Processo nº. XXXXX EMPRESA EXEMPLAR, já qualificada nos autos da Reclamató ria Trabalhista em epígrafe, a qual lhe é movida por RECLAMANTE DAS QUANTAS vem, respeitosamente, por seu procurador abaixo firmado, apresentar CONTESTAÇÃO, conforme os fatos e fundamentos que passa a expor: 1. DA SÍNTESE DA PETIÇÃO INICIAL: O reclamante ajuíza açã o trabalhista suscitando, em suma, ter laborado para a reclamada na funçã o de encarregado de setor, de 19.05.2014 a 05.06.2017, quando dispensado sem justa causa, ocasiã o em que recebia salá rio mensal de R$ 1.754,90. Diz o reclamante que extrapolava a jornada de 8h diá rias e 44h semanal. Aduz que sua jornada era, em média, das 06h30min à s 16h30min, sendo das 06h50min à s 16h45min de segunda a quinta, até os cinco primeiros meses da contratualidade, das 06h30 à s 16h30min de segunda a quinta, apó s este período, e das 05h30min à s 15h15min nos feriados e sextas, requerendo o pagamento das horas excedentes à 8a diá ria ou à 44a semanal. Refere o reclamante que era chamado para trabalhar em dias de folga. Sustenta que em razã o da habitualidade da prestaçã o de horas extras os sistemas de compensaçã o de jornadas sã o nulos. Relata que cumpria jornada superior a 10 horas diá rias, sem aviso prévio e sem conhecimento dos créditos ou débitos a serem compensados, estando desatendidas as Sú mulas 85, IV do TST e art. 59, § 2º da CLT. Requer o pagamento das horas extras supostamente impagas com adicional de 50% para as duas primeiras e 100% para as subsequentes, com reflexos nos repousos semanais remunerados para aumento da média remunerató ria e, apó s, a integraçã o das horas em saldo de salá rio, aviso prévio, feriados, 13º salá rio, férias com 1/3, FGTS com 40% e adicional de insalubridade. Postula que o Juízo se abstenha de adotar o entendimento da OJ 394 da SDI-1 do TST. Diz o reclamante que laborava aos feriados sem o pagamento da dobra legal, requerendo o adimplemento de tais horas com a dobra legal de 100%, bem como seus reflexos nos repousos semanais remunerados e, apó s, para aumento da média remunerató ria do obreiro, sobre as parcelas de saldo de salá rio, aviso prévio, férias com o terço constitucional, 13º salá rio, insalubridade e depó sitos do FGTS com 40%. Refere o reclamante que laborava em acú mulo de funçõ es, na medida em que foi contratado como encarregado de setor, porém teria passado a trabalhar como auxiliar de serviços gerais, lavando, passando, realizando faxina, etc. Requer o pagamento de um plus salarial, em valor a ser arbitrado pelo Juízo, ou no percentual de 30% sobre seu salá rio base, com os reflexos. Aduz o reclamante, também, que teria sido vítima de abalo moral em razã o de assédio moral sofrido, o qual teria sido partido da só cia da reclamada e chefe direta, Sra. Fulaninha, a qual supostamente chamava o reclamante de “lerdo”, “vagabundo”, e que nã o queria trabalhar. Além disso, sustenta ter sido cobrado com metas absurdas. Requer o pagamento de indenizaçã o no valor de R$ 15.000,00. Suscita, ainda, que realizava atividades externas e gastava em média R$ 500,00 por mês a título de combustível, utilizando seu pró prio veículo para o serviço prestado na reclamada, requerendo ser ressarcido por tais dispêndios. Aduz que a reclamada deixou de efetuar o correto pagamento das parcelas resilitó rias no prazo legal, postulando o pagamento das multas dos artigos 467 e 477, § 8º da CLT. Por ú ltimo, requer a concessã o da Justiça Gratuita e o pagamento de honorá rios de AJG em favor de seu patrono. 2. PRELIMINARMENTE: Extinção dos pedidos das alíneas f e h sem julgamento de mérito – art. 840, § 3º da CLT: Conforme se verifica, os pedidos acima mencionados, referentes ao pagamento de honorá rios de AJ ao patrono do reclamante, bem assim de pagamento das multas dos artigos 467 e 477 da CLT nã o indicam o valor respectivo. Dessa forma, merecem ser tais pedidos julgados extintos sem apreciaçã o do mérito, conforme comando do art. 840, § 3º da CLT. Sucessivamente, requer desde já , que o reclamante se manifeste por ocasiã o da abertura do seu prazo para manifestaçã o sobre a contestaçã o e documentos, sob pena de serem julgados extintos tais pedidos sem apreciaçã o do mérito, fulcro dispositivo legal acima citado. Incorreção do valor da causa: Primeiramente, é necessá rio impugnar a petiçã o inicial quanto ao valor da causa, eis que o reclamante chega ao montante absurdo de R$ 85.000,00, o qual atribui ao somató rio dos pedidos. Ocorre, que os valores atribuídos pelo reclamante sã o temerá rios, e com certeza foram incluídos na petiçã o inicial aleatoriamente. Sem prejuízo da defesa de mérito a ser tecida a seguir, onde, adianta-se, nega-se veementemente seja a reclamada devedora de qualquer valor a título de horas extras, é necessá rio atentar que da média de horas extras informadas na inicial, tem-se, segundo a tese do reclamante, que este jamais teria laborado por mais de 01h extraordiná ria por dia. Destaca-se, por absolutamente necessá rio, que o reclamante nã o suscita labor aos sá bados e domingos, e tampouco noticia qualquer infraçã o aos intervalos intrajornada. Logo, considerado o ú ltimo salá rio do reclamante de R$ 1.754,90, utilizando-se o divisor 220, e computados ainda os reflexos, e o total de 37 meses trabalhados, jamais o pedido da alínea A da inicial ultrapassaria os R$ 12.950,00. Todavia, absurdamente o reclamante atribuiu ao pedido o valor de R$ 26.889,41, ou seja, praticamente o dobro do que supostamente seria devido. Além disso, o pedido da alínea C referente a um “plus salarial” tem como sendo 30% o percentual estimado, supostamente devido pelo acú mulo de funçõ es alegado, todavia utilizando o ú ltimo salá rio do reclamante como base de cá lculo, bem assim o período contratual e reflexos, tem-se que o valor do pedido jamais poderia ultrapassar os R$19.480,00. Logo, resta totalmente impugnado o valor de R$ 22.743,50 atribuído. Dessa forma, na eventualidade de a reclamada vir a sucumbir quanto a tais pedidos, merece, de pronto, serem as verbas sucumbenciais calculadas levando-se em consideraçã o o real valor do proveito econô mico pretendido ou deferido, e nã o o absurdo montante inserido pelo requerente. Por ú ltimo, observa-se que o reclamante nã o considera no cô mputo do valor da causa e nã o atribui valores aos pedidos de pagamento das multas do art. 467 e 477 da CLT, bem assim ao pedido de condenaçã o da reclamada aos honorá rios advocatícios de seu patrono. Assim, caso nã o acolhida a preliminar supra (de extinçã o de tais pedidos sem julgamento de mérito), merece ser atribuído pelo MM. Juízo o valor devido para cada um destes pedidos, fixando-se as parcelas sucumbenciais com base em tal. Assim, merece ser acolhida a presente preliminar de incorreçã o quanto ao valor da causa, devendo o mesmo ser alterado para valor compatível com os pedidos em si e com o proveito econô mico pretendido através de cada pleito, devendo ser observado, no caso de sucumbência da reclamada, os aspectos ora suscitados. Inépcia da petição inicial quanto aos pedidos de feriados trabalhados e acúmulo de funções: Em relaçã o ao pedido de pagamento da dobra legal por feriados laborados, o reclamante simplesmente refere: “O autor foi contratado para trabalhar de segunda a sexta feira. Porém, a empresa ré determinava que o autor também trabalhasse nos feriados. Tendo em vista a jornada supra descrita, verifica-se que os feriados trabalhados não foram pagos com a dobra legal de 100% da remuneração.” Veja-se que nã o existe alegaçã o sobre eventual nã o concessã o de folgas em decorrência dos feriados. Logo, é ausente de causa de pedir, na medida em que o direito à dobra legal resulta do binô mio “trabalho aos domingos ou feriados – nã o concessã o de folga compensató ria”. Assim, merece ser indeferida a petiçã o inicial quanto a tal pedido, fulcro art. 330, I,, C/C seu § 1º inciso II, ambos do CPC, sendo o mesmo extinto sem julgamento de mérito. O mesmo ocorre em relaçã o ao acú mulo de funçõ es. Veja-se que o reclamante diz ter acumulado as funçõ es de encarregado de setor e auxiliar de serviços gerais, porém nã o delimita o pedido temporalmente, restringindo-se a aduzir que “no curso do contrato de trabalho passou a exercer outras funçõ es para as quais nã o fora contratado”. A ausência de delimitaçã o temporal em relaçã o ao alegado acú mulo de funçã o torna excessivamente onerosa a defesa da reclamada, a qual fica jogada à incerteza sobre a qual momento contratual o obreiro está se referindo, já que extrai-se necessariamente de sua inicial que a situaçã o de suposto acú mulo de funçã o nã o perdurou por toda a contratualidade, mas apenas parte dela. Logo, é de ser indeferida a petiçã o inicial quanto a tal pedido, fulcro art. 330, I, C/C seu § 1º, inciso II, todos do CPC., extinguindo-se o pedido sem julgamento de mérito. 3. PREJUDICIAL DE MÉRITO: Prescrição quinquenal e bienal: Em que pese seja incontroverso que o pacto laboral perdurou de 19.05.2014 a 05.06.2017, tendo a açã o sido ajuizada em 14.12.2018, invoca-se, por pura cautela, as prescriçõ es bienal e quinquenal, fulcro art. 5º, inciso XXIX da CF/88. 4. NO MÉRITO: DA CONTRATUALIDADE: O reclamante efetivamente laborou para a reclamada na funçã o de encarregado de setor, de 19.05.2014 a 05.06.2017, quando dispensado sem justa causa, com aviso prévio indenizado, ocasiã o em que percebia R$ 1.567,50 + adicional de insalubridade em grau médio. DA JORNADA DE TRABALHO – HORAS EXTRAS: Diz o reclamante que extrapolava a jornada de 8h diá rias e 44h semanal. Aduz que realizava viagens para o atendimento de clientes, e que sua jornada era, em média, das 06h30min à s 16h30min, sendo das 06h50min à s 16h45min de segunda a quinta, até os cinco primeiros meses da contratualidade, das 06h30 à s 16h30min de segunda a quinta, apó s este período, e das 05h30min à s 15h15min nos feriados e sextas, requerendo o pagamento das horas excedentes à 8a diá ria ou à 44a semanal. Requer, ante a suposta habitualidade da prestaçã o de horas extras, a declaraçã o de nulidade do banco de horas. Relata que cumpria jornada superior a 10 horas diá rias, sem aviso prévio e sem conhecimento dos créditos ou débitos a serem compensados, estando desatendidas as Sú mulas 85, IV do TST e art. 59, § 2º da CLT. Requer o pagamento das horas extras supostamente impagas com adicional de 50% para as duas primeiras e 100% para as subsequentes, com reflexos nos repousos semanais remunerados para aumento da média remunerató ria e, apó s, a integraçã o das horas em saldo de salá rio, aviso prévio, feriados, 13º salá rio, férias com 1/3, FGTS com 40% e adicional de insalubridade. Postula que o Juízo se abstenha de adotar o entendimento da OJ 394 da SDI-1 do TST. Sem razã o, senã o vejamos. Primeiramente, merece ser observado que, conforme cartõ es ponto em anexo, inexiste diferenças de horas extras em favor do reclamante. Isso porque, suas jornadas nã o ultrapassavam 8h diá rias ou 44h semanais, o que, na eventualidade de ter ocorrido, foi devidamente contraprestado, compensado, ou, ainda, lançado no banco de horas. Veja-se que o reclamante foi contratado para jornada semanal de 44h mediante regime compensató rio, a fim de evitar o trabalho aos sá bados. Além disso, as horas que porventura tenham sido laboradas e tenham excedido o limite má ximo de 8h ou 44h semanais, foram devidamente lançadas no banco de horas, sendo o mesmo liquidado na periodicidade prevista em norma coletiva. Destaca-se que o pró prio reclamante reputa verdadeiras as horas lançadas nos cartõ es ponto. Assim, resta mais do que evidente a inexistência de diferenças a título de horas extras em seu favor. Em anexo, a reclamada junta os extratos dos bancos de horas, com apuraçã o semestral, conforme preceitua a norma coletiva, extratos estes que eram devidamente analisados e ratificados pelo reclamante. Na eventualidade de a reclamada ter sido devedora de alguma (s) hora (s) ao obreiro, decorrente da apuraçã o do banco de horas, estas foram devidamente pagas na forma legal, o que cogita-se apenas por amor ao debate, na medida em que, conforme demonstra a documentaçã o anexa, era o reclamante quem reiteradamente ficava devendo horas à reclamada. Veja-se que o único aspecto suscitado como suposto invalidador do banco de horas seria a habitualidade de horas extras e nenhum outro. Quanto a isso, nã o há que se falar em habitualidade de horas extras, na medida em que o labor extraordiná rio, se ocorreu, era eventual e nã o habitual. Além disso, segundo a pró pria jornada declinada na petiçã o inicial, jamais teria havido labor além da 10a hora diá ria, cabendo sinalar, no tó pico, que nã o existe qualquer mençã o ou causa de pedir envolvendo eventuais e supostas infraçõ es aos intervalos intrajornada. Veja-se: Fl. 04 dos autos - diz o reclamante ter laborado das 06:50 à s 16:45 horas - DE SEGUNDA A QUINTA – no início por uns 05 meses. Considerando esta jornada, deduzindo o período de intervalo intrajornada (em relaçã o ao que inexiste notícia de descumprimento), tem-se que o obreiro supostamente seria credor - o que se cogita apenas por amor ao debate - de apenas 55 minutos extraordiná rios diá rios. Fl. 04 dos autos – diz o reclamante ter laborado das 06:30 à s 16:30 horas - DE SEGUNDA A QUINTA – apó s os primeiros 05 meses contratuais, até o final do pacto laboral. Considerando esta jornada, deduzindo o período de intervalo intrajornada (em relaçã o ao que inexiste notícia de descumprimento),tem-se que que o obreiro supostamente seria credor - o que se cogita apenas por amor ao debate - de apenas 01 hora extraordiná ria diá ria. Fl. 04 dos autos – diz o reclamante ter laborado das (05:30 à s 15:15) horas - FERIADOS E SEXTAS. Considerando esta jornada, deduzindo o período de intervalo intrajornada (em relaçã o ao que inexiste notícia de descumprimento),tem-se que que o obreiro supostamente seria credor - o que se cogita apenas por amor ao debate - de apenas 01h45min extraordiná rios relativos à s sextas-feiras. Sobre o labor aos feriados, será abordado em tó pico específico. Logo, jamais ultrapassada a 10a hora diá ria, isso nas palavras do pró prio reclamante, cujo procurador aparentemente é adepto do velho “Ctrl + C/ Ctrl + V”, já que mesmo declinando jornada extra com média de 01 hora diá ria, tece extensas consideraçõ es sobre ter a mesma extrapolado a 10a hora habitualmente, o que confessadamente nã o ocorreu. Sobre a aplicaçã o da OJ 394 da SDI-1 do Egr. TST, a questã o se restringe a matéria de direito, sopesando-se que deve ser a mesma aplicada por expressa vedaçã o ao bis in idem e enriquecimento sem causa. Em relaçã o ao pedido de pagamento de adicional de 100% em relaçã o as horas extras, inexiste previsã o legal ou coletiva para tal. Logo, ainda que se tenha por certo inexistirem diferenças a título de horas extraordiná rias em favor do reclamante, na remota eventualidade de vir ser deferido algum crédito relativo a tal, merece ser este aspecto observado. Ainda, na remota hipó tese de condenaçã o a horas extras, merecem ser observados o art. 58, § 1º da CLT e Sú mula 366 do TST, excluindo-se da condenaçã o os minutos que estiverem dentro dos limites impostos pelo dispositivo legal e entendimento jurisprudencial. Além disso, requer seja autorizada a deduçã o/compensaçã o dos valores pagos a maior à parte autora. Por fim, a parte empresá ria invoca, por cautela, a aplicaçã o da OJ 415 da SDI-1 do TST no tó pico. Ainda, por extrema cautela, a reclamada requer seja observada a Orientaçã o Jurisprudencial nº 394 da SDI-1 do TST. Por ú ltimo, requer que, na remota hipó tese de condenaçã o, seja satisfeito o pagamento apenas do adicional de horas extras, e nã o a hora extra + o adicional, para os casos em que o excesso de jornada diá ria nã o exceda o limite má ximo constitucional e legal. DOS FERIADOS: O reclamante refere trabalho aos feriados sem o pagamento da dobra legal. Primeiramente, merece ser observado que o reclamante nã o suscita eventual nã o concessã o de folgas compensató rias por eventuais e supostos feriados trabalhados, nã o estando preenchido o binô mio que daria azo ao direito pretendido. Logo, merece ser julgado improcedente, de plano, o pedido do item “3” da inicial. Caso seja outro o entendimento deste Douto Juízo, é necessá rio esclarecer que o reclamante nã o laborava aos feriados. Na eventualidade de tê-lo feito, foi devidamente concedida folga compensató ria na semana, conforme cartõ es ponto em anexo, ou adimplidas tais horas com adicional de 100%, conforme demonstrativos de pagamento ora carreados, tudo na forma legal, inexistindo qualquer diferença em favor do reclamante. Sempre foram observados os termos do artigo 9º, da Lei 605/49 e da Sú mula 146, do TST. Registre-se, novamente, que os cartõ es ponto juntados à presente defesa revelam a efetiva jornada laborada pela parte autora, devendo ser considerados como prova há bil para comprovar a jornada de trabalho. Requer seja julgado improcedente mais este pedido. DOS PEDIDOS ACESSÓRIOS: Improcedendo o principal, improcede também o acessó rio. Todavia, na remota hipó tese de vir a reclamada a ser condenada, é necessá rio atentar que é incontroverso nos autos que a parte reclamante recebia remuneraçã o mensal. Assim, considerando que o empregado mensalista já tem remunerado os repousos semanais remunerados, revela-se impertinente a repercussã o pretendida pela pare autora. Entretanto, no caso de eventual condenaçã o no particular, o que nã o se acredita, requer seja autorizada a deduçã o/compensaçã o dos valores pagos à maior à parte demandante. Por fim, a parte empresá ria invoca, por cautela, a aplicaçã o da OJ 415 da SBDI-1 do TST, bem como da Sú mula 73 deste Tribunal, no tó pico. DO ACÚMULO DE FUNÇÕES: O reclamante refere que foi contratado como encarregado de setor, porém, ao longo da contratualidade, teria passado a exercer outras funçõ es inerentes ao cargo de auxiliar de serviços gerais, tendo a reclamada determinado que procedesse a atividades como passar e dobrar roupas, toalhas e edredons. Acaso superada a preliminar de inépcia da petiçã o inicial quanto a tal pedido, o que nã o se acredita, tem-se que no mérito melhor sorte nã o assiste ao reclamante. Isso porque, jamais efetuou qualquer atividade que nã o aquelas inerentes à funçã o de encarregado de setor, negando-se veementemente as atividades noticiadas na inicial. Veja-se que o acú mulo de funçõ es ocorre quando o trabalhador, além de desempenhar os misteres para os quais foi efetivamente contratado, desempenha, em acréscimo, de forma nã o eventual e nã o excepcional, atribuiçõ es estranhas e de maior complexidade ao cargo que ocupa, sem o correspondente acréscimo salarial (novaçã o objetiva do contrato de trabalho). No particular, ainda que negue-se qualquer novaçã o contratual ou inserçã o de atividades que nã o as correlatas ao cargo de encarregado de setor, é necessá rio destacar que o pró prio reclamante justifica seu pedido de plus salarial alegando que executava atividades inerentes ao cargo de auxiliar de serviços gerais. Primeiramente, cumpre salientar que inexiste qualquer profissional contratado como auxiliar de serviços gerais na reclamada. Ad argumentandum, ainda que assim nã o fosse, a funçã o de encarregado é mais complexa que a atividade de serviços gerais, tanto é que aquela é funçã o de supervisã o e exige formaçã o específica – no caso, ensino médio completo. Logo, se o fato que justifica o pretendido plus salarial consiste em atividade de menor complexidade e responsabilidade (serviços gerais) em comparaçã o ao cargo originalmente ocupado, nã o seria devida a parcela ainda que efetivamente tivesse o reclamante “lavado, passado e dobrado roupas, toalhas, edredon, etc”, o que se cogita apenas no campo da argumentaçã o, posto que no dos fatos jamais ocorreu. Veja-se a jurisprudência deste Tribunal: PLUS SALARIAL. ACÚMULO DE FUNÇÕES. ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE ACÚMULO DE TAREFAS. INDEVIDO. O acúmulo de funções ocorre quando o trabalhador, além de desempenhar as funções para as quais foi efetivamente contratado, desempenha, também, de forma não eventual e não excepcional, atribuições diversas e de maior complexidade ao cargo que ocupa, sem o correspondente acréscimo salarial (novação objetiva do contrato de trabalho). Não tendo o autor se desincumbido do seu ônus de prova (art. 818 da CLT c/c o art. 373, I, do CPC/15 e princípio da aptidão para a prova), improcede o pedido. Aplicação do disposto no art. 456, parágrafo único, da CLT: art. 456, parágrafo único, da CLT: "à falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal". Indevido o plus salarial por acúmulo de funções postulado. (TRT-4 - RO: 00008615520135040531, Data de Julgamento: 16/06/2016, 2a. Turma) Em suma, o reclamante nã o se desincumbe do ô nus da prova fulcro art. 818, I, da CLT, e ainda que assim o fizesse, o fato trazido pela petiçã o inicial como justificador do pedido de plus salarial por acú mulo de funçã o é incompatível com o pró prio instituto, estando, por conseguinte, fulminado o fato constitutivo de seu direito. Na eventualidade de vir a ser reconhecido em Juízo que o reclamante efetivamente fazia as tarefas noticiadas na inicial, o que se cogia apenas por sabor ao argumento, merece ser sopesado que atividades como dobra, passagem de roupa, entre as outras mencionadas na exordial, por certo estã o dentro do jus variandi do empregador, presumindo-se que o obreiro se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com sua condiçã o pessoal, fulcro art. 456, pará grafo ú nico da CLT. Por ú ltimo, na remotíssima hipó tese de restar comprovado que o reclamante tenha desempenhado as atividades narradas na inicial, o que se admite apenas para argumentar, deverá este comprovar, também, que tais atividades ocorriam em cará ter nã o-eventual. Ou seja, que havia repetiçã o e habitualidade na execuçã o de tais tarefas. DO DANO MORAL – ASSÉDIO MORAL – LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ: Aduz o reclamante que teria sido vítima de abalo moral em razã o de assédio moral, o qual teria sido partido da só cia da reclamada e chefe direta, Sra. Fulaninhya, a qual supostamente chamava o reclamante de “lerdo”, “vagabundo”, e que nã o queria trabalhar. Além disso, sustenta ter sido cobrado com metas absurdas. Requer o pagamento de indenizaçã o no valor de R$ 15.000,00. Nega-se de pronto as alegaçõ es do reclamante. A só cia da reclamada, Sra. Fulaninha, ou qualquer outro superior hierá rquico ou colega, jamais faltaram com o zelo, urbanidade e respeito dos quais o reclamante é merecedor. Ao contrá rio, sempre mantiveram junto a este uma relaçã o cordial e gentil, tanto é que foram convidados para a celebraçã o do casamento do autor. A reclamada sempre pautou sua atuaçã o por preceitos éticos, sempre atenta aos direitos sociais e à s necessidades de seus colaboradores. Nã o é à toa que está consolidada no mercado há mais de 30 anos e nã o coleciona nenhuma reclamató ria trabalhista há muitos tempo. Conforme se depreende da documentaçã o anexa, o reclamante passou a cometer vá rias faltas disciplinares, como faltas ao serviço, extravio de mercadorias, entre outros. A reclamada, por sua vez, demitiu o reclamante sem justa causa, quando na verdade poderia tê-lo feito por justa causa, já que o autor vinha apresentando má conduta, vide advertências e suspensõ es em anexo. Porém, a modalidade de dispensa nã o é discutida nestes autos. Logo, resta absolutamente refutada a tese de assédio moral e cobrança excessiva de metas. Veja-se que além disso o reclamante nã o comprova que tenha havido qualquer efetiva ofensa à sua honra, à sua imagem, à sua dignidade ou à sua personalidade, nã o estando atendidos os requisitos dos artigos 5º, V e X, e 114, VI, da CF, 188, 927, 932, III, e 933 do CC, e pará grafo ú nico do art. 8º da CLT. No demais, o ô nus da prova é do reclamante quanto ao fato constitutivo de seu direito, fulcro art. 818, I da CLT. Negados veementemente os fatos que justificariam, em tese, o seu pleito indenizató rio, e nã o se desincumbindo o reclamante do ô nus da prova, é de ser julgado improcedente o pleito. E mais! Embora se entenda que o ô nus probató rio é do reclamante, entende-se também que desde já resta comprovada a total alteraçã o da verdade dos fatos, uma vez que embora o reclamante qualifique a Sra. Fulaninha como uma péssima pessoa e chefia, atribuindo à mesma a conduta do assédio moral, resta claro, da prova já pré-constituída, que esta jamais assim se comportou, tendo, a todo tempo, sido uma excelente empresá ria. Dessa forma, caso este MM. Juízo entenda por comprovado ter o reclamante alterado a verdade dos fatos em relaçã o a este ou a qualquer outro tó pico da inicial, requer-se, desde já, a aplicação de multa por litigância de má-fé, na forma do art. 793-B, inciso II e 793-C, ambos da CLT. Por ú ltimo, impugna-se o valor arbitrado ao pleito indenizató rio (R$ 15.000,00) posto que deveras afastado dos valores que vem sendo praticados por esta especializada, devendo a indenizaçã o, na remota eventualidade de ser deferida, guardar compatibilidade com a suposta conduta gravosa, bem assim atender a padrõ es de razoabilidade, observado, ainda, o pequeno poderio econô mico da requerida. DA INDENIZAÇÃO POR GASTOS COM COMBUSTÍVEL: Suscita o reclamante que gastava em média R$ 500,00 por mês a título de combustível, utilizando seu pró prio veículo para o serviço prestado na reclamada, requerendo ser ressarcido por tais dispêndios. Nega-se taxativamente que o reclamante tenha utilizado veículo pró prio para a realizaçã o do trabalho em prol da reclamada, ou que ainda tenha arcado com qualquer gasto a título de combustível, eis que jamais a requerida repassou ao autor ou a qualquer outro colaborador tal responsabilidade. Nã o passa de mais uma aventura judiciá ria experimentada pelo reclamante, o qual detém o ô nus probató rio e do qual nã o se desincumbe novamente. É de saltar aos olhos a estranheza em tais alegaçõ es, notadamente porque caso tivesse o reclamante efetuado qualquer gasto com combustíveis, por certo teria, ao certo, uma nota fiscal, recibo, via de cartã o de crédito ou débito, ou outro documento aná logo, que servisse, pelo menos, como um início de prova. Todavia, a petiçã o inicial nã o é acompanhada de absolutamente nenhum documento que pudesse porventura corroborar as informaçõ es depositadas em seu corpo textual. Além de nã o fazer prova quanto ao fato constitutivo, o reclamante também nã o faz qualquer prova sobre o valor ventilado na inicial, de R$ 500,00 mensais, valor este que é de pronto impugnado por nã o coadunar com a veracidade, sendo sabido que o dano material nã o se presume, se prova. Logo, ausente qualquer prova de uso de veículo pró prio ou de qualquer gasto por conta de combustível, inexistindo, ainda, prova quanto ao valor dos supostos dispêndios, totalmente fulminada a pretensã o obreira. Por cautela, e em atençã o ao pedido de exibiçã o dos relató rios de visitas e entregas procedidas pelo autor no período contratual, na forma dos artigos 396 a 400 do CPC, a reclamada entende que tal documentaçã o nã o faria, em nenhuma hipó tese, prova sobre o alegado direito do autor. Os documentos de entregas procedidas pelos operadores sequer sã o armazenados na forma de relató rios. Ainda assim, caso seja outro o entendimento deste Douto Juízo, requer seja a reclamada expressamente intimada para que junte aos autos a aludida documentaçã o, sob pena de flagrante cerceamento de defesa, na medida em que a documentaçã o relativa à sua atividade empresarial e a terceiros (clientes) nã o é indispensá vel ao deslinde do feito. MULTAS DOS ARTIGOS 477 § 8º E 467 DA CLT: Se nã o extintos os pedidos em sede prefacial, tem-se que inexiste fundamento para a pretensã o acerca das multas em tela, na medida em que todas as parcelas e obrigaçõ es rescisó rias foram adimplidas/cumpridas dentro do prazo legal, conforme documentaçã o em anexo, restando afastada a incidência da multa do art. 477 da CLT. Ademais, inexistem parcelas rescisó rias incontroversas, razã o pela qual nã o procede o pedido de pagamento da multa do art. 467 da CLT. DO PEDIDO DE AJG – JUSTIÇA GRATUITA E HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA: O reclamante nã o comprova que atualmente encontra-se em situaçã o de pobreza, devendo, para todo caso, ser observada a disposiçã o da nova redaçã o do art. 789-B, § 4º da CLT, sopesando-se, ainda, que nã o há nos autos credencial sindical. Logo, nã o restaram comprovados os requisitos previstos na Constituiçã o Federal e nas Leis de nº. 1.060/50 e 7.115/73, os quais devem ser interpretados à luz do comando da Lei nº. 5.584/70, por sua aplicaçã o específica ao processo do trabalho, devendo a parte autora arcar com todos os custos no processo. Assim, requer sejam indeferidos os pedidos de JG, AJG e julgado improcedente o pedido de condenaçã o de honorá rios advocatícios de AJ, condenando-se o reclamante ao pagamento das custas processuais. Todavia, uma vez sucumbente o reclamante (ainda que parcialmente), merecem ser arbitrados honorá rios de sucumbência em favor deste patrono, fulcro disposiçõ es do art. 791-A da CLT. Impugna-se, por cautela, qualquer alegaçã o contrá ria. Na remota hipó tese de procedência da açã o – o que se diz em respeito ao Princípio da Eventualidade – a reclamada requer a aplicaçã o das Sú mulas 219 e 329, do TST e do disposto na Orientaçã o Jurisprudencial 348, da SBDI-1, do TST, devendo a condenaçã o limitar-se ao valor de 15% conforme regra processual celetista vigente. DOS ENCARGOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS: No que tange ao imposto de renda e aos encargos previdenciá rios e fiscais, necessá rio esclarecer que compete à parte autora a obrigaçã o pelo pagamento do imposto de renda e de sua cota-parte dos encargos previdenciá rios. Isso porque é pacífico o entendimento nesta Justiça Especializada, no sentido de que nas sentenças condenató rias deverá constar a autorizaçã o para que sejam efetuados os descontos previdenciá rios e fiscais, conforme dispõ e a Sú mula 368 do TST, desde já prequestionada. Os recolhimentos previdenciá rios e fiscais devem ser autorizados, em face do disposto no artigo 46 da Lei nº 8.541/92 e artigo 43 da Lei nº 8.212/91, bem como nos termos das Sú mulas 25, 26 e 53 deste Regional. DA DEDUÇÃO/RETENÇÃO/COMPENSAÇÃO: A contestante requer a deduçã o/retençã o e/ou compensaçã o dos valores eventualmente já alcançados à parte autora com a mesma rubrica ou a mesmo título e/ou à maior, na forma do artigo 767 da CLT e da Sú mula nº. 48 do TST. Diante do exposto, REQUER: A) Sejam extintos os pedidos das alíneas f e h sem julgamento de mérito – art. 840, § 3º da CLT; A.1) Sucessivamente, seja o reclamante instado a se manifestar - por ocasiã o da abertura do seu prazo para manifestaçã o sobre a contestaçã o e documentos - quanto à s irregularidades noticiadas em tais itens, procedendo a competente retificaçã o, sob pena de serem julgados extintos tais pedidos sem apreciaçã o do mérito, fulcro dispositivo legal acima citado; B) Seja corrigido o valor da causa e dos pedidos apontados em preliminar supra, de maneira que na remota eventualidade de sucumbência da reclamada, sejam as verbas respectivas calculadas com base no real proveito econô mico pretendido pela parte autora e nã o nos absurdos valores atribuídos genérica e aleatoriamente aos pedidos; C) Seja declarada a inépcia da petiçã o inicial quanto aos pedidos de feriados trabalhados e acú mulo de funçõ es, sendo a mesma indeferida e os pedidos julgados sem resoluçã o de mérito, fulcro art. 330, I, C/C seu § 1º, incisos I e II, todos do CPC; D) Na eventualidade de ser apreciado o mérito, sejam todos os pedidos julgados improcedentes, conforme razõ es e fundamentos supra; E) A deduçã o/retençã o e/ou compensaçã o dos valores eventualmente já alcançados à parte autora com a mesma rubrica ou a mesmo título, na forma do artigo 767 da CLT e da Sú mula nº. 48 do TST; F) A condenaçã o do reclamante ao pagamento das custas, honorá rios periciais e advocatícios, na forma legal; G) Uma vez protocolada esta contestaçã o, caso o reclamante nã o compareça à audiência inaugural, requer seja aplicada a pena de confissã o, e nã o o arquivamento da demanda, por inteligência da aplicaçã o conjunta dos artigos 841, § 3º, 844, § 2º e 847, pará grafo ú nico, todos da CLT, já que o nã o comparecimento do autor implica em desistência da açã o, e esta é vedada sem a concordâ ncia da reclamada apó s oferecida a defesa. Os documentos ora juntados, inclusive aqueles referentes à representaçã o processual, sã o declarados por este procurador signatá rio como autênticos, a teor do que dispõ e o artigo 830 da CLT. Por derradeiro, a ora contestante impugna expressamente os argumentos lançados na exordial, os documentos juntados pela parte autora aos autos, bem como os valores requeridos. Restam, ainda, prequestionados, para todos os fins de direito, os artigos de Lei e da Constituiçã o Federal, Sú mulas, Enunciados, Orientaçõ es Jurisprudenciais e Normas Coletivas ora invocadas em defesa. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, prova testemunhal e pericial. Nestes termos, pede deferimento. Sã o Paulo - XXXXXXXXX pp. XXXXXXXXXXXX OAB/ XXXXXXXXXXX