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—_— ee COLOCACAO DE ALGUNS PROBLEMAS FUNDAMENTats Um cientista, seja tedrico ou experimental, formu deemunciados e verifica-os um a um, No campo das cien cularizar, ele formula hipdteses ou sistemas de teorias ean tando-os coma experiéncia, através de recursos de observacio e experimentacao, A tarefa da l6gica da pesquisa cientifica, ou da logica do conhecimento, é, segundo penso, proporcionar uma anise logica desse procedimenty a lisa 0 método das ciéncias empiricas. '@ enunciados ou sistemas as empiricas, para parti- ibmete-os a teste, confron- ou seja, ana- Que slo, entretanto, esses “métodos das cigncias empiricas’? A que damos 0 nome de “ciéncia empirica”? 1, O PROBLEMA DA INDUGAO Segundo concepcao amplamente aceita — a ser contestada neste livro —, as ciéncias empfricas caracterizam-se pelo fato de empregarem os chamados “méto- dos indutivos. De acordo com essa maneira de ver, a légica da pesquisa cientifica se identificaria com a Légica Indutiva, isto é, com a andlise ldgica desses métodos indutivos. Ecomum dizer-se “indutiva” uma inferéncia, caso ela conduza de enunciados singulares (por vezes denominados também enunciados “particulares’), tais como ‘escrigdes dos resultados de observagdes ou experimentos, para enunciados univer- “ais tais como hipéteses ou teorias. Or, estd longe de ser ébvio, de um ponto de vista logico, haverjusifiativa *» inferir enunciados universais de enunciados singulares, independentemente de a odo one feito, qualquer conclusio colhida desse m Pode revel e elas ndependentemente de quanos caso cise ra ve 7 : i Pode revelar-se falsa: indepen denen fo de que Todos os canes 0, e-em que condi- tao de saber se as inferéncias i ida como o probler a © problema da indugao também pode se "alidade ou verdade de enunciados univers emp. Meas. ore as hipéteses € 08 sare grit Gnunciados universais fam, com efeito, que a verdade A Ses é cone, io. x apresen! ais que et ado como a indagacio acer- sncontrem base na experién- Matas pes- & ‘vonhecida yea descricio de uma experi, rcqntudo, eo GAO GET 56 pode ser um ena és depend ont experimen 86 pode serum mg Nesses termos, 88 PeS80a8 que dizzy averdade de um enunciado universe jado universal pode, de ung mea verdade desse enuncia : le uma for te dint dade de enuiciadossingulares ¢ que, Por expenincs scence jndutiva. Assim, indagar se hd Lear eee eae ae Sagar as ineencias indies esti lpang Se desejarmos estabelecer um meio de justificar as inferéncias indutivas, remo antes de tad, procurar determinar um principio indi. Taping feria um enunciado capaz de auxiliar-nos ‘ordenar as inferéncias indutivas eq forma ogicamente aceitével, os olhos dos defensores da Ogi tipo de induclo & de extrema importincia para o método clentifico: “se pn tipio, diz Reichenbach, “determina a verdade das teorias cientificas. Eliminé-lo dy CCiénciasignficaria nada menos que privi-la do poder de decidir quanto A verdade ‘ou falsidade de suas teorias. Sem ele, a Ciéncia perderia indiscutivelmente o dieio de separar suas teorias das criagOes fantasiosas e arbitrarias do espirito do poe" ra, o principio de inducdo nio pode ser uma verdade puramente gic, «como uma tautologia qu um enunciado analitico, De fato, se existsse ago asin onio-uim principio puramente Togico de indugao, nao haveria problema de ide ‘¢40, pois, em tal caso, todas as inferéncias indutivas teriam de ser encaradas com transformagdes puramente ldgicas ou tautoldgicas, exatamente como as inferéncis ee ae sendo, o principio de indugio hi de cons: teen Sirens enunciado cuja negacao nao se most nt ossivel. Dessa maneira, surge a questio de i Por que tal principio deveria mer - fe : pee ga Principe deveria mereceracitacio como poderiamos jusifca Ihe Indutiva,um pi Alguns dos que acredit é acomparhende Recast a Légiea Tndutiva apressam-se 2 asin peel Que °o principio de inducao é aceito sem rese™™ i dade Cnc e hone alum ode aocar seriamente em divi! cuca fone nto tmbsim na vida cotidiana® Contudo, ainda amit + afinal, “a totalidade da Ciencia” poderia estar «#48 €ucontinuariaasustentar Pm jue f i Ziraincoerencias logican som PENCBO de indugao é supéritu e dee 7 as podem s ‘to algo quence defeat BE ilmente, com respeto ao principe i ce ean vera ter dexado claro.” também que si", ‘euskis yoru ex tm enncan ue i tes \ Relceabach dy pea lo universal. Assim, se tentarmos conse Reichenbach, ne OPROBLEMA DA “BASE EMPIRICA” Sea fseabiidde puder ser tilizada como critério de demarcagio, deverio ‘exit enunciados ingulares que sirvam como premissas das inferencis falseado sa aperentemente portant, nosso critério apenas deslocao problema ~ leva-nos cnrek eens onl poe ‘empirico das teorias para a questio do cariter em: _Apesar dss, contud algo se ganha. Com efeito, na pritic pritica da pesquisa cien- Meare pecrenee he craeciatnstata tn ede sistemas tetrcs de paso que, em face de enunciados singulares,raramente surge duivida quanto 2 apresentarem carter empiri. F certo que ocortem erros de observa nes Bs observagio e que ees ode drei a nna snglares also, mas o cientistararament em ‘aslo de apresentar um enunciado singular como nio empirico ou metafisico. Osprafiemas ca base emprrica — = ‘ou seja, 0 problemas concernentes a0 carter ‘empirico dos enunciados singulares ¢ & maneira de submeté-los & prova — desem- percepts enteverdade no que repel © enunciados bisicos. (Chamo de “enunciad0 __Trequentemente so sexperiéncias percoptuas encaradas como passive fornecer uma espécte de justificagio para oy enunciados biscos, Sengease oes tis enunciados se “baselan” nessa experéncis; que sua verdade se tora Seana, festa por inspect através dessa experincias ou ue se torn “evident por fonea detals experiéncias, e assim por diante, Todas essas expressbes traduzem a tendéee ressdes traduzem a cia perfeitamente wel de dar énfase A estreita conexio entre enunciados | bisicos te nossa experiéncias perceptuais. Contudo, sentu-se também, corretamente ‘enunciados s6 podem ser logicamente justificados por exunciados. Assim, a coneaag entre percepgdes ¢ enunciados permanecia obscura e era descrita por expresses ‘ou, quando muito, anuviavam-nas com metiforas. Aqui, ainda uma vez, segundo me parece, é possivel chegar a uma solugio, ‘caso separemos 08 aspectos psicoldgicos do problema de seus aspectos ligicos ¢ metodologicos. Precisamos distinguir, de uma parte, nossas experiéncias subjetivas ‘ou nosso sentimento de conviccdo, que jamais podem justificar qualquer enunciado Terps rar sect da kavesigsch pals Migten Eile its pararae Pelagbes Tégicas objetivas, que se manifestam entre os virios sistemas de enunciados iemtficos e dentro ¢ um deles, “= Os problemas relacionados com a base empirica serio examinados, com al gum pormenor, nas segdes de niimeros 25 a 30, Por ori, convira que nos voltemos para o problema da objetividade cientifica, de vez.que as termos “objetivo” e “subje tivo’, que usel acima, reclamam elucidagao, 8. OBJETIVIDADE CIENTIFICA E CONVICGAO SUBJETIVA {As palavras “objetivo” e “subjetivo” sho termos floséficos pesadamente one- rados por uma tradigio de usos contraditérios ¢ de discusses interminaveis ¢ inconcludentes. ‘0 uso que fago dos termos “objetivo” e “subjetivo” nio difere do de Kant. Ble i ue o conhecimento cientifico deve ser justi- ive, independentemente de capricho pessoal; uma justificagao sera “objetiva” se ider, em principio, ser submetida 4 prova e compreendida por todos. “Se algo for ‘Vilido® escreve Kant, “para todos os que estejam na posse da razao, seus fundamen ‘408 serio objetivos ¢ suficientes’' Ora, eu sustento queas teoriascientificas nunca sio inteiramente justificaveis Ou verificiveis, mas que, nao obstante, sio suscetiveis de se verem. ‘submetidas & pro- & ‘consequentemente, que a objetividade dos inciados cientificos reside | na circunstancia de ele: rersubjetivamente sul . . rit derreinen Vermunt, Meo we; 2, Haupstucks 3, Abschitt (2 ed. p. 848% versto inglesa de N. oa et em on Tie Tcl Dine Min BS) yy epee formulagior com _o teste intersubjetivo ¢ um mero aspecto importante se i ups ean cee mi Porn “Mo critica. Essa deta mais apresentada com minvicias em me ‘tii nner Po ft on coe pom im ‘com as a surgi, por exemplo, ee ‘bém podem atuar como “eausas subj i ere seu cariter COBEN eae ecer que a objetividade dos enunciadog Se ae 166 quando certos acontecimentos 4s ser submetidas 4 prova — em as observages io tomamos muito seriamente Nem mesmo Nic tomamos mu se epetem segundo regra passives de reproducio, podem principio ~ por qusluer pesos. Nao tom va cpservagoes ¢-nio as vemos como observ sass Siete bc pa ment pmsl J sis mos epetido < submeido PoTar frentea ma simples “oincdén- aoe eee ore Te acotecimentos que, por forga de sua regularidadee Se aterato,colocam-se, em principio, como intersubjetivamente suscetiveis de prova Todo fisico experimental conhece os surpreendentes ¢inexpli aparentes que, no laboratrio, podem talvez.reproduzir-se por algum tempo, mas {que ao final desaparecem sem deixar trago. Nenhum fisico, naturalmente, dira que num desses casos cle realizou uma descoberta cientifica, embora possa tentar dar nova fisionomia aos experimentos, de modo a tornar o efeito suscetivel de repeti so. O efetofisco, cientificamente significativo, pode ser definido como passivel de set regularmente repetido por qualquer pessoa que realize o experimento adequs- do, segundo 0 modo prescrito, Nenhum fisico de peso daria divulgacao, em termos de descoberta cientifica, a qualquer desses “efeitos acultos”, coma proponho chamé los — experimentos para cuja reprodugdo nao seria viével oferecer instrugbes. A escobert seria de pronto rejeitada como quimérica, simplesmente porque tent le submeté-a a testes conduriiam a resultados negativos.* (Dai decorre que Aveis “efeitos” 2 we 2 it dr nen Ven, Toscendrale Hentai eng mith 33, Cg of Po Reson, raced Dect of Heme pg ee oe 4 CLR der ein Vern Methodenehe, i if he. 2. Haypatuck; 3, Abschnt (2d, p. 849, vero ingles ca. ‘seen is tor evils ee ge cles devem scp eda si cane (rincpo er ane oie one ce eee ig enc cee eran treo se memes en : repeido, por ‘esha empl do ey totes poserior ‘ado por le (921 a ram a resltadon nega: Be ie: (121-1925) no ceva de Met Wise ae Teo de Michelson cme ‘rare cl ago de Miho, Como nose a2 POO Miler (e More) have {Eero ko a nea ses mon eee omen conc ft de aes dese monte comodecanee, das deer" Ver ‘rplicando retado ano? 2 a seo 22 parcularment sot" season inte de repeaa aeese SET very em prin ’ Semrdeumit controversia Sm Yoltemos, ager a wm Ponto que assinalei na segio anterior — a minha tese ue uma experiéncia subjetiva, ou um sentiment de convied, jamais ear um enincido denice saree quadros da cléncia, ele nl esempenha papel algum, exceto o de objeto de Lunia investigacio empirica (psi- logis). Por mas intenso-que seja um semtimento de conviedo, cle ray Justficar um enunciado. Assim, posso estar inteiramente convencido da verdade de uum enunciado, estar certo da evidéncia de minhas percepyies:tomado pela inten | sidade de minha experié la diivida pode parecer-me absurda. Mas estaria ai “uma razio qualquer para a ciéncia aceitar meu enunciaco? Pode qualquer enunclay “Ao encontrar justficativa no fato de K.R.P.estar totalmente convencido de su ver dade? A resposta ¢ “ndo’,e qualquer outra resposta se mostraria incompativel com a ideia de objetividade cientifica, Mesmo o fato — para mim tio firmemente esta beecido — de que estou experimentando esse sentimento de convieeio nio pode colocar-se dentro do campo da ciéncia objetiva, a nao set sob forma de uma hipdtese ‘Pacoligica que deve, naturalmente, ser objeto de teste intersubjetivo: da conjectura

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