You are on page 1of 53

Educação

Inclusiva
Unidade 1
Educação Especial no Brasil e no Mundo
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
TULIANE FERNANDES DUTRA
ISABELA CRISTINA MARINS BRAGA
AUTORIA
Tuliane Fernandes Dutra
Eu, Tuliane, sou formada em Pedagogia e Sistemas de Informação,
com experiência técnico-profissional na área de Análise de Sistemas e
desenvolvimento de materiais para Educação a Distância há mais de 15
anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência
de vida.

Isabela Cristina Marins Braga


Eu, Isabela, sou Doutora em Educação (UCB-DF), Mestre em
Educação (UCB-DF), especialista em Gestão Empresarial (Instituto
de Ensino Superior Cenecista de Unaí) e graduada em Administração
(Instituto de Ensino Superior Cenecista de Unaí). Professora da Faculdade
de Ciências e Tecnologia de Unaí – FACTU desde 2013, lecionando as
disciplinas de Metodologia do Trabalho Acadêmico, Pesquisa Aplicada,
Hermenêutica, Teorias das Organizações, Gestão de Pessoas 1 e 2,
Comportamento Organizacional, Gestão Estratégica, Negociação e
Resolução de Conflitos, Administração da Produção e Economia básica.
Sou orientadora de Trabalhos Acadêmicos, examinadora de bancas de
monografia, revisora e consultora de trabalhos acadêmicos, além de
pesquisadora do grupo de Pesquisa de Políticas Federais de Educação –
GPPFE da UCB-DF

Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu


elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessária as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido
sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Educação Especial no Mundo ....................................................................10

Da Antiguidade a Idade Média...............................................................................................10

Criação das instituições especializadas para atender as pessoas por tipo

de deficiência...................................................................................................................................... 13

Educação Especial no Brasil........................................................................ 19

Médico-pedagógica.......................................................................................................................24

Vertente psicopedagógica........................................................................................................25

Terminologias utilizadas na história da Educação Especial..............................26

Legislação da Educação Especial: percurso histórico...................30

Como tudo começou................................................................................................................... 30

Legislação Brasileira......................................................................................................................33

Educação Especial versus Educação Inclusiva..................................42

Inclusão social....................................................................................................................................45
Educação Inclusiva 7

01
UNIDADE
8 Educação Inclusiva

INTRODUÇÃO
Olá estudante!

Nesta unidade de estudo, vamos abordar sobre a história da


Educação Especial no Mundo e no Brasil. Você sabe como as pessoas
com deficiência eram vistas e tratadas pela sociedade? Quando as
pessoas com deficiência começaram a ser reconhecidas e valorizadas
como cidadãos? É importante que você compreenda que a Educação
Especial é o primeiro passo para a Educação Inclusiva. Dessa forma, você
estudará o percurso da legislação brasileira na Educação Especial até
os dias atuais, em que a sociedade e o governo buscam uma Educação
Inclusiva de qualidade para todos. Mas afinal, qual a diferença entre
Educação Especial e Educação Inclusiva? Você sabe? Vamos descobrir?

Bons estudos!
Educação Inclusiva 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Entender a história da Educação Especial no mundo, seus marcos


históricos e percurso até os dias atuais;

2. Discernir sobre o percurso histórico da Educação Especial no


Brasil até os dias de hoje;

3. Compreender o percurso da legislação brasileira referente à


Educação Especial até os dias atuais;

4. Diferenciar a Educação Especial da Educação Inclusiva.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Educação Inclusiva

Educação Especial no Mundo


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como começou a Educação Especial no Mundo. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. É importante
saber que a Educação Especial tem um papel muito
importante na história das pessoas com deficiência, pois foi
a partir dela que os indivíduos com deficiência começaram
a ser vistos como cidadãos, capazes de conviver e
desenvolver atividades em sociedade. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!

Da Antiguidade a Idade Média


Antes de adentrar a Educação Especial, vamos entender como
as pessoas com deficiências eram vistas e tratadas pela sociedade na
Antiguidade. Veja uma síntese na tabela 1 a seguir.
Educação Inclusiva 11

Tabela 1: Pessoas com deficiência da Antiguidade

ÉPOCA CARACTERÍSTICAS

Existem evidências arqueológicas que mostram que


as pessoas com deficiência ocupavam seu lugar na
sociedade, desenvolvendo suas atividades juntamente
com as outras pessoas. (GUGEL, 2010 apud SILVA,
2012). Observe na Imagem 1.

Imagem 1 - Representação de um homem com


deficiência física com a sua família.

Egito Antigo

Fonte: Stele of Roma the Doorkeeper, dedicated to the


goddess Astarte, ca 1400-1365 BC, 2020.

Neste período, as pessoas com alguma deficiência


Antiguidade não recebiam qualquer tipo de atendimento, elas eram
Clássica negligenciadas e condenadas ao abandono (SILVA,
2012).
12 Educação Inclusiva

ÉPOCA CARACTERÍSTICAS

Esta época é marcada pelo ideal da pessoa saudável


e forte. Nesse contexto, em Esparta, as crianças
nascidas com deficiências físicas ou mentais, eram
consideradas subumanas, por isso eram eliminadas ou
abandonadas. Nesta cidade, as crianças passavam pela
inspeção do Estado antes mesmo de ficarem sob os
Grécia Antiga
cuidados da família, para verificar se elas eram sadias
e fortes. As crianças com algum problema de saúde,
frágeis ou deficientes eram abandonadas até a morte.
Já na cidade de Atenas, a decisão de abandonar um
filho com deficiência ou com problema de saúde era
tomada pelo pai e não pelo Estado (SILVA, 2012).

Na Roma antiga, era o pai que julgava se a criança


com alguma deficiência ou do sexo feminino seria ou
não um adulto saudável. A criança era colocada aos
Roma Antiga
seus pés, ele fazia um sinal e o bebê era abandonado
para que morresse por falta de alimento, proteção e
cuidados básicos (SILVA, 2012).

Fonte: Adaptado (SILVA, 2012).

IDADE MÉDIA

Nesta época, por causa da propagação da doutrina cristã, esse


quadro de abandono das pessoas com deficiência é alterado, pois para
esta doutrina o homem era uma criatura divina. Logo, todos deveriam ser
aceitos e amados como tal (SILVA, 2012). De acordo com Silva (2012) é na
era cristã, que os indivíduos com deficiência foram alvo de caridade, sendo
acolhidos em conventos ou igrejas, possivelmente em troca de serviços.
Entretanto, nesta época, as pessoas com deficiências eram culpadas pela
própria deficiência, pois a deficiência era compreendida como um castigo
de Deus pelos pecados cometidos. (SILVA, 2012).

Foi na Idade Média, em Paris, por volta de 1260, que o Rei Luís IX
criou o primeiro hospital para pessoas cegas. O objetivo deste hospital era
atender os soldados que tinham ficado cegos durante a Sétima Cruzada.
Educação Inclusiva 13

O nome dado para o hospital foi Quize-Vingsts, o que significa “15 vezes
20”, ou seja, 300 soldados cegos (GUSGEL, 2010 apud SILVA, 2012).

Conforme pudemos observar, as pessoas com deficiência já foram


consideradas incapazes, foram discriminadas, rejeitadas e excluídas pela
sociedade, além de sofreram infanticídio.

De acordo com Bergamo (2012), no século XVII os deficientes


eram internados em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de
instituições, eles eram excluídos do convívio social. Somente no final do
século XVIII e início do século XIX que a sociedade passou a oferecer
ajuda assistencial (como abrigo e alimentação) para as pessoas com
deficiência, com objetivo de afastar essas pessoas da vida em sociedade,
pois os deficientes eram considerados um perigo social.

IMPORTANTE:

“A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as


pessoas com deficiência eram excluídas da sociedade para
qualquer atividade, porque antigamente eram consideradas
inválidas, sem utilidades social e incapazes para trabalhar,
características estas atribuídas indistintamente a todos que
tivessem algumas deficiência (SASSAKI, 2002, p. 31).”

Criação das instituições especializadas para


atender as pessoas por tipo de deficiência
De acordo com Sassaki (2002) foram criadas instituições
especializadas que atendiam as pessoas com algum tipo de deficiência,
por exemplo, instituições para pessoas com deficiência auditiva (surdos).
Por isso, que esse autor afirma que a segregação institucional continuava
sendo praticada. Sassaki (2002) explica que os objetivos dessas instituições
eram fornecer todos os serviços possíveis, já que a sociedade não aceitava
que as pessoas com deficiência tivessem acesso aos serviços existentes
na comunidade.
A década de 60, por exemplo, testemunhou o boom
de instituições especializadas, tais como: escolas
14 Educação Inclusiva

especiais, centros de habilitação, centros de reabilitação,


oficinas protegidas de trabalho, clubes sociais especiais,
associações desportivas especiais. (SASSAKI, 2002, p. 31)

Veja no quadro a seguir as primeiras instituições criadas e as


primeiras pessoas a explanar sobre as deficiências.
Quadro 1: As primeiras Instituições Especializadas – Parte 1

1664 - Tomas Willis publica o livro Cerebri anatome, explicando


cientificamente a deficiência mental como um produto de estruturas
cerebrais defeituosas ou eventos neurais falhos.
1690 - John Locke publica An essay concerning human understanding,
o início da teoria organicista, que explica que a deficiência decorre de
fatores orgânicos, tais como modificações estruturais cérebro. Segundo
Pessotti (1984 apud SILVA, 2012), John Locke contribuiu para o processo
de ensino das pessoas com deficiência ao ressaltar que a experiência
sensorial deve se basear na prática pedagógica e, ainda, que deve haver
individualidade no processo de aprendizagem.
Século XVII - o abade Charles Michel de L’Epée fundou a primeira escola
pública para surdos em Paris. Ele é conhecido como o pai dos surdos.
1784 - Valentin Haüy fundou o Instituto Nacional dos Jovens Cegos,
em Paris. Na época, eram utilizadas letras em relevo no processo de
aprendizagem dos cegos (Mazzotta, 2005 apud Silva, 2012).
1829 - Louis Braille, adaptou o código militar de comunicação noturna
criado por Charles Barbier de La Serre. Esse código ficou conhecido
inicialmente pelo nome de sonografia e, posteriormente, Braille.
Jean Marc Gaspard Itard - médico francês que foi o responsável por
educar o menino selvagem de Aveyron, capturado por volta de 1800.
Esse médico foi reconhecido tanto pela sua habilidade de ensinar uma
língua aos surdos quanto por sua perspicácia na reeducação de Victor
de I’Aveyron.
1832 - Foi fundada uma instituição para prestar atendimento aos
deficientes físicos, na Alemanha, em Munique.
Em Roma - A médica italiana, Maria Montessori, contribuiu para a
evolução da educação especial, ao criar um programa de treinamento
para crianças com deficiência mental nos internatos de Roma.
Fonte: Adaptado (SILVA, 2012).

Segundo Sassaki (2002), a integração social buscou a inserção


de pessoas com deficiência aos sistemas sociais como a educação, o
Educação Inclusiva 15

trabalho, a família e o lazer. O autor elucida que essa abordagem teve


incentivo de certos princípios e respectivos processos: normalização e
mainstreaming.

Normalização:
[...] significa criar para pessoas atendidas em instituições
ou segregadas de algum outro modo, ambientes tão
parecidos quanto possível com aqueles vivenciados pela
população em geral. Fica evidente que se trata de criar
um mundo (moradia, escola, trabalho, lazer etc.) separado
embora muito parecido com aquele em que vive qualquer
outra pessoa. (SASSAKI, 2002, p. 32)

Mainstreaming:
[...] uma tentativa de integração, (...) que significa levar os
alunos mais próximo possível dos serviços educacionais
disponíveis na corrente principal da comunidade. (...) ele
estudava em uma escola comum, embora se tratasse de
uma simples colocação física do mesmo em várias salas
comuns. (SASSAKI, 2002, p. 32)

Foi no século XX o início da criação das escolas especiais, com


objetivo de atender crianças e jovens com deficiência. Segundo Bergamo
(2012), essas escolas tinham um currículo próprio, diferente do ensino
regular. Era um subsistema dentro do sistema educativo geral, que
estimulava a discriminação e a rotulação social das crianças em função
de suas deficiências. Conheça as convenções, reuniões e conferências
que ocorreram no século XX:

• Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, das Nações


Unidas;

• Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990


em Jomtien, Tailândia. Esta conferência teve uma particular
importância por ser a matriz da política de inclusão brasileira;

• Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais


Especiais de 1994 em Salamanca, Espanha;

• Reunião dos Ministros da Educação da América Latina e Caribe


em 1996;
16 Educação Inclusiva

• Convenção Interamericana para eliminação de todas as formas


de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência
realizada em 1999, na Guatemala;

• Reunião Regional das Américas, preparatória para o Foro


Mundial de Educação para Todos realizada em San Domingos,
em 2000;

• VII Reunião Regional de Ministros da Educação de 2001, em


Cochabamba;

• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em


2006, que objetiva assegurar um sistema de educação inclusiva
em todos os níveis de ensino.

VOCÊ SABIA?

É importante citar, que além das conferências, também


temos as declarações, normas e cartas que buscam
garantir os direitos das pessoas com deficiência.

• 1948 - Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU): deter-


mina os direitos humanos - direito à vida, direito à integridade físi-
ca, direito à liberdade, direito à igualdade e à dignidade e o direito
à educação, são os direitos fundamentais de todos os indivíduos
e, consequentemente, estes devem ser respeitados.

• 1971 - Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Re-


tardadas (ONU): declara os direitos das pessoas com deficiência
intelectual.

• 1980 – Carta para a década de 80: organização das Nações Uni-


das. Esta carta determina metas que os países membros deverão
cumprir para garantir a igualdade de direitos e oportunidades para
as pessoas com deficiência.

• 1993 – Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pes-


soas com Deficiência: organização das Nações Unidas. Estas nor-
mas indicam os padrões mínimos para promover a igualdade de
direitos, tais como, o direito à educação em todos os níveis para
crianças, jovens e adultos com deficiência em ambientes inclusivos.
Educação Inclusiva 17

• 1993 – Declaração de Manágua: delegados de 39 países das


Américas impõem a inclusão curricular da deficiência em todos os
níveis da educação. Além disso, determina as medidas que garan-
tem o acesso aos serviços públicos e privados, incluindo saúde,
educação formal em todos os níveis e trabalho significativo para
os jovens.

• 1994 - Declaração de Salamanca - proclamada na Conferência


Mundial de Educação Especial sobre Necessidades Educacionais
Especiais que reafirma o compromisso com a Educação para To-
dos: Princípios, Política e Prática em Educação Especial.

• 1999 - Declaração de Washington: representantes dos 50 países


participantes do encontro “Perspectivas Globais em Vida Inde-
pendente para o Próximo Milênio” reconhecem a responsabilida-
de da comunidade no fomento à educação inclusiva e igualitária
(Washington D.C., Estados Unidos da América).

• 2002 - Declaração de Caracas: constitui a Rede Ibero-americana


de Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiên-
cia e suas Famílias: organização e coordenação de ações para de-
fesa dos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas
com deficiência e suas famílias.

• 2002 - Declaração de Sapporo: foi na 6ª Assembleia Mundial da


Disabled Peoples International (DPI), representando 3 mil pessoas,
em sua maioria com deficiência, 109 países. Essa declaração bus-
ca encorajar os governos em todo o mundo a eliminarem a educa-
ção segregada, bem como a determinarem a política de educação
inclusiva.

• 2004 – Declaração de Montreal: aborda um novo redimensio-


namento sobre o conceito de Deficiência Mental para Deficiência
Intelectual.
18 Educação Inclusiva

VOCÊ SABIA?

Pedro Ponce de Léon, monge espanhol beneditino, foi o


primeiro educador de surdos da história. Ele dedicou uma
boa parte da sua vida ao ensino de surdos filhos de nobres.

Figura 1 – Monumento a Pedro Ponce de Léon

Fonte: Wikimedia Commons

RESUMINDO:

Neste capítulo, você conheceu um pouco da história


das pessoas com deficiência no mundo e compreendeu
como aconteceu o processo de criação das instituições
especializadas para atender as pessoas por tipo de
deficiência e o objetivo dessas instituições. Para finalizar, não
poderíamos deixar de apresentar os primeiros documentos
(declarações, normas e cartas) que buscam garantir os
direitos das pessoas com deficiência. Os estudos sobre
a história da Educação Especial não terminam aqui. No
próximo capítulo vamos estudar a história dessa educação
no Brasil.
Educação Inclusiva 19

Educação Especial no Brasil


INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo você será capaz de identificar como


o liberalismo influenciou a educação das pessoas com
deficiência no Brasil. Irá conhecer e compreender como as
primeiras instituições especializadas do país atendiam as
pessoas com deficiência. Conhecer esse contexto histórico
é muito importante para você contextualizar a história da
Educação Especial no Brasil. Vamos lá?

“A sociedade para todos, consciente da diversidade da raça humana,


estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das
maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados” (WERNECK,
1997, p. 21 apud SASSAKI, 2002, p. 164).

Neste capítulo vamos retornar ao final do século XVIII e início do


século XIX, período em que as ideias liberais são difundidas no Brasil.
De acordo com Jannuzzi (2004) apud Silva (2012) foram essas ideias que
influenciaram o surgimento da educação das crianças com deficiência.
Com o liberalismo, houve a luta pela abolição de algumas
instituições coloniais, a crítica ao dogmatismo e ao
poder autocrático, a oposição à interferência do Estado
na economia e a defesa da liberdade de expressão e da
propriedade privada (COSTA, 1979). Foi uma doutrina que
baseou ideologicamente as revoluções antiabsolutistas
ocorridas na Europa durante os séculos XVII e XVIII e
também a luta pela independência dos Estados Unidos. O
liberalismo defendia principalmente a liberdade de todos
os indivíduos, nos campos econômico, político, religioso
e intelectual (SANDRONI, 1999) e influenciou o início da
educação das pessoas com deficiência no Brasil, porque
o movimento estava vinculado com a democratização dos
direitos para todos os cidadãos. (SILVA, 2012, p. 21)

De acordo com Silva (2012), a Santa Casa da Misericórdia de


São Paulo, teve um papel importante na educação das pessoas com
deficiência, pois era uma instituição que atendia os pobres e os doentes
e, no ano de 1717, passou a acolher as crianças de 7 anos que eram
20 Educação Inclusiva

abandonadas. Segundo a autora, não existem registros oficiais de como


acontecia o atendimento a essas crianças, entretanto, se supõe que
muitas delas apresentavam alguma deficiência física ou mental.
Depois dos 7 anos de idade, meninos e meninas eram
enviados para outros seminários que os preparavam
para o futuro, atitude essa que não era comum na época.
É possível que algumas crianças com deficiência leve
tenham recebido esse mesmo tratamento, enquanto as
crianças com deficiência mais severa permaneciam nas
Santas Casas com adultos doentes e alienados. (SILVA,
2012, p. 22)

No início do século XIX, o Asilo dos Expostos contribuiu para a


admissão de crianças com alguma deficiência ou abandonadas, que
segundo Moraes (2000) apud Silva (2012), pode ser comprovado pela
seguinte citação:
Nesta época, o campo de assistência social reduzia-se ao
setor médico hospitalar, representado pela Santa Casa da
Misericórdia, e por outras poucas obras, como o Lazareto,
fundado pelo governo provincial em 1802. Com o objetivo
de resolver o problema, o então presidente da Província,
Lucas A. M. de Barros, Barão de Congonhas do Campo,
criou em 1825, a Casa da Roda ou Casa dos Expostos
e a instalou no pavimento térreo da Santa Casa da
Misericórdia. O Asilo dos Expostos era também chamado
de Casa da Roda em alusão ao dispositivo nela existente,
uma roda que, girando em torno de um eixo perpendicular,
ocupava toda uma janela - sempre aberta do lado de fora,
de modo que quem desejasse se desfazer de uma criança
pudesse depositá-la na caixa e, movimentando a roda,
passá-la para o interior do prédio. Na mesma ocasião, o
governo da Província funda, na capital, em 1824, o asilo
para meninos órfãos - o Seminário de Sant’Anna -, e, em
1825, para as meninas, o Seminário da Glória. (MORAES,
2000, p. 73 apud SILVA, 2012, p. 22)

SAIBA MAIS:

ACESSE o site “Viajantes sem fim” para conhecer mais


sobre a história da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Clique aqui para acessar.
Educação Inclusiva 21

É importante lembrar que desde a primeira Constituição do país,


em 1824, o direito das pessoas com deficiência à educação já estava
previsto. Entretanto, somente em 1857 alguns brasileiros, influenciados
por experiências realizadas por médicos, filósofos e educadores de outros
países, da Europa e dos Estados Unidos começaram a organizar serviços
voltados para o atendimento das pessoas com deficiência sensoriais,
mentais e físicas, quando acontecia no Brasil um crescimento econômico,
a estabilização do poder imperial e a crescente influência das ideias
trazidas do exterior (principalmente da França), segundo Mazzotta (2005
apud SILVA 2012).

É nesse contexto que em 17 de setembro de 1854, o Imperador D.


Pedro II inaugura o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Segundo Silva
(2012), José Álvares de Azevedo, um cego brasileiro que havia sido aluno
do Instituto de Jovens Cegos de Paris, contribuiu muito para criação do
instituto. Em 1890, devido ao aumento do número de alunos, o prédio
atual começou a ser utilizado. Posteriormente, em 1891, em homenagem
a Benjamim Constant Botelho de Magalhães, o nome do instituto foi
alterado para Instituto Benjamin Constant.

O Imperial Instituto de Surdos-Mudos criado em 1857 no Rio


de Janeiro, foi o primeiro instituto para atendimento das pessoas surdas
no Brasil. De acordo com Silva (2012), este instituto foi fundado por meio
da Lei n°. 839, de 26 de setembro de 1857, aprovada por D. Pedro II.
Segundo Feneis (2010) apud Silva (2012) em 1956, o instituto passa a ser
chamado de Instituto Nacional de Surdos e Mudos e, em 1957, o seu nome
é novamente alterado para Instituto Nacional de Educação de Surdos.

É importante evidenciar, que de acordo com Mazzota (2005) apud


Silva (2012), o Instituto de Surdos-Mudos foi a primeira escola de alunos
com faixa etária entre 7 e 14 anos a se preocupar com o ensino literário e
profissionalizante de meninos surdos.

Os dois institutos eram mantidos e administrados pelo poder


central. Segundo Jannuzzi (2004) apud Silva (2012), apesar do atendimento
precário, é a partir destes dois institutos que se inicia a discussão, em 1883,
sobre a educação das pessoas com deficiência no Primeiro Congresso de
Instrução Pública.
22 Educação Inclusiva

[...] assim como a instrução pública primária, a educação


das pessoas com deficiência não foi considerada
importante. Por sua vez, o ensino superior progrediu com o
apoio da corte, já que interessava a elite. Como as escolas
eram escassas e de pouca qualidade, ela não exerceu o
papel de identificadora de deficientes. Em uma sociedade
pouco urbanizada e pouco aparelhada, cuja população era
em sua maior parte iletrada, as pessoas com deficiência
realizavam a maior parte das tarefas assim como as demais
pessoas sem grandes problemas. Apenas crianças com
deficiências mais severas chamavam a atenção e eram
colocadas em instituições. (SILVA, 2012, p. 25)

É importante evidenciar que a valorização da educação na década


de 60, de acordo com Silva (2012), ocorreu por causa do desenvolvimento
econômico do país, o qual pregava e ainda prega, a máxima produtividade
individual e também, por causa do contexto político da época.
A escola passou, portanto, a ser vista e enfatizada como
um elemento importante para a produção da mão de obra
e dos recursos humanos ajustados às necessidades das
formas de produção, justamente para ocupar os quadros
superiores da administração, técnicos, planejadores que
exerciam o papel de racionalização da produção.

O trabalho era valorizado e, ainda, como capital necessário


e indispensável para o desenvolvimento econômico
do país. Dessa forma, a educação era louvada como
elemento de promoção individual, de acesso aos melhores
empregos, inclusive para aumento da renda. (SILVA, 2012,
p. 33)

Segundo Mazzotta (2005 apud Silva (2012), além dos dois institutos
já citados, outros serviços passaram a ser oferecidos à pessoas com
deficiência. Esses serviços faziam parte do sistema regular de ensino:

• 1887 (Rio de Janeiro) - Escola México: atendia pessoas com


deficiências mentais, físicas e visuais.

• 1892 (Manaus) - Unidade Educacional Euclides da Cunha:


atendia os deficientes auditivos e mentais.

• 1909 (Rio Grande do Sul) - Escola Borges de Medeiros e a Escola


Delfina Dias Ferraz: acolhiam deficientes sensoriais e mentais,
Educação Inclusiva 23

sendo que a primeira se refere às pessoas com problemas de


comunicação, auditivos e mentais.

Já na década de 30, surgiram as primeiras associações organizadas


por pessoas preocupadas com a questão das pessoas com deficiência.
De acordo com Silva (2012), nesse mesmo período, paralelamente, se
tem algumas ações governamentais planejando a criação das instituições
para atender às necessidades das pessoas com deficiência. Além disso,
principalmente, a partir da década de 50, instituições filantrópicas
continuam sendo fundadas.
1926 - Instituto Pestalozzi do Brasil: atendimento de
pessoas com deficiência mental. (Observação: se expandiu
por várias regiões do país).

1928 - Instituto de Cegos Padre Chico: educar crianças


com deficiência visual em idade escolar.

1929 - Instituto Santa Terezinha: funcionava em


regimento de internato e recebia apenas meninas surdas.
(Observação: em 1970 ampliou o atendimento para os
meninos, como externato, e ainda, passou a integrar os
alunos com deficiência, com os seus alunos do ensino
regular).

1943 - Lar-Escola São Francisco: especializada na


reabilitação de pessoas com deficiência física.

1946 - Fundação para o Livro Cego no Brasil: produção


e distribuição de livros impressos em Braile. (Observação:
em 1991, o nome da fundação foi alterado para Fundação
Dorina Nowil para Cegos).

1950 - Associação de Assistência à Criança Deficiente


(AACD) - atende crianças, jovens e adultos com deficiência
física buscando prevenir, habilitar e reabilitar, e ainda,
propiciar a integração social.

1951 - Escola Municipal de Educação Infantil e de


Primeiro Grau para Deficientes Auditivos Helen Keller.

1954 - Instituto Educação São Paulo (Iesp): atual


Centro de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da
Comunicação (Cerdic). Realiza atendimento educacional
para crianças surdas e também atendimento clínico para
crianças e adultos com distúrbios de comunicação.
24 Educação Inclusiva

1954 - Primeira Apae (Rio de Janeiro).


Fonte: Elaborado pela autora (Adaptado de SILVA, 2012.

Na década de 60, a educação especial é firmemente evidenciada,


pelo menos nos discursos oficiais (SILVA, 2012). Essa informação pode ser
comprovada pelas campanhas nacionais, promovidas pelo Ministério da
Educação nessa época para as pessoas com deficiência:

• Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro, em 1957;

• Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários


Visuais em 1958;

• Campanha Nacional de Educação do Deficiente Mental, em 1960.

Na história da Educação Especial no Brasil, não podemos deixar


de citar as duas vertentes pedagógicas: a médico-pedagógica e a
psicopedagógica que foram observadas durante a história da Educação
Especial no país.
Os médicos foram os pioneiros do campo de produção
teórica das deficiências, seguidos por pedagogos, que por
sua vez, foram influenciados pela psicologia. (SILVA, 2012,
p. 28)

Médico-pedagógica
A vertente médico-pedagógica está relacionada ao campo médico.
Nesta vertente, de acordo com Silva (2012), as decisões relacionadas
com o diagnóstico e com as práticas pedagógicas são subordinadas ao
médico.
Percebendo a importância da pedagogia e também
o quanto poderia ser prejudicial segregar as crianças
mais comprometidas com adultos com diagnósticos de
doença mental, médicos criaram instituições escolares
em salas anexas aos hospitais psiquiátricos. Embora esses
pavilhões tivessem continuado com a segregação dos
deficientes, havia a tentativa de ir além do atendimento
médico e alcançar a educação. Iniciou-se a preocupação
em sistematizar conhecimentos que pudessem ajudar na
participação das crianças na vida do grupo social. Assim
passou a ser estabelecida na educação da pessoa com
Educação Inclusiva 25

deficiência a questão segregação versus integração na


prática social mais ampla. (JANNUZZI, 2004 apud SILVA,
2012)

Além disso, de acordo com Silva (2012), o médico escolar era o


profissional que classificava a pessoa com deficiência. A autora explica que
no modelo do exame médico tinha uma ficha para informar as condições
físicas, os dados antropométricos e os aspectos cognitivos do aluno.

Vertente psicopedagógica
Segundo Silva (2012), os influenciadores desta vertente foram da
área de psicologia, em destaque para as obras de Alfred Binet, pedagogo
e psicólogo francês e Théodore Simon, com os testes de inteligência.
Jannuzzi (2004) citado por Silva (2012) explica que eles criaram e utilizaram
uma escala métrica de inteligência, o que representou uma nova forma
de classificar as pessoas com deficiência com base nos critérios de
aproveitamento escolar. “Com isso, cresceu significativamente o número
de alunos que a escola passou a apontar desviantes, iniciando a rejeição
dos que apresentavam deficiências mais evidentes” (SILVA, 2012, p. 31).
[...] os educadores sentiam dificuldade em reconhecer
os alunos com deficiência e definir os critérios a serem
utilizados para a identificação. Diante dessa dificuldade,
passaram a ser considerados normais todos os alunos
que eram capazes de se adaptar às condições de vida
diária, sendo que essa capacidade era identificada com
a simples observação do comportamento dos alunos.
Essa observação era realizada pelos professores e,
principalmente, por psicólogos. (SILVA, 2012, p. 31)

É importante evidenciar que, de acordo com Silva (2012), essa


vertente foi também influenciada pelas reformas do sistema educacional
propostas pelo movimento da Escola Nova. Os princípios deste movimento
de acordo com Cunha (1988) apud Silva (2012, p. 31) são: “crença no
poder da educação, interesse pelas pesquisas científicas e preocupação
em reduzir as desigualdades sociais, assim como estimular a liberdade
individual das crianças”.
26 Educação Inclusiva

Terminologias utilizadas na história da


Educação Especial
Você já estudou sobre a história da Educação Especial no Mundo
e no Brasil. Entretanto, antes de finalizar esse capítulo sugerimos que
você veja a seguir, uma síntese das terminologias utilizadas na história
da Educação Especial. O quadro 2 a seguir foi montado a partir do texto
“Terminologia sobre Deficiência na era da inclusão”, de Romeu Kazumi
Sassaki, publicado no texto Mídia e Deficiência (2003, p. 160).
Quadro 2: Mídia e Deficiência – 1981 a 1993

ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS VALOR DA PESSOA

De 1981 até 1987.


Foi atribuído o
Por pressão das
“pessoas deficientes”. Pela valor “pessoas”
organizações
primeira vez em todo o àqueles que
de pessoas
mundo, o substantivo tinham deficiência,
com deficiência,
“deficientes” (como em “os igualando-os
a ONU deu o
deficientes”) passou a ser em direitos e
nome de “Ano
utilizado como adjetivo, dignidade à maioria
Internacional
sendo-lhe acrescentado dos membros de
das Pessoas
o substantivo “pessoas”. qualquer sociedade
Deficientes” ao
ou país.
ano de 1981.

O “portar uma
De 1988 até 1993.
deficiência” passou
Alguns líderes
a ser um valor
de organizações
agregado à pessoa.
de pessoas
“pessoas portadoras A deficiência passou
com deficiência
de deficiência”. Termo a ser um detalhe
contestaram o
que, utilizado somente da pessoa. O
termo “pessoa
em países de língua termo foi adotado
deficiente”
portuguesa, foi proposto na Constituição
alegando que
para substituir o termo Federal e nos
ele sinaliza que a
“pessoas deficientes”. estatutos Estaduais
pessoa inteira é
e em todas as leis e
deficiente, o que
políticas pertinentes
era inaceitável
ao campo das
para eles.
deficiências.
Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003).
Educação Inclusiva 27

No quadro 3 destacamos também do texto as terminologias sobre


deficiência, adotados na década de 1990. Esta tabela foi construída de
acordo com o texto “Terminologia sobre Deficiência na era da inclusão”, de
Romeu Kazumi Sassaki, publicado no texto Mídia e Deficiência (2003, p. 160).

Veja que o autor cita termos como “pessoas com necessidades


especiais”, “pessoas com deficiência” – utilizado até nos dias atuais – e, “pessoas
com necessidades educacionais especiais – também utilizado até os hoje.
Quadro 3 - Mídia e Deficiência – Década de 1990

VALOR DA
ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS
PESSOA

De 1990 até hoje. O De início,


“pessoas com
art. 5º. da Resolução “necessidades
necessidades especiais”.
CNE/CEB no. 2, de especiais”
A expressão surgiu
11/9/01, explica que representava
primeiramente para
as necessidades apenas um novo
substituir “deficiência”
especiais decorrem termo. Depois,
por “necessidades
de três situações, com a vigência
especiais”, daí a
uma das quais da Resolução no
expressão “portadores de
envolvendo 2, “necessidades
necessidades especiais”.
dificuldades especiais” passou
Depois, esse termo
vinculadas às a ser um valor
passou a ter significado
deficiências e agregado tanto
próprio sem substituir
dificuldades não- à pessoa com
o nome “pessoas com
vinculadas a uma deficiência quanto
deficiência”.
causa orgânica. a outras pessoas.

O valor agregado
às pessoas é
“pessoas com deficiência” o de fazerem
Em junho de 1994.
e pessoas sem parte do grande
A Declaração
deficiência, quando segmento dos
de Salamanca
existirem necessidades excluídos que,
preconiza a
educacionais especiais com o seu poder
educação inclusiva
e se encontrarem pessoal, exigem
para todos, tenham
segregadas, têm o direito sua inclusão
ou não uma
de fazer parte das escolas em todos os
deficiência.
inclusivas e da sociedade aspectos da vida
inclusiva. da sociedade.
Trata-se do
empoderamento.
Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003).
28 Educação Inclusiva

De acordo com Sassaki (2003), a década de 1990 e a primeira


década do século XXI estão sendo marcados por eventos mundiais,
guiados por instituições de pessoas com deficiência que elaboraram
diversos documentos sobre está temática. Inclusive, segundo o autor, o
termo “pessoas com deficiência” é usado cada vez mais pelas pessoas
com deficiência, elas não gostam do termo “portadora de deficiência”.

É nesta época que surgem novos valores agregados às pessoas


com deficiência: como o do empoderamento (uso do poder pessoal para
fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de cada
um); e o da responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar
a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem deficiência
(SASSAKI, 2003).
Quadro 4 - Mídia e Deficiência – Dias atuais

TERMOS E
ÉPOCA VALOR DA PESSOA
SIGNIFICADOS
Mais recentemente,
Considera a singularidade
com a Nova Política Pessoas com
das pessoas, respeita
da Educação Necessidades
as necessidades
Especial na Educacionais Especiais.
educacionais especiais
perspectiva da Conceito que amplia
dos alunos e reconhece
Educação Inclusiva educacionalmente
“que as dificuldades
e na égide da a sua abrangência
enfrentadas nos sistemas
Convenção sobre os incluindo nesse grupo
de ensino evidenciam
Direitos das pessoas todos os alunos em
a necessidade de
com Deficiência, situação de exclusão
confrontar as práticas
aprovada pela escolar, desde aqueles
discriminatórias e
ONU em 2006, a que apresentam
criar alternativas para
expressão Pessoas deficiências, que
superá-las”. Assume
com Necessidades vivem nas ruas ou
a educação Inclusiva
educacionais que trabalham, as
como primeira alternativa
especiais se amplia superdotadas, em
para responder às
e reconhece a desvantagem social,
demandas da sociedade
importância da as que apresentam
contemporânea e
expressão pessoas diferenças linguísticas,
reconhece a necessidade
com deficiência, étnicas ou culturais,
de uma abordagem
entre outras com deficiência ou altas
sistêmica das políticas
necessidades habilidades.
públicas para a Educação.
especiais.
Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003).
Educação Inclusiva 29

RESUMINDO:

Neste capítulo estudamos a história da Educação Especial


no Brasil, que se inicia a partir das ideias liberais. Além
disso, foi apresentada a primeira instituição, Santa Casa
da Misericórdia de São Paulo, que atendia os pobres e
os doentes, e a criação dos primeiros institutos - Instituto
Benjamin Constant (que atendia as pessoas com deficiência
visual) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos, e os
outros institutos, que surgiram depois desses para atender
as pessoas com deficiência. Além disso, explicamos as
duas vertentes pedagógicas (a médico-pedagógica e
a psicopedagógica) que foram observadas ao longo da
história da Educação Especial. Para finalizar, foi apresentada
uma tabela com as terminologias utilizadas na história da
Educação Especial. No próximo capítulo será apresentado
o percurso histórico da legislação brasileira na Educação
Especial até os dias atuais, que busca a inclusão, isto é, a
convivência entre todos, pessoas com ou sem deficiência.
30 Educação Inclusiva

Legislação da Educação Especial:


percurso histórico
INTRODUÇÃO:

Ao final dos estudos deste capítulo você será capaz de


analisar como os movimentos internacionais e nacionais de
Educação Especial influenciaram no percurso da construção
da legislação brasileira da Educação Especial até os dias
atuais. Conhecer a legislação brasileira é fundamental para
o exercício da sua profissão. Vamos lá!

Como tudo começou


Então, você sabe quando tudo começou? O Primeiro Projeto de Lei
para as pessoas com deficiência foi proposto em 29 de agosto de 1835
pelo deputado Cornélio Ferreira França. O documento propõe a criação
de uma classe para surdos-mudos e cegos (ALIAS, 2016, p. 13). Veja no
quadro 2 a cronologia no período do Reino e Império, com os principais
marcos históricos, referente às pessoas com deficiência.

O Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE, 2020)


apresenta em seu site os principais marcos históricos das pessoas com
deficiência no período do Reino e Império:

• 1835 – 29 de agosto - Projeto de lei do deputado Cornélio Ferreira


França: “art. 1º. - na capital do império assim como nos principais
lugares de cada província foi criada uma classe para surdos-
mudos e para cegos”;

• 1852 – 14 de maio – É instalado na avenida São João, próximo à


praça da República e depois transferido para a rua Tabatingüera
(1862) o Asilo Provisório de Alienados da Cidade de São Paulo
(Hospício São Paulo), criado pela lei provincial de 18 de setembro
de 1848. Considerado o primeiro hospício do país, tinha por objetivo
a exclusão social dos loucos;
Educação Inclusiva 31

• 1853 – É inaugurado o Hospício Dom Pedro II no Rio de Janeiro,


criado pela lei imperial de 18 de julho de 1841. Como o de
São Paulo, seu principal objetivo era garantir a segurança e a
tranquilidade das “pessoas normais” através da exclusão social
dos considerados como ameaça;

• 1854 – 12 de setembro – D. Pedro II cria o Imperial Instituto dos


Meninos Cegos, na cidade do Rio de Janeiro (Decreto Imperial nº.
1.428);

• 1856 – Chegam ao Brasil, por encomenda de D. Pedro II, as


primeiras regletes (chapas para escrita e os primeiros livros de
pontos combinados em relevo chamados de “escrita pelo método
Braille”). Foi o primeiro passo no sentido de internacionalizar esse
método, recém-criado e já utilizado em outra língua que não a
francesa;

• 1857 - 26 de setembro – É fundada por Dom Pedro II no Rio de


Janeiro, através da Lei nº. 839, a primeira escola para surdos no
Brasil, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, por iniciativa de
Ernesto Huet. Neste Instituto os alunos eram educados pela língua
escrita, dactológica e de sinais;

• 1868 – 29 de julho – Inauguração do Asilo dos Inválidos da Pátria,


na Ilha do Bom Jesus, na Baía da Guanabara, Rio de janeiro, por
Dom Pedro II. Empresários da época, três anos antes, tomaram
a iniciativa de criar uma instituição que abrigasse os soldados
mutilados durante a guerra do Paraguai. Anteriormente, em março
de 1840, Dom Pedro II havia criado asilos para soldados sem
condições para o serviço militar por doença, deficiência ou por
motivo de idade. Os asilos estavam localizados no Rio de Janeiro e
nas províncias do Pará, Rio Grande do Sul e Mato Grosso;

• 1874 – O Hospital Estadual de Salvador, na Bahia (hoje Hospital


Juliano Moreira) inicia a assistência aos deficientes mentais;

• 1875 - Flausimo José Gama, ex-aluno do Instituto Nacional dos


Surdos-Mudos, cria um pequeno vocabulário de sinais baseado
32 Educação Inclusiva

em desenho, com o objetivo de mostrar os sinais brasileiros. Hoje


sem uso;

• 1882 – 12 de setembro – Parecer de Rui Barbosa, apresentado na


Câmara dos Deputados ao projeto de número 224, “Reforma do
ensino primário e várias instituições complementares da instrução
pública”. Apesar de ser uma proposta de ação para valorizar a
atividade física na escola, aparece no documento a visão da época
com relação às pessoas que apresentam deficiência;

• 1883 – Realização do 1º. Congresso de Instrução Pública


convocado no ano anterior por Dom Pedro II. Durante este evento,
entre outros assuntos, foi apresentada a sugestão de currículo e
formação de professores para cegos e surdos.

É importante destacar que a Declaração Universal dos Direitos


Humanos de 1948, é o primeiro documento que garante a igualdade de
direitos para todos os cidadãos sem qualquer distinção. Neste contexto,
a Declaração beneficia os grupos minoritários (inclusive as pessoas com
deficiência), que ao longo da história sofreram com exclusão e os maus-
tratos (SILVA, 2012, p. 38). Leia a seguir alguns artigos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948):
Art. I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência
e devem agir em relação umas às outras com espírito de
fraternidade.

Art. II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos


e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.

(...)

Art. V - Ninguém será submetido à tortura, nem a


tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Art. VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm
direito a igual proteção contra qualquer discriminação que
Educação Inclusiva 33

viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento


a tal discriminação.

(...)

(PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO,


1948)

Legislação Brasileira
A Educação Especial começou a se tornar questão de
política pública na década de 1960, quando começa a se
notar a preocupação do poder público com esse ramo
da educação. Ela foi tratada pela primeira vez na Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) de 1961, a lei no 4.024 (BRASIL,
1961), em que aparece um título com dois artigos (art. 88 e
89). De acordo com essa lei, o atendimento aos estudantes
com deficiência (chamados na lei de “excepcionais”)
poderia ser realizado na escola comum ou em instituições
particulares, que podiam receber financiamento do
governo. (ALIAS, 2016, p. 14)

Já em 1971, uma nova versão da Lei de Diretrizes e Bases foi


publicada, segundo Alias (2016), essa lei era diferente da de 1961, pois
tinha somente o artigo 9 dedicado à Educação Especial. “De acordo com
a lei, alunos com deficiência física ou intelectual tratados na lei como
deficientes mentais, superdotados ou que apresentassem atraso quanto
à idade de matricula deveriam ter tratamento especial” (ALIAS, 2016, p. 16).
Pesquisadores relatam que, nessa época, as escolas
especiais acabaram recebendo muitos alunos com
problemas de aprendizagem (GLAT, 2007; MENDES,
2010). Isso acontecia porque era o aluno que tinha que se
adequar ao meio e, portanto, não havia preocupação com
a adaptação curricular, por exemplo, ou com a adoção de
estratégias para que esses alunos pudessem aprender.
(ALIAS, 2016, p. 16)

É importante saber que o primeiro órgão público federal, destinado


à Educação Especial, foi criado em 1973 - Centro Nacional de Educação
Especial (CENESP) - por meio do Decreto nº 72.425/1973. De acordo com
Alias (2016), na época que este órgão foi criado, o objetivo dele era de
expandir o atendimento aos alunos com deficiência e elaborar as políticas
públicas no âmbito da Educação Especial.
34 Educação Inclusiva

Art. 2º. O CENESP atuará de forma a proporcionar


oportunidades de educação, propondo e implementando
estratégias decorrentes dos princípios doutrinários e
políticos, que orientam a Educação Especial no período
pré-escolar, nos ensinos de 1º e 2º graus, superior e
supletivo, para os deficientes da visão, audição, mentais,
físicos, educandos com problemas de conduta para os
que possuam deficiências múltiplas e os superdotados,
visando sua participação progressiva na comunidade.
(BRASIL, 1973)

De acordo com Jannuzzi (2004 apud SILVA, 2012), por meio do


CENESP são definidas as metas governamentais específicas para a
Educação Especial, regulamentando uma ação política mais efetiva, para
organizar o que estava sendo realizado precariamente na sociedade, nas
escolas e nas instituições especializadas ao atendimento de crianças com
necessidades especiais.
[...] mesmo com a criação deste órgão, o conceito de
educação especial não estava claro. Existia de uma maneira
muito forte o assistencialismo, ação que não se encaixa
com a proposta da educação especial, já que a área
visa, principalmente, a sistematização de conhecimentos
escolares, acadêmicos e procedimentos para sua
apropriação. Além disso, não se observava a integração
de pessoas com deficiência nas redes escolares, como
propunha o movimento de integração, mesmo porque não
havia qualquer obrigatoriedade de apoio especializado
nas redes regulares de ensino. (JANNUZZI, 2004 apud
SILVA, 2012, p. 65)
Educação Inclusiva 35

VOCÊ SABIA?

”Em 1986, o Cenesp foi transformado em Secretaria


de Educação Especial (Sespe), por meio do Decreto nº.
93.613/1986, entretanto, manteve a mesma competência
e estrutura. Essa secretaria foi extinta em 1990, por
meio do Decreto nº. 99.678/1990 na época em que o
Ministério da Educação sofreu uma reestruturação. Assim,
a Secretaria Nacional de Educação Básica (Seneb) passou
a ser responsável pela área da Educação Especial” (SILVA,
2012, p. 67).

De acordo com Campbell (2009) as décadas de 80 e 90 são


marcadas pela defesa da escola pública de qualidade e maior participação
da sociedade nos destinos da educação. Ainda, segundo a autora,
neste período, nasce o novo modelo democrático de gestão escolar
compartilhado entre os profissionais da educação (professores, diretores),
pais, estudantes e comunidade. Neste contexto, em 1988, foi promulgada
a nova Constituição Federal do Brasil, que tinha como principal objetivo:
[...] instituir um Estado democrático, destinado a assegurar
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade
e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos. (SILVA, 2012, p. 67)

Para Silva Mendes (2009) apud Silva (2012), a Constituição Federal


de 1988 traçou as linhas mestras para democratização da educação
brasileira, além de buscar erradicar o analfabetismo, universalizar o
atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino e implementar a
formação humanística, científica e para o trabalho.

É importante destacar que é na Constituição Federal (CF) de


1988 que aparece pela primeira vez o termo “atendimento educacional
especializado”, se referindo aos estudantes com deficiência.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)


aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
36 Educação Inclusiva

oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso


na idade própria;

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

III - atendimento educacional especializado aos portadores


de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças


até 5 (cinco) anos de idade; (...). (BRASIL, 1988)

Depois da Constituição Federal de 1988, que algumas ações


referentes à Educação Especial começaram a mudar, conforme explica
Alias (2016, p. 17):
[...] a Educação Especial começa a ser vista como parte
integrante da proposta da educação para todos, já
que, até então, essa educação funcionava como algo
à margem do sistema educacional comum. Assim, o
discurso da educação para todos, contido na Constituição,
e a universalização da educação, passaram a balizar as
políticas produzidas a partir daí e, consequentemente,
a forma como o estudante público-alvo da Educação
Especial é visto na escola. Passa-se do paradigma
integracionista e normalizador para o paradigma inclusivo.
(ALIAS, 2016, p. 17)

Em 1994, é publicada a Declaração de Salamanca que recomendava


a inclusão de “todas as crianças” nas escolas regulares. É importante
destacar, que quando se fala de “todas as crianças”, a declaração está se
referindo aos grupos desfavorecidos (as crianças de rua, com deficiência,
as superdotadas etc.) e ainda, este documento recomenda que o processo
de aprendizagem seja centrado nos estudantes.
A Declaração de Salamanca trouxe à tona a importância do
direito de todos à educação, o que já havia sido abordado
na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948
e na Conferência Mundial de Educação para Todos, que
aconteceu em 1990, também em contexto internacional.
(ALIAS, 2016, p. 17)
Educação Inclusiva 37

SAIBA MAIS:

A Declaração de Salamanca (MEC, 1994, online)acredita e


proclama:
• Toda criança possui características, interesses, habilidades
e necessidades de aprendizagem que são únicas;
• Sistemas educacionais deveriam ser designados e
programas educacionais deveriam ser implementados no
sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais
características e necessidades;
• Aqueles com necessidades educacionais especiais
devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-
los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz
de satisfazer tais necessidades;
• Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva
constituem os meios mais eficazes de combater atitudes
discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras,
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando
educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a
eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo
o sistema educacional.

De acordo com Alias (2016), a Declaração de Salamanca teve


grande influência sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN) de 1996 (LEI Nº 9.394). Ainda, segundo a autora, por meio desta
lei ficou determinado que a escola deveria se adequar para receber os
estudantes, independentemente das suas características.
Esta é, então, a diferença entre a integração e a inclusão:
agora, a escola precisa se adequar para receber o
estudante, já́ que a educação é direito fundamental.
Dessa forma, há implicações na maneira como esse
estudante passa a ser visto dentro da escola, dentro da
sala de aula, como ele aprende, o desenvolvimento de
sua aprendizagem e de estratégias que corroborem isso.
(ALIAS, 2016, p. 17)

A LDBEN nº 9.394 estabelece as diretrizes e bases da educação


do Brasil. Nesta Lei, o Capítulo V é todo dedicado à Educação Especial e
38 Educação Inclusiva

já no seu primeiro artigo se tem a definição desta educação. Além disso,


também determina como serão os serviços de apoio especializado e
como o atendimento educacional deverá ser oferecido.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio


especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes,


escolas ou serviços especializados, sempre que, em
função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.

§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput


deste artigo, tem início na educação infantil e estende-
se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o
parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela
Lei nº 13.632, de 2018). (BRASIL, 2020)

Já no artigo 59, do capítulo V, estão explicadas as condições


especiais que deverão ser asseguradas pelos sistemas de ensino para os
estudantes com deficiência.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superlotação: (Redação dada pela Lei
nº 12.796, de 2013)

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos


e organização específicos, para atender às suas
necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não


puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível


médio ou superior, para atendimento especializado, bem
Educação Inclusiva 39

como professores do ensino regular capacitados para a


integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva


integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de
inserção no trabalho competitivo, mediante articulação
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais


suplementares disponíveis para o respectivo nível do
ensino regular. (BRASIL, 2020)

Depois da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de


1996, foram publicados outros documentos norteadores e oficiais com
a finalidade de orientar as atividades a serem desenvolvidas com os
estudantes com deficiência e que buscavam não somente os direitos das
pessoas com deficiência, mas também das minorias (povos indígenas,
afrodescendentes, entre outros).

Conforme já mencionado anteriormente, na Declaração de


Salamanca, “ao incluir todas as crianças”, sem distinção de cor, origem,
cultura, gênero sexual, entre outras, temos uma Educação Inclusiva para
todos! De acordo com Mendes (2006) citado por Silva (2012), a Declaração
Salamanca é o marco mundial da filosofia da educação inclusiva, pois a
partir dela as teorias e práticas inclusivas são difundidas em muitos países,
principalmente no Brasil.

Veja a seguir, uma síntese de algumas leis e alguns decretos que


buscam normatizar e orientar o trabalho da Educação Inclusiva em nosso
país, de acordo com Silva (2012):
1988 – Constituição Federal (CF). Busca garantir direi-
tos iguais a todos, conforme descrito no art. 5: “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade (...)” (BRASIL, 2020);

1990 - Lei n°. 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescen-


te (ECA). Em seu artigo 53, assegura a todas as crianças
e adolescentes o direito à igualdade de condições para
40 Educação Inclusiva

o acesso e permanência na escola e atendimento educa-


cional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino;

1996 – Lei n°. 9394 - Lei de Diretrizes e Bases da Edu-


cação Nacional. Estabelecer, como princípio do ensino, a
igualdade de condições tanto para o acesso como para a
permanência na escola

1999 – Decreto n°. 3298 - Política Nacional para a Inte-


gração da Pessoa Portadora de Deficiência. Assegurar
que os indivíduos com deficiência possam exercer seus
direitos de forma plena;

2001 – Plano Nacional de Educação. Explicita a respon-


sabilidade da União, dos Estados e Distrito Federal e Mu-
nicípios na implementação de sistemas educacionais que
assegurem o acesso e a aprendizagem significativa a to-
dos os alunos;

2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na


Educação Básica, Resolução do Conselho Nacional de
Educação/ Câmara de Educação Básica (CNE/CEB) n°.
02. Ratifica a importância de que todos os alunos possam
aprender juntos numa escola de qualidade;

2001 - Decreto n°. 3.956 de 8 de outubro............Reconhe-


ce a Convenção Interamericana para eliminação de todas
as formas de discriminação contra pessoas portadoras de
deficiência;

2002 – Lei no. 10.436. Reconhece a Língua Brasileira de Si-


nais (LIBRAS) como meio legal de comunicação e expres-
são dos surdos, e o ensino da Língua Portuguesa como
segunda língua;

2002 – Portaria no. 2.678. Esta portaria aprova as diretrizes


e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do
sistema Braille em todas as modalidades de ensino, com-
preendendo o projeto da Grafia Braille para a Língua Portu-
guesa e sua recomendação para todo o território Nacional;

2004 – Decreto n°. 5296. Regulamenta as Leis n°. 10.048,


de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro
de 2000, que estabelecem normas gerais e critérios bási-
cos para a promoção da acessibilidade em vários âmbitos;

2007 – Decreto n°. 6.094. Implementa o Plano de Desen-


volvimento da Educação, tendo como eixos a formação de
Educação Inclusiva 41

professores para a educação especial e o compromisso


com a educação para todos, viabilizando a garantia do
acesso, da permanência no ensino regular e o atendimen-
to às necessidades educacionais especiais dos alunos,
bem como fortalecendo o ingresso destes nas escolas
públicas;

2008 – Decreto n°. 6.571. Trata do atendimento educa-


cional especializado. Tem a finalidade de ampliar a ofer-
ta do atendimento educacional especializado aos alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede
pública de ensino regular. Consolida e altera as ações já
existentes voltadas à educação inclusiva;

2008 - Lei n°. 11.645. Determina as diretrizes e bases da


educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede
de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Afro-Brasileira e Indígena”;

2011 - Decreto n°. 7.611. Dispõe sobre a educação espe-


cial, o atendimento educacional especializado e dá outras
providências;

2011 - Decreto n°. 7.612. Institui o Plano Nacional dos Di-


reitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite;

2012 - Lei n°. 12.764. Institui a Política Nacional de Proteção dos


Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera
o § 3º. do art. 98 da Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

RESUMINDO:

Neste capítulo estudamos o percurso histórico da


legislação brasileira, referente à Educação Especial e à
Educação Inclusiva. Vimos que a Declaração de Salamanca
teve grande influência na elaboração da Lei n°. 9394 - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Para finalizar, foi
apresentada uma tabela com a compilação de algumas leis,
decretos e documentos que regulamentam e contribuem
para uma educação inclusiva. Vamos dar continuidade a
esse assunto no próximo capítulo, em que será abordada
a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva.
Aqui, neste capítulo, você já pode compreender que existe
diferença entre esses dois modelos de educação.
42 Educação Inclusiva

Educação Especial versus Educação


Inclusiva
INTRODUÇÃO:

Ao final dos estudos deste capítulo você será capaz de


distinguir a Educação Especial da Educação Inclusiva.
Saber distinguir essas duas perspectivas educacionais
é fundamental para o exercício da profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá.

Para iniciarmos os estudos deste capítulo, primeiramente, vamos


relembrar a exclusão e segregação das pessoas com deficiência. Você
lembra que estudamos sobre esses períodos nos capítulos anteriores? O
que você consegue recordar?

A exclusão representa o período em que TODAS as pessoas


com deficiência eram excluídas totalmente da sociedade, isto é, elas
não participavam de nenhuma atividade na comunidade, pois eram
consideradas incapazes para trabalhar e conviver com outras pessoas.
Assim, elas eram internadas em instituições de caridade, com doentes
e idosos. É importante lembrar que em algumas culturas era comum o
infanticídio das crianças com deficiência.

Em um segundo momento, se tem a segregação, isto é, a separação


dos indivíduos com deficiência da sociedade e, para isso, são criadas as
instituições especializadas para atender cada tipo de deficiência. Segundo
Sassaki (2002), os ambientes eram o mais semelhante possível daqueles
vivenciados pela população sem deficiência (escolas, clubes, oficinas,
centros de reabilitação, lazer, trabalho, moradia etc.).
Educação Inclusiva 43

Figura : Escola especial

Fonte: Freepik

Estes espaços evidenciavam apenas as limitações das pessoas


com deficiência. Logo, esses locais, forneciam a estes indivíduos os
recursos essenciais para a reparação da sua deficiência, assim, atendia às
necessidades educacionais especiais deles e supostamente, assegurava
a oportunidade de aprender. É importante destacar que “as atenções
recaíam mais em patologias do que na educação propriamente dita
ou nos recursos necessários que conduzissem à aprendizagem, e o
objetivo era a reabilitação” (CAMPBELL, 2009, p. 134).

É importante lembrar que o estudante com deficiência que


frequentava uma escola especial, neste período, tinha a sua interação
com a sociedade limitada e, também, seu convívio com a família.

Em seguida, se tem um novo paradigma da Educação Especial,


para as pessoas com deficiência, a integração. De acordo com Campbell
(2009) a integração representa uma tentativa de integrar os alunos com
deficiência nas escolas comuns do ensino regular, em classes especiais.
Em um primeiro momento, a integração parcial, isto é, um espaço
específico dentro da escola, para depois, uma integração total, na classe
comum.
44 Educação Inclusiva

Se faz necessário recordar que na integração total era o estudante


com deficiência que tinha que se adequar a escola, sendo assim,
a escola mantinha a sua estrutura física e pedagógica inalterada. O
estudante com necessidades educacionais especiais tinha quer se
capazes de seguir o currículo adotado pela escola no ensino regular. Mas,
infelizmente, a maioria deles não conseguiam acompanhar, logo, esses
estudantes com deficiência continuavam frequentando a classe especial,
consequentemente, a escola era dividida em dois ambientes: educação
regular e educação especial.

A integração exigia que os estudantes com deficiência se adaptem


às escolas e salas de aula. Logo, a integração é “um processo dinâmico
de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua
interação nos grupos sociais. A integração implica em reciprocidade”
(BRASIL, 1994, p. 18). Ainda, segundo a Política Nacional de Educação
Especial (BRASIL, 1994, p.18), a integração é um
(...) processo gradual e dinâmico que pode tomar distintas
formas de acordo com as necessidades e habilidades
dos alunos. A integração educacional escolar refere-se ao
processo de educar-ensinar, no mesmo grupo, a criança
com e sem necessidades educacionais especiais durante
uma parte ou na totalidade do tempo de permanência na
escola. (BRASIL, 1994, p.18)

De acordo com Sassaki (2002), a integração constitui um esforço


unilateral somente da pessoa com deficiência e seus aliados (a família,
algumas pessoas da comunidade, que lutam pela inserção social de todos
e as instituições especializadas) que tentam torná-la mais aceitável no
seio da sociedade. Nesse contexto, de acordo com o autor, a sociedade
fica de “braços cruzados”, isto é, não faz nenhuma alteração para que as
pessoas com deficiência possam se adaptar ao seu meio. Pelo contrário,
as pessoas com deficiência só serão aceitas se forem capazes de:
Moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados
(classe e escola especial, entre outros). Acompanhar os
procedimentos tradicionais (de trabalho, escolarização,
convivência social, entre outros). Contornar os obstáculos
existentes no meio físico (espaço urbano, edifícios,
entre outros). Lidar com as atitudes discriminatórias da
sociedade resultantes de estereótipos, preconceitos e
Educação Inclusiva 45

estigmas. Desempenhar papéis sociais individuais (aluno,


trabalhador, pai, mãe, entre outros) com autonomia, mas
não necessariamente com independência. (SASSAKI,
2002, p. 35)

É importante destacar que, segundo Campbell (2009), a Educação


Especial deve ter como princípios: a preservação da dignidade humana,
a busca de identidade e o exercício da cidadania. Ainda, como principal
objetivo, segundo o autor, derrubar as barreiras que impedem a criança
de exercer a sua cidadania.

Inclusão social
Agora, vamos falar sobre o paradigma da inclusão social, que é
o momento em que estamos vivenciando na sociedade. Este processo
se diferencia da integração, pois a inclusão social é bilateral, isto é, a
sociedade e as pessoas que estão excluídas trabalham juntas na busca
de soluções efetivas que possibilitam a equiparação de oportunidade
para todos e todas.
A prática da inclusão social repousa em princípios até
então considerados incomuns, tais como: a aceitação
das diferenças individuais, a valorização de cada
pessoa, a convivência dentro da diversidade humana,
a aprendizagem através da cooperação. A diversidade
humana é representada, principalmente, por origem
nacional, sexual, religião, gênero, cor, idade, raça e
deficiência. (SASSAKI, 2002, p. 42).

Neste sentido, Sassaki (2002), explica que a inclusão social é um


processo que busca contribuir para a construção de uma sociedade
através de transformações, não somente nos ambientes físicos, mas
também na mentalidade de toda a população, inclusive das pessoas com
deficiência.

No ambiente escolar, a inclusão busca uma reformulação do


sistema de ensino. Portanto, neste modelo, a escola precisa estar aberta às
diferenças e também capacitada para trabalhar com todos os estudantes,
sem distinção de classe, gênero, raça, deficiência, etc.
46 Educação Inclusiva

A inclusão escolar é para todos aqueles que se encontram


à margem do sistema educacional, independentemente
de idade, gênero, etnia, condição econômica ou
social, condição física ou mental, ou seja, a população
desfavorecida economicamente ou alvo de estigmas
sociais de toda ordem. (CAMPBELL, 2009, p. 136)

Diante deste contexto, no sistema educacional, a Educação Inclusiva


é entendida como um esforço em atender as necessidades educacionais
especiais de todos e todas estudantes, conforme explica Campbell (2009,
p. 139):
[...] a educação inclusiva é um meio de assegurar que
os alunos que apresentem alguma deficiência tenham
os mesmos direitos que os outros e que todos sejam
cidadãos de direito nas escolas regulares, bem-vindos
e aceitos, formando parte da vida daquela comunidade”.
(CAMPBELL, 2009, p. 139)

VOCÊ SABIA?

“[...] a educação é uma questão de direitos e indivíduos


com deficiência devem fazer parte das escolas, as quais
precisam modificar seu funcionamento para incluir todos
os alunos, e as características de uma escola de qualidade
decorrem do paradigma da inclusão, onde enfatiza-se o
processo de adequação da escola às necessidades dos
alunos para que possam estudar, aprender, crescer e
exercer plenamente a sua cidadania. Para tanto as escolas
precisam eliminar atitudes preconceituosas, adequar
seus programas, preparar os alunos e famílias e capacitar
continuamente todos os profissionais que atuam na escola.”
(STAINBACK, 1999 apud CAMPBELL, 2009, p. 140)

A Educação Inclusiva é uma possibilidade para o desenvolvimento


da solidariedade, do respeito ao outro, da dignidade humana e igualdade,
entre os indivíduos, pois ela possibilita aos alunos e às alunas aprenderem
a conviver e se relacionarem com diversas pessoas que apresentam
diferentes habilidades e competências de diversas culturas e religiões,
entre outras.
Educação Inclusiva 47

A educação inclusiva, atenta à diversidade inerente


à espécie humana, busca perceber e atender às
necessidades educativas especiais de todos os alunos
em salas de aulas comuns, em um sistema regular de
ensino, de forma que se promovam a aprendizagem e o
desenvolvimento pessoal de todos.

Educação inclusiva consiste no reconhecimento da


necessidade de ser caminhar rumo à uma escola que
inclua todos os alunos, celebre a diferença, responda
às necessidades individuais e apoie a aprendizagem
sustentado no pressuposto de que os alunos podem
aprender e fazer parte da vida escolar e comunitária.
(CAMPBELL, 2009, p. 141)

Nesse sentido, Campbell (2009) explica que a Educação Inclusiva


é a melhor maneira de beneficiar a todos, pois eles aprendem juntos.
E ainda, segundo a autora, não podemos esquecer que a Educação
Inclusiva é uma questão de direitos humanos, “uma vez que defende
que não se pode segregar nenhuma pessoa como consequência de
sua deficiência ou de sua dificuldade de aprendizagem” (CAMPBELL,
2009, p. 142).

Então, ficou clara a diferença entre integração e inclusão? Para você


compreender melhor a diferença entre integração e inclusão, observe na
abaixo a diferença entre esses dois paradigmas.
48 Educação Inclusiva

Figura – Inclusão versus Integração

Fonte: Adaptado (SOUZA et al., 2005).

De acordo com Souza et al (2005), existem duas teorias que você


precisa conhecer para entender como a integração e a inclusão se
constituem:

• A teoria do meio menos restritivo possível: As pessoas com


deficiência, desde a infância, devem ser atendidas à parte, em
serviços e programas individualizados, como os de estimulação
precoce em instituições especializadas: creches, escolas e
classes especiais de educação infantil, de ensino fundamental,
entre outros.

• A teoria do meio mais favorável possível: Cisa o aperfeiçoamento


dos atendimentos e programas educativos, sem que precisem ser
Educação Inclusiva 49

individualizados, mas que possam atender e beneficiar todas as


crianças na sua pluralidade.

Veja na tabela a seguir mais informações sobre essas duas teorias.


Quadro 5: Teorias do meio mais favorável possível e do meio menos restritivo possível

TEORIA DO MEIO
TEORIA DO MEIO MENOS
PARADIGMAS MAIS FAVORÁVEL
RESTRITIVO POSSÍVEL
POSSÍVEL
Todos os alunos na
Todos os alunos
mesma escola, mas não
Educação em sala de aula
necessariamente em uma
comum
mesma sala
A meta é não deixar
Condicionada à adaptação
Inserção da ninguém de fora.
da criança, às experiências e
criança Inserção de forma
às exigências do meio
mais radical
As diferenças
A busca pela impulsionam as
Diferenças
homogeneização mudanças de
comportamento
Acionamento das
Serviços Em atendimento segregado
redes de apoio
Modalidade INTEGRAÇÃO INCLUSÃO
Fonte: SOUZA, 2005.

Observa-se na tabela anterior que as características específicas


das duas teorias buscam modalidade diferentes da educação especial.
Uma visa para integração na escola, mas em salas de aulas separadas e
a outra tende para a inclusão de todos os estudantes com necessidades
educacionais especiais na sala de aula regular, isto é, sala de aula comum.
50 Educação Inclusiva

RESUMINDO:

Para finalizar, vamos recapitular o que foi estudado neste


tópico. Você viu que a exclusão representa o período em
que todas as pessoas com deficiência eram totalmente
excluídas da sociedade, isto é, todos os indivíduos com
deficiência eram considerados inválidos para realizar
qualquer atividade ou até mesmo se relacionar com a
comunidade. Em seguida, foi apresentada a segregação que
acontece quando são criadas as instituições especializadas
para atender cada tipo de deficiência, sendo que o ambiente
destas instituições deveriam ser o mais semelhante possível
daqueles vivenciados pela população sem deficiência.
Depois, foi explicado o paradigma da integração, que tem
como objetivo integrar os estudantes com deficiência
nas escolas regulares comuns, entretanto, em classes
especiais. A integração é a fase que os estudantes com
deficiência que deverão se adaptar às escolas, essas por
sua vez, não precisam modificar nada na sua estrutura física
ou nos processos de ensino-aprendizagem. Para encerrar
este tópico, foi explicado sobre a Educação Inclusiva e,
nesta perspectiva, o ambiente escolar tem que reformular
o processo de ensino-aprendizagem, pois este precisa
estar aberto às diferenças, além de ter recursos humanos
capacitados para atuar com todos os estudantes, sem
distinção de classe, gênero, raça, deficiência, entre outros.
Educação Inclusiva 51

REFERÊNCIAS
ALIAS, Gabriela. Desenvolvimento da aprendizagem na Educação
Especial - Princípios, fundamentos e procedimentos na Educação
Inclusiva. São Paulo: Cengage, 2016. (Recurso eletrônico).

BERGAMO, Regiane Banzzatto. Educação Especial pesquisa e


prática. Curitiba: InterSaberes, 2012.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


DE 1988. Presidência da República - Casa Civil. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html>. Acesso
em: 02 nov. 2020.

BRASIL. Decreto nº 72.425, de 3 de Julho de 1973. Câmara dos


Deputados. Legislação Informatizada - Decreto nº. 72.425, de 3 de Julho
de 1973 - Publicação Original. Disponível em: <https://www2.camara.leg.
br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-72425-3-julho-1973-420888-
publicacaooriginal-1-pe.html.> Acesso em: 01 nov. 2020.

BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Presidência


da República - Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.html>. Acesso em: 03 nov. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Política nacional de educação


especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP,
2008.

CAMPBELL, S. I. Múltiplas Faces da Inclusão. Rio de Janeiro: Wak


Editora, 2009.

MEC. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e


Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso
em: 02 nov. 2020.

SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio


de Janeiro: WVA, 1997.
52 Educação Inclusiva

SASSAKI, R. et al. Mídia e Deficiência. Brasília: Agência de Notícias


dos Direitos da Infância e da Fundação Banco do Brasil, 2003. Disponível
em: <http://www.andi.org.br/sites/default/files/Midia_e_deficiencia.pdf>.
Acesso em: 01 nov. 2020.

SILVA, A. M. Educação especial e inclusão escolar história e


fundamentos. Curitiba: InterSaberes, 2012.

SOUZA, A.; RODRIGUES, F. L. V. et al. Inclusão: História, conceitos e


problematização. Brasília: CFORM/UnB, 2005.

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.


Tratado Internacional. Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948). Disponível em: http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/
bibliotecavirtual/instrumentos/2decla.htm. Acesso em: 01 nov. 2020.

You might also like