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Produção do conhecimento sobre economia do esporte:

uma revisão sistemática

Resumo: O estudo analisa a produção científica que versa sobre a atividade econômica do
esporte. Trata-se de uma revisão sistemática que avalia artigos científicos publicados no
último ciclo olímpico (2012-2016) em periódicos nacionais e internacionais, em língua
inglesa, espanhola e portuguesa, indexados ao Portal de Periódicos da Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Foram analisados, a partir da análise de
conteúdo, 355 estudos que, a despeito de sua diversidade, foram agrupados em 15 categorias.
As considerações sugerem um amplo processo de comercialização do esporte enquanto uma
mercadoria cultural e, também, veículo de venda e propagação de outros produtos.
Palavras-chave: economia esportiva. indústria esportiva. Publicações periódicas como
assunto.

1. Introdução

A sociedade capitalista de consumo transformou o esporte ao longo do século XX em


um setor economicamente dinâmico e altamente rentável. Essa transformação, regida pelo
grande capital e orquestrada pela indústria promotora e produtora de entretenimento
(GIOVANNI, 2005), forjou aquilo que conhecemos hoje como espetáculo esportivo – um
fenômeno multifacetado e de alta significação simbólica (PILATTI, 2006) que mobiliza
atletas, equipes esportivas profissionais, trabalhadores de diversos setores, corporações e
entidades empresariais de administração esportiva, além de grande público consumidor – em
especial, telespectadores – que acompanha ou assiste a cobertura esportiva (ao vivo) por meio
de variados canais de mídia. Por isso, sua realização exige um complexo planejamento e
organização, bem como uma eficiente gestão empresarial e um alto controle operacional.
Imbricado nisso está a comercialização de serviços, de equipamentos, de tecnologias,
de marcas, de eventos, assim como a formatação de redes de difusão (canais de TV, jornais,
revistas, internet, etc.) e a busca por patrocínios, anunciantes e [compulsivos] consumidores.
O resultado é a construção de verdadeiros conglomerados empresariais capazes de
transformar o esporte em polo integrador de tecnologia e inovação (PILATTI, 2006).
O esporte de rendimento, nesse contexto, funciona como o motor do sistema esportivo
comercial, uma espécie de mola propulsora ou centro de gravidade (BROHM, 1982) em torno
do qual se organiza uma cadeia produtiva ampla e ávida por novos nichos de consumo. Por
isso, com ajuda de novas tecnologias, reinventa-se, permanentemente, incrementando
“velhas” formas de esporte e alimentando “novas” modalidades – nichos da programação do
lazer, disputados pelas grandes corporações de mídia que alimentam os segmentos do turismo,
da publicidade, de equipamentos diversos, de roupas, de games e, inclusive, de alimentação
(KEARNEY, 2003).
Assim, a expansão e ampliação desse mercado ocorrem intimamente relacionadas à
“[...] criação, destruição e recriação de modelos de saúde, de atletas vitoriosos, ou de distinção
social e pessoal que caracterizam a ação dos principais canais da mídia [...]” os quais guardam
“[...] relação com a lógica de produção e comercialização de eventos esportivos”
(GIOVANNI, 2005, p. 154).
Pela sua envergadura, expansão e, também, por sua natureza complexa e contraditória,
tais processos precisam ser conhecidos, problematizados e cientificamente estudados, mesmo
porque tem potencial para negar e/ou inviabilizar o esporte enquanto direito social e produto
cultural indispensável à condição humana. Assim, compreender como a literatura
especializada no assunto vem tratando a questão é fundamental para a apreensão dos fatores e
dos elementos que atravessam a questão. Por isso, o estudo em tela buscou analisar a
produção do conhecimento veiculada em língua espanhola, inglesa e portuguesa – difundida
em periódicos nacionais e internacionais – a respeito da atividade econômica do esporte.

2. Delineamento metodológico

Esta pesquisa se caracteriza como uma revisão sistemática – pesquisa que utiliza como
fonte de dados a literatura sobre determinado assunto e, por isso, implica em reunir
conhecimentos, (re)construir redes de pensamento e conceitos, bem como selecionar,
caracterizar e avaliar estudos (GOMES; CAMINHA, 2014).
Assim, buscou-se apreender os temas, os objetos e as abordagens presentes na
literatura sobre a economia esportiva, tomando como material de análise artigos científicos
publicados em periódicos nacionais e internacionais – veiculados em espanhol, inglês e
português – indexados ao Portal de Periódicos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior).
A opção por artigos científicos se deve ao fato de que eles representam, em grande
medida, a produção mais geral, constituindo, na atualidade, no principal meio de
comunicação/divulgação científica (CASTIEL, SANZ-VALERO, MEI-CYTED, 2007).
Os artigos analisados foram selecionados a partir dos descritores ‘sports economy’ e
‘sports industry’, tomando, para tanto, o último ciclo olímpico (2012-2016) como recorte
temporal, uma vez que a cada ciclo esportivo (olímpico) há mudanças radicais na estrutura
organizacional e na arquitetura econômica e social do esporte (PRONI, 2004).
Os artigos científicos selecionados foram analisados a partir da análise de conteúdo
que, segundo Bardin (2011), reúne procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens voltados à compreensão crítica do sentido das comunicações, seu
conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas.

3. Resultados e Discussões

A busca eletrônica no referido portal resultou, somados os resultados dos dois


descritores, em 3.356 artigos. A primeira análise, empreendida no próprio portal, resultou em
434 artigos. A segunda fase, desenvolvida a partir de leitura cuidadosa, atenta e rigorosa com
vistas à classificação/categorização do corpus de pesquisa previamente selecionado, implicou
na exclusão de 79 artigos. Tais procedimentos levaram à análise efetiva de 355 trabalhos que,
considerando a diversidade de temáticas, foram agrupados em 15 categorias analíticas.
Tais categorias, desenvolvidas a partir da análise do próprio material empírico,
informam as temáticas gerais da produção em avaliação, a saber: Associações Esportivas
(16,6% da produção), Megaeventos Esportivos (16%), Patrocínio, Marketing, Publicidade e
Venda de Produtos (12,4%), Comercialização do Espetáculo e da Prática Esportiva (7,9%),
Recursos Humanos e Mercado de Trabalho (7%), Indústria Esportiva (6,8%), Esporte e
Desenvolvimento (4,5%), Mídia (4%), Equipamentos Esportivos (4%), Loteria Esportiva e
Mercado de Apostas (3,4%), Economia Não Comercial (2,8%), Comportamento de
Consumidor (2,5%), Contabilidade e Gestão Empresarial de Empresa Esportiva (2,5%),
Economia Desportiva Alternativa (2,3%), e Subsídios Financeiros Públicos (2%). Os ‘Outros’
5,3% restantes não obedeciam a essa classificação. A imagem abaixo ilustra tal distribuição:

Gráfico 01: Cadeia produtiva do esporte – temas recorrentes na produção científica (2012/2016).
Fonte: Os autores (2018).

Tais categorias representam, no contexto da economia esportiva, mais do que um


informativo sobre os temas presentes/recorrentes na produção do conhecimento sobre essa
questão, mesmo porque elas podem funcionar como um recurso importante na indicação dos
elementos que, na atualidade, formatam essa mesma cadeia produtiva.

i. Associações Esportivas

A categoria Associações Esportivas reúne pesquisas que discutem questões


relacionadas às ligas, federações, confederações e entidades correlatas de administração
desportiva que, tomadas como ‘governadores globais’ (WLOCH, 2013), atuam como
sociedades comerciais comprometidas com a conversão do esporte em produto compatível
com os mercados de transmissão. Baseadas em marketing moderno e em estágios avançados
de capitalização, essas ‘associações’ negociam suas próprias marcas, transformando o
licenciamento, a transmissão e os patrocínios em importantes fontes de renda (PRONI, 1998).
Os estudos sobre ‘Associações Esportivas’ discorrem sobre um conjunto de
problemáticas que atravessam a produção econômica do espetáculo-esportivo. Nessa
produção, o elemento central é o impacto econômico da atividade dessas ‘associações’ no
esporte-espetáculo, nos mercados locais, regionais, nacionais e internacionais, bem como nas
próprias empresas esportivas.
No conjunto da produção, a regulação e ingerência de entidades esportivas dos
Estados nacionais são debatidas, assim como as políticas protecionistas, os desdobramentos
das novas formas de marketing, a questão da bilheteria, dos preços dos ingressos e a
satisfação do torcedor. Somam-se a isso, discussões sobre a importância da gestão empresarial
e dos patrocínios corporativos.
É notória, ainda, a preocupação com os trabalhadores do setor, especialmente os
atletas. Tal preocupação está relacionada com a formação e o fomento a novos talentos e, até,
com a gestão dessa ‘mão-de-obra’. Por isso, as questões salariais aparecem ora como
empecilho à ampliação e maximização dos lucros ora como questão fundamental para a
condição de vida dos trabalhadores ou, ainda, como indicador da produtividade esportiva. Há,
nessa direção, problematizações sobre as transferências e variações salariais entre
nacionalidades, raças, gênero e desempenho.
O comportamento e a satisfação do consumidor/expectador aparecem como fatores
determinantes para produção econômica do esporte. Não é por acaso que a correlação entre
quantidade de fãs, demandas dos expectadores, mercados de apostas e retorno financeiro de
clubes, por exemplo, é investigada. Além disso, temas como o monopólio de equipes
esportivas, o consumo de álcool e as implicações da austeridade fiscal são apreciados.

ii. Megaeventos Esportivos

A categoria Megaeventos Esportivos responde por estudos que avaliam aspectos


relacionados aos grandes eventos. São trabalhos que refletem sobre a economia do esporte a
partir dos megaeventos – um fenômeno global que, na grande maioria das pesquisas,
funcionam como grande estimulador do consumo, catalizador de investimentos, responsável
pela regeneração de áreas urbanas e pela divulgação e produção de marcas das diversas
cidades e regiões globais (MAHARAJ, 2015).
Nesses trabalhos, o impacto econômico dos megaeventos é avaliado. Para tanto,
pesquisadores se debruçam sobre os desdobramentos no setor de turismo, na geração de
empregos, nas novas oportunidades de negócios, na cobertura midiática e no comportamento
do telespectador/consumidor.
Num amplo processo de comercialização do esporte, a gestão econômica de livre
mercado é apresenta como mecanismo para afiançar o desenvolvimento neoliberal aventado
como modernidade em tempos de globalização. Tal questão pressupõe atenção às condições
socioeconômicas dos países sedes, ao planejamento econômico de gasto, à construção de
arenas esportivas ultramodernas, à ‘venda’ de legados, sobretudo, econômicos, que atraiam os
grandes mercados e, também, os Estados nacionais (BILLINGS, HOLLADAY, 2012).
O patrocínio aos grandes eventos também recebe atenção especial no conjunto da
produção, assim como a venda de produtos, o turismo sexual e a prostituição, além da questão
dos investimentos em política urbana e legislação. Além disso, aparece o debate sobre direitos
de visualização e a problemática da exclusividade na transmissão. Aparece ainda a discussão
sobre sustentabilidade como marca dos megaeventos, suas implicações na geopolítica e a
temática da mão-de-obra voluntária.

iii. Comercialização do Espetáculo e da Prática Esportiva

Os artigos que foram alocados na categoria Comercialização do Espetáculo e da


Prática Esportiva debatem os processos de comercialização do espetáculo e da atividade
esportiva como uma espécie de commodity cultural. São trabalhos voltados à problemática da
venda de ingressos e bilhetes, assim como da atração de novos consumidores/expectadores,
bem como dos preços dos espetáculos para a geração de receitas e da venda de produtos e
serviços associados ao esporte.
Os mercados comerciais do esporte aparecem como espaços para apreciação do
telespectador e, também, para a vivência/experiência atrelada à comercialização de estilos de
vida saudáveis, isto é, comportamentos culturais voltados ao cuidado com o corpo e com a
aparência que, não obstante, tem correlação com o consumo de serviços e produtos
relacionados à indústria esportiva do fitness.
A produção científica apresenta os desafios que atravessam a busca por novos
mercados globais para um conjunto de marcas também globais (MUSTAFA, 2013). Trata-se
do uso do esporte e de seu potencial para a venda de variados produtos. Fato que coloca aos
pesquisadores a necessidade de discutir o impacto do marketing e da gestão estratégica de
comunicação para a viabilização das vendas.
Além disso, consta no conjunto da produção preocupações com os desdobramentos da
crise/recessão econômica recente para o projeto de globalização/transnacionalização de um
setor que pretende chegar a todos os cantos do planeta (CARENYS; VENDAS, 2012). De
outro lado, visualiza-se avaliação sobre venda de programas esportivos, análises do
comportamento, no mercado de ações, das ações ligadas ao setor esportivo, discussão sobre
responsabilidade e identidade corporativa. Há, ainda, espaço para debates sobre desigualdade
de gênero e comercialização do futebol feminino. Há, em menor escala, produção científica
que questiona as novas formas de produção comercial do espetáculo esportivo e de sua
prática.

iv. Patrocínio, Marketing, Publicidade e Venda de Produtos

Na produção avaliada, a categoria Patrocínio, Marketing, Publicidade e Venda de


Produtos reúne artigos que discutem um conjunto de recursos (publicidade, participação de
mercado, lucro, benefícios materiais e financeiros) usados por grandes empresas para
melhorar a imagem de determinadas marcas (bebidas alcoólicas, suplementos alimentares,
vestuários, refrigerantes, fast food, etc.), bem como para ampliar o alcance de sua propaganda.
Assim, fazem parte dessa categoria análises sobre estratégias de divulgação e comercialização
de ligas esportivas, clubes e academias e, também, atividades de propaganda de empresas dos
mais variados setores.
Proni (1998) identifica a busca pela ampliação de mercados como a responsável pelo
crescimento do patrocínio, do marketing e da publicidade esportivo, já que é mais barato e
eficaz associar a marca a um evento de interesse da mídia (de preferência, com credibilidade
internacional), levando seus concorrentes a também fazê-lo (FRANCK; LANG, 2014).
Corporações inseridas em mercados globalizados, altamente competitivos passaram a ver as
competições esportivas como uma excelente ferramenta de publicidade. Por isso, há avaliação
dos desdobramentos do marketing/publicidade desde o consumo de bilheterias e produtos, o
aumento dos fãs/torcedores, passando pelo incremento dos patrocínios, até a comercialização
de ações financeiras relacionadas ao esporte.
No atual estágio de capitalização do esporte-espetáculo, tais investimentos são feitos
mediantes avaliação do seu impacto na popularização do consumo de determinadas marcas.
Por isso, o patrocínio, o marketing e a publicidade e, consequentemente, seu volume
dependem do tamanho/envergadura do mercado de um clube e/ou equipe esportiva. O que em
última instância corrobora na produção de determinados comportamentos do consumidor.
Para tanto, há investimentos na popularização de estilos de vida afinados com
demandas de ampliação de mercados, na construção da ideia de Reponsabilidade Social das
marcas e na associação entre o consumidor de esporte e o consumidor de produtos a ele
relacionado.
Malgrado a discussão sobre o impacto dos patrocínios na produção econômica do
esporte-espetáculo, grande parte dos trabalhos se preocupam com questões éticas e de saúde
pública. Em outros termos, há uma condenação/contestação daquilo que chamaram de
‘patrocínios e publicidades insalubres’, isto é, investimentos de empresas de bebidas
alcoólicas, de tabaco, refrigerantes, fast food e jogos de azar em modalidades consumidas,
sobretudo, por crianças.

v. Recursos Humanos e Mercado de Trabalho


Situados no contexto da diminuição do trabalho industrial e do aumento da
importância das atividades de ‘serviços’ no conjunto das ocupações, bem como do dinamismo
da atividade econômica esportiva fruto, especialmente, da expansão da indústria do
entretenimento, a categoria Recursos Humanos e Mercado de Trabalho responde por
pesquisas que pautam o debate sobre as questões que atravessam o trabalho e o trabalhador no
âmbito do mercado de trabalho do esporte.
No conjunto da produção, a questão da compra e venda de atletas aparece como uma
temática predominante. Assim, como uma expressão do mercado esportivo globalizado, a
dinâmica do mercado de trabalho esportivo, as redes globais de transferências de atletas, as
rotas migratórias, a migração laboral esportiva, bem como os migrantes esportivos
profissionais – enquanto cadeias de valores globais que formatam uma verdadeira geografia
econômica (DARBY, 2013) – recebem atenção especial do conjunto de pesquisadores. Nesse
contexto, há análises sobre relações pessoais e profissionais, o processo de aculturação e de
produção/exportação transnacional dessa mão-de-obra.
Além disso, a problematização em torno das questões salariais figura como assunto
importante, mesmo porque a formação de equipes competitivas (esportiva e comercialmente)
supõe recrutamento de atletas eficientes. No conjunto, os pesquisadores discutem as
diferenças salariais entre estrangeiros e ‘nativos’, a volatividade própria do mercado, as
disparidades/discriminações suscitadas a partir do gênero e das raças, assim como a afirmação
da tese do salário como um regulador importante do mercado em questão.
Aparecem, em menor escala, discussões sobre a participação e exploração de atletas
universitários, bem como da mão-de-obra voluntária e de sua motivação, da formação e
pagamento de novos atletas, da gestão empresarial dos recursos humanos, da correlação entre
o investimento no talento esportivo e o correspondente retorno financeiro e a questão do
estresse/satisfação/sobrecarga do trabalhador do setor.

vi. Indústria Esportiva

A noção de indústria de esporte inclui a produção e comercialização de espetáculos


esportivos, fitness, recreação ou lazer, atividades, bens, serviços, pessoas, lugares ou ideias
(KO, 2013). Apesar disso, a categoria Industria Esportiva examina a pesquisa que discute
apenas a produção/comercialização de produtos relacionados ao esporte. A categoria
‘Comercialização do espetáculo e da prática esportiva’ contempla as questões ligadas aos
serviços. Nesse sentido, os trabalhos em perspectiva analisam as nuances que marcam a
produção de equipamentos esportivos, vestuários, calçados, bebidas, alimentos e videogames,
por exemplo.
O setor de artigos esportivos caracteriza-se por grandes volumes de produção, altos
níveis de consumo e ciclos curtos de vida, resultando em altas taxas de descarte e desperdício.
A fabricação desses produtos é distribuída globalmente, através de uma cadeia de suprimentos
baseada em níveis e sistemas de logística complexos (SUBIC et al., 2012).
No conjunto da produção, a exploração do trabalhador dessa indústria, a violação dos
direitos trabalhistas e a regulação do trabalho aparecem como pontos importantes de
discussão, uma vez que a complexa organização do setor produtivo, estruturada a partir de
multinacionais (empresas globais) situadas em contexto locais onde há fraca legislação
trabalhista e ambiental, desafia os direitos humanos e a defesa do desenvolvimento
sustentável. Nesse bojo está o debate sobre a terceirização da produção, a globalização dos
mercados, a relação entre as redes de produção, fornecedores e consumidores.
Há, ainda, análises sobre a gestão empresarial dessas indústrias, a importância do
marketing para a propagação e ampliação do consumo. Além disso, está presente
problematizações sobre a intensa concorrência internacional, as questões éticas, o bem-estar
dos consumidores e o desenvolvimento econômico (local) numa perspectiva da geração e
ampliação das receitas das agremiações empresariais, ou seja, numa perspectiva liberal de
desenvolvimento.
O gerenciamento, o planejamento, a organização, a direção e o monitoramento da
indústria esportiva de produtos são examinados à luz da capitalização dessa mesma produção,
de maneira que o valor de uso está presente para viabilizar o valor de troca.

vii. Mídia

A ideia de Mídia, nesse trabalho, como categoria de análise, reflete a compreensão de


que a expansão da economia esportiva, no mundo, foi resultado do incremento tecnológico
nos mais variados meios de comunicação que, não obstante, se apropriou do esporte-
espetáculo a fim de afiançar e comercializar as superproduções esportivas (FUJIWARA,
2013). De modo que ela produz, veicula e até determina o funcionamento da atividade
esportiva comercial, atuando como um braço operacional da indústria cultural. Nesse
contexto, o termo mídia designa uma série de meios de comunicação que inclui diferentes
veículos, recursos e técnicas digitais, eletrônicas e impressas.
Na produção científica analisada, a discussão sobre mídias implica o reconhecimento
de que ela responde por alterações substantivas entre a produção, a entrega e o consumo do
esporte, criando novas dinâmicas entre torcedores, atletas, clubes e entidades de
administração esportivas correlatas.
Ainda na produção, a problematização sobre os direitos de transmissão, de
visualização, de propriedade das organizações esportiva e das arenas sobre o conteúdo
esportivo, atrelado ao surgimento de novas plataformas digitais e da luta pela cidadania
cultural produzem conflitos legais, impasses, e imprecisões que atravessam, na atualidade, a
atuação das mídias no setor. Para Scherer e San (2012), os direitos de visualização dependem
da presença de rádio difusores públicos com capacidade para transmitir eventos esportivos de
importância nacional. Sua ausência alimenta cláusulas de exclusividade que, a despeito de
restringir o acesso público, são responsáveis pela ampliação dos lucros do setor.
Há, ainda, análises sobre a cobertura dos megaeventos, os efeitos dessa cobertura no
mercado de aposta e no consumo de álcool, os desdobramentos dos interesses comerciais dos
operadores de TV por assinatura e organizações esportivas dominantes, a comercialização de
novos games e, por fim, a presença do marketing das marcas esportivas nas redes sociais.

viii. Esporte e Desenvolvimento

A categoria Esporte e Desenvolvimento agrupa artigos que veicula a noção de


desenvolvimento, via esporte, como um processo complexo de mudanças e transformações
econômicas, políticas, humanas e sociais. Nesse sentido, essa categoria apresenta trabalhos
que olham para o esporte como promotor dessas transformações.
Desenvolvimento econômico local é uma das temáticas mais presentes nos trabalhos
da categoria. São trabalhos que apanham a questão do impacto econômico como problemática
de análise. Por isso, o esporte é tratado como uma ferramenta com potencial para alavancar o
desenvolvimento econômico de determinadas cidades, regiões e países. Tal desenvolvimento
resultaria da atividade esportiva propriamente dita e, também, das demais atividades a ele
associado.
Nesse cenário, a arrecadação tributária, a instalação e funcionamento de indústria de
produtos esportivos, as redes de comercialização, transporte e consumo desses produtos, o
turismo esportivo, a preparação, organização e realização de eventos e megaeventos
esportivos funcionariam como fatores que impulsionariam o desenvolvimento econômico,
respondendo pela regeneração econômica de comunidades e regiões.
Contudo, na literatura analisada, em menor escala, há espaço para a contestação da
premissa de que o esporte é fator de desenvolvimento econômico. Há análise que prevê, por
exemplo, a relativização dessas afirmações, uma vez que essa correlação depende de vários
fatores e condições (COALTER, 2015). Nesse sentido, a retórica do legado econômico pode
silenciar problemas sociais, geográficas, culturais e políticos (ROBBINS, 2015). Há, ainda,
reflexões sobre o esporte como estratégia de saúde pública que viabiliza a construção de
corpos produtivos economicamente.

ix. Equipamentos Esportivos

Os Equipamentos Esportivos aparecem, na literatura analisada, como edificações ou


instalações onde acontecem atividades, eventos, projetos e ações relacionadas ao esporte. São
elementos que fazem parte da geografia urbana e, por isso, participa do desenvolvimento
local, respondendo pela política esportiva de um município, de um Estado ou de uma nação.
São clubes, ginásios, centros culturais esportivos, piscinas, parques, quadras, pistas de
atletismos/ciclismo e outros que, sendo público ou privados, viabilizam a atividade esportiva.
O debate em torno dos equipamentos esportivos problematiza o dilema do uso de
subsídios públicos para a construção desses equipamentos e a correspondente problemática do
retorno econômico, do desenvolvimento local, bem como da exploração desses bens públicos
pela iniciativa privada pautada em uma gestão empresarial (HARTER, 2014). Logo, tais
equipamentos são tomados como negócios, distante da noção de bens públicos a despeito do
apelo pela participação/apropriação do esporte pelas mais diversas camadas da população
(HARGER; HUMPHREYS; ROSS, 2016).
Existem, também, análises sobre a construção de tais equipamentos e a noção de
desenvolvimento sustentável e ambiental, assim como a questão da responsabilidade social.
Os referidos equipamentos são tomados, ainda, como espaços para o desenvolvimento do
turismo esportivo, o que os confere valor comercial, cultural e político.

x. Loteria Esportiva e Mercado de Apostas

Enquanto categoria de análise Loteria Esportiva e Mercado de Apostas reúne


pesquisas que procuram avaliar o comportamento do torcedor associado à compra de loterias
esportivas, em outros termos, há uma preocupação da literatura em compreender a associação
entre o volume de apostas e o sentimento do apostador. Nesse contexto, aparece, também, a
preocupação com as respostas desses consumidores às estratégias de apelação do marketing
da indústria de loteria.
A indústria de loterias e o mercado de apostas são importantes fontes de arrecadação
do setor esportivo. Os jogos de apostas esportivas – modalidade lotérica sempre vinculada a
um evento esportivo, a exemplo do futebol, do beisebol ou da Fórmula 1 – compõem a cadeia
produtiva do esporte, respondendo por parcela significativa das receitas de suas entidades de
administração. É um campo que tem incorporado novas tecnologias, dando vazão a
plataformas móveis e digitais que favorecem o aumento no número de apostadores e,
consequentemente, na ampliação da quantidade de apostas (GAINSBURY; RUSSELL, 2015).
Além disso, há debates a respeito da quantidade de apostas, da probabilidade de
ganhar, dos efeitos das incertezas e do comparecimento/acompanhamento aos espetáculos
esportivos quando o consumidor assume a condição de apostador, investindo dinheiro
motivado pela paixão ao esporte (ASIF; MCALE, 2016). Há, também, problematizações
sobre as manipulações e sobre a eficiência dos aplicativos de probabilidade, além do valor das
indústrias de loterias/apostas esportivas nos mercados financeiros.

xi. Comportamento de consumidor

A globalização do mercado esportivo permitiu explorar territórios inexplorados


(BASU; SONDHI, 2015). Essa mesma globalização induziu a associação entre produtos
diversos e marcas esportivas com a finalidade de influir no comportamento de compra do
consumidor esportivo. Nesse sentido, a categoria Comportamento de consumidor abarca
investigações que apontam para as questões que implicam esse comportamento. Em outros
termos, significa apreender um conjunto de elementos que produzem um novo tipo de
torcedor – fanático que consome porque se identifica e está comprometido com determinado
esporte, isto é, um fã responsável corporativamente.
Desse modo, no âmbito da economia de mercado, a economia do esporte não poderia
prescindir de seus fãs. Por isso, a literatura em avaliação busca analisar, de perto, os fatores
que motivam o consumo e conectam os fãs de esporte aos mercados do setor. Nesse sentido,
variáveis como idade, escolaridade e renda são investigadas e consideradas como fatores que
atravessam/formatam esse comportamento (RUSESKI; MARESOVA, 2014).
O cliente, para usar um termo bastante presente na economia de mercado, é
investigado a partir de suas preferências e da disposição para comprar espetáculos esportivos
que, não por acaso, devem estar preparados para operacionalizar uma gestão capaz de
fortalecer o vínculo entre a equipe esportiva e os fãs. Este último, tendo em vista a
maximização das transações comerciais que pode viabilizar, precisa ser gerido/tratado a partir
da noção de bem-estar, da ideia de satisfação com os ‘serviços’ oferecidos e, mais
recentemente, da possibilidade de participação na tomada de decisões.

xii. Economia Não Comercial

A Economia Não Comercial enquanto categoria analítica reúne trabalhos que tratam
da produção econômica do esporte sem compromisso com a geração direta do valor
comercial. São, antes disso, estudos que discutem o esporte produzido pelas Organizações
Não-Governamentais (ONGs Esportivas), pelos clubes e outras entidades esportivas sem fins
lucrativos que, por isso, adota outros recursos organizacionais, como é o caso da gestão
compartilhada, do trabalho voluntário e do associativismo.
Esse tipo de economia tem sido ignorado pela literatura especializada no assunto. O
motivo é exatamente sua especificidade: não está focada na produção do valor comercial
(VOS; BREESCH, SCHEERDER, 2012). São pesquisas que problematizam as finanças e o
design financeiro de ONGs Esportivas e outras entidades correspondentes, bem como a
questão do trabalho informal e da motivação dos voluntários, além do papel das doações para
a geração do esporte como bem cultural que, nessa perspectiva, tende a ser tomado como fator
de integração social e de combate à vulnerabilidade e ao risco social, assim como na
amenização dos quadros de violência.
Além disso, é presente na literatura a problematização da influência dos fatores
externos, isto é, da pressão pela identificação e produção de novos talentos. Fato que
influencia as doações e geram tensões para que, nesses espaços, a formação tenda para o alto
rendimento.

xiii. Contabilidade e Gestão Empresarial de Empresa Esportiva


A categoria Contabilidade e Gestão Empresarial de Empresa Esportiva reúne trabalhos
que tomam a gestão e contabilidade, ou melhor, a situação financeira das entidades de
gestão/administração esportiva como objeto de pesquisa. São estudos que, em nome da
eficiência financeira/maximização dos lucros, discutem estratégias de gestão, diversificação
de receitas e a construção/operacionalização de planos de negócios estratégicos.
Trata-se de um debate que tem, pelo menos, dois eixos, a saber: Contabilidade de
Empresa Esportiva e Gestão dessas empresas. Apesar disso, tais pontos estabelecem uma
relação íntima, uma vez que há ponderações a respeito dos efeitos da gestão empresarial na
condição financeira das referidas entidades. Nesse contexto, a ‘saúde’ financeira de entidades
de administração esportiva/empresas esportivas depende, no conjunto das pesquisas, de seus
ativos, equipamentos, tipos de propriedade, número de apoiadores/torcedores, rendas e os
desempenhos esportivos (SCELLES et al., 2016).
A esses indicadores são acrescentados a questão da violência nas arenas esportivas
com um elemento que interfere nos resultados de bilheteria e, consequentemente, na condição
financeira das empresas esportivas. A diversificação de receitas, o acolhimento de grandes
eventos esportivos e a otimização dos custos são tomados como fatores que tem efeito
positivo nessa questão (WICKER; BREUER, 2014). A criação de um sistema operacional que
permita a utilização de recursos de maneira mais efetiva é apresentada como um desafio
inevitável à qualificação da atividade.

xiv. Economia Desportiva Alternativa

A ideia da Economia Desportiva Alternativa está assentada na venda e no consumo de


novos estilos de vida a partir de esportes alternativos (mountain bike, surf, snowboard,
turismo esportivo em locais de recursos abióticos de alta singularidade e com grande potencial
para a recreação/lazer ao ar livre) (JENNY, 2016). Em outros termos, a economia esportiva
alternativa está vinculada à construção de identidades ‘autênticas’ e contraculturais que supõe
fluxos transacionais e mobilidades corporais no âmbito da cultura física (THORPE, 2012).
Essa noção é apresentada na literatura como geradora de desenvolvimento econômico
local, isso porque a despeito das preocupações primárias com a sustentabilidade, a proteção e
a preservação dos recursos naturais, tais recursos são tratados a partir da ótica da geração de
renda, ou seja, o potencial para atrair turistas e esportistas confere valor comercial a ondas,
mares, rios, montanhas, geleiras, trilhas, penhascos e outros recursos naturais.
A literatura aponta a falta estudos nesse campo, sobretudo no que toca ao uso e/ou à
exploração esportiva de ecossistemas e sistemas de biodiversidade. Consequentemente, faltam
trabalhos sobre o impacto econômico disso na manutenção, preservação e conservação desses
próprios sistemas. Tal preocupação – alimentada pelo paradigma do desenvolvimento
sustentável – cobra novas formas de gestão, planejamento e associações sociais que explorem
tais nichos comerciais a partir da alcunha da responsabilidade social e ambiental.

xv. Subsídios Financeiros Públicos

A utilização dos subsídios fiscais compensando falhas de mercado com o propósito de


estimular investimentos privados ao reduzir o custo marginal dos gastos adicionais é comum
no setor da produção industrial de modo geral. Seu uso no campo do esporte, com essas
mesmas funções, é emblemático do quão mercantilizado está a atividade esportiva. Nessa
direção, os Subsídios Financeiros Públicos, considerados nesse trabalho com categoria de
análise, incidem sobre equipes ou entidades de esporte profissional que são de propriedade de
empreendedores empresariais privados.
Tais subsídios são justificados, no setor esportivo, ante a promessa de retorno
financeiro e do turismo esperado, bem como a partir do incremento em instalações esportivas
e equipes profissionais que representariam (nacional e/ou internacionalmente) determinadas
cidades, estados ou nações (AGHA, 2013). Esses subsídios são, nessa direção, mecanismos
que ampliam as fontes de recursos e, de igual modo, as condições competitivas das equipes
profissionais na batalha concorrencial por pessoal e por novas tecnologias no âmbito da
economia de livre mercado.
Os trabalhos, em análise, avaliam as justificativas dos governos locais para conceder
subsídios a entidades esportivas privadas, bem com os impactos econômicos de incentivos
fiscais dados a ligas esportivas em economias locais, além da questão da cooperação entre
entidades esportivas e governos municipais, da correlação entre financiamento governamental
e sucesso olímpico, do financiamento público do esporte à luz da busca por oportunidades de
colaboração diplomática, de abertura de mercados e de trânsito internacional, da exploração
e/ou uso de equipamentos subsidiados pelo poder público e, ainda, da questão dos incentivos
fiscais em conjunturas políticas e econômicas pouco favoráveis.

xvi. Outros

Os artigos que não dialogaram com as categorias apresentadas e que, também, não
atingiram o percentual mínimo de 2%, foram agrupados em Outros que, a rigor, não constitui
uma categoria analítica, mesmo porque é constituída por uma diversidade de temáticas que
não guardam, necessariamente, uma relação intima/orgânica entre si, a não ser pelo tema
gerador. São pesquisas cujos temas envolvem o turismo; as despesas e/ou gastos familiares;
os impactos das crises econômicas; os processos de globalização e internacionalização; as
fontes de financiamento; a regulação da atividade econômica do desporto; e, por fim, a
corrupção, os mercados ilegais e os negócios escusos.

4. Considerações

O presente artigo oferece uma análise de caráter qualitativo-descritivo a respeito


daquilo que foi produzido sobre a economia do esporte no último ciclo olímpico (2012-2016).
Utilizou-se, para tanto, um conjunto de artigos científicos publicados em revistas indexadas
ao Portal de Periódicos da Capes como fonte de pesquisa.
A organização e acomodação dos artigos científicos em 15 categorias de análises
anunciam as problemáticas sobre as quais a comunidade científica tem se dedicado a
investigar. Fato que ajuda a entender o campo científico, as prioridades na agenda de
pesquisa, as lacunas e, sobretudo, as possibilidades de novas produções.
No conjunto da produção científica é nítida a preocupação dos pesquisadores com a
produção do valor comercial do esporte. Talvez por isso, as entidades de administração e os
megaeventos esportivos respondam por mais de 32% da produção. Essa atenção especial
parece dialogar com a necessidade de qualificação dos sistemas de regulação e gestão das
sociedades comerciais esportivas e, também, com a busca por legitimação do esporte-
espetáculo como agente de transformação econômica – dada sua promessa para estimular o
consumo, divulgar marcas, regenerar o solo urbano e catalisar investimentos.
A comercialização do espetáculo e da prática esportiva indica amplos processos de
mercantilização do esporte enquanto commodity cultural e nicho de produção comercial. Por
outro lado, a análise dos patrocínios, bem como da indústria esportiva e, também, do
marketing, da publicidade e da venda de produtos ratifica a premissa do esporte com um
importante veículo de propaganda.
As novas tecnologias de comunicação interferem na produção, entrega e consumo
desse ‘novo’ esporte. As loterias esportivas e os mercados de apostas ampliam a arrecadação
das empresas esportivas. Tais questões incidem diretamente sobre o comportamento do
torcedor que, na condição de consumidor, é estimulado e responsabilizado pelo sucesso
esportivo e financeiro de clubes ou demais entidades empresariais esportivas. A contabilidade,
examinada a partir da lógica da eficiência e da maximização dos lucros, depende, em última
instância, desse mesmo torcedor-consumidor, já que o valor de mercado de clubes, jogos e
equipes esportivas depende de seu alcance e da quantidade de seu público. Apesar disso, os
subsídios públicos, como mecanismos que compensam falhas de mercado, também exercem
papel preponderante na produção capitalista do esporte.
A questão dos mercados de trabalho e dos recursos humanos, seja em empresas
esportivas ou em indústrias do setor, denuncia a presença e exploração de rotas migratórias
globais que alimentam mercados globais com uma mão-de-obra que, também, se globaliza. A
indústria esportiva, como fornecedora de equipamentos e produtos esportivos, explora mão-
de-obra e matéria-prima a fim de responder às demandas de mercados globais.
A economia desportiva alternativa responde pela produção comercial de novas práticas
corporais que sofrem processos de esportivização comercial, muito embora ainda preservem
traços e discursos voltados à responsabilidade socioambiental. A economia não comercial
esportiva, por outro lado, permite que ONGs Esportivas ocupem, com inúmeros limites, o
fosso deixado pela ausência do Estado promotor de políticas públicas. Nesse contexto, a
noção de desenvolvimento a partir do esporte dialoga com a ampliação de investimentos e a
abertura de oportunidades comerciais, desconsiderando, quase sempre, o social e o humano.
Desse modo, tais observações sugerem a formatação de uma cadeia produtiva robusta,
pujante, complexa e diversificada que responde pela produção do valor no âmbito da
economia esportiva que, não por acaso, experimenta traços de internacionalização e
mundialização jamais vistos. Trata-se, portanto, de um setor que apresenta dinâmica própria,
mesmo porque experimenta um duplo processo de mercantilização: venda do espetáculo e da
própria atividade esportiva como produtos e serviços e seu correspondente uso como veículo
promocional de outros produtos.

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