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Políticas Públicas

e Educação

Unidade 2
Bases Legais da Educação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
PRICILA RIBEIRO ALIAS
AUTORIA
Pricila Ribeiro Alias
Sou formada em Ciências Biológicas, com habilitação em Química
pela Fundação Santo André e realizei a especialização em Ciências da
Natureza para crianças pela Universidade de São Paulo (USP). Além
da graduação citada, sou formada em Pedagogia com habilitação em
Direção e Supervisão Escolar pela Universidade Bandeirantes (Uniban).
Com uma vasta experiência técnico-profissional na área educacional há
mais de 24 anos, tenho, dentre eles, 18 anos na área de docência (como
professora de Ciências e Química) e 13 anos na coordenação pedagógica
do Ensino Fundamental I, II, Ensino Médio e Técnico, incluindo escolas
municipais, estaduais e particulares. Foram 16 anos de docência na
Secretaria Estadual de Educação e dois anos na ETEC Ribeirão Pires, 10
anos na Prefeitura Municipal de São Paulo como professora de Ciências
e Coordenadora Pedagógica, dois anos na Prefeitura Municipal de São
Bernardo do Campo como coordenadora pedagógica e mais cinco anos
na coordenação pedagógica de uma escola particular como minha
penúltima experiência. Como última experiência profissional, exerci a
função de consultora pedagógica na Editora FTD Educação, ministrando
formações para diretores, coordenadores e professores, além da
consultoria pedagógica para estudantes nas orientações de TCC. Já
ministrei, também, cursinhos preparatórios para concurso público. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Instâncias administrativas e organizacionais......................................10
Órgãos responsáveis pela educação – MEC................................................................ 11

A administração da escola nos processos educativos e seus recursos.16

Declaração Universal dos Direitos Humanos......................................20


O que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos?.................................. 20

Histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos................................ 21

Pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos..................... 22

A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos....................28

Declaração da UNESCO/ONU sobre educação................................ 31


O papel da UNESCO...................................................................................................................... 31

Constituição da República Federativa do Brasil................................ 41


Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto – Artigos de
205 a 214 ................................................................................................................................................ 41
Políticas Públicas e Educação 7

02
UNIDADE
8 Políticas Públicas e Educação

INTRODUÇÃO
Nesta unidade, trataremos da estrutura administrativa do sistema
educacional brasileiro e seus órgãos responsáveis. Além da estrutura,
iremos tratar de algumas conquistas que, através das políticas públicas
educacionais, foram criadas, como: Declaração dos Direitos Humanos e
a Declaração da Unesco (pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Sobre essas declarações, iremos falar sobre seus conceitos, históricos,
sua importância e seus pressupostos. Para finalizar o capítulo desta
unidade, iremos falar sobre a lei federal que rege todo o país, a
Constituição Federal do Brasil de 1988.
Políticas Públicas e Educação 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2, e o nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Identificar e entender a estrutura do sistema educacional brasileiro


e seus órgãos responsáveis.

2. Entender sobre a declaração universal dos direitos humanos, seu


histórico, pressupostos e sua importância para a educação da
sociedade.

3. Compreender o papel da UNESCO no contexto dos direitos


humanos.

4. Identificar as referências da Constituição Federal da República de


1988 no que concerne a proteção e determinação das diretrizes
educacionais do Brasil.

Então, preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
10 Políticas Públicas e Educação

Instâncias administrativas e
organizacionais
OBJETIVO:

Neste capítulo, faremos uma abordagem sobre a estrutura


administrativa do sistema em níveis federal, estadual e
municipal, conselhos e órgãos que normatizam o ensino
com a finalidade de um correto funcionamento da escola,
além da abordagem da administração escolar, seus
recursos e a mudança pragmática de “administração” para
“gestão”, pensando que a escola tornou-se um ambiente
do processo educativo mais democrático.

Com o objetivo de oferecer educação de qualidade para todos


os cidadãos, a escola tem a responsabilidade de fazer cumprir as
determinações constitucionais. A partir deste pressuposto, a missão da
escola é funcionar administrando todo processo educacional dos seus
alunos, fazendo o acompanhamento e registrando adequadamente o
desenvolvimento físico, cognitivo, moral e emocional destes.

Para isso, a escola precisa administrar cumprindo as diretrizes


administrativas e pedagógicas advindas das esferas federal, estadual
e municipal. A gestão democrática das escolas as torna autônomas
conforme a Lei de diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394/96, Art. 3º, Inciso VIII,
porém, as suas atividades devem ser desenvolvidas em consonância com
a legislação no Brasil.

Entende-se, portanto, que a escola não possui soberania, e sim


autonomia escolar, devendo cumprir as leis que regem o sistema de
ensino. A escola faz parte do sistema de ensino brasileiro e esse sistema,
segundo Menezes (2004, p.138), é comparado a uma pirâmide, estando
no topo a esfera federal, no meio a estadual, e na base, os municípios e
a escola.
Políticas Públicas e Educação 11

Órgãos responsáveis pela educação – MEC


As atribuições do poder público federal em matéria de educação
são exercidas pelo Ministério da Educação (MEC), estabelecido pela LDB.
O MEC conta com a colaboração do Conselho Nacional de Educação e as
Câmaras que o compõem ao desempenhar suas funções.

A União, em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios,


elabora, também, o Plano Nacional de Educação, que tem a função de
estabelecer diretrizes e metas para os níveis e modalidades de ensino,
formação de professores e valorização do magistério e financiamento da
gestão, para um prazo de 10 anos.

Cabe ao MEC exercer as atribuições do poder público federal em


matéria de educação. Cabe a ele, portanto, formular e avaliar a política
nacional de educação, zelar pela qualidade de ensino e velar pelo
cumprimento das leis que o regem. É o MEC que organiza as políticas
para educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de
jovens e adultos (EJA), educação indígena, educação especial e educação
a distância (EAD).
Figura 1 - A educação a partir do poder público federal

MEC

Conselho Nacional de Educação

Câmaras

Estados Federados

Municípios

Instituições de Ensino

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1996)


12 Políticas Públicas e Educação

Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei nº 9.394/96, cabe à União a


coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes
níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva
em relação às demais instâncias educacionais, atribuição que exercerá
executando as incumbências estabelecidas pelo artigo 9º:
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais do sistema federal de ensino e os dos Territórios;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, exercendo sua função
redistributiva e supletiva, com prioridade à escolaridade
obrigatória;
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio,
que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de
modo a assegurar formação básica comum;
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e
superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
qualidade;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e de
pós-graduação;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
instituições de educação superior;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema
de ensino. Estas atribuições poderão ser delegadas aos
Estados e ao Distrito Federal que mantiverem instituições
de educação superior. (BRASIL, 1996)

O Artigo 9º prevê, ainda, a existência de um Conselho Nacional de


Educação, em substituição ao anterior Conselho Federal de Educação,
com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado
por lei própria.

O Distrito Federal e os estados são responsáveis por organizar,


manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas
Políticas Públicas e Educação 13

de ensino. Aos estados cabe assegurar o ensino fundamental e o ensino


médio, conforme Art.10 da LDB nº 9.394/96.

A administração em nível estadual e do Distrito Federal é constituída


pela rede de escolas para o desenvolvimento da educação escolar, pelas
secretarias ou departamentos de educação e pelos Conselhos Estaduais
de Educação, que, por sua vez, são constituídos pela Câmara de Educação
Básica e pela Câmara de Educação Superior.

As incumbências dos estados estão definidas no artigo 10 da Lei nº


9.394/96:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais dos seus sistemas de ensino;
II - colaborar com os Municípios na oferta do ensino
fundamental;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais,
em consonância com as diretrizes e planos nacionais de
educação;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
avaliar os cursos das instituições de educação superior e
os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V - baixar normas complementares para o seu sistema de
ensino;
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
prioridade, o ensino médio. (BRASIL, 1996)

No que se refere à competência dos municípios, observa-se que de


acordo com o artigo 11, têm as seguintes atribuições:
I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às
políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de
ensino;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os
estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V - oferecer educação infantil em creches e pré-escolas, e,
com prioridade, o ensino fundamental, só podendo atuar
em outros níveis de ensino quando estiverem plenamente
atendidas as necessidades de sua área de competência.
(BRASIL, 1996)
14 Políticas Públicas e Educação

Ainda sobre a administração em nível municipal, os sistemas de


ensino são organizados pelos próprios municípios, de forma que devem
integrar-se às políticas e aos planos educacionais da União e dos estados.
O ensino fundamental deve ser a prioridade do município, podendo
oferecer também a educação infantil em creches e pré-escolas.
Figura 2 - Sistemas de ensino no âmbito municipal

Políticas
educacionais
estaduais

Políticas Sistema Políticas


educacionais Municipal de educacionais
federais ensino municipais

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1996)

Para atuarem em outros níveis de ensino, as necessidades do


ensino fundamental devem estar plenamente atendidas e os recursos
estarem acima dos percentuais mínimos estabelecidos pela Constituição
Federal para a manutenção e o desenvolvimento dessa área de ensino.

Faz parte da esfera municipal o Conselho Municipal de Educação,


órgão que tem as funções normativa, consultiva, propositiva, mobilizadora,
deliberativa e fiscalizadora, e o Plano Municipal de Educação, órgão que
estabelece diretriz e metas para todos os níveis de ensino e modalidades
de ensino do município.

A lei nº 9394/96 estabelece as atribuições dos estabelecimentos de


ensino (art. 12). Estes, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema
de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
financeiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula
estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
docente;
Políticas Públicas e Educação 15

V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor


rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando
processos de integração da sociedade com a escola;
VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência
e o rendimento dos alunos e sobre a execução de sua
proposta pedagógica. (BRASIL, 1996)

Percebe-se que se os envolvidos nas esferas federal, estadual,


o Distrito Federal, os municípios, os estabelecimentos de ensino e os
docentes desenvolverem de forma satisfatória as atribuições que a lei lhes
confia, poderemos ter no Brasil uma educação básica de boa qualidade e
acessível a todos.

Considera-se que é de grande importância e necessário o empenho


da sociedade no sentido de fiscalizar e cobrar das diversas instâncias
educacionais o cumprimento das suas obrigações. Nesse sentido, a
sociedade organizada (associações diversas, entidades profissionais,
empresas, igrejas, sindicatos, etc.) deve colaborar e exigir dos poderes
públicos atenção prioritária e absoluta para o ensino fundamental, criando
melhores condições de trabalho, destinando os recursos materiais,
financeiros e humanos necessários à universalização da educação básica,
por meio de uma política educacional séria e duradoura.

Com esse esforço conjugado, inclusive com as unidades escolares


levando a sério à questão administrativa na ótica democrática, poderemos
estabelecer no Brasil uma educação de melhor qualidade.

ACESSE:

Para saber mais sobre os órgãos responsáveis pela


educação no país, acesse o portal do MEC. Disponível aqui.

Para além das diretrizes estabelecidas no âmbito da LDB, o


sistema educacional brasileiro pode contar com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) que é um documento estruturado em âmbito nacional,
cujo objetivo é auxiliar o funcionamento da educação básica no Brasil e,
ainda, estabelecer metas de conhecimento e aprendizagem para todas as
instituições de ensino do país.
16 Políticas Públicas e Educação

Dessa maneira, a partir da BNCC, os órgãos e instituições de


ensino passam a se preocupar com uma dinâmica educacional mais
integrativa, ou seja, deixa de lado a temática da acumulação de conteúdo
e se concentra mais no estudo dos conteúdos a partir de uma ótica que
vivencia a realidade de cada instituição. Seria, portanto, a situação das
instituições começarem a atuar para além do funcionamento entre muros
e, portanto, começar a compreender as necessidades da comunidade
na qual a escola se encontra inserida para que se consiga conectar o
conteúdo com a realidade.
Figura 3 - Os efeitos da BNCC

O aluno constrói
O aluno compreende O aluno desperta a realidade de
a realidade o senso crítico maneira dinâmica e
contextualizada

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2017)

O que deve ser primordial para compreender um pouco melhor


o funcionamento da BNCC é perceber que sua elaboração não ocorreu
de maneira isolada, ou seja, várias questões sociais, normativas, políticas
e econômicas foram levadas em consideração para que o texto fosse
fechado. Entretanto, a grande meta de toda a introdução da BNCC era, tão
somente, estimular e sistematizar mudanças reais na educação brasileira.

A administração da escola nos processos


educativos e seus recursos
A administração da escola, envolvendo recursos físicos, materiais,
financeiros e humanos, foi o foco da ação da gestão no tempo da escola
conservadora, elitista e orientada pelo paradigma Positivismo, que via os
processos educacionais fragmentados e atuava sobre eles, um de cada
vez e como um valor em si mesmo, para garantir a qualidade do ensino.
Políticas Públicas e Educação 17

Segundo essa concepção paradigmática limitada, o diretor escolar


dedicava a maior parte do seu tempo buscando garantir esses recursos
para a escola, na expectativa de que os processos educacionais fluíssem
naturalmente.

Houve, porém, uma mudança paradigmática na dinâmica humana,


associada às mudanças substanciais no modo de ser e fazer e nas
dinâmicas sociais e de todos os empreendimentos humanos, implicando
em mudanças da superação da ótica limitada da administração em si
para a da gestão de caráter abrangente e interativo (Lück, 2007). Essa
mudança paradigmática coloca a administração como uma dimensão de
papel subsidiário para a ação educacional, no contexto de várias outras
dimensões da gestão.

A gestão administrativa, portanto, se situa no contexto de um


conjunto interativo de várias outras dimensões da gestão escolar,
passando a ser percebida como um substrato sobre o qual se assentam
todas as outras, mas também percebido com uma ótica menos funcional
e mais dinâmica.

A passagem de uma ótica fragmentada da educação para uma


ótica organizada pela visão de conjunto (Lück, 2007) tem implicações de
grande repercussão sobre a gestão da escola, demandando a contínua
articulação entre o modo de pensar e de fazer o trabalho educacional e a
necessidade de promoção de articulações e interações, análise conjunta
dos diferentes aspectos da realidade, análise do relacionamento entre os
objetivos específicos de cada área de atuação, com os objetivos gerais
da educação e do projeto pedagógico escolar e a associação desses
objetivos com o uso educacional de espaços, bens materiais e físicos e
recursos financeiros, voltados para a sua realização.

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre ações, projetos e vários programas


com premiações e formações, acesse o site do Conselho
Nacional de Secretários de Educação. Disponível aqui.
18 Políticas Públicas e Educação

Nesse sentido, há uma mudança de significado dos recursos, que


passam a valer não por sua existência na escola, mas pelo uso que se faz
deles no processo educacional, conforme definido no quadro a seguir.
Quadro 1 - Mudança de significado de recursos utilizados em educação
diante da mudança de paradigma de administração para gestão

Administração Gestão

A disponibilidade de recursos a servirem


Recursos não valem por si mesmos, mas
como insumos constituem-se em
pelo uso que deles se faz, a partir do
condição que garante a qualidade do
significado a eles atribuído pelas pessoas
ensino. Uma vez garantidos os recursos,
e a forma como são utilizados por elas na
estes, naturalmente, garantiriam a
realização do processo educacional.
qualidade do ensino.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Portanto, a gestão administrativa ganha perspectivas dinâmicas e


pedagógicas. Essa gestão é referida pelo Prêmio Nacional de Referência
em Gestão Escolar (Consed, 2007) como sendo gestão de serviços e
recursos, abrangendo “processos e práticas eficientes e eficazes de
gestão dos serviços de apoio, recursos físicos e financeiros”.

São destacados como indicadores de qualidade dessa dimensão: a


organização dos registros escolares, a utilização adequada das instalações
e equipamentos, a preservação do patrimônio escolar, a interação escola/
comunidade e a captação e aplicação de recursos didáticos e financeiros.

VOCÊ SABIA?

Você sabia que o site do Consed contém um programa de


educação financeira voltado para escolas e possui diversos
materiais de apoio para formação desse tema? Dentre
eles, os livros para alunos e professores dos ensinos médio
e fundamental I e II. Esses livros estão disponíveis para
download ou leitura on-line. É só acessar o site e saber mais
sobre isso.
Políticas Públicas e Educação 19

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade,
vamos rever algo do que vimos. Fizemos uma abordagem
sobre a estrutura administrativa do sistema em níveis federal,
estadual e municipal, conselhos e órgãos que normatizam
o ensino com a finalidade de um correto funcionamento da
escola, além da abordagem da administração escolar, seus
recursos e a mudança pragmática de “administração” para
“gestão”, pensando que a escola tornou-se um ambiente
do processo educativo mais democrático.
20 Políticas Públicas e Educação

Declaração Universal dos Direitos


Humanos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o


que é a Declaração dos Direitos Humanos, o histórico da
mesma, seus pressupostos e sua importância. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

O que é a Declaração Universal dos


Direitos Humanos?
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento base
da luta contra a opressão e a discriminação, defendendo a igualdade e
a dignidade das pessoas, reconhecendo que os direitos humanos e as
liberdades fundamentais devem ser aplicados a todo cidadão do planeta.

Foi aprovada na Assembleia Geral da ONU em 1948. Os direitos


humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que
haja discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por
qualquer outro motivo (como religião e opinião política).

Eles podem ser civis ou políticos, como o direito à vida, à igualdade


perante a lei e à liberdade de expressão. Podem também ser econômicos,
sociais e culturais, como o direito ao trabalho e à educação e coletivos,
como o direito ao desenvolvimento. A garantia dos direitos humanos
universais é feita por lei, na forma de tratados e de leis internacionais, por
exemplo.
Políticas Públicas e Educação 21

Histórico da Declaração Universal dos


Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos começou a ser
pensada quando o mundo ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra
Mundial, encerrada em 1945. Outros documentos já haviam sido redigidos
em reação a tratamentos desumanos e injustiças, como a Declaração
de Direitos Inglesa (elaborada em 1689, após as Guerras Civis Inglesas,
para pregar a democracia) e a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão (redigida em 1789, após a Revolução Francesa, a fim de proclamar
a igualdade para todos).

Depois da Segunda Guerra e da criação da ONU (também em 1945),


líderes mundiais decidiram complementar a promessa da comunidade
internacional de nunca mais permitir atrocidades como as que haviam
sido vistas na guerra. Assim, elaboraram um guia para garantir os direitos
de todas as pessoas e em todos os lugares do globo.

O documento foi apresentado na primeira Assembleia Geral da


ONU, em 1946, e repassado à Comissão de Direitos Humanos para que
fosse usado na preparação de uma declaração internacional de direitos.

Na primeira sessão da comissão, em 1947, seus membros foram


autorizados a elaborar o que foi chamado de “esboço preliminar da
Declaração Internacional dos Direitos Humanos”. Um comitê formado por
membros de oito países recebeu a declaração e se reuniu pela primeira
vez em 1947. Ele foi presidido por Eleanor Roosevelt, viúva do presidente
americano Franklin D. Roosevelt. O responsável pelo primeiro esboço da
declaração, o francês René Cassin, também participou.

O primeiro rascunho da Declaração Universal dos Direitos Humanos,


que contou com a participação de mais de 50 países na redação, foi
apresentado em setembro de 1948 e teve seu texto final redigido em
menos de dois anos.
22 Políticas Públicas e Educação

Pressupostos da Declaração Universal dos


Direitos Humanos
Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
(resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos partiu dos seguintes pressupostos:

• O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros


da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.

• Que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram


em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e
que o advento de um mundo em que mulheres e homens gozem
de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a
salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta
aspiração do ser humano comum.

• Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam


protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja
compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a
opressão.

• Ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas


entre as nações.

• Que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé


nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor
da pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da
mulher e que decidiram promover o progresso social e melhores
condições de vida em uma liberdade mais ampla.

• Que os países-membros se comprometeram a promover, em


cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos
direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a observância
desses direitos e liberdades.

• Que uma compreensão comum desses direitos e liberdades


é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse
compromisso.
Políticas Públicas e Educação 23

A Assembleia Geral proclamou a presente Declaração Universal dos


Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos
e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão
da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por
meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos
e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional
e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios países-membros
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Fica promulgado:
Artigo 01
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência
e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.
Artigo 02
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos
e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada
na condição política, jurídica ou internacional do país ou
território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um
território independente, sob tutela, sem governo próprio,
quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 03
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal.
Artigo 04
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em
todas as suas formas.
Artigo 05
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou
castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo 06
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo 07
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer
distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
24 Políticas Públicas e Educação

igual proteção contra qualquer discriminação que viole a


presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal
discriminação.
Artigo 08
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais
nacionais competentes remédios efetivos para os atos
que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo 09
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a
uma justa e pública audiência por parte de um tribunal
independente e imparcial, para decidir seus direitos e
deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal
contra ele.
Artigo 11
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem
o direito de ser presumido inocente até que a sua
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas
todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
omissão que, no momento, não constituíam delito perante
o direito nacional ou internacional. Também não será
imposta pena mais forte de que aquela que, no momento
da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 12
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada,
na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem
a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem
direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção
e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país,
inclusive o próprio e a esse regressar.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito
de procurar e de gozar asilo em outros países.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios
das Nações Unidas.
Políticas Públicas e Educação 25

Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e
sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno
consentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade
e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Artigo 17
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em
sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua
propriedade.
Artigo 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo
culto em público ou em particular.
Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião
e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de fronteiras.
Artigo 20
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e
associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
associação.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no
governo de seu país diretamente ou por intermédio de
representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço
público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
essa vontade será expressa em eleições periódicas e
26 Políticas Públicas e Educação

legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou


processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo 22
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito
à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela
cooperação internacional e de acordo com a organização
e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos,
sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha
de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e
à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a
igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma
remuneração justa e satisfatória que lhe assegure,
assim como à sua família, uma existência compatível
com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a
neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive
a limitação razoável das horas de trabalho e a férias
remuneradas periódicas.
Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz
de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em
caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice
ou outros casos de perda dos meios de subsistência em
circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro
ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução
será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, está baseada no mérito;
Políticas Públicas e Educação 27

2. A instrução será orientada no sentido do pleno


desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano
e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá
a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz;
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero
de instrução que será ministrada aos seus filhos.
Artigo 27
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente
da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de
participar do progresso científico e de seus benefícios;
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses
morais e materiais decorrentes de qualquer produção
científica literária ou artística da qual seja autor.
Artigo 28
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e
internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos
na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo 29
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade,
na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua
personalidade é possível;
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser
humano estará sujeito apenas às limitações determinadas
pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
outrem e de satisfazer as justas exigências da moral,
da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática;
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e
princípios das Nações Unidas.
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração poder
ser interpretada como o reconhecimento a qualquer
Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição
de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
(CHRISTOFARO, 1948)
28 Políticas Públicas e Educação

VOCÊ SABIA?

Todo ano no dia 10 de dezembro é comemorado o Dia da


Declaração dos Direitos Humanos.

A importância da Declaração Universal


dos Direitos Humanos
A Declaração Universal de Direitos Humanos foi fruto de uma
evolução de pelo menos de sete séculos e representou um marco
histórico em matéria de ética. Nas diferentes civilizações da antiguidade,
cada povo considerava seus valores éticos, consolidados em costumes
tradicionais, como superiores aos dos demais povos, os quais eram tidos,
por isso mesmo, como bárbaros, senão como inimigos. Além disso, no
mundo antigo, os indivíduos achavam-se absorvidos no grupo social, não
tendo praticamente nenhuma autonomia de vida e atuação.

A Declaração Universal veio alterar radicalmente essa concepção


ética, ao proclamar, desde o seu artigo de abertura, que “todos os seres
humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos”. Se todos nós,
humanos, possuímos a mesma dignidade, nenhum povo, etnia, grupo
religioso ou gênero sexual pode se considerar superior aos outros.
Além disso, essa situação de substancial igualdade humana passou a
concretizar-se em direitos; vale dizer, na capacidade reconhecida a cada
qual – indivíduo ou grupo social – de exigir dos demais o respeito à sua
dignidade.

Com isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos veio


anunciar a abertura de uma nova era na evolução histórica: a unificação
da humanidade. Superando as divisões tribais, nacionais, étnicas ou
religiosas, passamos todos a ter consciência de que formamos um só
grupo na face da Terra, unido pela condição de natural solidariedade.
Tudo o que prejudica um indivíduo, povo ou etnia prejudica também,
necessariamente, a humanidade inteira. Mas a História, obviamente,
não cessa de evoluir. A partir de 1948, duas novas dimensões de direitos
humanos surgiram, e passaram a ser objeto de documentos internacionais.
Políticas Públicas e Educação 29

A primeira delas diz respeito ao chamado direito à diferença. Com


efeito, se reconhecemos, de um lado, que a nossa espécie comporta dois
sexos, cada qual com peculiaridades próprias e igualmente respeitáveis,
e se, de outro lado, verificamos que possuímos, todos, uma capacidade
de permanente criação cultural, é impossível negar que somos, pela
nossa essência, diferentes uns dos outros. Em 27 de novembro de 1978,
na Declaração sobre Raça e Preconceito Racial, a UNESCO, reiterando
que nenhum povo pode considerar-se superior aos demais, afirmou
que “todos os povos têm o direito de ser diferentes, de se considerarem
diferentes e de serem vistos como tais”.

A segunda dimensão dos direitos humanos, reconhecida


posteriormente à Declaração Universal de 1948, é a existência de direitos
dos povos e de direitos da humanidade. Dentre os primeiros, declarados,
por exemplo, na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Direitos
dos Povos de 1981, figuram o direito dos povos a uma existência livre e
autônoma, bem como o direito ao desenvolvimento, à paz e à segurança.

Por fim, quanto aos direitos da própria humanidade, devem ser


lembrados, entre outros, o de preservação do meio ambiente mundial
e o reconhecimento, como declarado pela UNESCO em 1999, de que o
genoma humano constitui um “patrimônio da humanidade”, sendo, nessa
condição, insuscetível de apropriação privada para fins empresariais,
como se tentou obter, em inúmeras ocasiões.

Hoje, cada vez mais, tomamos consciência, pura e simplesmente,


de que a preservação dos direitos humanos é uma condição de
sobrevivência da humanidade.

VOCÊ SABIA?

A sede internacional da ONU está localizada em Nova


Iorque, nos Estados Unidos, e foi projetada por uma equipe
de arquitetos de diversos países, liderada por Wallace
Harrison, sendo o projeto final baseado nas propostas
de Oscar Niemeyer (Brasil) e Le Corbusier (Francês). Foi
construída entre 1949 e 1952 e está localizada no setor leste
de Manhattan.
30 Políticas Públicas e Educação

Figura 4 - Sede da ONU

Fonte: Freepik.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade,
vamos rever algo do que vimos. Você foi capaz de entender
o que é a Declaração dos Direitos Humanos, o histórico da
mesma, seus pressupostos e sua importância.
Políticas Públicas e Educação 31

Declaração da UNESCO/ONU sobre


educação
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o


que é a Declaração da UNESCO/ONU. O papel da UNESCO
e a declaração universal sobre raça e preconceito. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

O papel da UNESCO
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação
Ciência e Cultura é uma agência especializada das Nações Unidas. Ela
contribui para a construção da paz mundial através da preservação da
cultura. Como mencionado no tópico anterior, o sistema das Nações
Unidas tem por objetivo o processo de disseminação de políticas sociais
que valorizem os Direitos Humanos e, para que isso seja possível, se
utilizam de instrumentos que assegurem a paz e a segurança internacional,
conforme estabelece o artigo 2º da Carta das nações Unidas, que se
encontra disposta da seguinte maneira:
Artº. 2 A Organização e os seus membros, para a realização
dos objetivos mencionados no Artº. 1, agirão de acordo
com os seguintes princípios:
A Organização é baseada no princípio da igualdade
soberana de todos os seus membros;
Os membros da Organização, a fim de assegurarem a
todos em geral os direitos e vantagens resultantes da sua
qualidade de membros, deverão cumprir de boa-fé as
obrigações por eles assumidas em conformidade com a
presente Carta;
Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as
Nações Unidas a intervir em assuntos que dependam
essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado,
ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos
a uma solução, nos termos da presente Carta; este
32 Políticas Públicas e Educação

princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas


coercitivas constantes do capítulo VII.
A Unesco, agência multilateral inserida na ONU, trabalha
para atender a suas estratégias de atuação em seus países
membros, institucionais, sociais e econômicas. (ONU, 1945)

Sendo assim, logo no início, já é possível compreender o


nível de responsabilidade que a ONU assume no que se refere aos
Direitos Humanos. Ainda, atribui responsabilidades às suas agências
especializadas, em virtude da quantidade de países e assuntos que
precisa gerenciar, se tornando impossível administrar todas as questões
ao mesmo tempo.
Figura 5 – As agências especializadas da ONU

Auxiliam em assuntos específicos

Monitoram o cumprimento das diretrizes estabelecida sem âmbito internacional

Colaboram para o cumprimento dos Direitos Humanos

Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1945)

Neste cenário de agências especializadas apresentado pela


Organização das Nações Unidas, destaca-se a UNESCO que de acordo
com Souza e Lara (2014 p.141) observa-se que:
A Unesco, agência multilateral inserida na ONU, trabalha
para atender as suas estratégias de atuação em seus
países membros, institucionais, sociais e econômicas. As
Resoluções que citamos nesse trabalho são da ONU, as
quais se difundem por diversas regiões do globo. Contudo,
o conteúdo e a linguagem se configuram no discurso da
UNESCO, presentes nas diferentes publicações da agência
sobre a juventude no Brasil, desde 1997 até 2000. (SOUZA;
LARA, 2014 p.141)

Ainda sobre a criação da UNESCO, observa-se a existência de


Conferências de Londres, que é o documento jurídico capaz de estruturar
a UNESCO. Entretanto, como é possível observar anteriormente, sua
composição é pensada desde a Carta de São Francisco, mais especificamente
no artigo 57º, conforme especifica STANCMAUSTEA (2015 p. 14)
Políticas Públicas e Educação 33

O Artigo 57 da Carta das Nações Unidas constitui a


fundação espiritual da UNESCO, pois prevê a criação de
uma agência especializada para à cooperação nas esferas
educacionais e culturais, que ‘derrotaria o espírito maligno’
e combateria as ideias que levaram a duas guerras
mundiais e que poderiam levar à aniquilação sistemática
da vida humana. (STANCAMUSTEA, 2015, p.14)

Dessa maneira, em virtude de sua estrutura e de suas funções


estabelecidas pela Conferência de Londres, a UNESCO passa a ter as
seguintes responsabilidades:

a. Promover a incorporação dos princípios enunciados na presente


Declaração nas estratégias de desenvolvimento elaboradas no
seio das diversas entidades intergovernamentais.

b. Servir de instância de referência e de articulação entre os estados, os


organismos internacionais governamentais e não governamentais,
a sociedade civil e o setor privado para a elaboração conjunta de
conceitos, objetivos e políticas em favor da diversidade cultural.

c. Dar seguimento a suas atividades normativas, de sensibilização


e de desenvolvimento de capacidades nos âmbitos relacionados
com a presente Declaração dentro de suas esferas de competência.

d. Facilitar a aplicação do Plano de Ação, cujas linhas gerais se


encontram apensas a presente Declaração.

Ainda sobre o processo de criação da UNESCO, destaca-se que


a situação observada no pós Segunda Guerra Mundial foi marcada por
muitos desafios estruturais, políticos e econômicos. De maneira que
foi necessário que a organização internacional acolhesse informações
voltadas à ciência, no intuito de analisar e amadurecer as questões
nucleares para que se evitasse viver novamente situações como a de
Hiroshima e Nagasaki.

Observa-se, portanto, que durante todo o período de existência


da UNESCO muitas medidas foram tomadas no sentido de evidenciar a
importância da cultura na sociedade e, em especial, nos jovens.
34 Políticas Públicas e Educação

No tocante à temática juventude, a ONU/ Unesco,


durante sua existência, elaborou diversas resoluções com
proposições e ações geradas nas conferências, fóruns e
congressos, destinadas a esse estrato social. Em 1965,
lança a Resolução nº 2.037, denominada Declaração sobre
a difusão entre os jovens dos ideais de paz, respeito mútuo
e compreensão entre os povos, com a assertiva de que
os jovens foram as maiores vítimas na Segunda Guerra
Mundial. Esse grupo desempenha um papel essencial nas
várias esferas da sociedade, visto que dirigirá os rumos da
humanidade. Portanto, é preciso protegê-los. A juventude
deve conhecer, respeitar e desenvolver o acervo cultural
da humanidade e de seu país; a educação dos jovens e a
troca entre os mesmos deve permitir e contribuir com as
relações internacionais e fortalecer a paz e a segurança
(ONU, 1965). A Declaração é uma chamada para os
governos, organizações não governamentais (ONG’s)
e movimentos de juventude para que esses agentes
políticos reconheçam os princípios e orientações contidos
na Declaração e assegurem o respeito aos valores das
Nações Unidas para os jovens. (SOUZA; LARA 2014 p.141)

No intuito de compreender um pouco mais sobre as questões


relacionadas com o funcionamento e composição da UNESCO, observa-
se as informações apresentadas por Leitão (s.d, online) ao destacar que
existem 195 países membros da agência especializada da ONU.
Sede localizada em Paris, na França, a UNESCO conta com
195 Estados-membros e 8 membros associados. A maior
parte dos países-membros da ONU integram a UNESCO,
com exceção dos Estados Unidos, Israel e Liechtenstein.
Entre os países-membros da UNESCO que não integram
a ONU estão as Ilhas Cook, Niue e o Estado da Palestina.
A Palestina tornou-se membro da UNESCO em 2011 após
uma votação onde a entrada do país foi apoiada por 107
votos e reprovada por apenas 14 votos. Como represália
à entrada da Palestina na UNESCO, os Estados Unidos
acusaram a organização de ser antissemita e deixaram de
integrar os Estados-membros em 2018, seguido por Israel.”
(LEITÂO, s.d., online)

Atualmente, destaca-se que a Organização Internacional está


sendo analisada e se propõe a analisar elementos que se relacionam com
a educação, cultura e ciência.
Políticas Públicas e Educação 35

Mas, a UNESCO, após 73 anos de sua criação, ainda é


referência nas questões relativas à educação, cultura
e ciência. No âmbito cultural, destaca-se desde a sua
constituição, a preocupação com o patrimônio que é
possível verificar, entre outros documentos, no item c do
primeiro artigo da Constituição da UNESCO, que discorre
acerca dos propósitos e funções desta organização:
Manter, expandir e difundir o conhecimento, garantindo
a conservação e a proteção do legado mundial de livros,
obras de arte e monumentos de história e de ciência,
recomendando as convenções internacionais necessárias
às nações envolvidas. (VIDAL; FONTOURA, 2018 p.03)

Portanto, observa-se que o objetivo principal da UNESCO é


disseminar uma prática de cultura pelo mundo através dos jovens, visto
que eles são os sujeitos principais para modificar a realidade do País. Além
do mais, compreende-se que, ao informar e formar os jovens, a sociedade
também se beneficiará das práticas de formação cultural da sociedade e,
consequentemente, o país também colherá os frutos de uma sociedade
bem instruída, visto que as diferenças poderão ser mais bem equilibradas
e, assim, a humanidade terá condições de viver em harmonia. Nesse
mesmo sentido, Souza e Lara (2014 p.142) destacam que:
A declaração nº 2.037/1965, em seu primeiro ponto,
reporta-se à educação, advertindo que todos os jovens
devem ser educados no espírito da paz e do respeito
mútuo, para que promovam a igualdade de direitos dos
seres humanos, o crescimento econômico e social, na
busca da paz e da segurança internacional. Todos os meios
de educação e de ensino à juventude devem fomentar
os ideais de paz, humanismo, liberdade e solidariedade
internacional. (SOUZA; LARA, 2014 p.142)

Ainda sobre a importância e maneira de se trabalhar com os


jovens pelo mundo, a Organização das Nações Unidas (1965) evidencia
a necessidade de se enaltecer os valores da dignidade e igualdade
entre os povos, ou seja, os povos não devem permitir um tratamento
discriminatório entre sua população e, portanto, deve favorecer acesso
amplo e igualitário para todos os direitos e obrigações.
É preciso que os jovens sejam educados nos princípios e
orientações de dignidade e igualdade entre os homens,
independente de raça, cor, etnia e credo. As organizações
36 Políticas Públicas e Educação

juvenis devem se adequar a essas direções e buscar


continuamente o respeito entre as etnias e o intercâmbio
de jovens de diferentes nações. (ONU, 1965, p. 2)

Figura 6 – Os fundamentos do trabalho com a juventude

Respeito Solidariedade Cooperação

Igualdade Direitos Humanos

Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1965 p,02)

Sendo assim, diante do que é possível observar até o presente


momento, quando a UNESCO defende a promoção da educação, da
ciência e da cultura, observa-se, portanto, uma conexão estreita com a
paz e a segurança internacional.
O objetivo da Unesco é promover a paz e a segurança
mundial por meio da Educação, da Ciência e da Cultura
entre os seus 193 países membros. Sua sede atual
localiza-se em Paris e dispõe do Instituto Internacional
de Planejamento Educacional, que oferece cursos para
equipes das administrações nacionais. (ROSEMBERG, 2000)

Figura 7 – A educação como ferramenta da paz mundial

O jovem que estuda

É um jovem que pensa

É um jovem que reflete

É um jovem capaz de mudar uma realidade violenta e desigual

Fonte: Elaborado pela autora com base em ONU (1965 p,02)


Políticas Públicas e Educação 37

De acordo com o que se apresenta na figura acima, um jovem


que tem acesso à educação será capaz de refletir sobre as causas
e consequências dos problemas que está vivenciando e, assim, terá
condições de identificar como a realidade em que vive deveria se
apresentar para, em seguida, encontrar uma solução adequada para o
problema em que se encontra diretamente inserido.

Dessa maneira, a consciência crítica e reflexiva são elementos que


podem modificar a realidade de qualquer país, independentemente de
sua condição, pois o desejo de mudar combinado com a competência
técnica adquirida a partir de estudos especializados, evitará grandes
problemas sociais, políticos e econômicos.

Sobre os problemas que a UNESCO se ocupa, destaca-se o caso do


fechamento das escolas durante a pandemia da Covid-19, onde a agência
especializada da ONU evidenciou a importância de se evitar o fechamento
prolongado, sem necessidade, das escolas, visto que os danos para o
aprendizado serão significativos e, em alguns casos até irreversíveis.
A UNESCO e seus parceiros da Coalizão Global de Educação
têm defendido a reabertura segura das escolas, insistindo
que os fechamentos completos sejam usados apenas
como último recurso. Desde o início da pandemia, em
todo o mundo, as escolas permaneceram completamente
fechadas por uma média de 18 semanas (quatro meses
e meio). Se forem considerados os fechamentos parciais
(por localidade ou por nível educacional), a duração média
dos fechamentos em todo o mundo é de 34 semanas (oito
meses e meio), ou quase um ano acadêmico completo.
Interrupções prolongadas ou repetidas de aulas, assim
como o fechamento das escolas, ocorridos durante os
últimos dois anos acadêmicos, resultaram em perdas
de aprendizagem e no aumento das taxas de evasão,
afetando de maneira desproporcional os estudantes mais
vulneráveis. (UNESCO, 2021)

No que se refere à influência que a UNESCO exerce sobre o Brasil,


destaca um vasto panorama, onde é possível compreender que para
cada proposta apresentada pela Organização Internacional, existe a
estruturação de um plano que coaduna educação, plano de alimentação e
trabalho, como é o caso do programa Fome-Zero e do Primeiro Emprego.
38 Políticas Públicas e Educação

Conforme destaca Lara e Souza (2014 p.149) no que se refere ao trabalho


da UNESCO, observa-se que:
As metas desses espaços e deliberações integram os
princípios da Unesco: igualdade de direitos, liberdade,
dignidade, cidadania, paz, diversidade e tolerância. A
concepção de educação para a agência é encontrada
em um de seus mais famosos relatórios, conhecido
comumente por Delors (1998), no qual a educação é
salientada como um meio de tornar os indivíduos cientes
de suas raízes étnicas e responsável pela edificação de
um mundo solidário para aceitar as diferentes culturas.
No bom sentimento, do reconhecimento das diferenças,
distinto da abordagem economicista do BM e da Comissão
Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL). A
concepção de educação no Relatório Delors (1998) possui
um caráter de promover mudanças no ser individual,
propondo metas para a educação mundial de forma que
todas as culturas atendam essa perspectiva de educação.
A educação é designada como um meio para “construir” a
solidariedade, o respeito das diferentes culturas e, acima
de tudo, de promover a paz. (LARA; SOUZA, 2014 p.149)

Mais uma vez, observa-se que a proposta da UNESCO, no


que se refere ao fortalecimento do sistema educacional, tem como
pressuposto essencial transformá-lo em instrumento de solidariedade e,
consequentemente, de paz. Dessa maneira, pensando no compromisso
com a plena realização dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais proclamadas na Declaração Universal dos Direitos
Humanos e em outros instrumentos universalmente reconhecidos, como
os dois Pactos Internacionais de 1966 relativos respectivamente, aos
direitos civis e políticos e aos direitos econômicos, sociais e culturais e
que o Preâmbulo da Constituição da UNESCO afirma:
“(...) que a ampla difusão da cultura e da educação da
humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são
indispensáveis para a dignidade do homem e constituem
um dever sagrado que todas as nações devem cumprir
com um espírito de responsabilidade e de ajuda mútua”
e consciente do mandato específico confiado à UNESCO,
no seio do sistema das Nações Unidas, de assegurar a
preservação e a promoção da fecunda diversidade das
culturas. (UNESCO, 2002)
Políticas Públicas e Educação 39

Destacam-se alguns princípios essenciais para que seja possível


construir um cenário democrático na sociedade, ou seja, em que as
pessoas tenham acesso à educação e aos demais direitos que se
encontram conectados com a educação.
IDENTIDADE, DIVERSIDADE E PLURALISMO
Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da
humanidade
Artigo 2 – Da diversidade cultural ao pluralismo cultural
Artigo 3 – A diversidade cultural, fator de desenvolvimento
DIVERSIDADE CULTURAL E DIREITOS HUMANOS
Artigo 4 – Os direitos humanos, garantias da diversidade
cultural
Artigo 5 – Os direitos culturais, marco propício da
diversidade cultural
Artigo 6 – Rumo a uma diversidade cultural acessível a
todos
DIVERSIDADE CULTURAL E CRIATIVIDADE
Artigo 7 – O patrimônio cultural, fonte da criatividade
Artigo 8 – Os bens e serviços culturais, mercadorias
distintas das demais
Artigo 9 – As políticas culturais, catalisadoras da
criatividade
DIVERSIDADE CULTURAL E SOLIDARIEDADE
INTERNACIONAL
Artigo 10 – Reforçar as capacidades de criação e de
difusão em escala mundial
Artigo 11 – Estabelecer parcerias entre o setor público, o
setor privado e a sociedade civil (UNESCO, 2002)

Figura 8 – Os efeitos da aplicação dos princípios da UNESCO

Aperfeiçoam a
Integram Valorizam a reflexão
democracia

Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESCO (2002)


40 Políticas Públicas e Educação

Portanto, diante do que se observa e baseado nos trabalhos


desenvolvidos pela UNESCO, destaca-se que existe um vasto trabalho
que vem sendo desenvolvido pela agência especializada em estudo
e que, portanto, o compromisso em se utilizar da educação como
instrumento essencial para construção da paz é ponto focal dos trabalhos
do órgão. Nesse sentido, é possível identificar que a agência especializada
integra as diretrizes estabelecidas na Agenda 2030 que versam sobre os
objetivos do desenvolvimento sustentável.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade,
vamos rever algo do que vimos. Você aprendeu o que é
a Declaração da UNESCO/ONU. O papel da UNESCO e a
declaração universal sobre raça e preconceito.
Políticas Públicas e Educação 41

Constituição da República Federativa do


Brasil
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o


que é a Constituição da República Federativa do Brasil e
seu capítulo sobre a educação, cultura e desporto. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Capítulo III – Da educação, da cultura e


do desporto – Artigos de 205 a 214
A Constituição Brasileira de 1988 foi escrita pelo Congresso Nacional
do Brasil e aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte em 22 de
setembro de 1988 e promulgada em 5 de outubro de 1988. A Constituição
é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de
validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do
ordenamento jurídico. Durante esses 30 anos, após a promulgação da Lei,
muitas Emendas Constitucionais foram acrescentadas.

No texto abaixo, segue os artigos relacionados à EDUCAÇÃO e à


regularização em relação às emendas. Como visto anteriormente, segue
abaixo os artigos de 205 a 214 já com as regularizações das emendas
constitucionais.
CAPÍTULO III

DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO

SEÇÃO I

DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e


da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)
42 Políticas Públicas e Educação

Diante do que se observa no dispositivo transcrito, o ordenamento


jurídico considera que a educação é instrumento essencial para a
solidificação da cidadania, ou seja, de um sistema capaz de incluir e
aceitar as diferenças a partir de reflexões pessoais e coletivas. Destaca-se,
portanto, que será através da educação que o sistema social será capaz de
ser modificado, de forma, portanto, que não se admite um poder público
que venha a minimizar a importância da educação no âmbito social.

No que se refere aos princípios que fundamentam o direito à


educação no sistema jurídico brasileiro, destaca-se que se baseiam
essencialmente na massificação da educação para todos os povos,
ou seja, não pode haver entraves para que a população tenha acesso
direto ao sistema educacional do País. Essa questão está explicitamente
apresentada no artigo 206 da Constituição Federal e, encontra-se disposta
da seguinte maneira:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas
e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais
da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de
trabalhadores considerados profissionais da educação
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou
adequação de seus planos de carreira, no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(BRASIL, 1988)
Políticas Públicas e Educação 43

Os princípios acima elencados visam, como observado


anteriormente, o amplo acesso ao estudo, independentemente de
condições pessoais, políticas, econômicas e sociais. Além do mais, muito
embora esteja evidenciada a priorização do ensino gratuito para todos os
brasileiros e não apenas para as pessoas que se encontram em estado
de vulnerabilidade social, não se pode afastar o direito de pessoas de
alta renda se beneficiarem da gratuidade da educação. Essa questão
é meramente de igualdade de oportunidades para todas as pessoas,
por isso o poder público deve estar organizado para oferecer amplas
oportunidades para quem deseje ou precise ter acesso à educação.

No que se refere ao acesso dos jovens às Instituições de Ensino


Superior, os artigos 206 e 207 da Constituição Federal apresentam
peculiaridades, pois ao passo em que se afirma a obrigatoriedade do
ensino gratuito, destaca-se que em virtude da ausência de IES de ensino
superior para suprir as demandas da sociedade, surgem as IES de ensino
superior privadas e que podem acolher jovens que desejem frequentar e
realizar cursos superiores ou técnicos.

Além do mais, o artigo 207 estabelece questões relacionadas


ao funcionamento estrutural das IES de ensino superior e, portanto,
estabelece autonomia funcional e patrimonial às IES públicas ou privadas,
mas devem cumprir com as determinações apresentadas por lei, como
é o caso do cumprimento das questões relacionadas com o ensino,
pesquisa e extensão.
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,
e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão.
§ 1º É facultado às universidades admitir professores,
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996)
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
pesquisa científica e tecnológica. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 11, de 1996). (BRASIL, 1988)

Ainda no que se refere à obrigatoriedade da educação gratuita,


convém destacar que os elementos estão indicados no artigo 208 da
CF e se referem apenas à educação básica que vai dos 4 aos 17 anos.
44 Políticas Públicas e Educação

Observa-se ainda, que o mesmo dispositivo evidencia não apenas a


obrigatoriedade da educação gratuita, mas também da necessidade de
se colocar as crianças e jovens na escola. A referida questão relaciona-
se com a responsabilidade direta das famílias ou responsáveis para com
a educação das crianças e jovens, podendo inclusive responder por
abandono caso se omita no processo de educação das crianças.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional
nº 59, de 2009)
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
educação básica, por meio de programas suplementares
de material didático escolar, transporte, alimentação
e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder
Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade
da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
(BRASIL, 1988)
Políticas Públicas e Educação 45

Ainda, no que se refere ao disposto no artigo 208, observa-se


a necessidade do poder público estar devidamente organizado para
oferecer a educação para sua população na faixa etária entre 4 e 17 anos
e, por ser obrigatória, não pode existir a possibilidade de ausência de
vaga, de estrutura ou de profissionais. Portanto, da mesma maneira que
os responsáveis pela criança ou jovem podem ser responsabilizados por
omissão, as autoridades competentes podem ser responsabilizadas pelo
descumprimento dos preceitos constitucionais estabelecidos.

Ainda, no que se refere ao ensino básico, observa-se que existe


um ponto importante no processo de educação das crianças e jovens, a
necessidade da escola estar devidamente em contato com as famílias ou
responsáveis pelo indivíduo, ou seja, o dever de zelar e motivar o processo
de ensino e aprendizagem é tanto da escola, como também das famílias
ou responsáveis.
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
seguintes condições:
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II - Autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
Público. (BRASIL, 1988)

No que se refere à possibilidade de oferecer instrução educacional,


como foi observado anteriormente, cabe tanto a iniciativa privada como ao
poder público. Entretanto, o poder público tem a função direta de autorizar e
avaliar periodicamente os cursos que são provenientes de iniciativa privada.
O objetivo é, portanto, fiscalizar o tipo de serviço que está sendo prestado
e, se for o caso, como deve melhorar a prestação de serviço.
Figura 9 – Órgãos responsáveis pelo serviço educacional

Público

Educação

Autorizado e fiscalizado
Privado
pelo poder público

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (1988)


46 Políticas Públicas e Educação

No que se refere aos conteúdos que se destinam ao cumprimento


das diretrizes pedagógicas das séries, o BNCC estabelece uma dinâmica
diferenciada para os novos currículos, onde partirá da ideia de uma
reestruturação na gestão pedagógica e, ainda, no próprio curriculum
escolar, pois visa um sistema que integra a realidade escolar com o
sistema social. Em outras palavras, a escola deverá aplicar as diretrizes
pedagógicas a partir da realidade que a Instituição de Ensino se encontra
devidamente inserida.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
fundamental, de maneira a assegurar formação básica
comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
também a utilização de suas línguas maternas e processos
próprios de aprendizagem. (BRASIL, 1988)
Importante
No que se refere aos objetivos traçados pela BNCC, destaca-se o
evidenciado por Brasil (2017) ao especificar que:

A partir de 2020 os professores devem começar a ser


formados para o trabalho com os novos referenciais
curriculares alinhados à Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). Você terá um papel fundamental: é o responsável
por liderar a revisão do Projeto Pedagógico (PPP ou PP)
e a formação continuada dos professores na escola,
duas ações imprescindíveis para que os novos currículos
cheguem às salas de aula e apoiem cada dia mais
professores e alunos. (BRASIL, 2017)

No que se refere ao sistema de colaboração entre a União, o


Distrito Federal, Estados e Municípios, destaca-se um regime essencial
de ordenação de interesses e competências, visto que cada setor acima
mencionado irá dispor uma função específica e, de forma alguma, poderá
invadir as competências jurisdicionais dos demais setores responsáveis
pela educação. O que é importante compreender neste processo é a
capacidade de integração inerente à condição da prestação de serviço
Políticas Públicas e Educação 47

educacional e, portanto, os setores devem estar trabalhando de maneira


a cumprir os princípios da educação.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão em regime de colaboração seus
sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o
dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
federais e exercerá, em matéria educacional, função
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de
qualidade do ensino mediante assistência técnica e
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente
no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a
universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente
ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
53, de 2006). (BRASIL, 1988)

No que se refere aos valores financeiros que se destinam a


educação, o artigo 212 da Constituição Federal evidencia de maneira clara,
as porcentagens de cada ente, qual seja, federal, municipal ou estadual.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências,
na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
receita do governo que a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no “caput”
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino
48 Políticas Públicas e Educação

federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na


forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia
de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano
nacional de educação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão
financiados com recursos provenientes de contribuições
sociais e outros recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de
financiamento a contribuição social do salário-educação,
recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide Decreto
nº 6.003, de 2006)
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
contribuição social do salário-educação serão distribuídas
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
(BRASIL, 1988)

Ainda no que se refere à possibilidade de repasse de recursos


públicos para instituições de ensino do setor privado, destaca-se o
evidenciado no artigo 213 da Constituição Federal que especifica esta
possibilidade, desde que se comprove como instituição sem fins lucrativos.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus
excedentes financeiros em educação;
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao
Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental
e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas
e cursos regulares da rede pública na localidade da
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado
a investir prioritariamente na expansão de sua rede na
localidade.
Políticas Públicas e Educação 49

§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo


e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou
por instituições de educação profissional e tecnológica
poderão receber apoio financeiro do Poder Público.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
2015). (BRASIL, 1988)

Diante do que foi exposto, observa-se que a Constituição Federal


é um instrumento complexo, mas completo de questões relacionadas
ao sistema educacional. Essa percepção apresenta uma característica
integrativa com os documentos internacionais analisados neste estudo,
como é o caso da Convenção que cria UNESCO.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade,
vamos rever algo do que vimos. Você aprendeu o que é
a Constituição da República Federativa do Brasil e seu
capítulo sobre a educação, cultura e desporto.
50 Políticas Públicas e Educação

REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível
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em: 19 jan. 2021.

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antigas reivindicações, conquistas (Lei 10.639) e novos desafios. Disponível
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