bíblia diz a respeito de "vento
de doutrina”, a fim de que seja identificado, resistido e vencido. O objetivo tam­
bém é conscientizar os alunos de como podemos identificar as atuais falsas
doutrinas e como resistir aos seus ataques, mantendo assim o amor a Deus e à
sua Palavra acima de todas as coisas.
Não podemos nos render aos apelos mundanos do nosso tempo. Precisamos
identificar os mates que assolam essa geração a fim de enfrentá-los e vencê-los.
Na pós-modernidade, temos visto a rejeição dos valores morais.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professor(a), depois de fazer a leitura do texto bíblico em classe,
explique que em “Efésios 4, Paulo ensina que a 'unidade do Espírito' (v. 3) e a
‘unidade da fé’ (v 13) são mantidas e aperfeiçoadas por:
(1) aceitar somente a fé e a mensagem dos apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres do Novo Testamento;
(2) crescer na graça, em maturidade espiritual e em Cristo sob todos os
aspectos (v. 15), e ser cheio da plenitude de Cristo e de Deus;
(3) não permanecer como criança, aceitando ‘todo o vento de doutrina’, mas,
peto contrário, conhecer a verdade, e assim saber rejeitar falsos mestres (vv. 14.
15)" (Bíblia de A plicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 1811).

68 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

Efésios 4.11-16 14 Para que não sejamos mais meninos


11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, inconstantes, levados em roda por todo
e outros para profetas, e outros para vento de doutrina, peto engano dos
evangelistas, e outros para pastores e homens que, com astúcia, enganam
doutores. fraudulosamente.
15 Antes, seguindo a verdade em amor,
12 Querendo o aperfeiçoam ento dos
cresçamos em tudo naquele que é a
santos, para a obra do ministério, para
cabeça, Cristo.
edificação do corpo de Cristo.
16 Do qual todo o corpo, bem ajustado e
13 Até que todos cheguemos à unidade ligado pelo auxílio de todas as juntas,
da fé e ao conhecimento do Filho de segundo a ju s ta operação de cada
Deus, a varão perfeito, à medida da parte, faz o aumento do corpo, para
estatura completa de Cristo. sua edificação em amor.

INTRODUÇÃO aos apelos mundanos e carnais de seu


Estamos estudando a respeito da tempo, o crente precisa ser capaz de
preciosidade da doutrina bíblica e ad­ identificar os seus mates, a fim de en­
vertindo sobre os perigos das falsas frentá-los e vencê-los.
doutrinas que conduzem as pessoas ao O tempo atual tem sido chamado de
erro e às práticas pecaminosas. Na lição “pós-moderno", cujo sentido pode ser
deste domingo, veremos uma análise a resumido como o movimento da cultura
respeito do que a Bíblia chama de “vento que rejeita os valores da modernidade e vê
de doutrina”, a fim de que este seja iden­ com desconfiança os princípios racionais
tificado, resistido e vencido. e universais. Na prática, o mundo pós-mo-
Vamos também ver como podemos derno desvaloriza a lógica e o sentido das
identificaras atuais falsas doutrinas e como coisas, dando ênfase ao que foge à regra.
o crente pode e deve resistir aos seus 2. Tempos de desconstruções. A
ataques, mantendo assim o amor a Deus pós-modernidade foi disseminada, prin­
e à sua Palavra acima de todas as coisas.I cipalmente, pelo pensamento de alguns
teóricos que representam a ideia deste
I - TENDÊNCIAS ATUAIS DAS tempo, que busca afrontar a fé cristã,
FALSAS DOUTRINAS A ideia destes teóricos é a de que o
1. Tempos pós-modernos. O crenteconhecimento herdado, seja religioso
não conseguirá manter uma fé genuína ou familiar não pode ser considerado
em Deus se ele não conhecer as tendên­ uma verdade absoLuta, pois é fruto da
cias e os desafios de seu próprio tempo. mente humana, apenas. Para alguns
Nesse caso, que tempos são os atuais? teóricos da pós-modernidade as palavras,
Quais as principais marcas da atualidade? conhecimento e poder estão relaciona­
A Bíblia faz sérios alertas'sobre o das de forma que o discurso não tem a
perigo que cerca o crente no que se intenção somente de comunicar, mas
refere ao “presente século”(2 Co 44; 2 de estabelecer domínio e poder. Eles
Tm 410; Tt 2.12), Para que não se renda também propagam a desconstrução

JOVENS 69
das bases pré-estabelecidas pois para SUBSÍDIO O
tais pensadores, são apenas criações Professorta), explique que a Palavra de
humanas, A desconstrução do conheci­ Deus vem sendo lida, ensinada e pregada
mento herdado, da palavra falada e da em praticamente todo o mundo. Ela tem o
palavra escrita representa a destruição poder de mudar a vida das pessoas, e nos
da tradição, do ensinamento e da Palavra revela 0 que Deus deseja que saibamos
de Deus, pilares do Cristianismo. Sendo para sermos salvos e igualmente nos
assim, o vento atual é o da desconstrução tornarmos cidadãos dos céus. Entretanto,
em torno da fé na Palavra de Deus. essa mesma Palavra de Deus pode ser
3. Espiritualidade sem vida. A menta­mal interpretada e mal aplicada, e Sata­
lidade pós-moderna traz consigo aquilo nás nos mostra isso quando tenta pela
que tem de mais nocivo à fé cristã na segunda vez ao Senhor Jesus.
atualidade, pois ela defende o fim do Em nossos dias, tem proliferado,
padrão, principalmente o bíblico. Logo, principalmente com 0 advento das tec­
a verdade é particularizada, a autori­ nologias que conectam pessoas, diversos
dade é desrespeitada, a moralidade é palestrantes e pregadores que, por falta
circunstancial e os relacionamentos são de sabedoria ou por má intenção, diluem
“descartáveis”. as verdades das Sagradas Escrituras,
A espiritualidade sem compromisso tornando-as adaptáveis às escolhas dos
com a igreja local é um fenômeno pós- ouvintes e criando um grupo de pessoas
-moderno que está no âmago da maioria que busca adaptar a Palavra de Deus às
dos desvios doutrinários da atualidade. suas necessidades e desejos. Jesus foi
Os seus adeptos não minimizam a im­ tentado a utilizar a Palavra de Deus de
portância da espiritualidade; entretanto, forma equivocada, para atender a um
desvinculam-na de qualquer compromis­ desafio que colocava em xeque a sua
so com uma denominação, e até mesmo comunhão com Deus. Entretanto, 0 Se­
com uma liderança espiritual, afinal de nhor Jesus venceu a tentação de aplicar
contas, o que importa é o sentir-se bem mal a Palavra de Deus para a vida e agir
e viver conforme os próprios padrões. de forma direcionada nessa aplicação,
Na espiritualidade pós-moderna é pois Ele conhecia a Palavra, e não agiu
possivel ter “experiências sobrenaturais" de forma independente, sem consultar a
sem compromisso com a verdade da Deus, nem fazendo seus próprios planos
Palavra de Deus, mesmo porque, ela é e saindo do projeto para o qual Deus o
a espiritualidade do sentir e não do viver. havia chamado,"* I
(COELHO, Alexandre. O Perigo das Tentações.
@ PENSE! Rio d e Janeiro: CPAD, 2022. p. 115.)
Quais as principais características
das falsas doutrinas na atualidade? II - A RESISTÊNCIA DO CRENTE
1.0 mundo a ser resistido. O crente é
0 PONTO IMPORTANTE! desafiado a vencer a tentação (1 Co 10.13),
Os ventos de doutrinas da atualidade o Diabo (Tg 4.7) e o mundo (1 Jo 54). Antes
se caracterizam pela desconstrução de identificaras características do mundo
dos fundamentos basilares da fé cristã e qual 0 meio eficaz de vencê-lo, é preciso

70 JOVENS
compreender o que o apóstolo João quer o mundo? Qual o seu significado e como
dizer com o termo “mundo". A palavra o crente deve utilizar-se dela na tarefa
“mundo”na Bíblia tem algumas variações, de resistir ao mundo atual, junto de seus
mas aqui ela vem do grego kosmos, que ventos de doutrinas? Em primeiro lugar,
literalmente quer dizer “algo ordenado", e não se trata de qualquer fé, Não é uma fé
que aqui assume também uma relação subjetiva, pois o apóstolo é objetivo em
com "sistema ordenado", ou ainda, “sistema dizer “a nossa fé”, que remonta ao texto de
mundano". Esse sistema representa muito Judas que, incentivando os seus leitores,
bem o "espírito do anticristo”,cuja principal disse que eLes deveríam “batalhar pela
marca é a de ser “contra tudo o que se fé que uma vez foi dada aos santos" (v.
chama de Deus”(2 Ts 24), ou seja, este 3). O Senhor Jesus é o autor desta fé (Hb
mundo é inimigo de Deus, de seu povo e 12.2) e ela é dada por Deus aos crentes (Ef
de sua Palavra. Portanto, este é o mundo 2.8). Em segundo lugar, esta fé oferece
a ser resistido pelo crente fieL condições ao crente para que resista aos
2. U m m u n d o se m fu n d a m e n to s. constantes ataques de seu adversário.
Qual a característica do mundo atual? Paulo compara a fé a um escudo, com
De que forma a fé cristã é testada e evidência clara de que ela cumpre um
desafiada atualmente? A respeito deste papel de defesa aos ataques do Diabo
tempo, o sociólogo e filósofo Zygmunt (Ef 6.16). O escritor aos Hebreus afirma
Bauman caracterizou a Pós-Modernidade que a fé oferece firmeza e garantia ao
como “sociedade líquida”, cuja marca crente em todo o tempo e em todas as
principal é a fluidez, isto é, a não solidez circunstâncias. Após o salmista perguntar
das relações em seus mais variados sobre a condição dos justos enquanto vê
aspectos, resultando assim na falta de os fundamentos da Terra serem abala­
comprometimento e relacionamentos dos, ele declara a soberania de Deus e
sem profundidade e descartáveis. o seu controle sobre tudo o que ocorre
Nesse contexto de instabilidade na terra (Sl 114). Sendo assim, a fé é a
e ausência de fundamentos sólidos, arma adequada para 0 crente resistir aos
a doutrina cristã é colocada à prova o ventos atuais de doutrina, mantendo-se
tempo todo, aliás, isso foi previsto pelo firme sobre a Rocha que é Jesus Cristo.
apóstolo Paulo ao falar de um período
por ele chamado de “tempos trabalho­ 0 PEN SE!
sos”(2 Tm 3.1). O justo diante do deslocar Atualmente, a que 0 crente mais
dos fundamentos estruturais da vida, deve resistir?
remonta os tempos bíblicos (Sl 11,3; Hc
1.4). Portanto, assim como os salmistas e © PO N TO IM PO RTAN TE!
o profeta Habacuque foram desafiados, A principal resistência do crente
os crentes da atualidade o são e devem na atualidade deve ser em relação
manter firme a sua fé, mesmo em um ao sistema mundano que se opõe a
mundo sem fundamentos sólidos. Deus„e isso só será possível pela fé.
3. A vitória q u e v e n c e o m undo, O
apóstolo João afirma que “a vitória que SU BSÍD IO 0
vence o mundo" é “a nossa fé”(1 Jo 54). “Satanás também sabe citara Palavra
Mas, afinal, que é esta fé capaz de vencer de Deus quando lhe convém, mas ele

JOVENS 71
sempre o fará com propósitos malignos. a orientação de Deus, Jesus poderia ter
Suas hostes criam doutrinas de demônios, colocado a sua vida em risco, e atrair
induzindo incautos a Lerem as Escrituras pessoas a um espetáculo, e não para a
pela metade, ou a citarem partes da Pala­ mensagem do evangelho. Que isso nos
vra de Deus desprezando o contexto em sirva de lição: respeitemos as regras de
que elas estão inseridas, desrespeitando interpretação das Escrituras, e não ajamos
regras de interpretação já definidas e so­ de forma imprudente, imaginando que
prando ventos de doutrinas para o povo Deus irá chancelar todas as nossas ações.”*I
de Deus. Satanás tem se aproveitado (COELHO, Alexandre. O Perigo das Tentações.
desses fatores e atraído muitas pessoas Rio de Janeiro: CPAD, 2022. p. 120.)
para igrejas que se propõem a fazer do
culto um show, com atrações que façam III - AME O SENHOR, AME A SUA
lotar o santuário, onde o homem, e não PALAVRA
Deus, é o centro das atenções. Liturgias 1. Criados para amar. Dentre as vir­
são preparadas para que o homem seja tudes apresentadas na Palavra de Deus,
destacado, tornando-o uma celebridade o amor é a mais nobre e sublime. Entre­
digna de ser seguida. Há bastante tempo, tanto, a Bíblia ensina que o amor deve
certo pregador argentino comentou que ser empregado na direção correta, caso
compareceu a um evento no qual um contrário, os seus efeitos serão desas­
grande pregador comparecería para trosos, como o “amor ao dinheiro”que
ministrar. Antes da ministração, as luzes traz consigo males e dores (í Tm 6,io)
se apagaram, e o apresentador ao micro­ ou quando o homem é “amante de si
fone disse: ‘E agora, com vocês, o grande mesmo”(2 Tm 3.2).
servo de Deus, p a s to r E s s e pregador A expressão “afeição" é usada para
argentino, deforma radical, terminou seu demonstrar a pureza e a força do amor,
relato dizendo que não existe grande pois indica a forte inclinação para algo,
servo de Deus, pois se ele é servo, não capaz de levar uma pessoa a abrir mão
é grande, e se é grande, não é servo. de sua própria vida em favor do outro
Não há nada errado em se honrar uma (1 Ts 2.8). O amor é condutor das boas
pessoa que se destacou, mas é errado ações humanas, ele determina a direção
fazer dessa pessoa o centro das atenções a ser trilhada.
onde Deus está. Ou Deus tem a primazia O homem foi criado para amara Deus,
em nossas vidas ou não tem. E podemos entretanto, o pecado desvirtuou esse
ser pessoas que dão primazia a Deus propósito, levando-o a desviar-se do seu
quando não somente damos crédito à amor, Em Cristo, o homem tem todas as
sua Palavra, mas também quando nos condições para amar e redirecionar o seu
guardamos de tentá-lo. amor a Deus (Rm 14 8).
Interpretar de forma errada as Escri­ 2. Ame ao Senhor. O texto de Deu-
turas pode ter implicações sérias para a teronômio 6.5 serve como referência
vida dos cristãos. Satanás tentou Jesus quanto à forma adequada do ser humano
a agir por conta própria, interpretando se relacionar com o Criador. O próprio
a Palavra sem respeitar o seu devido Senhor Jesus reverberou esta ordem
contexto, conduzindo, possivelmente, a (Lc 10.27), Em todo o Novo Testamento
uma ação não orientada por Deus, Sem há incentivo ao amor a Deus e a Cristo,

72 JOVENS
sob graciosas promessas (Rm 8.28; 1 Co SUBSÍDIO 0
2.9; 8.3; Ef 6.24). “O caminho que conduz a Deus é
O salmista afirmou que os que amam estreito e árduo. Basta observar com
a Deus têm a garantia de sua eficaz atenção as prerrogativas do Sermão
proteção, fazendo-o triunfantes nas mais do Monte, e você verá o caminho a ser
diversas batalhas. Portanto, o amor a Deus percorrido pelos súditos do Reino de
é também uma forma de resistência aos Deus (Mt 5-7). Seguir a Cristo envolve
ataques das tendências atuais das falsas renúncia, perdão e amor. Vivemos em
doutrinas, pois o crente que ama ao uma sociedade em que falar a respeito
Senhor lutará - intencionalmente - por de amor pode soar como algo piegas.
agradá-lo, inclusive, rejeitando todo o Muitos incentivam e exaltam o ódio e a
tipo de desvio da verdade de sua Palavra. vingança. É preciso ser firme e consciente
3 . Ame a sua Palavra. Além do amor a de que Deus reprova toda e qualquer
Deus, o amor à sua Palavra é também um atitude de ódio e que Ele julgará toda
recurso poderoso no processo de enfren­ forma de iniquidade: “Ante a face do
tar, resistir e vencer as tendências atuais Senhor, porque vem, porque vem a julgar
das falsas doutrinas. 0 salmista declarou o a terra; julgará o mundo com justiça e
seu amor pela PaLavra de Deus (Sl 119.97) os povos, com a sua verdade”(Sl 96.13).
e, conforme o seu próprio testemunho, Deus quer usar sua vida, perdoada e
os resultados desse seu compromisso redimida, para proclamar o verdadeiro
com a verdade são: meditar na Palavra amor ao mundo (1 Pe 2.9-11). Contudo,
de Deus “em todo o dia" (v. 97), desviar os para que você seja usado dessa forma,
seus pés “de todo caminho mau”(v. 101) será preciso lutar contra o pecado e con­
e aprender a aborrecer e a rejeitar “todo tra a maneira de pensar deste mundo. A
falso caminho" (v. 104). A partir das palavras falta de santidade conduz a inutilidade.
do salmista é possivel perceber que, além Jesus, porém, advertiu-nos: “Vós sois o
de outras garantias, o amor pela Palavra sal da terra; e, se o sal for insípido; com
de Deus possibilita a identificação dos que se há de salgar? Para mais nada
falsos caminhos, evitando 0 erro, a fim presta, senão para ser lançado fora e
de agradar a Deus que deve ser amado ser pisado pelos homens. Jesus, nosso
acima de todas as coisas. Salvador, deve ser nosso exemplo; Ele
viveu neste mundo em submissão às
© PENSE! ordens e à vontade do Pai. Ele buscava
De que forma o amor a Deus e à sua fazer aquilo que agradava ao Senhor
PaLavra pode contribuir com a resis­ Deus. Sabemos que Ele experimentou
tência aos atuais ventos de doutrinas? a vida como um trabalhador e cidadão
e enfrentou as mesmas dificuldades da
© PONTO IMPORTANTE! modernidade; mas em tudo agradou ao
Amar a Deus inclui agradá-lo em Pai. Jesus Cristo era e é autêntico e exigiu
tudo, inclusive por meio do com­ e exige tal atitude dos seus seguidores'
promisso com a verdade de sua
(BUENO, Telma. Imitadores de Cristo: Ensinos
Palavra, rejeitando por ela todo tipo Extraidos d e Je su s e dos Apóstolos. Rio de
de desvio doutrinário. Janeiro: CPAD. 2022. p. 64.)

JOVENS 73
© HORA DA REVISÃO
© CONCLUSÃO
1. S e g u n d o a lição , o q u e é p re c iso
O Diabo não desistiu de disseminar
para q ue o crente não se renda aos
desvios doutrinários no meio da igre­
a p e lo s m u n d a n o s e c a rn a is ?
ja, com o intuito de promover o seu
enfraquecimento espiritual. Percebe- Para que não se renda aos apelos
mundanos e carnais de seu tempo, o
-se também que as suas formas são
crente precisa ser capaz de identificar
atualizadas conforme o tempo, o que
os seus males, a fim de enfrentá-los
impõe à igreja o desafio de identificar as
e vencê-los.
tendências atuais das falsas doutrinas,
Essa lição apontou que, atualmente, 2. C o m o o tem po atu a l tem sid o c h a ­
a pós-modernidade representa a es­ m ad o e q u a l o sen tid o do term o ?
sência desses desvios e que somente O tempo atual tem sido chamado
por meio da fé genuina é que o crente de "pós-m oderno”, cujo sentido
resistirá aos ataques deste tempo. pode ser resumido como o m o­
A igreja deve fortalecer-se na fé, renovar o vimento da cultura que rejeita os
valores da modernidade e vê com
seu amor para com Deus e a sua Palavra.
desconfiança os princípios racionais
e universais.
3. Q ual o fenôm eno pós-m oderno
que está no âmago da maioria dos
A N O TA Ç A O desvios doutrinários da atualidade?
A espiritualidade sem compromisso
com a igreja,
4. O q u e a m en talid ad e p ó s-m o d ern a
traz co n sig o q u e é n o civo à fé?
A mentalidade pós-moderna traz
consigo aquilo que tem de mais
nocivo à fé cristã na atualidade,
pois ela defende o fim do padrão,
principalmente o bíblico.
5. S e g u n d o o E v a n g e lh o d e Jo ão , o
q u e nos faz v e n c e r o m u n d o ?
A nossa fé.
17 mar 2024

A DOUTRINA DEVE
FAZER PARTE DO CULTO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"A palavra de Cristo habite em SE G U N D A -Sl 100.1-5
vós abundantemente, em toda Os louvores e a celebração a Deus
a sabedoria, ensinando-vos e
T E R Ç A -S l 149.1-9
admoestando-vos uns aos outros,
Os fiéis louvam a Deus
com salmos, hinos e cânticos
espirituais; cantando ao Senhor com QUARTA - Mt 18.20
graça em vosso coração." (Cl 3.16) Quando nos reunimos em
nome de Jesus
RESUMO DA LIÇÃO Q U IN TA -Jo 423,24
Adorara Deus em espírito e em verdade
SEXTA - Rm 12.1
A liturgia do culto a Deus deve O culto racional
respeitar e estar de acordo com
SÁ B A D O -Ef 518 -2 0
as Escrituras Sagradas.
Um culto repleto do
Espírito Santo

JOVENS 75
OBJETIVOS
8 MOSTRAR a ordem do culto;
8 COMPREENDER a diversidade do culto;
8 CONSCIENTIZAR da importância da exposição das Escrituras no culto.

INTERAÇÃO
Professor(a), sabemos que o culto é essencial na vida de um crente. Por
intermédio dele a nossa comunhão com Deus e com os irmãos é fortalecida e
somos edificados.
Na lição deste domingo, veremos que a liturgia deve estar pautada nas Escri­
turas Sagradas, conduzindo-nos à adoração. Aproveite a temática da lição para
conscientizar seus alunos de que a adoração pública é um encontro com Deus
para um diálogo, por meio da oração, dos cânticos, ofertas e a pregação e ensino.
No decorrer da lição, explique que o culto é composto de eLementos humanos
e espirituais, dai a necessidade de uma ordem pré-estabelecida, com vistas a
“decência e ordem”(í Co 1440).

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), converse com os alunos explicando que “havia diversos ele­
mentos na adoração nos tempos do Antigo Testamento, como oração, sacri­
fício. oferta, louvor e cântico, Fazia parte da liturgia judaica nas sinagogas do
primeiro século d. c. a oração antífona do Shem a, 'ouve', a confissão de fé dos
judeus, a leitura bíblica e a exortação. Nossa liturgia é simples e pentecostal,
conforme o modelo do Novo Testamento (1 Co 14.26). Ela consiste em oração,
louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e
contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adora­
ção está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se
as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias" (D eclaração de Fé das
Assem bléias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 145)'

76 JOVENS
W
ÊÈÊÈÊÊÈÈm TEXTO BÍBLICO

1 Coríntios 14,26-33 29 E falem dois ou três profetas, e os outros


julguem.
26 Que fareis, pois, irmãos? Quando vos
ajuntais, cada um de vós tem salmo, 30 Mas, se a outro, que estiver assentado, for
tem doutrina, tem revelação, tem língua, revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
tem interpretação. Faça-se tudo para 31 Porque todos podereis profetizar, uns
edificação, depois dos outros, para que todos
27 E, se alguém falar língua estranha, aprendam e todos sejam consolados.
faça-se isso por dois ou, quando muito 32 E os espíritos dos profetas estão sujeitos
três, e por sua vez, e haja intérprete. aos profetas.
28 Mas, se não houver intérprete, esteja 33 Porque Deus não é Deus de confusão,
calado na igreja e fale consigo mesmo senão de paz, como em todas as igrejas
e com Deus. dos santos.

INTRODUÇÃO A liturgia cristã deve estar pautada


O culto é essencial na vida de um cris­ nas Escrituras Sagradas, conduzindo os
tão. É nele que a comunhão é fortalecida, crentes à adoração. O Dicionário Teológico
a edificação é possível, as responsabili­ da CPAD afirma que “a liturgia, em si,
dades cristãs são cumpridas em parte, não se constitui em culto; é necessário
o louvor congregacional acontece e a que venha acompanhada de verdadeira
Palavra de Deus é pregada e ensinada. disposição espiritual para a adoração
0 culto cristão tem as suas normas, ao Senhor. A liturgia é a roupagem e o
pois, pela sua Palavra, Deus orienta o amor a Deus, a verdadeira substância do
seu povo a adorá-lo e de que forma culto." Rito e culto também são termos
deve fazê-lo. Mesmo nas diversidades, correlatos, contribuindo para que o culto
pessoais e culturais, a ordem do culto tenha o padrão bíblico (Rm 12.1,2).
deve ser respeitada, principalmente no 2. Ordem no culto. A respeito do culto,
que se refere à centralidade das Escrituras a Declaração de Fé das Assembléias de
no culto a Deus.1 Deus diz o seguinte: "Entendemos que
a adoração pública é um encontro com
1 - A ORDEM NO CU LTO Deus para um diálogo: nós conversamos
1. Liturgia cristã. O vocábulo “Liturgia" com Ele por meio de nossas orações,
advêm dos termos gregos “leit" (“laós", cânticos e ofertas, e Deus fala conosco
povo) e “urgia" (trabalho, ofício) que, por meio de sua Palavra (pregação e
conjuntamente, significam “serviço ou ensino) e das manifestações dos dons
trabalho público”. É um termo amplo, espirituais,” Esse tema é importante e
mas que no mundo grego passou a ter complexo, pois o culto é composto de
uma conotação sagrada, indicando um elementos humanos e espirituais, daí a
“ofício religioso". Foi usado, originalmente necessidade de uma ordem pré-estabe-
pelos sacerdotes levíticos no Templo de lecida, com vistas à “decência e ordem”
Jerusalém, e só mais tarde foi aplicado (1 Co 1440). Isso não é negligenciar e
ao contexto do culto cristão. nem desprezar a espiritualidade do

JOVENS 77
culto, pois como afirma o Comentário coração do adorador diante de Deus.
Bíbtico Beacon: “Onde a decência e a O aprofundamento de nosso culto não
ordem não são observadas em cada se realiza com uma liturgia mais formal;
parte da adoração a Deus, não se pode aliás, isso pode ser de fato contraprodu-
adorar de uma forma espiritual." Um tivo. O aprofundamento do verdadeiro
culto considerado bem ordenado e que culto ocorre quando o coração do ado­
agrada a Deus é aquele que cumpre o rador se tornar mais sincero e quando
seu propósito de adoração, edificação, a verdade consome a sua mente. Todo
comunhão, exortação e pregação do 0 culto que não è oferecido em espírito
Evangelho. A ordem no culto não serve e em verdade é totalmente inaceitável
para enrijecê-lo, mas para colocá-lo para Deus — por mais belas que sejam
em direção ao propósito para o qual foi suas formas externas”“ADORAR, sãhãh
estabelecido. é ‘prostrar-se, curvar-se’, Esta palavra
3. Elementos do culto. Ao invés de é encontrada no hebraico moderno no
ser influenciada pelas religiões pagãs de sentido de 'curvar-se' ou 'inclinar-se',
seu tempo, a Igreja Primitiva influenciou mas não no sentido geral de 'adorar'. O
e deu novo sentido a algumas práticas fato de que ocorre mais de 170 vezes na
cultuais, como afirma 0 Dicionário Wycliffe: Bíblia hebraica mostra algo do seu sig­
"em alguns exemplos particulares, o que nificado cultural. Aparece pela primeira
parece mais provável é uma similaridade vez em Gênesis 18.2.0 ato de se curvar
de terminologias, onde o cristianismo lhes em homenagem é feito diante de um
dá um novo teor e significado.1’ superior ou soberano. Davi 'se curvou'
Um culto bíblico tem oração, louvor, perante SauKl Sm 24.8). Às vezes, é um
leitura bíblica, exposição das Escrituras superior social ou econômico diante de
Sagradas, testemunho, ofertas e dízimos. quem a pessoa se curva, como quando
Rute ‘se inclinou' à terra diante de Boaz
0 PENSE! (Rt 2.10). Num sonho, José viu os molhos
Como cumprira ordem do culto? dos seus irmãos ‘inclinando-se’ diante
do seu molho (Gn 37-5,7,8). A palavra
@ PONTO IMPORTANTE! sãhãh é usada com o termo comum
A ordem do culto é importante para para se referir a ir diante de Deus e na
que venhamos a cumprir com o pro­ adoração (ou seja, adorar), como em 1
pósito determinado nas Escrituras Samuel 15.25 e Jeremias 7.2. Às vezes
Sagradas. está junto com outro verbo hebraico
que designa curvar-se fisicamente,
SU B SÍD IO O seguido por ‘adorar’, como em Êxodo
Professorfa), pergunte aos alunos o 34,8: 'E Moisés... encurvou-se ['adorou',
que vêm a mente deles quando ouvem a ARAI1. Outros deuses e ídolos também
palavra “culto’’. Muitas vezes essa palavra são 0 objeto de tal adoração mediante
evoca a imagens de um templo, igreja. a ação de se prostrar diante deles (Is
Entretanto, "Jesus mostra que não é o 2.20; 44.15.17)."
lugar ou formas externas do culto que (Dicionário Vine. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
realmente importam, mas a atitude do 20 0 / p. 31).

78 JOVENS
II - A DIVERSIDADE DO CULTO mesmo objetivo de preparar os crentes
1 . 0 culto. O termo culto tem sido para edificação do Corpo de Cristo (Ef
definido a partir da palavra grega latreia 4.11,12). Portanto, a diversidade deve ser
e leitorgia, indicando o vocábulo ado- vista como um recurso precioso, que
ratio, ou adoração, prática vital no culto deve ser bem administrado no culto,
cristão. Adorar é reverenciar, prostrar-se, para que cada um, na sua individuali­
curvar-se, reconhecer, celebrar e exaltar dade, adore ao Senhor e sirva à igreja,
a majestade divina. Portanto, o culto leva inclusive com os dons espirituais, com
o crente a reconhecer a grandeza e a o propósito de honrar a Deus e edificar
santidade de Deus, assim como a sua o Corpo de Cristo.
própria pequenez e necessidade de 3. Unidade na diversidade. O texto
perdão e santificação. de Apocalipse 79 -11 é uma referência
Cultuar tem relação com adorar a a um culto universal que em breve
Deus. Essas duas ações correspondem ocorrerá, no qual todos os redimidos se
ao serviço em favor do Senhor e de sua prostrarão diante de Cristo para adorá-lo
Igreja. Isso levou Paulo a convocar os e reverenciá-lo.
irmãos de Roma a que entregassem Deus constituiu a humanidade com
o corpo em "sacrifício" e renovassem características diversas, e em uma análise
a mente (que equivale à totalidade do mais restrita, em certa medida, isso se
homem) como um “culto racional" a reflete no culto, quer seja nos diferentes
Deus (Rm 12.1). Culto é entrega. É uma dons que o Senhor dá aos crentes, ou
forma de consagrar tudo a Deus como mesmo na forma com que cada um
reconhecimento de sua grandeza e graça. adora a Deus. No entanto, os diferentes
2. Diversidade no culto. O culto dá dons e as diferentes personalidades
ao crente a oportunidade de servir ao não justificam a falta de reverência e a
Senhor, como forma de adoração. Mas, desordem que podem comprometer a
como isso pode ser feito? Em Eclesias- adoração ao Senhor e a edificação do
tes 9.10 está escrito: “Tudo quanto te Corpo de Cristo.
vier à mão para fazer, faze-o conforme
as tuas forças [...].”Aquele que deseja © PENSE!
agradar a Deus e servi-lo, deve fazê-lo Como a diversidade pode contribuir
por meio do que tem de melhor, e é no propósito do culto?
aqui que a diversidade cumpre o seu
papel de adoração, pois, cada um pode © PONTO IMPORTANTE!
servir ao Senhor com o que é capaz de 0 propósito do culto consiste na
fazer. Paulo fala sobre a "diversidade de adoração a Deus e na edificação da
dons, de mistérios e de operações", ao igreja. Portanto, a diversidade que
normatizar o uso dos dons espirituais, cumpre esse propósito é genuina­
enfatizando que só há um Deus que ope­ mente aprovada pelo Senhor.
ra soberanamente em favor do mesmo
propósito (1 Co 12.1-11). Em outra ocasião, SUBSÍDIO O
ele ensina sobre diferentes ministérios, “O propósito do culto deve ser sempre
dados pelo mesmo Senhor e com o glorificara Deus. Isso acontece quando

JOVENS 79
o culto promove a verdadeira adoração. William Barclay observa que era a mes­
Se Deus não é adorado e glorificado no ma palavra usada para um trabalhador
culto ou na nossa forma e modo de cul­ que dava seu tempo e esforço a um
tuar, então, não existe culto de verdade. empreiteiro em troca de um salário.
O cuLto, portanto, pode se desvirtuar, Não se refere, portanto, a um trabalho
perder o seu propósito e deixar de ser escravo, mas um trabalho voluntário, Tem
um culto. Pode ser chamado de qualquer o sentido de “servir”, mas, sobretudo,
outra coisa, menos de culto. Quando “aquilo que uma pessoa dedica toda a
isso acontece, nem Deus é glorificado sua vida". O verdadeiro culto, portanto,
nem a igreja é edificada, Dessa forma, é dedicar a vida a Deus diariamente.
precisamos destacar que o culto visto Não apenas na esfera de um templo,
como uma expressão de adoração a mas em todas as dimensões da vida
Deus acontece em dois âmbitos; na esfera privada e pública.
vocacional e na esfera celebrativa o Paulo lembra que tanto o corpo
culto como expressão da nossa própria como a mente são expressões de uma
vocação e o culto como celebração que autêntica adoração a Deus. Ele roga aos
se expressa em atos rituais. No primeiro cristãos que se “apresentem diante de
âmbito, da vocação, o cristão adora a Deus" como sacrifícios. Não há dúvida de
Deus quando O serve de modo digno que Paulo tinha em mente o sistema de
perante um mundo perdido. Aqui não sacrifício quando disse que o cristão pre­
há ritos, mas o testemunho de vida. As cisa apresentar-se diante de Deus como
atitudes demonstram que o cristão é um um sacrifício vivo. Ele tinha em mente o
adorador. Ele cultua a Deus com sua vida livro de Levítico quando escreveu essas
em toda a sua extensão. Nesse caso, o recomendações de Romanos 12.1,2. Assim
culto não é visto apenas como um ato como um animal inocente era ofertado
litúrgico realizado, por exemplo, em um em sacrifício na antiga aliança, da mesma
templo ou em qualquer espaço físico, forma o cristão devia apresentar o seu
mas como a expressão de um modo corpo a Deus. A diferença era que lá a
de vida que reflete o caráter de Cristo oferta era apresentada morta, e aqui a
em todos os aspectos. O apóstolo Paulo oferta é apresentada viva. Ao contrário
chamou atenção para essa expressão do do pensamento grego, que via o corpo
culto na esfera vocacional na sua carta como a prisão da alma, Paulo dá grande
ao Romanos 12.1.2. importância à nossa dimensão corpórea.
0 termo “culto" usado aqui por Paulo Devemos, sim, cuidar e zelar do nosso
é a tradução do termo grego latreía. corpo, pois ele é santuário do Espírito

PROFESSOR(A), a “Bíblia de Aplicação Pessoal" é uma grande ferramenta O *


para quem deseja se aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus.

80 JOVENS
Santo (1 Co 6.19), Isso, evidentemente, da Harpa Cristã que, conforme consta no
envolve disciplina alimentar e exercícios Dicionário do Movimento Pentecostal ela
físicos. Nesse sentido, não há nada de é o “hinário oficial de nossas igrejas", que
errado em cuidar do corpo. Contudo, surgiu “em virtude das peculiaridades
devemos evitar a todo custo o “culto históricas e doutrinárias", e “os pioneiros
ao corpo." sentiram a necessidade de um hinário
(GOLÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem.
que também enfocasse as verdades
Natureza e a Vocação d a igreja no Mundo. Rio pentecostais.”Há outros hinos que tam­
de Janeiro: CPAD. 2023. p. 116.) bém cumprem este propósito, mas para
nós, a Harpa Cristã cumpre esse papel
III - A EXPOSIÇÃO DAS ESCRITU­ com segurança, justam ente porque
RAS NO CULTO nela constam as bases doutrinárias de
1. Expondo as Escrituras. A exposição nossa confissão.
fiel das Escrituras atinge o coração dos 3. Pregando as Escrituras. Até aqui
crentes (Lc 24.32) e converte o perdido, a ênfase tem sido sobre o dever de
pois, a pregação do Evangelho é o ins­ anunciaras Escrituras. Contudo, é preciso
trumento pelo qual Deus decidiu salvar destacar o conteúdo a ser anunciado no
os que creem (1 Co 1.21). Portanto, a culto prestado a Deus. Não basta saber
exposição da Palavra de Deus deve ser o que fazer, é preciso saber como fazer.
central no culto cristão, Jesus ordenou que os seus discípulos
Na obra 0 Pastor Pentecostal (CPAD), pregassem o Evangelho a toda criatura
o autor mostra que a igreja deve buscar (Mc 16.15). Observe que o Mestre não só
se parecer com a Igreja Primitiva, prin­ ordenou que pregassem, mas também
cipalmente na valorização da pregação orientou qual a mensagem que deveríam
da Palavra de Deus, como se Lê: “A pregar. Quando a igreja deixa de ser fiel
Igreja Primitiva pregou a Palavra e foi na entrega da mensagem genuinamente
através desse ato que Deus fez com bíblica, ela, inevitavelmente, pregará
que a Igreja crescesse, Nós também mensagens contrárias à verdade de
devemos fazer o mesmo,”A exposição Deus, e isso é prejudicial à sua saúde
fiel das Escrituras deve ser central no espiritual, Portanto, a Igreja de Cristo
culto genuinamente cristão. deve expor as Escrituras em seus cultos,
2. Louvores que pregam as Escri­ permanecendo fiel, certa de que será
turas. Desde os primeiros dias da igreja recompensada.
até hoje, a pregação é o método mais
comum e usado para a proclamação das @ PENSE!
Escrituras. Entretanto, há outras formas Qual 0 nível de compromisso da igreja
pelas quais essa verdade pode ser com­ com a exposição das Escrituras em
partilhada, como pelo recurso dos hinos um cuito?
a serem cantados durante os cultos, já
que por eles a doutrina bíblica pode ser @ PONTO IMPORTANTE!
bem fixada na mente e no coração dos A exposição das Escrituras deve ter
presentes. Reafirmamos a importância um Lugar de destaque no cuito.

JOVENS 81
ESTANTE DO PROFESSOR
GOLÇALVES, José. O Corpo de
Cristo: Origem, Natureza e a
Vocação da Igreja no Mundo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

m •

© HORA DA REVISÃO
1. QuaL o significado do termo "liturgia"?
O vocábulo “liturgia" advém dos ter­
mos gregos "teit" (“loós", povo) e "urgia"
(trabalho, oficio) que, conjuntamente,
significa “serviço ou trabalho público”.
2. O que o Dicionário Teológico afirma
a respeito da liturgia?
Afirma que “a liturgia, em si, não
se constitui em culto: é necessário
que venha acompanhada de ver­
dadeira disposição espiritual para
a adoração ao Senhor. A liturgia é
A N O TA Ç Ã O a roupagem e o amor a Deus, a
verdadeira substância do culto."
3. O que é adoração pública?
Entendemos que a adoração pública
é um encontro com Deus para um
diálogo.
4. O que é adorar?
Adorar é reverenciar, prostrar-se,
curvar-se, reconhecer, celebrar e
exaltar a majestade divina.
5. Qual o lugar da exposição das Escri­
turas Sagradas no culto?
A exposição fiel das Escrituras deve
ser central no culto genuinamente
cristão.
LIÇÃO 12

PERSEVERANDO NA
DOUTRINA DE CRISTO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
SE G U N D A -Sl 119.16
"Não defraudando; antes, A Palavra de Deus traz alegria à vida
mostrando toda a boa lealdade,
TE RÇA-Pv 4 7
para que, em tudo, sejam A Palavra de Deus nos dá sabedoria
ornamento da doutrina de Deus, QUARTA - Sl 119.125
nosso Salvador." (Tt 2.10) Deus concede aos seus servos
inteligência para entender
seus testemunhos
RESUMO DA LIÇÃO
Q U IN T A -S l 119 6 8
Deus é bom e nos ensina
Para herdar a salvação, o crente seus estatutos
precisa perseverar na doutrina S EX TA -S l 119.15
de Cristo até o fim. Meditando nos preceitos do Senhor
SÁBADO - Lc 21.34-36
Advertência quanto à vigilância

JOVENS 83
OBJETIVOS
■ MOSTRAR a importância da doutrina diante de um mundo imoral;
9 COMPREENDER que o crente deve andar segundo os mandamentos
de Jesus;
• CONSCIENTIZAR da importância de oLharmos para nós mesmos.

INTERAÇAO
Professor(a), na lição deste domingo estudaremos a respeito da doutrina de
Jesus Cristo, a base que sustenta a Igreja e o ensino cristão. Veremos alguns
dos principais ensinos de Jesus e a necessidade do crente olhar para si mesmo,
vivendo assim em constante vigilância e oração.
Mostre aos alunos que a ética e a moralidade cristã são determinadas pela
moral do próprio Deus, que é imutável. A moralidade cristã diz respeito ao nosso
comportamento de acordo com as Escrituras. Um mundo pautado na morali­
dade cristã seria um mundo marcado pelas características divinas, conforme
ensinadas na Bíblia Sagrada.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), para introduzir o primeiro tópico desta lição, reproduza o quadro
abaixo. Utilize para mostrar os alunos o conceito de “ética" e de “moral”.

ÉTICA MORAL

Trata das virtudes e valores propria­


Trata a respeito das virtudes e dos valores mente ditos que constitui o espírito
que devemos cultivar ao longo da vida. humano.

Diz respeito à consciência de nossas obri­ É 0 conjunto de regras e princípios insti­


gações morais. tuídos na consciência da pessoa.

Nos conduz a caminhos que devemos Se manifesta na ação concreta de uma


percorrer para agirmos com correção nos pessoa.
problemas práticos.

Extraído de Lições Bíblicas Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 6.

84 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

2 João 1-9 princípio tivemos: que nos am em os


1 O ancião à senhora eleita e a seus uns aos outros.
filhos, aos quais amo na verdade e não 6 E o amor é este: que andemos segundo
somente eu, mas também todos que os seus mandamentos. Este é o man­
têm conhecido a verdade. damento. como já desde o principio
2 Por amor da verdade que está em nós ouvistes: que andeis nele.
e para sempre estará conosco. 7 Porque já muitos enganadores entraram
3 A graça, a misericórdia, a paz, da parte no mundo, os quais não confessam que
de Deus Pai e da do Senhor Jesus Jesus Cristo veio em carne. Este tal é
Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco o enganador e o anticristo.
na verdade e amor. 8 Olhai por vós mesmos, para que não
4 Muito me alegro por achar que alguns percamos o que temos ganhado; an­
de teus filhos andam na verdade, assim tes, recebam os o inteiro galardão.
como temos o mandamento do Pai. 9 Todo aquele que prevarica e não per-
5 E agora, senhora, rogo-te, não como severa na doutrina de Cristo não tem a
escrevendo-te um novo mandamen­ Deus; quem persevera na doutrina de
to, mas aquele mesmo que desde o Cristo, este tem tanto o Pai como o Filho.

INTRODUÇÃO Ela pode ser considerada também como


Na lição deste domingo, estudaremos “absoluto moral”e se relaciona díretamente
a respeito da doutrina de Jesus Cristo, Ela com o caráter moral de Deus, exigindo
é a base que sustenta a Igreja e toda a santidade, justiça, amor, honestidade e
doutrina cristã. Veremos alguns dos prin­ misericórdia. Um exemplo disso é o princi­
cipais ensinos de Jesus e a necessidade pio de que matar é errado, pois o homem
do crente olhar para si mesmo, vivendo foi criado à imagem de Deus (Gn 1,27; Êx
assim em constante vigilância e oração.I 20.13). Sendo assim, um mundo pautado
na moralidade cristã seria um mundo
I - DIANTE DE UM MUNDO IMORAL marcado pelas características divinas,
1. A m oraLidade cristã. Precisamos conforme ensinadas na Bíblia Sagrada.
compreender o significado de “ética" e 2. Um m undo im oral. Jesus afirmou
“moral”.O termo “moral" vem do vocábulo que “
os homens amaram mais as trevas do
latino mos, do adjetivo moralis, e significa que a luz" (Jo 3.19). João afirma 0 seguinte:
“costume”ou “uso”.A palavra “ética" vem “Sabemos que somos de Deus e que todo
do grego ethica, de etheos, cujo sentido o mundo está no maligno”(1 Jo 5.19). O
é “aquilo que se relaciona com o caráter”, apóstolo parece generalizar, mas isso se
A ética trata mais do aspecto teórico e dá porque ele quer indicar a gravidade e
estuda a respeito do que é certo, enquanto a seriedade do tema. A esse respeito 0
a moral lida com a prática do que é certo Comentário Bibiico Matthew Henry afirma
e bom. A ética e a moralidade cristãs são que “a humanidade está dividida em dois
determinadas pela moral do próprio Deus grandes partidos ou domínios, um que
que, à semelhança dEle, são imutáveis. pertence a Deus e um que pertence à
A moralidade cristã diz respeito ao com­ maldade ou ao maligno”e sobre os que
portamento de acordo com as Escrituras. estão sob o domínio do Maligno, ele afir­

JOVENS 85
ma que “eles estão unidos pela natureza, termo correspondente mos (moral) com
diretriz e principio maligno e estão unidos o sentido de ‘normas’ ou 'regras'. Assim,
em uma cabeça." Há uma cabeça da 'ética e moral referem-se ao conjunto de
malignidade e do mundo maligno; e ele costumes tradicionais de uma sociedade e
tem um controle tão grande aqui que é que, como tais, são considerados valores e
chamado de “I..J o deus deste século”(2 obrigações para a conduta de seus mem­
Co 44). Esse sistema maligno é contrário bros', Como esses termos ‘ética’ e 'moral',
a Deus, à sua Palavra e ao seu povo. Ele são muito próximos, eles são muitas vezes
não segue os princípios morais divinos, confundidos e usados como sinônimos. No
portanto, é um mundo imoraL entanto, para fins didáticos e acadêmicos
3. O c ristã o d ia n te d e um m u n d o e possível defini-los separadamente.
imoral. João afirma que “muitos engana­ A ética enquanto ciência pode ser
dores entraram no mundo”,com a principal entendida como a parte da filosofia que
característica de que “não confessam que investiga os fundamentos da moral ado­
Jesus Cristo veio em carne”(2 Jo 7). É neste tados por uma cultura. Foram os filósofos
mesmo mundo que “os nascidos de Deus" gregos que começaram a estudar esses
estão e são desafiados a vencerem (1 Jo fundamentos para então ‘identificar’ uma
5.18-20). Diante de tão grande desafio, pessoa sendo boa ou má e um ato como
qual deve ser a postura do cristão em sendo bom ou mau, A partir desses fun­
um mundo imoral? O próprio João, em damentos, alguém pode ser classificado
sua Segunda Carta, oferece a resposta como ‘ético’ ou ‘antiético.’"
à essa questão. Ele afirma que o crente <BA PTISTA , Douglas. Valores Cristãos: En­
não pode retroceder para que não perca frentando as Q uestõ es M orais do N o sso
o galardão (v. 8); e não prevaricar, que é Tempo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 6.)
o mesmo que não ultrapassar os limites
estabelecidos pela doutrina (v. 9). O crente, II - A N D AN D O SEG U N D O O S MAN­
portanto, ao invés de voltar atrás ou ir além DAM ENTOS D E JE S U S
do que as Escrituras estabeleceram, deve 1. Os m andam entos d e Jesus. O Ser­
perseverar na verdadeira doutrina, com mão do Monte (Mt 5-7) é a mais impor­
vistas à manutenção da comunhão com tante mensagem pregada e ensinada
Deus, e assim poder enfrentar e vencer por Jesus. Extenso, profundo e cativante,
o mundo imoral, resistindo pela Palavra. esse sermão tem sido considerado uma
expressão ampliada e aplicada da lei de
@ PENSE! Deus entregue a Moisés. A conclusão
Qual deve ser a postura do crente desse sermão (Mt 7) oferece um resumo e
diante de um mundo imoraL? uma recapitulação dos princípios do Reino
de Deus expostos por Jesus, podendo
@ PONTO IMPORTANTE! assim representar a expressão fiel dos
Ele deve perseverar na verdade da mandamentos de Jesus, Eles estão assim
Palavra de Deus. dispostos: relacionamentos interpessoais
saudáveis; relacionamento saudável com
SUBSÍDIO O Deus; o caminho da salvação e o da per­
Professor(a), explique que “a palavra dição; alerta sobre os falsos profetas e a
‘ética11possui origem no vocábulo grego seriedade do Reino demonstrada na forma
ethos. que literalmente significa 'cos­ com que se dará o dia de acerto de contas.
tumes' ou ‘hábitos’. No latim, é usado 0 Portanto, ai estão os pontos pelos quais os

86 JOVENS
mandamentos de Jesus são identificados ©PEN SE!
e podem ser bem compreendidos. De que forma o cumprimento dos
2, Mandamentos santificadores. Jesus mandamentos de Jesus beneficia o
foi Mestre por excelência, ao ponto de até crente?
os servidores dos fariseus reconhecerem
a sua sabedoria (Jo 746). Jesus ensinou © PO NTO IMPORTANTE!
por palavras (Mt 729). por meio dos sinais 0 crente que conhece e cumpre os
que operou na presença dos discípulos, mandamentos de Jesus vive uma vida
ensinando princípios eternos, e até ao orar, o abundante, santificada e perseverante
Mestre compartilhou ensinamentos, como
se vê na chamada “Oração Sacerdotal" (Jo SUBSÍDIO O
17). Jesus pediu ao Pai para que os discípulos “Jesus é o cumprimento da lei (5.17-
fossem santificados “na palavra”,pois ela “é 48). Os oponentes de Jesus o critica­
a verdade". A referência à Palavra de Deus vam por não guardar as minúcias das
tem relação direta com a verdade eterna observâncias tradicionais da lei judaica.
da doutrina que Jesus ensinou, e em toda Aqui Jesus deixa claro que Ele não está
esta oração é possível identificar os aspectos ausente para destruir a lei, mas para
fundamentais destes seus mandamentos: cumpri-la e até intensificá-la. Ele fixa
o verdadeiro conhecimento de Deus e a padrões mais altos. Seu principal interesse
glorificação do Filho; a preservação do é a razão de a lei existir: Ele insiste que
crente pela palavra da verdade e o com­ guardar a lei começa com a atitude do
promisso dele diante de uma sociedade coração. Por este princípio Jesus afirma
imoral Portanto, os mandamentos de Jesus simultaneamente o valor das pessoas e
preservam o crente em um mundo mal e da lei. Neste aspecto Ele cumpre a lei
capacita-o a viver os propósitos divinos. antecipada por Jeremias: 'Porei a minha
3. O s benefícios dos m andam entos lei no seu interior e a escreverei no seu
d e Jesus. Jesus afirmou que aqueles que coração; e eu serei o seu Deus, e eles
fazem o que Ele ordena são seus amigos serão o meu povo' (Jr 31.33b).
(Jo 15.14). Diante do desafio colocado ao Como sucessor de Moisés, Jesus
colegiado apostólico, Pedro perguntou a dá a palavra final na lei. Mas o que Ele
Jesus qual seria o ganho deles por dei­ quer dizer quando fala que cumpre a lei?
xarem tudo para segui-lo, ao que Jesus Não significa que Ele simplesmente a
respondeu “cem vezes tanto, já neste observa. Nem quer dizer que Ele anulou
tempo”e, ainda acrescentou que “no século 0 Antigo Testamento e as leis (como
vindouro a vida eterna" (Mc 10.30). Sendo sugerido por Márcion e os hereges
assim, o crente que ouve e cumpre os gnósticos), A obra de Jesus e sua Igreja
mandamentos de Jesus tem a garantia está firmemente arraigada na história
de bênçãos nesta vida e na eternidade (Jo de salvação. Em certo sentido, Jesus
5.24), O crente que cumpre os mandamen­ deu à lei uma expressão mais plena, e
tos de Deus recebe bênçãos incontáveis, em outro, transcendeu a lei, visto que
como por exemplo: não é enganado pelas Ele se tornou a corporificação do seu
falsas doutrinas e nem pelo espirito do cumprimento. Mateus vê o cumprimento
Anticristo; está pronto a perseverar até o da Lei em Jesus semelhantemente ao
fim, não perde o galardão que recebeu cumprimento da profecia do Antigo
do Senhor e mantém a comunhão com Testamento: O novo é como o velho,
o Pai e com o Filho, mas o novo é maior que o velho. Não

JOVENS 87
só o novo cumpre o velho, mas o trans­ ma 0 apóstolo Paulo: “Não vos enganeis;
cende, Jesus e a lei do novo Reino são as más conversações corrompem os
o intento, destino e meta final da lei.” bons costumes" (1 Co 15-33). Portanto,
intencionalmente, dedique-se a boas
(Com entário B íb lic o P en teco stal: Novo
Testam ento. Z.ed. Rio d e Janeiro : CP A D . práticas e a boas companhias, e sob o
2004. P-44-) poder do Espírito Santo, vença o mundo,
3. V e n c e n d o o m und o. Depois de
III - OLHAND O POR NÓS MESMOS discorrer sobre a urgente e permanente
1. Olhai por vós mesmos. A expressão necessidade de vigilância e oração, além
usada por João, “olhai por vós mesmos" dos cuidados pessoais que o crente deve
em 2 João 8, é praticamente uma repe­ ter, aqui se apresenta a forma pela qual
tição das palavras de Jesus aos seus ele pode enfrentar e vencer o mundo,
discípulos em Marcos 13, no qual há ad­ efetivamente. Destaca-se a necessidade
vertências em pontos específicos, como de conhecer os desafios impostos por
o cuidado com o engano doutrinário e este tempo, além de uma vida dedicada
a atenção e vigilância. Em Mateus 26.41 ao preparo espiritual, bíblico e intelectual,
estão registradas as palavras de Jesus com vistas a responder adequadamente
para que Pedro, Tiago e João vigiassem às indagações mais comuns na atuali­
e orassem, como uma clara advertência dade (1 Pe 3.15). Considere as palavras
sobre as terríveis consequências que o de Charles Colson e Nancy Pearcey, na
pecado poderia lhes causar. Vigilância e obra “O Çristdo na Cultura de Hoje"; eles
oração são duas práticas vitais ao crente afirmam que, depois de considerar a
que deseja vencer a si mesmo, o pecado, realidade do mundo em nossos dias, o
o mundo e o Diabo, e isso implica olhar cristão deve abraçar “a verdade de Deus,
para si mesmo, na intenção de identificar entendendo a ordem física e moral que
possíveis inclinações do coração para Ele criou, defendendo amorosamente
o mal, e assim poder buscar auxílio em essa verdade diante de seus vizinhos, e
Deus. A falta de vigilância levou Pedro tendo a coragem de demonstrá-la em os
a negar Jesus por três vezes (Mt 26.31- caminhos da vida,”Portanto, vigiem, orem
35.69-75). O crente deve vigiar e orar e cuidem de sua vida espiritual, pois assim
como práticas de cuidar de si mesmo. poderás enfrentar e vencer este mundo
2. Cuidados pessoais. Paulo advertiu imoral, mantendo-se firme na verdadeira
ao jovem pastor Timóteo para que ele e pura doutrina da Palavra de Deus.
redobrasse a atenção no cuidado pró­
prio, evitando assim a própria perdição © PENSE!
enquanto trabalhava em salvar os outros De que forma o olhar por si mesmo
(1 Tm 4.16). Paulo aconselhou Timóteo ao contribui no enfrentamento e na vitória
exercício pessoal na piedade, ou seja, contra este mundo imoral7
boas práticas espirituais e ao cuidado
da doutrina (1 Tm 4.7). Em um mundo © PONTO IMPORTANTE!
imoral e perigoso, o crente deve ter 0 cuidado pessoal envolve vigilância,
os cuidados acima expostos, além de oração e práticas piedosas, que juntas
outros, especialmente no que se refere dos mandamentos de Jesus, somam
à escolha das companhias e da natureza força e condições para que 0 crente
das conversas pessoais, pois como afir­ vença o mundo.

88 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
BAPTISTA, DougLas. Valores
Cristãos: Enfrentando a s Questões
Morais do Nosso Tempo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

© CONCLUSÃO
Aprendemos que 0 mundo se encontra
perdido na im oralidade, contrarian­
do os padrões divinos, expostos e
© HORA DA REVISÃO en sin ad o s nas Escritu ras. É neste
1. Qual o significado do termo “ética"? m undo, n e s s a s co n d iç õ e s , q ue o
A palavra "ética”vem do grego ethica, crente é desafiado a se m anter fiel
de etheos, cujo sentido é “aquilo que a Deus, enfrentando e vencendo as
se relaciona com o caráter". propostas e os enganos deste siste­
2. Segundo a lição, qual deve ser a ma contrário aos princípios divinos.
postura do crente diante do mundo? Esta lição reafirma a necessidade de
Ele não pode retroceder para que 0 crente “olhar para si mesmo", isto
não se perca o galardão (v, 8): não é, estar vigilante e em oração, con­
prevaricar, que é o mesmo que não
forme advertido pelo próprio Jesus,
ultrapassar os limites estabelecidos
pois somente assim é que o mundo
pela doutrina (v. g).
poderá ser vencido.
3. Qual a mais importante mensagem
ensinada e pregada por Jesus?
O Sermão do Monte (Mt 5-7) é a mais
importante mensagem pregada e r
ensinada por Jesus. A N O TA Ç A O
4. Cite uma das bênçãos advindas do
crente cumprir os mandamentos
de Jesus,
Ser amigo de Jesus.
5. Q uais são, segun d o a lição , as
práticas vitais para o crente que
deseja vencer o mundo?
Destaca-se a necessidade de co­
nhecer os desafios impostos por
este tempo, além de uma vida de­
dicada ao preparo espiritual, bíblico
e intelectual, com vistas responder
adequadamente às indagações mais
comuns na atualidade (1 Pe 3.15).
31 mar 202/+

A IGREJA NÃO SOBREVIVE


SEM DOUTRINA
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"Exorta semelhantemente os SEGUNDA - S l 334


jovens a que sejam moderados. A Palavra do Sen h o r é reta
Em tudo, te dá por exem plo TERÇA - Pv 19.21
de boas obras; na doutrina, O co n selh o do Senh or
mostra incorrupção, gravidade, p erm anecerá
sinceridade." (Tt 2 .6,7) QUARTA - Sl 119.24
Prazer nos testem unhos do Senhor
RESUMO DA LIÇÃO Q U IN TA -S L 119.9
C am in h o s puros
A Igreja depende dos SEXTA - Pv 19 21
fundam entos inabaláveis do O conselho do Senhor é perm anente
Senhor, pois por eles a mentira é
SÁBADO - Sl 106.12-14-26
vencida e o crente vive de modo C o n se q u ê n cia s d e não crer nas
a agradar a Deus. Palavras do Sen h o r

90 JOVENS
\
OBJETIVOS
• C O M P R E E N D E R que o firme fundamento de Deus permanece;
• S A B E R como o crente pode desmascarar os mentirosos;

• C O N S C IE N T IZ A R da importância de se viver uma vida moderada.

INTERAÇÃO
Professor(a), nesta lição estudaremos a respeito da essenciaüdade da doutrina
para uma vida cristã vitoriosa. O objetivo é reafirmara importância da doutrina.
No decorrer da Lição, enfatize que que os fundamentos doutrinários de Deus são
firmes, eterno e estão revelados nas Escrituras Sagradas. Eles contribuem para
firmar a nossa fé em Deus,
As obras de Deus refletem o seu caráter, isto é, o que Ele faz não está separado
de quem Ele é. Então, podemos afirmar que os preceitos do Senhor permanecem
inabaláveis e imutáveis, afinal, Deus é imutávele permanece para sempre (Tg 1.17).

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), converse com os alunos explicando que “os princípios divinos são
bíblicos, e, portanto, imutáveis. Eles têm aplicação para o crente da atualidade,
assim como o tiveram antigamente. Aquilo que a revelação bíblica considera
pecado, permanece sendo pecado. A lei divina não pode ser revogada e ajustada
os interesses humanos. Enfatize que a verdade bíblica não pode ser relativizada
ou flexibitizada para atender O'egoísmo e o hedonismo da raça humana. O texto
bíblico permanece inalterado e imexível. Por isso, os valores doutrinários são
permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente. Quanto a esta realidade,
Cristo afirmou: 'o céu e a terra passarão, mas minhas palavras não hão de passar"
(Mt 24.35)” (Adaptado de BAPTISTA, Douglas. Valores Cristãos: Enfrentando as
Questões Morais do Nosso Tempo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 8).

JOVENS 91
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TEXTO BÍBLICO
> * «i i

2 Timóteo 2,14-21 18 Os quais se desviaram da verdade,


14 Traze estas coisas à memória, orde- dizendo que a ressurreição era já feita,
nando-thes diante do Senhor que e perverteram a fé de alguns,
não tenham contendas de palavras, 19 Todavia, o fundamento de Deus fica firme,
que para nada aproveitam e são para tendo este selo: O Senhor conhece os
perversão dos ouvintes, que são seus, e qualquer que profere o
15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, nome de Cristo aparta-se da iniquidade,
como obreiro que não tem de que se 20 Ora, numa grande casa não somente há
envergonhar, que maneja bem a palavra vasos de ouro e de prata, mas também
da verdade. de pau e de barro; uns para honra,
16 Mas evita os falatórios profanos, porque outros, porém, para desonra.
produzirão maior impiedade. 21 De sorte que, se alguém se purificar
17 E a palavra desses roerá como gan- destas coisas, será vaso para honra,
qrena; entre os quais são Himeneu e santificado e idôneo para uso do Senhor
Fiteto. e preparado para toda boa obra.

INTRODUÇÃO Então, podemos afirmar que os preceitos


do Senhor permanecem inabaláveis e
Nesta lição, que encerra o trimestre,
imutáveis, pois, Deus é imutável e per­
estudaremos a respeito do caráter es­
manece para sempre (Tg 1.17),
sencial da doutrina para a manutenção
2, Fu n d a m e n to eterno. O teólogo
da vida e da saúde da igreja. O objetivo é
reafirmara importância da doutrina para Norman Geisler define eternidade como
a igreja. Veremos que os fundamentos “não temporalidade ou atemporalidade".
doutrinários de Deus são firmes e eternos, Ele ainda afirma que “do princípio ao fim, a
Bíblia declara que Deus não é dominado
I - O FIRME FUNDAMENTO DE pelo tempo". Deus é eterno, pois Ele é
antes do princípio de todas as coisas (Gn
DEUS PERMANECE
1. A n a tu re z a d o fu n d a m e n to
1.1; SL 90,2). Um dos nomes de Jesus é
de
Deus. Os fundamentos divinos revelados
“pai da eternidade”(Is 9.6).
nas Escrituras Sagradas contribuem para A doutrina de Deus é um fundamento
firmar a nossa fé em Deus. Paulo afirma eterno. Sendo assim, podemos afirmar
que se “o fundamento" é “de Deus”ele que a doutrina divina, contida e exposta
“fica firme”haja o que houver (2 Tm 2.19), nas Escrituras, é eterna,
pois pertencem a Deus, 3. Fundamento firme. Além de eterno,
O salmista reconheceu o caráter de o fundamento de Deus é firme (2 Tm 2.19).
Deus em suas obras (SI19.1), assim como Aexpressão “firme" indica algo consistente,
Paulo ensina que Deus é conhecido sólido, fixo, resistente, seguro, ou ainda,
também por meio da criação (Rm 1,18-20). para algo que não cede à pressão de ne­
As obras de Deus refletem o seu caráter, nhuma natureza. O fundamento de Deus
isto é, 0 que Ele faz não está separado é firme, inabalável, não sofre alteração
de quem Ele é, afinal de contas, “Ele não e nem cede a nenhum tipo de pressão,
pode negar-se a si mesmo”(2 Tm 2.13). pois o contexto no qual Paulo fala da

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firmeza do fundamento de Deus era de levantados para denunciar o pecado e
infidelidade e desvio de alguns; no entanto, conduzi-los novamente ao Senhor. O
isso não abala e nem altera a qualidade profeta tinha o dever de confrontar o
segura e inviolável da verdade de Deus. povo, alertando contra 0 pecado. Mesmo
No mesmo texto no qual Paulo indica a sendo perseguidos, muitos deles foram
firmeza do fundamento de Deus, ele fala fieis ao Senhor e ao seu ministério, não
de uma verdade relacionada ao Senhor e permitindo a apostasia do povo.
da atitude do crente que vive de acordo Não podemos nos calar diante da
com este fundamento doutrinário, No apostasia do nosso tempo. É preciso con­
que se refere à verdade sobre Deus, ele frontar as pessoas mediante o ensino das
afirma que “o Senhor conhece os que são Escrituras Sagradas. Paulo foi incisivo ao
seus", e os crentes que se fundamentam orientar Timóteo para que ele doutrinasse
na verdade da Palavra devem apartar-se a igreja a fim de que os membros não
“da iniquidade" (v. 19). Diante disso, desta- fossem seduzidos pelos falsos ensinos,
cam-se duas verdades: o fundamento de apostatando da fé. Atualmente, por falta
Deus é inabalável, pois reflete o caráter de ensino, muitos estão abandonando
firme do Senhor e o fundamento de Deus a fé genuína em Jesus Cristo, caindo
dá firmeza ao crente para viver em pureza nas garras do Inimigo. Para combater a
e agradar a Ele. apostasia, precisamos investir no ensino
bíblico. Jesus certa vez, declarou: "Errais
@ P EN SE! não conhecendo as Escrituras”(Mt 22.29).
Qual a natureza do fundamento de
Deus? II - DESMASCARANDO OS MEN­
TIROSOS
@ PO N TO IM PO RTAN TE! 1. A realidade dos mentirosos. A Bíblia
O fundamento de Deus reflete a sua aponta para a triste e trágica realidade da
própria natureza, razão pela qual ele mentira (Jo 8.44). Desde o pecado come­
é firme e inabalável. tido por Adão e Eva (Gn 3.1-13), a mentira
é uma triste realidade no mundo dos
SUBSÍDIO O homens, cujo veneno e consequências
Professor(a), neste primeiro tópico afetam a todas as famílias indistintamente
da lição, veremos que os fundamentos (At 5.1-11). Biblicamente, à medida que
divinos revelados nas Escrituras Sagra­ o tempo passar e se aproximar a vinda
das contribuem para firmar a nossa fé de Cristo, o mundo se renderá ainda
em Deus. Na atualidade temos visto mais à mentira (2 Ts 2.11,12; Ap 13.1-18).
um tempo de apostasia e infidelidade O mentiroso não tolera e rejeita a ver­
quanto a obedecer às doutrinas bíbli­ dade a respeito de Deus (1 Jo 2.4,22). O
cas. O termo apostasia vem do grego engano é a principal arma do mentiroso,
apostásis e significa o abandono pre­ especialmente aqueles que mentem
meditado e consciente da fé cristã. Ao em relação às questões doutrinárias,
estudar a Palavra de Deus, vemos que cujo propósito é desviar as pessoas
no Antigo Testamento, Israel por várias, da verdade. Nos tempos mais antigos
vezes apostatou da fé. Contudo, em já havia os enganadores, pois o Antigo
tempos de apostasia, os profetas eram Testamento fala dos falsos profetas que
JOVENS 93
trabalhavam para perverter a verdade Em 2 Timóteo 2,21, Paulo afirma que “se
de Deus (Is 9.15.16; Jr 23.14.25.26,32). A alguém se purificar destas coisas, será
mentira é abominávela Deus e Ele julgará vaso para honra", indicando que existe
os mentirosos (Ap 22.15). sim a possibilidade de mudança e trans­
2. Desm ascarando os mentirosos. Ao formação de vida para aqueles que se
tratar sobre a mentira doutrinária, Paulo enveredaram pelo caminho do engano
adverte Timóteo de que os enganadores doutrinário. Paulo ensina também que o
diziam que “a ressurreição era já feita" (2 arrependimento é o caminho para que
Tm 2.18). Diante dessa colocação do após­ essa mudança passe a ser uma realida­
tolo é possível afirmar que os mentirosos de. O caminho para que mentirosos no
não negaram a doutrina e a realidade da âmbito doutrinário encontrem a porta de
ressurreição, mas a modificaram. Eles saída e de transformação é o arrepen­
desviaram, propositalmente, a verdade dimento, que só pode ocorrer por meio
a fim de macular e desvirtuar a fé dos de uma instrução feita “com mansidão"
cristãos. Ao tratar sobre os que mentem por obreiros preparados (2 Tm 2.24-26).
doutrinariamente, Paulo menciona os
nomes de Himeneu e Fíleto como des­ SUBSÍDIO 0
viados da verdade e responsáveis pela Professorta), converse com os alunos
disseminação das mentiras doutrinárias mostrando, biblicamente, que nos últi­
que corroem a igreja (2Tm 2.17). Provavel­ mos tempos, haverá muitos que amam
mente, esses dois homens foram mestres a mentira e não medirão esforços para
entre os irmãos, e que nas palavras do disseminá-la. Explique que "muitos crentes
apóstolo, serviram como “vasos para se desviarão da fé porque deixarão de
desonra", o que permite concluir que os amar a verdade (2 Ts 2.10) e de resistir às
que trabalham para enganar a igreja do tendências pecaminosas dos últimos dias.
ponto de vista doutrinário, geralmente, Por isso, o evangelho liberal dos ministros
vêm do meio da igreja e, em certa medida, e educadores modernistas encontrará
exercem influência sobre o povo (2 Co pouca resistência em muitas igrejas.
1113-15). Portanto, temos de ter cuidado A popularidade dos ensinos anti-
e nos mentermos vigilantes doutrinaria­ bíblicos vem, sobretudo pela ação de
mente, pois muitos buscam enganar e Satanás, conduzindo suas hostes numa
corroer as bases doutrinárias da igreja. posição cerrada à obra de Deus. A se­
Os enganadores sempre apresentam gunda vinda de Cristo será precedida
meias verdades a fim de disseminarem de uma maior atividade de satanismo,
o veneno doutrinário no Corpo de Cristo. espiritismos, ocultismos, possessão e
3. H á e s c a p e p a ra o s m en tirosos. engano demoníacos, no mundo e na
Inevitavelmente, surge a seguinte ques­ igreja. A proteção do crente contra esses
tão: “Há esperança para os que mentem enganos e ilusões consiste na lealdade
doutrinariamente?”Sim, se houver arre­ total a Deus e à sua Palavra inspirada, e
pendimento e o abandono da prática do a conscientização de que os homens de
erro, A Palavra de Deus afirma que “se grandes dons e unção espirituais podem
confessarmos os nossos pecados, ele é enganar-se, e enganar os outros com
fiel e justo para nos perdoar os pecados suas misturas de verdade e falsidade.
e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo 1.9). Essa conscientização deve estar aliada

94 JOVENS
a um desejo sincero do crente praticar oposta à natureza pecaminosa." A mo­
a vontade de Deus (Jo 717) e de andar deração é uma obra exclusivamente do
na justiça e no temor dEle." Espírito Santo, motivo pelo qual o crente
que deseja viver moderadamente deve
(Bíblia de Estudo PentecostaL Rio de Janeiro:
CPAD, p. 1870.) “andar e ser guiado pelo Espírito" (Gl 5.18,
25). Andar e ser guiado pelo Espírito Santo
III - VIVENDO UMA VIDA MO­ é o mesmo que ser dominado por Ele e
fazer aquilo que é ordenado na Palavra
DERADA
de Deus (Ef 5.18). Somente pelo Espírito
1. U m a v id a m oderada. O crente é
chamado a viver moderadamente, e as Santo é que o crente pode viver uma
vida verdadeiramente moderada.
condições necessárias para isso estão à
3. A lcan çan d o um a vida m oderada.
sua disposição nas Escrituras Sagradas.
Mas, o que efetivamente vem a ser esta Paulo ensinou e estimulou Tito a ensinar
vida moderada? O Dicionário Vine diz aos jovens a serem moderados (Tt 2.6),
que o termo moderação está associado reafirmando assim que este é o caminho
que o verdadeiro cristão deve seguir. Se o
ao termo mansidão, associação com o
bom. O crente não deve se envolver crente é chamado a ter uma vida mode­
em contendas de palavras (2 Tm 2.14). rada, qualé o caminho a ser tomado para
Aqueles que querem agradar a Deus que este objetivo seja alcançado? É preciso
e herdar a vida eterna devem procurar confiar em Deus, orar e dedicar-se à leitura
viver uma vida santa, justa, fiel em amor. A bíblica (Sl 11,2). A moderação não é uma
vida moderada diz respeito ao equilíbrio virtude a ser sentida, mas a ser vivida em
como fruto da comunhão com Deus. nosso dia a dia. O crente deve viver com a
2. A m oderação com o obra do Espíri­
consciência da presença permanente de
to Santo. O crente moderado é comedido Deus, desenvolvendo práticas de piedade
em suas ações, palavras e suas emoções, e quebrantamento. Portanto, tenha uma
como no exercício da paciência. As ma­ vida moderada e honre a Deus com isso.
nifestações do “fruto do Espírito”refletem
com elevada precisão as características © P EN SE!
de um crente moderado, em contraste O que é uma vida moderada?
com uma vida não moderada que é le­
vada sob o domínio da carne (Gl 5.19-22). @ PO N TO IM PO RTAN TE!
Dentre as virtudes do Fruto do Espírito Uma vida moderada é 0 mesmo que
Santo, a “temperança" é a que mais se uma vida comedida e equilibrada,
aproxima do sentido de “moderação”,já uma obra que só o Espírito Santo
que o seu significado prático é a capaci­ pode produzir no crente.
dade que o crente recebe de agir com
autocontrole nas mais diversas e difíceis SUBSÍDIO ©
circunstâncias da vida. Essa capacidade Professor(a), explique aos alunos
é parte da obra que somente o Espírito que Paulo Lembra Timóteo de que ele
Santo pode realizar no homem, pois, pode esperar falsos ensinos infectando
conforme Lawrence O. Richards - Ele as igrejas, mas o seu dever é 'propor'
“fornece energia para a nova natureza que a verdade aos irmãos (4.1-10). Esse é
impulsiona o convertido para a direção também o nosso dever.
JOVENS 95
Mm- -m *

Ó CONCLUSÃO © HORA DA REVISÃO


Estudamos a respeito dos fundamentos 1. Segundo a lição, qual o propósito
de Deus que permanecem inabaláveis dos fundamentos divinos?
e intocáveis. Esses fundamentos nos Os fundamentos divinos revelados
ajudam a resistir ao engano doutri­ nas Escrituras Sagradas, contribuem
nário, disseminar a verdade de Deus para firmar a nossa fé em Deus.
e a viver uma vida moderada. Vimos
2 . Como o teólogo Normam Geísler
que moderação é equilíbrio e controle
define "eternidade'?
diante de diferentes circunstâncias,
O teólogo Norman Geisler define
Se quisermos uma vida moderada
eternidade como “pão temporalidade
precisamos buscar a ser cheios do ou atemporalidade"
Espírito Santo.
Há esperança para os que mentem
doutrinariamente?
Sim, se houver arrependimento e o
abandono da prática do erro,
4. Segundo a lição, quais são as ca­
racterísticas do crente moderado?
A N O TA Ç A O O crente moderado é com edido
em suas ações e palavras, em suas
em oções, com o no exercício da
paciência.
5. Dentre as virtudes do Fruto do Es­
pírito, qual a que mais se aproxima
do sentido de moderação?
Dentre as virtudes do Fruto do Es­
pírito Santo, a “temperança" é a que
mais se aproxima do sentido de
“moderação”,já que o seu significado
prático é a capacidade que o crente
recebe de agir com autocontrole nas
mais diversas e difíceis circunstân­
cias da vida.
COMO OS PENTECOSTAIS INTERPRETAM
AS SAGRADAS ESCRITURAS?
É perceptível hoje na hermenêutica evangélica que o pentecostalismo ajudou
a resgatar a diversidade da pneumatologia do Novo Testamento, especial­
mente pelo uso dos estudos da crítica da redação e da chamada “teologia
bíblica”, mas sem abraçar o ceticismo sobre a unidade, inspiração, inerrân-
cia e coerência das Escrituras. Cremos, como pentecostais, que a Bíblia é
a Palavra de Deus e não abrimos mão desse pressuposto. Somos crentes
na possibilidade de milagres e da intervenção divina, inclusive sobre o
desenvolvimento e a formação final do cânon.
Outro ponto a ser destacado é o papel teológico das narrativas, especial­
mente ao lembrar que cada narrativa tinha um propósito de ensino, embora,
evidentemente, nem sempre é fácil achar o conteúdo teológico dos textos
narrativos. As narrativas são teológicas porque elas buscam a causa da
história vivida.
O Espírito Santo é derramado em Atos sobre todo tipo de gente: imperfeita,
medrosa, vulnerável, sem relevância social e também sobre ricos, eruditos
e governantes. Não há ambiente mais democrático, plural e global como
o cenáculo envolto pelo derramamento do Espírito. A narrativa de Atos e
dos Evangelhos convida-nos à experiência pentecostal.
Apesar de sua abrangência histórica, a
Bíblia não está organizada cronologica­
mente, nem seus escritores trabalharam
com esse rigor Em termos históricos, vários
de seus livros estão inseridos em outros.
Daí a importância de estudar a Bíblia sob
o aspecto cronológico. Vantagens:
♦ A juda o estudante a entender o ar­
ranjo de cada livro internam ente, ao
estabelecer a ordem histórica dos fatos
narrados;
♦ Auxilia na compreensão das relações
que se form am entre livros com dife­
rentes gêneros de materiais. Ou seja,
a relação entre história, lei, profecia,
poesia, carta etc.;
♦ Fornece uma visão abrangente da his­
tória bíblica e, mais ainda, da história
mundial, por causa da simultaneidade
entre os fatos bíblicos e outros fatos
historicam ente relevantes ocorridos
no mundo;
♦ Esclarece dificuldades bíblicas geral­
m ente surgidas do choque de dados
conflitantes colhidos de diferentes par­
tes da Bíblia, os quais podem se referir
a pessoas, povos, núm eros, lugares,
culturas etc.;
♦ Destaca as diferentes perspectivas e
ênfases dos autores da Bíblia ao escre­
verem sobre um mesmo acontecimento
(exemplo: os Evangelhos Sinópticos).

C P A D v id e o

ed ito ra C P A D

E d ito ra C P A D

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