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Avaliacao Audiologica Infantil Adulto e Idoso e Biofisica
Avaliacao Audiologica Infantil Adulto e Idoso e Biofisica
Produção
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 7
UNIDADE I
FÍSICA ACÚSTICA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA.............................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
BASES FÍSICAS DO SOM E PSICOACÚSTICA............................................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
NÍVEL DE INTENSIDADE SONORA E NÍVEL DE PRESSÃO SONORA.............................................................................................. 14
CAPÍTULO 3
LIMIARES AUDITIVOS E SENSIBILIDADE AUDITIVA.............................................................................................................................. 16
UNIDADE II
BASES FÍSICAS DA AUDIÇÃO.......................................................................................................................................................................................... 19
CAPÍTULO 1
ESTUDO DO APARELHO AUDITIVO PERIFÉRICO: ORELHA EXTERNA, MÉDIA E INTERNA.................................................. 19
CAPÍTULO 2
VIAS AUDITIVAS CENTRAIS............................................................................................................................................................................ 24
CAPÍTULO 3
VIAS VESTIBULARES......................................................................................................................................................................................... 26
UNIDADE III
AUDIOLOGIA BÁSICA......................................................................................................................................................................................................... 28
CAPÍTULO 1
AUDIÇÃO NORMAL E PATOLÓGICA. PATOLOGIAS ASSOCIADAS À PERDA AUDITIVA......................................................... 28
CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS.............................................................................................................................................. 37
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA............................................................................................................................................................. 44
UNIDADE IV
AUDIOLOGIA BÁSICA........................................................................................................................................................................................................ 88
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO AUDITIVA NA CRIANÇA........................................................................................................................................................... 88
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA EM ADULTOS............................................................................................................................................... 102
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA EM IDOSOS................................................................................................................................................... 104
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................................................ 107
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
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ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente
para o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida
para a construção de suas conclusões.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
5
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo,
facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
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INTRODUÇÃO
A audição é um dos sentidos mais importantes para o ser humano. É por meio
dela que o indivíduo se desenvolve, adquire linguagem e “aprende a falar”.
Sabe-se que, a não ser em casos de dificuldade de aquisição da linguagem, a língua
não é aprendida ou ensinada, e, sim, vivida. E, para que essa vivência da língua
ocorra, é fundamental que o indivíduo possua a capacidade de ouvir.
Após esses conceitos bem estabelecidos, a técnica de realização dos exames, bem
como a classificação dos resultados encontrados, serão abordadas na terceira
unidade. Por fim, na quarta unidade será abordada a particularidade da realização
dos exames nas diferentes faixas etárias (criança, adultos e idoso) a fim de
possibilitar a aplicação correta dos testes, levando em conta as especificidades do
sujeito avaliado.
Objetivos
» Compreender os princípios básicos da Física Acústica e das bases físicas
aplicadas à audição.
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FÍSICA ACÚSTICA
APLICADA À UNIDADE I
FONOAUDIOLOGIA
CAPÍTULO 1
Bases Físicas do som e Psicoacústica
Uma onda pode ser definida como uma perturbação ou abalo que é transmitido
através do vácuo ou de um meio gasoso, líquido ou sólido. Importante ressaltar
que toda a onda transmite energia de um ponto a outro (no nosso caso, a onda
sonora transmite o som). Podemos ver na figura abaixo um exemplo de onda:
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Unidade i | Física acústica aplicada à fonoaudiologia
Porque ela movimenta matéria, no caso, o Ar. Se não tiver ar, como no vácuo,
não tem som. Outro tipo de onda são as eletromagnéticas, que não movimentam
massa, como a luz. Não é o nosso caso.
O Som (uma onda mecânica transversal) vibra próximo do tímpano e faz uma
força sobre sua superfície. E uma força sobre uma superfície (área) é o que
conhecemos como pressão. É daí que surge o conceito de PRESSÃO SONORA.
A unidade de medida de pressão é Pascal (Pa), que pode ser expressa também
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Física acústica aplicada à fonoaudiologia | Unidade i
como N/m². Veremos mais adiante sobre essa pressão sonora, mas saiba que ela
é uma das formas de medir o som.
Além disso, por ser uma onda, um outro conceito sobre som bastante utilizado
quando falamos de avaliação auditiva é o de frequência, que na verdade é uma
característica do som e, por consequência, da onda sonora. A frequência pode
ser definida como número de ciclos (ondas) que as partículas materiais realizam
em um segundo. Sua medida ocorre em Hertz (Hz) ‒ ciclos por segundo.
250Hz 20mil Hz
Outro conceito importante que temos que entender para a avaliação auditiva é
o de intensidade. Enquanto a frequência está relacionada a ciclos por segundo
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Unidade i | Física acústica aplicada à fonoaudiologia
Psicoacústica
A Psicoacústica está relacionada com aquilo que se ouve, pois ela descreve as
relações existentes entre as sensações auditivas do indivíduo e as propriedades
físicas de um estímulo sonoro, levando em conta a frequência e a intensidade.
Ela lida com os atributos de sensação do indivíduo para a frequência (Pitch) e
para a intensidade (Loudness), além de lidar com os julgamentos ou impressões
individuais em relação a ruídos, sons musicais, vozes humanas, entre outros.
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Física acústica aplicada à fonoaudiologia | Unidade i
A audiologia e a psicoacústica são áreas afins, uma vez que os testes audiométricos
subjetivos para medição da acuidade auditiva do indivíduo são denominados
testes psicométricos ou psicoacústicos (dependem que o indivíduo detecte e,
algumas vezes, interprete os sons).
A audição humana se comporta como um radar, uma vez que capta sons de todas
as direções e de diferentes distâncias, nos informa sobre localização e distância
da fonte sonora, funcionando como mecanismo de alerta e de defesa. Nossos
ouvidos permanecem em constante vigília (por isso, colocamos um alarme
sonoro como despertador, mesmo dormindo ele está funcionando, diferente,
por exemplo, da visão).
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CAPÍTULO 2
Nível de intensidade sonora e nível de
pressão sonora
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Física acústica aplicada à fonoaudiologia | Unidade i
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CAPÍTULO 3
Limiares auditivos e sensibilidade
auditiva
A área de audibilidade foi estabelecida por meio de uma pesquisa realizada com
indivíduos otologicamente normais, entre 18 e 25 anos, na Inglaterra e nos
EUA. Observou-se nesse estudo que a área da fala concentra energia na faixa de
frequência entre aproximadamente 100 e 8000 Hz, com intensidade entre 30 a
80 dB. Baseado nisso, na audiometria, determinamos os limiares auditivos para
cada frequência entre 250 e 8000 Hz, os resultados obtidos foram anotados no
audiograma abaixo:
Figura 4. Audiograma.
125 250 500 1k 2k 3k 4k 6k 8k (Hz)
0
10
20
30
40
59
60
70
80
90
100
110
120
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Física acústica aplicada à fonoaudiologia | Unidade i
Por exemplo, temos três indivíduos com níveis de audição diferentes expostos
a mesma intensidade, com isso, o nível de sensação auditiva será diferente para
cada um deles.
Indivíduo 1 - 20 dB Indivíduo 1 - 80 dB
Indivíduo 2 - 40 dB Indivíduo 2 - 60 dB
Indivíduo 3 - 60 dB Indivíduo 3 - 40 dB
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Unidade i | Física acústica aplicada à fonoaudiologia
https://www.youtube.com/watch?v=kR5FSlOPrhI&ab_channel=BrasilEscola.
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BASES FÍSICAS DA
AUDIÇÃO UNIDADE II
Vale ressaltar que, para fins didáticos, o aparelho auditivo será dividido em porção
periférica (ouvido externo, médio e interno) e em vias auditivas centrais.
CAPÍTULO 1
Estudo do aparelho auditivo periférico:
orelha externa, média e interna
Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/ouvido-interno.html?filter=all.
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Unidade ii | Bases físicas da audição
A primeira coisa que precisamos ter em mente quando falamos da nossa parte
periférica da audição é que ela já nasce pronta, como já mencionado anteriormente.
O único fato que acontece com ela durante a nossa vida é aumentar de tamanho
junto com o nosso crescimento facial (sendo a nossa cóclea a única estrutura que
não participa desse crescimento, uma vez que já nasce com o tamanho que terá
durante toda a nossa vida). Dito isso, vamos agora às três orelhas que compõem
nossa estrutura auditiva externa: a orelha externa, a média e a interna.
Orelha externa
A orelha externa é constituída pelo pavilhão auricular (estrutura cartilaginosa)
e pelo meato acústico externo (com porção cartilaginosa e porção óssea), como
podemos ver na figura abaixo:
Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/anatomia-da-orelha.html?filter=al.
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Bases físicas da audição | Unidade ii
É aqui, na orelha externa, que encontramos as rolhas de ceras que nos impedem
de realizar os exames auditivos. A cera é a proteção do ouvido contra agentes
externos, porém, alguns indivíduos possuem uma produção exacerbada da cera,
acarretando o acúmulo desta ou o uso frequente de cotonetes (que podem,
inicialmente, dar a impressão de estarem limpando o ouvido, mas, na verdade,
fazem com que a cera se acumule mais). Em casos de obstrução do meato acústico
externo por presença de cera, observado na meatoscopia, o paciente deve ser
encaminhado para remoção e o exame só deve ser realizado após a limpeza
completa.
Orelha média
A orelha média é uma cavidade que contém a cadeia ossicular e tuba auditiva,
como podemos observar na figura abaixo:
Fonte: https://ecomedice.com.br/produto/protese-ossicular-em-ptfe/.
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Unidade ii | Bases físicas da audição
Orelha interna
A orelha interna, localizada na porção petrosa do osso temporal, é formada
pelo labirinto ósseo e o membranoso. Na parte anterior da orelha interna,
encontra-se a cóclea, principal responsável pela função auditiva.
A vibração da janela redonda faz com que a endolinfa dentro da orelha interna
se movimente. Ao se movimentar, as células ciliadas sofrem ação mecânica e
realizam o seu papel de transdutor mecano-elétrico, enviando a informação
para o nervo auditivo, o qual transmitirá este sinal auditivo até o córtex pelas
vias auditivas. Abaixo, podemos ver a cóclea conforme acabamos de descrever.
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Bases físicas da audição | Unidade ii
Fonte: https://pt.dreamstime.com/illustration/c%C3%B3clea.html.
» https://www.youtube.com/watch?v=FLUwYCHFVas&ab_channel=MED-.
» https://www.youtube.com/watch?v=RBtufjmnwRw&ab_channel=Isolda
Bravin.
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CAPÍTULO 2
Vias auditivas centrais
As vias centrais iniciam logo após a saída da cóclea com o VIII par craniano
(nervo vestíbulo coclear), conforme a figura abaixo demonstra.
Córtex auditivo
Tálamo
Colículo Inferior
Leminisco lateral
Núcleo coclear
Nervo auditivo
Complexo olivar superior
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/816418238680132106/.
Essas vias auditivas são compostas por todas as estruturas que formam o trajeto
que a informação sonora percorre saindo da cóclea até o córtex auditivo. Os
impulsos sonoros são transmitidos do nervo auditivo até os núcleos cocleares
bilateralmente, chegando até o tronco encefálico. Posteriormente, a informação
será transmitida ao córtex auditivo.
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Bases físicas da audição | Unidade ii
O colículo inferior, por sua vez, mantém a organização tonotópica e apresenta uma
alta resolução de frequência, sendo também sensível a modificações espaciais e de
tempo e estimulação binaural, sugerindo, assim, sua participação na localização
sonora. Acredita-se que devido a sua provável participação em diversas áreas
sensoriais, ele seja o principal centro envolvido no processamento de informações
auditivas que interferem no comportamento do indivíduo.
Por fim, a última estrutura da via auditiva é o córtex auditivo, o qual mantém
também a tonotopia existente durante todo o trajeto do impulso nervoso. Ele
não é homogêneo e é circulado pela área de associação auditiva (área 42 de
Brodmann). O córtex auditivo primário é responsável pela sensação e percepção
auditiva e, sua ligação com a área Wernick, constitui o córtex de associação da
linguagem.
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CAPÍTULO 3
Vias vestibulares
Canal
Semicircular
Nervo Vestibular lateral
Sáculo
Canal Semicircular posterior
Fonte: https://docplayer.com.br/54400593-Reabilitacao-vestibular-no-ambiente-e-abordagem-do-metodo-pilates-e-seus-acessorios.html.
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Bases físicas da audição | Unidade ii
O sáculo e o utrículo são os outros dois órgãos que formam o aparelho vestibular,
sendo ambos responsáveis pela aceleração linear. O sáculo é uma bolsa de forma
globular que se situa próximo à abertura da rampa vestibular da cóclea. Já o
utrículo, uma bolsa de forma oblonga, localiza-se póstero-superiormente à crista
vestibular. Os receptores da mácula do saco e do utrículo, as células ciliadas, têm
como estímulo a aceleração linear. Devido à gravidade, quando a cabeça está em
repouso, as células estão recebendo continuadamente descarga neuronal; quando
ocorre o movimento e, consequentemente, a movimentação da membrana
otolíitica em relação ao epitélio sensorial, os cílios se inclinam a um aumento ou
uma diminuição da pressão exercida pelos otólitos, gerando, assim, descargas de
acordo com o movimento, enviando informações acerca da aceleração linear.
O sistema vestibular é inervado pelo nervo vestibulococlear (VII par), mesmo par
craniano da audição, que está alojado no meato acústico interno, através da sua
porção vestibular.
https://www.youtube.com/watch?v=5qO85eNbsco&ab_channel=Motus
Hominis.
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AUDIOLOGIA BÁSICA UNIDADE III
CAPÍTULO 1
Audição normal e patológica.
Patologias associadas à perda auditiva
Mas, afinal, o que seria uma audição normal e uma audição patológica? Existe
um padrão de normalidade para o que consideramos audição normal. Se formos
crianças (até 8 anos) e ouvirmos os sons testados na audiometria até 15dB,
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Audiologia básica | Unidade iii
temos a audição normal. Já para adultos, consideramos normal até 25 dB. Essa
diferença acontece, pois, a criança precisa ouvir melhor e se expor a todos os
sons para que seu desenvolvimento aconteça de forma plena.
O importante aqui é entender que, por mínima que seja, uma audição patológica
traz prejuízo para o indivíduo, seja ele criança, adulto ou idoso. Nesse cenário,
o diagnóstico precoce da perda auditiva é fundamental, pois proporciona uma
reabilitação ágil, evitando maiores prejuízos.
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Unidade iii | Audiologia básica
Ainda existe a otite externa, uma patologia da orelha externa bastante comum em
indivíduos que tomam muito banho de piscina e de mar, que ocorre, em sua maioria,
pela presença de fungos. A principal característica é a otalgia e, normalmente, não
há perda auditiva (a não ser em casos em que ocorra edema do conduto auditivo).
Além disso, o costume de manipular o ouvido com objetos pode acarretar
pequenas lesões no MAE, que pode infeccionar e ocasionar também a otite externa
(a pele do nosso conduto auditivo é bem fina e sensível a traumas).
Durante a infância temos um elevado número de otites, uma vez que em crianças
a tuba auditiva é mais horizontalizada, possibilitando que o alimento, durante
a alimentação, migre para a orelha média causando infecção. Muitas vezes, a
infecção acaba por acarretar a perfuração timpânica, sendo, então, necessária
a sua reconstrução por meio de cirurgia (quando a perfuração não é muito
ampla, pode ocorrer a sua recuperação de forma espontânea). O tratamento para
otites é basicamente medicamentoso, com antibióticos. Em casos persistentes,
pode-se fazer o uso de tubo de ventilação (tubinho colocado na membrana
timpânica) para auxiliar o ouvido a drenar os fluidos da orelha média.
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Unidade iii | Audiologia básica
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Audiologia básica | Unidade iii
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Unidade iii | Audiologia básica
Já na vida adulta, a perda auditiva induzida por ruído (PAIR) é uma patologia
de orelha interna bem conhecida. Indivíduos que em seu processo laboral estão
expostos a níveis elevados de pressão sonora podem desenvolver a PAIR. A
PAIR pode ser definida como a morte das células ciliadas devido à exposição
excessiva a ruído. Sua principal característica é ser simétrica, sensorioneural e
afetar, principalmente, as frequências de 3 a 6 kHz. Por ser sensorioneural, não é
possível reverter a perda auditiva após instalada, porém, caso a exposição cesse,
a mesma não piora. Na PAIR, a prevenção (ou seja, o uso de EPI) é o melhor
remédio.
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Audiologia básica | Unidade iii
O tratamento para o neurinoma é cirúrgico com sua retirada (em alguns casos,
pode-se optar pelo acompanhamento inicialmente). A consequência da cirurgia,
em sua maioria, é a secção do nervo auditivo, acarretando perda auditiva profunda.
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Unidade iii | Audiologia básica
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CAPÍTULO 2
Classificação das perdas auditivas
Ainda há casos que não podemos encaixar em nenhuma das três opções acima e
teremos que dar um laudo mais descritivo.
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Unidade iii | Audiologia básica
Na perda auditiva do tipo condutiva são encontrados limiares de via aérea acima
dos limites normais e vias ósseas normais, com presença de GAP (diferencial aéreo
e ósseo de 15 dB ou mais). O resultado encontrado no IRF é normal, pois não há
distorção.
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Audiologia básica | Unidade iii
Descendente
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Unidade iii | Audiologia básica
Em “U”
Em “U” invertido
Figura 16. Audiometria com perda auditiva sensorioneural a partir de 4kHz (orelha esquerda).
Figura 17. Audiometria com perda auditiva sensorioneural isolada em 8kHz (orelha direita).
Figura 18. Audiometria com perda auditiva sensorioneural restrita às frequências de 2 e 6kHz (orelha esquerda).
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Unidade iii | Audiologia básica
Porém, em muitos casos, não é possível dar grau, nem configuração e nem
descrever de forma reduzida. Casos assim, apenas colocamos o tipo de perda
auditiva. Como há o registro das respostas encontradas no audiograma, o
profissional que recebe a audiometria pode analisar, detalhadamente, cada
resposta encontrada ao observar o gráfico.
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Audiologia básica | Unidade iii
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CAPÍTULO 3
Avaliação audiológica básica
A avaliação audiológica básica, como o nome já diz, são os exames base para
qualquer diagnóstico auditivo ou vestibular. Essa avalição é composta por
audiometria (tonal e vocal) e imitanciometria. São esses exames, sua realização e
interpretação, que iremos abordar neste capítulo.
Audiometria
A audiometria é um teste utilizado para medir a audição do indivíduo e se divide
em audiometria tonal e vocal, que junto com a imitanciometria compõem a
avaliação audiológica básica. Como o nome já diz, a audiometria é o exame base
para qualquer avaliação auditiva e é fundamental para o diagnóstico audiológico
do indivíduo.
Meatoscopia
Para a investigação auditiva é necessário que os sujeitos apresentem meato
auditivo externo livre. Desta forma, previamente a qualquer exame auditivo,
deve ser realizada a inspeção do meato auditivo externo para verificação de
obstrução por cerúmen ou qualquer outro objetivo com o otoscópio. Caso
seja observada qualquer alteração, o indivíduo deve ser encaminhado ao
otorrinolaringologista e orientado a retornar para a realização do exame após
a remoção.
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Audiologia básica | Unidade iii
Anamnese
A anamnese deve proceder à avaliação auditiva, pois ela é capaz de trazer
informações fundamentais que poderão auxiliar nas hipóteses diagnósticas.
Durante este procedimento também pode ser realizada uma avaliação sobre o
comportamento auditivo do paciente, que também poderá auxiliar na hora da
realização dos exames.
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Unidade iii | Audiologia básica
Audiometria tonal
A audiometria tonal é o exame subjetivo mais utilizado para avaliar a função
auditiva, que mensura a audição periférica através da intensidade mínima audível
que o indivíduo que está sendo avaliado consegue sinalizar que ouviu. Para a
realização desse teste, é necessária a utilização de uma cabine acústica, a qual tem
a função de atenuar os ruídos externos, de um audiômetro.
Muitas pessoas julgam que a pesquisa de via óssea (VO) é trabalhosa, uma vez
que muitas vezes precisamos retestar com mascaramento contralateral (assunto
do nosso próximo capítulo). Porém, é através da via óssea que conseguimos
identificar o tipo da perda auditiva e realizar seu topodiagnóstico. A técnica para
pesquisa do limiar auditivo para VO é a mesma utilizada na via aérea, apenas
o estímulo sonoro é apresentado de forma diferente, por meio de um vibrador
ósseo que é colocado na mastoide.
A orelha pela qual o exame deve ser realizado é aquela que o paciente refere ser
a melhor. Caso o paciente relate que escuta igual dos dois lados, a convenção é
iniciar pelo lado direito.
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Audiologia básica | Unidade iii
Para a pesquisa dos limiares tonais, os pacientes devem ser orientados a sinalizar
(dando o sinal com a mão ou apertando a pera de estímulo luminoso) toda vez
que perceberem o tom teste, sendo registradas as intensidades em que o som foi
identificado em 50% das apresentações (ou seja, ele precisa responder para 2 de 4
estímulos dados).
A pesquisa de limiar pode ocorrer tanto pela técnica descendente como pela
ascendente. Na técnica descendente, a pesquisa do limiar começa de um som
alto, que o paciente ouça, e vamos baixando até encontrar o limiar auditivo.
Já na técnica ascendente, a pesquisa é realizada no som inaudível e este vai ser
aumentado até o paciente ouvir e se encontrar o limiar.
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Unidade iii | Audiologia básica
40 dB OUVIU – valor inicial que o paciente ouça. A cada acerto desce 10 dB.
30 dB OUVIU
20 dB OUVIU
10 dB OUVIU
0 dB NÃO OUVIU - a partir do momento que não ouve, a mudança de intensidade passa a ser de 5 dB
em busca do limiar.
5 dB OUVIU
0 dB NÃO OUVIU
5 dB OUVIU
0 dB NÃO OUVIU
5 dB OUVIU Limiar - acertou ao menos 2 em 5dB (ou seja, 50% de 4) e errou 3 em 0 dB (não tem como
fazer 50% de 4).
Fonte: elaborada pelo autor.
Outro ponto que devemos observar durante a pesquisa dos limiares tonais é
qual estímulo iremos utilizar. O padrão do exame é realizar a pesquisa com Tom
puro, porém em casos de zumbido ou de dificuldade de resposta, podemos fazer
o uso do tom Warble. A apresentação do estímulo deve ter, no mínimo, dois
segundos, para que possa ser identificado pelo paciente. Além disso, recomenda-se
a utilização do som pulsátil, pois o contraste som x silêncio ajuda na detecção do
som quando estamos perto do limiar.
Após a pesquisa de todos os limiares de via aérea e via óssea (quando necessário),
os resultados encontrados são assinalados no audiograma, conforme o exemplo
abaixo.
48
Audiologia básica | Unidade iii
Nesse exemplo, podemos ver que a orelha direita é sempre assinalada com a cor
vermelha e está com o símbolo dos limiares (via aérea e via óssea) obtidos após
o uso do mascaramento contralateral. Já a esquerda é sempre assinalada de azul e
os limiares de via aérea (não foi necessário realizar a pesquisa de via óssea) foram
encontrados sem o uso de mascaramento.
Direita sem
mascaramento
Direita com
mascaramento
Esquerda sem
mascaramento
Esquerda com
mascaramento
Fonte: elaborada pelo autor.
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Unidade iii | Audiologia básica
Audiometria vocal
O teste da audiometria vocal ocupa um importante lugar na avaliação auditiva
básica. Ele testa a habilidade do indivíduo de perceber e reconhecer os sons de
fala por meio de testes básicos como limiar de recepção de fala (LRF), limiar
de detecção de fala (LDF) e índice de reconhecimento de fala (IRF). Os testes
de fala também têm o objetivo de confirmar os dados obtidos por via aérea na
audiometria e demonstrar o desempenho do indivíduo ao ouvir os sons da fala.
Para a realização dos testes de fala, alguns cuidados devem ser tomados. As
duas preocupações principais são: não fornecer pistas visuais e falar em uma
intensidade baixa, mas sem sussurrar. O controle da voz inicialmente pode
ser difícil, mas com a prática acaba se tornando habitual. Esse controle é
importante, pois se falarmos em uma intensidade muito alta, o paciente pode
ouvir “por fora da cabine” e não pelos fones em uma intensidade controlada.
Uma dica que auxilia muito na realização de qualquer teste de fala é possuir
uma lista de palavras para LRF e IRF impressa. Isso ajudará bastante na hora
de realizar o exame, pois haverá uma “cola” para ler as palavras. Além disso,
50
Audiologia básica | Unidade iii
precisamos lembrar de tampar a boca para que o paciente não possa fazer
leitura labial e você pode usar a própria lista de palavras para isso.
Veremos agora cada teste separadamente, lembrando que caso o paciente seja
capaz de compreender, realizamos o LRF e o IRF, caso não (perdas profundas,
por exemplo), lançamos mão, então, do LDF.
51
Unidade iii | Audiologia básica
52
Audiologia básica | Unidade iii
Por fim, observem que, durante a descrição dos testes de fala, foi sempre dito
quando o mesmo estaria compatível ou não com a audiometria tonal. Muitos
alunos reclamam que tem sempre que ficar “conferindo” a compatibilidade dos
testes, porém é válido ressaltar o quanto essa compatibilidade é, na verdade,
nossa aliada. Devemos lembrar que a audiometria é um exame subjetivo,
dependemos sempre da resposta do paciente. Se o nosso exame está com os testes
de fala e os limiares tonais compatíveis, é um ótimo indício de que as respostas
são confiáveis e, por consequência, temos um exame verdadeiro. Tenham
sempre a compatibilidade dos exames como uma aliada, isso será importante
na prática clínica.
Mascaramento
Neste capítulo, iremos abordar o assunto mais temido na audiologia, o
mascaramento. Costumo falar que esse medo vem de uma “lenda urbana” de
que é um tema difícil. Porém, o mascaramento não é esse bicho de sete cabeças.
Quando conseguimos entender o porquê ele é necessário e quando e como o
usamos, ele se torna nosso aliado para a realização de uma audiometria correta.
53
Unidade iii | Audiologia básica
O que é o mascaramento?
Para estudarmos o mascaramento de forma detalhada, um fenômeno que
deve ser bem compreendido é a Atenuação Interaural. Atenuar significa
reduzir. Na atenuação interaural, um som dado em uma orelha com fones
supra-aurais irá perder parte da sua energia para fazer o crânio vibrar
(e então poder ser ouvido pela via óssea do outro lado). Isso acontece
pois precisamos lembrar que o som é vibração. Vibração que está sendo
dada pelo ar (meio rarefeito) e entrará pelo MAE e seguirá seu percurso
fisiológico da audição. Porém, a vibração também se espalhará pelo crânio
que está em contato com o fone, mas, como o crânio é mais denso, a vibração
perderá energia para fazer o osso vibrar. É por isso que para a via aérea
consideramos uma atenuação de mínimo 40 dB (o quanto o som perde para
fazer o crânio vibrar) e para via óssea (que já é vibração, então não perde
nada) consideramos zero.
Quando falo sobre mascaramento, gosto de fazer uma analogia com o exame
de acuidade visual realizado pelos oftalmologistas. Sempre que querem avaliar
o olho direito eles tampam o esquerdo; e para avaliar o esquerdo, tampam o
direito. Isso é necessário pois caso um olho seja bom e outro ruim, o olho bom
pode “ajudar” o olho ruim e, por isso, para avaliar cada olho separadamente
precisamos tampar o outro (e evitar sua interferência).
O que precisamos ter em mente é que esse processo “de ajuda” também acontece
na audição. Se um ouvido não ouvir nada e o outro lado for normal, o lado bom
também irá ajudar e interferir no exame, como acontece com a visão. Quando
colocamos os fones para realizar a audiometria nós separamos as orelhas, o
que já nos ajuda a avaliar cada lado separado, porém, pela característica física
do som (de ser uma vibração), às vezes a vibração de um som dado por um
fone de um lado pode ser ouvido pela orelha do outro lado.
Isso acontece por conta da Atenuação Interaural, uma vez que a vibração do som
poderá fazer o crânio vibrar e, então, a via óssea do outro lado poderá ouvir.
54
Audiologia básica | Unidade iii
Quando o lado não testado pode ouvir essa vibração do crânio, causada pelo som
dado no lado testado, é que precisamos utilizar o mascaramento.
Esse ruído deve ser capaz de encobrir todo o estímulo que está sendo testado,
por isso, normalmente é utilizado um ruído com um faixa de frequência que
envolva as frequências que estão sendo testadas. Para o mascaramento de tom
fazemos uso do narrow band, o qual contém uma faixa próxima ao tom que
estamos avaliando; e para os testes de fala usamos o speech noise, que contém um
ruído próximo às frequências da fala.
que apresentam uma superfície de contato maior com o crânio do que um fone
de inserção. Quando damos um som pelo fone, a vibração desse som fará o crânio
vibrar, porém, para isso, perderá uma certa energia devido à mudança de meio (o
som que inicialmente está vibrando em um meio rarefeito terá que fazer o crânio,
uma superfície mais densa, vibrar).
60 dB vibração
100dB
20 dB
Como não sabemos qual será a atenuação de cada frequência para cada indivíduo,
assume-se que todos perdem 40 dB, pois essa é a pior situação. Tomando 40dB
como atenuação interaural de todos os indivíduos, não deixamos de retesar
com mascaramento nenhuma frequência que precisa, mas pode acontecer de
mascararmos algumas que não precisariam. Como encontrar o limiar com
mascaramento contralateral é fundamental para o exame correto, assume-se que
é melhor mascarar alguma frequência que não precisa (que não tem problema
56
Audiologia básica | Unidade iii
Diante do que já vimos sobre o mascaramento por via aérea, podemos, então,
responder a duas perguntas fundamentais.
Sempre que ela possuir uma diferença igual ou maior do que 40dB com a via
óssea contralateral.
Exemplo:
Frequência de 1000 Hz
OD OE
VA: 60 dB VA: 10 dB
VO: 10 dB
Esse raciocínio deve ser realizado para todas as frequências de via aérea dos
dois lados após a determinação do seu limiar. Após esse cálculo e a identificação
de quais frequências precisam ser retestadas com o uso do mascaramento
contralateral, vamos para a segunda pergunta “como mascarar?”.
57
Unidade iii | Audiologia básica
Frequência de 1000 Hz
OD OE
VA: 60 dB VA: 10 dB
VO: 10 dB
60 x
60 x
60 20
58
Audiologia básica | Unidade iii
60 30
Como já dito acima, para ter certeza de que a orelha esquerda não está
respondendo precisamos de três platôs e, para isso, colocamos mais um
incremento de 10 dB de ruído (30 +10=40):
Limiar 1000 Hz VA OD mascaramento OE por VA
60 x
1 platô
60 20
2 platô
60 30
40
Igual já realizado antes, agora com esse novo valor de ruído precisamos pesquisar
novamente o limiar da orelha direita:
59
Unidade iii | Audiologia básica
É interessante observar que ao final do teste a orelha esquerda, que era a orelha
a ser excluída do exame, apresentava uma falsa perda auditiva de 40 dB (valor
final de ruído utilizado no mascaramento). Por isso, podemos afirmar que
causamos uma falsa perda auditiva, a qual seria o equivalente a tampar o olho
na pesquisa da acuidade visual.
60
Audiologia básica | Unidade iii
Existem casos em que o lado que iremos colocar o ruído também apresenta uma
perda auditiva e, por isso, o valor do mascaramento inicial já é alto. A maioria
dos audiômetros possuem saída máxima de ruído mascarante de 100 dB. Caso o
valor inicial do ruído já seja próximo à saída máxima do equipamento, podemos
fazer uso de incrementos de 5 B ao invés de 10, para que possamos achar os 3
platôs.
61
Unidade iii | Audiologia básica
Via óssea
A pesquisa de via óssea é fundamental para a audiometria, pois é por meio dela
que conseguimos realizar o topodiagnóstico da perda auditiva, classificando seu
tipo. Além disso, é observando o valor dela que analisamos quando precisaremos
mascarar via aérea e fala.
Pelo fato de a atenuação de via óssea ser zero, SEMPRE teremos que mascará-la,
uma vez que a via óssea contralateral frequentemente estará ajudando. Vejam o
exemplo abaixo:
Exemplo:
62
Audiologia básica | Unidade iii
Frequência de 1000 Hz
OD OE
VA: 60 dB VA: 10 dB
VO: 10 dB
10dB de vibração
“Som”/vibração- 100 dB
S
20 dB
Como para toda regra existe uma exceção, aqui também possui. Na verdade,
existem dois casos em que não precisaremos retestar a via óssea com mascaramento
contralateral. Veremos agora os dois.
O primeiro caso é quando a via óssea está acoplada em via aérea, conforme
exemplo abaixo:
Frequência de 1000 Hz
OD OE
VA: 40 dB VA: 40 dB
VO: 40 dB VO: 40 dB
63
Unidade iii | Audiologia básica
Sabemos que a via óssea nunca pode ser pior que a via aérea (pois a via óssea
está contida, ou seja, faz parte da via aérea) e sempre que retestamos um
limiar auditivo com mascaramento ou ele se mantém ou ele piora (ele nunca
melhora). Assim, quando a via óssea está acoplada ela não poderá piorar, então
só resta manter o valor que encontramos. Essa situação de VO estar acoplada é
normalmente encontrada em perdas auditivas sensorioneurais simétricas.
A outra exceção é quando a via óssea testada é muito melhor que a contralateral e
não pode ser ajudada, conforme exemplo abaixo:
OD OE
VA: 60 dB VA: 40 dB
VO: 60 dB VO: 10 dB
Essa análise descrita acima deve ser realizada em todas as vias ósseas pesquisadas
e, caso detectada necessidade, devem ser retestadas com mascaramento. Veremos,
agora, como realizar esse mascaramento.
A técnica para mascarar a via óssea é exatamente a mesma utilizada para a via
aérea. Os incrementos de 10 dB de ruído são dados na via aérea contralateral até
se obter 3 platôs da via óssea pesquisada. Aqui, é necessário bastante atenção,
pois o principal erro observado na prática clínica é a colocação de ruído em
cima de via óssea.
Como o ruído é dado por via aérea, precisamos posicionar na cabeça do paciente
o fone e o vibrador. Primeiro, deve-se colocar o vibrador na posição de pesquisa
e, então, por cima o fone. Importante ressaltar que deve ficar encaixado no ouvido
do paciente apenas o fone do lado do ruído, o lado que o vibrador está colocado
não pode ter a orelha tampada pelo fone (o fone desse lado pode, por exemplo,
ser apoiado na testa. Para isso, basta diminuir o tamanho da alça do fone).
64
Audiologia básica | Unidade iii
Frequência de 1000 Hz
OD OE
VA: 40 dB VA: 10 dB
VO: 10 dB
10 x
10 x
10 20
Para termos a confirmação de que esse limiar encontrado é o real daquela orelha e
não resposta do outro lado é necessário encontrarmos 3 platôs seguidos, ou seja, 3
manutenções do limiar com incrementos de 10 dB de ruído mascarante.
65
Unidade iii | Audiologia básica
Como já dito acima, para ter certeza de que a orelha esquerda não está
respondendo precisamos de três platôs e, para isso, é necessário colocar mais um
incremento de 10 dB de ruído (30 +10=40).
Igual já realizado antes, agora com esse novo valor de ruído, precisamos
pesquisar novamente o limiar da orelha direita:
66
Audiologia básica | Unidade iii
Frequência de 1000 Hz
OD OE
VA: 60 dB VA: 10 dB
VO: 10 dB
67
Unidade iii | Audiologia básica
10 x
20 20
30 30
40 40
Podemos observar que a VO piorou até chegar no mesmo valor da via aérea
do mesmo lado (40dB). Como a via óssea não pode ser pior que via aérea, ao
acoplar, a pesquisa com mascaramento contralateral pode ser encerrada.
Como a via óssea precisa ser retestada com mascaramento sempre, uma tática
utilizada por muitos para agilizar o exame é realizar a pesquisa inicial da via
óssea com o paciente já posicionado com o fone contralateral para mascarar. Ao
se realizar a pesquisa, caso não acople já se retesta com o mascaramento. Essa
prática agiliza o exame, porém só deve ser realizada quando o examinador já
tiver, bem assimilados, os conceitos e a técnica do mascaramento para que não
ocorram erros.
Para mascarar tanto a via aérea quanto a óssea usamos a técnica do platô,
em que damos incrementos de 10 dB na orelha que queremos excluir até
obtermos 3 manutenções de resulta na orelha que estamos pesquisando o
limiar.
68
Audiologia básica | Unidade iii
A primeira coisa que precisamos nos atentar é que o teste de fala é realizado por
meio de fones, por isso o raciocínio de quando mascarar se assemelha ao que
realizamos para tonal via aérea.
LRF
69
Unidade iii | Audiologia básica
IRF
LDF
MT VO:20 dB
Mesmo o LDF não exigindo detecção e tendo uma atenuação interaural menor, o
raciocínio ainda se mantém e é necessário retestar esse LDF. Porém, o cálculo de
perda de intensidade será de 40 (70 - 40 =30).
Após a análise do que precisa ser retestado, vamos ver como fazer.
70
Audiologia básica | Unidade iii
IRF
+ 30
-------
70
71
Unidade iii | Audiologia básica
LRF
+ 30
-------
35
LDF
MTVO: 20DB
+ 30
-------
80
72
Audiologia básica | Unidade iii
Imitanciometria
Neste item falaremos sobre a imitanciometria e seus dois principais testes:
a timpanometria e a pesquisa da curva timpanométria. Ao final, também
relacionaremos seus achados com a audiometria, uma vez que esta é uma das
principais análises que realizamos na nossa prática clínica.
Porém, temos que ter cuidado com o uso do equipamento automático. Em casos
de curvas timpanométricas atípicas, pode ser difícil identificar o traçado que
aparece no visor. Além disso, oriento sempre que a pesquisa do reflexo seja
feita de forma manual, pois as intensidades pesquisadas de forma automática,
muitas vezes, não são as mais baixas que geram reflexo. Caso o equipamento
disponível seja o manual, é necessário saber o passo a posso da timpanometria,
pois teremos que realizá-la.
Timpanometria
A timpanometria é um procedimento objetivo que auxilia no diagnóstico de
alterações na orelha média. Ela é a medida da variação da imitância do sistema
auditivo em função da variação da pressão inserida no meato acústico externo.
O registro gráfico dessa variação é feito no sentido horizontal, em função
da variação de pressão, e no sentido vertical, em função da mobilidade ou
admitância (conforme podemos observar na figura abaixo). Esses registros são
conhecidos como Curvas timpanométricas ou timpanogramas.
Admitância
Pressão
74
Audiologia básica | Unidade iii
Esses três pontos encontrados servirão para desenharmos a nossa curva. Porém,
após encontrados os 3 valores, observaremos, conforme a figura abaixo, que a
curva está “voando”.
75
Unidade iii | Audiologia básica
A partir daí, com a curva com +200 igual a zero, conforme observamos abaixo,
realizamos a classificação da curva encontrada.
Curva tipo A
76
Audiologia básica | Unidade iii
Curva tipo Ar
A curva tipo Ar, também conhecida como As, ocorre quando há rigidez no
sistema. Um bom modo de associar é o “r” com a rigidez. Por ser uma variante
da curva tipo A, seu pico acontece na faixa de pressão entre +50 a -100 DaPa,
porém a compliância é reduzida abaixo de 0,3mm, conforme podemos observar
na figura abaixo:
A curva tipo Ar, como está relacionada à rigidez do sistema, também está
relacionada ao componente condutivo, principalmente à otosclerose. Como
citado na descrição da curva tipo A, precisamos lembrar que existem variações
77
Unidade iii | Audiologia básica
pessoais e pode existir pessoas que, naturalmente, possuem uma rigidez maior e
que para ela isso é normal. É por isso que podemos encontrar audição normal em
pessoas com curvas timpanométricas tipo Ar.
Curva tipo Ad
A curva tipo Ad é a última variante da curva tipo A. Igual a Ar, por uma
variante do tipo A, acontece na faixa de pressão entre +50 a -100 DaPa, porém
sua compliância é grande, apresentando admitância maior que 2,5mm. Abaixo,
podemos observar um exemplo de curva timpanométrica Ad:
Curva tipo C
78
Audiologia básica | Unidade iii
Curva tipo B
79
Unidade iii | Audiologia básica
A curva pico positivo se caracteriza pela pressão do pico ser maior que +50
DaPa. Ela é encontrada em pessoas que têm o costume de realizar a manobra
de valsalva. A audiometria desses indivíduos não apresenta nada característico,
podendo ser encontrado um exame normal. Abaixo, vemos um exemplo da
curva:
Figura 30. Exemplo de curva timpanométrica tipo Pico Positivo (orelha esquerda).
A curva duplo pico, como o nome já diz, caracteriza-se pela presença de dois
picos em momentos diferentes, conforme vemos abaixo:
Figura 31. Exemplo de curva timpanométrica tipo Duplo Pico (orelha direita).
80
Audiologia básica | Unidade iii
membrana que teve origem embrionária tem mais rigidez, uma vez que possui
a camada membranosa (que só se desenvolve na fase embrionária) e outra parte
mais flácida, a regenerada, que não possui a camada fibrosa.
Esse achado também não possui uma audiometria característica. Caso o paciente
não tenha mais otites, podemos encontrar uma audiometria normal.
81
Unidade iii | Audiologia básica
82
Audiologia básica | Unidade iii
Além disso, há algumas dicas que podemos observar para considerarmos que o
que vimos no imitanciômetro é realmente reflexo. Abaixo, vamos descrevê-las:
83
Unidade iii | Audiologia básica
Após a pesquisa dos reflexos acústicos, duas análises devem ser feitas: uma do
lado em que ele foi captado e a outra do lado que foi eliciado.
84
Audiologia básica | Unidade iii
» Na lesão retrococlear:
86
Audiologia básica | Unidade iii
87
AUDIOLOGIA BÁSICA UNIDADE IV
Até aqui, estudamos como acontece a avaliação audiológica básica padrão, suas
técnicas e seus possíveis resultados. Porém, a técnica a ser utilizada e como
iremos dar o laudo varia um pouco a depender da idade da pessoa avaliada,
principalmente se falarmos da avaliação infantil.
CAPÍTULO 1
Avaliação auditiva na criança
88
Audiologia básica | Unidade iv
Abaixo, podemos ver um resumo das técnicas que serão estudadas, segundo a
idade em que cada uma é utilizada.
» 0 a 6 meses
Reflexo Cócleo-palpebral
89
Unidade iv | Audiologia básica
» 06 meses a 2 anos
Audiometria Lúdica
O instrumento deve ser percutido ao lado da criança sem que ela veja o movimento.
O responsável deve ser orientado para que não se assuste e não interfira no
resultado. Essa pesquisa não deve ser realizada caso a criança esteja chorando.
Podemos ter como resposta o RCP presente ou ausente. Vejamos, abaixo, o que
cada um desses resultados significa:
90
Audiologia básica | Unidade iv
Observe que apenas com o RCP podemos já ter uma ideia da audição da criança
e em casos presentes eliminar perdas auditivas grandes e bilaterais. Costumo
realizar sua pesquisa logo no início da avaliação, pois assim já podemos “ter uma
ideia” da audição de quem vamos avaliar.
Para sua realização é necessária uma sala silenciosa, além disso, a criança não
pode estar chorando e nem sonolenta. Serão dados estímulos sonoros a 20 cm
do pavilhão auricular (de um lado e depois do outro), durante 10 a 20 segundos,
e será realizada a observação do comportamento (se a criança responde ao
estímulo dado). Aqui, também é necessário tomar cuidado para que a criança
não veja o estímulo a ser dado.
A posição que a criança ficará no colo do responsável vai depender da idade. Até os
5 meses, fazemos com a criança deitada e, a partir daí, sentada (uma vez que com 5
meses espera-se o controle de tronco).
91
Unidade iv | Audiologia básica
Existem Kits que já são vendidos prontos para essa função (chamados de
“bandinha” ou Kit auditivo) e já possuem a caracterização de cada estímulo.
92
Audiologia básica | Unidade iv
93
Unidade iv | Audiologia básica
Se a criança permitir a colocação dos fones, será possível fazer a avaliação separada
das orelhas. Mas, caso o exame tenha que ser feito em campo livre, os resultados
obtidos corresponderão à resposta da melhor orelha. O estímulo usado deve ser
prioritariamente o Warble, pois ele é mais interessante e tende a chamar mais a
atenção da criança.
Examinador
Cabine Acústica
Audiômetro
Reforço visual
Reforço visual
e
e
caixa acústica
caixa acústica
Paciente
94
Audiologia básica | Unidade iv
Independente do lado que o som está sendo dado (seja por fone ou por caixa),
usamos apenas o estímulo luminoso de um lado como reforço positivo,
conforme figura abaixo. Precisamos lembrar que estamos avaliando crianças
muito pequenas e que esse conhecimento de lateralidade ainda está sendo
formado, não existe consciência de som apresentado em direita e esquerda, e
ao ouvir o som de qualquer lado ela vai estar apenas em busca do reforço visual.
Caso fôssemos usar a obrigação de a criança olhar para o reforço visual do lado
em que o som é apresentado, precisaríamos realizar um novo condicionamento
a cada mudança de orelha (lembrando que em crianças alternamos as orelhas
durante a testagem), tornando o exame inviável.
Examinador
Reforço visual
Reforço visual
e
e
caixa acústica
caixa acústica
Paciente
Sabemos que a audição vai muito mais além do que apenas detectar
sons. Precisamos processar a informação que nosso sistema auditivo
periférico capta. A parte periférica já nasce pronta, porém a parte central
se desenvolve durante a vida, mediante a estimulação auditiva. Apesar
de algumas habilidades auditivas se desenvolverem até a adolescência,
a maior parte do sistema auditivo central (principalmente até tronco
encefálico) se desenvolve até os dois anos; e qualquer atraso nesse
desenvolvimento pode trazer prejuízos. É por isso que, até os dois anos
de idade, é fundamental realizar a pesquisa do desenvolvimento auditivo,
além da pesquisa da acuidade auditiva e registrar seu resultado no exame.
96
Audiologia básica | Unidade iv
RN Despertar do sono
03 – 04 meses Virada rudimentar para os lados
04 – 07 meses Localiza para os lados
Localiza para os lados
07 – 09 meses
Localiza indireta para baixo
Localiza para os lados
09 – 13 meses
Localiza direta para baixo
Localiza para os lados
13 – 16 meses Localiza direta para baixo
Localiza indireta para cima
Localiza para os lados
16 – 21 meses Localiza direta para baixo
Localiza direta para cima
21 – 24 meses Localiza para qualquer ângulo
Fonte: elaborada pelo autor.
Devemos sinalizar o que a criança é capaz de fazer (exemplo: criança lateraliza para
os lados e de forma indireta para baixo) e na conclusão colocar o que podemos
inferir da pesquisa que realizamos (exemplo: pesquisa do desenvolvimento
auditivo adequada para a idade/pesquisa do desenvolvimento indica atraso
para a idade).
97
Unidade iv | Audiologia básica
Audiometria lúdica
A audiometria lúdica abarca uma faixa ampla de idade, vai de a partir de 2 anos até
7 anos (onde já podemos realizar a audiometria semelhante ao adulto). Porém,
dos 2 aos 4 anos a audiometria lúdica apresenta características diferentes da
realizada após os 4 anos. Por isso, vamos separar a discussão nessas duas faixas
de idade.
Uma questão bastante observada aqui é o medo, por isso, a criança tem que estar
mais segura e confiante possível. Sempre devemos ter por perto o responsável
e, caso necessário, solicitar sua ajuda. Além disso, desde o começo devemos
conversar também com a criança (de forma descontraída) e não só com os pais.
Um outro ponto a ser avaliado e tentado é o uso de fones para que possamos
avaliar cada lado de forma separada. Caso a criança ainda não permita, deve-se
realizar em campo livre, avaliando, então, a melhor orelha.
Aqui, o medo ainda pode existir e simular no responsável como será o exame
para mostrar que não dói, muitas vezes funciona. A partir de 4 anos a colocação
do fone é praticamente sempre permitida. O ideal é continuar fazendo o uso
de Warble. A escolha entre realizar pesquisa de limiar ou níveis mínimos
de resposta ou se serão pesquisadas todas as frequências ou apenas de 5000
a 4000 Hz irá depender da avaliação do comportamento da criança, da sua
99
Unidade iv | Audiologia básica
motivação e do seu tempo de atenção. Sempre temos que tentar fazer o exame
o mais completo possível.
Caso a criança já repita (pode-se usar a brincadeira do papagaio, onde ela deve
repetir tudo que for dito), deve-se realizar o LRF e o IRF.
O medo também está presente aqui e, quando a criança é pequena e não permite
a colocação dos fones, muitas vezes o exame precisa ser realizado com a criança
dormindo, em um momento diferente da audiometria. Nesses casos, podemos
também optar por realizar apenas a pesquisa dos reflexos ipsilaterais, pois assim
não será necessária a colocação do fone.
Diante de tudo que foi exposto até aqui, observamos que a avaliação
auditiva infantil exige paciência, dedicação e entendimento da fisiologia e do
desenvolvimento da audição. Ela é fundamental para todas as crianças, mas,
100
Audiologia básica | Unidade iv
101
CAPÍTULO 2
Avaliação audiológica em adultos
O principal achado que temos para os casos de respostas ruins para audiometria
tonal é a incompatibilidade com a vocal. O paciente tende sempre a responder
bem aos testes de fala e, mesmo que nos testes de fala ele também queira simular
uma perda, ele não consegue fazer de forma que tonal e vocal sejam compatíveis.
103
CAPÍTULO 3
Avaliação audiológica em idosos
A avaliação auditiva em idoso possui uma importância ímpar, uma vez que
sabemos que a presbiacusia acontece devido ao envelhecimento e que, nesta
população, a perda auditiva costuma acarretar um importante isolamento social
e, por consequência, piora na questão cognitiva.
104
Audiologia básica | Unidade iv
óssea, o que estende mais ainda o tempo do exame. Algumas vezes é necessário
realizar o exame em mais de um encontro, para que o paciente esteja sempre
atento. Caso não seja possível um novo encontro, pode-se lançar mão de uma
pausa no exame, para o paciente beber água ou ir ao banheiro.
Temos, a cada dia que passa, um maior número de idosos que necessitam de
cuidados com a saúde, inclusive audição, de forma completa e acolhedora. É
nosso papel atender essa população de forma mais zelosa possível, sempre
visando o seu bem-estar.
105
PARA (NÃO) FINALIZAR
Neste material, vimos o quão complexa é a avaliação auditiva básica, mas que,
se bem compreendida, pode ser realizada de forma tranquila e segura. A técnica
realizada de forma correta é importante, porém nunca podemos esquecer que
estamos lidando com um ser humano, que não possui apenas duas orelhas, mas,
sim, características e dificuldades próprias.
106
REFERÊNCIAS
BASTOS P. W.; MATTOS C. R. Física para uma saúde auditiva. Revista Brasileira de
Pesquisa em Educação em Ciências, São Paulo, v. 9, pp. 1-26, 2009b.
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de audiologia. São Paulo: Editora Santos, pp. 3-16. 2012.
FRAZZA, M. M. et al. Audiometria vocal e tonal. In: MUNHOZ, M. S. L. et al. (Orgs.). Audiologia
clínica. São Paulo: Atheneu, pp. 49-72. 2003.
GANANÇA, M. M. e col. Audiologia clínica – vol. 2 – série Otoneurologia. Ed. Atheneu São
Paulo, 2000.
107
Referências
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São Paulo; 1989. p. 102. Lei n. 6965/1981, de 9 de dezembro de 1981.
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São Paulo: Editora Santos. pp.13-144. 2012.
MENEZES, P.L.; NETO, S.C.; MOTTA, M. A. Biofísica da Audição. São Paulo: Lovise, 2005.
REDONDO, M. C.; FILHO, O. L. Testes básicos de avaliação auditiva. In: FILHO, O. L. (Orgs.).
Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Tecmedd. pp. 89-110. 2005.
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clínico: aplicabilidade dos métodos platô e otimizado na pesquisa dos limiares auditivos.
Pró-Fono R. Atual. Cient. [Internet]. 21(4):333- 338. 2009.
Imagens
Figura 6 - Orelha externa, média e interna. Disponível em: https://br.depositphotos.com/stock-
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108
Referências
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