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FATO TÍPICO ANTIJURIDICI CULPABILID


DADE ADE
Conduta Legitima imputabilidad
defesa e
conduta Estado de Potencial
:dolo/culpa necessidade consciência
da ilicitude
conduta: Estrito Exigibilidade
ação/omissão cumprimento de conduta
do dever legal diversa
Resultado Exercício
Regular do
Direito
Nexo causal Consentimento
da vítima
Tipicidade

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1- Ilicitude

Conceito – é a relação de antagonismo, de contrariedade entre a


conduta do agente e o ordenamento jurídico, que cause lesão ou
perigo de lesão a um bem jurídico protegido.

A mera contradição entre a conduta típica e o ordenamento jurídico não é suficiente


para se concluir pela antijuridicidade.
Além de ser contrária a lei, a conduta deve causar lesão ou expor em perigo de
lesão um bem jurídico protegido

Se a norma penal proíbe uma conduta é porque aquela conduta causa lesão ou
expõe em perigo bem jurídico protegido. Se o agente insiste em praticá-la devemos
concluir por sua ilicitude, desde que não atue amparado por uma causa de
justificação

É a relação de
antagonismo de
Formal contrariedade entre a
conduta do agente e o
ordenamento jurídico

Ilicitude

É preciso que a
conduta cause lesão
Material ou perigo de lesão a
um bem juridicamente
protegido

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A tipicidade é um
indício da ilicitude. Ou
Teoria de ratio seja, quando o fato é
cognoscendi típico, provavelmente,
mas nem sempre, será
também ilícito.
Ilicitude

Teoria de ratio Fato típico +


essendi antijurídico = injusto
penal.

 Teoria de ratio cognoscendi


A tipicidade é um indício da ilicitude. Ou seja, quando o fato é típico, provavelmente,
mas nem sempre, será também ilícito.
Ex: “ onde há fumaça, provavelmente há fogo, mas nem sempre” Zaffaroni
Analisa-se primeiro o fato típico. Se ele estiver presente, passa-se para a
antijuridicidade, se ela tiver presente para culpabilidade.
A tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade estão relacionadas logicamente de
tal modo que cada elemento posterior do delito pressupõe o anterior.

 Teoria de ratio essendi – fato típico e antijurídico são analisados junto e formam o
injusto penal

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São aqueles expressos, ou


Objetivos implícitos, mas sempre
determinados pela lei penal.
Elementos
das causas
justificantes
Dizem respeito ao fato de o
agente saber que atua, ou
Subjetivos pelo menos acreditar que
atua, amparado por uma
causa de justificação

 Elementos objetivos
Expressos – estado de necessidade e legitima defesa. A lei forneceu todos os seus
elementos expressamente.
Implícitos – a lei não conceituou, deixando a cargo da doutrina e da jurisprudência

 Elementos subjetivos
O agente sabe que atua ou pelo acredita que atua, amparado por uma causa de
justificação.
Não precisa saber que existe estado de necessidade, mas tem que saber que está
protegendo um bem jurídica a outro.

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Estado de
necessidade

Legítima defesa

Causas legais de exclusão da


ilicitude
Estrito cumprimento
de dever legal

Exercício regular de
direito

 Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.

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2- Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.

Existe controvérsia sobre o que seja o perigo atual.


Perigo atual (A corrente majoritária inclui o perigo iminente)

Também existe controvérsia doutrinária


Perigo não provocado pelo (Corrente 1:o perigo pode ser provocado tanto a título
agente de dolo quanto de culpa.
Corrente 2: não pode alegar o estado de necessidade
aquele que dolosamente tiver provocado o perigo)
Exige a lei penal, que no caso concreto, o agente não
Inevitabilidade do dano tenha outra alternativa, a não ser praticar o dano. Em
Elementos caso de alternativa, deve sempre optar pela menos
Estado de gravosa.
necessidade Direito próprio ou de terceiro O agente pode atuar a fim de salvaguardar um direito
próprio ou de terceiro.

Sobreleva-se a necessidade da ponderação dos bens em


Razoabilidade do sacrifício conflito, com a utilização do princípio da razoabilidade.
do bem
Aplica-se somente aqueles com dever legal pela Lei.
Dever legal de enfrentar o
perigo

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 2. 1 -PERIGO ATUAL
É o que está acontecendo atualmente

Perigo atual envolve o iminente?


Sim – Se o dano já ocorreu, o perigo perde a caracterização de iminente. Todo dano
que é protegido pelo estado de necessidade é aquele que está prestes a acontecer.

Não – não se pode incluir o perigo iminente, porque não está escrito na lei. É uma
situação de perigo futuro não facilmente verificável.

Obs: o perigo que é atual e não o dano.


Perigo atual é o que já existe. Perigo iminente é aquele que não existe ainda.

 2.2 PROVOCAÇÃO NÃO VOLUNTÁRIA

O agente não pode ter provocado a situação de perigo.

Situação de perigo dolosamente provocada – fulano põe fogo na boate e depois


pisoteia pessoas para sair. Não está em estado de necessidade.

Situação de perigo culposamente provocada – fulano joga cigarro acesso na


lixeira, acreditando que estava apagado, cigarro põe fogo no cinema. Pisoteia
pessoas para sair.

Está em estado de necessidade?

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Situação de perigo culposamente provocada – fulano joga cigarro acesso na


lixeira, acreditando que estava apagado, cigarro põe fogo no cinema. Pisoteia
pessoas para sair.

Está em estado de necessidade?

Sim – pode alegar estado de necessidade pois a lei fala “...que não provocou por
sua vontade.”
Vontade e consciência é dolo.
Só intencional impediria estado de necessidade.

Não – Vontade no texto, não é sinônimo de dolo. Na culpa também existe vontade.

2. 3 - INEVITABILIDADE DA CONDUTA.

 Exige a lei penal, que no caso concreto, o agente não tenha outra alternativa, a
não ser praticar o dano. Em caso de alternativa, deve sempre optar pela menos
gravosa.

O agente não tinha como evitar o dano se não praticasse a conduta. Não tem opção
como na legítima defesa

Ex: se tábua de salvação dava para os dois, não era necessário matar a outra pessoa.

Diferença da legitima defesa


Na legítima defesa a pessoa pode escolher se vai evitar a agressão injusta ou não.
Ex: Pai, prestes a levar facada de filho, prefere levar a facada a impedir e correr o
risco de machucar o filho.

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 2. 4 - Cujo sacrifício , nas circunstâncias, não era RAZOÁVEL exigir

Proporcionalidade = razoável
Também conhecido como razoabilidade, refere-se ao cotejo de valores, ou seja, à
relação de importância entre o bem jurídico sacrificado e o bem jurídico
preservado no caso concreto.
Não se pode, previamente, estabelecer um quadro de valores, salvo em casos
excepcionais (ex: a vida humana, evidentemente, vale mais do que o patrimônio).
Deve o magistrado decidir na situação real que lhe for apresentada, utilizando como
vetor o juízo do homem médio.

Ex: Fulado dirigindo um caminhão em uma ladeira que perde o freio, ou acerta uma
criança ou sua Ferrari, qual escolhe?

 Duas teorias discutem a matéria:


 (A) Teoria diferenciadora – Divide em dois:
Estado de necessidade justificante - se o bem jurídico sacrificado tiver valor
menor ou igual ao do bem jurídico salvaguardado, haverá estado de necessidade
justificante (excludente da ilicitude);
Estado de necessidade exculpante - se o bem sacrificado tiver valor maior que o
bem protegido, haverá estado de necessidade exculpante (excludente da
culpabilidade – inexigibilidade de conduta diversa).

Protege vida X patrimônio (sacrificado) = estado de necessidade


Vida X Vida (sacrificado) = estado de necessidade
Protege patrimônio X vida (sacrificado) = exclui culpabilidade pela
diferenciadora

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 (b) Teoria unitária – exclui sempre a ilicitude do ato, quando se sacrifica um bem
jurídico de valor igual ou inferior ao preservado
Assim, se o comportamento do agente, diante de um perigo atual, busca evitar mal
maior, sacrificando direito de igual ou menor valor que o protegido, pode-se invocar
a descriminante do estado de necessidade;
Se o bem jurídico sacrificado for mais valioso que o protegido, haverá redução de
pena, devido ao princípio da razoabilidade

Protege vida X patrimônio (sacrificado)= estado de necessidade


Vida X Vida (sacrificado) = estado de necessidade
Protege patrimônio X vida (sacrificado) = estado de necessidade +
razoabilidade – redução de pena

Art. 24 - § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena


poderá ser reduzida de um a dois terços (NOSSO DIREITO)

 PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE

Entre as duas opções a escolher o agente deve escolher a menos gravosa para a
vítima

Princípio da razoabilidade - a escolha tem que ser razoável

Excesso - cabe excesso como na legítima defesa.


Ex: podia empurrar a menina mas resolve mata-la.

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 O Código Penal Militar, Decreto-lei 1.001/1969 comportou o estado de necessidade


exculpante em seu art. 39, e a possibilidade de atenuação da pena, art. 41:

Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem
está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não
provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao
direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa.

Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não
era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício
do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a
pena. (BRASIL, 1940).

FATO TÍPICO ANTIJURIDICI CULPABILID


DADE ADE
Conduta Legitima imputabilidad
defesa e
conduta Estado de Potencial
:dolo/culpa necessidade consciência
da ilicitude
conduta: Estrito Exigibilidade
ação/omissão cumprimento de conduta
do dever legal diversa
Resultado Exercício
Regular do
Direito
Nexo causal Consentimento
da vítima
Tipicidade

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 2.5 - O perigo deve ameaçar direito PRÓPRIO ou ALHEIO.


O bem deve estar tutelado pelo ordenamento. Se não estiver, não se admite o estado
de necessidade.
Quando a ameaça for a direito próprio, haverá o estado de necessidade próprio.
Exemplo: É o que ocorre quando o agente, subtrai pequena quantia de alimento para não
morrer de fome (furto famélico) ou quando há um naufrágio e existem menos coletes
salva-vidas do que o necessário e uma pessoa mata outra para ficar com um colete e se
salvar.
Quando a ameaça for a direito de terceiro, haverá estado de necessidade de terceiro.
Exemplos: subtrair pequena quantidade de alimento para alimentar e salvar a vida do
filho pequeno; para evitar o atropelamento de uma criança que atravessou a rua
correndo, o motorista desvia o veículo em direção ao muro de uma casa. Nesse caso, o
agente não responde pelo crime de dano por ter agido em estado de necessidade de
terceiro.
É desnecessária a prévia autorização do terceiro, já que a lei não exige esse
requisito. Não precisa também haver ratificação posterior pelo terceiro.
Obs: Se for bem patrimonial e der tempo de pedir autorização – tem que pedir. Casas
pegando fogo

2. 6 - Dever legal de enfrentar o perigo

Art. 24 - § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o


dever legal de enfrentar o perigo.

Quem tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar estado
de necessidade.

Ex: bombeiro salva vidas não pode tirar pessoa do barco salva vidas
para se salvar.
Mas pode tirar os bens de uma pessoa para se salvar pelo princípio
da razoabilidade.

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O dever deve ser legal ou contratual também?


1° corrente - Na lei está só legal
Ex: Ex: babá pode lutar com criança para salvar a sua vida

2° corrente - Pode ser contratual e legal - Deve-se ampliar o sentido da expressão


para abranger também o dever jurídico, aquele que advém de outras relações
previstas no ordenamento jurídico, como o contrato de trabalho ou mesmo a
promessa feita pelo garantidor de uma situação qualquer. (...).

Ex: O policial (legal) quanto o segurança particular contratado para a proteção do


seu empregador (dever jurídico advindo do contrato de trabalho).

 2. 7 - Elemento subjetivo do estado de necessidade

Pessoa tem que saber que está em estado de necessidade próprio ou


de terceiro

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2.8 ESPÉCIES
 Defensivo

Quando a conduta do agente dirige-se diretamente ao produtor da situação de perigo, a fim


de eliminá-la. Não se caracteriza como ilícito penal nem cível.

Cão raivoso está atacando sujeito. Para ele se defender mata cachorro.

Sua vida X vida do cachorro


Cachorro que agride

 Agressivo

É aquele em que a conduta do necessitado viesse a sacrificar bens de um inocente, não


provocador da situação de perigo.

Ex: Agente, dirigindo carro desgovernado, para salvar sua vida, bate no carro estacionado.

Sua vida X carro estacionado


Carro estacionado não é responsável pela situação de perigo

Para teoria Unitária, todo estado de necessidade é


Justificante justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a
ilicitude do fato típico praticado pelo agente.

A Teoria Diferenciadora, traça uma distinção entre o


Exculpante estado de necessidade justificante (que afasta a
ilicitude) e o estado de necessidade exculpante (que
Espécies elimina a culpabilidade).
Estado de
necessidade Quando a conduta do agente dirige-se diretamente ao
Defensivo produtor da situação de perigo, a fim de eliminá-la. Não
se caracteriza como ilícito penal nem cível.

É aquele em que a conduta do necessitado viesse a


Agressivo sacrificar bens de um inocente, não provocador da
situação de perigo.

É a situação imaginária, que só ocorre na mente do


Putativo agente.

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 Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.

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3- Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de
agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

Agressão, aqui, é entendida como um ato do homem. Daí,


1- Injusta agressão ser impossível cogitar-se como legítima defesa contra o
ataque de animais. Somente o homem pode praticar uma
Elementos da agressão.
legítima defesa São todos aqueles eficazes e eficientes à repulsa da
2- Meios necessários agressão que esta sendo praticada ou que esta prestes a
acontecer.
Além do agente selecionar o meio adequado à repulsa, é
3- Moderação preciso que o faça com moderação.
Atual é a agressão que já esta acontecendo; iminente é a
4- Atualidade e iminência de agressão que ainda não aconteceu, mas vai acontecer
agressão quase que imediatamente.

Considera-se própria a legítima defesa quando o agente


5- Própria ou de terceiros defende seus próprios bens (vida, liberdade,
patrimônio).

De terceiros, quando os bens defendidos pertencem a


outra pessoa.

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3. 1- Injusta agressão
 Agressão, aqui, é entendida como um ato do homem.

Impossível cogitar-se como legítima defesa contra o ataque de animais. Somente o


homem pode praticar uma agressão.

Obs: Fulano mandou cachorro atacar Beltrano. Beltrano mata animal, é legítima
defesa?

 Injusta – é aquela não amparada por nosso sistema jurídico (ilícita)

Ex: Fulano ataca oficial de justiça que está levando seus bens.

Obs: e se Fulano está sendo preso arbitrariamente, ele pode se defender atacando a
polícia?

 Agressão injusta é diferente de provocação injusta

Na agressão injusta o único modo de se defender é agindo. Na


provocação você pode ignorar, não tem necessidade de defesa.

Ex: Briga de trânsito

 Provocação injusta é aquela que provoca indignação em uma pessoa


de boa fé – pode diminuir a pena - art. 121 § 1° (minorante), 65 III
(atenuante)

 Provocação com o objetivo de criar situação de legítima defesa –


manipulação do agressor – abuso de direito, não pode ser
considerado legítima defesa o revide.

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 Art. 121 - Caso de diminuição de pena


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

 Circunstâncias atenuantes
Art 65- III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato
injusto da vítima;

 Agressão injusta pode ser provocada por inimputáveis?


Várias correntes:
 1- O inimputável não age antijuridicamente, porque não discerne entre a agressão
justa e injusta.
Altavilla - implicando a injustiça em uma possibilidade de apreciação psíquica e
ética, e agindo o louco danosamente e não injustamente, seu ato deve ser entendido
como manifestação de uma força extra-humana.
Os inimputáveis, também pela idade, ao agredirem, seriam equiparados a uma força
bruta, tal qual os fatos dos irracionais e da natureza, que cria um estado de
necessidade e não de legítima defesa.
 2- A agressão do inimputável não é comparável aos fatos do irracionais ou da
natureza.
A legítima defesa pressupõe uma agressão “injusta”, no sentido de desautorizada,
sem permissão, contrária ao direito, antijurídica, ilegal, em razão do que o agredido
não está juridicamente obrigado a tolerá-la.

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 3. 2- Meios necessários

A) São todos aqueles meios eficazes e eficientes à repulsa da


agressão que esta sendo praticada ou que esta prestes a acontecer.
Meio adequado

B) É aquele que o agente dispõe no momento

c) Proporcional/ razoável

Obs: se for o único meio pode ser desproporcional mas razoável

Ex: crianças roubando abacate.

 3. 3- Moderação

Além do agente selecionar o meio adequado à repulsa, é preciso que


o faça com moderação.

Exame quantitativo do meio. – cabe determinar se a medida defensiva


foi proporcional à agressão.

Ex: A é mais forte que B – B ataca A – apenas com a força do corpo


consegue se defender.

Ex: B ataca A. A tem que escolher outro meio capaz de se defender.

 Obs: quem age em legítima defesa não pode permitir que sua ação
cresça em intensidade, além da razoável para fazer cessar.

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Ex: você está lavando uma panela e um ladrão chega por trás. O que
você faz?

 Não se exige proporcionalidade milimétrica

Ex: Notícia: vítima de assalto dá 20 tiros no ladrão.


Pode ser considerado legítima defesa?

 3. 4- Atualidade e iminência de agressão

Atual é a agressão que já esta acontecendo;

Iminente é a agressão que ainda não aconteceu, mas vai acontecer


quase que imediatamente.

Ex: História dos presos – é legitima defesa?

Existe raciocínio que é possível legitima defesa prévia ou antecipada


– ocorre quando o futuro é certo de ocorrer.

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Está em legítima defesa pessoa, que para evitar que A mate B,


atira em A?

 3. 5- Própria ou de terceiros

Considera-se própria a legítima defesa quando o agente defende


seus próprios bens (vida, liberdade, patrimônio).

De terceiros, quando os bens defendidos pertencem a outra pessoa.


Não precisa ser parente ou amigo.

O animus, intenção do agente é importante.

Ex: Fulano odeia Beltrano. Fulano, aproveitando que Beltrano está


indo matar Ciclano, o mata antes e alega legítima defesa.

Ex: Fulano não sabia que Beltrano estava prestes a cometer um crime.
Mata Beltrano e acaba salvando Ciclano.

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 3. 6- Elemento subjetivo da legítima defesa

Pessoa tem que saber que está em legítima defesa própria ou de


terceiro

Autêntica ou real Quando a situação de agressão injusta esta efetivamente


ocorrendo no mundo concreto.

Espécie da Putativa ou imaginária Quando a situação de agressão é imaginária, ou seja, só


existe na mente do agente.
legítima
Sucessiva Decorre de uma situação de excesso na legítima defesa.
defesa
Preordenada ou antecipada Preleciona que em algumas situações, mesmo não se
visualizando a atualidade ou a iminência da agressão, o
agente poderá atuar, antecipando-se a esta agressão.
Reciproca Legitima defesa reciproca não existe, visto que ambas
são injustas, ou não.

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3. 7- Espécies de legítima defesa


 Autêntica ou real

Quando a situação de agressão injusta esta efetivamente ocorrendo no mundo concreto.

 Sucessiva

Defender com legítima defesa é legítimo, o excesso é agressão injusta. Decorre de uma
situação de excesso na legítima defesa.
Ex: Maria bate em João, seu marido. João se defende a segurando e apertando. Passa do
ponto. Maria pega um instrumento e quebra na cabeça dele para se defender.

 Preordenada ou antecipada

Preleciona que em algumas situações, mesmo não se visualizando a atualidade ou a


iminência da agressão, o agente poderá atuar, antecipando-se a esta agressão.
Ex: História dos presos/ ofendículo

 Reciproca

Legítima defesa reciproca não existe, visto que ambas são injustas ou não.

Alguém tem que ter recebido a agressão injusta primeiro.

Ex: Briga

A e B estão brigando, os dois machucados. São pegos pela polícia.

Polícia vai investigar quem fez injusta agressão e quem estava em legítima defesa.

Se não descobrir MP denuncia os dois (in dubio pro societate)

Os dois vão se defender com a legítima defesa.

Se não sescobrir os dois serão absolvidos (in dubio pro réu)

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 Putativa ou imaginária

Quando a situação de agressão é imaginária, ou seja, só existe na


mente do agente.

Ex: Beltrano, acreditando estar em legítima defesa, ataca Fulano que


só estava pegando o cigarro no bolso, não a arma como Beltrano
pensou.

Descriminante putativa – erro na execução - Art. 20 § 1º - É isento de


pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo.

 3. 8- Confrontos de legitima defesa

É possível a legítima defesa putativa X a legítima defesa real?


Quer dizer, uma pessoa está na legítima defesa putativa e a outra na
real?

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3. 9- Excesso na Legítima Defesa

Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo

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Doloso Em sentido estrito Quando o agente, mesmo depois de fazer cessar a


agressão, continua o ataque porque quer causar mais
lesões ou mesmo a morte do agressor inicial.
Excesso na
Em virtude de erros sobre os limites Quando o agente também, mesmo depois de fazer cessar a
legítima de uma causa de justificação agressão que era praticada contra a sua pessoa, pelo fato
defesa de ter sido agredido inicialmente, em virtude de erro de
proibição indireto, acredita que possa ir até o fim, matando
seu agressor.
Culposo Em sentido estrito Quando o agente, em virtude de má avaliação dos fatos e
da sua negligência no que diz respeito a aferição das
circunstancias, excede-se em virtude de um erro de
cálculo quanto a gravidade do perigo ou quanto ao modus
de reação.
Em virtude de uma discriminante Quando o agente, ao avaliar mal a situação que o envolvia,
pulativa acredita que ainda esta sendo ou poderá ser agredido, e
em virtude disso, dá continuidade à repulsa.
Intensivo Ocorre quando o agente utiliza na sua defesa, uma intensidade além da necessidade para fazer
cessar a agressão injusta , que pode ocorrer em função da situação de pânico, medo ou
consternação em que se encontrava.
Extensivo Quando o agente, inicialmente fazendo cessar a agressão injusta que era praticada contra a sua
pessoa, dá continuidade ao ataque, quando este já não mais se fazia necessário.

Na causa Ocorre quando existe uma inferioridade do bem ou do interesse defendido, em comparação com
o defendido pela repulsa.
Exculpante O pavor da situação em que se encontra o agente é tão grande que não lhe permite uma avaliação
correta, fazendo-lhe com que atue além do necessário.

 Doloso
Em sentido estrito
Quando o agente, mesmo depois de fazer cessar a agressão, continua o ataque
porque quer causar mais lesões ou mesmo a morte do agressor inicial.

Ex: tem vontade e consciência para continuar. João bate em Maria. Maria consegue
pegar uma panela e bate em João fazendo ele desmaiar. Resolve então mata-lo para
evitar futuras agressões.

 Culposo
Em sentido estrito
Quando o agente, em virtude de má avaliação dos fatos e da sua negligência no
que diz respeito a aferição das circunstancias, excede-se em virtude de um erro
de cálculo quanto a gravidade do perigo ou quanto ao modus de reação.

Ex: Maria ao chegar em casa é atacada por ladrão. Estava com um objeto pesado na
mão e bate na cabeça dele. Por imprudência, passa do ponto e o mata. Não percebe
que ele não podia mais ataca-la.
Ex: mais facada do que necessário

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 Culposo

Em virtude de erros sobre os limites de uma causa de justificação


Quando o agente também, mesmo depois de fazer cessar a agressão
que era praticada contra a sua pessoa, pelo fato de ter sido agredido
inicialmente, em virtude de erro de proibição indireto, acredita que
possa ir até o fim, matando seu agressor. (erro sobre ilicitude do fato
– art. 21)

Ex: Maria bate na cabeça do ladrão. Acredita que pode prende-lo na


dispensa por uma semana para se vingar.

Em virtude de uma discriminante putativa


Quando o agente, ao avaliar mal a situação que o envolvia, acredita
que ainda esta sendo ou poderá ser agredido, e em virtude disso, dá
continuidade à repulsa.

 Exculpante

O pavor da situação em que se encontra o agente é tão grande que


não lhe permite uma avaliação correta, fazendo-lhe com que atue
além do necessário. O estado psíquico do agente, elemento de caráter
subjetivo, faz com que este ultrapasse a fronteira do que lhe é
permitido fazer

Afasta a culpabilidade ou, mais precisamente, a exigibilidade de


conduta diversa

 Nucci - O excesso exculpante seria o decorrente de medo,


surpresa ou perturbação de ânimo, fundamentadas na
inexigibilidade de conduta diversa.

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Ex: O agente, ao se defender de um ataque inesperado e violento,


apavora-se e dispara seu revólver mais vezes do que seria necessário
para repelir o ataque, matando o agressor.

Esta pessoa responderá pelas facadas a mais?


Código penal militar -art. 45, parágrafo único: "Não é punível o excesso
quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face
da situação"
Esta regra não está presente no direito penal comum, mas doutrina diz
que inexiste razão para deixar de considerá-lo também no direito penal
comum

 Um caso famoso de discussão de excesso na legítima defesa foi do atentado sofrido


pela apresentadora Ana Hickmann.
O cunhado da apresentadora foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais
pelo homicídio de suposto fã que invadiu o quarto de hotel da artista e desferiu tiros
contra sua assessora (e cunhada).
A acusação defendeu existir excesso na conduta do cunhado de Ana, que desferiu vários
tiros contra o agressor. No entanto, a tese de excesso foi afastada, prevalecendo não ser
razoável exigir-se de alguém que se via sobre a mira de um revólver e com a esposa
baleada uma postura de discernimento sobre a quantidade de disparos efetuados.

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FATO TÍPICO ANTIJURIDICI CULPABILID


DADE ADE
Conduta Legitima imputabilidad
defesa e
conduta Estado de Potencial
:dolo/culpa necessidade consciência
da ilicitude
conduta: Estrito Exigibilidade
ação/omissão cumprimento de conduta
do dever legal diversa
Resultado Exercício
Regular do
Direito
Nexo causal Consentimento
da vítima
Tipicidade

 Intensivo
Ocorre quando o agente utiliza na sua defesa, uma intensidade além
da necessidade para fazer cessar a agressão injusta, que pode ocorrer
em função da situação de pânico, medo ou consternação em que se
encontrava.
Foco na intensidade dos meios utilizados, há uma
desproporcionalidade, para reagir à injusta agressão

 Extensivo
Quando o agente, inicialmente fazendo cessar a agressão injusta que
era praticada contra a sua pessoa, dá continuidade ao ataque, quando
este já não mais se fazia necessário. Tempo de defesa
É aquele em que o agente erra na continuidade da agressão, portanto,
ele continua agredindo após cessar a injusta agressão, ou seja, ocorre
um excesso após o início da ação legítima.

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 Na causa

Ocorre quando existe uma inferioridade do bem ou do interesse


defendido, em comparação com o defendido pela repulsa.

Ex: pé de abacate

O excesso CRASSO, também chamado de excesso NA CAUSA, é aquele


em que o agente sequer está em legítima defesa, ou seja, o excesso é
completamente absurdo e configura ilícito desde o início, p. ex.,
quando um dono de mercearia ao ver duas crianças subtraindo balas
de seu estabelecimento efetua disparos contra as mesmas, ou seja,
não há como justificar uma conduta para afastar um delito de extrema
bagatela.

 3- 10 – Legítima defesa preordenada


Ofendículo – são todos os instrumentos empregados regularmente, de
maneira predisposta (previamente instalados) na defesa de alguns
bens jurídicos.
Ex: cerca elétrica em casa
Obs: o titular do bem jurídico não responderá criminalmente pelo
resultado lesivo dele decorrente.
Terceiro inocente: Na defesa predisposta é necessário avisar: “cerca
elétrica” “cão bravo”, cientificando terceiro inocente sobre sua
existência
Sem avisar – o titular do bem protegido responderá pelo dano
Com aviso – legítima defesa preordenada

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Abuso - é preciso que o valor do bem justifique o dano possível ao


agressor. (defesa moderada com meios necessários)

Natureza jurídica
1- legitima defesa preordenada (na hora que é acionada já é agressão
atual e iminente)
2- exercício regular do direito
3- teoria mista :
preparação – exercício regular do direito
utilização – legítima defesa preordenada

Fulano tira a arma da bolsa para atirar em Beltrano.


Beltrano percebe e em legítima defesa pega também sua arma e atira
em fulano.
Erra, acerta Ciclano.
Que crime Beltrano cometeu? Ele estava em legítima defesa?

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3. 11 - Legítima defesa com aberratio ictus – erro na execução


Fulano tira a arma para atirar em Beltrano.
Beltrano percebe e em legítima defesa pega também sua arma e atira
em fulano.
Erra e acerta Ciclano.
Que crime Beltrano cometeu?

Beltrano vai ser absolvido pois estava em legítima defesa.


Ciclano tem direito a indenização na esfera civil

12 - ADPF 779
ADPF 779 MC-REF / DF 1. “Legítima defesa da honra” não é, tecnicamente, legítima
defesa. A traição se encontra inserida no contexto das relações amorosas. Seu
desvalor reside no âmbito ético e moral, não havendo direito subjetivo de contra ela
agir com violência. Quem pratica feminicídio ou usa de violência com a justificativa
de reprimir um adultério não está a se defender, mas a atacar uma mulher de forma
desproporcional, covarde e criminosa. O adultério não configura uma agressão
injusta apta a excluir a antijuridicidade de um fato típico, pelo que qualquer ato
violento perpetrado nesse contexto deve estar sujeito à repressão do direito penal.
Trazendo essas considerações para a presente ADPF, acolho o pedido sucessivo, a
fim de conceder a medida cautelar em maior extensão e conferir interpretação
conforme ao art. 483, III, §2º, do Código de Processo Penal, para excluir a
interpretação do quesito genérico que implique a repristinação da odiosa figura da
legítima defesa da honra, de modo que a decisão do Tribunal de Justiça que a anula
é compatível com a garantia da soberania dos vereditos do Tribunal do Júri.

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 Decisão: O Tribunal, por unanimidade, referendou a concessão parcial da medida


cautelar para: (i) firmar o entendimento de que a tese da legítima defesa da honra
é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção à vida e da igualdade de gênero
(art. 5º, caput, da CF); (ii) conferir interpretação conforme à Constituição aos arts.
23, inciso II, e 25, caput e parágrafo único, do Código Penal e ao art. 65 do Código
de Processo Penal, de modo a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do
instituto da legítima defesa e, por consequência, (iii) obstar à defesa, à acusação, à
autoridade policial e ao juízo que utilizem, direta ou indiretamente, a tese de
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases
préprocessual ou processual penais, bem como durante julgamento perante o
tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento, nos termos do voto
do Relator.

 Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,


considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Pacote anticrimes – segue texto do site TJDFT


 legítima defesa geral: é a prevista no caput do art. 25, cujo reconhecimento se dá
quando o sujeito, imbuído do propósito defesa, repelir uma agressão injusta, atual
ou iminente, a direito próprio ou alheio.
 legítima defesa especial: é a prevista no parágrafo único do dispositivo,
acrescentada pela Lei n. 13.964/2019 (Lei Anticrime), a qual se configura quando o
agente de segurança pública repele a agressão ou risco de agressão à vítima
mantida refém durante a prática de crimes

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Vinculou o reconhecimento da legítima defesa ao preenchimento dos requisitos


do caput, que a disposição seria desnecessária. Ocorre, porém, que a legítima
defesa especial (parágrafo único) difere da legítima defesa geral (caput) sob três
aspectos: A) seu sujeito ativo, B) o titular do bem jurídico protegido e C)
o aspecto temporal.
A) Sujeito ativo
Enquanto a geral pode ser praticada por qualquer pessoa, a especial somente
pode ter como sujeito ativo o agente de segurança pública, ou seja, o servidor
público integrante dos quadros da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da
Polícia Ferroviária Federal, da Polícia Civil, da Polícia Penal, da Guarda Municipal e
da Força Nacional de Segurança Pública.
B) Titular do bem jurídico protegido
A legítima defesa especial só pode ser exercida para proteger terceiro, vítima de
crime, que seja mantida refém, isto é, que tenha sua liberdade de locomoção, de
algum modo, restringida.

C) Aspecto temporal
Além disso, enquanto a causa de justificação de caráter geral exige uma agressão
atual (presente, imediata, em desenvolvimento) ou iminente (prestes a ocorrer), a
especial se dá mesmo diante de um risco de agressão; isto é, ela se mostra
cabível diante da constatação de um perigo de lesão à vítima de crime mantida
refém, ou, em outras palavras, à vista da possibilidade concreta, a partir das
circunstâncias fáticas, de que a agressão ao sujeito passivo ocorra num futuro muito
breve. A expressão 'risco de agressão' é mais ampla, no aspecto temporal, que
'agressão iminente'. Assemelha-se ao conceito de 'perigo atual' mencionado no art.
24 do Código, no âmbito do estado de necessidade.
 Ex: Suponha que o ex-marido, inconformado com a disposição da ex-esposa em
não reatar o relacionamento, ingresse no imóvel e a mantenha refém; o policial,
diante disso, poderá repelir o risco de agressão, se necessário, neutralizando o
autor do sequestro. Imagine, ainda, um indivíduo que retenha passageiros de um
coletivo rendidos sob ameaça de arma de fogo, alardeando que incendiará o
veículo com as pessoas no seu interior; a Polícia, depois de avaliar o cenário, está
autorizada a intervir, reagindo contra o sujeito ativo do crime.

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4- Estrito cumprimento do dever legal


É preciso que haja um dever
Conceito: o código não conceituou. O conceito está legal imposto ao agente, dever
no nome. Art. 23 III este que, em geral, é dirigido
aqueles que fazem parte da
Adm. Pública

Requisitos do estrito cumprimento


do dever legal

É necessário que o cumprimento


a este dever se dê nos exatos
termos impostos pela lei, não
podendo em nada ultrapassá-los.

Obs: Particulares - Há deveres que não são impostos àqueles que fazem parte da
Administração Pública
Ex: Art. 1634 CC – diz competir aos pais, quanto aos filhos menores, dirigir-lhes a
educação e criação (poder familiar). Divergência se é exercício regular do direito
ou estrito cumprimento do dever legal.

Obs: Toda vez que funcionário público ou particular passar dos limites ao fazer seu
trabalho responde pelo excesso.
Ex: policial usa de violência desnecessária ao prender, responderia por abuso de
autoridade e/ou lesão corporal. Lesão corporal decorrente da prisão está protegida
pelo instituto.

Obs: Zaffaroni defende que o estrito cumprimento do dever legal deve ser analisado
em sede de tipicidade – antinormatividade (tipicidade conglobante) pois, aquele
que atua de acordo com uma imposição legal não pode praticar um fato típico.

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FATO TÍPICO ANTIJURIDICI CULPABILID


DADE ADE
Conduta Legitima imputabilidad
defesa e
conduta Estado de Potencial
:dolo/culpa necessidade consciência
da ilicitude
conduta: Estrito Exigibilidade
ação/omissão cumprimento de conduta
do dever legal diversa
Resultado Exercício
Regular do
Direito
Nexo causal Consentimento
da vítima
Tipicidade

 Marcelo Jardim citado por Nucci - (...) a execução de pena de morte feita pelo
carrasco, quando o sistema jurídico admitir (no caso do Brasil, dá-se em época de
guerra, diante de pelotão de fuzilamento); b) a morte do inimigo no campo de
batalha produzida pelo soldado em tempo de guerra; c) a prisão em flagrante
delito executada pelos agentes policiais; d) a prisão militar de insubmisso ou
desertor; e) a violação de domicílio pela polícia ou servidor do Judiciário para
cumprir mandado judicial de busca e apreensão ou mesmo quando for necessário
para prestar socorro a alguém ou impedir a prática de crime; f) a realização de
busca pessoal, nas hipóteses autorizadas pelo CPP; g) o arrombamento e a entrada
forçada em residência para efetuar a prisão de alguém, durante o dia, com
mandado judicial; h) a apreensão de coisas e pessoas, na forma da lei processual
penal; i) o ingresso em casa alheia por agentes sanitários para finalidades de saúde
pública; j) a apreensão de documento em poder do defensor do réu, quando formar
a materialidade de um crime, de acordo com a lei processual penal; k) o ingresso
em casa alheia por agentes municipais para efeito de lançamento de imposto; l) a
comunicação da ocorrência de crime por funcionário público à autoridade, quando
dele tenha ciência no exercício das suas funções; m) a denúncia à autoridade feita
por médicos, no exercício profissional, da ocorrência de um crime; n) a denúncia
feita por médicos à autoridade sanitária, por ocasião do exercício profissional,
tomando conhecimento de doença de notificação obrigatória; o) a violência
necessária utilizada pela polícia ou outro agente público para prender alguém em
flagrante ou em virtude de mandado judicial, quando houver resistência ou fuga
(...)

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5- Exercício regular do Direito

Conceito: o Código não conceituou. O seu conceito pode ser extraído da expressão
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. Está no nome. Art. 23 III
Direito pode surgir das regulamentação legais em sentido amplo, ou até mesmo dos
costumes.

Ex: Práticas esportivas violentas – se ficar nas regras do jogo.


Furar orelha da criança ou fazer tatuagem (se for requerido pela pessoa ou
responsável). Médico que corta a barriga de alguém em uma cirurgia.

Obs: Pai que prende filho no quarto de castigo. Divergência se é exercício regular
do direito ou estrito cumprimento do dever legal.

 Excesso pode ser punido criminalmente dolosa ou culposamente


Ex: fazer tatuagem que pessoa não pediu é lesão corporal. Em um jogo, aproveitar a
jogada para ferir (dolosamente) outro jogador seu inimigo.

 Código civil
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo

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6-
Consentimento
do ofendido Ex: no caso de delitos contra a
dignidade sexual, se a mulher
Afastar a consente na relação sexual , não
tipicidade se poderá cogitar em tipicidade
da conduta daquele com quem
ela mantem relação.
Finalidade

Há situações em que o fato é


Excluir a típico, mas não será
ilicitude do fato antijurídico em virtude do
consentimento do ofendido.

Que o ofendido tenha capacidade Somente aquele que for penalmente


para consentir imputável
Requisitos do
consentimento
ofendido

Que o consentimento tenha sido O consentimento deverá ainda ser


dado anteriormente ou pelo menos anterior ou mesmo simultâneo à
numa relação de simultaneidade à conduta do agente
conduta do agente

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1) Que o ofendido tenha capacidade para consentir - Somente aquele que for
penalmente imputável

Ex: menor de idade precisa de autorização dos pais furar orelha ou fazer cirurgia
(exercício regular do direito)

Ex: patrimônio é disponível – história do carro do japonês.


Vida não é disponível – eutanásia é crime

Obs: Divergência quanto a integridade física – Fragoso acha ser disponível – ex:
Diabão
Grecco – se lesões corporais forem graves ou gravíssimas não poderia dar
consentimento

 Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
 Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
 § 2° Se resulta gravíssima
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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2) Que o consentimento tenha sido dado anteriormente ou pelo menos numa


relação de simultaneidade à conduta do agente

O consentimento deverá ainda ser anterior ou mesmo simultâneo à conduta do agente.

Se for posterior não afasta a conduta do agente.

Fundamentação é o aspecto subjetivo das causas justificantes.

 Quando o consentimento afasta a tipicidade e quando afasta a


antijuridicidade?

Se o consentimento estiver no tipo penal, afasta a tipicidade

 Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

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7 - Descriminantes putativas

Art. 20 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado


pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
o fato é punível como crime culposo.

As descriminantes putativas, ou também chamadas de erro quanto às causas de


justificação, tratam do caso em que o sujeito age supondo a existência de uma
situação de fato que, se existisse, tornaria legítima a sua conduta.

Descriminantes putativas

Significa transformar o fato em um


Descriminar indiferente penal

Situações imaginárias que só existem na


mente do agente. Somente o agente acredita,
Putatividade
por erro, que aquela situação existe.

Descriminant Significa transformar o fato em um indiferente penal.


es putativos Agente atuou supondo encontrar-se numa situação onde
seria favorecido com uma causa de justificação.

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Escusável,
invencível
Isenta o agente da
(plenamente
pena
justificável pelas
circunstancias)
Erro
Embora tenha agido
com dolo, será o
agente
Inescusável responsabilizado
vencível como se tivesse
praticado um delito
culposo. (culpa
imprópria).

Ex.: A, imaginando que seria morto por


aquele que o havia ameaçado, ao
Legítima encontra-lo na rua, saca a arma e causa
defesa a morte daquele que sequer o tinha
visto e tampouco encontrava-se
armado.

Ex: alguém, acreditando estar


Estado de ocorrendo um incêndio no prédio em
que trabalhava, sai correndo pelas
necessidade escadas, empurrando e causando lesão
Causa de nas outras pessoas.
justificação
Estrito Ex: um policial, imaginando prender a
cumprimento pessoa contra a qual fora expedido um
mandado de prisão, efetua a prisão de
de dever legal seu irmão gêmeo.

Ex: o agente, em virtude da escuridão


Exercício presente no ambiente, castiga
regular de moderadamente o filho da vizinha,
direito acreditando ser o seu próprio.

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Para essa teoria, todo erro


que recaia sobre causa de
Extremada da
justificação deve ser
culpabilidade considerado como erro de
proibição

Se o erro do agente vier a


Limitada da recair sobre uma situação
Teorias culpabilidade fática - erro de tipo. Se recair
sobre causa de justificação –
erro de proibição.

Culpabilidade que O erro das descriminadas putativas,


remete às isto é, sobre as causas de
consequências justificação, é um erro sui generis
(devido as consequências deste
jurídicas tipo de erro, não pode ser tratado
como erro de tipo e tampouco
como erro de proibição

1) Extremada da culpabilidade
Para essa teoria, todo erro que recaia sobre causa de justificação deve
ser considerado como erro de proibição.
Não é aceita por causa da regra expressa do art. 20§ 1° CP.

 Erro sobre a ilicitude do fato


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou
se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível,
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

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 Erro sobre elementos do tipo


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas -
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo

 Erro sobre a ilicitude do fato -


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.

2) Limitada da culpabilidade - Se o erro do agente vier a recair


sobre uma situação fática, estaremos diante de um erro de tipo (A),
que passa a ser denominado de erro de tipo permissivo (art. 20 § 2°
CP).
Se erro recair sobre limites (C) ou própria existência (B) de uma causa
de justificação o erro passa a ser de proibição (art. 21 CP).

A) Ex: pai durante a madrugada ouvi alguém pulando muro da sua


casa. Imaginando que era um ladrão atira na pessoa. Mata seu próprio
filho que havia esquecido a chave.
Neste exemplo o agente errou sobre a situação de fato – acreditando
estar em legítima defesa – erro de tipo – erro de tipo permissivo

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04/11/2022

Descriminantes putativas - Situação de fato


§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo

Escusável, invencível isento de pena

Inescusável, vencível responde por culpa se existir a figura


culposa

B) Ex: pai mata estuprador da filha acreditando estar na legítima defesa de sua
honra. Ele não errou sobre os fatos. Ele sabia o que estava fazendo erra por
acreditar estar amparado pela lei - existência– erro de proibição.

C) Ex: pacato homem, nunca brigou com ninguém, vai jogar pôquer com um
campeão e ganha. O campeão, muito envergonhado o agride. Homem amparado
pela legítima defesa, inicialmente se defende, mas acaba tirando uma faca e o mata.
Erra sobre os limites da legítima defesa - erro de proibição

Resumindo - Erro de tipo - se erro recai sobre situação de fato


Erro de proibição - se erro recai sobre limite
- ou existência da causa de justificação

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04/11/2022

 Erro sobre elementos do tipo


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas - Situação de fato
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo

 Erro sobre a ilicitude do fato - limite e existência


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.

Exercício: Diga se o erro é sobre situação de fato, limite de uma causa


justificante ou existência de uma causa justificante.
 Fulano está no cinema e alguém atrás dele fuma, gerando cheiro de fumaça.
Outra pessoa grita fogo, ele acreditando estar em estado de necessidade, para
se salvar sai pisoteando outras pessoas e as machucam.

 Sapateiro que vende os sapatos deixados pelo freguês há mais de ano, para
ressarcir-se dos serviços, pensando estar juridicamente autorizado a fazê-lo.

 Pai dá violenta surra no filho ao vê-lo usando drogas.

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Exercício: Diga se o erro é sobre situação de fato, limite de uma causa justificante ou existência
de uma causa justificante.
 Fulano está no cinema e alguém atrás dele fuma, gerando cheiro de fumaça. Outra pessoa
grita fogo, ele acreditando estar em estado de necessidade, para se salvar sai pisoteando
outras pessoas.
Erro sobre a situação de fato – o fato de o prédio estar em chamas.

 Sapateiro que vende os sapatos deixados pelo freguês há mais de ano, para ressarcir-se dos
serviços, pensando estar juridicamente autorizado a fazê-lo.
Erro sobre a existência de causa justificante.

 Pai dá violenta surra no filho ao vê-lo usando droga.


Erro sobre os limites de uma excludente exercício regular do direito reconhecida pela ordem
jurídica.

3) Culpabilidade que remete às consequências jurídicas - O erro


das descriminadas putativas, isto é, sobre as causas de justificação, é
um erro sui generis (devido as consequências deste tipo de erro, não
pode ser tratado como erro de tipo e tampouco como erro de
proibição – é um meio termo). Há uma fusão dos dois.
O art. 20, § 1° CP trata da consequência do erro do tipo e do erro de
proibição.

Erro inevitável – erro de proibição – isenta de pena

Erro vencível – escusável – o agente responderá com as penas do


crime culposo.

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