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TUDO SERA CONSUMADO - Trazendo Sentido Ao Retorno de Jesus - Samuel Whitefield
TUDO SERA CONSUMADO - Trazendo Sentido Ao Retorno de Jesus - Samuel Whitefield
INTRODUÇÃO
PARTE 1: POR QUE ESTUDAR O RETORNO DE JESUS?
DUAS RAZÕES FUNDAMENTAIS PARA ESTUDAR O RETORNO DE JESUS
O RETORNO DE JESUS É PARTE INTEGRAL DO EVANGELHO
PARTE 2: AS PROMESSAS QUE TERÃO DE SER CUMPRIDAS –
PROMESSAS DE DEUS A ISRAEL E ÀS NAÇÕES
AS PROMESSAS QUE TERÃO DE SER CUMPRIDAS
COMO DEUS CUMPRIRÁ AS PROMESSAS
O FUTURO CUMPRIMENTO DAS PROMESSAS
DEUS PRECISA CUMPRIR SUAS PROMESSAS
PARTE 3: O QUE PRECISA SER RESOLVIDO – A CRISE DA ALIANÇA
O DILEMA DA ALIANÇA COM ISRAEL
A DISCIPLINA DA ALIANÇA
A TENSÃO ENTRE AS ALIANÇAS
UMA NAÇÃO MODERNA COM UMA ALIANÇA ANTIGA
PARTE 4: A PROMESSA DE DEUS ÀS NAÇÕES
DEUS SEMPRE TEVE AS NAÇÕES EM MENTE
UMA GRANDE COLHEITA FINAL NAS NAÇÕES
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA IGREJA DO FIM DOS TEMPOS
PARTE 5: A GUERRA EM TORNO DAS PROMESSAS
O CONFLITO DO FIM DOS TEMPOS
JESUS E O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
A MISSÃO ANTES DO FIM
COMO RESPONDER ÀS PROFECIAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOBRE O AUTOR
INTRODUÇÃO
O amor a Jesus
A primeira razão para estudar o fim dos tempos é o amor que temos
por Jesus. Muitas pessoas, quando pensam no retorno de Jesus,
pensam principalmente no anticristo ou na Grande Tribulação.
Esses não são o foco principal do fim dos tempos de acordo com a
Bíblia. O foco principal do retorno de Jesus é o próprio Jesus.
Portanto, não conseguiremos estudar ou entender o fim dos tempos
corretamente a menos que mantenhamos Jesus no centro.
João fez essa observação em Apocalipse 1:
Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar a
seus servos as coisas que em breve devem acontecer. Ele
enviou seu anjo para anunciar a seu servo João.
Quando João escreveu o livro do Apocalipse, ele o introduziu
como a "revelação de Jesus". O livro de João sobre o fim dos
tempos não tem como foco o anticristo ou a Grande Tribulação. Seu
foco é Jesus. Essa foi a base do entendimento de João, é a base do
entendimento do Pai e deve ser a base do nosso entendimento.
João nos disse que o Pai deu a Jesus essa grande história
cheia de eventos, para que ele pudesse compartilhá-la com o seu
povo. Do ponto de vista do Pai, o fim dos tempos é um presente
para Jesus porque prepara o cenário para a sua glória. O Pai revela
informações sobre o fim dos tempos porque ele quer chamar a
Igreja, que são as pessoas que pertencem a Jesus, para participar
da história que ele planejou a fim de glorificar seu Filho.
Para enfatizar esse ponto, João também descreveu seu
encontro com Jesus da seguinte maneira:
No dia do Senhor, eu me encontrei em espírito e ouvi atrás de
mim uma voz forte [...] Virei-me para ver quem falava comigo.
Ao me voltar, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos
candelabros, havia alguém semelhante a um ser humano,
vestindo uma túnica longa e uma faixa de ouro na altura do
peito. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como a lã, tão
brancos como a neve, e seus olhos eram como uma chama de
fogo. Seus pés eram parecidos com metal brilhante, refinado
em uma fornalha, e sua voz era como a voz de muitas águas.
Na mão direita ele segurava sete estrelas, e da sua boca saía
uma espada afiada de dois gumes. Seu rosto brilhava como o
sol no seu fulgor. Quando o vi, caí a seus pés como se
estivesse morto. Então, ele pôs a mão direita sobre mim e
disse: Não temas, eu sou o primeiro e o último. Eu sou o que
vive; fui morto, mas agora estou aqui, vivo para todo sempre e
tenho as chaves da morte e do inferno. – Apocalipse 1.10,12-18
Percebemos como o encontro de João com Jesus foi
impressionante quando nos lembramos da vida de João. Ele foi,
provavelmente, o discípulo mais íntimo de Jesus. Ele se referia a si
mesmo como o discípulo que Jesus amava.[6] Quando os discípulos
comeram a última ceia, João reclinou-se ao lado de Jesus.[7]
Quando Jesus avisou que alguém o trairia, os apóstolos pediram a
João para perguntar a Jesus quem era o traidor.[8] João conhecia
Jesus extremamente bem. De acordo com os evangelhos, lemos
que João sentia-se confiante em sentar-se ao lado de Jesus e fazer-
lhe as perguntas que os outros discípulos tinham medo de fazer.
No entanto, quando João se encontrou com Jesus na ilha de
Patmos, ele caiu aos seus pés como se estivesse morto. Embora
João fosse próximo de Jesus, em Apocalipse 1, ele se deparou com
um Jesus que nunca conhecera antes. Isso o deixou chocado e
atordoado. De repente, Jesus era o mesmo amigo de sempre, mas
radicalmente diferente de tudo o que João havia visto antes.
Em sua primeira vinda, Jesus recusou-se a promover a si
mesmo.[9] Ao invés disso, ele encontrou grande alegria em falar
sobre Deus como Pai.[10] Quando Jesus veio, ele revelou um lado
paterno de Deus que era radicalmente diferente do que o povo
conhecia sobre o Deus de Israel. O lado que eles conheciam sobre
Deus era verdadeiro, mas incompleto. Havia muito mais sobre Deus
do que aquilo que haviam percebido no Sinai. Ele era o Deus que
sempre existiu, mas ao mesmo tempo um Pai amoroso.
O que Jesus fez pelo Pai em sua primeira vinda é o que o Pai
fará por Jesus em sua segunda vinda. O Pai deseja muito falar às
nações sobre seu Filho. Ele deseja que conheçamos o Filho como
ele o conhece. Assim como o Israel histórico conhecia a Deus, mas
não o conhecia como Pai, conhecemos Jesus como o Salvador
bondoso, mas não conhecemos a plena glória de quem ele é.
Acredito que o encontro de João em Apocalipse 1 revela a
intenção do Pai de nos revelar a beleza de Jesus de uma maneira
que não conhecemos. O Pai vai usar o fim dos tempos para
preparar o cenário para que a glória de Jesus seja revelada às
nações. A Igreja e as nações ficarão chocadas com a beleza de
Jesus que será revelada no fim dos tempos. Portanto, estudamos o
retorno de Jesus porque isso nos oferece um vislumbre do que está
por vir, quando o Pai revelar mais da beleza de Jesus. Queremos
sentir o que o Pai sente por seu Filho e participar de seu plano para
glorificá-lo.[11]
Existem aspectos da majestade de Jesus que serão
conhecidos somente em sua segunda vinda. Os apóstolos
estudaram esse assunto e o proclamaram. Nós deveríamos fazer o
mesmo. Precisamos evitar chegar a conclusões e respostas
antibíblicas para o retorno de Jesus, mas, ao mesmo tempo, não
devemos negligenciar esse assunto, pois é vital para a Igreja e
profundamente importante para o Pai.
Não só o Pai tem um profundo desejo de estar com Jesus, mas
Jesus também tem um profundo desejo de estar com seu povo,
como podemos ver em sua oração: [12]
Pai, meu desejo é que aqueles que me deste estejam comigo
onde eu estiver, para que vejam a minha glória, a qual me
deste, pois me amaste antes da fundação do mundo. – João
17.24
Jesus deseja que estejamos com ele onde ele está, a fim de
que vejamos sua glória. Não se trata meramente de sua glória
celestial, mas da glória que será revelada quando retornar como
Filho do homem para ressuscitar seu povo e restaurar a criação.
Conhecer a Deus
Em toda a Bíblia, Deus escolheu se revelar principalmente por seus
atos. A Bíblia declara os atributos de Deus, mas a Bíblia não
consiste predominantemente em declarações de seus atributos; ao
contrário, conta a história de suas interações com a humanidade.
Nessas interações, aprendemos quem é Deus e quais são suas
características. O estudo do retorno de Jesus não é,
predominantemente, o estudo dos eventos do fim dos tempos. É o
estudo de uma Pessoa, e a beleza dessa Pessoa é revelada de uma
maneira nova, estudando sua história e seu compromisso com seu
povo.
Por exemplo, Deus descreve a si mesmo como misericordioso,
mas quando vemos na Bíblia sua misericórdia sendo exercida sobre
Davi, depois de seu pecado de adultério, ou sobre o ladrão na cruz,
isso nos ajuda a compreender a grande misericórdia de Deus.
Podemos ouvir que Deus é fiel e acreditar nisso. No entanto, é só
quando experimentamos a fidelidade de Deus ao passar por uma
situação desesperadora que sabemos realmente o que significa a
fidelidade de Deus.
Deus não é revelado apenas nas histórias sobre o que ele fez;
ele também se revela nos prenúncios do que fará. Deus revelou
antecipadamente como agirá no futuro a fim de o conhecermos. Por
exemplo, a Bíblia nos diz que Deus liberará seus juízos e trará
justiça às nações no fim dos tempos. Atualmente, grande parte da
população da Terra anseia por justiça, e é o estudo do retorno de
Jesus que revela a paixão de Deus pela justiça.
Quer estejamos conscientes disso ou não, nossa perspectiva
sobre o retorno de Jesus afeta drasticamente a maneira como
vemos a Deus. Isso foi ilustrado nitidamente durante a Revolução
Chinesa. Os missionários ocidentais enviados à China haviam
ensinado aos cristãos que eles seriam arrebatados por Deus antes
da tribulação. No entanto, quando a revolução começou, os crentes
chineses repentinamente enfrentaram sofrimentos e perseguições.
Esse sofrimento gerou uma crise. Não foi uma crise sobre os
eventos do fim dos tempos, mas uma crise sobre o conhecimento de
quem Deus era.
Os missionários haviam ensinado uma visão sobre o fim dos
tempos que dizia que Deus removeria o seu povo da Terra antes
que tivessem de enfrentar dificuldades. De repente, eles se viram no
meio do sofrimento. O verdadeiro problema não foi um mal-
entendido sobre os eventos do fim dos tempos. O verdadeiro
problema era sua crença em um Deus que não queria que seu povo
passasse por sofrimentos, mas então descobriram que não era bem
assim. Sua visão sobre Deus foi abalada por causa de suas
expectativas sobre o fim dos tempos. Nem tudo em que acreditamos
com relação ao fim dos tempos tem um efeito dramático em nossa
fé, mas o que acreditamos sobre o retorno de Jesus afeta
profundamente a maneira como compreendemos a natureza de
Deus.
Quando Jesus veio pela primeira vez, foi de uma maneira que
contrariou a expectativa de muita gente. Embora os fariseus
conhecessem a Bíblia muito bem, Jesus era diferente daquilo que
esperavam. A enorme diferença entre quem Jesus realmente era e
o que esperavam que fosse levou-os a se ofenderem com ele,
gerando a incapacidade de recebê-lo. Da mesma forma, quando
Jesus voltar, a revelação de quem ele é gerará controvérsia e,
possivelmente, ofensa por causa de nossas suposições a seu
respeito. Portanto, precisamos estudar o que a Bíblia diz sobre ele e
seu retorno para crescermos em nosso verdadeiro conhecimento
sobre sua Pessoa.
Nossa esperança
Em qualquer boa história, o grande clímax acontece perto do fim. O
mesmo acontece com a história da redenção, por isso precisamos
recuperar o senso de expectativa e admiração pela maneira como
ela terminará.
Muitos de nós não conseguimos imaginar Deus fazendo, em
nossa geração, algo com a dimensão do dilúvio ou do êxodo, mas a
Bíblia ensina que todos esses eventos do passado eram
prefigurações do fim dos tempos. O dilúvio não foi o clímax da
história. O êxodo também não. Algo muito maior está por vir. É difícil
até mesmo imaginar os eventos do êxodo acontecendo em nossas
nações modernas, mas o profeta Jeremias prediz que o que está
por vir com o retorno de Jesus é tão dramático que esqueceremos o
êxodo:
Portanto, dias virão, diz o SENHOR, em que não se dirá mais:
Vive o SENHOR, que trouxe os israelitas da terra do Egito. –
Jeremias 16.14
Portanto, diz o SENHOR, virão dias em que não mais se dirá:
Juro pelo SENHOR, que tirou os israelitas da terra do Egito. –
Jeremias 23.7
A história desta era, como todas as boas histórias, atinge seu
clímax ao se aproximar do fim. Compreender esse clímax nos
oferece uma tremenda esperança para o futuro. Não importa o que
aconteça no desenrolar da história, o fim desta era será um evento
extraordinário. O que se seguirá na era vindoura é tão grande e
glorioso que não podemos sequer imaginar:[18]
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem
ouvidos ouviram, nem penetraram o coração humano, são as
que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém,
revelou-as a nós pelo seu Espírito. Pois o Espírito examina
todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. – 1
Coríntios 2.9-10
A Bíblia faz uma analogia com o casamento para descrever o
retorno de Jesus. Por exemplo, Paulo compara seu trabalho na
Igreja à preparação de uma noiva para Jesus:
Porque tenho ciúme de vós, e esse ciúme vem de Deus, pois
vos prometi em casamento a um único marido, que é Cristo,
para vos apresentar a ele como virgem pura. – 2 Coríntios 11.2
No livro do Apocalipse, João descreve o retorno de Jesus e o
que se segue como uma festa de casamento:
Alegremo-nos, exultemos e demos glória a ele, porque chegou
o momento das bodas do Cordeiro, e sua noiva já se preparou
[...] E me disse: Escreve: Bem-aventurados os que são
chamados à ceia das núpcias do Cordeiro! Disse-me ainda:
Estas são as verdadeiras palavras de Deus. – Apocalipse
19.7,9
O emprego da analogia com o casamento é ótimo para
compreendermos a maneira como devemos abordar o assunto do
retorno de Jesus, porque há uma grande diferença entre a visão que
uma mulher casada e uma noiva têm sobre o casamento. Para a
mulher casada, seu casamento é principalmente uma lembrança –
um evento que mudou sua vida para sempre, mas não domina seus
pensamentos ou afeta suas atividades cotidianas. A noiva é
completamente diferente. Ela também se envolve nas tarefas da
vida cotidiana, mas está concentrada no dia do casamento. Se você
conversar sobre a vida com uma mulher que está noiva, verá que
ela rapidamente tocará no assunto do casamento, porque seu foco
está nesse dia e nesse evento. Isso ocupa seu pensamento, norteia
suas decisões e instiga suas emoções. De certa forma, sua vida gira
em torno de seu noivado e casamento.
Se utilizarmos a analogia com o casamento à luz da Bíblia,
veremos que a cruz não é o casamento, é o noivado. A cruz foi o
momento em que Jesus garantiu o cumprimento de todas as
promessas de Deus. No entanto, o cumprimento de tudo o que Deus
prometeu ainda não chegou. Como uma mulher que está noiva,
somos chamados a esperar ansiosamente, com intenso anseio, pelo
dia em que Jesus voltará para cumprir tudo o que o Pai prometeu.
Biblicamente, somos chamados a viver como a noiva, que
espera o dia do seu casamento; no entanto, muitos crentes vivem
como a mulher casada, lembrando do dia em que se casou.
Costumamos pensar no dia em que fomos salvos como o grande
evento de nossa vida, mas isso simplesmente não é verdade. O dia
em que fomos salvos marca o dia em que Deus começou a nos
preparar para o grande dia que virá.
Um cristão que não está interessado no retorno de Jesus é
como uma noiva que não está interessada no dia do seu
casamento: não é normal! Infelizmente, muitos na Igreja não
pensam frequentemente no retorno de Jesus porque o assunto foi
negligenciado ou ensinado de uma maneira não bíblica ou
desequilibrada. No entanto, quando ensinada de acordo com as
Escrituras, essa verdade deve criar um profundo anseio em nosso
coração por esse dia e um desejo de nos envolver na missão de
Deus, preparando a Terra para o retorno de seu Filho.
Obediência a Jesus
Em Mateus 24 e 25, Jesus pregou seu mais longo sermão sobre o
fim dos tempos. Depois de descrever os eventos do fim dos tempos,
ele comparou os dias que antecederiam ao seu retorno com os dias
que antecederam ao dilúvio de Noé e usou várias parábolas que
indicam como devemos responder à sua volta. Em seus
ensinamentos, Jesus destacou três pontos principais:
Haverá uma longa espera antes do fim dos tempos. Ele não
virá tão rápido quanto muitos pensam. Devemos
permanecer fiéis durante essa [aparente] demora.
Quando o fim dos tempos chegar, será um acontecimento
súbito. Devemos reconhecer a época em que vivemos,[19]
mas nunca tentar estabelecer uma data específica para o
seu retorno.[20]
Quando o fim dos tempos chegar, não haverá tempo para
preparação. Precisamos viver de tal maneira que estejamos
sempre preparados para a volta de Jesus.
A única maneira de responder adequadamente aos
ensinamentos de Jesus é preparar a Igreja, a cada geração, para o
seu retorno. Para sermos obedientes a Jesus, isso precisa fazer
parte do nosso discipulado. É parte do que Jesus ordenou e,
portanto, parte da Grande Comissão.[21]
O Pai está dando ao Filho uma "noiva" dentre as nações. Como
qualquer bom pai, ele quer que seu Filho receba a melhor noiva
possível. Ele apresentará a Jesus um povo maduro e glorioso, que
concorda em tudo com seu Filho.
Do mesmo modo que os preparativos de um casamento
preparam a noiva para se unir ao noivo, o estudo sobre o retorno de
Jesus prepara a Igreja para se unir a Jesus.
Deus não quer apenas nos transformar em uma ajudadora
adequada para seu Filho, mas também quer que estejamos
intimamente envolvidos em seu plano de exaltá-lo. Portanto, o
estudo do fim dos tempos tem implicações missiológicas, que nos
mostram os objetivos de Deus para a Igreja e revelam seu plano de
cooperação com a Igreja a fim de preparar as nações para o retorno
de Jesus.
O Novo Testamento nos instrui a entender o fim dos tempos e a
nos preparar. Isso não significa que compreenderemos todos os
pormenores, mas devemos conhecer os principais temas
relacionados ao que está por vir. Muitas pessoas estão
familiarizadas com a advertência de Jesus, em Mateus 24.36, de
que não saberemos o dia ou a hora de sua volta, mas precisamos
conciliar isso com sua afirmação, nos versículos 32-33, de que
devemos entender os tempos e as estações para não sermos
surpreendidos com a sua vinda:
Aprendei, pois, a parábola da figueira: Quando os ramos se
renovam e as folhas brotam, sabeis que o verão está próximo.
Da mesma forma, quando virdes todas essas coisas, sabei que
ele está próximo, às portas. – Mateus 24.32-33
Jesus também ensinou que seu retorno seria como nos dias de
Noé:
Pois a vinda do Filho do homem se dará à semelhança dos dias
de Noé. Porque nos dias anteriores ao dilúvio, todos comiam,
bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que
Noé entrou na arca; e não se deram conta até que veio o
dilúvio e levou a todos; assim também será a vinda do Filho do
homem. – Mateus 24.37-39
Nos dias de Noé, o julgamento pegou os habitantes da Terra de
surpresa, e eles não estavam preparados. No entanto, Noé estava
pronto. Da mesma forma, a Igreja deve estar preparada para o
retorno de Jesus. Como Jesus disse:
Por isso, ficai também preparados, pois o Filho do homem virá
numa hora que não esperais. – Mateus 24.44
Jesus contou uma parábola sobre cinco virgens prudentes
[sábias] e cinco virgens insensatas [tolas]. Todas estavam
esperando um noivo que estava muito atrasado. No entanto, as
prudentes estavam preparadas para a vinda do noivo e, embora
adormecessem durante a espera, estavam prontas quando ele
chegou:
O reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando
as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas
eram insensatas, e cinco, prudentes. Ao pegarem as lâmpadas,
as insensatas não levaram azeite. As prudentes, porém,
levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as suas
lâmpadas [...] À meia-noite, porém, ouviu-se um grito: O noivo
chegou! Saí ao encontro dele! Então todas as virgens se
levantaram e prepararam suas lâmpadas. E as insensatas
disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, pois nossas
lâmpadas estão se apagando. Mas as prudentes responderam:
Não; talvez não haja suficiente para nós e para vós. Ide, porém
aos que vendem azeite e comprai-o para vós. – Mateus 25.1-
4,6-9
Para sermos obedientes aos ensinamentos de Jesus, devemos
preparar a Igreja para a sua vinda, quer ela ocorra quer não ocorra
em nossos dias. O apóstolo Paulo ensinou exatamente a mesma
coisa:
Quando estiverem dizendo "Paz e segurança!", então, de
repente, a destruição lhes sobrevirá como dores de parto a uma
mulher grávida; e de modo nenhum escaparão. Mas vós,
irmãos, não estais nas trevas, de modo que aquele dia vos
surpreenda como um ladrão; porque todos sois filhos da luz e
filhos do dia; não somos da noite nem das trevas. Portanto, não
durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos
sóbrios. Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se
embriagam, embriagam-se de noite; mas nós, visto que somos
do dia, sejamos sóbrios, vestindo a armadura da fé e do amor,
tendo por capacete a esperança da salvação. – 1
Tessalonicenses 5.3-8
O retorno de Jesus virá repentinamente para o mundo, assim
como um ladrão chega inesperadamente à noite. No entanto, a
Igreja não será pega de surpresa como o mundo. A Igreja entenderá
os tempos e estará preparada para o seu retorno. É importante
evitar uma abordagem de preparação não bíblica e qualquer
tentativa de definir uma data para o retorno, mas também devemos
ser obedientes às Escrituras e preparar a nós mesmos e a Igreja
para o retorno de Jesus e para os eventos específicos que o
acompanharão.
Engajamento em missões
Em 1974, o missiólogo Ralph Winter chocou o cenário das missões
mundiais com a introdução de um novo conceito (SHADRACH,
1974). Na época, havia um testemunho do evangelho em cada
nação da Terra, e muitos estavam perguntando se esse era o
cumprimento do mandamento de Jesus de espalhar o evangelho às
nações. Ralph Winter e outros pesquisaram as Escrituras
cuidadosamente e descobriram que o mandamento de Jesus não se
concentrava nas nações políticas. Em vez disso, concentrava-se no
que chamamos de povos ou etnias, grupos de pessoas com uma
língua e cultura em comum. A pesquisa de Ralph Winter
revolucionou as missões mundiais e transferiu o foco das nações
políticas para os povos.
Ralph Winter obteve esse insight estudando a volta de Jesus e
depois aplicando essa verdade à missão da Igreja. Quando
estudamos o retorno de Jesus, encontramos muitas informações
que nos ajudam a entender o propósito de Deus para a Igreja. Ao
estudarmos o que a Bíblia diz sobre o fim dos tempos, devemos
aplicar uma abordagem missionária. Queremos que essas
informações nos ajudem a entender como cooperar melhor com o
plano de Deus.
Estamos acostumados a pensar em nossa missão
principalmente em termos de indivíduos que respondem ao
evangelho, mas missões abrangem muito mais que isso.
Biblicamente, a obra missionária é o trabalho de Deus a fim de
preparar as nações para o retorno de Jesus.[22]
PARTE 2:
A promessa de terra
Primeiro, Deus prometeu a Abraão uma terra específica. Em
Gênesis 12.1, ele diz a Abraão:
E o SENHOR disse a Abrão: Sai da tua terra, do meio dos teus
parentes e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
Todo o contexto da promessa é o envio de Abraão para uma
nova terra que ele possuirá. A terra é apresentada a Abraão como
uma herança permanente, de modo que os descendentes de
Abraão precisam habitar perpetuamente na terra para que essa
promessa seja cumprida. A herança é prometida especificamente a
Abraão,[27] que, como sabemos, nunca chegou a possuir a terra.
Aqui está a tensão: se as promessas de Deus são verdadeiras,
como Abraão nunca viu o cumprimento delas? Se a morte de
Abraão é o fim das promessas de Deus para ele, a promessa de
terra é eternamente descumprida porque Abraão nunca herdou a
terra nem viveu para ver seus descendentes a receberem como
herança. Para entender o plano redentor de Deus, precisamos
entender que essas promessas antigas ainda não foram cumpridas.
O livro de Hebreus descreve esse dilema quando conta a
história dos grandes homens e mulheres de fé [ou heróis da fé]. Sua
fé foi grande porque permaneceram fiéis mesmo quando não
receberam o que Deus lhes havia prometido:
Todos esses morreram mantendo a fé, sem ter recebido as
promessas; mas tendo-as visto e acolhendo-as de longe,
declararam ser estrangeiros e peregrinos na terra. – Hebreus
11.13
E todos eles, embora recebendo bom testemunho pela fé, não
obtiveram a promessa; visto que Deus havia providenciado algo
melhor a nosso respeito, para que, sem nós, eles não fossem
aperfeiçoados. Portanto, também nós, rodeados de tão grande
nuvem de testemunhas, depois de eliminar tudo que nos
impede de prosseguir e o pecado que nos assedia, corramos
com perseverança a corrida que nos está proposta. – Hebreus
11.39–12.1
A história da redenção conecta profundamente o povo de Deus,
até mesmo no sentido intergeracional. As promessas de Deus para
os patriarcas não foram cumpridas em suas vidas, mas elas
acontecerão quando desempenharmos nosso papel no plano
redentor. Assim como a fidelidade e a obediência dos patriarcas
prepararam o caminho para que a bênção chegasse até nós,
também nossa fidelidade e obediência contribuirão para a herança
deles. O desejo de ver os patriarcas receberem o que lhes foi
prometido deve nos levar a abandonar tudo o que nos atrapalha e a
trabalhar com o mesmo comprometimento que eles tinham.
As promessas feitas a Abraão, e não cumpridas, também
prepararam o caminho para a promessa da ressurreição. Abraão
não recebeu o que lhe foi prometido durante toda a vida e não pode
herdar as promessas depois de morto. A única explicação possível
para esse dilema é que chegará o momento em que Deus
ressuscitará Abraão (e os outros patriarcas) dentre os mortos, para
que possam receber o que ele prometeu.
A promessa de descendentes
Segundo, Deus prometeu descendentes a Abraão:
E farei de ti uma grande nação, te abençoarei e engrandecerei
o teu nome; e tu serás uma bênção. – Gênesis 12.2
Foi dito a Abraão que seus descendentes se tornariam uma
grande nação e que eles tornariam seu nome grandioso. Essa
declaração fala da qualidade dos descendentes de Abraão, não
apenas de quantidade. Essa promessa não pode ser cumprida
meramente pela reunião de um grande número de pessoas que
descendem de Abraão. Ela somente pode ser cumprida por meio de
uma nação que descende de Abraão e que faz o seu nome se tornar
grandioso porque é uma bênção na Terra.
A justiça é o que torna uma nação grandiosa.[28] Portanto, os
descendentes de Abraão precisam se tornar um povo justo e santo
para que essa promessa seja cumprida. Em termos bíblicos, os
injustos serão removidos da Terra, mas foi prometido a Abraão que
seus descendentes serão uma bênção na Terra,[29] o que fará com
que as nações honrem o nome de Abraão. Isso explica por que o
Antigo Testamento prediz, repetidamente, o dia em que Israel será
santo e justo.
Gênesis 15 confirma que essa grande nação deverá vir dos
descendentes naturais de Abraão.[30] Portanto, o compromisso de
Deus de abençoar as nações por intermédio de Abraão tem de
incluir a redenção da própria família de Abraão.
Essa promessa nunca foi cumprida na história. Para cumprir
sua promessa a Abraão, Deus precisa reverter o fracasso de Israel
em tornar o nome de Abraão grandioso, fazendo de seus
descendentes o povo justo que ele prometeu que seriam um dia.
Esse é o fundamento da promessa de Jesus de salvar Israel,
descrita no Novo Testamento.[31]
Essas duas primeiras promessas prepararam o caminho para
um dos temas centrais do fim dos tempos: a resolução da crise de
Israel e o cumprimento pleno do chamado de Israel.
O fundamento do evangelho
Gênesis 12 define as três promessas centrais que orientam o plano
redentor de Deus: (1) os descendentes de Abraão se tornarão uma
nação justa, (2) eles herdarão permanentemente uma terra como
povo justo e (3) as nações receberão grande bênção e salvação
nesse processo. Essas três promessas tornam-se o fundamento da
missão de Deus no mundo e são reiteradas em toda a narrativa
bíblica.
Paulo disse aos gálatas que Abraão recebeu a essência do
evangelho em Gênesis 12:
E a Escritura, prevendo que Deus iria justificar os gentios pela
fé, anunciou com antecedência a boa notícia a Abraão,
dizendo: Em ti serão abençoadas todas as nações. – Gálatas
3.8
Os principais elementos do evangelho estão presentes em
Gênesis 12. Deus iniciou a salvação do homem. Ele decidiu agir a
fim de providenciar redenção para as nações. Ele prometeu garantir
a salvação do homem por meio de sua própria força e capacidade.
Tudo dependia de um filho que nasceria por uma concepção
milagrosa. Abraão e Sara não foram capazes de gerar o filho
prometido em sua condição natural, então Deus teria de
providenciar o milagre. Isso foi um prenúncio de Jesus: o Filho que
cumpriria todas as promessas de Deus, mas teve de ser concebido
pelo poder sobrenatural de Deus. Foi também um prenúncio do
novo nascimento. Nascemos mortos [em nossos pecados], por isso
é necessário que sejamos trazidos à vida pelo poder sobrenatural
de Deus.[35]
A declaração da aliança de Gênesis 12 foi seguida da
cerimônia da aliança, encontrada em Gênesis 15. O capítulo 15 é
significativo porque se tornará o fundamento do evangelho e da
salvação pela fé.[36] Paulo interpretou Gênesis 15 como uma aliança
ininterrupta:
Que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi
atribuído como justiça. – Romanos 4.3
Somos salvos pela fé porque Abraão garantiu pela fé as
promessas que lhe foram feitas. Nossa promessa de salvação está
garantida visto que as promessas feitas a Abraão estão garantidas.
O sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus não substituíram o
acordo que Deus fez com Abraão, mas garantiram e tornaram
possível o pleno cumprimento da aliança.
Observamos que Deus entrou em aliança com algumas
pessoas na Bíblia, e a cerimônia da aliança que Deus fez com
Abraão em Gênesis 15 é um dos grandes encontros narrados nas
Escrituras. Nesse encontro, Deus se comprometeu com Abraão a
cumprir suas promessas com base em seu próprio caráter e força.
Abraão havia expressado sua preocupação a Deus e lhe pediu
garantias de que as promessas de Gênesis 12 fossem cumpridas
literalmente. Abraão abordou apenas duas das promessas – a
promessa de descendentes e a promessa de terra –, mas a
cerimônia da aliança de Gênesis 15 foi uma confirmação do que foi
falado em Gênesis 12, e todas as três promessas foram
confirmadas por esse ato da aliança.
Então disse Abrão: Ó SENHOR Deus, que me darás, já que hei
de morrer sem filhos, e o herdeiro de minha casa é Eliézer, de
Damasco? E Abrão prosseguiu: Tu não me deste filhos; um
servo nascido na minha casa será o meu herdeiro. – Gênesis
15.2-3
Disse-lhe mais: Eu sou o SENHOR, que te tirei de Ur dos
caldeus, para te dar esta terra como herança. E Abrão lhe
perguntou: Ó SENHOR Deus, como saberei que hei de recebê-
la por herança? – Gênesis 15.7-8
Abraão estava sofrendo porque não conseguia vislumbrar como
essas promessas seriam cumpridas. Ele não podia ter filhos, não
podia deixar descendentes, e estava vagando como um estranho na
terra que deveria possuir. Na conversa, Deus repetiu e confirmou
suas promessas do capítulo 12:
E eis que veio a palavra do Senhor a ele dizendo: Este não
será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair,
este será o teu herdeiro. Então o levou fora, e disse: Olha
agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E
disse-lhe: Assim será a tua descendência. – Gênesis 15.4-5
Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus,
para dar-te a ti esta terra, para herdá-la. – Gênesis 15.7
Depois de confirmar verbalmente sua promessa, Deus validou
a aliança com Abraão ao celebrar uma cerimônia na qual ele se
comprometeu plenamente a cumprir as promessas:
Ele lhe respondeu: Traze-me uma novilha de três anos, uma
cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rolinha e um
pombinho. Abrão trouxe-lhe todos os animais, cortou-os ao
meio e colocou cada parte em frente da outra; mas não cortou
as aves. Aves de rapina, porém, começaram a descer sobre os
cadáveres; e Abrão as espantava. Ao pôr do sol, caiu um
profundo sono sobre Abrão e sobre ele vieram grande pavor e
densas trevas. – Gênesis 15.9-12
Quando o sol já havia se posto e já estava escuro, surgiu um
fogo fumegante e uma tocha de fogo que passaram entre
aquelas metades. E naquele mesmo dia o SENHOR fez uma
aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado
esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates; terra
do queneu, do quenezeu, do cadmoneu, do heteu, do perizeu,
dos refains, do amorreu, do cananeu, do girgaseu e do jebuseu.
– Gênesis 15.17-21
Existem vários componentes-chave nessa cerimônia de
aliança. Primeiro, a cerimônia se baseou em um método antigo de
se fazer acordos. Em tais cerimônias antigas, dois indivíduos
andavam entre as carcaças de animais mortos espalhadas pelo
caminho para fazer uma declaração verbal de seu compromisso.
Era o compromisso de que aceitariam que fosse feito a eles o que
foi feito aos animais se eles quebrassem o acordo. Deus queria
assegurar a Abraão que o acordo era permanente, usando como
referência uma cerimônia antiga que pudesse ser compreendida por
Abraão.
Segundo, Deus não permitiu que Abraão contribuísse para o
cumprimento da aliança. Embora a aliança tenha sido feita com
Abraão, no momento de consumar a aliança, Deus fez Abraão cair
em um sono profundo, deixando-o incapaz de contribuir para a
cerimônia da aliança. Isso aconteceu porque a justiça de Abraão[37]
tinha de vir somente de sua fé. Fé, ou confiança na Palavra de
Deus, foi a única contribuição da parte de Abraão que Deus
permitiu.
Terceiro, as duas partes tinham de caminhar pelos sacrifícios
para que a aliança fosse concretizada, mas, ao invés de Deus e
Abraão caminharem juntos, somente Deus passou por eles. A
aliança era apenas entre Abraão e Deus, e ainda assim Abraão viu
duas manifestações de Deus: uma tocha flamejante e uma panela
de fogo fumegante[38] movendo-se juntas entre os animais.
As duas partes tinham de caminhar entre os animais para
validar a aliança, e Abraão viu Deus caminhar com Deus entre os
animais. Isso significa que Deus fez aliança consigo mesmo para
garantir as promessas feitas a Abraão. Considerando outras partes
das Escrituras, as duas manifestações de Deus que Abraão viu
foram o Pai e o Filho caminhando entre os sacrifícios. Isso foi mais
do que uma promessa simbólica; foi também um ato profético. Por
causa do pecado de Abraão e do pecado de seus descendentes,
chegaria o dia em que o Filho seria sacrificado como aqueles
animais para preservar essa aliança.
Em Gênesis 15, o Pai e o Filho se comprometeram a cumprir
as promessas feitas a Abraão, e no Novo Testamento, vemos a
íntima parceria entre o Pai e o Filho na obra da redenção.
O compromisso de Deus com as promessas que fez a Abraão
em Gênesis 12 estava completamente evidente em Gênesis 15. A
dramática cerimônia de aliança enfatiza o fato de que a justiça de
Abraão não desempenha nenhum papel no cumprimento das
promessas. O próprio Deus garantirá as promessas com sua própria
justiça e à custa de seu próprio sangue.
Paulo aprendeu o conceito de justiça pela fé neste capítulo. Ele
entendeu que o compromisso de Deus com as promessas que fez
era baseado em sua força e não na nossa: as promessas seriam
cumpridas de acordo com a justiça que provém da fé.
Embora Abraão não tenha propriamente andado entre os
animais sacrificados, em outro sentido, ele andou na forma de uma
das manifestações de Deus, que se tornaria seu descendente.
Jesus caminhou como Deus e como futuro filho de Abraão. Dessa
maneira, Abraão participou da cerimônia sem garantir a sua parte da
aliança em sua própria força. Como Jesus caminhou como o
representante de Abraão, Paulo escreveu em Gálatas que as
promessas feitas a Abraão foram realmente feitas a Jesus como seu
descendente.[39] A justiça de Jesus garantiu que Abraão recebesse
os benefícios da aliança.
O convite à obediência
As promessas de Deus a Abraão eram incondicionais no sentido de
que Deus as garantiu. No entanto, Deus também exigiu que Abraão
respondesse em obediência com a circuncisão. A aliança foi
garantida pela capacidade de Deus, mas Deus deu a Abraão o
convite para responder em obediência.
Ao longo da vida de Abraão, nós o vemos responder a Deus
em genuína obediência, mas também vemos sua fraqueza em
outras áreas. Isso demonstra dois princípios principais:
Deus garante nossas promessas e nos ama em nossas
fraquezas. Por exemplo, Abraão mentiu sobre sua esposa duas
vezes quando estava com medo, mas suas falhas não o
desqualificaram.[40] Deus reconhece nossa fraqueza e a cobre com
sua força.
Deus valoriza nossa resposta. Nosso aparentemente
fraco “sim” é poderoso para ele. Isso explica por que Deus exigiu
que Abraão respondesse à aliança por meio da obediência na
circuncisão. Embora Deus garanta a aliança, precisamos responder
em obediência. Se falhamos, ele cobre nosso pecado com o sangue
de Jesus. Porém, se o rejeitamos e recusamos, podemos acabar
desvinculados das bênçãos de sua aliança.
As promessas feitas a Abraão são uma lente através da qual
podemos olhar o Antigo Testamento, porque essas três promessas
sustentam o plano de Deus e as previsões dos profetas. O Antigo
Testamento prediz, consistentemente, que chegará o dia em que
todo o Israel será justo (poderíamos dizer salvo),[41] um Israel justo
herdará sua terra permanentemente em paz e segurança,[42] e os
gentios adorarão o Deus de Israel.[43]
Um Rei divino
Em 2 Samuel 7, o plano de Deus para o cumprimento das
promessas feitas a Abraão tornou-se mais específico com a aliança
singular que Deus fez com Davi:
Agora, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR
dos Exércitos: Eu te tirei do campo onde cuidavas das ovelhas,
para que fosses o príncipe do meu povo Israel. Estive contigo
por onde andaste e destruí todos os teus inimigos diante de ti.
Agora te tornarei tão famoso quanto os poderosos da terra. – 2
Samuel 7.8-9
Quando os teus dias se completarem e descansares com teus
pais, providenciarei um sucessor da tua descendência, que
procederá de ti; e estabelecerei o reino dele. Ele edificará uma
casa ao meu nome, e para sempre estabelecerei o trono do seu
reino. – 2 Samuel 7.12-13
A aliança feita com Davi está relacionada à aliança feita com
Abraão. Como na aliança feita com Abraão, Deus não impôs a Davi
condições que determinassem o resultado final da aliança. O
sucesso da aliança dependia inteiramente da capacidade de Deus
de cumprir sua promessa. Deus disse a Davi que sua aliança com
ele permaneceria "para sempre" e que ele não seria rejeitado como
Saul foi:
Mas não retirarei dele o meu amor fiel, como fiz com Saul, a
quem tirei da tua frente. Mas a tua casa e o teu reino serão
firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido
para sempre. – 2 Samuel 7.15-16
Como parte da aliança, Deus também prometeu a Davi que
levaria o povo judeu ao seu destino pleno como povo, e que eles
habitariam na terra de maneira segura e pacífica. Davi e seu filho
Salomão governaram durante os anos dourados do antigo reino de
Israel, mas durante esse tempo, Deus ainda prometeu um tempo
futuro em que os plantaria na terra sem inimigos.[46]
Também estabelecerei o meu povo Israel num lugar e ali o
plantarei, para que habite no seu lugar e não seja mais
perturbado e nunca mais seja oprimido pelos perversos, como
antes. – 2 Samuel 7.10
O livro de 2 Samuel conecta o futuro cumprimento das
promessas feitas a Abraão diretamente ao prometido Filho de Davi –
um Rei vindouro. Esse é o fundamento do Antigo Testamento
conforme Gálatas 3.16:
Assim, as promessas foram feitas a Abraão e a seu
descendente. A Escritura não diz: E a teus descendentes, como
se falasse de muitos, mas como quem se refere a um só: E a
teu descendente, que é Cristo.
As promessas feitas a Abraão serão cumpridas pelo homem
que Deus escolheu. As promessas do Messias e de Abraão são
inseparáveis porque a aliança feita com Davi é uma continuação da
aliança de Deus com Abraão. Quando Deus fez a aliança com Davi,
ele revelou que cumpriria suas promessas durante o governo e
reinado de seu Rei. Como esse Rei reinará para sempre, as
promessas serão garantidas.
Como Paulo escreveu, as promessas feitas a Abraão
finalmente pertencem a um homem específico, uma “descendência”
específica ou, ainda, uma “semente” de Abraão. Essa "semente" é
Jesus. A "semente" [ou a “descendência”] é referenciada em
Gênesis, 2 Samuel e Gálatas:
E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a
sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar. – Gênesis 3.15, ACF
Então o SENHOR apareceu a Abrão e disse: Darei esta terra à
tua descendência. E Abrão edificou ali um altar ao SENHOR,
que lhe aparecera. – Gênesis 12.7
Quando os teus dias se completarem e descansares com teus
pais, providenciarei um sucessor da tua descendência, que
procederá de ti; e estabelecerei o reino dele. – 2 Samuel 7.12
Assim, as promessas foram feitas a Abraão e a seu
descendente. A Escritura não diz: E a teus descendentes, como
se falasse de muitos, mas como quem se refere a um só: E a
teu descendente, que é Cristo. - Gálatas 3.16
As promessas feitas a Abraão são garantidas e cumpridas por
meio de uma única semente – Jesus. Observe que Paulo revelou
como as promessas serão cumpridas; ele não reinterpretou essas
promessas. Paulo mencionou especificamente as “promessas”, no
plural, porque esperava que todas as três promessas fossem
cumpridas.
É importante salientar que o livro de Gálatas não procura
redefinir as promessas especificamente dadas ao povo judeu e aos
gentios. Se Paulo quisesse mudar a expectativa em relação ao
cumprimento literal das três promessas feitas a Abraão, ele teria
escrito uma carta muito mais longa para redefinir essas promessas.
Em vez de redefinir as promessas, Paulo simplesmente declarou
que Jesus era a única maneira de vivenciar o cumprimento dessas
promessas e receber o Espírito:
Isso aconteceu para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos a
promessa do Espírito pela fé. – Gálatas 3.14
E, porque sois filhos, Deus enviou ao nosso coração o Espírito
de seu Filho, que clama: Aba, Pai. – Gálatas 4.6
Mas nós, pelo Espírito mediante a fé, aguardamos a justiça que
é nossa esperança. – Gálatas 5.5
Somente Jesus pode garantir o destino de judeus e gentios. Ele
é o único justo na linhagem de Abraão, portanto pode administrar as
promessas de Deus. Somente ele pode transformar os
descendentes de Abraão em uma nação justa. Somente ele pode
tornar o nome de Abraão grandioso. Somente ele pode permitir que
Abraão e seus descendentes habitem a terra que lhes foi prometida
em paz e justiça. Somente ele pode trazer grandes bênçãos aos
gentios.
Nem nossa herança judaica nem nossa herança gentia nos
proporciona o benefício da garantia de nossas promessas. Os
judeus não receberão sua parte na promessa de Abraão de maneira
diferente dos gentios. É apenas nosso relacionamento com Jesus
que garante nossa participação nas promessas de Deus e, como
Abraão, esse relacionamento é baseado em uma justiça que vem da
fé.
Por fim, as promessas feitas a Abraão foram feitas ao Rei
Jesus. Portanto, quando estamos em um relacionamento correto
com ele, sejamos judeus ou gentios, estamos aptos para desfrutar
dessas promessas.
Paulo enfatizou esse ponto no livro de Gálatas, lembrando aos
gálatas que eles haviam recebido o Espírito Santo pela fé em Jesus.
[47]
O dom do Espírito foi uma parte essencial no cumprimento das
promessas de Deus no Antigo Testamento.[48] Portanto, se Jesus
tem autoridade para derramar o Espírito, então ele tem autoridade
para cumprir as promessas.
Conforme a narrativa bíblica se desenrolava, os profetas
puderam vislumbrar a beleza deste Rei vindouro:
O SENHOR disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés. O
SENHOR enviará de Sião o cetro do teu poder, e dominarás
sobre teus inimigos. Com vestes santas, teu povo se
apresentará de livre vontade no dia das tuas batalhas; teus
jovens serão como orvalho ao amanhecer. O SENHOR jurou e
não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque. – Salmo 110.1-4
No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono, e as abas de seu manto
enchiam o templo. "Acima dele havia serafins; cada um tinha
seis asas; com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés
e com duas voavam. "E clamavam uns aos outros: Santo,
santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está
cheia da sua glória. E as bases das portas tremeram à voz do
que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então eu disse:
Ai de mim! Estou perdido; porque sou homem de lábios
impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros; e os
meus olhos viram o rei, o SENHOR dos Exércitos! – Isaías 6.1-
5
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi concedido. O
governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será:
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da
Paz. O seu domínio aumentará, e haverá paz sem fim sobre o
trono de Davi e sobre o seu reino, para estabelecê-lo e firmá-lo
em retidão e em justiça, desde agora e para sempre. O zelo do
SENHOR dos Exércitos fará isso. – Isaías 9.6-7
Eu estava olhando nas minhas visões noturnas e vi que alguém
parecido com filho de homem vinha nas nuvens do céu. Ele se
dirigiu ao ancião bem idoso [Ancião de Dias] e a ele foi levado.
E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os
povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um
domínio eterno, que não passará, e o seu reino é tal que não
será destruído. – Daniel 7.13-14
Embora os profetas de Israel tivessem como foco principal a
salvação de Israel, eles previram que o Rei vindouro também
salvaria as nações:
Naquele dia, a raiz de Jessé será como uma bandeira aos
povos, para onde as nações recorrerão; o seu descanso será
glorioso [...] Levantará uma bandeira entre as nações e ajuntará
os desterrados de Israel; e reunirá os dispersos de Judá desde
os quatro confins da terra. – Isaías 11.10,12
Ele diz: Não basta que sejas o meu servo para restaurares as
tribos de Jacó e trazeres de volta os remanescentes de Israel.
Também te porei para luz das nações, para seres a minha
salvação até a extremidade da terra. – Isaías 49.6
Deus deu a um Homem o domínio sobre Israel e as nações. Ele
cumprirá todas as promessas feitas a Abraão por meio do seu
sacrifício (primeira vinda) e de seus juízos (segunda vinda).[49]
Ambos são necessários para que Jesus cumpra as promessas feitas
a Abraão.
A Nova Aliança
A aliança abraâmica não se concretiza apenas com um Rei
vindouro, mas também com uma Nova Aliança. Essa Nova Aliança
não substitui a aliança feita com Abraão; ao invés disso, permite que
a aliança com Abraão seja cumprida. Essa Nova Aliança também
resolve o desafio da aliança mosaica, algo de que trataremos
melhor na próxima seção.
O grande desafio da lei mosaica é o fato de que suas justas
exigências expõem o nosso pecado, mas é incapaz de nos libertar
de nossa situação. A Nova Aliança é a resposta de Deus para a
crise gerada tanto por nossa condição pecaminosa como por nossa
incapacidade de obedecer às justas leis de Deus.
Essa Nova Aliança durará para sempre porque é garantida pelo
Rei que governará para sempre – o Rei profetizado em 2 Samuel 7.
O Rei escolhido por Deus e essa Nova Aliança são sua solução
permanente para a condição da humanidade. A Nova Aliança é um
acordo corporativo entre Deus e seu povo, soluciona a questão da
aliança mosaica e cumpre as promessas feitas a Abraão.
Essa Nova Aliança é declarada em Jeremias e Ezequiel:
Dias virão, diz o SENHOR, em que farei uma nova aliança com
a casa de Israel e com a casa de Judá. Ela não será como a
aliança que fiz com seus pais, quando os peguei pela mão para
tirá-los da terra do Egito, pois eles quebraram a minha aliança,
mesmo sendo eu o senhor deles, diz o SENHOR. Mas esta é a
aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz
o SENHOR: Porei a minha lei na sua mente e a escreverei no
seu coração. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E
não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a
seu irmão, dizendo: Conhecei o SENHOR; porque todos me
conhecerão, do mais pobre ao mais rico, diz o SENHOR.
Porque perdoarei a sua maldade e não me lembrarei mais dos
seus pecados. – Jeremias 31.31-34
Farei com eles uma aliança eterna: não deixarei de fazer-lhes o
bem e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se
afastem de mim. Eu me alegrarei, fazendo-lhes o bem. E os
plantarei com firmeza nesta terra, com toda a minha fidelidade
e dedicação. – Jeremias 32.40-41
Mas eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias
da tua juventude, e firmarei contigo uma aliança eterna [...]
Para que te lembres e te envergonhes, e nunca mais abras a
boca, por causa da tua vergonha, quando eu te perdoar tudo
quanto fizeste, diz o SENHOR Deus. – Ezequiel 16.60,63
Também vos darei um coração novo e porei um espírito novo
dentro de vós; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um
coração de carne. Também porei o meu Espírito dentro de vós
e farei com que andeis nos meus estatutos; e obedecereis aos
meus mandamentos e os praticareis. Então habitareis na terra
que eu dei a vossos pais, e sereis o meu povo, e eu serei o
vosso Deus. – Ezequiel 36.26-28
Essa Nova Aliança trará a salvação a todo Israel. A nação será
salva de forma tão completa que cada um conhecerá a Deus – nem
precisarão de professores.[50] Quando a nação entrar na Nova
Aliança, Israel será salvo para sempre e permanecerá
definitivamente na terra como povo santo de Deus. Trata-se do
cumprimento das promessas de Deus a Abraão. Se Deus está
comprometido com as duas primeiras promessas que fez a Abraão,
também está comprometido com a terceira promessa que fez às
nações. Isso deu aos apóstolos a confiança para oferecer livremente
a salvação aos gentios.
Para enfatizar seu compromisso com suas promessas, Deus
comparou sua capacidade de cumprir as promessas a Israel com
sua capacidade de sustentar a criação. Duas vezes em Jeremias,
ele disse que o sol, a lua e as estrelas cessariam se o povo de Israel
desaparecesse da Terra.[51] Deus fez essa declaração quando Israel
estava sendo destruído pela Babilônia e o povo estava sendo levado
para o exílio. Isso significa que Deus pretende cumprir suas
promessas, mesmo que Israel passe por escravidão, exílio ou
ocupação por potências estrangeiras.
Deus nem sempre preservou Israel como nação política, mas
comprometeu-se a preservar Israel como povo para sempre.
Portanto, assim como a destruição de Jerusalém pela Babilônia em
586 a.C. não anulou as promessas de Deus feitas ao povo judeu, a
destruição de Jerusalém por Roma em 70 d.C. também não
invalidou as promessas de Deus a Israel.
O livro de Hebreus descreve como a glória da Nova Aliança
supera a glória da aliança mosaica. O autor cita a profecia de
Jeremias sobre a Nova Aliança sem reinterpretá-la, mas
reafirmando que a aliança salvaria Israel e Judá para enfatizar o fato
de que Deus cumprirá as promessas feitas a Israel por meio da
Nova Aliança.
A Nova Aliança fará o que a aliança mosaica nunca poderia
fazer: garantir as promessas de Deus a Abraão, a Israel e,
finalmente, às nações.
Pois se aquela primeira aliança não tivesse defeito, nunca se
teria buscado lugar para a segunda. Porque ele diz,
repreendendo-os: Dias virão, diz o Senhor, em que
estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma
nova aliança. Não segundo a aliança que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito;
pois não permaneceram naquela minha aliança, e eu não
atentei para eles, diz o Senhor. Esta é a aliança que farei com a
casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Porei as
minhas leis na sua mente e as escreverei em seu coração. Eu
lhes serei Deus, e eles me serão povo. Ninguém terá de
ensinar ao próximo, nem a seu irmão, dizendo: Conhece ao
Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até o
maior deles. – Hebreus 8.7-11
No Novo Testamento, encontramos uma definição mais
completa da Nova Aliança. Ela é garantida pela morte e ressurreição
de Jesus. Seu sangue nos permite restabelecer o relacionamento
com Deus por meio de uma aliança que é garantida pela fidelidade e
justiça de Deus e não pela nossa justiça. Enquanto a maioria dos
cristãos reconhece que a salvação é oferecida às nações por meio
da Nova Aliança (isto é, a terceira promessa feita a Abraão), é a
Nova Aliança que garante o cumprimento de todas as três
promessas. A Nova Aliança faz mais do que se espera,
principalmente em relação à salvação dos gentios, mas não pode
fazer menos do que se enunciou que faria. Por meio dela é
necessário que Israel seja salvo.
O FUTURO CUMPRIMENTO DAS PROMESSAS
Mateus
Mateus de 21 a 23 contam a história da entrada de Jesus em
Jerusalém como Rei e de sua subsequente rejeição pelos líderes
religiosos da cidade pouco antes de sua crucificação. Em resposta à
rejeição, Jesus fez uma afirmação impressionante:
Pois desde agora vos digo que de modo algum me vereis, até
que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor. –
Mateus 23.39
Temos que considerar essa afirmação no contexto de toda a
passagem para entendermos o que Jesus quis dizer. Ele não estava
dizendo que eles não o veriam de novo, porque ele seria
publicamente crucificado alguns dias depois disso. Mateus colocou
a declaração de Jesus no contexto de dois eventos principais na
passagem. O primeiro foi a entrada de Jesus na cidade, como
Zacarias profetizou que o Rei messiânico entraria.[55] A segunda foi
a rejeição de Jesus como Rei pelos líderes judeus.
Jesus havia entrado na cidade como seu Rei, mas havia sido
rejeitado pelos líderes religiosos da cidade. Portanto, quando Jesus
disse aos governantes da cidade que eles não o veriam novamente
até que o recebessem como "aquele que vem em nome do Senhor",
ele estava prevendo que não entraria em Jerusalém novamente
como Rei até que os líderes judeus de Jerusalém o reconhecessem
como o Rei enviado por Deus.
Nesse versículo, Jesus condiciona sua segunda vinda e seu
futuro governo sobre Jerusalém como Rei à salvação de Israel.
Jesus se recusa a ser Rei dos judeus até que eles voluntariamente
o amem e o recebam. O fato de ele ter feito essa previsão em
Jerusalém enfatizou o seu compromisso com a terra de Israel e com
a sua capital.
Jesus afirmou um futuro cumprimento da promessa feita a
Abraão em relação a seus descendentes. Eles precisam ser
"salvos", o que resultará em receber Jesus como seu Rei. Além
disso, isso precisa acontecer em Jerusalém, o que significa que eles
devem ser salvos na terra de Israel. A salvação dos judeus na terra
garantirá sua herança permanente da terra. Jesus está tão
comprometido com o cumprimento literal das promessas feitas a
Abraão que não governará sobre a Terra como Rei sem antes
cumprir as duas primeiras promessas feitas a Abraão.
Jesus foi além da afirmação das duas primeiras promessas.
Quando os discípulos lhe perguntaram o que seria necessário para
cumprir o que os profetas haviam profetizado,[56] ele também
confirmou a terceira promessa feita a Abraão:
E este evangelho do reino será pregado pelo mundo inteiro,
para testemunho a todas as nações, e então virá o fim. –
Mateus 24.14
Jesus vinculou seu retorno ao cumprimento das três
promessas. Ele não apenas cumprirá as duas primeiras promessas,
mas também está empenhado em cumprir a terceira promessa.
Todas as famílias da Terra – podemos dizer “povos” – serão
abençoadas pelo evangelho antes que o fim chegue.[57] A promessa
do Novo Testamento de que toda tribo e língua precisa ouvir o
evangelho não era uma ideia nova. Era uma continuação da
promessa do Antigo Testamento feita a Abraão.
Alguns versículos adiante, depois de confirmar essa promessa,
Jesus reiterou seu compromisso com a salvação de Israel:
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as
nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo
com poder e grande glória sobre as nuvens do céu.[58] – Mateus
24.30
Por causa da referência ao lamento, muitos presumem que
esse versículo se refere ao lamento das nações pelo retorno de
Jesus. No entanto, esse não é o objetivo desse versículo. Jesus
estava se referindo a um evento específico predito por Zacarias:
Mas derramarei o espírito de graça e de súplicas sobre a casa
de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém; eles olharão para
aquele a quem traspassaram e o prantearão como quem
pranteia por seu único filho; e chorarão amargamente por ele,
como se chora pelo primogênito. Muitos chorarão em
Jerusalém naquele dia, como o pranto de Hadade-Rimom no
vale de Megido. Todas as famílias da terra prantearão em
separado: a família de Davi e suas mulheres; a família de Natã
e suas mulheres. – Zacarias 12.10-12
Zacarias descreveu um momento dramático do futuro de Israel.
Ele predisse o dia em que Israel veria Jesus como aquele que foi
traspassado por eles e em favor deles. Essa revelação resultará em
um grande lamento, mas será o lamento de arrependimento. É o
grande dia em que Israel verá Jesus novamente, reconhecendo-o
como aquele que os amou o tempo todo, e toda a nação lamentará
a forma como o rejeitaram e resistiram.
Zacarias usou imagens da história de José: José salvou os
gentios (no Egito) e os israelitas (família de Jacó). Da mesma
maneira, Jesus salvará os gentios e Israel. Quando Jesus voltar,
Israel lamentará ao se reunir com ele, assim como os filhos de Jacó
lamentaram quando se reuniram com seu irmão José e perceberam
o bem que ele havia feito por eles.
Mateus 24–25 resumem o ensinamento mais longo de Jesus
sobre o fim dos tempos, no qual Jesus revela dois aspectos
principais:
1. As promessas feitas a Abraão estão intimamente ligadas.
Jesus está comprometido com as três promessas.
2. As promessas se cumprirão no retorno de Jesus no
contexto do fim dos tempos.
Milhares de anos antes de pronunciar as palavras registradas
em Mateus 24, Jesus caminhou por entre os sacrifícios que
prenunciavam seu próprio sacrifício e se comprometeu com Abraão
a cumprir todas as promessas. Milhares de anos atrás, Jesus se
colocou diante desse homem idoso, que vivia no Oriente Médio, e
empenhou sua própria vida – seu próprio sangue – para cumprir
tudo o que havia prometido. Mateus 24 revela que ele não esqueceu
seu juramento.
As promessas em Atos
Jesus falou sobre o reino de Deus por quarenta dias antes de sua
ascensão. No final desses quarenta dias, fizeram-lhe uma pergunta
direta sobre seu ensinamento:
E os que se haviam reunido perguntaram-lhe: Senhor, é este o
tempo em que restaurarás o reino para Israel? Ele lhes
respondeu: Não vos compete saber os tempos ou as épocas
que o Pai reservou por sua autoridade. Mas recebereis poder
quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas
testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e
Samaria, e até os confins da terra. – Atos 1.6-8
A pergunta era muito reveladora. Os ensinamentos de Jesus
geraram em seus ouvintes judeus a expectativa de que o reino fosse
restaurado a Israel. Quando Jesus respondeu, ele não descartou a
expectativa de um futuro restaurado para Israel, nem os corrigiu.
Jesus frequentemente corrigia os discípulos quando eles o
entendiam mal ou faziam suposições erradas,[59] mas neste caso ele
não os corrigiu, indicando que eles haviam entendido seu
ensinamento corretamente.
Jesus havia ensinado por quarenta dias e, se quisesse redefinir
a expectativa deles em relação ao que aconteceria com Israel, teria
feito isso durante esse período. Em vez disso, ele gerou em seus
ouvintes judeus a expectativa contínua de que ele cumpriria sua
promessa a Abraão de transformar seus descendentes em uma
grande nação.
Alguns cristãos ao longo da história têm acreditado que o reino
de Deus assume uma nova direção radical após a primeira vinda de
Jesus. Uma direção que não inclui mais nenhum propósito
específico para Israel. No entanto, Jesus não apenas afirmou o
futuro de Israel como também ensinou sobre um reino futuro
restaurado para Israel.
Em sua resposta, Jesus deu duas informações muito
importantes. Primeiro, ele tratou do tempo do cumprimento da
expectativa dos apóstolos. O reino não seria restaurado a Israel
imediatamente. Haveria um intervalo de tempo. Segundo, Jesus
vinculou a restauração de Israel à missão de levar o evangelho aos
gentios. Como em Mateus 24, Jesus enfatizou as três promessas.
Em Atos 1, Jesus deixou claro que as promessas são inseparáveis,
e ele não cumprirá uma sem cumprir as outras.
O livro de Atos também revela que os apóstolos aguardavam
com expectativa um futuro cumprimento das promessas. Em Atos 2,
Pedro faz referência à salvação futura de Israel citando Joel 2.32.
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo. – Atos 2.21
E todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; pois
os que escaparem estarão no monte Sião e em Jerusalém,
como o SENHOR prometeu, e aqueles que o SENHOR chamar
estarão entre os sobreviventes. – Joel 2.32
Joel 2.32 prediz o dia em que Israel clamará por salvação. É
uma referência ao dia que Zacarias descreveu, quando todo o Israel
será salvo:
Mas derramarei o espírito de graça e de súplicas sobre a casa
de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém; eles olharão para
aquele a quem traspassaram e o prantearão como quem
pranteia por seu único filho; e chorarão amargamente por ele,
como se chora pelo primogênito. – Zacarias 12.10
O que Pedro quer dizer em Atos 2 é que o derramamento do
Espírito Santo levaria ao momento em que Joel e Zacarias
profetizaram, quando todos em Israel invocariam o nome do Senhor.
Em Atos 3, Pedro previu novamente a futura restauração de
Israel:
De modo que da presença do Senhor venham tempos de
refrigério, e ele envie o Cristo, que já vos foi predeterminado,
Jesus. É necessário que o céu o receba até o tempo da
restauração de todas as coisas, sobre as quais Deus falou pela
boca dos seus santos profetas, desde o princípio. – Atos 3.20-
21
Pedro não viu o cumprimento das promessas feitas a Israel na
primeira vinda de Jesus, em sua ascensão ou no tempo em que ele
governa do Céu. Ele previu um tempo futuro, determinado, em que
Jesus retornaria para cumprir as promessas. Será o tempo em que
as coisas que os profetas previram acontecerão.
Pedro não redefiniu o que os profetas haviam falado. Ele
esperava um futuro cumprimento literal de suas palavras. Ele usou a
palavra restauração exatamente como Jesus usou em Atos 1, e
Lucas registrou isso para que pudéssemos fazer a correlação entre
as duas passagens. Pedro, assim como Jesus, está se referindo à
restauração de Israel. A palavra que Pedro usou para restauração
( ἀ ποκατάστασις) foi uma referência à promessa do Antigo
Testamento sobre a restauração final de Israel. Pedro não usaria
essa palavra se as promessas já tivessem sido cumpridas. Ele
também não teria usado a linguagem da restauração se as
promessas fossem cumpridas por meio de um "novo" Israel sem
nenhuma conexão com o Israel histórico.
Perto do final de seu ministério, o apóstolo Paulo disse aos
romanos que estava acorrentado por causa da "esperança de
Israel",[60] uma declaração que demonstra que ele compartilhava a
expectativa de Pedro sobre a futura salvação de Israel.
As promessas em Romanos
Em Romanos 9, Paulo descreve sua angústia pela condição de
Israel, porque ele entendeu que sua eleição era irrevogável e que
Deus precisa cumprir suas promessas.[61] Paulo não teria ficado
angustiado com a situação do seu povo se as promessas a Israel
tivessem sido cumpridas. Paulo até descreve sua missão de levar o
evangelho aos gentios como uma parte essencial do plano de Deus
para cumprir essas promessas (Rm 10-11).
Em Romanos 11, Paulo resume sua expectativa de que Deus
cumprirá as promessas feitas aos judeus e gentios, revelando que
ele via sua missão pela lente das três promessas. Ele previu a
“plenitude dos gentios” e a “salvação de Israel”:
Irmãos, não quero que ignoreis este mistério para que não
sejais arrogantes: o endurecimento veio em parte sobre Israel,
até que chegue a plenitude dos gentios; e assim todo o Israel
será salvo, como está escrito: O Libertador virá de Sião e
desviará de Jacó as impiedades; e esta é a minha aliança com
eles, quando eu tirar os seus pecados. – Romanos 11.25-27
Paulo também resume sua missão em Romanos 15:
Afirmo, pois, que Cristo se tornou servo da circuncisão, por
causa da fidelidade de Deus, para confirmar as promessas
feitas aos patriarcas; e para que os gentios glorifiquem a Deus
pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto, eu te
louvarei entre os gentios e cantarei hinos ao teu nome. –
Romanos 15.8-9
As conclusões de Paulo são claras. Jesus veio para confirmar e
garantir as promessas feitas a Abraão e Jacó. A aliança não era
uma única promessa, mas várias promessas, e Paulo fez referência
ao cumprimento de todas as três. Por meio de Jesus, Deus está
comprometido com o que prometeu a Abraão, que envolve tanto
seus descendentes físicos quanto a salvação dos gentios. A visão
geral de Paulo sobre o evangelho revela novamente que as
promessas estão profundamente entrelaçadas e conectadas.[62]
O Novo Testamento não é claro sobre quando as promessas
serão cumpridas ou se são literais. O grande enigma é como Deus
completará seu maravilhoso plano, usando o cumprimento de cada
promessa como meio para trazer o cumprimento das demais. Deus
usará algo intensamente negativo – a rejeição de Jesus por parte de
Israel – para cumprir a promessa que fez a Abraão em relação aos
gentios. Em troca, os gentios vão desempenhar um papel
fundamental nas promessas feitas a Israel.
As promessas em Apocalipse
Como Jesus, Pedro e Paulo, João também previu o cumprimento
futuro das promessas. Em sua introdução ao livro de Apocalipse,
João resumiu o que o retorno de Jesus faria:
Ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo
aqueles que o traspassaram, e todas as tribos da terra se
lamentarão por causa dele. Sim. Amém. – Apocalipse 1.7
Como em Mateus 24.30, essa é uma citação do lamento
profetizado em Zacarias 12, lamento de arrependimento de Israel
diante do retorno de Jesus. Esse versículo não descreve o lamento
das nações iníquas no retorno de Jesus, mas o momento glorioso
em que Israel chegará ao arrependimento e receberá Jesus. O fato
de João enfatizar essa passagem em sua introdução revela a
importância que ele dava ao retorno de Jesus, pois essa era a sua
grande expectativa. Ele esperava que o retorno de Jesus cumprisse
essas promessas.
João também registrou algumas das previsões mais vívidas
sobre a salvação dos gentios:
E cantavam um cântico novo, dizendo: Tu és digno de tomar o
livro e de abrir seus selos, porque foste morto, e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua,
povo e nação. – Apocalipse 5.9
Depois dessas coisas, vi uma grande multidão, que ninguém
podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em
pé diante do trono e na presença do Cordeiro, todos vestidos
com túnicas brancas e segurando palmas nas mãos. –
Apocalipse 7.9
Mais uma vez, vemos que o cumprimento de todas as
promessas está associado ao retorno de Jesus. Além disso, de
acordo com algumas considerações, o livro de Apocalipse tem mais
de 500 referências e alusões ao Antigo Testamento, indicando que
ainda há uma realização futura de muitas passagens do Antigo
Testamento.
Promessa 1 – a terra
A Bíblia nos diz que a posse da terra pelos judeus se tornará uma
das principais controvérsias no mundo,[65] e agora, pela primeira vez
em dois mil anos, há um Estado judaico na Terra estabelecendo o
contexto dessa controvérsia. Vivemos na primeira geração em que o
repentino cumprimento das promessas em relação à terra é
possível.
Embora o Estado moderno de Israel não seja uma nação salva,
a própria existência desse Estado é uma declaração estrondosa de
que Deus pretende cumprir sua promessa a respeito da terra.
Historicamente, o conflito sobre a terra de Israel é um conflito
regional baseado em um conflito por rotas comerciais ou na
ambição de impérios regionais. O conflito sobre Israel nunca foi um
problema global que afeta as nações da Terra. Até agora. Como a
nação de Israel é uma realidade do nosso tempo, é fácil perceber o
quão impressionante e sem precedentes tudo isso é.
O mundo moderno não depende mais das antigas rotas
comerciais que motivaram os antigos agressores de Israel. Agora,
as nações se opõem a Israel por razões religiosas e ideológicas, e o
cenário está sendo preparado nas nações para o conflito final em
torno da questão da terra.
Promessa 3 – as nações
A Bíblia prevê que um remanescente em todas as nações vai adorar
o Deus de Israel antes que esta era termine,[67] sendo que estamos
à beira de um marco incrível na história da redenção: pela primeira
vez na história, é possível que o evangelho alcance todas as tribos e
línguas. O evangelismo está se acelerando, e milhões de pessoas
foram alcançadas com o evangelho no século passado. Vivemos em
uma época em que a Igreja que mais cresce no mundo está em uma
nação hostil ao evangelho (HOWARD, 2016), e milhões de pessoas
se reuniram para megacruzadas que seriam inimagináveis na
geração passada (CBN NEWS, 2017).
Ao mesmo tempo, mais cristãos foram martirizados no século
passado do que em todos os séculos anteriores juntos (JOHNSON,
2012), e a perseguição está em ascensão em várias nações hostis
ao evangelho. Embora o número de grupos de pessoas não
alcançadas tenha caído drasticamente, muitos dos povos restantes
serão os mais difíceis de serem alcançados.
PARTE 3:
A vingança da aliança
Os juízos de Deus são descritos como a vingança da aliança.[81] A
bondade de Deus faz com que ele responda com vingança à
blasfêmia contra o seu nome. A sua vingança resulta em um grande
bem para o seu povo.
A criação floresce quando Deus expressa seu zelo por sua
própria glória. Essa é uma diferença fundamental entre Deus e o
homem. Quando os homens buscam a sua própria glória, outros
seres humanos sofrem. Quando Deus busca e revela a sua glória,
toda a criação se beneficia. A ousada busca de Deus por sua
própria glória não é egoísta; é a coisa mais gentil que ele pode
fazer.
Quando Deus se glorifica em seus juízos, ele está reagindo ao
pecado, ou à nossa ira, contra ele.
Aqueles que acolhem e promovem o pecado são uma ameaça
ao povo de Deus, uma vez que incentivam a prática das coisas que
destroem o chamado do homem. Portanto, quando Deus age em
juízo, ele está preservando o seu povo. Dessa maneira, a aliança
mosaica executou punição contra aqueles que ameaçavam o
chamado do povo, a fim de guiá-los a um futuro dia de salvação. A
disciplina de Deus não é a sua palavra final, portanto ele
permaneceu totalmente comprometido com o futuro de Israel,
mesmo quando eles quebraram a aliança:
Mesmo assim, quando estiverem na terra dos seus inimigos,
não os rejeitarei nem os detestarei a ponto de destruí-los
totalmente e de quebrar a minha aliança com eles, porque eu
sou o SENHOR, seu Deus. Pelo contrário, por amor deles me
lembrarei da aliança com seus antepassados, que tirei da terra
do Egito diante dos olhos das nações, para ser o Deus deles.
Eu sou o SENHOR. – Levítico 26.44-45
Os profetas e as alianças
Jeremias previu que essa tensão sobre a aliança seria resolvida:
Dias virão, diz o SENHOR, em que farei uma nova aliança com
a casa de Israel e com a casa de Judá. Ela não será como a
aliança que fiz com seus pais, quando os peguei pela mão para
tirá-los da terra do Egito, pois eles quebraram a minha aliança,
mesmo sendo eu o senhor deles, diz o SENHOR. – Jeremias
31.31-32
Jeremias previu que chegaria um dia em que Israel receberia
suas promessas, mas isso exigiria uma aliança que não seria como
a que foi feita no Sinai. Um dos grandes mistérios do Antigo
Testamento é descobrir como Deus cumprirá a promessa de libertar
Israel e fará sua transição da aliança mosaica para a Nova Aliança.
A tensão entre as promessas feitas a Abraão e a aliança
mosaica é o fundamento dos profetas, cujas profecias sobre juízo e
salvação estavam enraizadas nas alianças. Deus deu aos profetas
detalhes específicos, mas a maioria de suas profecias era uma
aplicação dos termos da aliança em um momento específico,
aguardando uma resolução futura.
Por exemplo, quando o profeta Daniel intercedeu por Israel
depois que os babilônios destruíram Jerusalém, ele reconheceu que
esse juízo era um efeito da aliança:
Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão,
já que nos rebelamos contra ele, e não obedecemos à voz do
SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas leis que nos deu
por intermédio de seus servos, os profetas. Todo o Israel
transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua
voz. Por isso se derramou sobre nós a maldição, o juramento
que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus; porque
pecamos contra ele. Ele confirmou a palavra que falou contra
nós e contra nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre
nós grande desgraça; porque nunca se fez debaixo de todo o
céu o que se tem feito a Jerusalém. Como está escrito na lei de
Moisés, toda esta desgraça nos sobreveio; apesar disso, não
buscamos o favor do SENHOR, nosso Deus, para nos
convertermos das nossas maldades e alcançarmos
discernimento na tua verdade. Por isso, o SENHOR cuidou de
trazer sobre nós a desgraça; pois o SENHOR, nosso Deus, é
justo em tudo o que faz, e nós não temos obedecido à sua voz.
– Daniel 9.9-14
Daniel, como todos os profetas, reconheceu que as alianças
conduzem a história, o juízo e a salvação de Israel. Daniel
intercedeu por misericórdia, porque estava confiante de que as
promessas de Deus proporcionariam uma maneira de a nação
escapar do interminável ciclo de juízo:
Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, afasta a tua ira e o
teu furor de Jerusalém, tua cidade, teu santo monte. Porque os
nossos pecados e as maldades de nossos pais fizeram de
Jerusalém e do teu povo um objeto de zombaria para todos ao
nosso redor. Ó nosso Deus, ouve agora a oração e as súplicas
do teu servo, e faze resplandecer o teu rosto sobre o teu
santuário assolado, por amor de ti, Senhor. Ó Deus meu, inclina
os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa
desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome; pois
não lançamos as nossas súplicas diante da tua face confiados
em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. Ó
Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age
sem tardar, por amor de ti mesmo, ó meu Deus, porque a tua
cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome. – Daniel 9.16-
19
Os profetas alternavam de forma repentina e dramática entre
proclamações ilustrativas sobre os juízos de Deus e as previsões
ousadas sobre a libertação vinda de Deus. Salvação e juízo
apareciam nas mesmas passagens. A aterrorizante ira de Deus e
seu amor afetuoso podiam aparecer no mesmo oráculo. Isso
ocorreu porque os profetas e suas profecias estavam ancorados nas
alianças.
Eles profetizavam com base na aliança feita com Abraão, que
prometia a bênção definitiva, e com base na aliança mosaica, que
estipulava os juízos de Deus. Os profetas parecem intercalar, de
forma repentina, dois temas muito diferentes, mas, quando
percebemos que eles vivem sob a tensão das alianças, seus
oráculos fazem sentido. Os profetas não sabiam como Deus
eliminaria essa tensão, mas eles sabiam que ele faria isso.
Jeremias 30 é um excelente exemplo desse tipo de profecia.
Começa com uma descrição aterradora do juízo sobre Israel. Ele
descreve gritos de terror e homens afligidos por causa de um
inevitável dia de angústia. Então a profecia muda repentinamente
para uma previsão da salvação e libertação de Deus:
Portanto, assim diz o SENHOR: Ouvimos gritos de pavor e de
terror, mas não de paz. Perguntai, pois, e observai se um
homem pode dar à luz. Por que, então, vejo todos os homens
com as mãos sobre o ventre como a mulher em trabalho de
parto? Por que todos os rostos estão pálidos? Ah! Como aquele
dia será terrível, sem comparação! Será tempo de angústia
para Jacó; mas ele será resgatado dela. Naquele dia, diz o
SENHOR dos Exércitos, quebrarei o jugo de sobre o seu
pescoço e romperei as suas correntes. Os estrangeiros nunca
mais os subjugarão; mas servirão ao SENHOR, seu Deus,
como também a Davi, seu rei, que lhes designarei. Portanto,
não temas Jacó, meu servo, diz o SENHOR, nem te assustes,
ó Israel! Eu te livrarei do país distante e também livrarei tua
descendência da terra do seu exílio. Jacó voltará, ficará
tranquilo e seguro, e ninguém o atemorizará. Porque estou
contigo para te salvar, diz o SENHOR! Destruirei totalmente
todas as nações por entre as quais te espalhei. A ti, porém, não
destruirei totalmente, mas eu te castigarei com medida justa.
De maneira alguma te deixarei inteiramente sem castigo. –
Jeremias 30.5-11
Profecias como essa expõem um dos sérios problemas com a
crença de que a Igreja substituiu Israel como o povo da aliança e,
como resultado, as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento
devem ser aplicadas à Igreja sem nenhuma aplicação específica a
Israel (isso é comumente conhecido como supersessionismo).[90]
Quando os profetas do Antigo Testamento se dirigem a Israel em
suas profecias, eles aplicam as alianças a Israel e preveem juízo e
libertação para Israel. O supersessionismo divide essas profecias
para que as profecias de juízo se apliquem principalmente a Israel e
as profecias de salvação se apliquem primariamente à Igreja. Isso é
incoerente e gera confusão sobre o conteúdo das profecias.
Devemos aplicar as profecias de forma coerente. Ou o juízo e a
salvação que os profetas preveem para Israel têm uma aplicação
específica para Israel ou nunca tiveram um significado específico
para Israel. Tanto o juízo quanto as promessas são direcionados a
Israel, portanto precisamos definir Israel de forma coerente. Isso não
significa que não possa haver aplicações secundárias dessas
profecias para as nações, mas precisamos ser coerentes na forma
como interpretamos Israel nessas passagens.
Essas profecias possuem uma aplicação específica a Israel,
porque os juízos profetizados são baseados na aliança mosaica –
um pacto feito exclusivamente com Israel e não com as nações.
Portanto, o juízo deve ser aplicado em primeiro lugar a Israel.
Praticamente todos os estudiosos da Bíblia concordam com esse
ponto quando se referem ao juízo de Israel. No entanto, a promessa
da salvação também deve ser aplicada antes de tudo a Israel, e é
aqui que tem havido inconsistência.
Essa inconsistência é talvez mais óbvia na maneira como
alguns estudiosos interpretam a destruição de Jerusalém no ano 70
d.C. O supersessionismo ensina que a destruição de Jerusalém no
ano 70 d.C. e a subsequente diáspora foram juízos divinos sobre a
incredulidade de Israel e, essencialmente, marcam o fim da relação
específica de Deus com eles. Embora o ano 70 d.C. deva ser
entendido como um juízo sobre a incredulidade de Israel, a ideia de
que a história de Israel termina em juízo viola a interpretação
coerente dos profetas, que previram que os juízos de Israel devem
culminar com a salvação de Israel.
Alguns dizem que a salvação de Israel é realizada como parte
da salvação das nações, mas essa é uma interpretação incoerente
sobre as profecias. Assim como existem juízos específicos para
Israel de acordo com os termos da aliança, as alianças também
incluem uma salvação específica para Israel.
[2]
Ver Mateus 24.14; 28.19; Atos 1.6-8; Apocalipse 5.9; 7.9.
[3]
Por exemplo, em 2017 a Organização das Nações Unidas (UN WATCH, 2015,
2016, 2017) adotou vinte e uma resoluções contra Israel e seis contra o resto do
mundo. Em 2016, a ONU adotou vinte resoluções contra Israel e seis contra o
resto do mundo e, em 2015, adotou vinte contra Israel e três contra o restante das
nações. Veja fontes no final em Referências bibliográficas.
[4]
Ver Mateus 24.32-33; 1 Tessalonicenses 5.1-6.
[5]
Com base no número de palavras nos idiomas originais, o Antigo Testamento
representa aproximadamente 80% da Bíblia.
[6]
Ver João 13.23; 19.26; 20.2; 21.7,20.
[7]
Ver João 13.23.
[8]
Ver João 13.23-25.
[9]
Ver João 7.18; 8.49-50.
[10]
Ver Mateus 6.9; 10.29-31; João 1.18; 17.11,24-26.
[11]
Ver Salmo 2.7-9; 110.1-2; Isaías 9.6-7; 11.10; 42.1; Daniel 7.13-14; Mateus
3.17; 17.5; Lucas 9.35; João 5.22-23,27,37; Efésios 1.9-10; 20-23; Filipenses 2.9-
11; Hebreus 1.1-6; 2 Pedro 1.17; Apocalipse 5.6-9.
[12]
Ver também João 17.11,21-23.
[13]
Uma lista com 150 capítulos sobre o fim dos tempos [em inglês] pode ser
encontrada em: www.mikebickle.org/resources/resource/2888.
[14]
Ver 1 Coríntios 1.18.
[15]
Ver Atos 1.11; Atos 28.20; Romanos 8.18-25; 1 Coríntios 15.19; Gálatas 5.5; 1
Tessalonicenses 2.19; Tito 2.13; Hebreus 10.37; 1 Pedro 1.13; 2 Pedro 3.4-14; 1
João 3.2-3.
[16]
Ver 2 Pedro 3.11-14; 1 Timóteo 6.14-16; 2 Timóteo 1.12.
[17]
N.T.: As notas de referências bibliográficas estão todas no final
do livro.
[18]
Ver também Isaías 65.17; 66.22; 1 Coríntios 15.24; 2 Pedro 3.13; Apocalipse
21.1-4.
[19]
Ver Mateus 24.32-33.
[20]
Ver Mateus 24.36-37.
[21]
Ver Mateus 28.20.
[22]
Ver Mateus 28.20 .
[23]
Por esse motivo, essas promessas, às vezes, são chamadas de promessas
unilaterais, ou seja, dependem apenas da capacidade de uma das partes. Outros
se referiram a elas como promessas incondicionais, porque Deus está vinculado a
elas, independentemente do desempenho do homem.
[24]
Esta seção é uma forma revisada e resumida de “A Base do Evangelho – A
Promessa de Abraão”, do livro Único Rei: uma resposta cristocêntrica à questão
de Sião e o povo de Deus. É usada com a permissão da Forerunner Publishing. O
leitor encontrará ali uma discussão mais ampla e completa sobre essas
promessas.
[25]
Ver Romanos 4.3.
[26]
Ver Gálatas 3.29.
[27]
Ver Gênesis 15.8.
[28]
Ver Provérbios 14.34.
[29]
Ver o Salmo 37.
[30]
Ver Gênesis 15.4.
[31]
Ver Mateus 23.39; 24.30; Atos 1.6.
[32]
Ver Mateus 24.14; 28.19; Atos 1.6-8; Apocalipse 5.9; 7.9.
[33]
Ver Romanos 11.20,23-27.
[34]
Ver Eclesiastes 4.12.
[35]
Ver Efésios 2.5; João 3.3-7.
[36]
Ver Romanos 4.3.
[37]
A justiça bíblica inclui a ideia de que é necessário ser fiel para cumprir suas
promessas.
[38]
Em algumas traduções, aparece o termo “forno”.
[39]
Ver Gálatas 3.16.
[40]
Ver Gênesis 12.11-13; 20.2-3.
[41]
Ver Deuteronômio 30.1-6; Isaías 4.3; 45.17,25; 54.13; 59.21; 60.4,21; 61.8-9;
66.22; Jeremias 31.34; 32.40; Ezequiel 20.40; 36.10; 39.22,28-29; Joel 2.26;
Sofonias 3.9,12-13.
[42]
Ver Gênesis 12.1-3,7; 13.15; 17.7-8,19; 26.3; 28.3-4; 35.9-15; Levítico 26.42;
Deuteronômio 32.43; 1 Crônicas 16.17-18; Salmo 105.10-11; Isaías 32.17-18;
60.21; Jeremias 24.6; 32.40-41; Ezequiel 11.17; 36.26-28; Amós 9.15.
[43]
Ver Gênesis 12.3; Deuteronômio 32.21; Salmo 22.27; Isaías 24.14-16; 42.10-
12; 49.6; 56.6-7; 60.1-3; 65.1; Jeremias 16.19-21; Amós 9.11-12; Zacarias 2.11;
14.16; Malaquias 1.11.
[44]
Ver Jeremias 30.7; Daniel 12.1; Joel 2.2; Mateus 24.21.
[45]
Ver Êxodo 34.10; Deuteronômio 30.1-10; Isaías 11.11-16; Jeremias 3.16-17;
16.14-15; 23.7-8; 30.8-31; Joel 3; Zacarias 14.
[46]
A ênfase dos profetas do Antigo Testamento em Jerusalém e no trono de
Israel revela seu foco na aliança de Davi como solução para a crise de Israel. Ver
Salmo 132.11; 89.3-4; Isaías 2.1-4; 9.6-7; 16.5; 24.23; 32.1-2; 33.22; 40.1-11;
52.7-15; 65.19; Jeremias 23.5-6; 33.17-26; Ezequiel 37.24-28; 48.35; Daniel 7.27;
Joel 3.17,20-21; Amós 9.11-12; Miqueias 4.1-5; 5.2-5; Sofonias 3.14-20; Zacarias
9.9; 14.1-21.
[47]
Ver Atos 2.1-4; Gálatas 3.2,5-6.
[48]
Ver Isaías 44.3-4; 59.21; Ezequiel 36.27; 37.14; 39.29; Joel 2.28-29; Zacarias
12.10; Lucas 11.13; Romanos 8.9,14-16; 1 Coríntios 3.16; Gálatas 5.5,22-23;
Efésios 1.13-14; 2 Tessalonicenses 2.13; Tito 3.3-6; 1 Pedro 1.2,22; 1 João 3.24.
[49]
Ver Isaías 53.1-11; 63.1-6.
[50]
Ver Jeremias 31.34.
[51]
Ver Jeremias 31.35-37; 33.19-22.
[52]
O Salmo 105 e Jeremias 11.5 são outros dois exemplos.
[53]
Ver Isaías 11.11-12,16; 12.2; 25.1; 43.16-17; 51.10-15; Jeremias 16.14-15;
23.7-8.
[54]
Ver Isaías 4.3; 32.17-18; 45.17,25; 54.13; 59.21; 60.4,21; 61.8-9, 66.22;
Jeremias 24.6; 31.34; 32.40-41; Ezequiel 11.17; 20.40; 36.10,26-28; 39.25-28;
Joel 2.26; Amós 9.15; Sofonias 3.9,12; 12.13.
[55]
Ver Zacarias 9.9; Mateus 21.1-11.
[56]
Ver Mateus 24.3.
[57]
Ver Mateus 28.19; Atos 1.8; Apocalipse 5.9; 7.9.
[58]
A palavra “terra” em Mateus 24 é uma palavra flexível que pode se referir ao
planeta Terra (com o sentido de “o mundo inteiro”) ou a “uma porção específica de
terra”. O contexto determina a maneira como a palavra deve ser entendida. Nesse
caso, é uma citação de Zacarias 12 que se refere a uma porção específica da
terra, a saber Judá.
[59]
Ver Marcos 8.33; 10.42-43; Lucas 9.41,49-50,54-55.
[60]
Ver Atos 28.20.
[61]
Ver Romanos 9.1-3; 11.29.
[62]
Ver Deuteronômio 32.21; Romanos 10.19-21; Isaías 65.1-2; Romanos 11.1,11-
12,15,25-31.
[63]
Ver Romanos 11.7.
[64]
Ver Êxodo 32.10.
[65]
Ver Isaías 34, 63; Joel 3; Zacarias 12–14; Apocalipse 11.
[66]
Ver Daniel 7.21; Jeremias 31.31-40; Zacarias 12.10; Mateus 23.39; 24.30;
Romanos 11.25-26; Apocalipse 1.7; 12.17.
[67]
Ver Mateus 24.14; Romanos 10.19-21; Apocalipse 5.9; 7.9.
[68]
Isso varia desde a atitude negativa que muitos cristãos têm em relação à lei
até os exemplos mais extremos, como o dispensacionalismo clássico. O
dispensacionalismo clássico era um sistema teológico com dois povos de Deus –
Israel e a Igreja – e dois planos diferentes de salvação para cada um deles.
Embora não seja mais generalizado, teve um impacto significativo na maneira
como as pessoas viam Israel no século 20.
[69]
Ver Êxodo 19.1–20.21. A aliança está resumida em Deuteronômio 28–30.
[70]
Existem paralelos entre o encontro no Sinai com o ministério de Jesus e com
Atos 2, mas o encontro de Israel com Deus no Sinai é único com a oferta de uma
aliança com termos e condições bem específicos.
[71]
Ver também Oseias 2.15.
[72]
Ver também Deuteronômio 4.9-13,32-36; 5.1-4.
[73]
Ver Levítico 26.17-19.
[74]
Ver Josué 7.
[75]
Ver Isaías 34; Joel 3; Zacarias 14.
[76]
Deus diz repetidamente a Ezequiel que Israel e as nações saberão que "Eu
sou o Senhor", e a grande maioria dessas declarações está no contexto de seus
juízos. Ver Ezequiel 5.13,15; 6.7,10,13-14; 7.4,9,27; 11.10,12; 12.15-16,20;
13.9,14,21,23; 14.8; 15.7; 16.62; 17.21,24; 20.7,12,20,26,38,42,44; 21.5;
22.16,22; 23.49; 24.14,24,27; 25.5,7,11,17; 26.6,14; 28.22-24,26; 29.6,16,21;
30.8,12,19,25-26; 32.15; 33.29; 34.27,30; 35.4,9,15; 36.11,22-23,36,38;
37.6,13,28; 38.23; 39.6-7,21-23,28.
[77]
Ver Deuteronômio 31.16; Ezequiel 16; 23.11; Oseias 1.2; Jeremias 3.8-10.
[78]
Ver João 3.16-18.
[79]
Ver Isaías 53.6; Romanos 5.9; 2 Coríntios 5.21.
[80]
Ver João 3.36; 14.6; Atos 4.12; 10.42-43; 1 Coríntios 3.11; 1 Timóteo 2.5-6; 1
João 5.11-12.
[81]
Ver Levítico 26.25.
[82]
Ver Hebreus 12.6-8.
[83]
Ver Levítico 10.2; Números 16.30-35; 21.6; Deuteronômio 1.35.
[84]
Ver também Oseias 2.15.
[85]
Ver Romanos 8.18-19.
[86]
Ver Êxodo 4.22; Oseias 11.1.
[87]
Ver Jeremias 31.35-37.
[88]
Ver Jeremias 31.31-32; Hebreus 8.
[89]
Ver Mateus 5.21-37.
[90]
O supersessionismo às vezes é chamado de “teologia da realização” por seus
defensores e “teologia da substituição” por seus críticos.
[91]
Ver Jeremias 31.31-34.
[92]
Ver João 11.50-52.
[93]
Biblicamente, a disciplina é um sinal de filiação, e a disciplina de Deus para
com Israel é uma evidência do chamado único de Israel. Ver Hebreus 12.6-8.
[94]
Ver Êxodo 34.6.
[95]
Ver Jeremias 31.35-37; 33.14-26.
[96]
Ver Atos 6.7.
[97]
Ver Gênesis 32.22-32.
[98]
Ver Jeremias 31.31-35.
[99]
Ver Deuteronômio 30.1-6; Isaías 4.3; 45.17,25; 54.13; 59.21; 60.21; Jeremias
31.34; 32.40; Ezequiel 20.40; 39.22,28-29; Joel 2.26; Zacarias 12.10-14;
Romanos 11.26.
[100]
Para mais informações, consulte o livro Único Rei: uma resposta
cristocêntrica à questão de Sião e o povo de Deus.
[101]
Ver 1 Pedro 2.24.
[102]
Ver Romanos 1.4; 1 Coríntios 15.24-26; 2 Timóteo 1.10; Hebreus 2.14.
[103]
Ver Isaías 34; Joel 3; Zacarias 12-14.
[104]
Ver Isaías 14.19; Daniel 7.11; Apocalipse 19.20.
[105]
Ver Gênesis 12.3.
[106]
Ver Romanos 9.4-5.
[107]
Ver Romanos 10.19-21; 11.11-12,25-26.
[108]
Ver 2 Coríntios 5.20; Efésios 6.20; Filipenses 3.20.
[109]
Ver Apocalipse 5.9; 7.9.
[110]
Ver Apocalipse 5.9; 7.9.
[111]
Ver também Lucas 3.17.
[112]
Ver também Marcos 4.26-29.
[113]
Daqui cunhou-se o termo chuva serôdia.
[114]
Ver 1 Coríntios 15.23; 1 Tessalonicenses 4.16-18.
[115]
Ver Isaías 4.5; 11.11-12,16; 64.1-3; Jeremias 16.14; 23.6-7.
[116]
Ver Romanos 11.17; Efésios 2.12-13.
[117]
A Bíblia ordena repetidamente às nações que adorem a Deus e descreve e
prediz adoração e oração extravagantes nas nações. Veja Salmo 96.1,9,13; 98.1-
9; 102.15-22; 122.6; 149.6-9; Isaías 19.20-22; 24.14-16; 25.9; 26.1,8-9; 27.2-5,13;
30.18-19,29,32; 35.2,10; 42.10-15; 43.26; 51.11; 52.8; 62.6-7; Jeremias 31.7; Joel
2.12-17,32; Sofonias 2.1-3; Zacarias 8.20-23; 10.1; 12.10; 13.9; Mateus 21.13;
Lucas 18.7-8; Romanos 15.8-11; Apocalipse 5.8; 8.3-5; 16.7; 22.17.
[118]
Ver Isaías 42.10-14.
[119]
Os Salmos são frequentemente tratados como profecia no Novo Testamento.
[120]
Ver Jeremias 30.7; Daniel 12.1; Joel 2.2; Mateus 24.21.
[121]
Ver Romanos 11.11.
[122]
Ver Êxodo 19.6.
[123]
Ver 1 Pedro 2.9; Apocalipse 1.6; 5.10; 20.6.
[124]
Ver 2 Samuel 22.50; Deuteronômio 32.43; Salmo 18.49; 117.1.
[125]
Simbolizado pela queima diária de incenso, lâmpadas e pães consagrados.
Ver Êxodo 25.30, 37; 30.1.
[126]
Ver Êxodo 19.6.
[127]
Ver 2 Samuel 7.8-17.
[128]
Ver 1 Samuel 13.14; Atos 13.22.
[129]
Ver Salmo 9.11; 22.3; 65.1; 102.21; 147.12.
[130]
Ver 2 Crônicas 8.14-15; 20.19-22,28; 23.1; 24.27; 29.1-36; 30.21; 35.1-27;
Esdras 3.10-11; Neemias 12.24-47.
[131]
Ver Lucas 11.1.
[132]
Ver Atos 3.11; 5.12.
[133]
Ver Atos 1.14; 4.24-31; 6.4; 12.12; 13.1-3; 16.25; 20.36.
[134]
Ver Romanos 15.8-11; Efésios 5.19; Colossenses 3.16.
[135]
Ver Efésios 2.12-13; Romanos 11.17.
[136]
Ver também Romanos 12.15; 1 Coríntios 12.26.
[137]
Ver Romanos 11.18-24.
[138]
Ver também Isaías 66.22-23; 65.17-19.
[139]
Ver Atos 3.20-21.
[140]
Ver Salmo 2.9; Apocalipse 2.27; 19.15.
[141]
Ver Apocalipse 12.9.
[142]
Ver Salmo 110.1; Mateus 22.44; Atos 2.33; 7.55-56; Romanos 8.34; Efésios
1.20; Colossenses 3.1; Hebreus 1.3; 8.1; 10.12; 12.2; 1 Pedro 3.22; Apocalipse
3.21.
[143]
Ver 1 Pedro 5.8; Apocalipse 12.9.
[144]
Está claro em Apocalipse 12 que essa queda é um evento futuro. Aqui estão
algumas razões: Satanás é expulso de seu lugar de acusar os irmãos dia e noite
(Apocalipse 12.10), indicando que essa não é uma queda antiga, mas uma
remoção de um lugar que ele ocupa atualmente. Sua queda é associada a “um
tempo, tempos e metade de um tempo”. Essa frase vem de Daniel e se refere ao
período final da Grande Tribulação (Daniel 7.25; 12. 7). Quando o dragão é
derrubado e fica às margens do mar (Apocalipse 12.17), a besta descrita em
Apocalipse 13 surge em forma humana com todo o poder e autoridade do dragão
(Apocalipse 13.2-4). Esse personagem terrível é o anticristo e também está
associado ao período final da Grande Tribulação (Apocalipse 13.5).
[145]
Esse ataque é tão grave que os campos de prisioneiros, o cativeiro e a
libertação subsequente desses campos são mencionados com frequência pelos
profetas. Isso revela a severidade e a dimensão desse ataque coordenado. Ver
Isaías 11.11-16; 27.12-13; 42.6-24; 49.5-25; 61.1-2; Jeremias 30.3-24; 31.1-23;
Ezequiel 20.33-44; 39.25-29; Oseias 11.10-11; Amós 9.8-15; Joel 3.1-2; Sofonias
3.19-20; Zacarias 9.10-14.
[146]
Ver Zacarias 14.2; Apocalipse 11.
[147]
Ver Apocalipse 6.9; 7.14; 12.11.
[148]
Ver Isaías 34.1-3,8; 49.26; 61.2-3; 63.1-9; Joel 3.9-14; Sofonias 1.14-15;
3.8,14-15,17,19-20; Zacarias 12.2-4; 14.1-5,9.
[149]
Ver Mateus 10.16-25; Marcos 13.9-13; João 16.2,33.
[150]
Ver Apocalipse 6.9-10; 7.9-14; 12.11.
[151]
Ver Jeremias 31.35-37; 33.25-26.
[152]
Ver 1 João 2.18.
[153]
Ver Daniel 7.8; 8.9; 11.21.
[154]
Ver Daniel 7.8,20,25; 11.36; 2 Tessalonicenses 2.4; Apocalipse 13.5-6.
[155]
Ver Apocalipse 20.3.
[156]
Ver Daniel 7.25; 9.27; 12.7; Apocalipse 11.2-3; 13.5.
[157]
Ver Apocalipse 19.11-20.3.
[158]
Ver Colossenses 2.15; Hebreus 2.14-15.
[159]
Ver Mateus 21.4-5.
[160]
Ver Mateus 23.39.
[161]
O uso que Jesus fez do termo “Filho do homem” durante todo o seu ministério
foi muito controverso, porque é uma referência ao homem exaltado que julga no
lugar de Deus.
[162]
O nome Josafá significa literalmente "YHWH julga", de modo que o termo
“vale de Josafá” o descreve literalmente como o local do julgamento de Deus.
Também é conhecido como o vale de Cedrom.
[163]
Também conhecido como o vale de Hinom.
[164]
Ver também Daniel 7.13-14; Mateus 16.27; 28.18; João 5.22; 17.2; Atos
10.42; 17.31; Romanos 2.16; 2 Coríntios 5.10; 2 Tessalonicenses 1.7-10; 2
Timóteo 4.1; 1 Pedro 4.5; Apocalipse 20.11-12.
[165]
Ver Salmo 89.27; Mateus 12.50; Hebreus 2.10-12; Romanos 8.29.
[166]
Ver Deuteronômio 32.10; Isaías 63. 9; Miqueias 5.3; Zacarias 2.8.
[167]
Ver também Jeremias 30.7-11; Daniel 12.1.
[168]
Ver 1 Coríntios 15.23,52; 1 Tessalonicenses 4.16-17.
[169]
Isso faz parte do testemunho "do reino" necessário para cumprir Mateus
24.14.
[170]
Ver 2 Pedro 2.5.
[171]
Ver João 1.1; Apocalipse 19.10.
[172]
Ver 1 João 2.18
[173]
Ver 1 João 2.18.
[174]
Ver 2 Coríntios 5.20; Efésios 6.20.
[175]
Ver Romanos 9.2; 10.1.
[176]
Ver Romanos 11.
[177]
Ver 1 Tessalonicenses 5.3; Apocalipse 18.